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2011 Física Geral Prof.ª Margaret Luzia Froehlich Copyright © UNIASSELVI 2011 Elaboração: Prof.ª Margaret Luzia Froehlich Revisão, Diagramação e Produção: Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri UNIASSELVI – Indaial. 150 F925f Froehlich, Margaret Luzia Física geral / Margaret Luzia Froehlich. Indaial : UNIASSELVI, 2011. 204 p. : il. Inclui bibliografia. ISBN 978-85-7830-399-0 1. Psicologia I. Centro Universitário Leonardo Da Vinci. Ensino a Distância. II. Título. Impresso por: III apresentação Amigo(a) acadêmico(a), você está diante de um emocionante e envolvente material que levará você para o fantástico mundo dos fenômenos naturais. Você está pronto(a) para se surpreender com a realidade? Você vai descobrir o segredo que está escondido nos acontecimentos cotidianos e vai poder relacioná-los a ideias exatas, quantificá-los, classificá-los e desvendá- los. É isso o que você quer fazer? Então preste atenção! Vamos começar entendendo um pouco do formalismo científico empregado nas ideias abordadas em Física Geral. Desenvolver um raciocínio prático e eficaz para a solução de problemas. Organizar os pensamentos na análise de um fenômeno e descrever o seu comportamento. Em seguida, estudaremos os movimentos em cinemática a partir de um referencial e definiremos grandezas tais como velocidade e aceleração. Em dinâmica você terá ainda a oportunidade de entender as leis de Newton e se aprofundar um pouco no conceito de energia. Abordaremos, também, os princípios envolvidos nas trocas de calor e sua propagação. Algumas definições sobre eletricidade. E, por último, um breve estudo sobre o magnetismo, a luz e o som, em que introduzimos, ao longo do texto, algumas aplicações tecnológicas observadas na vida moderna. Terminamos a discussão com uma introdução ao estudo de ondas utilizando a onda sonora como exemplo. Objetivamos que você tenha a oportunidade de aprofundar esses conhecimentos. Cada abordagem não foi mais que uma breve revisão das ideias básicas, por outro lado, muito eficiente para um início. Bons estudos! Margaret Luzia Froehlich IV Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfi m, tanto para você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há novidades em nosso material. Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo. Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto em questão. Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa continuar seus estudos com um material de qualidade. Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes – ENADE. Bons estudos! UNI Olá acadêmico! Para melhorar a qualidade dos materiais ofertados a você e dinamizar ainda mais os seus estudos, a Uniasselvi disponibiliza materiais que possuem o código QR Code, que é um código que permite que você acesse um conteúdo interativo relacionado ao tema que você está estudando. Para utilizar essa ferramenta, acesse as lojas de aplicativos e baixe um leitor de QR Code. Depois, é só aproveitar mais essa facilidade para aprimorar seus estudos! UNI V VI VII sumário UNIDADE 1: MECÂNICA .................................................................................................................... 1 TÓPICO 1: SISTEMA INTERNACIONAL E GRANDEZAS FÍSICAS ....................................... 3 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 3 2 GRANDEZAS FÍSICAS ...................................................................................................................... 3 2.1 NOTAÇÃO CIENTÍFICA .............................................................................................................. 4 2.2 OPERAÇÕES COM POTÊNCIA DE 10 ....................................................................................... 4 2.2.1 Multiplicação .......................................................................................................................... 5 2.2.2 Divisão ..................................................................................................................................... 5 2.2.3 Potenciação ............................................................................................................................. 5 2.2.4 Radiciação ............................................................................................................................... 5 2.2.5 Adição e subtração ................................................................................................................. 6 3 SISTEMA INTERNACIONAL .......................................................................................................... 6 RESUMO DO TÓPICO 1 ....................................................................................................................... 9 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 10 TÓPICO 2: OPERAÇÕES COM VETORES ....................................................................................... 13 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 13 2 OPERAÇÕES COM VETORES ......................................................................................................... 15 2.1 ADIÇÃO ........................................................................................................................................... 15 2.1.1 Método geométrico ................................................................................................................ 15 2.1.2 Método do paralelogramo .................................................................................................... 16 2.2 SUBTRAÇÃO ................................................................................................................................... 18 2.3 TRIGONOMETRIA ......................................................................................................................... 19 2.4 DECOMPOSIÇÃO VETORIAL ..................................................................................................... 20 RESUMO DO TÓPICO 2 ....................................................................................................................... 23 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 24 TÓPICO 3:O MOVIMENTO DOS CORPOS ................................................................................... 27 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 27 2 CINEMÁTICA ...................................................................................................................................... 28 3 DINÂMICA ........................................................................................................................................... 30 3.1 PRINCÍPIO FUNDAMENTAL DA DINÂMICA OU SEGUNDA LEI DE NEWTON ......... 33 3.2 EQUILÍBRIO DE TRANSLAÇÃO DE UM PONTO MATERIAL ............................................ 34 3.3 FORÇA DE ATRITO ....................................................................................................................... 35 3.4 FORÇA ELÁSTICA ......................................................................................................................... 37 3.5 PLANO INCLINADO .................................................................................................................... 38 RESUMO DO TÓPICO 3 ....................................................................................................................... 40 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 41 TÓPICO 4: TRABALHO E ENERGIA MECÂNICA ........................................................................ 45 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 45 2 TRABALHO .......................................................................................................................................... 46 3 POTÊNCIA E RENDIMENTO .......................................................................................................... 47 VIII 4 ENERGIA MECÂNICA ...................................................................................................................... 50 4.1 ENERGIA CINÉTICA .................................................................................................................... 50 4.2 ENERGIA POTENCIAL ................................................................................................................. 51 4.2.1 Energia potencial gravitacional ........................................................................................... 51 4.2.2 Energia potencial elástica ...................................................................................................... 52 4.2.3 Energia mecânica total .......................................................................................................... 52 4.3 CONSERVAÇÃO DE ENERGIA ................................................................................................... 53 RESUMO DO TÓPICO 4 ....................................................................................................................... 55 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 56 TÓPICO 5: FLUIDOS ............................................................................................................................. 59 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 59 2 DENSIDADE E PRESSÃO ................................................................................................................. 59 2.1 DENSIDADE ................................................................................................................................... 59 2.2 PRESSÃO .......................................................................................................................................... 60 2.2.1 Pressão atmosférica ................................................................................................................. 60 2.2.2 Pressão hidrostática ................................................................................................................ 60 3 PRINCÍPIO DE PASCAL .................................................................................................................... 62 4 PRINCÍPIO DE ARQUIMEDES ....................................................................................................... 63 5 HIDRODINÂMICA ............................................................................................................................ 65 LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................. 67 RESUMO DO TÓPICO 5 ....................................................................................................................... 69 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 70 PRÁTICA - CÁLCULO DE DENSIDADE DE CORPOS ................................................................ 71 UNIDADE 2: TEMPERATURA, CALOR E ELETRICIDADE ........................................................ 75 TÓPICO 1: TERMOMETRIA ............................................................................................................... 77 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 77 2 LEI ZERO DA TERMODINÂMICA ................................................................................................ 78 3 ESCALAS TERMOMÉTRICAS ........................................................................................................ 78 4 CONVERSÃO DE ESCALAS ............................................................................................................ 80 4.1 FAHRENHEIT E CELSIUS ............................................................................................................ 80 4.2 FAHRENHEIT E KELVIN .............................................................................................................. 81 4.3 CELSIUS E KELVIN ........................................................................................................................ 81 RESUMO DO TÓPICO 1 ....................................................................................................................... 83 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 84 TÓPICO 2: PROPAGAÇÃO DE CALOR ........................................................................................... 87 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 87 2 IRRADIAÇÃO ...................................................................................................................................... 88 3 CONDUÇÃO ........................................................................................................................................ 88 4 CONVECÇÃO ...................................................................................................................................... 89 LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................. 89 RESUMO DO TÓPICO 2 ....................................................................................................................... 91 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................92 TÓPICO 3: TROCAS DE CALOR ........................................................................................................ 95 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 95 2 QUANTIDADE DE CALOR E CALOR ESPECÍFICO .................................................................. 95 3 CONSERVAÇÃO DE ENERGIA ...................................................................................................... 97 4 PRINCÍPIOS DA CALORIMETRIA ................................................................................................ 98 IX 4.1 CALORÍMETRO ............................................................................................................................. 98 5 TERMODINÂMICA ........................................................................................................................... 101 5.1 TRABALHO DE UM GÁS ............................................................................................................. 101 5.2 ENERGIA INTERNA ..................................................................................................................... 103 5.3 PRIMEIRA LEI DA TERMODINÂMICA .................................................................................... 104 5.4 SEGUNDA LEI DA TERMODINÂMICA ................................................................................... 106 5.4.1 Máquina térmica .................................................................................................................... 106 5.4.2 Máquina de Carnot ................................................................................................................ 107 RESUMO DO TÓPICO 3 ....................................................................................................................... 110 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 111 TÓPICO 4: ELETROSTÁTICA E LEI DE COULOMB .................................................................... 115 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 115 2 PROPRIEDADES ELÉTRICAS DA MATÉRIA ............................................................................. 115 3 CLASSIFICAÇÃO DOS MATERIAIS SEGUNDO SUAS PROPRIEDADES ELÉTRICAS .......................................................................................................................................... 117 4 PROCESSOS DE ELETRIZAÇÃO .................................................................................................... 118 4.1 ELETRIZAÇÃO POR ATRITO ...................................................................................................... 118 4.2 ELETRIZAÇÃO POR CONTATO ................................................................................................. 119 4.3 ELETRIZAÇÃO POR INDUÇÃO ................................................................................................. 120 4.4 LIGAÇÃO À TERRA ...................................................................................................................... 121 5 LEI DE COULOMB .............................................................................................................................. 122 RESUMO DO TÓPICO 4 ....................................................................................................................... 124 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 125 TÓPICO 5: CAMPO ELÉTRICO E POTENCIAL ELÉTRICO ........................................................ 127 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 127 2 CAMPO ELÉTRICO ............................................................................................................................ 127 3 POTENCIAL ELÉTRICO .................................................................................................................... 130 4 FLUXO E SUPERFÍCIES EQUIPOTENCIAIS ................................................................................ 134 5 CAMPO ELÉTRICO UNIFORME .................................................................................................... 135 RESUMO DO TÓPICO 5 ....................................................................................................................... 138 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 139 UNIDADE 3: ELETROMAGNETISMO, ÓTICA, ACÚSTICA E SUAS APLICAÇÕES TECNOLÓGICAS ................................................................................................................................... 141 TÓPICO 1: CORRENTE ELÉTRICA E RESISTÊNCIA ................................................................... 143 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 143 2 CORRENTE ELÉTRICA ..................................................................................................................... 143 3 RESISTÊNCIA ELÉTRICA E CONDUTÂNCIA ........................................................................... 145 3.1 PRIMEIRA LEI DE OHN ............................................................................................................... 146 3.2 SEGUNDA LEI DE OHN ............................................................................................................... 146 RESUMO DO TÓPICO 1 ....................................................................................................................... 149 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 150 TÓPICO 2: MAGNETISMO ................................................................................................................. 153 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 153 2 POLOS MAGNÉTICOS E CAMPO MAGNÉTICO ............................................................... 155 3 CAMPO MAGNÉTICO CRIADO POR UM CONDUTOR RETILÍNEO ................................. 157 4 FORÇA MAGNÉTICA ........................................................................................................................ 159 X 4.1 FORÇA MAGNÉTICA SOBRE UM CONDUTOR RETILÍNEO .............................................. 160 RESUMO DO TÓPICO 2 ....................................................................................................................... 162 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 163 TÓPICO 3: ÓTICA .................................................................................................................................. 165 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 165 2 TRAJETÓRIA DA LUZ ....................................................................................................................... 166 2.1 FONTES DE LUZ ............................................................................................................................ 167 2.2 PRINCÍPIOS DA ÓTICA GEOMÉTRICA ..................................................................................167 3 PROPRIEDADES DA LUZ ................................................................................................................ 168 3.1 REFLEXÃO ...................................................................................................................................... 168 3.2 REFRAÇÃO ..................................................................................................................................... 169 3.3 ÍNDICE DE REFRAÇÃO ............................................................................................................... 169 3.4 REFLEXÃO TOTAL ........................................................................................................................ 169 3.5 DIFRAÇÃO ...................................................................................................................................... 170 RESUMO DO TÓPICO 3 ....................................................................................................................... 172 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 173 TÓPICO 4: ACÚSTICA .......................................................................................................................... 175 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 175 2 ONDAS SONORAS ............................................................................................................................ 176 3 EFEITO DOPPLER ............................................................................................................................... 177 4 RESSONÂNCIA, ECO E REVERBERAÇÃO .................................................................................. 178 5 DIFRAÇÃO, INTERFERÊNCIA E BATIMENTOS ....................................................................... 179 6 QUALIDADES FISIOLÓGICAS ...................................................................................................... 182 7 INSTRUMENTOS MUSICAIS ......................................................................................................... 184 LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................. 186 RESUMO DO TÓPICO 4 ....................................................................................................................... 187 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 188 TÓPICO 5: RELATIVIDADE E MECÂNICA QUÂNTICA ............................................................ 191 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 191 2 TEORIA DA RELATIVIDADE .......................................................................................................... 191 2.1 TRANSFORMAÇÃO DE LORENTZ ........................................................................................... 192 2.2 SIMULTANEIDADE, DILATAÇÃO DO TEMPO E CONTRAÇÃO DA DISTÂNCIA ........ 193 3 MECÂNICA QUÂNTICA .................................................................................................................. 195 3.1 A QUANTIZAÇÃO DA MATÉRIA ............................................................................................. 195 3.2 O EFEITO FOTELÉTRICO ............................................................................................................. 196 RESUMO DO TÓPICO 5 ....................................................................................................................... 198 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................ 199 REFERÊNCIAS ........................................................................................................................................ 201 1 UNIDADE 1 MECÂNICA OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM PLANO DE ESTUDOS Esta unidade tem por objetivos: • associar as grandezas físicas a suas unidades de medida no SI (Sistema Internacional); • empregar a matemática dos vetores em problemas com grandezas veto- riais; • classificar os movimentos dos corpos, explicar a sua origem e reconhecer as forças atuantes; • conhecer os conceitos de energia associados ao movimento e à configura- ção dos corpos e entender a importância do conceito de conservação de energia; • conhecer as propriedades dos fluidos, bem como suas aplicações e princí- pios. A primeira unidade está dividida em cinco tópicos. No final de cada tópico você encontrará atividades que o(a) ajudarão a fixar os conceitos. TÓPICO 1 – SISTEMA INTERNACIONAL E GRANDEZAS FÍSICAS TÓPICO 2 – OPERAÇÕES COM VETORES TÓPICO 3 – O MOVIMENTO DOS CORPOS TÓPICO 4 – TRABALHO E ENERGIA MECÂNICA TÓPICO 5 – FLUIDOS 2 3 TÓPICO 1 UNIDADE 1 SISTEMA INTERNACIONAL E GRANDEZAS FÍSICAS 1 INTRODUÇÃO Vamos começar dando um nome para cada uma das entidades misteriosas que parecem nos perseguir no nosso dia a dia. E por que não chamá-las de grandezas físicas? É uma ótima ideia, transmite a sensação de algo que pode ser medido, conhecido, esmiuçado. Assim, isolamos algo, medimos a sua grandeza e desvendamos o seu comportamento. Depois disso, vamos tentar descobrir as leis que as governam. Faremos isso do ponto de vista clássico, que para o nosso caso é muito eficiente. Utilizaremos as convenções preestabelecidas e as leis da matemática para corroborar nossas ideias. 2 GRANDEZAS FÍSICAS Grandeza física é tudo aquilo que pode ser medido. Por exemplo, distância, tempo, temperatura, pressão. A beleza, a emoção e o sabor não podem ser medidos numericamente, por isso, não são grandezas físicas, são qualidades. Nós classificamos as grandezas físicas em duas categorias: escalares ou vetoriais. Grandezas escalares estão associadas apenas aos valores numéricos, como a temperatura, a massa, o tempo. Quando dizemos que a temperatura da sala é de 23 0C estamos dando uma informação completa. Aproximadamente em qualquer lugar da sala a temperatura é 23 0C. Vamos chamar essas grandezas, de agora em diante, apenas de escalares. Assim, o tempo é um escalar, a massa é um escalar etc. Por outro lado, podemos falar de uma força, então precisamos saber algo além do seu valor numérico. Temos que descobrir onde a força é aplicada (direção) e para que lado (sentido), caso contrário a informação está incompleta. Grandezas, que além de módulo (valor numérico) possuem direção e sentido são chamadas de grandezas vetoriais. Se uma maçã cai na minha cabeça, sinto o impacto de uma grandeza vetorial, a força-peso da maçã. Pressão, velocidade, força etc., são grandezas vetoriais. No próximo tópico vamos aprender a lidar com elas. UNIDADE 1 | MECÂNICA 4 Ao efetuarmos a medida de uma grandeza, podemos obter um número que seja extremamente grande ou extremamente pequeno. Como exemplo, citamos a distância da Terra à Lua, 384.000 km, e o diâmetro de um átomo de hidrogênio, da ordem de 0,0000000001 m. Para manipular tais números, utilizamos a notação científica, fazendo uso das potências de 10 (CARRON; GUIMARÃES, 1999). O módulo de qualquer número b pode ser escrito como o produto de um número a, entre um e dez, por outro, que é uma potência de dez, 10n: Vejamos: 200 = 2 x 100 = 2 x 102 5.300.000 = 5,3 x 1.000.000 = 5,3 x 106 0,00000024 = 2,4 x 0,0000001 = 2,4 x 10-7 Regra Prática: • Números maiores que 1. Deslocamos a vírgula para a esquerda até atingir o primeiro algarismo do número. O número de casas deslocadas para a esquerda corresponde ao expoente positivo da potência de 10. • Números menores que 1. Deslocamos a vírgula para a direita, até oprimeiro algarismo diferente de zero. O número de casas deslocadas para a direita corresponde ao expoente negativo da potência de 10. Assim, o número 25 x 104 deve ser escrito corretamente como 2,5 x 105. O mesmo acontece com o número 84 x 10-3, que deve ser escrito como 8,4 x 10-2. 2.1 NOTAÇÃO CIENTÍFICA A seguir, fazemos um resumo das operações com potências de dez, onde tomamos a e b como sendo dois números quaisquer. 2.2 OPERAÇÕES COM POTÊNCIA DE 10 TÓPICO 1 | SISTEMA INTERNACIONAL E GRANDEZAS FÍSICAS 5 Exemplo 1: 2 x 108 x 8 x 10-5 = 2 x 8 x 108-5 = 16 x 103. Exemplo 3: 2.2.1 Multiplicação 2.2.2 Divisão 2.2.3 Potenciação 2.2.4 Radiciação Exemplo 2: –3 UNIDADE 1 | MECÂNICA 6 Inicialmente, colocamos todos os números na mesma potência de 10 (de preferência na maior); em seguida, colocamos a potência de 10 em evidência; finalmente, somamos ou subtraímos as partes numéricas (CARRON; GUIMARÃES, 1999). Exemplo 5: a) 5 x 10-4 + 6 x 10-5 = 5 x 10-4 + 0,6 x 10-4 = 5,6 x 10-4 b) 2,3 x 104 - 2 x 103 = 23 x 103 - 2 x 103 = 21 x 103 2.2.5 Adição e subtração Nos problemas com os quais nos deparamos o dia inteiro encontramos muitas coisas que poderiam ter sido diferentes se tivéssemos feito isso ou aquilo de outro modo. E você talvez diria que nós não poderíamos saber antes. É exatamente esse o ponto, nós podemos! A maior parte das coisas que acontecem à nossa volta podem ser previstas, desde que tenhamos informações suficientes sobre elas. Vamos chamar essas informações de variáveis ou de grandezas físicas. O tempo, o comprimento, o volume, a densidade, a temperatura, a velocidade, são apenas alguns exemplos de grandezas que podemos controlar. Se isso não fosse verdade você não estaria sentado numa cadeira agora, nem se arriscaria a atravessar uma ponte, ou subir até a cobertura de um arranha-céus. Usar o celular, então... nem pensar! Para que a grandeza nos forneça uma informação útil é preciso medi-la. Então, precisamos fixar um valor que seja único e conhecido, precisamos de um padrão. O metro é um padrão de comprimento, a hora é um padrão de tempo, e assim por diante. Vamos chamar esse padrão de unidade e representá-lo com um símbolo, como você pode ver na tabela a seguir. Por exemplo, se eu digo que andei 10m, significa que percorri uma distância de dez vezes a unidade metro. 3 SISTEMA INTERNACIONAL GRANDEZA UNIDADE SÍMBOLO Comprimento metro m Massa quilograma kg Tempo segundo s Corrente elétrica ampère A Temperatura termodinâmica kelvin K Quantidade de matéria mol mol Intensidade luminosa candela cd TABELA 1 - TABELA COM AS UNIDADES DE MEDIDA DO SI (SISTEMA INTERNACIONAL) FONTE: Disponível em: <www.chemkeys.com/bra/ag/uec_7/sidu_4/uess_6/uess_6.htm>. Acesso em: 24 mar. 2007. TÓPICO 1 | SISTEMA INTERNACIONAL E GRANDEZAS FÍSICAS 7 2.2.5 Adição e subtração 3 SISTEMA INTERNACIONAL Embora no SI a unidade de comprimento seja o metro, ela admite múltiplos e submúltiplos, na tabela a seguir. Veja os principais (CARRON; GUIMARÃES, 1999): TABELA 2 - MÚLTIPLOS E SUBMÚLTIPLOS DO METRO Comprimento quilômetro (km) 1 km = 1000 m = 103 m hectômetro (hm) 1 hm = 100 m = 102 m decímetro (dm) 1 dm = 0,1 m = 10-1 m centímetro (cm) 1 cm = 0,01 m = 10-2 m milímetro (mm) 1 mm = 0,001 m = 10-3 m FONTE: A autora Do mesmo modo podemos escrever os submúltiplos da massa na tabela a seguir: TABELA 3 - MÚLTIPLOS E SUBMÚLTIPLOS DO QUILOGRAMA Massa grama (g) 1 g = 0,001 kg = 10-3 kg decigrama (dg) 1 dg = 0,0001 kg = 10-4 kg centigrama (cg) 1 cg = 0,00001 kg = 10-5 kg miligrama (mg) 1 mg = 0,000001 kg = 10-6 kg FONTE: A autora Na tabela a seguir encontramos as relações do segundo entre as outras unidades de tempo. TABELA 4 - RELAÇÕES DAS UNIDADES DE TEMPO Tempo 1min = 60s 1h = 3600s 1 dia = 24h = 1440min = 86400s 1 ano = 365 dias = 8760h = 5,26x105min = 3,15 x 107s FONTE: A autora Embora não façam parte do SI, na prática, são muito utilizadas as seguintes unidades contidas na tabela a seguir: TABELA 5 - RELAÇÃO DE UNIDADES DO SI COM OUTROS SISTEMAS DE UNIDADES 1 milha marítima = 1852 m 1 polegada = 2,54 cm = 0,0254 m 1 pé (12 polegadas) = 30,48 cm = 0,3048 m 1 jarda (3 pés) = 91,44 cm = 0,9144 m 1 mícron =10-6 m 1 angstrom = 10-10 m 1 ano-luz = 9,46x1012 km = 9,46 x 1015 m 1 litro = 1000cm3 = 10-3 m3 1 tonelada = 1000 kg 1 libra = 0,45 kg 1 u.t.m. = 9,8 kg 1 u = 1,66x10-27 kg FONTE: A autora UNIDADE 1 | MECÂNICA 8 Você pode utilizar a regra de três para converter as unidades de um sistema para outro, mas existe uma forma bem prática de fazer as conversões: multiplicando a grandeza por um fator de conversão, veja os exemplos a seguir: Exemplo 1: Converta 20 km em m. Exemplo 2: Converta 550 g em kg. Exemplo 3: Converta 3h em s. Exemplo 4: Converta 1,03 g/cm3 em kg/m3 Se você tem acesso à internet, entre no site: <http://www.chemkeys.com/bra/ag/ uec_7/uec_7.htm>. Nele você encontrará maiores informações para saber sobre os conceitos básicos envolvidos com as quantidades e unidades do Sistema Internacional de Unidades (SI), bem como seus usos, conversões, aplicações, convenções, estilos e representações. DICAS 9 RESUMO DO TÓPICO 1 Neste tópico você viu que: Há um critério na adoção de unidades de medida que obedecem a um acordo internacional. Existem dois tipos de variáveis físicas, as grandezas escalares e as grandezas vetoriais. Se você quer saber um pouco mais, entre no site: <http://br.geocities.com/ galileon/1/grandezas/grandezas.htm>. DICAS 10 AUTOATIVIDADE 1 Complete as lacunas das frases a seguir: Um processo de medição é uma comparação entre duas grandezas (físicas) de ____________ espécie(s). Nesse processo, a grandeza a ser medida é comparada a um padrão que se chama unidade de medida, verificando-se quantas vezes a ____________ está contido na ____________ a ser medida. Assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) Mesma – grandeza – unidade. b) ( ) Diferentes – unidade – grandeza. c) ( ) Mesma – unidade – grandeza. d) ( ) Diferentes – grandeza – unidade. e) ( ) Mesma – espécie – unidade. f) ( ) Diferentes – espécie – grandeza. 2 Grandezas escalares são aquelas que ficam perfeitamente caracterizadas quando delas se conhecem o valor numérico e a correspondente unidade. São exemplos de grandezas escalares: a) ( ) Força, velocidade, aceleração, campo elétrico e tempo. b) ( ) Deslocamento, força, tempo, energia e massa. c) ( ) Área, tempo, potência, comprimento e massa. d) ( ) Energia, tempo, massa, quantidade de movimento e campo elétrico. e) ( ) Comprimento, corrente elétrica, tempo, massa e velocidade. f) ( ) Deslocamento, energia, aceleração, velocidade e tempo. 3 Complete as lacunas da frase a seguir: Grandezas vetoriais são aquelas que necessitam de ____________, ____________, ____________ e ____________ para serem perfeitamente definidas. Assinale a alternativa CORRETA: a) ( ) Valor numérico - desvio - unidade - direção. b) ( ) Valor numérico - unidade - direção - sentido. c) ( ) Desvio - sentido - direção - módulo. d) ( ) Módulo - vetor - padrão - quantidade. e) ( ) Padrão - valor numérico - unidade - sentido. Para aprimorar os conhecimentos adquiridos, resolva as questões que seguem: 11 4 No Sistema Internacional de Unidades (SI), as unidades de comprimento, massa, tempo e temperatura são, respectivamente: a) ( ) Quilômetro, grama, minuto, Kelvin. b) ( ) Quilômetro, quilograma, hora, Kelvin. c) ( ) Metro, quilograma, segundo, Kelvin. d)( ) Centímetro, litro, segundo, Celsius. e) ( ) Metro, quilograma, minuto, Celsius. 5 Escreva os números a seguir em notação científica: a) 13.500 = b) 8.540 = c) 950.700 = d) 0,03 = e) 0,0025 = 6 Escreva os números a seguir em notação decimal: a) 6,25 x 10-2 = b) 3,15 x 10-4 = c) 6,02 x 103 = d) 7,0 x 104 = e) 1,2 x 106 = 7 Calcule as seguintes expressões, apresentando os resultados em função de uma potência de 10. a) 6 x 10-3 + 4 x 10-5 = b) 5,2 x 103 - 2 x 102 = c) 3 x 108 x 8 x 10-5 = d) 1,25 x 104 : 5 x 105 = e) (6 x 10-5)2= f) (144 x 108)1/2 = g) 2 x 102 (3 x 105 + 4 x 106) = h) [(3 x 103)2 + 1,6 x 107]1/2 = i) (49 x 107 . 7x 10-3) + 5 x 106 = 12 8 Converta os valores das grandezas para unidades do SI. a) 0,84 km em m. b) 2h34min em segundos. c) 350 g em kg. d) 10 polegadas em m. e) 56 toneladas em kg. f) 67 u em kg. g) 600 libras em kg. h) 3000 pés em m. 9 Suponha que cada centímetro cúbico de água possui uma massa de exatamente 1g, determine a massa de um metro cúbico de água em quilogramas. 10 A Terra possui uma massa de 5,98x1024 kg. A massa média dos átomos que compõe a Terra é de 40 u. Quantos átomos existem na Terra? 13 TÓPICO 2 OPERAÇÕES COM VETORES UNIDADE 1 1 INTRODUÇÃO Uma maçã atinge o crânio de alguém. A força que ele sente é o peso da maçã. Mas de onde ela veio? Do céu e direto para a sua cabeça! Percebeu a informação a mais? Precisamos de um novo objeto matemático para desvendar as grandezas que possuem direção e sentido. Podemos representar essas grandezas como um segmento de reta orientado. Para compreender melhor, verifique a figura que segue. Podemos supor que a partícula que atingiu a cabeça em repouso de Newton foi colocada em movimento devido a uma força de cima para baixo. Se essa força não estivesse atuando, a maçã continuaria em repouso na árvore. FIGURA 1 – DESCOBERTA DA LEI DE QUEDA LIVRE DOS CORPOS FONTE: Disponível em: <http://ich.unito.com.br/view/2749>. Acesso em: 16 jul. 2007. FIGURA 1 - EXEMPLO DE GRANDEZAS UNIDADE 1 | MECÂNICA 14 O vetor tem uma origem (de onde vem) e uma extremidade (para onde vai), e tem um valor numérico associado a ele, que chamamos de módulo. Quando nos referimos a uma grandeza vetorial devemos ter um meio de diferenciá-la de uma grandeza escalar. Por exemplo, podemos falar de uma grandeza escalar como a temperatura (em graus Celsius) utilizando um símbolo T(OC) e uma grandeza vetorial, à força (em Newton) com F(N). Observe que o símbolo da grandeza vetorial F está em negrito, enquanto que da grandeza escalar T permanece normal. Alguns livros preferem utilizar uma flechinha sobre a letra que representa a grandeza vetorial, você deve se familiarizar com as duas maneiras. Vamos compreender a figura? Observe! Na figura (a) temos um segmento de reta com origem no ponto A e extremidade no ponto B denominado vetor X, com unidade de medida em metros (m). Na figura (b) temos um vetor F, força gravitacional da partícula em queda livre, dada em Newton (N). Vamos compreender melhor a figura? À esquerda você pode observar Newton descobrindo a lei da queda livre dos corpos e à direita uma esquematização da queda livre. Esta ilustração foi retirada do site: <http://ich.unito.com.br/view/2749>. Neste site você encontra muitas coisas interessantes sobre as leis de Newton. Confira! Para ter uma explicação pormenorizada sobre gravitação universal acesse o site: <http://nautilus.fis.uc.pt/astro/hu/gravi/ gravitacao_universal.html>. FIGURA 2 – VETORES COM DIREÇÃO E SENTIDO FONTE: A autora Na figura (a) temos a ilustração de um vetor deslocamento X. Trata-se de uma grandeza cuja unidade é o comprimento, que no SI é o metro m. A distância entre o ponto A e o ponto B é o módulo do vetor. A direção é horizontal e o sentido é da esquerda para a direita. Em (b) a direção do vetor é vertical e o sentido para baixo. Generalizando, podemos representar qualquer grandeza utilizando o conceito de vetor, desde de que tenhamos que associar a ela direção e sentido. NOTA NOTA TÓPICO 2 | OPERAÇÕES COM VETORES 15 O aluno normalmente opta pela notação com flechinha em cima da letra em razão da dificuldade de representar negrito no caderno. Assim, a força F pode ser escrita como . Agora que você já conhece o que é um vetor, sabe para que ele serve e como representá-lo, precisa descobrir como tratá-lo nas operações matemáticas. Esse ponto é essencial para você, como acadêmico(a). Estude-o com bastante empenho. Inclusive, seu desempenho futuro nessa disciplina vai depender do bom aproveitamento da próxima seção. 2 OPERAÇÕES COM VETORES 2.1 ADIÇÃO A adição de grandezas vetoriais não é tão simples como somar valores numéricos. Não podemos nos esquecer de que essas grandezas possuem direções e sentidos muito bem definidos. Essas informações não podem ser perdidas nos cálculos. Podemos somar vetores através de dois métodos, o método geométrico e o método do paralelogramo. Em seguida mostramos cada um deles. 2.1.1 Método geométrico FIGURA 3 – TRÊS VETORES QUAISQUER, a 1 , a 2 e a 3 FONTE: A autora UNI UNIDADE 1 | MECÂNICA 16 Como você pode observar, há três vetores no espaço, representados na figura anterior (em duas dimensões, plano do papel), a1, a2 e a3. Agora, vamos deslocá-los sobre esse mesmo espaço arrastando-os de tal modo que a extremidade do primeiro coincida com a origem do segundo e a extremidade deste com a origem do terceiro. Observe o resultado na figura a seguir. O vetor aR é o vetor resultante da soma, aR = a1 + a2 + a3 . FIGURA 4 – À ESQUERDA A SOMA DOS VETORES a 1 , a 2 E a 3 . À DIREITA O VETOR RESULTANTE a r FONTE: A autora 2.1.2 Método do Paralelogramo O método do paralelogramo consiste em somar os vetores aos pares. A resultante de cada par é dada pela lei dos cossenos modificada: r2 = a2 + b2 + 2abcosθ. Acompanhe o raciocínio disponível nas próximas ilustrações: FIGURA 5 – TRÊS VETORES QUAISQUER, a, b e c FONTE: A autora Vamos deslocar o vetor a e b da figura 5, colocando suas origens no mesmo ponto. Depois, traçamos linhas paralelas aos vetores em suas extremidades, figura 6. Por último, desenhamos um vetor que se origina na origem dos vetores e vai até a interseção das linhas paralelas. FIGURA 6 – SOMA DOS VETORES a E b E SUA RESULTANTE R, E SUA FORMULAÇÃO MATEMÁTICA FONTE: A autora TÓPICO 2 | OPERAÇÕES COM VETORES 17 Observe como não podemos simplesmente somar as grandezas vetoriais a e b como fazemos com os escalares. R c R c FIGURA 7 – SOMA ' FIGURA 8 – COMPARAÇÃO DOS DOIS MÉTODOS. O MÉTODO A, DO POLÍGONO. E O MÉTODO B, DO PARALELOGRAMO. OBSERVE QUE a R É IGUAL A N FIGURA 9 – VETORES DA ATIVIDADE FONTE: A autora FONTE: A autora Agora vamos somar o vetor R ao vetor c, figura 7, e obter um novo vetor resultante. O vetor N é dado por, Observe como os dois métodos coincidem em termos de resultados, aR = N, na ilustração da figura 8. É importante notar que um vetor pode ser transportado pelo espaço sem perder suas propriedades. Ou seja, o módulo, a direção e o sentido do vetor não se perdem no transporte paralelo do vetor aR do ponto A até o ponto B. Se você fizer o deslocamento horizontal do vetor aR até o vetor N, verá que os dois coincidem. FONTE: A autora Vamos praticar? Encontre o vetor resultante da soma entre um vetor cujo módulo é de 3m com outro de 4m, que formam um ângulo de 300 entre si. IMPORTANT E UNIDADE 1 | MECÂNICA 18 Vejamos a solução! Resposta: O vetor resultante possui 6,8m. 2.2 SUBTRAÇÃO Consideramos os vetores a e b dados nas figuras a seguir, conhecidos o módulo, a direção e o sentido (CARRON; GUIMARÃES, 1999). FONTE: A autora A subtração d = a – b é feita do seguinte modo: sem alterar os vetores, desenhamos os dois com uma origem coincidente. Em seguida, unimos as duas extremidades por um segmento de reta. FONTE: A autora O módulo do vetor d, que representa a diferença vetorial entre os vetores a e b é dado por: FIGURA 10 – VETORES A E B FIGURA 11 – SUBTRAÇÃO DE VETORES TÓPICO 2 | OPERAÇÕES COM VETORES 19 2.3 TRIGONOMETRIA A trigonometria trata das medidas nos triângulos. Os métodos trigonométricos permitem descobrir os valores de lados e ângulos em triângulos dos quais se conhecem apenas alguns elementos. FONTE: A autora Para os propósitos desse Caderno de Estudos, devemos conhecer as seguintes relações: Exemplo 1: A projeção do segmento AB sobre a reta r mede 9,5 cm. Qual é o comprimento do segmento AB? FONTE: A autora Solução: Podemostransformar a figura anterior num triângulo retângulo traçando uma reta BC perpendicular a r no ponto B. FIGURA 12 – MEDIDA DE ÂNGULOS FIGURA 13 – A PROJEÇÃO DO SEGMENTO AB UNIDADE 1 | MECÂNICA 20 FONTE: A autora 2.4 DECOMPOSIÇÃO VETORIAL Um vetor a qualquer no espaço plano x-y pode ser decomposto em suas componentes ax e ay na direção dos eixos coordenados. Aplicando as relações trigonométricas do triângulo retângulo encontramos os módulos do vetor a na direção x (ax) e na direção y (ay), juntamente com a direção θ do vetor. . AC é a projeção de AB sobre a reta r e vale 9,5 cm, conforme o enunciado. Comparando com o triângulo retângulo da definição, encontramos que AC é o cateto adjacente ao ângulo de 180. Assim, podemos calcular AB como segue: FIGURA 14 – RETA BC FONTE: A autora FIGURA 15 – DECOMPOSIÇÃO DO VETOR A NO SISTEMA CARTESIANO (PLANO-XY). VALOR DAS COMPONENTES E DIREÇÃO DO VETOR A seguir, você confere a tabela dos valores de seno, cosseno e tangente para os principais ângulos. TÓPICO 2 | OPERAÇÕES COM VETORES 21 TABELA 6 – SENO, COSSENO E TANGENTE DOS PRINCIPAIS ÂNGULOS FONTE: A autora Ao utilizar os valores da tabela você não precisa substituí-los em forma de fração, na sequência, observe que no exemplo 1, substituímos . E em . FIGURA 16 – VETOR E SUAS COMPONENTES, EXEMPLO 1 FONTE: A autora Esta tabela fornece apenas alguns ângulos. Você pode calcular os outros quando for necessário, utilizando uma calculadora científica. E agora, que tal entendermos um pouco mais através de alguns exemplos? Exemplo 2: Encontre as componentes do vetor b com módulo de 12 m formando um ângulo de 300 com o eixo horizontal x. ATENCAO UNIDADE 1 | MECÂNICA 22 Resposta: A componente na direção horizontal x é 10,4 m e a componente na direção vertical y é 6 m. Exemplo 3: Um projétil é atirado com velocidade de 400 m/s, fazendo um ângulo de 45º com a horizontal. Determine a componente horizontal vx e a vertical vy da velocidade do projétil. FONTE: A autora Solução: Resposta: As componentes na direção horizontal e vertical são a mesma e valem 284m/s. m m m/s m/s FIGURA 17 – VETOR E SUAS COMPONENTES, EXEMPLO 2 Quer mais informações? 1. Encontre um resumo teórico mais detalhado sobre vetores no site: <http://www.cefetsp.br/edu/okamura/ Resumo%20Teorico%20de%20Vetores.htm>. 2. Mas se você já está familiarizado com a linguagem vetorial e é bom em álgebra, veja o resumo do site: <http://pessoal.sercomtel.com.br/matematica/geometria/vetor2d/vetor2d.htm>. 3. Para uma visão mais abrangente de trigonometria acesse o seguinte site: <http://pessoal.sercomtel.com. br/matematica/trigonom/trigo03.htm>. 4. Ou ainda o site super informativo abaixo: <http://www.okime.com.br/InformacoesUteis/Glossario/Trigonometria/trigonometria.htm>. DICAS 23 RESUMO DO TÓPICO 2 Neste tópico você viu que: Um vetor serve para representar qualquer grandeza vetorial. E possui um valor numérico (módulo), uma direção e um sentido. Há duas operações básicas com vetores: a soma e a decomposição. Existem outras, como o produto vetorial e o produto escalar, que não abordaremos nesse caderno. As definições delas serão aplicadas diretamente. Não deixe de fazer os exercícios sugeridos na autoatividade antes de continuar. Neles entramos em alguns detalhes importantes. UNI 24 AUTOATIVIDADE 1 Quais características de um vetor precisamos conhecer para que ele fique determinado? 2 O que é módulo de um vetor? E o que é um vetor resultante? 3 Dois vetores A e B, de módulos A = 6 e B = 7, formam entre si um ângulo de 600. Determine o módulo do vetor resultante R da figura que segue. Use R2 = a2 + b2 + 2.a.b.cos θ . 4 Dois vetores A e B, de módulos A = 3 e B = 4, formam entre si um ângulo de 900. Determine o módulo do vetor resultante R da figura abaixo. Use R2 = a2 + b2 + 2.a.b.cos θ. Observe que a fórmula se reduz a R2 = a2 + b2 com θ igual a 900. 25 5 O vetor a possui módulo igual a 5 m e forma com a horizontal um ângulo de 300. Determine as componentes horizontal e vertical deste vetor. Observação: problema com decomposição geométrica (semelhante exemplo 1 e 2 da seção 2.2). Figura seguinte. 7 Encontre o valor de x. 8 Considerando a ilustração a seguir, sendo de 10 m a sombra do prédio projetada no chão, calcule a altura do prédio. 6 Um guarda florestal, postado numa torre de 30 m, no topo de uma colina de 520 m de altura, vê o início de um incêndio numa direção que forma com a horizontal um ângulo de 20o. A que distância aproximada da colina está o fogo? 26 9 Qual é o perímetro ABC? Observação: perímetro é a soma do comprimento de todos os lados. 10 Uma esfera de massa 3,0 x 10-4 kg está suspensa por um fio. Uma brisa sopra ininterruptamente na direção horizontal, empurrando a esfera de tal maneira que o fio faz um ângulo constante de 370 com a vertical. Desta forma, encontre: a) o peso da esfera; b) sabendo que o peso calculado é o cateto adjacente ao ângulo, encontre o módulo daquele empurrão (cateto oposto); c) encontre a tração no fio (hipotenusa). 27 TÓPICO 3 O MOVIMENTO DOS CORPOS UNIDADE 1 1 INTRODUÇÃO Coloque-se no lugar do nosso ancestral, o homem de Cro-Magnon, esquecido entre as paragens rupestres de milhares de anos. Levemente atento, ou completamente absorto na quase refrescante sombra de uma rocha escaldada pelo sol. Agachado ali até que veja algum animal de médio porte e sai então ao seu encalço. Com o sol fritando a sua fronte e estilhaços de pedra aos pés. O coração parecendo um tambor da morte. Tudo era movimento, dentro e fora de si, no outro ser que fugia. No sol que se punha logo em seguida. Agora pense no movimento rápido e preciso de uma flecha rasgando o ar. Na viagem de um fóton da superfície do Sol até a superfície da Terra. Você consegue ver como o espaço e o tempo se relacionam nesses movimentos? Dizemos que um corpo se encontra em movimento se a sua posição, em relação a um referencial, varia no tempo. Se a sua posição permanece inalterada, dizemos que o corpo está em repouso. Na próxima seção vamos definir alguns conceitos que nos ajudarão a analisar o movimento dos corpos. Se você quer ficar por dentro das novidades do mundo da física, visite os sites: <http://www.ft.org.br/site/painel/html/curiosidades.html>. <http://www.unesp.br/universofisico/>. DICAS UNIDADE 1 | MECÂNICA 28 2 CINEMÁTICA Os corpos, cujo movimento acompanhamos na seção anterior, formam duas categorias. Na primeira estão os corpos grandes (corpos extensos), quase do tamanho da trajetória. Na outra estão os corpos pequenos (pontos materiais ou partículas), cujas dimensões são desprezíveis comparadas ao tamanho da trajetória. Vamos permanecer com a segunda categoria, por enquanto. Para estudar o movimento da partícula precisamos adotar um referencial. Um lugar no espaço, de onde observamos os movimentos e podemos dizer se o corpo se encontra em movimento ou não. Chamamos de posição, o lugar sobre a trajetória, em que o corpo se encontra. E chamamos de trajetória a linha descrita pelo movimento do corpo. Distância percorrida é toda a trajetória do corpo desde sua posição inicial até sua posição final. Deslocamento é a menor distância entre o ponto inicial e o final, ou seja, a linha que une esses dois pontos. Acompanhe os resultados na figura que segue: A velocidade média da partícula é o quociente do deslocamento Δx pelo intervalo de tempo Δt decorrido desde x1 até x2, Caso esteja precisando de informações mais detalhadas, você poderá acessar os seguintes sites: <www.mundofisico.joinville.udesc.br/PreVestibular/2005-1/mod1/node16.html>. <http://br.geocities.com/saladefisica6/cinematica/deslocamento.htm>. FIGURA 18 – DISTÂNCIA PERCORRIDA ENTRE OS PONTOS A E B, E DESLOCAMENTO ΔX DO MÓVEL ENTRE AS POSIÇÕES X 1 E X 2 . FONTE: A autora DICAS TÓPICO 3 | O MOVIMENTO DOS CORPOS 29 A aceleração é responsável pela variaçãoda velocidade e é dada pela expressão, Vamos relacionar as equações de movimento utilizando a tabela 6. TABELA 7 – EQUAÇÕES DO MOVIMENTO RETILÍNEO Em termos de unidades de medida, as grandezas ficam: Δx(m), Δt(s) e Vm(m/s). O deslocamento dado em metros, o tempo em segundos e consequentemente, a velocidade em metros por segundo. Para converter m/s em km/h multiplique por 3,6. O valor que você enxerga no velocímetro do carro não é o valor da velocidade média. E sim a velocidade do carro naquele dado instante. Nesse caso você está anotando a velocidade instantânea. O movimento com aceleração constante e em linha reta é denominado MRUV, movimento retilíneo uniformemente variado, na tabela 6, segunda coluna. Se a aceleração for nula, o movimento passa a ser MRU, movimento retilíneo uniforme e as equações se reduzem, conforme a terceira coluna. Exemplo 1: Determine o intervalo de tempo para a luz vir do Sol à Terra. No vácuo, a velocidade da luz é constante e aproximadamente igual a 3,0 x 105 km/s. A distância entre o Sol e a Terra é de 1,49 x 108 km. Considere o movimento de propagação da luz em linha como retilíneo e uniforme. FONTE: A autora IMPORTANT E ATENCAO UNIDADE 1 | MECÂNICA 30 Solução: Como o movimento é uniforme, Adotando a origem dos espaços como sendo o Sol, escolhemos x0 = 0. Sendo x = 1,49 x 108 km e v = 3,0 x 105 km/s Podemos encontrar esse valor em minutos, aplicando o fator de conversão, Vamos transformar 0,28min em segundos novamente, Escrevendo o valor todo, encontramos que o tempo que a luz do Sol chega à Terra é de 8min17s. 3 DINÂMICA Até aqui você fez observações muito simples e aprendeu a linguagem dos vetores. Mas precisamos explorar mais a fundo os recursos da matemática e encontrar explicações convincentes sobre a origem do movimento dos corpos. Isaac Newton conseguiu resumir suas observações acerca dos movimentos e das causas que os originam, através de três leis que ele enunciou no seu livro, de 328 páginas, intitulado: Princípios matemáticos da filosofia natural. Com um embasamento teórico fundamental até hoje. TÓPICO 3 | O MOVIMENTO DOS CORPOS 31 O conceito de força está associado a uma ideia de mudança. Um copo não sai voando sozinho no meio da sala. A bola de futebol não vai até o gol sem que o jogador lhe dê um chute. As ondas não se formam no mar sem que o vento sopre. Sendo mais explícita, os corpos permanecem em repouso ou em movimento retilíneo uniforme (velocidade constante, aceleração nula) a não ser que sobre eles atue uma força resultante diferente de zero (esse é o enunciado da primeira lei de Newton). FIGURA 19 – PRINCIPIA: PRINCÍPIOS MATEMÁTICOS DA FILOSOFIA NATURAL FONTE: NEWTON, Isaac. Disponível em: <http://www.edusp.com. br/detlivro.asp?ID=733482>. Acesso em: 16 jul. 2007. Principia: Princípios matemáticos da filosofia natural. Esta foi a primeira obra de física teórica. Publicada pela primeira vez em 1687, nela Newton expõe seu método que deriva as causas de todas as coisas a partir dos princípios mais simples possíveis, comprovados pelo estudo dos fenômenos. Você encontra outros detalhes sobre o livro no site: <http://www. edusp.com.br/detlivro.asp?ID=733482>. Vamos pensar em termos de campos gravitacionais. O corpo mais massivo sempre atrai o menos massivo. Observe como as partículas de pó são atraídas para os móveis antes de cair no chão. Ou como é impossível soltar um objeto no ar e ele permanecer parado. Existe um agente que provoca a queda dos corpos próximos à superfície da Terra. Esse agente é a força gravitacional. Então podemos supor que cada corpo possui um campo de influências que pode ser percebido por outro corpo. Podemos igualar à força peso à força gravitacional, encontrando o produto da massa com a aceleração da gravidade P = mg. Quando campos de diferentes corpos se cruzam ocorre uma interação entre eles que pode provocar o movimento. O fato é que, se um corpo provoca uma força sobre outro corpo, este reage com uma força de mesma intensidade (módulo), mesma direção, mas IMPORTANT E UNIDADE 1 | MECÂNICA 32 de sentido oposto (enunciado da terceira lei de Newton). A força de reação ao apoio ou simplesmente força normal N é um exemplo disso, ela aparece sempre que ocorre uma pressão de um corpo sobre uma superfície. Observe os vetores das forças atuando sobre dois corpos apoiados um no outro, na próxima figura. Existem muitos exemplos de força. A força num cabo estendido que eleva um peso, ou que arrasta através de um plano inclinado, é chamada de força de tração. A força magnética entre os polos de um ímã, ou provocada pela passagem de uma corrente elétrica. A força de arrasto do ar que sustenta o paraquedas. A força de atrito devido ao contato dos pneus com a pista. A força centrípeta associada às rotações. Enfim, observação de forças é que não lhes faltam. Vamos olhar um pouco mais de perto para essa grandeza tão presente na nossa vida. Observe os vetores N (reação ao apoio), P (peso do livro), P` (peso da caixa) e F (força aplicada) da figura a seguir, faça de conta que o retângulo amarelo é um livro e o retângulo branco é uma caixa. Colocando em prática a primeira lei e terceira lei de Newton, chegamos à conclusão de que no primeiro caso a força normal N é igual ao peso P, porém no segundo caso isso não é mais verdade, pois agora quem faz par ação-reação com a normal é a força aplicada F. Vamos entender melhor a figura? Na primeira situação, o peso do livro (força P) atua sobre a caixa e aparece nessa face da caixa uma força de reação ao apoio do livro sobre a caixa (força N), atuando em sentido contrário. No segundo caso uma força F é aplicada sobre o livro pressionando-o contra a superfície vertical da caixa. A reação normal ao apoio N aparece agora em sentido oposto a F. FONTE: A autora FIGURA 20 – SIMULAÇÃO DA PRIMEIRA LEI E DA TERCEIRA LEI DE NEWTON NOTA TÓPICO 3 | O MOVIMENTO DOS CORPOS 33 3.1 PRINCÍPIO FUNDAMENTAL DA DINÂMICA OU SEGUNDA LEI DE NEWTON Na primeira lei de Newton vimos que se a resultante das forças que atuam em um corpo for nula, este corpo estará em repouso ou em movimento retilíneo uniforme. Em qualquer dessas situações, a aceleração do corpo é igual a zero. A pergunta é: que tipo de movimento teria o corpo se a resultante das forças que nele atuam não fosse nula? A resposta a essa pergunta pode ser encontrada através de uma experiência simples. Considerando um carrinho colocado sobre um trilho de ar (atrito desprezível), sendo puxado por uma força F (na direção x). Como as demais forças, que atuam no corpo (peso e reação normal, na direção vertical), se equilibram, podemos considerar a força F como a única força que atua no corpo. Analisando tal movimento, concluímos que a aceleração que um corpo adquire é diretamente proporcional à resultante das forças que atuam nele, e tem a mesma direção e o sentido desta resultante. Ou seja, F = m.a. (Segunda lei de Newton) Onde, F é a força resultante, m a massa do corpo e a é a aceleração que o corpo adquire. No caso da força gravitacional substituímos F por P, e a por g (aceleração da gravidade). Ou seja, P = m.g. Se você tiver um tempinho extra, acesse os seguinte sites: • <http://br.geocities.com/saladefisica3/laboratorio/newton2/newton2.htm>. Nesse sites você pode fazer experiências virtuais com base na segunda lei. • <http://educar.sc.usp.br/fisica/dinateo.html>. Aqui você encontra várias aplicações das leis de Newton. Vejamos um exemplo: Uma força de 30 N é aplicada num corpo de massa 4,0 kg, inicialmente em repouso. Sabendo que essa é a única força atuante, determine a velocidade do corpo após 8,0 s. Solução: da segunda lei de Newton F = ma, DICAS 34 UNIDADE 1 | MECÂNICA da equação de velocidade v = v0 + at, v = 0 + 7,5(8) = 60 m/s. Resposta: A velocidade do corpo é de 60 m/s. 3.2 EQUILÍBRIO DE TRANSLAÇÃO DE UM PONTO MATERIAL Sempre podemos aproximar um corpo a um ponto material, se suas dimensões forempequenas comparadas ao espaço em que ele atua. Assim, estamos considerando um ponto material o corpo da figura que segue. Atuam sobre ele três forças, F1, F2 e F3. O corpo não está em movimento, consequentemente também não possui aceleração. Então, substituindo a = 0 na segunda lei, encontramos que a força resultante (F = F1+ F2 + F3) na equação de Newton, F = ma, é zero. FIGURA 21 – PONTO MATERIAL EM EQUILÍBRIO FONTE: A autora Ponto material em equilíbrio, com as forças F 1 , F 2 e F 3 atuando sobre ele. Note que para encontrar a resultante não podemos fazer uma simples soma algébrica. Temos que usar os métodos de decomposição e soma de vetores. Fonte: A autora. Substituindo zero na definição de força, encontramos: F1+ F2 + F3 = 0. NOTA TÓPICO 3 | O MOVIMENTO DOS CORPOS 35 A equação da força resultante, F = F1+ F2 + F3, pode ser generalizada para um número qualquer de forças da seguinte maneira, F = F1 + F2 + F3 + F4 + ... + Fn = Σ Fi, com i de 1 até n, n todos os inteiros positivos. Assim chegamos à condição de equilíbrio (estamos considerando apenas os movimentos de translação), Σ Fi = 0. Note que o ponto material poderia estar se movendo com velocidade constante e teríamos o mesmo resultado (v = constante → a = 0). FIGURA 22 – FORÇAS NA DIREÇÃO x e y FONTE: A autora As equações resultantes em cada uma das direções (decomposição da figura anterior) se tornam: F2x – F1x = 0, F1y + F2y – F3y = 0. 3.3 FORÇA DE ATRITO Quando um corpo é arrastado por uma força F sobre uma superfície rugosa, surge uma força de atrito A em sentido contrário ao movimento. A figura a seguir mostra o esquema das forças que atuam sobre tal corpo. O atrito com uma superfície depende da pressão entre o objeto e a superfície; quanto maior for a força normal N maior será o atrito. FIGURA 23 – FORÇAS QUE ATUAM SOBRE O CORPO FONTE: A autora 36 UNIDADE 1 | MECÂNICA Na horizontal (eixo-x), a força de atrito do corpo em movimento é proporcional à força normal (aplicada verticalmente, eixo-y) do corpo com a superfície e praticamente não depende da velocidade ou área de contato. Seu valor é dado por A = µ N, Equação (1) onde µ é o coeficiente de atrito cinemático. Aplicando a segunda lei (F = ma), escrevemos a força resultante na direção x, F - A = m.a. Equação (2) E na direção y, com a aceleração a igual a zero, tornando nulo o termo à direita da equação de Newton (o corpo não se move na vertical), N - P = 0. Equação (3) Exemplo: Calcule o coeficiente de atrito cinético entre o chão e o engradado de 80kg, arrastado horizontalmente por uma força de 200N. E que se move com uma aceleração de 2m/s2. Solução: Encontramos a força de atrito A utilizando a equação (2) para o movimento na direção x, Da equação (3) temos, N - P = 0 -> N = P = mg. Usando a definição de força de atrito, Vamos compreender o esquema de forças que atuam sobre o corpo em movimento horizontal para a direita (eixo x) com velocidade V. Nessa direção atua a força aplicada F, no sentido do movimento. E a força de atrito A, no sentido oposto. Na direção vertical (eixo y) atuam as forças N e P, que se equilibram (corpo não se move na direção y). Ao lado, quadro com as grandezas envolvidas no problema e suas unidades. NOTA TÓPICO 3 | O MOVIMENTO DOS CORPOS 37 Resposta: O coeficiente de atrito cinético é 0,051. Observação: O coeficiente de atrito tem dois valores diferenciados, o cinético e o estático. O primeiro ocorre quando uma superfície desliza sobre a outra. No segundo caso não há deslizamento, e a força aplicada ainda não atingiu o mesmo valor (em módulo) que o da força de atrito estático máximo. Quando as duas se igualam ocorre o deslizamento e quem passa a atuar é a força de atrito cinético. 3.4 FORÇA ELÁSTICA FIGURA 24 – MOLA COM SEU COMPRIMENTO INICIAL FONTE: A autora Vamos entender melhor a figura anterior! Mola com seu comprimento inicial l 0 (não deformada) e comprimento final l (deformada pela força F). Quando a mola é esticada pela força F aparece uma força elástica F e resistente à deformação x em sentido oposto. A força elástica é uma força de resistência que aparece quando um corpo elástico é deformado. Olhe a figura 19, temos um corpo na posição de equilíbrio (não deformado) l0, quando aplicamos uma força F para esticá-lo, surge uma força NOTA 38 UNIDADE 1 | MECÂNICA elástica Fe no sentido oposto à deformação sofrida. A força elástica Fe é proporcional à deformação x (comprimento da mola esticada l menos o comprimento inicial da mola l0). No primeiro quadro estão as grandezas envolvidas e no segundo as fórmulas da força elástica. 3.5 PLANO INCLINADO Para compreender o que é um Plano Inclinado, observe a figura a seguir. O bloco é acelerado na direção x pela força gravitacional P, na direção r. Na verdade, apenas uma parcela da força gravitacional (Px) contribui para o movimento, a outra parte (Py) é equilibrada com a força normal N, na direção y. FIGURA 25 – O BLOCO DESCE UMA SUPERFÍCIE INCLINADA NUM ÂNGULO θ EM RELAÇÃO À DIREÇÃO X FONTE: A autora FONTE: A autora FIGURA 26 – (A) DECOMPOSIÇÃO VETORIAL DE P. (B) EQUAÇÕES DE MOVIMENTO NA DIREÇÃO X E Y Agora observe a figura a seguir. Na figura (a) o vetor força gravitacional P foi decomposto em suas componentes Px e Py. No quadro encontramos seus respectivos valores numéricos. À direita (b), aproximamos o bloco a um ponto material e representamos as forças que atuam sobre ele, na direção x e y. No quadro encontramos a força resultante em cada uma das direções. Notem que a equação na direção y foi igualada a zero, pois o bloco não se move nesta direção (Py = N). (a) (b) TÓPICO 3 | O MOVIMENTO DOS CORPOS 39 Vejamos um exemplo: A mola da figura anterior varia seu comprimento de 12 cm para 17 cm quando penduramos em sua extremidade um corpo de peso 10 N. (a) Qual a constante elástica da mola, em N/m? (b) Qual o comprimento dessa mola, quando ela sustentar em equilíbrio um corpo de peso 20 N? Solução: a) A deformação ocorrida na mola vale: = 17 - 12 = 5 cm = 0,05 m. Pelo fato do bloco A estar em equilíbrio, vem: b) Como o peso do corpo B é o dobro do peso de A, a mola terá sua deformação duplicada (de 5 cm para 10 cm). Logo, o comprimento da mola, quando esta sustenta o corpo B, será: 0llx −= Caro(a) acadêmico(a)! Para aprofundar seus conhecimentos sugerimos a obra: HALLIDAY, David; RESNICK, Robert; WALKER, Jearl. Fundamentos de Física: mecânica. Rio de Janeiro: LTC, 2008. NOTA 40 RESUMO DO TÓPICO 3 Neste tópico vimos que: Existem duas maneiras de olhar para um corpo, como um ponto material (dimensões desprezíveis) ou como um corpo extenso e rígido (dimensões consideráveis). As três leis de Newton são: princípio de inércia - nada muda seu estado de movimento ou de repouso, a não ser que atue uma força resultante não nula. Segundo princípio, ou princípio fundamental - uma força resultante não nula produz aceleração. Terceiro princípio, toda ação produz reação, ou seja, se uma força está sendo aplicada aparece outra força que atua no sentido oposto. Define-se através de expressões algébricas as seguintes grandezas: deslocamento, velocidade, aceleração, segunda lei de Newton, força gravitacional, força de atrito, força elástica. 41 AUTOATIVIDADE 1 A velocidade do corpo varia de 6m/s para 15m/s em 3s. Qual a sua aceleração média? 2 Um motoqueiro percorre com sua moto uma distância de 350 km com velocidade escalar média de 100 km/h. Quanto tempo, em segundos, gastou o motoqueiro para percorrer este percurso? 3 O que é uma força resultante? Qual é a formulação matemática da segunda lei de Newton? Em que ocasião o lado direito dessa equação é igual a zero? 4 Um bloco A homogêneo, de massa igual a 3,0 kg, é colocado sobre um bloco B, também homogêneo, de massa igual a 6,0 kg, que por suavez é colocado sobre o bloco C, o qual se apoia sobre uma superfície horizontal, como mostrado na figura a seguir. Sabendo-se que o sistema permanece em repouso, calcule o módulo da força que o bloco C exerce sobre o bloco B, em Newtons. Utilize g = 10 m/s2. 5 Dado o esquema da figura a seguir, onde m = 5 kg, encontre (utilize g = 10 m/s2): 42 a) As forças resultantes na direção x e y. b) Encontre o módulo da força N da reação de apoio. c) Sabendo que o corpo se move com uma aceleração de 2 m/s2 e que o coeficiente de atrito cinético é 0,5, determine o módulo da força F. 6 (Unesp 2005) A figura ilustra um bloco A, de massa mA = 2,0 kg, atado a um bloco B, de massa mB = 1,0 kg, por um fio inextensível de massa desprezível. O coeficiente de atrito cinético entre cada bloco e a mesa é µC. Uma força F = 18,0N é aplicada ao bloco B, fazendo com que ambos se desloquem com velocidade constante. Considerando g = 10,0 m/s2, calcule: a) o coeficiente de atrito µC; b) a tração T no fio. 7 Escreva a função horária das posições nos seguintes casos e diga se o movimento é MRU ou MRUV: (Observe os exemplos a, b e c). a) Posição inicial igual a zero (saiu da origem), velocidade constante igual a 6 m/s. R.: X = 6t MRU b) Posição inicial igual a 2 m, velocidade constante igual a 8 m/s. R.: X = 2 + 8t MRU c) Posição inicial igual a zero (saiu da origem), velocidade inicial igual a zero (partiu do repouso) e aceleração constante igual a 6 m/s2. R.: X = 3t2 MRUV d) Posição inicial igual a zero, velocidade inicial igual a 3 m/s e aceleração constante igual a -2 m/s2. e) Posição inicial igual a zero (saiu da origem), velocidade constante igual a -12 m/s. f) Posição inicial igual a -2 m, velocidade constante igual a -8 m/s. g) Posição inicial igual a zero (saiu da origem), velocidade inicial igual a -3 m/s e aceleração constante igual a 6 m/s2. h) Posição inicial igual a 6 m, velocidade inicial zero (partiu do repouso) e aceleração constante igual a 2 m/s2. i) Posição inicial igual a 8 m, velocidade inicial 8 m/s e aceleração constante igual a zero (aceleração nula). j) Queda Livre. Posição inicial igual a zero (saiu da origem), velocidade inicial zero (partiu do repouso) e aceleração constante igual a -9,8 m/s2. 43 8 Durante uma tempestade, um indivíduo vê um relâmpago e ouve o som do trovão 4 segundos depois. Determine a distância que separa o indivíduo do local do relâmpago, dada a velocidade do som no ar constante e igual a 340 m/s. 9 A velocidade de um automóvel é reduzida de 108 km/h para 36 km/h em 4,0s. Determine a aceleração escalar média, em (km/h)/s e m/s2, e classifique o movimento do automóvel. 11 Para empurrar uma van ao longo de um gramado, com velocidade constante, você deve exercer uma força constante. Relacione este fato com a primeira lei de Newton, que estabelece que movimento com velocidade constante indica ausência de força. 12 Qual é a força resultante sobre um objeto de 20 N em queda quando ele se depara com 4 N de resistência do ar? E com 10 N de resistência do ar? Quanto teria que ser essa força oposta para que ele caísse com velocidade constante? 13 Dado o esquema a seguir, determine: a) a aceleração do sistema; b) a intensidade da força aplicada pelo corpo A sobre C, considerando a inexistência de atrito. 10 Um bloco de massa 7 kg é arrastado ao longo de um plano inclinado sem atrito, conforme a figura. Para que o bloco adquira uma aceleração de 5 m/s2 para cima, qual deverá ser a intensidade de F? (Dados: sen θ = 0,8; cos θ = 0,6; g = 10 m/s2). 44 14 Seja um sistema conforme o da figura a seguir, o coeficiente de atrito do piso é de 0,1. Determine: a) a aceleração do sistema; b) a tração no fio. 15 Submete-se um corpo de massa igual a 5000 kg à ação de uma força constante que, a partir do repouso, imprime-lhe a velocidade de 72 km/h, ao fim de 40 segundos. Determine: a) a intensidade da força; b) o espaço percorrido. 16 Qual o valor em newtons da força média necessária para fazer parar, num percurso de 20 m, um automóvel de 1,5 x 103 kg a uma velocidade de 72 km/h? 45 TÓPICO 4 TRABALHO E ENERGIA MECÂNICA UNIDADE 1 1 INTRODUÇÃO Grandes deslocamentos de massas na natureza provocam grandes acidentes. Na figura que segue, vemos à esquerda um furacão arrastando consigo enormes quantidades de matéria, ao centro um abalo sísmico provocando a ruptura de um viaduto, e à direita ondas gigantescas invadindo uma cidade. Em todos os casos temos uma força resultante não nula atuando sobre uma porção da matéria, produzindo nela um deslocamento. O produto escalar entre a força resultante e o deslocamento sofrido, denominamos trabalho W. O trabalho sempre pode ser associado a uma forma de energia. Uma variação de energia mecânica ∆E diferente de zero pode gerar trabalho. Estudaremos nesse tópico a energia mecânica E associada à configuração (energia potencial EP) e ao movimento (energia cinética EC). FONTE: Disponível em: <http://weblogs.clarin.com/conexiones/archives/000754.html>. Acesso em: 29 mar. 2007. FIGURA 27 – CATÁSTROFES PROVOCADAS POR GRANDES DESLOCAMENTOS DE MASSA 46 UNIDADE 1 | MECÂNICA 2 TRABALHO Vamos partir da afirmação de que o trabalho resultante sobre um corpo é devido à contribuição do trabalho de cada uma das forças que atuam sobre ele, na direção do deslocamento. Podemos utilizar o esquema da figura a seguir como exemplo. Sobre o bloco atua uma força F formando um ângulo θ com a direção horizontal (direção do deslocamento, ∆S), e outra força se impondo ao movimento, a força de atrito A (no sentido contrário). O trabalho da força resultante é, então, o trabalho da força aplicada F menos o trabalho da força de atrito A, que age no sentido contrário. Assim, escrevemos W = F∆x cosθ - A∆x. FONTE: A autora FIGURA 28 – BLOCO PERCORRE O DESLOCAMENTO FIGURA 29 – (a) BLOCO SENDO ERGUIDO. (b) BLOCO CAINDO FONTE: A autora Agora vamos encontrar o trabalho realizado por uma força para erguer o bloco do chão, na figura que segue, até uma altura ∆y = y. A força de tração T puxa o bloco verticalmente para cima, mas a força peso P exerce uma força no sentido oposto, o trabalho total pode ser escrito como, W = T∆y - P∆y. Na (b) o bloco está caindo, vamos encontrar o trabalho da força gravitacional para trazê-lo da altura y até o chão. O deslocamento e a força resultante estão no mesmo sentido. Assim, W = P∆y. A unidade da grandeza trabalho W é Joule (J). Podemos, então, definir o trabalho W como sendo o produto da força F com o deslocamento d, tomando ambos na mesma direção, Sendo W em joules (J), F em newtons (N) e d em metros (m). TÓPICO 4 | TRABALHO E ENERGIA MECÂNICA 47 Calculamos o trabalho utilizando sempre a força na direção do deslocamento. Por isso podemos generalizar trabalho como sendo, W = Fcosθ.d, onde d é o deslocamento. Se F e d estão na mesma direção, o sistema está realizando trabalho (+W → W > 0). Se F e d estão em sentidos opostos, estamos realizando trabalho sobre o sistema (-W → W < 0). 3 POTÊNCIA E RENDIMENTO Ainda sobre o ato de elevar um bloco de y1 = 0 até a altura y2 = y na figura 24 (a), podemos afirmar que quanto menor for o tempo gasto, maior foi o esforço empregado. Portanto, podemos dizer que a relação entre a energia e o tempo dá uma nova grandeza física, a potência. Como no nosso caso a energia que estamos estudando é o trabalho: t WH ∆ =P é a expressão da potência P. A unidade de medida utilizada para a potência é o watt (W). Não confunda W de Watt da unidade com W de trabalho da grandeza. Por exemplo, você diz: O trabalho realizado é de 6 Joules (W = 6J), ou a potência é de 40 watt (P = 40W). Conhecendo o valor da força aplicada e a velocidade do corpo, podemos determinar uma potência instantânea fazendo, P = Fv. Um dispositivo que realiza trabalho recebe energia por unidade de tempo (a potência fornecida PF) e utiliza uma certa potência útil (PU). Sabemos que devido a fatores resistivos, como o atrito, parte da potência
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