Buscar

Resenha - Achebe, Chinua. O mundo se despedaça

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 5 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE
CURSO DE GRADUAÇÃO EM HISTÓRIA
Moisés Bernardo da Conceição
RESENHA DO LIVRO: “O MUNDO SE DESPEDAÇA” - CHINUA ACHEBE
NITERÓI-RJ
2019
Chinua Achebe, autor do romance “O mundo se despedaça”, nasceu em 16 de novembro de 1930, na Nigéria. Ele realizou seus estudos em um colégio missionário de cultura ocidental, mas manteve-se ligado a cultura tradicional Igbo. Achebe ganhou notoriedade ao lançar obras como: “O mundo se despedaça”, “A flecha de Deus” e “A paz dura pouco”. Foi professor da Universidade de Brown, nos EUA, onde morou parte de sua vida. Em 2007, recebeu o “Prêmio internacional man booker”. Ele foi reconhecido como um dos maiores escritores africanos do século XX.
A obra “O mundo se despedaça”, conta a história do povo da aldeia de Umuófia no decorrer do processo de colonização do homem branco na região. O autor narra a gradual desintegração da cultura tradicional local pela disseminação de uma nova religião, novos valores e novas ideias provenientes do mundo ocidental. Dentro desse processo, encontram-se personagens que tentam resistir a essa dominação e outros que são cooptados pela máquina colonial. 
O romance é dividido em três partes. Na primeira delas, o autor narra uma série de acontecimentos, em Umuófia, que evidenciam uma série de elementos das culturas tradicionais africanas, tais como: rituais religiosos, crenças populares e festividades. O autor inicia a primeira parte da obra apresentando o grande guerreiro da região, Okonkwo, ele era conhecido por suas vitórias nas lutas da aldeia e nas guerras contra povos inimigos. Logo, Okonkwo era muito temido e respeitado na região. A sociedade apresentada pelo autor na obra não apresentava nenhum tipo de Rei ou chefe local, no entanto, existiam homens com importantes títulos que se reuniam para tomarem as decisões da aldeia e Okonkwo era um desses homens.
Okonkwo tinha três esposas, Ekwefi, Ojiugo e a mãe de seu filho primogênito, que não foi nomeada pelo autor. A última citada foi a primeira esposa do guerreiro e também a que mais gerou filhos do mesmo. O filho primogênito de Okonkwo era Nwoye. O pai de Nwoye achava seu filho preguiçoso e lamentava o fato dele ser seu primogênito. A segunda esposa do guerreiro era Ekwefi, em sua juventude, foi considerada uma das mulheres mais bonitas da aldeia. No entanto, dos nove filhos que teve com Okonkwo, apenas uma sobreviveu, e essa filha era Ezinma. Ela era inteligente e uma das poucas pessoas que compreendiam o pai. Constantemente seu pai desejava que ela tivesse nascido menino, pois por compreende-lo melhor que seu filho Nwoye, ele achava que ela tinha as características para ser um primogênito. 
Okonkwo era um homem que se irritava com facilidade e que não pensava duas vezes para agir com mais violência. Ele tratava sua família com “rédeas curtas”. Não tolerava desrespeito e comportamentos que considerasse indevido. Quando Nwoye expressava emoções, seu pai entendia que aquilo era uma manifestação de fraqueza, ele considerava aquilo “atitudes de mulher”, e assim, reprimia seu filho para que ele se tornasse um homem de verdade. Certa vez, durante a semana da paz, que era uma semana em que todos os habitantes da aldeia não podiam entrar em conflitos e confusões para que os deuses pudessem prover abundancia na agricultura, Okonkwo ficou enfurecido com Ojiugo, sua terceira esposa, então ele a agrediu violentamente, causando um grande alvoroço em toda a aldeia, pois acreditava-se que se houvesse alguma quebra da tranquilidade durante a semana da paz os deuses não abençoariam a produção agrícola de Umuófia. Assim, o guerreiro foi advertido pelos chefes locais para que isso não tornasse a se repetir e teve de oferecer um grande sacrifício aos deuses como forma de punição. 
O autor narra um acontecimento na obra que evidência uma crença popular nas sociedades africanas de cultura igbo, que é a crença em espíritos que encarnam em bebes e lhes tiram a vida sucessivamente como uma maldição, os ogbanjes. Ekwefi, havia engravidado de Okonkwo dez vezes, no entanto perdeu todos os bebes ainda na primeira infância com exceção da última. Certo dia, Ezinma, única filha de Ekwefi e Okonkwo, e que já tinha seis anos, se encontrava muito doente. Logo, Okonkwo e Ekwefi pensaram que o espírito ogbenje, que havia tirado os outros filhos de Ekwefi, estava se manifestando para tirar a vida da menina. Seu pai ficou muito abalado, apesar de sempre evitar demonstrar emoções, pois ele tinha uma ligação especial com a menina. Como Ezinma era a criança que tinha alcançado o maior tempo de vida, seus pais acreditavam que o espírito ogbanje tinha sentido piedade da mãe e que deixaria a menina viver. Quando a menina ficou doente, seus pais procuraram Okagbue Uyanwa, um sábio da aldeia com grande entendimento sobre crianças-ogbenje, então, o sábio questionou a menina sobre o lugar em que ela havia enterrado o iyi-uwa, que era uma pedra responsável por conectar o espírito ogbenje a ela. A princípio ela não contou onde a pedra se encontrava, mas com a insistência de Okagbue ela falou. Logo, o sábio desenterrou o iyi-uwa e o destruiu, quebrando assim a conexão do ogbenje com a menina.
No final da primeira parte da obra, o autor narra o episódio que culmina na expulsão temporária de Okonkwo da aldeia. Durante um importante ritual de dança em homenagem a um membro da aldeia que falecera, o grande guerreiro estava segurando uma arma que acidentalmente disparou no filho de um aldeão e o matou. Assim, a punição para Okonkwo foi a expulsão dele da aldeia por sete anos. Nesse período, ele foi viver com sua família junto a familiares maternos em uma região próxima. 
Na segunda parte da obra, Achebe narra o processo de chegada do homem branco a região de Umuófia e o início da desestruturação daquela sociedade. Enquanto Okonkwo estava fora da aldeia, missões de missionários brancos chegaram e solicitaram aos homens de título se poderiam ali edificar uma igreja. A princípio, as lideranças da aldeia não levaram a presença branca a sério e permitiram que eles construíssem a igreja em uma área da aldeia que acreditavam ser amaldiçoada para que logo eles pudessem querer sair. O tempo se passou e nenhuma maldição caiu sobre os missionários e eles ainda conseguiram cooptar membros da aldeia para a religião cristã. Os primeiros convertidos foram aqueles que de certa forma não se enquadravam nas normas daquela sociedade e eram marginalizados pela mesma. No entanto, a religião foi crescendo de tal forma que até mesmo homens de títulos passaram a serem assimilados pela nova cultura do homem branco. Os missionários fundaram uma escola para as crianças da região dominarem o alfabeto e a religião dos colonizadores, e para fazer com que os pais colocassem seus filhos para estudar nela, os brancos prometiam que os letrados seriam os grandes futuros administradores que ocupariam os cargos de prestígio na região. Nwoye, filho de Okonkwo, se converteu a religião cristã e iniciou seu processo de letramento, gerando um grande desgosto para seu pai. 
Na terceira e última parte da obra, Okonkwo cumpre sua punição de ficar sete anos fora da aldeia e retorna para sua casa. No entanto, encontra grande parte de seu povo convertido ao cristianismo e negando as práticas religiosas e os valores tradicionais. Nessa altura da obra, Okonkwo e aqueles que tentavam resistir a dominação branca, percebem que o mundo que outrora tinham conhecido havia se despedaçado.
Portanto, a obra de Chinua Achebe, remete ao processo de colonização da Nigéria no século XIX e XX. A obra nos permite fazer reflexões a respeito das formas de dominação ideológica e cultural que foram empregadas através da religião para desenvolver estruturas mentais e culturais que deram legitimidade ao processo de dominação e exploração econômica dos povos igbos.

Continue navegando