Buscar

Abordagem de Nódulos Hepáticos Benignos 2



Continue navegando


Prévia do material em texto

- O fígado é um órgão sólido, cuja massa corporal (1.200 a 1.600 g) ocupa 
quase inteiramente o quadrante superior direito do abdome. A margem 
costal coincide com a borda inferior do fígado e sua superfície superior 
é coberta pelo diafragma. Grande parte do fígado direito e a maior parte 
do fígado esquerdo estão envolvidas pela caixa torácica. O fígado 
estende-se superiormente até a altura da quinta costela à direita e da 
sexta costela à esquerda. 
- Na superfície posterior, situa-se a veia cava inferior (VCI). Uma parte 
do fígado estende para o lado esquerdo do abdome. Ele estende-se em 
direção ao epigástrio para situar-se sobre a superfície anterior do 
estômago. 
O fígado é 
revestido pelo peritônio, 
exceto no leito da 
vesícula biliar, na porta 
hepatis e na face 
posterior do fígado de 
cada lado da VCI em duas 
áreas em forma de 
cunha. A região do fígado 
à direita da VCI é 
chamada de área 
desnudada do fígado. As 
duplicações peritoneais 
sobre a superfície do fígado são denominadas ligamentos. As duplicações 
peritoneais diafragmáticas constituem o ligamento coronariano, cujas 
bordas laterais em cada lado formam os ligamentos triangulares direito e 
esquerdo. Do centro do ligamento coronariano emerge o ligamento 
falciforme, que se estende anteriormente como uma fina membrana 
que liga a superfície do fígado ao diafragma, à parede abdominal e ao 
umbigo. O ligamento redondo (veia umbilical obliterada) corre pela borda 
inferior do ligamento falciforme do umbigo à cicatriz umbilical. Esta situa-
se na superfície inferior da porção esquerda do fígado e contém o 
pedículo portal esquerdo. 
 
 
 Sintomáticos 
 Aumento de tamanho?
 Suspeita de malignidade
 História de sangramento
 Adenoma
 Cistoadenoma biliar 
 Lesões > 4cm 
 Novo exame 6 meses após diagnóstico, e depois 
novamente com 1 ano. 
 Estável por 3 anos -> provavelmente desnecessário 
mais seguimento. 
 Aumento de tamanho 
- Suspeitar de malignidade 
 
 
ADENOMA 
 O adenoma hepático (AH) trata-se de um tumor sólido, 
relativamente raro, causado pela proliferação benigna dos 
hepatócitos. 
 Ele é encontrado predominantemente em mulheres jovens 
(com idade entre 20 a 40 anos) e está geralmente associado 
ao uso de hormônios esteroides a longo prazo, tais como 
pílulas anticoncepcionais orais. 
 São geralmente lesões únicas, quando múltiplas, se denomina 
adenomatose, podendo estar presentes 10 ou mais adenomas 
 Complicações: 
 Sangramento 
 Degeneração maligna. 
 
Sintomas 
 Dor abdominal no quadrante superior direito é comum e pode 
estar relacionada com hemorragia no tumor ou com sintomas 
locais compressivos. 
 
Diagnóstico 
 O exame físico geralmente é normal e os marcadores 
tumorais são normais. 
 A TC costuma mostrar uma massa heterogênea bem-
delimitada que exibe realce precoce na fase arterial. 
 A RM do AH tem características específicas de imagem, 
incluindo nódulo bem-demarcado contendo gordura ou 
hemorragia. 
 
Tratamento 
 Pacientes que apresentam hemorragia aguda necessitam de 
cuidados emergenciais. Se possível, a embolização da artéria 
hepática. Uma vez estabilizados e adequadamente 
recuperados, são necessárias laparotomia e ressecção do 
nódulo. 
 As massas sintomáticas devem ser ressecadas da mesma 
forma. 
 O tratamento da adenomatose é controverso, mas grandes 
lesões provavelmente devem ser ressecadas devido ao risco 
de ruptura, enquanto o risco de malignidade é baixo nas lesões 
menores do que 5 cm. 
 Biópsia, se central > 5 cm 
 Imunohistoquímica. 
 Cirurgia: 
 > 5 cm; 
 Sangramento ou história dele; 
 Beta catenina 
 Homens. 
 
HIPERPLASIA NODULAR FOCAL 
 Segundo tumor mais comum: 8% 
 É predominantemente encontrado em mulheres jovens, entre 
30 e 40 anos. 
 Presença de células de Kupffer 
 Maioria lesões solitárias. 
 Em geral, a HNF é uma pequena (< 5 cm) massa nodular 
crescendo em um fígado normal que compromete igualmente 
o fígado direito e esquerdo. A massa é caracterizada por uma 
mácula fibrosa central com septos irradiados. 
 Complicação mais comum é compressão, principalmente de 
via biliar. 
 Sem transformação maligna. 
 
Sintomas 
 Assintomáticos. 
 Se os sintomas forem observados, quase sempre se 
apresentam como dores abdominais imprecisas de modo que 
têm sido descritos vários sintomas não específicos. 
 
Tratamento 
 Não é necessário cirurgia 
 Biópsia 
- Não é necessária, somente em dúvida diagnóstica 
 Hepatectomia 
- Sintomas compressivos 
- Suspeita de malignidade 
 
- A etiologia da HNF não é conhecida e a teoria mais aceita é que estaria 
relacionada com o desenvolvimento de uma malformação vascular. Os 
hormônios femininos e os agentes contraceptivos orais têm sido 
implicados no desenvolvimento e crescimento da HNF. 
 
Diagnóstico 
 Os níveis de AFP sérica estão normais. 
 A TC contrastada e a RM, geralmente mostram um nódulo 
homogêneo com uma mácula central que rapidamente se 
exacerba durante a fase arterial pós-contraste. 
 Ocasionalmente, torna-se necessária a confirmação histológica 
e a ressecção é recomendada para o diagnóstico definitivo, 
caso não se observe nenhuma mácula central. 
 
HEMANGIOMA 
 Tumor benigno mais comum do fígado. 
 Ele ocorre em mulheres mais do que em homens e em uma 
média de idade de aproximadamente 45 anos. 
 Resulta da proliferação de células endoteliais. 
 Múltiplos em até 50% dos casos. 
 > 1 - 2 cm 
 Hemangioma gigante > 5cm. 
 A maioria permanece estável por longos períodos de tempo, 
com um baixo risco de ruptura ou hemorragia. 
- Os hemangiomas capilares pequenos não têm importância clínica. 
- Os hemangiomas cavernosos estão associados à HNF e são 
considerados malformações vasculares congênitas. O crescimento do 
hemangioma é por ectasia em vez de neoplasia. 
 
Sintomas 
 Geralmente, os hemangiomas são assintomáticos e são 
encontrados incidentalmente em exames de imagem. 
 Trombose aguda. 
 Grandes nódulos compressivos podem causar leves sintomas 
abdominais superiores. 
 A ruptura espontânea dos hemangiomas do fígado é muito 
rara. 
 Uma síndrome com associação de trombocitopenia e 
coagulopatia de consumo, conhecida como síndrome de 
Kasabach-Merritt, é rara mas bem-definida. 
 
Tratamento 
 A maioria não requer tratamento 
 A biópsia percutânea de um hemangioma suspeito é 
potencialmente perigosa e inexata. Portanto, não é 
recomendada. 
 Indicações: 
 Dor abdominal (+ comum) 
 Sangramento 
 Hepatectomia 
 Embolização 
 A ruptura, a mudança de tamanho e o desenvolvimento da 
síndrome de Kasabach-Merritt são indicações para ressecção. 
 
Diagnóstico 
 Os TFHs e os marcadores tumorais usualmente são normais 
nos hemangiomas hepáticos. 
 A TC e a RM em geral são suficientes se for observado um 
típico padrão de preenchimento nodular periférico. 
 Exames de eritrócitos marcados por isótopos radioativos são 
testes precisos, mas raramente são necessários se TC e RM 
de alta definição estão disponíveis. 
 
 O CHC é o tumor maligno primário mais frequente do fígado 
e uma das neoplasias mais comuns em todo o mundo. 
 O CHC é duas a oito vezes mais comum em homens do que 
em mulheres em áreas de baixa e alta incidências. A maior 
incidência em homens pode estar relacionada com altas taxas 
dos fatores de riscos associados, como infecção por VHB, 
cirrose, fumo, consumo em excesso de álcool e a elevada 
síntese de DNA hepático na cirrose. 
 Infecção crônica, com um curso benigno inicial, podendo 
ocorrer o desenvolvimento final de cirrose e CHC 
 
Rastreamento 
 Tem finalidade de diminuir a mortalidade 
 Pacientes com alto risco de ter HCC 
 Pacientes em lista de espera para transplantes 
 Como fazer: 
- Ecografia 6 em 6 meses em todos os pacientes 
- Alfafetoproteína não é últil. 
 Nódulo < 1cm 
- Nova ecografia em 3 – 6meses 
- Sem crescimento por 2 anos 
- Retorno ao screening normal 
 Nódulo > 1 cm 
- CT ou RNM 
 Típico -> tratar como HCC 
 Não típico -> fazer outro exame 
- Típico -> tratar como HCC 
- Não típico -> biópsia 
 
Fatores causais 
 Associação entre a infecção persistente por VHB e o 
desenvolvimento do CHC. 
 A sequência da infecção por VHB para cirrose e para o CHC. 
 O genoma do VHB é encontrado no genoma do CHC. 
 A cirrose e a inflamação hepática crônica, estão presentes em 
60% a 90% dos pacientes com infecção por VHB e CHC. 
. 
Sintomas 
 Queixas de dor abdominal no quadrante superior direito, perda 
de peso e massa palpável. 
 Icterícia 
 Ascite – estufamento, gases 
 A manifestação nos estádios avançados é sempre com leve 
dor abdominal no quadrante superior direito que às vezes se 
irradia para o ombro direito. 
 Os sintomas não específicos de malignidade avançada: 
anorexia, náuseas, letargia e perda de peso. 
 Descompensação hepática em um paciente com cirrose 
inicial identificada ou até em pacientes sem cirrose 
previamente conhecida. 
 
Diagnóstico 
 
 A TC e a RM também avaliam a extensão da doença em 
termos de metástases. Na detecção de trombos moles e/ou 
tumorais no sistema venoso hepático ou portal. 
 Biópsia 
 Alfafetoproteína. 
 US com contraste pode demonstrar um falso positivo para 
HCC em pacientes com Colangiocarcinoma. 
 
Papel da Biópsia 
 Lesão < 1 cm 
- Acompanhamento 
-Tratamento conservador 
- Sem biópsia 
 Lesão 1 – 2 cm 
- Biópsia se o diagnóstico é considerado importante 
 Lesão > 2 cm 
- Imagem característica 
- Sem necessidade de biópsia 
 Lesões infiltrativa 
- Não candidatos a ressecção ou transplante 
- Biópsia frequentemente não é indicada. 
 
Complicações 
 Disseminação pelo trajeto → 0.5%-2.5% (podendo ir até a 
pele); 
 Sangramento; 
 - Intraabdominal 
 - Intrahepático 
 - Subcapsular 
 - Hemobilia 
 - Hemotórax 
 Biópsia de outros órgãos; 
 Pneumotórax; 
 2 hs após → 60%; 
 24 hs após → 96%; 
 Complicações fatais: dentro de 6 horas; 
 Necessidade de internação: 1.4% a 3.2%; 
 Dor em HCD, ombro e hipotensão. 
 
Estadiamento 
 
Tratamento: 
 Fatores que guiam o tratamento: 
 Tamanho 
 Doença extra-hepática 
 Envolvimento vascular 
 Presença de cirrose 
 Função hepática atual 
 Transplante Hepático 
 Ressecção Cirúrgica 
 Ablação Percutânea 
 Alcoolização; 
 Ablação por radiofrequência; 
 Ablação por crioterapia; 
 Quimioembolização; 
Curativo 
Potencialmente 
curativo 
Paliativo 
 Quimioterapia. 
 
 
ABCESSO PIOGÊNICO 
 
 Coleção purulenta, geralmente acometido por uma flora 
polimicrobiana. 
 O abscesso hepático piogênico é observado agora 
principalmente em pacientes de 50 a 60 anos. 
 Está relacionado com doença do trato biliar ou é criptogênico 
em sua natureza. 
 Abcesso formado no leito hepático, e o fígado não consegue 
eliminar todas as bactérias, assim elas acabam aumentando, 
levando a formação do abcesso. 
 
Patogênese 
 
- O desenvolvimento de um abscesso hepático ocorre quando o inóculo 
da bactéria, independentemente da rota de exposição, excede a 
capacidade do fígado de eliminá-la. 
- Isso resulta em: 
 Invasão tecidual; 
 Infiltração de neutrófilos; 
 Formação de um abscesso organizado. 
- As rotas potenciais de exposição hepática às bactérias são a árvore 
biliar, veia porta, artéria hepática, extensão direta de um nicho nas 
proximidades de infecção e trauma. 
- Atualmente, as infecções da árvore biliar são a causa mais comum de 
abscesso hepático. 
 A obstrução biliar resulta na estase da bile, com o potencial 
para a colonização bacteriana, infecção e ascensão para o 
fígado. Este processo é conhecido como colangite supurativa 
ascendente. 
 Os pontos comuns entre todas as causas de abscesso 
hepático a partir da árvore biliar são a obstrução e a presença 
de bactérias no trato biliar. 
- O abscesso hepático também tem sido associado à neoplasia colorretal. 
- Qualquer infecção sistêmica (p. ex., endocardite, pneumonia, 
osteomielite) pode resultar em bacteremia e na infecção do fígado via 
artéria hepática. 
 
Patologia 
- A maioria dos abscessos hepáticos envolve o hemifígado direito, sendo 
esta topografia responsável por cerca de 75% dos casos. A explicação 
para isto não é conhecida, mas tem sido cogitada a possibilidade da 
existência de um fluxo sanguíneo laminar preferencial para o lado direito. 
- Os germes mais comuns são a Escherichia coli e a Klebsiella 
pneumoniae. 
- Aproximadamente 50% dos abscessos hepáticos são solitários. O 
tamanho dos abscessos hepáticos pode variar de menos de 1 mm a 3 
ou 4 cm de diâmetro, podendo ser multiloculados ou uma cavidade única. 
Quadro clínico 
- A descrição clássica dos sintomas de abscesso hepático é febre, 
icterícia e dor no quadrante superior direito, com sensibilidade à palpação 
(sinal de torres homini), tríade de Charcot. 
- O comprometimento do diafragma pode resultar em tosse ou dispneia. 
- Pêntade de Reynolds: característico de Colangite (dor abdominal, 
icterícia, febre com calafrios, Hipotensão e confusão mental) - 
 
Diagnóstico 
- As radiografias do tórax são anormais em cerca de 50% dos casos, e 
os achados costumam refletir uma doença subdiafragmática, como 
elevação do hemidiafragma direito, derrame pleural direito ou atelectasia. 
- O ultrassom e a TC são os principais exames para o diagnóstico do 
abscesso hepático. 
 O ultrassom mostra uma área arredonda ou oval menos 
ecogênica que o fígado circundante. 
 O ultrassom pode distinguir confiavelmente lesões sólidas das 
císticas. 
 As limitações do ultrassom são sua incapacidade de visualizar 
as lesões da cúpula do fígado o que significa uma modalidade 
dependente da capacidade de quem faz o exame. 
- A TC mostra achados similares ao ultrassom, e as lesões são de menor 
densidade do que o parênquima hepático adjacente. 
 A TC de alta definição pode identificar abscessos muito 
pequenos e pode mais facilmente focalizar pequenos 
abscessos múltiplos. 
 
Diagnóstico diferencial 
- O abscesso piogênico é tratado com antibióticos e drenagem. 
- O abscesso amebiano é tratado principalmente com antibióticos, 
enquanto os cistos equinocócicos muitas vezes necessitam de 
intervenção cirúrgica. 
- A febre é comum em ambos, mas os calafrios e os sintomas de uma 
bacteremia grave são mais comuns no abscesso piogênico. 
Tratamento 
 Uma vez suspeitado o diagnóstico de abscesso hepático 
piogênico deve-se, imediatamente, iniciar a administração de 
antibióticos de largo espectro por via intravenosa, a fim de 
controlar a bacteremia progressiva e suas complicações 
associadas. 
 As culturas de sangue e as culturas do abscesso a partir de 
aspiração devem ser enviadas para culturas aeróbicas e 
anaeróbicas. 
 Pacientes com risco de infecções amebianas devem ter o 
sangue coletado para estudos sorológicos amebianos. Até que 
as culturas identifiquem especificamente o micro-organismo 
agressor, antibióticos de amplo espectro, cobrindo organismos 
Gram-negativos, Gram-positivos e anaeróbicos devem ser 
utilizados. 
 São recomendadas combinações como ampicilina, 
aminoglicosídeos e metronidazol ou cefalosporina de terceira 
geração com metronidazol. 
 Deve-se continuar com os antibióticos enquanto houver 
evidência de infecção como febre, calafrios ou leucocitose. As 
recomendações costumam ser de duas semanas ou mais de 
tratamento. 
- Nos últimos 25 anos, a drenagem percutânea por cateter se tornou o 
tratamento de escolha para a maioria dos pacientes. 
 As contraindicações relativas à drenagem percutânea por 
cateter incluem a presença de ascite, coagulopatia ou a 
proximidade com estruturas vitais. 
 
ABCESSO AMEBIANO 
 Abscessos amebianos do fígado tendem a ser homens de 
origem latina, entre 20 e 40 anos de idade, comum histórico 
de viagem a (ou originários de) uma área endêmica. 
 Condições de vida como a pobreza e as aglomerações 
populacionais estão associadas a taxas mais elevadas da 
infecção. 
Patogênese 
 A E. histolytica é um protozoário e existe como um trofozoíto 
ou como um cisto. A ingestão de cistos de E. histolytica através 
de um ciclo fecal-oral é a causa da amebíase. 
 Os humanos são os principais hospedeiros e a principal fonte 
de infecção é o contato humano com um portador do cisto. 
Legumes e água contaminada também são vias de infecção 
humana. 
 Uma vez ingeridos os cistos não são degradados no estômago 
e passam para os intestinos, onde o trofozoíto é liberado e 
passa para o cólon. No cólon, o trofozoíto pode invadir a 
mucosa e provocar a doença. 
- Trofozoítos de E. histolytica podem desagregar ou destruir os tecidos 
através de um conjunto complexo de eventos, incluindo aderência 
celular, ativação celular e subsequente liberação de enzimas, resultando 
em necrose. 
- Os abscessos amebianos do fígado são formados por uma necrose 
hepática progressiva e localizada, resultando em uma cavidade contendo 
detritos proteináceos acelulares cercados por um halo de trofozoítos 
amebianos invasivos. 
 
Patologia 
- O abscesso amebiano hepático é o resultado da necrose de liquefação 
do fígado, produzindo uma cavidade cheia de sangue e tecido hepático 
liquefeito. 
A necrose hepática progressiva continua até atingir a cápsula de Glisson 
e ser bloqueada, uma vez que a cápsula é resistente à hidrólise pela 
ameba. 
- Como os abscessos piogênicos, os abscessos amebianos tendem a 
ocorrer principalmente no lado direito do fígado. 
 
Quadro clínico 
 O quadro clínico usual é um paciente na faixa etária entre 20 
e 40 anos de idade, com história de ter estado em alguma 
área endêmica e que aparece com febre, calafrios, anorexia, 
dor no quadrante superior direito, dor à palpação e 
hepatomegalia. 
 Usualmente a dor abdominal é constante, fastidiosa e localizada 
no quadrante superior direito. 
 Nos casos típicos os pacientes têm uma leucocitose sem 
eosinofilia. 
 A anemia é comum. 
 
Diagnóstico 
- Eminentemente realizado por exames de imagem, principalmente TC 
e US. 
 Os achados típicos da ultrassonografia abdominal são uma 
lesão arredondada próxima à cápsula do fígado sem ecos 
significativos nas bordas, interpretados como parede de 
abscesso. O conteúdo da cavidade é, em geral, hipoecoico e 
heterogêneo. 
 Provavelmente a TC abdominal seja mais sensível que o 
ultrassom e é útil na diferenciação entre abscesso amebiano 
e piogênico, com o realce da borda circunferencial. 
 A anormalidades laboratoriais são comuns nos abscessos 
amebianos. Nos casos típicos os pacientes têm uma 
leucocitose sem eosinofilia, anemia e anormalidades leves dos 
resultados LFT, incluindo os níveis de albumina, TP-INR, FAL, 
AST e bilirrubina. No entanto, a avaliação laboratorial mais útil 
é o estudo dos anticorpos antiamebianos circulantes 
(sorologias), que estão presentes em 90% a 95% dos 
pacientes. 
 
Tratamento 
 O principal tratamento para abscesso amebiano é metronidazol 
(750 mg por via oral, três vezes ao dia por dez dias), que é 
curativo em mais de 90% dos pacientes. 
 Em geral, a melhora clínica ocorre em três dias. 
 A aspiração terapêutica por agulha dos abscessos amebianos 
tem sido sugerida. 
 Em geral, a aspiração é recomendada em caso de diagnóstico 
ainda não confirmado, a falta de resposta à terapia com 
metronidazol no intervalo de três a cinco dias e/ou nos 
abscessos considerados como de alto risco de ruptura. 
 Os abscessos maiores que 5 cm de diâmetro e no fígado 
esquerdo parecem estar afeitos a um maior risco de ruptura, 
e a aspiração deve ser considerada. 
 
CISTO HIDÁTICO 
 A doença hidática ou equinococose é uma zoonose que 
ocorre primariamente nas áreas de criação de carneiros no 
mundo, mas pode ser comum no mundo todo, porque o 
cachorro é hospedeiro definitivo. 
 Os seres humanos contraem a doença de cães, mas não há 
nenhuma transmissão de humano para humano. 
 Existem três espécies que causam a doença hidática. 
Echinococcus granulosus é a mais comum. 
 No duodeno humano, o embrião parasítico libera uma 
oncosfera contendo pequenos ganchos que penetram na 
mucosa, permitindo o acesso à corrente sanguínea. No 
sangue, a oncosfera atinge o fígado (com mais frequência) ou 
pulmões, onde o parasita desenvolve seu estádio larvário 
conhecido como cisto hidático. 
 Os cistos hidáticos são diagnosticados igualmente em homens 
e mulheres na média de idade de 45 anos. Aproximadamente 
75% dos cistos hidáticos estão localizados no fígado direito e 
são solitários. 
 
Quadro clínico 
 As manifestações clínicas dos cistos hidáticos são 
extremamente assintomáticas, até ocorrerem as 
complicações. 
 Os sintomas mais comuns que se apresentam são dor 
abdominal, dispepsia e vômito. 
 O sinal mais frequente é a hepatomegalia. 
 As rupturas em peritônio livre podem resultar em 
equinococose disseminada e/ou uma reação anafilática 
potencialmente fatal. 
 
Diagnóstico 
 O ultrassom é utilizado para o diagnóstico de equinococose 
devido à sua disponibilidade, preço e acurácia. 
 Um cisto hidático simples é bem-delimitado com sinais de 
germinação na membrana cística e pode conter areia hidática 
hiperecogênica de flutuação livre. 
 Uma aparência em roseta é observada quando os cistos 
piogênicos estão presentes. 
 As calcificações na parede do cisto são bastante sugestivas de 
doença hidática e podem ser úteis no diagnóstico. 
 
Tratamento 
 O tratamento dos cistos hidáticos hepáticos é primariamente 
cirúrgico. 
 Em geral, a maioria dos cistos deveria ser tratada, mas em 
pacientes idosos com cistos pequenos, assintomáticos e 
calcificados, a conduta conservadora é adequada. 
 A aspiração percutânea e a injeção de agentes escolicidas 
têm sido relatadas com bastante sucesso em pacientes 
altamente selecionados. 
 O tratamento da equinococose com albendazol ou 
mebendazol é eficaz na redução de cistos em muitos 
pacientes com E. granulosus, mas o desaparecimento do cisto 
ocorre em menos de 50% dos pacientes. 
1. Numa cirurgia, para controlarmos um sangramento hepático, 
devemos inicialmente fazer a Manobra de Pringle no Forame 
de Winslow.
2. O primeiro ramo da artéria mesentérica superior é a artéria 
pancreatoduodenal inferior.
3. Delimitações do Triângulo de Calot: 
 Ducto hepático comum;
 Ducto cístico;
 Borda inferior do fígado.
4. Com relação aos adenomas de células hepáticas, podemos 
afirmar que:
- Está associado ao uso de Anticoncepcionais orais. 
5. O tumor benigno hepático mais comum é o hemangioma. 
6. O tumor maligno primário mais comum no fígado é o 
carcinoma hepatocelular. 
7. Paciente feminina 65 anos com provável nódulo hepático 
metastático. O sítio primário mais provável é o cólon. 
8. Sobre os abcessos hepáticos: 
 O lobo direito está comprometido em 75% dos 
casos; 
 Tríade clássica: febre, icterícia e dor abdominal; 
 Laparotomia apenas para fracasso de de drenagem 
percutânea. 
 Usar ATB logo e não esperar confirmação por 
cultura. 
9. A tríade de Charcot corresponde a febre, icterícia e dor 
abdominal. 
10. Terapêutica incial para abcesso amebiano é metronidazol 
750mg, VO 3x/dia, 10 dias.