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NÓDULOS E CISTOS HEPÁTICOS Incidência Os tumores do fígado acometem 9% da população ● Maioria Benigno Assintomático Incidentalomas Aumento incidência dos tumores malignos com a melhora das métodos diagnósticos Apesar de sua elevada mortalidade pelo diagnóstico tardio, a taxa de cura é elevada quando o diagnóstico é estabelecido precocemente Investigação etiológica Idade do paciente Sexo Uso de anticoncepcional oral (ACO) História de doença hepática crônica Exame físico Exames laboratoriais Métodos de imagem Método de Imagem US abdominal: exame inicial Tomografia computadorizada com contraste Ressonância nuclear magnética: caracterização da vascularização desses nódulos Biópsia hepática - limitado no diagnóstico das lesões focais hepáticas benignas - Grande risco de sangramento e grande parte das lesões são capsuladas - Indicado em investigação de nódulo em fígado cirrótico > 1 cm com exame de imagem não típico de CHC Lesões Císticas do Fígado Lesões biliares congênitas que resultam da dilatação progressiva de microhamartomas biliares, sem comunicação com a árvore biliar Sua prevalência varia de 1,6% a 18% da população Maioria benigno e assintomático ou oligossintomático, achado de maneira incidental Ultrassonografia: 90% de sensibilidade e especificidade ● Tipos Cistos simples (mais comum) Cistos hidáticos Doença policística do fígado Cistadenoma Cistadenocarcinoma Tumores com metástases císticas: - GIST - Ovário - Intestino grosso e delgado - Pâncreas Lesões císticas simples São as lesões hepáticas mais comuns do fígado 1 a 7% da população Congênita Benigna ● Diagnóstico US abdominal - Paredes finas - conteúdo anecóico - Reforço acústico posterior TC abdome - Anecóico em todas as fases do exame RNM - Lesão homogênea que não contrasta após a administração do gadolínio Cistos Hidáticos Echinococcus granulosus ou Echinococcus multilocularis, parasites cestodes - Extremo sul e norte do Brasil - Transmitido pelos excrementos contaminados de animais ● Diagnóstico: Critérios clínicos (dados epidemiológicos, febre, dor em HD, dor torácica e dispneia) Testes sorológicos específicos para o echinococcus. Exame imagem: parede espessa, septos, debris ecogênicos no interior, cistos multiloculados e calcificação parietal ● Tratamento: Albendazol, mebendazol ou praziquantel - recorrência com a parada da medicação Cistos pequenos: observação Cistos maiores: injeção de álcool 90% ou salina a 15% Doença Policística do Fígado Doença genética Presença de pelo menos 20 lesões hepáticas, associada frequentemente com cistos renais Diagnóstico ultrassonográfico Não há indicação de tratamento, exceto: - Grandes lesões comprometendo órgãos adjacentes ou causar sintomas que interfiram na qualidade de vida do pacientes Destelhamento dos cistos maiores Síndrome compartimental (aumento da pressão intra abdominal): transplante hepático Cistoadenoma/Cistoadenocarcinoma Compreende apenas 5% entre as lesões císticas do fígado Cistadenomas: lesões pré-malignas e seu exato mecanismo de malignização permance desconhecido ● Exame de imagem Margens irregulares, forma oval, com a presença de septações internas espessas e irregulares, com vascularização arterial periférica Impossibilidade de diferenciação entre o cistadenoma e o cistadenocarcinoma ● Tratamento Ressecção cirúrgica Lesões Sólidas do Fígado Hemangioma Hiperplasia Nodular Focal Adenoma Esteatose focal Colangiocarcinoma Metástase Carcinoma Hepatocelular ● Fatores de risco Câncer conhecido Cirrose Hepatite Esteatose Alcoolismo CEP e CBP Cistos de colédoco Hemocromatose Uso de esteróides Baixo risco → US em 6 meses Alto risco → TC ou RM ● Achados benignos Margens regulares Atenuação < 20H Aspectos tomográficos: - Hemangioma - HNF - Esteatose focal - Parênquima preservado - Alterações perfusionais típicas ● Achados suspeitos Margens irregulares Densidade heterogênea Espessamento mural Nodularidade mural Septos espessos Atenuação > 20H Realce > 20H ● Classificação histológica dos tumores benignos do fígado Hemangioma Hepático São as lesões benignas sólidas mais frequentes. Tumores vasculares de origem mesenquimal Achado incidental, pequenas e assintomáticas Mulheres (3:1) entre 30 e 50 anos Lesão única > 90%, geralmente lóbulo hepático direito Maioria é pequeno > 5cm (maiores são gigantes) ● Patologia Lesão bem circunscrita, muitas vezes rodeadas por uma cápsula fina. Pode ser pedunculado. Composto por espaços vasculares cavernosos, revestida por uma camada de endotélio plana e cheia de sangue Os compartimentos vasculares estão separados por septos fibrosos finos e podem conter trombos ● Etiologia Etiologia não é completamente compreendida Malformações vasculares ou hamartomas de origem congênita que crescem por ectasia Participação hormonal: - Incidência e tamanho são maiores mulheres - Eventual crescimento em: gravidez, anovulatórios VO, terapia com estrogênio ● Clínica Tipicamente assintomáticos, achado incidental Dor: trombose, crescimento tumores, compressão da cápsula de glisson Massa palpável se lesão gigante Hemoperitônio: ruptura espontânea traumática Compressão de órgãos adjacentes: náusea, anorexia, saciedade precoce ● Diagnóstico Us Abdominal: - homogeneamente hiperecogênicos - Nódulos > 5cm podem ter aspecto heterogêneo com áreas hipoecogênicas devido a trombose ou necrose. - Doppler revela ausência de fluxo arterial no interior do nódulo que, apesar de ricamente vascularizado, tem como característica a baixa velocidade do fluxo sanguíneo TC contraste - Fase arterial: enchimento periférico globular do contraste, que progride de forma centrípeta (“aspecto de algodão”) até o enchimento total da lesão nas fases portal e tardia - Permanece homogeneamente hiperdenso nas fases portal e tardia. RNM - Sensibilidade e especificidade ~ 90% e a principal característica é o intenso sinal nas sequências em T2 dando o aspecto “brilhante” Biópsia percutânea: - Risco de hemorragia - Somente deve ser realizada nas raras situações em que, apesar da realização das técnicas de imagem, não se fez o diagnóstico e permanece a suspeita de lesão neoplásica maligna. ● Tratamento Conservador - < 5cm: Expectante. Não há consenso na literatura a respeito da necessidade de acompanhamento contínuo - > 5 cm: Controle semestral ou anual Se não houver crescimento podem cessar os exames de imagem Cirúrgico - Dor ou sintomas sugestivos de compressão extrínseca de estruturas adjacentes devem ser considerados para a ressecção cirúrgica, desde que outras causas dos sintomas tenham sido excluídas - Ruptura e sangramento intraperitoneal → embolização - Falha em excluir um tumor maligno pelos exames radiológicos. Hiperplasia Nodular Focal É o 2º tumor sólido mais frequente, com prevalência de 2,5 a 8% Mulheres (relação 8:1), com pico de incidência entre 30-50 anos Proliferação hiperplásica dos hepatócitos normais secundário a malformações vasculares preexistentes no fígado Complicações extremamente raras Não há relatos de transformação maligna Lesões únicas com diâmetro médio de 3-5cm que tendem a permanecer estáveis nos controles de imagem Raramente > 10 cm Geralmente únicos Espessa lesão cicatricial central, com septos radiados em 30% dos casos ● Patologia Grande aglomerados (nódulos) de hepatócitos normais ao redor de área fibrótica contendo um vaso, geralmente artéria dilatada. Células de Kupffer (diferencia AH). - Critérios macroscópicos: arquitetura nodular, vasos anormais, proliferação dos ductos biliares ● Etiologia Resposta hiperplásica para hiperperfusão arterial encontrada no centro dos nódulos Associação com telangiectasia hemorrágica hereditária Anomalia vascular congênita ● Clínica Assintomático Pode ter dor, dor a compressão, desconforto abdominal e hepatomegalia ● Diagnóstico US abdominal: - Maioria isoecogênica e de difícil diferenciação do parênquima adjacente - Alguns casos podem ser hiper ou discretamente hipoecogênicas US com doppler: - Padrão característico, com vasos arteriais dispostos de forma radiada comfluxo em direção centrífuga - alta especificidade, mas baixa sensibilidade TC abdome - Lesão iso ou hipodensa, que na fase arterial contrasta de forma homogênea, retornando à sua densidade pré-contraste nas fases venosa e tardia RNM - Após a injeção do gadolínio, a lesão apresenta enchimento homogêneo e precoce, e a cicatriz central contrasta na fase tardia nas imagens em T1. A sensibilidade desse achado é de 70% e a especificidade, de 98% ● Tratamento Necessidade de diagnóstico radiológico seguro Confirmado o diagnóstico: conduta é conservadora - Exame de imagem, com intervalos que podem variar de seis meses a dois anos, conforme sua evolução Excepcionalmente, nódulos muito grandes, que apresentem sintomas ou compressão de órgãos vizinhos devem ser avaliados para exérese cirúrgica Adenoma Hepático Associação com hormônios é evidente Aumento incidência consideravelmente a partir da década de 60 após o início do uso de anticoncepcionais orais A incidência anual: - 1/milhão em mulheres que nunca usaram terapia hormonal - 30-40/milhão em usuárias de ACO por longo Apresenta relação direta com a dose e o tempo de uso A relação mulher/ homem é de 4:1 20-44 anos Maioria assintomáticos e com bom prognóstico Nódulos únicos (70 a 80%) Nódulos múltiplos - Adenomatose hepática múltipla : ≥10 nódulos Frequentemente localizados no lobo direito Tipicamente solitários 70-80% Tamanho varia de 1 a 30 cm ● Patologia Formado por espessas colunas de hepatócitos, repletos de glicogênio e lipídio Não há cápsula fibrosa (alto risco de hemorragia) ● Etiologia Associado também ao uso de esteróides anabolizantes e a doenças de depósito de glicogênio Hipótese: estrogênio causa transformação direta no hepatócito através de receptores de esteróides Podem regredir com o término da terapia hormonal Doenças do depósito de glicogênio: - Tipo I incidência de 51% e tipo III 25% - Mais comum no homem, geralmente múltiplos adenomas Podem aumentar de tamanho durante a gravidez - Associado ao aumento dos níveis endógenos de esteróides - Rompimento do adenoma é risco para mortalidade fetal e materna ● Quadro clínico Assintomáticos 30% Dor QSD e/ou epigástrio Massa abdominal > 30% Hepatomegalia 25% Risco de ruptura espontânea com hemorragia intraperitoneal (não é raro, pode levar a quadros de choque) ● Complicações Sangramento - Dor abdominal aguda - O risco de sangramento tem sido estimado em aproximadamente 20- 30% em tumores > 5cm, incluindo hemorragia intratumoral, subcapsular ou hemoperitônio Malignidade - Transformação maligna ocorre em 5-10% dos adenomas, em especial os > 4cm - Sexo masculino independente do tamanho (com risco 5 a 10 vezes maior do que entre as mulheres) - O aumento da lesão em 0,5-1,0cm + aumento dos níveis séricos de alfafetoproteína = transformação em carcinoma hepatocelular ● Diagnóstico US abdominal - Nódulos iso, hiper ou hipoecogênicos, dependendo da presença de gordura, hemorragia ou necrose no interior da lesão - Cápsula ou pseudocápsula pode estar presente US com doppler - Vasos arteriais periféricos e centrais dispostos de maneira desorganizada TC Abdome - Enchimento precoce e homogêneo na fase arterial, exceto quando há necrose ou hemorragia central. - Fases portal e tardia evidenciam nódulos isoecogênicos em relação ao parênquima normal. RNM - Achado inespecíficos - Intenso realce da lesão após a administração do gadolínio, tornando-se isointensa em relação ao parênquima hepático nas fases venosa e tardia. - Sensibilidade é de 75% Biópsia da lesão – Deve-se evitar: - Risco de sangramento, uma vez que a lesão tem rico suprimento arterial – Alta probabilidade de coleta de material insuficiente para análise histológica ou interpretado como tecido normal, já que as lesões são formadas por hepatócitos normais - Os nódulos poderem conter pequenos focos de células malignas, não detectados nas amostras de biópsias feitas, o risco de haver falsa segurança de que a lesão é inteiramente benigna ● Tratamento: Interrupção do uso dos ACO Ressecção cirúrgica: - Lesões sintomáticas - Incerteza diagnóstica - Lesões > 5cm - Presença de complicações: hemorragia e transformação maligna - Sexo masculino, independente do tamanho da lesão Se não houver indicação para intervenção cirúrgica, o controle de evolução do AH deve ser feito semestralmente por exame de imagem Metástase Hepática É órgão mais comumente atingido por metástases • Principalmente do trato gastrointestinal Exame de imagem - 80% são hipovasculares - Detecção de vasos apenas na periferia da lesão - Menor densidade da lesão em relação ao parênquima adjacente nas fases tardias do exame - Em muitos casos, a lesão é apenas identificada na fase portal ou tardia da imagem] Ressecção quando possível Carcinoma Hepatocelular ● Fatores de risco Cirrose hepática - 80% dos casos dos CHC estão associados a cirrose secundária ao VHB ou VHC - Cirrose alcoólica e esteatohepatite não alcoólica Aflatoxinas, hemocromatose, glicogenose tipo I, deficiência de alfa-1- antitripsina, doença de Wilson e porfirias ● Exame de imagem Nódulos hipoecogênicos na ecografia realizada como screening em pacientes com hepatopatia crônica (6/6 meses) Uso de contraste com achado de hipervascularização arterial Washout durante a fase portal e de equilíbrio → específico para CHC ● Diagnóstico <20mm: Dois exames de imagem com hipervascularização arterial com washout nas fases portal e tardia > 20mm: Um exame diagnóstico com hipervascularização arterial com washout nas fases portal e tardia Histológico: método de imagem inconclusivo ● Considerações Lesões 1 a 2 cm com hipervascularização arterial, mas sem washout nas fases tardias: 25% permanecem estáveis ou regridem ao longo do tempo e não são CHC Lesões 2-3 cm, geralmente é bem diferenciado, encapsulado e tem baixo potencial de invasão de vasos sanguíneos Lesão ~5 cm de diâmetro, o nódulo começa a perder diferenciação e passa a apresentar invasão vascular microscópica adquirindo a capacidade de gerar metástases Minoria dos casos de CHCs é passível de intervenção cirúrgica potencialmente curativa. Sem intervenção: sobrevida 10 meses - Caquexia, hemorragia de varizes esofágicas ou gástricas, insuficiência hepática ou, mais raramente, por ruptura do tumor com hemoperitônio ● Seguimento Lesões < 10mm - US a cada três-seis meses - Estabilidade em dois anos, considera-se como nódulo regenerativo Lesões > 10mm - TC ou RM - Características típicas → CHC - Imagem indefinida → segundo estudo imagem ou mesmo biópsia Se diagnóstico CHC → TC tórax para estadiamento ● Tratamento Ressecção e Transplante hepático - Curativo - Tamanho do tumor, o número de tumores, o grau de hepatopatia e também a experiência do cirurgião com ressecções hepáticas em pacientes com cirrose hepática Terapias ablativas: ressecção hepática e o TXH são contraindicados por alto risco cirúrgico ● Ressecção Child-Pugh CHILD A: Avaliação grau de comprometimento da função hepática - Ausência de Hipertensão portal, invasão vascular e metástase a distância - Medida volumétrica do fígado → 50% fígado remanescente (realizar embolização ramo principal da veia porta do mesmo lado do tumor) - Condições clínicas ● Transplante Child B ou Child C + Critérios de Milão (lesão única com até 5 cm ou até três lesões todas inferiores a 3 cm) Ausência de metástases à distância ou linfonodais locais No Brasil, desde julho de 2006, a priorização para TXH dos pacientes listados obedece aos critérios de gravidade do escore MELD - equação matemática logarítmica que estima o risco de morte nos 90 dias subsequentes - >40 = 100% mortalidade - MELD = 3,78 [Ln* bilirrubina sérica (mg/dl)] + 11,2 [Ln* INR] + 9,57 [Ln* creatinina sérica (mg/dl)] + 6,43 * Ln=logaritmo natural ● Seguimento pós-ressecção ou transplante Recorrências locais pequenas podem ser manejadas através de ressecção ou de listagem para TXH. TC abdome + RNM – sensiveis para recorrência Associar dosagem sérica de alfafetoproteína
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