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CRIMES CONTRA A HONRA – DISPOSIÇÕES COMUNS Art. 141 - As penas cominadas neste Capítulo aumentam-se de um terço, se qualquer dos crimes é cometido: SÃO CONSIDERADAS MAJORANTES: I - CONTRA O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, OU CONTRA CHEFE DE GOVERNO ESTRANGEIRO; A primeira majorante ocorre quando o crime é praticado contra o Presidente da República ou contra chefe de governo estrangeiro. Em relação à calúnia e à difamação deve-se verificar se a ofensa tem ou não motivação política. Chefe de governo estrangeiro: qualquer pessoa que tenha por força constitucional esta função (soberanos, primeiros-ministros etc.). II - CONTRA FUNCIONÁRIO PÚBLICO, EM RAZÃO DE SUAS FUNÇÕES; A Segunda majorante ocorre quando o crime é praticado “contra funcionário público, em razão de suas funções”. Neste ponto, deve haver relação causal entre a ofensa e a função do sujeito passivo. O dispositivo visa proteger o respeito devido a função exercida e não à pessoa do funcionário. Não se aplica o dispositivo quando a ofensa se relaciona com a vida privada do funcionário ou mesmo se o funcionário não desempenha mais as funções públicas. III - NA PRESENÇA DE VÁRIAS PESSOAS, OU POR MEIO QUE FACILITE A DIVULGAÇÃO DA CALÚNIA, DA DIFAMAÇÃO OU DA INJÚRIA. (como é o caso dos crimes praticados nos meios de comunicação.) A terceira majorante trata do fato cometido na presença de várias pessoas. São casos em que o dano será normalmente maior. Ao se referir a várias pessoas, a lei tem em conta pelo menos três pessoas, pois quando são suficientes duas os dispositivos são expressos (como é no caso do art. 150, § 1º; 155, §4º, etc). No entanto, não entram neste cômputo o ofendido e o co-autor ou partícipe. Para ser computado é necessário que a pessoa tenha capacidade de entender a ofensa. Também é necessário que o agente tenha conhecimento da multiplicidade das testemunhas para ocorrer a qualificadora. Também se pune mais severamente o fato cometido por meio que facilite a divulgação da calúnia, difamação ou injúria. Exemplo de meios: cinema, alto-falante, cartazes, pintura, fotografias, Jornais, emissoras de rádio, revistas, televisão. IV – CONTRA PESSOA MAIOR DE 60 (SESSENTA) ANOS OU PORTADORA DE DEFICIÊNCIA, EXCETO NO CASO DE INJÚRIA. Acrescentado pelo estatuto do idoso para dar maior proteção aos idosos e às pessoas portadoras de deficiências. OBS: NÃO SE APLICARÁ NO CASO DA INJÚRIA, POIS JÁ EXISTE UMA DISPOSIÇÃO MAIS GRAVE PARA PUNIR A PESSOA NA CONDIÇÃO DE IDOSO. § 3° Se a injúria consiste na utilização de elementos referentes a raça, cor, etnia, religião, origem ou a condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência - (Redação dada pela Lei nº 10.741, de 2003): Pena - reclusão de um a três anos e multa. § 1º - SE O CRIME É COMETIDO MEDIANTE PAGA OU PROMESSA DE RECOMPENSA, APLICA-SE A PENA EM DOBRO. (MAJORANTE) Por fim, a pena deve ser aplicada em dobro se o crime for cometido mediante paga ou promessa de recompensa. Trata-se de motivo torpe que, no caso, constitui uma majorante e não mera circunstância agravante genérica. Paga é o recebimento efetivo de dinheiro ou qualquer bem econômico; promessa é a oferta, o compromisso de pagar pelo crime. § 2º SE O CRIME É COMETIDO OU DIVULGADO EM QUAISQUER MODALIDADES DAS REDES SOCIAIS DA REDE MUNDIAL DE COMPUTADORES, APLICA -SE EM TRIPLO A PENA. (Redação dada pela lei 13.964 de 2019) OBS: HAVENDO CONCURSO DAS CAUSAS DE AUMENTO DE PENA, CONFORME O ART. 68 CP: UTILIZAR -SE-Á DA MAIOR CAUSA DE AUMENTO. Exemplo: um crime praticado contra funcionário público com mais de 60 anos, utilizando as redes sociais, mediante promessa de recompensa, aumentará no triplo a pena, conforme o §2°. EXCLUSÃO DO CRIME ➢ Art. 142 - Não constituem injúria ou difamação punível: I - A OFENSA IRROGADA EM JUÍZO, NA DISCUSSÃO DA CAUSA, PELA PARTE OU POR SEU PROCURADOR; O primeiro caso de exclusão é a chamada imunidade judiciária, que se refere à ofensa irrogada em juízo, na discussão da causa, com o intuito de dar mais liberdade aos profissionais do direito concedendo-lhes a lei esta imunidade, pois nos debates judiciais há alterações de ânimos e, portanto, devem surgir ofensas. Pode ser feita por escrito ou oral, no entanto, é necessário que a ofensa seja feita em juízo e exige um nexo causal entre a ofensa e os debates. As partes a que se refere o inciso são autor, réu, nomeado à autoria, o assistente, o litisconsorte, o terceiro prejudicado, os interessados no inventário. O procurador é o advogado, o estagiário, o MP embora formalmente também seja parte (quando efetivamente forem parte no processo). II - A OPINIÃO DESFAVORÁVEL DA CRÍTICA LITERÁRIA, ARTÍSTICA OU CIENTÍFICA, SALVO QUANDO INEQUÍVOCA A INTENÇÃO DE INJURIAR OU DIFAMAR; A Segunda causa excludente do crime é a opinião desfavorável da crítica literária, artística ou científica. Tutela-se a liberdade de crítica cultural. Nos delitos contra a honra é necessário um elemento subjetivo específico que é a intenção de difamar ou injuriar e neste caso o agente atua com ânimo de crítica (ânimus criticandi). Não há, portanto, fato típico. Este artigo só é necessário no caso de se entender que não há tal elemento. III - O CONCEITO DESFAVORÁVEL EMITIDO POR FUNCIONÁRIO PÚBLICO, EM APRECIAÇÃO OU INFORMAÇÃO QUE PRESTE NO CUMPRIMENTO DE DEVER DO OFÍCIO. Não há crime também no conceito desfavorável emitido por funcionário público em apreciação ou informação que preste no cumprimento do dever de ofício, desde que o faça no estrito cumprimento do dever legal e sem o elemento subjetivo. CONCEITO DE FUNCIONÁRIO PÚBLICO: Art. 327 - Considera-se funcionário público, para os efeitos penais, quem, embora transitoriamente ou sem remuneração, exerce cargo, emprego ou função pública. § 1º - Equipara-se a funcionário público quem exerce cargo, emprego ou função em entidade paraestatal, e quem trabalha para empresa prestadora de serviço contratada ou conveniada para a execução de atividade típica da Administração Pública. Exemplo - mesário, jurados, estagiários. PARÁGRAFO ÚNICO - NOS CASOS DOS INCISOS I E II I, RESPONDE PELA INJÚRIA OU PELA DIFAMAÇÃO QUEM LHE DÁ PUBLICIDADE. Neste ponto, o legislador se preocupa em não levar o fato a público. Só aproveita da exclusão do crime os envolvidos no processo, no caso do inciso I e o funcionário público no caso do inciso III, os demais que derem publicidade a injúria ou a difamação, respondem pelo crime. ➢ Art. 143 - O querelado que, antes da sentença, se retrata cabalmente da calúnia ou da difamação, fica isento de pena. EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE Art. 107 - Extingue-se a punibilidade: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) VI - pela retratação do agente, nos casos em que a lei a admite; Retratar-se significa desdizer-se, retirar o que foi dito, declarar que errou. A retratação funciona somente como circunstância judicial na aplicação da pena (art. 59, caput. CP). A retratação só é cabível na calúnia e na difamação, sendo inadmissível à injúria. Ocorre que na difamação e na calúnia incidem sobre a imputação de um fato atribuído ao ofendido; na injúria não é a imputação de um fato, mas de uma qualidade negativa e mesmo havendo a retratação não se repara o dano. A retratação só é possível quando se trata de ação penal privada, uma vez que o artigo 143 fala em “querelado” (réu na ação penal privada do ofendido). Não abrange os casos em que se procede mediante ação penal pública. A retratação é unilateral, sendo indiferente que a pessoa a quem se dirige a aceite ou não. É preciso também que ela seja completa, irrestrita, incondicional. A retratação só produz efeito antes da sentença, isto é, antes do juiz proferir a sentença, admitindo-se a retratação até o momentoanterior à sua publicação em mãos do escrivão. Trata-se de circunstância objetiva incomunicável em caso de concurso de agentes. Na opinião do doutrinador Damásio a retratação deveria constituir causa de diminuição de pena e não de extinção da punibilidade (travesseiro de penas). Não há como se retratar a ponto de alcançar todas as pessoas atingidas. A retratação não depende de formalidade oficial. Havendo concurso de crimes contra a honra a retratação de um não aproveita os demais. Ex.: se o sujeito praticou três crimes, calúnia, injúria e difamação e se retrate da calúnia, subsiste o delito quanto aos demais. EXPLICAÇÕES EM JUÍZO ➢ Art. 144 - Se, de referências, alusões ou frases, se infere calúnia, difamação ou injúria, quem se julga ofendido pode pedir explicações em juízo. Aquele que se recusa a dá-las ou, a critério do juiz, não as dá satisfatórias, responde pela ofensa. Pode ocorrer que o agente manifeste frase em que não fique claro a intenção de caluniar, difamar ou injuriar, causando dúvida ao intérprete quanto a sua significação. Nesse caso aquele que se sente ultrajado pode, em vez de requerer a instauração de inquérito policial ou ação penal, pedir explicações ao ofensor. O pedido de explicações é uma medida preparatória e facultativa. Somente cabe nos casos de “ofensas equívocas”. O pedido de explicações é fora da ação de calúnia, difamação ou injúria. A redação do dispositivo é imperfeita, pois dá a entender que se o agente se recusar a dá-las ou for de modo insatisfatório responderá pela ofensa. Nesse processo não existe condenação; é mera medida cautelar e preparatória. A expressão “a critério do juiz” se refere ao juiz que julgará a ação principal. O pedido de explicações segue o rito processual das notificações avulsas. Requerido, o juiz determina a notificação do autor da frase para vir explicá-la em juízo. Fornecida a explicação ou no caso de recusa, certificada esta nos autos, o juiz faz com que os autos sejam entregues ao requerente. Com eles, aquele que se sentiu ofendido pode ingressar em juízo com a ação penal. O juiz, portanto, não julga a recusa ou a natureza das explicações. Na ação penal é que o juiz apreciará o teor das explicações. AÇÃO PENAL ➢ Art. 145 - Nos crimes previstos neste Capítulo somente se procede mediante queixa, salvo quando, no caso do art. 140, § 2º, da violência resulta lesão corporal. Neste caso a ação é pública incondicionada não se sujeitando o Ministério Público a nenhuma condição de procedibilidade para instaurar o processo. É assim porque a ação penal no caso da lesão corporal é pública incondicionada. CUIDADO: Na ação penal privada vigora o princípio da disponibilidade do conteúdo material posto em juízo, ou seja, cabe à pessoa do ofendido escolher se irá ou não iniciar a ação. Já na ação penal pública vigora o princípio da indisponibilidade do conteúdo material posto em juízo. O Ministério Público é obrigado a promover a peça inicial sem se sujeitar a critérios de conveniência.
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