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REBECA KRUSE MED10 Esquitossomose hepato- esplênica INTRODUÇÃO: A infecção no homem ocorre por trematoides pertencentes ao gênero Schistossoma, tendo como principais espécies o Schistossoma mansoni, o Schistossoma hematobium e o Schistosoma japonicum. No Brasil a esquistossomose mansônica é endêmica no Nordeste PATOGÊNESE: O ciclo da vida do parasita inclui um estágio sexuado do Schistosoma mansoni adulto no hospedeiro definitivo, por exemplo o homem, e um estágio assexuado no hospedeiro intermediário, o molusco do gênero Biomphalaria. Após quatro semanas de infecção, o caramujo elimina milhares de cercarias, formas infectantes para o homem e ouros hospedeiros vertebrados. Após penetrarem pela pele, as cercarias são chamadas de esquistossômulos e migram para os pulmões e daí para o fígado, onde amadurecem, transformam-se em vermes adultos. Na forma de parasita adultos, acasalam-se e migram contra a corrente sanguínea para as vênulas mesentéricas, onde iniciam a ovoposição, com uma média de 100 a 300 ovos/dia. Os ovos passam para a luz intestinal e são expelidos nas fezes. Outros ovos, ficam presos na parede intestinal e são levados pelo sangue portal para o fígado. No fígado, os ovos permanecem viáveis por aproximadamente 3 semanas e secretam produtos que desencadeiam uma reação granulomatosa inicial, resultando em fibrose hepática portal. FORMAS CLÍNICAS: AGUDA: febre de Katayama – febre alta, diarreia, rash cutâneo, eritema no local da entrada CRÔNICA: intestinal, hepatointestinal, hepatoesplênica (compensada e descompensada), pulmonar, neurológica, outras DIAGNÓSTICO: Métodos diretos: Kato-Katz: parasitológico das fezes (visualização dos ovos nas fezes - 3 amostras) Biópsia retal: padrão ouro – ovos na mucosa retal Métodos imunológicos (podem ser negativos e não excluem o diagnóstico), imunofluorescência indireta, hemaglutinação indireta, teste de ELISA USG: presença de fibrose periportal, aumento do baço, corpúsculo de gama/gama no baço → hipertensão portal Biópsia hepática: granuloma/ ovos TRATAMENTO: Oxaminiquine: dose única 15mg/kg para adultos e 20mg/Kg para crianças Praziquantel: dose única 40mg/kg para adultos e 60mg/kg para crianças O tratamento está indicado para todos os estágios e formas clínicas da doença, entretanto alguns pacientes com formas mais graves da doença podem não tolerar os medicamentos 1° tratar o processo inflamatório pois pode dar complicação grave (corticoide) → depois mata o parasita *Principal causa de hemorragia digestiva alta: sangramento por úlcera *Na nossa região: sangramento de varizes esofágicas Tumores hepáticos LESÕES CÍSTICAS: × Cisto simples × Abscesso hepático × Cisto hidático × Doença hepática policística × Doença de Caroli × Peliose hepática TUMORES BENIGNOS: × Hemangiomas × Hiperplasia nodular focal (HNF) × Adenoma hepático TUMORES MALÍGNOS: × Carcinoma hepatocelular REBECA KRUSE MED10 × Colangiocarcinoma intra-hepático × Metástases hepáticas Nos últimos anos → aprimoramento da ultrassonografia e de outros métodos de imagem → as lesões hepáticas focais tornaram-se achados comum na prática clínica diária Sem história de hepatopatia ou neoplasia: achado incidental é geralmente benigno (como cistos, hemangiomas e hiperplasia nodular focal) Por outro lado, a presença de um nódulo hepático em pacientes com hepatopatia crônica exige que o diagnóstico de carcinoma hepatocelular seja excluído CISTO SIMPLES: EPIDEMIOLOGIA: É uma lesão congênita que afeta de 2 a 7% da população. Geralmente é única com conteúdo seroso, recoberto por epitélio biliar cuboide, sem comunicação com ductos biliares CLÍNICA: São habitualmente assintomáticos e, genericamente, os cistos simples que se tornam sintomáticos apresentam-se maiores que 5 cm Pode causar efeito de massa com dor em hipocôndrio direito (se compressão da cápsula) COMPLICAÇÕES: Hemorragia intracística: raro Infecção DIAGNÓSTICO: Ultrasonografia TRATAMENTO: Conservador expectante Aspiração percutânea Cirúrgico: as a aspiração não for possível ABSCESSO HEPÁTICO: O abscesso hepático piogênico é causado por microrganismo como resultado de colangite da obstrução de ductos biliares ou bacteremia portal secundária a infecções gastrointestinais, como diverticulite ou apendicite Origem do abscesso: Via biliar → abscesso único Na forma de bacteremia (CS) → único ou múltiplos CLÍNICA: Mal estar generalizado, anorexia, dor em HD, febre e leucocitose. EXAME COMPLEMENTAR: Na TC pode ser encontrada lesão cística, com halo perilesional com realce no estudo dinâmico, ocasionalmente com gás dentro. Hemocultura positiva em 60% dos casos DIAGNÓSTICO: clínico + radiológico + lab ajuda (leucocitose) TRATAMENTO: Antibióticos Drenagem percutânea: maioria das vezes não é necessário (se >5cm indica-se) Cirurgia DOENÇA HEPÁTICA POLICÍSTICA: É rara, com prevalência de 0,9% em estudos de ultrassonografia Existe uma associação comum com a doença autossômica dominante policística renal. A maioria destes pacientes tem falência renal A forma autossômica dominante da doença policística do fígado geralmente é assintomática e tem um prognóstico benigno comparado com a doença policística renal CLÍNICA: Os pacientes são habitualmente assintomáticos, mas a doença avançada pode resultar em hepatomegalia REBECA KRUSE MED10 (lesões císticas no fígado) e insuficiência hepática (substituição do parênquima hepática pelos cistos) DIAGNÓSTICO: US, TC ou RM TRATAMENTO: conservador, descompressão (aspiração – cisto maior), ressecção (vários cistos) e transplante (se insuficiência hepática/muitos cistos) DOENÇA DE CAROLI: É uma doença autossômica recessiva rara, caracterizada por dilatação sacular não obstrutiva dos ductos biliares intra-hepático, múltiplos cálculos intra- hepáticos, estando associada à doença hepática policística. Cistos com cálculos dentro dos cistos CLÍNICA: Os sintomas mais comuns incluem ataques recorrentes de febre, dor no quadrante superior do abdome e raramente icterícia. TRATAMENTO: O tratamento cirúrgico pode ser necessário em casos de colangite refretária recorrente, associado a antibiótico de largo espectro PELIOSE HEPÁTICA: Lesão benigna rara caracterizada pela presença de espaços císticos preenchidos por sangue Ocorrem no fígado, baço, medula óssea e pulmões. Têm sido relacionadas a algumas medicações (estrógeno, corticoides, tamoxifeno), neoplasias (CHC e adenomas, D. de Hodgkin e mieloma múltiplo), transplante renal e infecções (tuberculose e AIDS) TRATAMENTO: retirada do possível agente causal e o tratamento específico das infecções. TUMORES HEPÁTICOS BENIGNOS: Em geral, o achado de uma lesão hepática é incidental e implica prosseguimento da investigação diagnóstica (USG com contraste, TC e RM) → Hemangiomas → Hiperplasia nodular focal → Adenoma HEMANGIOMAS: EPIDEMIOLOGIA: É o tumor hepático benigno mais comum Apresenta-se em todas as idades, mas é mais frequente na terceira, quarta e quinta décadas de vida. Os relatos sugerem que seja mais frequente em mulheres de que em homens (4:1 a 6:1). PATOGÊNESE: não é bem conhecida. Alguns tumores tem receptores para estrógenos e o crescimento acelerado tem sido observado nas situações de hiperestrogenismo: puberdade, gravidez e uso de anticoncepcional oral, sugerindo que o efeito hormonal possa ser um dos mecanismos patogênicos. CLÍNICA: São em parte pequenos e assintomáticos e permanecem estáveis ao longo do tempo. Geralmente são diagnosticados acidentalmente. Os casos sintomáticos (11 a 14%), como dor em HD ou sensação de massa em epigástrio ocorrem em função das suas dimensões. São manifestações clínicas secundáriasa pressão ou o deslocamento de estruturas adjacentes à lesão. Neste caso o acompanhamento pode ser anual ou semestral. Raramente o hemangioma rompe. E pode ter como achado clínico a hepatomegalia SÍNDROME DE KASABACH-MERRITT: Entidade clínica rara com trombocitopenia e coagulopatia intravascular disseminada (CIVD) associada ao hemangioma gigante. Os pacientes apresentam dor no andar superior do abdome e sangramento devido à coagulopatia de consumo, que habitualmente é desencadeada por um procedimento cirúrgico ou odontológico. EXAMES IMAGEM: REBECA KRUSE MED10 USG: lesão hiperecoica, homogênea, lobulada e bem delimitada TC: Fase precoce/arterial: realce da periferia do tumor (lesão vascularizada) Fase de equilíbrio: realce centrípeto em direção ao centro da lesão Fase tardia: lesão hiperdensa comparada ao parênquima hepático (fígado já vai estar quase todo contrastado) RM com contraste: caso dúvida na TC Arteriografia Cintilografia com pool de hemácias marcadas Biópsia hepática: deve-se evitar a biópsia hepática percutânea com agulha pelo risco de sangramento e por apresentar valor diagnóstico limitado (por ser uma lesão vascularizada) TRATAMENTO: Conservador: maioria Cirúrgico: se >10cm com comprometimento importante (gigante) HIPERPLASIA NODULAR FOCAL (HNF): EPIDEMIOLOGIA: É o segundo tumor sólido benigno mais comum do fígado PATOGÊNESE: não é bem conhecida. Atualmente, considera-se como uma resposta hiperplásica, não neoplásica a uma má formação congênita. A maioria dos autores concorda que o uso do ATC oral não induz à formação, mas pode acelerar o crescimento CARACTERÍSTICAS: As características histológica incluem cicatriz central densa e estrelada e presença de septos que se irradiam da cicatriz central. Os septos dividem o tumor em vários nódulos. Microscopicamente, essa cicatriz é composta de dúctulos biliares, proliferação de colangiócitos com infiltrado inflamatório ao redor, malformação dos vasos incluindo artérias e capilares. Todos os ductos biliares proliferados são de origem hepatocelular e não da árvore biliar. O parênquima hepático entre o septo apresenta arranjo normal Importante o contraste hepato biliar específico para DD com adenoma hepático: primovist CLÍNICA: Raramente apresentam sintomas. A maioria apresenta exame de função hepática normal. Por causa do curso benigno da HNF, a distinção entre este e outros tumores hepáticos, como adenoma, CHC e metástases hipervasculares é importante para o tratamento e seguimento apropriado. EXAMES IMAGEM: A presença de cicatriz central é o achado mais característico nos exames de imagem. USG simples: não caracteriza bem essa lesão US com doppler: pode detectar a vascularização na suspeita de HNF, em padrão de roda raiada (estrelada) US com contraste: é uma especial ferramenta de diagnóstico em razão da confirmação da distribuição dos vasos com fluxo de padrão centrífugo nos septos irradiados a partir da cicatriz central TC: REBECA KRUSE MED10 RM com gadolíneo ou hepatobiliar específico*: este último a lesão se contrasta igual ao fígado → logo não se enxerga mais a lesão porque capta o contraste Cintilografia hepática com disida TRATAMENTO: Conservador: maioria Cirúrgico Embolização transarterial: tumores muito grandes com sintomas - hemodinâmica ADENOMA HEPÁTICO: É um tumor raro EPIDEMIOLOGIA: Patologicamente é caracterizado pela proliferação benigna de hepatócitos Ocorre predominantemente no sexo feminino, na proporção de 4:1. PATOGÊNESE: parece estar mais claramente associada com o uso de anticoncepcionais orais (porém se aparecer no homem tem pior prognóstico) A maior parte dos pacientes com lesões pequenas é assintomática. Grandes adenomas podem causar a sensação de desconforto no quadrante superior direito. O adenoma apresenta importância clínica pela tendência de ruptura espontânea e hemorragia. Portanto a dor abdominal aguda e hemorragia intraperitoneal catastrófica não são incomuns do adenoma. Pode ocorrer transformação maligna principalmente em pacientes com tumores grandes e múltiplos. Na ausência de malignidade a alfafetoproteína sérica e a função hepática estão, geralmente normais. Em mulheres → retira o estrogênio → acompanhamento expectante → só cogita cirurgia caso cresça, caso não, continua com o tto conservador Em homem → pensar cirurgia precoce pelo risco de malignização Leão hipervascularizada, heterogênea, com gordura, sangue e/ou calcificação TUMORES HEPÁTICOS MALÍGNOS → Metástases hepática → Colangiocarcinoma intra-hepático → Carcinoma hepatocelular METÁSTASES HEPÁTICAS: São os tumores malignos mais comuns do fígado, já que 35 a 40% dos tumores malignos apresentam esse tipo de disseminação. A doença hepática metastática geralmente está associada a prognóstico ruim. Duas grandes exceções incluem o câncer colorretal (CCR), quando permite ressecção cirúrgica, e as metástases de tumores neuroendócrinos, por apresentarem comportamento menos agressivo. EXAMES IMAGEM: TC Biopsia da lesão COLANGIOCARCINOMA: Os colangiocarcinoma representam um grupo heterogêneo de cânceres epiteliais originados na árvore biliar, mostrando marcadores de diferenciação de colangiócitos, podendo raramente surgir de transdiferenciação de hepatócitos. Representam a neoplasia biliar maligna mais comum. Correspondem a 3% de todos os tumores gastrointestinais REBECA KRUSE MED10 CLASSIFICAÇÃO ANATÔMICA: → Distais, entre os ductos cístico e hepático comum (42%) → Peri-hilares (50%), antigo tumor de Klatskin → Intra-hepático (80%) Colangiocarcinoma intra-hepático: Histologicamente é um adenocarcinoma derivado do epitélio biliar intra-hepático. Geralmente se desenvolve em indivíduos de idade mais avançada (66% em pacientes com mais de 65 anos), sendo raro antes dos 40 anos. O colangiocarcinoma intra-hepático se apresenta de forma mista, já que se divide em tipos formadores de massa, infiltração periductal ou de crescimento intraductal LABORATÓRIO: Observam-se elevadas concentrações de bilirrubina, fosfatase alcalina e gama glutamil transferase Em pacientes com colangite esclerosante primária, utiliza-se a dosagem sérica de CA19-9 sérica como rastreamento. EXAME IMAGEM: TC: mostra em 70% dos casos, uma lesão hipodensa, hipovascular, com captação de contraste periférico durante a fase portal. RM contrastada: melhora a sensibilidade. A retração capsular e dilatação do ducto biliar nas adjacências da lesão pode sugerir o diagnóstico. Ocasionalmente pode resultar em compressão das estruturas vasculares, mas a trombose invasiva é rara DIAGNÓSTICO: O diagnóstico definitivo é baseado na histologia (biópsia) O diagnóstico precoce é raro e o prognóstico associado a esse tumor é, geralmente ruim TRATAMENTO: Essencialmente cirúrgico, com sobrevida atingindo 40 a 60% em 3 anos. O tempo médio de sobrevida livre de doença é de 26 meses, sendo a taxa de recorrência de 60 a 65%. O transplante hepático apresenta resultados variados e controversos sendo, portanto não recomendado (alta recidiva) As causas mais frequentes de morte por câncer no mundo em 2018 foram: Pulmão Intestino Estômago Fígado CARCINOMA HEPATOCELULAR: INTRODUÇÃO: INCIDÊNCIA: primário (cirrose) Os fatores mais frequentes associados ao Carcinoma hepatocelular (CHC) incluem as hepatites virais crônicas (B e C), ingesta de álcool e exposição a aflatoxina No Brasil, o CHC tem sido associado à cirrose hepática em 98% dos casos REBECA KRUSE MED10 O câncer é uma doença resultante da combinação de efeitos: Suscetibilidade genética Elementos externos tais quais estilo de vida e inflamação ASPECTOS CLÍNICOS: Do pontode vista do tumor: assintomático → por isso a importância do rastreamento regular do paciente cirrótico RASTREAMENTO: USG de abdome a cada 6 meses → visualização de nódulos Dosagem da AFP MÉTODOS DE IMAGEM: USG: não define CHC Elastografia: mede o grau da fibrose (fibrose grau 4 = cirrose); não define o tumor → define se o fígado com nódulos é cirrótico ou não → pode substituir a biópsia no diagnóstico da fibrose e cirrose, porém não substitui do diagnóstico de tumor *Fígado cirrótico com nódulos: 1ª hipótese = CHC USG com contraste: não entra em guideline TC: importante p/ diag definitivo RM (LI-RADS): importante p/ diag definitivo Wash in: captação do contraste na fase arterial Wash out: lavou – ficou mais escuro do que o fígado CLASSIFICAÇÃO DE BARCELONA (BCLC): REBECA KRUSE MED10 CARACTERÍSTICA RADIOLÓGICA: CASO CLÍNICO: Paciente cirrótico, apresentou ao USG fígado com 3 nódulos hepáticos sólido de 2,5 cm. Submetido a exame de imagem dinâmico que evidenciou dois nódulos com captação de contraste na fase arterial e lavagem na fase tardia e um nódulo sem captação de contraste na fase arterial. Qual a impressão diagnóstica? 2 nódulos CHC fechado diagnóstico pelo método de imagem e 1 nódulo que não fechava critério Que conduta tomar? Biópsia do terceiro nódulo que não fechava critério
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