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Fisioterapia aplicada às disfunções neurológicas Paralisia Facial Periférica / de Bell / PFP idiopática, mononeuropatia craniana Profª Dra. Maria Luiza Rangel Nervo Facial – VII par craniano Possui função primordalmente motora, para a expressão facial Motores (amarelo): Temporal Zigomático Bucal Marginal da mandíbula Cervical Vicerais (vermelho) Gustativo (verde) Tatil (azul) Paralisia Facial Periférica É uma síndrome de diagnóstico essencialmente clínico resultante de lesão do nervo facial localizada para além dos núcleos do nervo facial na ponte, ou seja, é uma lesão nervosa periférica. Uma lesão do nervo facial causa paralisia ou paresia dos músculos da expressão facial ipsilaterais ao nervo afetado. É uma lesão do neurônio motor inferior - Paralisia flácida Quadro clínico na Paralisia Facial Periférica As dificuldades e alterações apresentadas pelo paciente variam de acordo com forma de lesão do nervo. Desvio dos traços fisionômicos para o lado não afetado; Piscamento ausente, ou menos evidente, no lado afetado; Sulcos da pele menos pronunciados no lado paralisado; Fenda palpebral mais aberta no lado paralisado com incapacidade de fechar o olho (lagoftalmo); Perda ou alteração da drenagem lacrimal, pode resultar em lacrimejamento excessivo no lado paralisado (epífora); Alteração da sensibilidade auditiva – hiperacusia; Perda/diminuição da sensibilidade gustativa no terço anterior da língua; Quadro clínico na Paralisia Facial Periférica Paresia ou Paralisia dos músculos da mímica facial - dificuldade de movimentação da face (mímica facial) Dificuldade na alimentação. Não afeta músculos da mastigação especificamente – masseter, temporal, mas afeta músculos que fazem o fechamento da boca e auxiliam a manter o alimento dentro da boca, e a movimentar o bolo alimentar Lacrimejamento após um estímulo salivatório - conhecido como síndrome das lágrimas de crocodilo. Dor retroauricular Dor na hemiface contralateral a lesão – uso excessivo, espasmos musculares Imagem de ttp://fisioterapiaquintana.blogspot.com/ Idiopática Paralisia Facial de Bell - PFB (65%) Infecciosa Inflamatória Imune pós-infecciosa Herpes Zoster Ótico - ZOE (12%) Rubéola; Parotidite Sarampo Doença de Lyme – Borrelia burgdorferi Mycoplasma pneumoniae Otopatias agudas e crônicas Meningite e encefalite Vacinas Síndrome de Guillain-Barré Traumática Fraturas do osso temporal Iatrogênica Cirurgia na região do nervo facial Neoplásica Parótida; Leucemias; Schwanomas Outras Hipertensão Arterial Severa Etiologia Paralisia Facial periférica A causa mais comum de PFP é a forma idiopática, também conhecida por paralisia de Bell Esta tem incidência é de 20 a 30 casos por 100 mil habitantes por ano e que responde por cerca de 70% de todos os casos de PFP. O prognóstico é geralmente bom, havendo recuperação completa em torno de 80% dos casos. Fatores de mau prognóstico são conhecidos e podem ocasionar sequelas graves. Paralisia de Bell – Fatores de mau prognóstico Idade maior que 60 anos Hipertensão arterial sistêmica (HAS) Alteração do paladar Dor difusa, além da região retroauricular do lado acometido Fraqueza hemifacial total (força muscular grau zero) Anamnese A forma de instalação dos sintomas 1° ASPECTO DE DIFERENCIAÇÃO ENTRE - PFB (IDIOPÁTICA) - DIAGNÓSTICOS DIFERENCIAIS PFPeriférica Inicio Súbito Paralisia máxima ao terceiro dia de doença Infecção viral recente Sem outras queixas OUTRAS Instalação Progressiva (Causas neoplásicas) Dor, erupção vesicular, ect (HZO) Eritema migrans, mal-estar, fadiga, dor etc (Doença de Lyme) http://www.scielo.mec.pt/pdf/nas/v19n3/v19n3a05.pdf http://www.scielo.mec.pt/pdf/nas/v19n3/v19n3a05.pdf Grau 1 Função Normal Função Normal Grau 2 Disfunção Leve Paresia leve só detectável com inspeção cuidadosa Fecha olho completamente com mínimo esforço Assimetria no sorrisso forçado Sem complicações Grau 3 Disfunção Moderada Paresia evidente, mas não desfigurante Fecha o olho, mas com grande esforço Boca com desvio evidente Podem surgir espamos, contraturas Grau 4 Disfunção moderada/severa Paresia evidente e desfigurante Não fecha o olho. Sinal de Bell Assimetria em repouso Espamos e contraturas graves Escala de House- Brackmann Grau 5 Disfunção Severa Quase sem movimento do lado afetado Assimetria em repouso Geralmente sem espasmos ou contraturas. Assimentria no sorriso forçado Grau 6 Paralisia Total Sem qualquer tipo de movimento Sem espamos, contraturas. Escala de House- Brackmann Paralisia Facial Periférica x Paralisia Facial Central P.F. PERIFÉRICA P.F. CENTRAL Paralisia Facial Periférica x Paralisia Facial Central Tratamento Avaliação https://www.youtube.com/watch?v=nI-kv3S5NU0 Músculos avaliados FRONTAL CORRUGADOR DO SUPERCILIO ORBICULAR DO OLHO ORBICULAR DA BOCA ZIGOMÁTICO MAIOR https://www.auladeanatomia.com/novosite/pt/sistemas/sistema-muscular/musculos-da-face/ PROCERO https://www.auladeanatomia.com/novosite/pt/sistemas/sistema-muscular/musculos-da-face/ https://www.auladeanatomia.com/novosite/pt/sistemas/sistema-muscular/musculos-da-face/ https://www.auladeanatomia.com/novosite/pt/sistemas/sistema-muscular/musculos-da-face/ https://www.auladeanatomia.com/novosite/pt/sistemas/sistema-muscular/musculos-da-face/ https://www.auladeanatomia.com/novosite/pt/sistemas/sistema-muscular/musculos-da-face/ https://www.auladeanatomia.com/novosite/pt/sistemas/sistema-muscular/musculos-da-face/ https://www.auladeanatomia.com/novosite/pt/sistemas/sistema-muscular/musculos-da-face/ Músculos avaliados RISÓRIO BUCINADOR DEPRESSOR DO LÁBIO INFERIOR Tratamento clínico – É RECOMENDADO Tratamento medicamentoso: No caso da paralisia facial idiopática (ou de Bell), nos primeiros dias é recomendado o uso de corticosteroides, ao longo das primeiras semanas, pois aumenta a probabilidade de recuperação completa da função motora facial; Medicamentos Antivirais podem ser utilizados em associação com corticosteroides, mas não isoladamente (OBS: A prescrição do medicamento é competência do profissional médico (neurologista se possível) e não do fisioterapeuta); Proteção ocular se o fechamento ocular for incompleto, que pode incluir lubrificação com colírio, por exemplo e tampão ocular; NÃO UTILIZAR GELO ELETROTERAPIA MASTIGAR CHICLETE ENXER BEXIGA Tratamento fisioterapeutico É necessário avaliar o grau de comprometimento das funções relacionadas com o nervo facial. Avaliar a simetria facial ao repouso, a simetria facial durante os movimentos e a existência ou não de sincinesia (movimentos involuntários associados a movimentos voluntário) ou contratura facial (“dureza/tensão” dos músculos). O registro em foto ou vídeos é aconselhável. Exercícios faciais personalizados podem ajudar com a melhora da recuperação funcional em pacientes com paralisia facial, principalmente nos casos mais grave e em casos crônicos; https://abrafin.org.br/nota-de-esclarecimento-a-populacao/ Sobre o tratamento: Se há retorno gradativo dos movimentos nas primeiras 3 semanas: orientações sobre o problema e sua recuperação espontânea devem ser fornecidas e só um acompanhamento fisioterapêutico semanal é recomendado, até o retorno completo da função motora e simetria da face. Orientações domiciliares sobre o relaxamento e estimulação da face Exercícios faciais e acompanhamento intensivo não estão indicados para estes indivíduos com disfunção leve e recuperação espontânea; Sobre o tratamento: Indivíduos sem indícios de recuperação nos primeiros dias até 3 semanas: devem ser acompanhadosmais de perto. Orientações sobre as chances de recuperação nos primeiros três meses, treinamento para a simetria facial ao repouso, massoterapia facial (principalmente para o lado oposto a lesão) e exercícios de facilitação e controle do movimento na medida da recuperação gradativa são estratégias possíveis para este subgrupo de pacientes; Casos crônicos: desfechos buscados: Simetria ao repouso, ao movimento e a inibição de sincinesia. Com muita orientação sobre a influência da tensão na funcionalidade da face Exercícios de iniciação e mobilização dos tecidos moles Na fase inicial/aguda os pacientes experimentam a paralisia da face, com frequente sinal de Bell e incompetência oral O relaxamento através de técnicas de massoteria e estimulação sensorial leve, sem dor, sem excessos é indicado em todas as fases da recuperação. Alongamento e massagem no lado não afetado – muitos pacientes experimentam fadiga e tensão aumentada pela falta de atividade oposta da musculatura parética ou paralisada. Os alongamentos e massagens também melhoraram a circulação e saúde muscular Alongamento da pálpebra (figura seguinte) – este músculo está sem ação oposta devido a paresia/paralisia do orbicular do olho. Alongamento da m usculatura do pescoço e ombro – platisma, ECOM, trapézio Alongamento da pálpebra importante alongar para auxiliar a mobilizar o músculo levantador da pálpebra, e evitar formação de pontes cruzadas de actina-miosina que dificultam a ativação do orbicular do olho Alongamento por 30 s Facilitação Em geral utilizado em pacientes com quadro recente, quando a paralisia não é completa, e não há sincinesias evidentes. o objetivo é facilitar/assisitir o retorno do movimento Pode ser associado aos alongamentos Os pacientes são ensinados a iniciar os movimentos da mímica facial de forma passiva, com a ajuda das mãos Movimento passivo feito pelo terapeuta e o paciente aprender a manter o movimento Movimentos simétricos devem ser preconizados. Sem excesso de ativação muscular desequilibrada Exercícios de reeducação neuromuscular Exercícios da mímica facial – quando há nível moderado de contração/movimentos da face Importante que sejam movimentos lentos e controlados e que se evite movimentos em massa Os pacientes são ensinados também a “diminuir” a ativação do lado não afetado, para minimizar as forças opostas, em um esforço para ganhar movimento do lado afetado Ex. Ao sorrir, fazer uma amplitude do sorriso que seja igual dos dois lados, levando em conta o que é possivel fazer sem dor e sem sincinesias, do lado mais afetado. Utilizar feedback visual Movimentos Controlados Tratamento inicial para pacientes com sincinesias Estratégias de controle dos movimentos são pensadas para ensinar o paciente a ativar os musculos da expressão facial enquanto inibem ativamente a contração da sincinesia , que prejudicam o movimento desejado. Educar o paciente com relação ao fenomeno Ensinar a relaxar de forma consciente os músculos ativados de forma involuntária Ex. O paciente é ensinado a fazer um sorriso pequeno, simétrico, enquanto controla a sincinesia periocular (figura seguinte). Manter o olho aberto enquanto sorri Os movimentos controlados são desafiadores e requerem muita concentração É importante que haja repetição e que a estratégia de controle sejja utilizada na vida diária para favorecer a plasticidade Movimentos controlados e desnervação quimica (procedimento médico) Robinson & Baiungo, 2018 DOI: 10.1016/j.otc.2018.07.011 https://doi.org/10.1016/j.otc.2018.07.011 https://doi.org/10.1016/j.otc.2018.07.011 Sincinesias são movimentos involuntários que ocorrem ao mesmo tempo que um movimento voluntário são resultados de um processo de reinervação anormal Em geral não estão presentes em fase aguda da PFP, mas pode ocorrer em fase crônica O sucesso na fase aguda da reabilitação é importante para evitar que ocorra Paralisia facial crônica da hemiface esquerda. Com presença de sincinesia ao sorrir e ao contrair os labios (fazer biquinho) Na avaliação inicial e após 3 meses de reabilitação facial Robinson & Baiungo, 2018 DOI: 10.1016/j.otc.2018.07.011 https://doi.org/10.1016/j.otc.2018.07.011 https://doi.org/10.1016/j.otc.2018.07.011
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