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Manuela Targa Lorenzon – TXXII ATENÇÃO PRIMÁRIA/BÁSICA À SAÚDE: A atenção primária não é um conjunto de tarefas ou atividades clínicas exclusivas; virtualmente, todos os tipos de atividades clínicas (como diagnóstico, prevenção, exames e várias estratégias para o monitoramento clínico) são características de uma abordagem que forma a base e determina o trabalho de todos os outros níveis dos sistemas de saúde (...) oferecendo serviços de prevenção, cura e reabilitação para maximizar a saúde e o bem-estar. Integra a atenção quando há mais de um problema de saúde e lida com o contexto no qual a doença existe e influencia a resposta das pessoas a seus problemas de saúde. É a atenção que organiza e racionaliza o uso de todos os recursos, tanto básicos como especializados, direcionados para a promoção, manutenção e melhora da saúde. A atenção primária caracteriza-se por um conjunto de ações de saúde, no âmbito individual e coletivo, que abrange a promoção e a proteção da saúde, a prevenção de agravos, o diagnóstico, o tratamento, a reabilitação, redução de danos e a manutenção da saúde com o objetivo de desenvolver uma atenção integral que impacte na situação de saúde e autonomia das pessoas e nos determinantes e condicionantes de saúde das coletividades. A Estratégia Saúde da Família foi proposta como uma estratégia de reorientação do modelo assistencial, baseada no trabalho de equipes multiprofissionais em Unidades Básicas de Saúde (UBS); Estas equipes são responsáveis pelo acompanhamento de uma população adscrita, localizada em uma área delimitada, através de ações de promoção de saúde, prevenção, recuperação, reabilitação de doenças e agravos mais frequentes; Por que é necessário definir um território ? Para solucionar os problemas precisamos: para solucionar os problemas precisamos: - Ter uma população definida; - Permitir o planejamento ascendente; - Poder definir prioridades/critérios de vulnerabilidade; - Facilitar a avaliação dos serviços prestados. OBJETIVOS DA TERRITORIALIZAÇÃO EM SAÚDE: Apropriar-se do território onde atua a equipe de saúde em conjunto com a população favorecida, delimitando sua área de abrangência. Apreender e aplicar novas metodologias relativas ao processo de territorialização e saúde. Reconhecer a área de abrangência. Identificas acessibilidades e barreiras. Conhecer as condições de infra-estrutura da área e recursos sociais. Realizar levantamento dos problemas que definam o diagnóstico da comunidade. Identificar o perfil demográfico, epidemiológico, socio- econômico e meio ambiental. Identificar as lideranças formais e informais. Conhecer e se apropriar do território em questão a partir das demandas/necessidades da população através do planejamento ascendente. A territorialização é um dos pressupostos básicos do trabalho do PSF. Assume 3 sentidos diferentes e complementares: - de demarcação de limite das áres de atuação dos serviços; região de saúde, distrito e micro-área; - de reconhecimento do ambiente, população e dinâmica social existente nessas áreas; - e de estabelecimento de relações horizontais com outros serviços adjacentes; O território também é o resultado de uma acumulação de situações históricas, ambientais e sociais que promovem condições particulares para a produção de doenças. O reconhecimento desse território é um passo básico para a caracterização da população e de seus problemas de saúde, bem como para avaliação do impacto dos serviços sobre os níveis de saúde dessa população. TERRITORIALIZAÇÃO Território é o palco das realizações humanas; Manuela Targa Lorenzon – TXXII Elo entre o profissional de saúde e a comunidade; Conhecer o território, que é onde a vida acontece, e, a partir das suas necessidades organizar os serviços; As ações de saúde são implementadas em base territorial A adscrição da população potencialmente usuária do serviço é preconizada, segundo os documentos oficiais, como um dos passos primordiais para a implantação da Unidade de Saúde da Família – USF – DIAGNÓSTICO. COMO SE DEFINE UM TERRITÓRIO? Através das: barreiras geográficas, setores censitários, através das condições socio-economico-culturais, acessibilidade (geográfica, organizacional, sócio- cultural e econômica), fluxo de pessoas (deslocamento da população); TERRITORIALIZAÇÃO: BASE PARA VIGILÂNCIA EM SAÚDE: Tem como objetivo permitir que as necessidades e os problemas dos grupos sejam definidos, possibilitando ações resolutivas. Mostra a realidade social local que acontece de forma dinâmica. A coleta sistemática de dados determinará as populações expostas a riscos, os problemas prioritários, as vulnerabilidades e as relações interespaciais que geram necessidade de intervenção. DIAGNÓSTICO DE SAÚDE DO TERRITÓRIO Informação-decisão-ação; Planejamento estratégico de ações: uso de dados coletados e epidemiologia; Análise do território: informações devem refletir a realidade social com decisões e ações estratégicas dentro do processo saúde-doença atuando não somente em grupos de risco mas em todo o território. TERRITÓRIO-DISTRITO: Pode ser território do município, parte dele ou, ainda, um consórcio de municípios. Faz promoção e prevenção, assistência ambulatorial especializada, emergência e integra um complexo mais especializado. TERRITÓRIO-ÁREA: Constituí a área de abrangência da Unidade de Saúde da Família (USF). Formada por microáreas, nem sempre contíguas e onde residem em torno de 2.400 a 4000 pessoas, com o ideal de 3000 indivíduos. Os limites devem considerar barreiras físicas, como vias de acesso e transporte, extensão ou bairros e ruas. A assistência gerada pela pressão da demanda espontânea de população de áreas limítrofes e/ou não assistidas por uma USF chama-se área de influência. TERRITÓRIO-MICROÁREA: É uma subdivisão do território-área, é assimétrica e delimitada conforme as condições socioeconômicas e sanitárias, concentrando grupos mais homogêneos. É a unidade operacional do Agente Comunitário de Saúde (ACS). O ACS realiza o cadastro das famílias através da Ficha A do SIAB (Sistema de Informação da Atenção Básica). Identificação e mapeamento de áreas de maior risco, vigilância em saúde com melhorias dos indicadores de saúde. TERRITÓRIO MORADIA: Espaço de vida de uma família, alvo de intervenções, conforme a epidemiologia e a fonte de informação. É objeto da prática de vigilância em saúde. Família: Conjunto de pessoas que dividem um mesmo espaço e constroem um modo de vida. PROCESSO DE TERRITORIALIZAÇÃO É: Ferramenta metodológica que possibilita o reconhecimento das condições de vida e da situação de saúde da população de uma área de abrangência. O ponto de partida para a organização dos serviços e das práticas de vigilância em saúde é a territorialização do sistema local de saúde, é o reconhecimento do território segundo a lógica das relações entre condições de vida, ambiente e acesso às ações e serviços de saúde. TERRITORIALIZAÇÃO Trata-se de um espaço dinâmico de apropriação do espaço local por parte da equipe de saúde, onde a delimitação do espaço estabelecida pelos atores sociais que o habilitam, respeita valores, crenças, cultura e a história de um território em permanente construção. CARACTERÍSTICAS DA ÁREA NO PROCESSO DE TERRITORIALIZAÇÃO Manuela Targa Lorenzon – TXXII Distância do centro da cidade, localização na região segundo os pontos cardeais, divisa com outros bairros,área de superfície total em km2 definindo zona urbana e zona rural, número de habitantes por gênero e ciclos de vida, histórico sobre: fundação, origem do nome, procedência de seus habitantes e o desenvolvimento da mesma. ÁREA DE ABRANGÊNCIA: Área delimitada onde a equipe de saúde da família atua e a qual está sob a sua responsabilidade. A área de abrangência deve coincidir com a área de influência. A ÁREA DE INFLUÊNCIA encontra-se fora dos limites da área de abrangência, mesmo assim o serviço exerce determinada influencia nesta população. A área de influencia não obedece o processo de territorialização e está definida pela lógica assistencial gerada por pressão da demanda. Unidades de Saúde com maior oferta de serviços e mais acessíveis terão áreas de influencias associadas a sua área de abrangência. ACESSIBILIDADE E BARREIRAS – GEOGRÁFICAS, FUNCIONAIS E CULTURAIS: GEOGRÁFICAS – Referentes condições físicas identificadas na área de abrangência – ruas não pavimentadas, vias com trafego intenso, ladeiras e elevações, localização inadequada dos serviços de saúde, rios e córregos, linha férrea, rodovia, pontes. FUNCIONAIS – Referentes às condições físicas identificadas na área de abrangência. – Horário de atendimento e de visita domiciliar inadequados, profissionais não capacitados ou com perfil inadequado, falta de recursos materiais e práticas autoritárias e corporativistas. CULTURAIS – Referente aos costumes sócio-culturais locais. – Cultura de atendimento médico especializado, analfabetismo, crendices populares, tabus morais e religiosos, medicalização, clientelismo político, exclusão social e baixo nível sócio econômico. RECURSOS: Condições de infra-estrutura e recursos sociais; Creches, escolas, centros de trabalho, comércio, indústria, entidades religiosas, unidades de saúde, posto policial, área de lazer, transportes e meios de comunicação, instituições públicas e privadas, organizações não governamentais, lideranças formais e informais. DIAGNÓSTICO DA COMUNIDADE – INDICADORES DE SAÚDE PERFIL DEMOGRÁFICO: Características principais da população, gênero, ciclos de vida, migração, famílias, domicílios, etc; PERFIL EPIDEMIOLÓGICO: MORBIDADE: Incidência/prevalência, fatores de risco, doenças mais comuns, incapacidades, internações; MORTALIDADE: Faixas etárias, causas mais frequentes, letalidade; PERFIL SÓCIO-ECONÔMICO: Condições de moradia, hábitos, costumes, estilos de vida, atividades econômicas, renda, escolaridade, crenças religiosas, meios de comunicação e transporte, lazer, participação em grupos sociais, etc... PERFIL AMBIENTAL: Saneamento básico – água, esgoto a céu aberto, foco de vetores, lixão, poluição do ar, radioatividade, agrotóxico, radiação eletromagnética, etc... REFLEXÕES O território é um recorte geográfico dinâmico que expressa características demográficas, epidemiológicas, administrativas, políticas, sociais e culturais específicas. A partir destes dados os gestores junto com a equipe podem planejar e propor ações, bem como melhorar a organização, o controle e a intervenção, conforme as necessidades da população adscrita. A população integral do território brasileiro pela ESF possibilitaria isso.
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