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TÓPICOS EM CIÊNCIAS SOCIAIS IV

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Tópicos em 
Ciências Sociais 
Globalização e Desigualdades
Material Teórico
Responsável pelo Conteúdo:
Prof. Dr. Silvio Pinto Ferreira Junior
Revisão Textual:
Profa. Esp. Márcia Ota
5
Para um bom aproveitamento do curso, leia o material teórico atentamente antes de realizar as 
atividades. É importante também respeitar os prazos estabelecidos no cronograma.
 · Apresentar o contexto histórico do processo de globalização e a cristalização 
das desigualdades sociais.
Globalização e Desigualdades
 · O surgimento da globalização
 · A globalização na contemporaneidade
 · Considerações finais
6
Unidade: Globalização e Desigualdades
Contextualização
Para iniciar esta Unidade, leia abaixo a notícia do ataque terrorista à revista francesa Charlie 
Hebdo. Reflita sobre a importância da leitura e da pesquisa para o seu conhecimento. 
Fonte: Resvista Charlie Hebdo, 12 de Janeiro de 2015
“Veja a repercussão do ataque à revista francesa ‘Charlie Hebdo’
Homens armados invadiram sede de publicação e mataram 12 pessoas.
Revista já havia sido alvo de atentado por publicar charge de Maomé”.
Fonte: http://g1.globo.com/mundo/noticia/2015/01/veja-repercussao-do-ataque-revista-francesa-charlie-hebdo.html. 16.01.15.
Oriente sua reflexão pelas seguintes questões:
Qual a relação entre globalização e terrorismo?
Por que os ataques terroristas, desde 11 de setembro de 2001 nos EUA, vêm aumentando 
no mundo todo?
Como a notícia repercutiu no mundo todo e o que a velocidade da informação tem a ver 
com a globalização?
http://g1.globo.com/mundo/noticia/2015/01/veja-repercussao-do-ataque-revista-francesa-charlie-hebdo.html
7
O surgimento da globalização
No século XVI, com as navegações marítimas, os europeus puderam explorar novos continentes 
até então desconhecidos. Quando os europeus chegam à América e Ásia, estabelecem contato 
com os povos autóctones, sua cultura exótica e passam a desfrutar de uma natureza exuberante.
Desde então, abre-se um horizonte de novas possibilidades de relações econômicas, políticas, 
sociais e culturais entre pessoas das mais diversas e contrastantes regiões do mundo.
Os principais países que estiveram tecnologicamente prontos para desbravar o oceano por 
meio das navegações marítimas foram Portugal, Espanha, Holanda, França e Inglaterra. As 
especiarias que os europeus exploravam das regiões colonizadas eram expostas e disponibilizadas 
à venda em importantes centros econômicos de comércio, como por exemplo Veneza na Itália, 
e Delft na Holanda. 
Fonte: cdcc.usp.br
À medida que a exploração das terras ocupadas ocorria, extraía-se o que servia ao comércio 
para a venda e troca na Europa, mas também, a cada vez que as embarcações chegavam aos 
novos territórios, os europeus traziam também muito da cultura europeia até então desconhecida 
aos nativos. 
Do comércio, do extrativismo, da colonização e da exploração, de certa forma, originaram uma 
rede de troca de informações, experiências e conhecimentos numa ida e vinda de mercadorias, 
entendendo-se também como parte desse processo o tráfico de escravos. Uma rota comercial 
se desenhava cada vez mais abrangente entre os continentes europeu, americano, asiático, 
africano e a Oceania. 
A Europa, centro das relações comerciais, vivia então o renascimento. Alguns países se 
afirmavam no cenário político como potências econômicas. Enquanto os territórios colonizados 
eram explorados e saqueados, sua gente era escravizada, catequizada, expulsa ou exterminada 
em nome da civilização. Contudo, configura-se nesse intercâmbio transnacional um sistema 
econômico baseado na mercadoria. A esse processo de exploração de mercado e acúmulo de 
riquezas dos países mais fortes em detrimento dos mais fracos, chamaremos de capitalismo. 
8
Unidade: Globalização e Desigualdades
No entanto, o que nos interessa aqui é constatar que as navegações marítimas deram origem 
a uma rede de comunicação entre os povos de diferentes origens. A ida e vinda das embarcações 
levaram e trouxeram muitas transformações para ambos os lados, seja para os colonizadores, 
seja para os colonizados. Aos poucos, as línguas foram se misturando, bem como as diferentes 
etnias e logo alguns hábitos foram sendo incorporados cá e lá. 
Dessa forma, se compreendemos a globalização como um processo de comunicação em 
rede entre povos diferentes, aproximando culturas desconhecidas, alavancando potencialidades 
políticas e econômicas de forma cada vez mais rápida e abrangente, então, podemos dizer que 
a globalização teve sua primeira fase no século XVI.
Em Síntese
A primeira fase da globalização se deu com as navegações marítimas do século XVI. As rotas traçadas 
pelas principais potências políticas e econômicas entre colonizadores e colonizados estabeleceram 
um processo de comunicação e, de certa forma, permitiram o contato com novas culturas, hábitos, 
crenças e etnias em nível global. Aos poucos, foram sendo estabelecidas políticas internacionais e a 
afirmação de um modelo econômico – o capitalismo.
A globalização na contemporaneidade
A segunda fase da globalização, como assim alguns estudiosos descrevem, diz respeito à 
reconfiguração geopolítica e econômica a partir do final dos anos 1980. O fim da Guerra Fria 
entre capitalistas e comunistas, mais precisamente a queda, em 1989, do simbólico muro de 
Berlim que separava a Alemanha oriental comunista da Alemanha ocidental capitalista, define 
um marco para este processo global recente.
Voltemos um pouco na história para compreender a Guerra Fria. Para tanto, devemos retomar 
alguns aspectos da Segunda Guerra Mundial. Lembremos que a Segunda Guerra Mundial foi 
um conflito entre as principais potências do mundo em defesa de mercado para suas indústrias 
e hegemonia política. 
O conflito se deu pelo fato de os alemães não se subordinarem às duras imposições que lhe 
foram conferidas pelo Tratado de Versalhes assinado no final da Primeira Guerra Mundial. Desta 
forma, os alemães que haviam perdido 13% de seu território para países como a França, Polônia, 
Dinamarca e Bélgica e proibidos pelos aliados de desenvolver forças militares, encontram sob a 
liderança fascista do Füher Adolf Hitler e da criação do partido Nacional socialista, conhecido 
como Nazismo, uma liderança para sair da crise que afundava o país.
Por outro lado, os EUA se consolidaram, desde a primeira Guerra Mundial, como superpotência 
econômica capitalista e a URSS – União das Repúblicas Socialistas Soviéticas - era o contraponto 
mais incômodo à liderança norte- americana. 
9
Assim, temos no cenário brevemente descrito acima, um conflito global entre três modelos 
econômicos: nazismo, capitalismo e socialismo.
Capitalismo: sistema economico baseado na propriedade privada, produção e 
consumo. Dividido em classes sociais, de um lado os detentores dos meios de produção 
e de outro o trabalhador assalariado.
Socialismo: sistema econômico transitório para se atingir o comunismo. Os meios 
de produção são de propriedade comum a todos os cidadãos e são controlados por 
seus trabalhadores. Porém, as ditaduras e o Estado totalitário mantêm o poder até 
atingir o estágio desejado.
Fascismo: sistema econômico em que um líder carismático exalta a nação e o 
Estado, bem como usa modernas técnicas de propaganda e censura para suprimir 
pela força a oposição política. O nazismo é uma expressão do fascismo.
Para pôr um ponto final na Segunda Guerra Mundial, a derrota dos nazistas alemães só seria 
possível pela união militar das outras duas forças econômicas. Assim, os capitalistas americanos 
e os socialistas soviéticos aliaram-se, vencendo a guerra. 
Você pode se perguntar – Mas se havia três modelos econômicos em disputa, por que os 
capitalistas se uniram aos socialistas e nenhum destes preferiram se juntar aos nazistas?
Pensemos que tanto o capitalismo, como o socialismo têm como centro de sua estrutura 
política os meios de produção, o mercado e a mercadoria. A diferença básica é que o capitalismo 
se estrutura pelo livremercado e o socialismo é estruturado pelo Estado totalitário. 
No entanto, o nazismo era o único dos três modelos que operava com a política de limpeza 
étnica. A barbárie nazista perseguiu e exterminou milhões de judeus, ciganos, imigrantes, negros, 
homossexuais, eslavos e deficientes físicos e mentais.
10
Unidade: Globalização e Desigualdades
Fonte: galeriadefotos.universia.com.br
Para acabar com a barbárie nazista, naquele momento, somente com a aliança entre 
capitalistas e soviéticos parecia possível. A união das duas forças militares foi capaz de pôr fim 
à guerra, mas com a condição de que as potências americana e soviética não provocassem um 
novo conflito, daí a Guerra Fria.
O sentido dado à Guerra Fria diz respeito à Guerra de mercado e de desenvolvimento 
tecnológico que irá marcar as décadas seguintes. Americanos e soviéticos procuram expandir 
suas forças pelo mundo todo por meio de articulações políticas, como por exemplo as ditaduras 
militares na América latina, que foram apoiadas pelos americanos temerosos à ameaça socialista/
comunista no continente.
Surgiram, desde então, algumas superpotências de ambos os lados como por exemplo, 
EUA, Japão, Inglaterra, França, Itália, Canadá, Alemanha Ocidental, Austrália; só para citar 
alguns dos países capitalistas que foram destacados pelos estudiosos e pela mídia como países 
do primeiro mundo. Do lado socialista, ou seja, do segundo mundo, estão grandes potências 
políticas, econômicas e detentoras de grande parte dos recursos naturais como a URSS e a 
China, e países estratégicos geograficamente como a Coréia do Norte, Cuba e Alemanha 
Oriental. Já o terceiro mundo coube aos países periféricos e dependentes que estavam em fase 
de industrialização; portanto, atrasados em comparação aos demais, dentre eles o Brasil.
A cortina de ferro que separava a URSS dos EUA se rompe com o governo de Mikhail 
Gorbachev (1985-1991) no final dos anos 1980. Gorbachev irá criar medidas de sustentação 
da economia soviética; entre elas estão a abertura dos veículos de comunicação, novas medidas 
para atuar no mercado internacional, favorecendo exportação e importação, etc. 
Entre suas maiores metas governamentais, Gorbatchev empreendeu duas medidas: a perestroika 
(reestruturação) e a glasnost (transparência). A primeira visava modernizar a economia soviética, 
11
adotando medidas que diminuíam a participação do Estado na economia. Já a glasnost objetivava 
abrandar o poder de interferência e controle do governo nas questões civis.
Essas medidas foram pouco a pouco abrindo o mercado soviético para o mundo, o que 
provocou os primeiros movimentos separatistas das repúblicas soviéticas, enfraquecendo 
paulatinamente o regime.
A Alemanha oriental e a Alemanha ocidental, por fim, decidem acabar com a separação 
política em seu território e se unem com a queda do muro de Berlim, símbolo do final da Guerra 
Fria e início do processo de globalização contemporâneo.
Fonte: esglobal.org
O final da Guerra Fria deixou muitos países em crise, para sair dela e firmarem-se como países 
competitivos, formaram blocos econômicos. O primeiro bloco econômico de muitos outros que 
se formarão, a partir de então, é a União Europeia. Hoje, conhecemos o MERCOSUL, Tigres 
Asiáticos, Caribean, ALCA, etc. Para sobreviver num mundo altamente competitivo a que os 
americanos projetaram, somente unindo forças regionais como os blocos econômicos.
Os blocos econômicos reconfiguraram a política internacional, no sentido legislativo, 
monetário, geográfico e cultural.
Então, temos até aqui algumas características da globalização contemporânea. São elas: a 
hegemonia do capitalismo, o gradativo fim do socialismo, a formação de blocos econômicos, a 
abertura dos mercados disputados pelas empresas transnacionais e a abertura dos veículos de 
comunicação.
Dois outros fatores fundamentais complementam a globalização que descrevemos aqui: o 
surgimento da internet no final dos anos 1980 e a definição de um idioma global: o inglês.
A internet está ligada à globalização por ter surgido no mesmo momento histórico que 
aqui destacamos, qual seja, a Guerra Fria. A união dos mercados por intermédio de sistemas 
financeiros, o desenvolvimento tecnológico dos meios de comunicação pelas fibras óticas 
permitiram uma rápida comunicação em rede e a custo baixo. Aos poucos, foram sendo 
acessíveis à massa nos formatos de computadores pessoais, notes, tablets e celulares. Assim, 
estabeleceu-se uma cultura de massa consumista e ávida pelas novidades tecnológicas cada vez 
mais possíveis ao cidadão comum.
12
Unidade: Globalização e Desigualdades
Você Sabia ?
Como Surgiu a internet?
A internet nasceu de uma experiência militar norte-americana durante a Guerra Fria. A ideia inicial 
era criar uma rede de comunicação entre as bases militares, cujos cabos eram subterrâneos e de 
longo alcance, a fim de proteger o sistema de qualquer ataque que pudesse destruí-lo. No final 
dos anos 80, essa tecnologia passou a ser utilizada pelas universidades, centros de pesquisas e 
empresas. Aos poucos, a internet, nos anos 90, foi chegando ao uso cotidiano do cidadão comum.
Para Nestor García Canclini,
“A globalização pode ser vista como um conjunto de estratégias para realizar a 
hegemonia de conglomerados industriais, corporações financeiras, majors do 
cinema, da televisão, da música e da informática, para apropriar-se dos recursos 
naturais e culturais, do trabalho, do ócio e do dinheiro dos países pobres, 
subordinando-os à exploração concentrada com que esses atores reordenaram 
o mundo na segunda metade do século XX” (2003, pg. 29).
Segundo Canclini, a globalização gerou um processo de desigualdade e exclusão social, 
conforme veremos a seguir. 
A acentuação das desigualdades sociais provocadas pela 
globalização
Apesar dos benefícios indiscutíveis que o desenvolvimento tecnológico trouxe para o cotidiano 
das pessoas, uma parcela da sociedade ficou fora ou não alcança um patamar mínimo de 
sobrevivência para uma vida digna.
Para Canclini,
“Ao relacionar as estratégias globalizadoras e hibridadoras com as diversas 
experiências da interculturalidade, salta aos olhos que, por mais que se forme 
um mercado mundial das finanças, de alguns bens e circuitos midiáticos, por 
mais que o inglês se consolide como “língua universal”, as diferenças persistem, 
e a traduzibilidade entre as culturas é limitada. Não impossível. Para além 
das narrativas fáceis da homogeneização absoluta e da resistência do local, a 
globalização nos defronta à possibilidade de apreender fragmentos, nunca a 
totalidade, de outras culturas e refazer o que imaginávamos como próprio em 
interações e acordos com outros, nunca com todos”. (2003, pg. 114-115).
Aparentemente, a maioria das pessoas no mundo possuem celulares, notebooks, frequentam 
uma universidade, possuem moradia ou realizam o trabalho que sempre sonharam.
13
Há uma ideologia que envolve a grande massa da sociedade, fazendo-a acreditar que tudo 
isso é possível e está ao alcance de todos; basta querer.
Glossário
Ideologia: Ideias ou crenças partilhadas que servem para justificar os interesses dos grupos 
dominantes. Há ideologias em todas as sociedades em que existem desigualdades enraizadas 
sistemáticas entre os indivíduos. O conceito de ideologia tem uma ligação estreita com o de poder, 
na medida em que os sistemas ideológicos servem para legitimar o poder diferenciado detido por 
grupos (GIDDENS, 2004, pg. 694-695).
No entanto, a globalização acentuou o efeito contrário. A grande maioria das pessoas no 
mundo vivem enfrentando um conjunto de problemas que engloba a educação precária, a 
falta de acesso à moradia, sem condições mínimas para higiene e saúde, saneamento básico, 
fome, desemprego e discriminação, só para citar alguns dos maiores problemas enfrentados por 
grande parte dos países de todo o mundo. Sim, de todo o mundo - inclusive os países ricos.
Vejamos: os países ricos, principalmente aqueles que atingiram o welfere state,ou seja, estado 
de bem estar social, enfrentam, por exemplo, problemas com o equilíbrio das contas do estado 
para arcar com as despesas de uma sociedade envelhecida por conta da melhora da qualidade 
de vida. Imagine que um europeu no início do século XX chegava em média aos 60 anos e, 
hoje, sua expectativa de vida já passa dos 80. Se voltarmos mais ainda na história, na idade 
média, a maioria das pessoas, ou seja, os camponeses, viviam em média 40-45 anos. Vivemos 
hoje o dobro de tempo!
As epidemias, guerras, escravidão, extermínio, etc.; que existiam sem controle, hoje, podem 
ser controlados (de certa forma) pelos avanços da medicina, da ciência, das leis, da educação, 
dos organismos internacionais como a ONU e a UNESCO, OMC, FMI, etc.
Para o mundo de hoje, o enfrentamento de um problema que pode afetar a todos, existe 
mecanismos que envolvem os países do mundo todo, e tais mecanismos podem ser acionados 
em nome dos direitos humanos, da paz e do bem estar. Algo impensável um século atrás.
Tomemos como exemplo a epidemia da AIDS e os avanços da ciência para controlá-la com 
excelentes resultados, os avanços na legislação para garantir o direito à democracia para a 
maior parte dos cidadãos, bem como os excepcionais avanços na tecnologia da comunicação 
nos últimos 50 anos.
Há toda uma geração capaz de nos contar como era a vida sem TV, porque simplesmente 
não existia televisão até os anos 1940! O telefone era artigo de luxo até pouco mais de meio 
século. Enviar uma mensagem para alguém poderia levar meses. No entanto, hoje, com a 
comunicação digital, a TV, o cinema, a internet e a informática, a informação ficou praticamente 
à disposição de todos e na palma da mão. Veja bem, à disposição não significa que todos terão 
meios iguais para ter acesso a tudo isso.
Pois bem, há entorno de 6 milhões de migrantes pelo mundo em busca de emprego, a 
criminalidade e o terrorismo são notícias frequentes e há milhões de pessoas no mundo 
desabrigadas, refugiadas, famintas, analfabetas, discriminadas, etc.
14
Unidade: Globalização e Desigualdades
O lado cruel da globalização é justamente o aumento da pobreza e da desigualdade.
Parece dicotômico dizer que a globalização, a qual envolve o mundo todo numa rede, deixe 
tanta gente fora dela. Porém, na sociedade de massa, cidadania se confunde com consumo, 
ou seja, na sociedade de consumo, aquele indivíduo que faz o capitalismo se regenerar porque 
trabalha, recebe salários e consome, a este se reserva uma visibilidade especial. Há interesse 
nesse cliente para o setor financeiro, pois os bancos lhe abrirão contas, lhe darão crédito, 
empréstimos, etc. Também no setor de serviços, pois o cidadão-consumidor terá acesso a uma 
formação educacional, profissional, cultural, vestuário, lazer, etc.
A principal causa da desigualdade na contemporaneidade está justamente ligada à falta de 
trabalho, inexistência de renda e descrédito no cidadão excluído. 
Façamos aqui um parêntese, o termo ‘exclusão social’ ou ‘excluídos’ fica sem sentido quando 
compreendemos que o capitalismo, sistema econômico hegemônico atual, produz ricos e pobres, 
burgueses e proletários, consumidores e não consumidores. Pois, se tudo isso faz parte de um 
único sistema econômico, então, a própria pobreza é gerada pelo acúmulo de capital e da má 
distribuição de riquezas. Portanto, como excluir o próprio produto do capital, ou seja, a pobreza 
e a desigualdade?
Esse é o grande enfrentamento dos países do mundo. Quando os países pobres não 
conseguem resolver seus problemas políticos, econômicos e sociais, os países ricos precisam 
socorrê-los para evitar as constantes crises mundiais. Por outro lado, os países ricos também 
vivem crises de desemprego, violência, urbanização acelerada, alta densidade demográfica, 
escassez de recursos naturais, etc. 
Como vemos, a globalização envolve todo o mundo e as desigualdades só podem ser 
combatidas com ações conjuntas entre os países.
Tomemos como exemplo um dos principais fenômenos da globalização - o aumento de 
indivíduos no mundo na condição de imigrante. À medida que o capital está concentrado em 
uma determinada zona geográfica do planeta, as ondas migratórias confluem nessa direção. 
Como o capital migra, ora investe em países ricos, ora em países pobres, ora numa determinada 
região, o fluxo migratório também é mutante. 
Os migrantes, de fato, sempre existiram, porém, o migrante de hoje tem uma razão muito 
especial para se deslocar. A principal razão para um indivíduo se deslocar de sua cidade, estado 
ou país em direção a outro, está direta ou indiretamente ligada ao trabalho. Portanto, a principal 
razão para emigrar é a razão econômica.
Ainda que a maioria dos migrantes se desloquem claramente em busca de trabalho, existem 
aqueles que migram para estudar, conhecer idiomas, culturas, etc.; porém, tudo isso é valorado 
e servirá ao indivíduo para encontrar um trabalho melhor. Por isso, dizemos que essa migração 
está ligada indiretamente ao trabalho.
A outra parte que não se inclui nessa maioria que migra em busca de trabalho, é composta, 
em crescentes percentuais, por refugiados e exilados que migram por questões políticas, culturais 
e religiosas. 
Segundo a socióloga Saskia Sassen, antes da Segunda Guerra Mundial, Berlim e Viena eram 
cidades receptoras de grandes migrações de uma vasta região da Europa oriental, “a agressiva 
15
campanha da Guerra Fria mostrando o Oeste como um lugar onde o bem-estar 
econômico é a norma e é fácil conseguir um emprego bem remunerado teve o efeito 
de induzir a migração para o Ocidente.’’ (2010, pg. 120).
Esse contato com o ‘outro’ acaba por gerar choques culturais e atitudes extremas como o 
surgimento do terrorismo, políticas racistas, discriminação, intolerância, genocídios, etc.
Levantadas estas questões que objetivaram uma reflexão sobre o dualismo provocado pela 
globalização, ou seja, um lado bom e um lado ruim, conforme destacamos acima brevemente, 
é importante direcionarmos nossa atenção para o futuro que estamos construindo. Que atitudes 
e ações podem ajudar a minimizar as desigualdades aprofundadas pela globalização? A 
participação política de cada cidadão pode ser um caminho para novos diálogos? Você já notou 
que há um crescente levante popular que busca se organizar pelas redes sociais para protestar 
por uma causa em comum? A internet pode ser um espaço mais democrático para troca de 
ideias sobre o capitalismo e suas consequências?
Essas perguntas podem nos ajudar a refletir um pouco mais sobre os caminhos abertos pela 
globalização a partir do final dos anos 1980 e os rumos que foram tomados no início do século XXI. 
Há uma lista grande de aspectos a serem tratados sobre este assunto tão recente e tão amplo 
interesse das ciências sociais. O termo globalização era praticamente desconhecido até os anos 
1990. Isso quer dizer: ainda que haja uma ampla literatura a respeito da globalização, estamos 
ainda tentando compreendê-la de fato. 
Considerações Finais
Nesta unidade, estudamos a formação do processo de globalização em duas fases, a primeira 
no renascimento, século XVI, e a segunda com o fim da Guerra Fria no final dos anos 1980.
Procuramos relacionar os dois lados da globalização ressaltados amplamente quando se trata 
deste tema, o lado positivo, ou seja, dos avanços tecnológicos, da comunicação em rede, da 
internet, etc.; e o lado negativo, ou seja, da desigualdade causada pelo abismo que separa 
os ‘incluídos’ dos ‘excluídos’, ainda que tanto uns quanto os outros façam parte de um único 
sistema político-econômico – o capitalismo.
Objetivamos aqui apresentar a você, caro(a) aluno(a), argumentos para refletir sobre tais 
aspectos, bem como desenvolver uma visão crítica da globalização contemporânea quanto à 
ideologia otimista que, normalmente, apresenta apenas os aspectos favorecedores do capital, 
enquanto as desigualdades, muitas vezes, são apresentadas como descompasso e atraso perante 
o encantador mundo globalizado, ao qual tantosgostariam de fazer parte.
16
Unidade: Globalização e Desigualdades
Material Complementar
 
 Explore
Para complementar os conhecimentos adquiridos nesta Unidade, segue sugestão de e-books e vídeos:
Distopia do Capital - vídeo
https://www.youtube.com/watch?v=A8As8mFaRGU . 
Acesso em 17.01.15.
E-book: Globalização e espaço geográfico
http://cruzeirodosul.bv3.digitalpages.com.br/users/publications/9788572442374/pages/-2. 
Acesso em 17.01.15
E-book: Globalização, cultura e identidade
http://cruzeirodosul.bv3.digitalpages.com.br/users/publications/9788582124888. 
Acesso em 17.01.15
E-book: Globalização e desemprego
http://cruzeirodosul.bv3.digitalpages.com.br/users/publications/9788572440936/pages/-2. 
Acesso em 17.01.15
Todos enriquecerão sua compreensão sobre os aspectos fundamentais da globalização e das 
desigualdades.
https://www.youtube.com/watch?v=A8As8mFaRGU
http://cruzeirodosul.bv3.digitalpages.com.br/users/publications/9788572442374/pages/-2
http://cruzeirodosul.bv3.digitalpages.com.br/users/publications/9788582124888
http://cruzeirodosul.bv3.digitalpages.com.br/users/publications/9788572440936/pages/-2
17
Referências
CANCLINI, Nestor. A globalização imaginada. São Paulo: Iluminuras, 2003.
CASTELLS, Manuel. A sociedade em rede. São Paulo: Paz e Terra, 1999.
GIDDENS, Anthony. O mundo na era da globalização. Lisboa: Editorial Presença, 2000.
SASSEN, Saskia. Sociologia da globalização. Porto Alegre: Artmed, 2010.
18
Unidade: Globalização e Desigualdades
Anotações

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