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CURSO DE MEDICINA UNIDADE XI SITUAÇÃO PROBLEMA 3: “Gravidez não é doença! (mas às vezes parece...)” MINEIROS - GO 2021 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MINEIROS CURSO DE MEDICINA UNIDADE XI Ana Clara Chiavoloni Ana Gabriela Almeida Ribeiro Neto Bruna Triacca Frizon Eugenya da Costa Guimarães Geovanna Oliveira Silva Giullia Vitória Forte Isabela de Almeida Silva Borges José Venâncio Vilela Guimarães Queiroz Lara Mamede Almeida Lays Ribeiro Rangel Letícia Fernandes dos Santos Matheus Fleury Alves Mydian Gabriela dos Santos Fernandes Sabrina Martins Calegari MINEIROS - GO 2021 SUMÁRIO Sumário SUMÁRIO.......................................................................................................................................... 3 1. INTRODUÇÃO .......................................................................................................................... 3 2. DISCUSSÃO............................................................................................................................... 4 2.1 Descrever as adaptações fisiológicas e manifestações clínicas da gravidez. 2.2 Caracterizar as modificações psicológicas maternas durante este período. 2.3 Descrever o pré-natal de acordo com as orientações do Ministério da Saúde, sua importância e periodicidade. 2.4 Descrever a consulta de pré-natal, considerando os exames clínicos e exames subsidiários e principais orientações. 2.5 Relacionar as medidas obstétricas realizadas clinicamente com a avaliação do crescimento e vitalidade fetal. 2.6 Discutir a relação do médico com a paciente grávida, frente à sua labilidade emocional. 2.7 Descrever a gravidez tubária e sua evolução. 2.8 Entender os fatores hormonais na gravidez. 2.9 Descrever as formas de diagnósticos de uma gravidez. 3. CONCLUSÃO ...........................................................................................................................23 4. REFERÊNCIAS ........................................................................................................................24 3 1. INTRODUÇÃO O presente relatório tem por objetivo geral descrever a fisiologia da gravidez e as principais modificações gravídicas locais e gerais do organismo materno. Além disso, objetiva-se a descrição das adaptações fisiológicas e manifestações clínicas da gravidez, caracterizando as principais modificações psicológicas maternas durante este período tão importante na vida da mulher. Ademais, discutira-se sobre a importância e periodicidade do pré-natal de acordo com as orientações do Ministério da Saúde, discutindo também, a consulta pré-natal, bem como, os exames clínicos e exames subsidiários e as principais orientações para a gestante. Também será abordado as medidas obstétricas realizadas clinicamente com a avaliação do crescimento e vitalidade fetal e, ainda, abordar a relação do médico com a paciente grávida, frente à sua labilidade emocional. Por fim, discutiremos sobre as alterações hormonais que ocorrem durante a gestação, bem como os principais exames realizados para dar o diagnóstico de gravidez para a mulher. 4 2. DISCUSSÃO OBJETIVO GERAL Descrever a fisiologia da gravidez e as principais modificações gravídicas locais e gerais do organismo materno. OBJETIVOS ESPECÍFICOS 2.1 Descrever as adaptações fisiológicas e manifestações clínicas da gravidez As adaptações fisiológicas que acontecem no organismo feminino durante o pré-natal, necessitam ser compreendidas. Nesse sentido, no primeiro trimestre começam a acontecer modificações no útero, as quais continuam durante toda a gestação, como a parede uterina que sofre afinamento progressivo. (REZENDE, 2014) Primeiramente, há um aumento dos níveis de prostaciclina, estrógenos e progestógenos, fator que leva ao aumento da vasodilatação e angiogênese. Nesse viés, há alterações em todo o sistema circulatório e endócrino metabólico, podendo ter repercussões em outros sistemas do corpo. Como por exemplo, no sistema circulatório acontece a hipervolemia devido ao aumento plasmático, aumento da produção de hemácias e à diminuição da viscosidade sanguínea, junto a leucocitose. (REZENDE, 2014) No sistema endócrino há alterações das atividades hormonais da hipófise, tireoide, paratireoide, adrenal e ovários maternos. Isso acontece pela interferência de hormônios placentários no equilíbrio entre hipotálamo, hipófise, ovários e tireoide. Nesse contexto, há aumento de hormônios como prolactina, triiodotironina (T3), tiroxina total (T4), calcitonina, aldosterona, cortisol, hormônio adrenocorticotrófico (ACTH), androgênios, estrógenos, progesterona. Outros já diminuem, como o hormônio folículo-estimulante (FSH) e hormônio luteinizante (LH). (REZENDE, 2014) No sistema cardiovascular, há tanto aumento da frequência cardíaca e do débito, quanto diminuição do trabalho cardíaco e da resistência vascular periférica. Ademais, acontecem mudanças no sistema digestório, o qual se dá pelo relaxamento do esfíncter esofagiano, resultando no aumento do refluxo; relaxamento da vesícula biliar, podendo acarretar elevação na formação de cálculo, diminuição da peristalse e redução de secreções ácidas. Outro sistema é o pulmonar, no qual ocorre hiperventilação devido ao aumento da caixa torácica, expiração e volume corrente. Por último, o sistema urinário durante a fase de gravidez, é acometido pelo aumento da filtração glomerular com diminuição de creatina e ureia; há glicosúria, hidronefrose 5 e polaciúria fisiológica. (REZENDE, 2014) As mamas aumentam de volume e tornam-se dolorosas e túrgidas, causando mastalgia. Observam-se o surgimento da rede de Haller, hiperpigmentação da aréola primária, o aparecimento da aréola secundária (sinal de Hunter) e a hipertrofia das glândulas sebáceas periareolares (tubérculos de Montgomery). (REZENDE, 2014) Dessa forma, as principais manifestações clínicas são: Enjôo matinal; Fadiga; Alterações do apetite; Polaciúria; Aumento do volume e hipersensibilidade nas mamas. (REZENDE, 2014) 2.2 Caracterizar as modificações psicológicas maternas durante este período. A maternidade é um evento único na vida da mulher, repleto de expectativas e sentimentos, vivenciado de modo diferente que varia de pessoa para pessoa (ZANATTA, 2017). O desejo de ter um filho constitui-se em um processo que tem início antes da gestação, por meio das primeiras relações e identificações da mulher, passando pela infância e adolescência, até constituir-se na gestação propriamente dita (ZANATTA, 2017). Nesse sentido, a gestação é um marco significativo do desenvolvimento da mulher, um fato importante da vida de todos os envolvidos que pode reavivar lembranças e experiências passadas. Além disso, intensos sentimentos podem ser vivenciados pela mulher, entre eles: alegria, tristeza, satisfação e insatisfação. Nesse momento, ela deixa de ser somente filha e esposa para assumir também o papel de mãe, o que demanda adequar seus relacionamentos e estilo de vida às necessidades do bebê (ZANATTA, 2017). A gestação marca um período de intensas mudanças na psique e no corpo da mulher. Dessa forma, é comum a presença do sentimento de ambiguidade: se por um lado a mulher sente-se feliz em ser mãe, por outro lado surgem preocupações e dúvidas sobre sua capacidade de exercer a maternidade (ZANATTA, 2017). Além das modificações sentidas no corpo, a maternidade pode proporcionar modificações no contexto familiar oriundas da chegada de um bebê. Não raro, os genitores precisam encontrar recursos para lidar com essa situação nova. Esses recursos geralmente são buscados na rede de apoio social, que se configura na disponibilidade de pessoas significativaspara proporcionarem suporte e ajuda no enfrentamento das diversas situações que possam desencadear estresse ao longo dos processos de transição do desenvolvimento humano. Diversas são as pessoas que podem exercer esse papel, contribuindo para a qualidade de vida dos envolvidos: a família extensa, os amigos, colegas de trabalho, serviços de saúde, pessoas da 6 comunidade da qual o indivíduo faz parte, entre outras. Nesse sentido, as principais formas de apoio social podem ser classificadas em apoio instrumental, relacionado à ajuda financeira, ajuda na divisão das responsabilidades e prestação de orientações em geral e apoio emocional, referindo-se ao cuidado e a preocupação com o outro (ZANATTA, 2017). Diante do exposto, percebe-se que a maternidade pode se configurar em um acontecimento intenso na vida familiar e, em especial na vida da mulher, envolvendo mudanças em diversos âmbitos. Sendo assim, torna-se importante o acolhimento e humanização da gestante, durante toda sua gestação e parto por equipe multidisciplinar e por sua família. (ZANATTA, 2017). 2.3 Descrever o pré-natal de acordo com as orientações do Ministério da Saúde, sua importância e periodicidade. O objetivo do acompanhamento pré-natal é assegurar o desenvolvimento da gestação, permitindo o parto de um recém-nascido saudável, sem impacto para a saúde materna, inclusive abordando aspectos psicossociais e as atividades educativas e preventivas. A unidade básica de saúde (UBS) deve ser a porta de entrada preferencial da gestante no sistema de saúde. (SAÚDE, 2012) Entende-se por avaliação pré-concepcional a consulta que o casal faz antes de uma gravidez, objetivando identificar fatores de risco ou doenças que possam alterar a evolução normal de uma futura gestação. Constitui, assim, instrumento importante na melhoria dos índices de morbidade e mortalidade materna e infantil. As atividades desenvolvidas na avaliação pré-concepcional devem incluir anamnese e exame físico, com exame ginecológico, além de alguns exames laboratoriais. (SAÚDE, 2012) A investigação dos problemas de saúde atuais e prévios e a história obstétrica são importantes para a avaliação do risco gestacional. A história clínica objetiva identificar situações de saúde que podem complicar a gravidez, como diabetes pré-gestacional, a hipertensão, as cardiopatias, os distúrbios da tireóide e os processos infecciosos, incluindo as infecções sexualmente transmissíveis (IST). O uso de medicamentos, o hábito de fumar e o uso de álcool e drogas ilícitas precisam ser verificados, e a futura gestante deve ser orientada quanto aos efeitos adversos associados. (SAÚDE, 2012) Na história familiar, destaca-se a avaliação de doenças hereditárias, pré-eclâmpsia, hipertensão e diabetes. Na história obstétrica, é importante registrar o número de gestações anteriores e de partos pré-termo, o intervalo entre os partos, o tipo de parto, o peso ao 7 nascimento e as complicações das gestações anteriores, como abortamento, perdas fetais e hemorragias e malformações congênitas. (SAÚDE, 2012) No exame geral, cabe verificar especialmente a pressão arterial (PA), o peso e a altura da mulher. Podem ser instituídas ações específicas quanto aos hábitos e ao estilo de vida: (SAÚDE, 2012) - Orientação nutricional visando à promoção do estado nutricional adequado tanto da mãe como do recém-nascido, além da adoção de práticas alimentares saudáveis; - Orientações sobre os riscos do tabagismo e do uso rotineiro de bebidas alcoólicas e outras drogas; - Orientações quanto ao uso de medicamentos e, se necessário mantê-los, realização da substituição para drogas com menores efeitos sobre o feto; - Avaliação das condições de trabalho, com orientação sobre os riscos nos casos de exposição a tóxicos ambientais; - Administração preventiva de ácido fólico desde o período pré-gestacional, para a prevenção de anormalidades congênitas do tubo neural, especialmente nas mulheres com antecedentes desse tipo de malformações (5mg, VO/dia, durante 60 a 90 dias antes da concepção); - Orientação para registro sistemático das datas das menstruações e estímulo para que o intervalo entre as gestações seja de, no mínimo, 2 (dois) anos. Os Estados e municípios necessitam dispor de uma rede de serviços organizada para a atenção obstétrica e neonatal, com mecanismos estabelecidos de referência e contrarreferência, garantindo-se os seguintes elementos: (SAÚDE, 2012) 1° PASSO: Iniciar o pré-natal na Atenção Primária à Saúde até́ a 12ª semana de gestação (captação precoce. 2° PASSO: Garantir os recursos humanos, físicos, materiais e técnicos necessários à atenção pré-natal. 3° PASSO: Toda gestante deve ter assegurado a solicitação, realização e avaliação em termo oportuno do resultado dos exames preconizados no atendimento pré-natal. 4° PASSO: Promover a escuta ativa da gestante e de seus (suas) acompanhantes, considerando aspectos intelectuais, emocionais, sociais e culturais e não somente um cuidado biológico: “rodas de gestantes”. 5° PASSO: Garantir o transporte público gratuito da gestante para o atendimento pré- natal, quando necessário. 6° PASSO: É direito do (a) parceiro (a) ser cuidado (realização de consultas, exames e 8 ter acesso a informações) antes, durante e depois da gestação: “pré-natal do (a) parceiro (a) ”. 7° PASSO: Garantir o acesso à unidade de referência especializada, caso seja necessário. 8° PASSO: Estimular e informar sobre os benefícios do parto fisiológico, incluindo a elaboração do “Plano de Parto”. 9° PASSO: Toda gestante tem direito de conhecer e visitar previamente o serviço de saúde no qual irá dar à luz (vinculação). 10° PASSO: As mulheres devem conhecer e exercer os direitos garantidos por lei no período gravídico-puerperal. Além disso para que a assistência pré-natal seja efetiva deve-se obedecer algumas condições básicas como: (SAÚDE, 2012) - Realização de anamnese, exame físico e exames complementares indicados; - Classificação do risco gestacional (em toda consulta) e encaminhamento, quando necessário, ao pré-natal de alto risco ou à urgência/emergência obstétrica; - Oferta de medicamentos necessários (inclusive sulfato ferroso, para tratamento e profilaxia de anemia, e ácido fólico, com uso recomendado desde o período pré-concepcional e durante o primeiro trimestre de gestação); - Medicamentos básicos e vacinas (contra tétano e hepatite B); - Realização de testes rápidos na unidade básica de saúde, assim como apoio laboratorial, garantindo a realização dos exames de rotina: As consultas de pré-natal poderão ser realizadas na unidade de saúde ou durante visitas domiciliares, em situações especiais. (SAÚDE, 2012) O calendário de atendimento pré-natal deve ser programado em função dos períodos gestacionais que determinam maior risco materno e perinatal. Deve ser iniciado precocemente (1º trimestre) e ser regular e completo, garantindo-se que todas as avaliações propostas sejam realizadas e preenchendo-se o cartão da gestante e a ficha de acompanhamento pré-natal. (SAÚDE, 2012) O número mínimo preconizado pelo Ministério da Saúde para todas as gestantes é de seis consultas, com início o mais precocemente possível, sendo assim distribuídas: uma no 1º trimestre (até a 12ª semana), duas no 2º trimestre e três no 3º trimestre; A gestante deverá ser atendida sempre que houver uma intercorrência, independente do calendário estabelecido. Para as gestantes de alto risco, a definição do cronograma de consultas deve ser adequada a cada caso e depende diretamente do agravo em questão; além dessas seis consultas consideradas como o mínimo adequado, a mulher deve ter ao menos um retorno puerperal. (SAÚDE, 2012) 9 Na primeira consulta, deve-sepesquisar os aspectos sócio epidemiológicos, os antecedentes familiares, os antecedentes pessoais gerais, ginecológicos e obstétricos, além da situação da gravidez atual. Os principais componentes são: data precisa da última menstruação; regularidade dos ciclos; uso de anticoncepcionais; paridade; intercorrências clinicas, obstétricas e cirúrgicas; detalhes de gestações previas; hospitalizações anteriores; uso de medicações; história previa de DST; exposição ambiental ou ocupacional de risco; reações alérgicas; história pessoal ou familiar de doenças hereditárias/malformações; atividade sexual; uso de tabaco, álcool ou outras drogas lícitas ou ilícitas; história infecciosa prévia; vacinações prévias; história de violências. (SAÚDE, 2012) São indispensáveis os seguintes procedimentos: avaliação nutricional (peso e cálculo do IMC), medida da pressão arterial, palpação abdominal e percepção dinâmica, medida da altura uterina, ausculta dos batimentos cardiofetais, registro dos movimentos fetais, realização do teste de estimulo sonoro simplificado, verificação da presença de edema, exame ginecológico e coleta de material para colpocitologia oncótica, exame clínico das mamas e toque vaginal de acordo com as necessidades de cada mulher e com a idade gestacional. (SAÚDE, 2012) 2.4 Descrever a consulta de pré-natal, considerando os exames clínicos e exames subsidiários e principais orientações. As consultas de pré-natal seguem um calendário, que preferencialmente deve ser iniciado no primeiro trimestre, a fim de garantir avaliações adequadas; o esquema é dividido em, no mínimo, seis consultas realizadas alternadamente pelo médico e o enfermeiro, sendo semanalmente até 28ª semana, quinzenal até a 36ª semana e após isto retorna a ser semanalmente até a 41ª semana, supondo que haja o parto, caso a gravidez supere este período de 41 semanas, faz-se necessário direcionar a gestante à avaliação de bem-estar fetal (com monitoramento cardíaco e avaliação do líquido amiótico) (BRASIL, 2013; SBIBAE, 2019). As consultas no pré-natal devem ser amplas e integrais, a fim de conhecer e estratificar a realidade da gestante, tanto sobre a saúde, quanto na esfera social. Assim abrangem avaliação clínica, exames complementares, identificação e investigação de fatores de risco, tais processos são de atenção contínua e contam com a equipe multidisciplinar para elaboração do plano de cuidados. Cabe salientar nesta perspectiva de cuidado ampliado, o direito da gestante de levar um acompanhante de sua escolha nas consultas (BRASIL, 2013). A primeira consulta é mais longa por se tratar de um contato inicial e por haver avaliações e ponderações importantes para o desenvolvimento do plano de cuidado, bem como o 10 preenchimento da Ficha Clínica de Pré-Natal e do Cartão da Gestante, as demais consultas são mais direcionadas (avaliação clínica obstétrica, monitoramento, vigilância e identificação/diagnóstico precoce) (SBIBAE, 2019). Assim, a primeira consulta é composta pela identificação da gestante, pesquisa dos aspectos socioepidemiológicos, dos antecedentes familiares, dos antecedentes pessoais (fisiológicos, patológicos, cirúrgicos e vacinação), medicamentos em uso, antecedentes ginecológicos e obstétricos (menarca, sexarca, regularidade dos ciclos menstruais, uso de métodos contraceptivos, intercorrências prévias, consideração de gravidezes anteriores e doenças sexualmente transmissíveis); além da situação da gravidez atual (sintomas relacionados, aceitação, nível de estresse, percepção sobre a gestação, apoio familiar, data da última menstruação, índice de massa corporal, hábitos alimentares, idade gestacional e data provável de parto) (BRASIL, 2013; SBIBAE, 2019). Há ainda os exames físicos, realizados em todas as consultas: • Geral - peso, altura, sinais vitais, ganho ponderal/estado nutricional, ausculta cardiopulmonar; palpação da tireoide, exame do abdômen e avaliação dos membros inferiores (pesquisa de edema e varizes) (BRASIL, 2013). • Específico gineco-obstétrico - exame clínico das mamas (inspeção estática e dinâmica, considerar alterações fisiológicas da gravidez – pigmentação do mamilo, rede venosa de Haller, volume e aréola secundária), inspeção genital e perineal, medição e avaliação da altura uterina, exame com espéculo vaginal, exame citopatológico (se necessário), ausculta dos batimentos cardíacos fetais e registro dos movimentos fetais, teste de estímulo sonoro simplificado (Tess) (BRASIL, 2013; SBIBAE, 2019). Os exames complementares são requeridos ao longo dos trimestres: • Na primeira consulta/ 1º trimestre – hemograma, tipagem sanguínea e fator Rh, Coombs indireto (se for Rh negativo), glicemia de jejum, teste rápido de triagem para sífilis e/ou VDRL/RPR, teste rápido diagnóstico anti-HIV, anti-HIV, Toxoplasmose IgM e IgG, sorologia para hepatite B (HbsAg), exame de urina e urocultura, ultrassonografia obstétrica, citopatológico de colo de útero (se necessário), exame da secreção vaginal (se houver indicação clínica), parasitológico de fezes (se houver indicação clínica), eletroforese de hemoglobina (se antecedentes familiares de anemia falciforme ou apresentar história de anemia crônica) (BRASIL, 2013; SBIBAE, 2019). 11 • 2º trimestre – hemograma, teste de tolerância para glicose (glicemia de jejum, uma e duas horas após 75g de dextrosol) preferencialmente entre a 24ª e a 28ª semana, Coombs indireto (se for Rh negativo), toxoplasmose IgM e IgG (se IgG não reagente) e ultrassonografia obstétrica (SBIBAE, 2019). • 3º trimestre – hemograma, glicemia em jejum, Coombs indireto (se for Rh negativo), VDRL, anti-HIV, sorologia para hepatite B (HbsAg), toxoplasmose IgM e IgG (se o IgG não for reagente), urocultura e urina tipo I (sumário de urina – SU), e bacterioscopia de secreção vaginal (a partir de 37 semanas de gestação) (BRASIL, 2013). 2.5 Relacionar as medidas obstétricas realizadas clinicamente com a avaliação do crescimento e vitalidade fetal. A medida da altura uterina é uma importante avaliação para o crescimento normal do feto, é possível, nesse tipo de avaliação, comparar o crescimento fetal com a idade gestacional. É importante ressaltar que as curvas da altura uterina sofrem influência de características étnicas, socioeconômicas e nutricionais nas diferentes populações (MARTINS-COSTA et al., 2017). Para mensurar a altura uterina, tem que se ter em mente o quanto o útero tem que crescer em cada semana e qual a sua localização em relação as estruturas abdominais. Dessa forma, até a 6ª semana o útero não sofre modificações em seu tamanho; na 8ª semana o útero dobrou de tamanho; na 10ª semana o útero triplicou o seu tamanho em relação ao útero normal; na 12ª semana ele começa a ocupar toda a região pélvica, podendo ser sentido na sínfise púbica; na 16ª semana o útero já está entre a sínfise púbica e a cicatriz umbilical; na 20ª semana o útero vai alcançar a cicatriz umbilical; acima da 20ª semana não é tão eficiente mensurar a altura uterina, sendo que quanto mais próxima do termino da gestação mais difícil será a mensuração (MARTINS-COSTA et al., 2017). Sabendo disso, é importante mencionar a técnica adequada para executar esse exame. Para isso, é necessário utilizar uma fita métrica que é colocada na borda superior da sínfise púbica até onde o fundo uterino se encontra com a paciente em posição litotômica (MARTINS- COSTA et al., 2017). Além disso, existem as manobras de Leopold-Zweifel, feita a partir do segundo trimestre, que consiste na palpação do útero pelo examinador com o intuito de mensurar a altura 12 uterina e a posição do feto, sendo realizada em 4 tempos (MARTINS-COSTA et al., 2017): • 1º tempo: o examinador, com as mãos encurvadas delimita o fundo do útero, observado qual polo fetal se encontra naquela localização (MARTINS-COSTA et al., 2017); • 2º tempo: oexaminador vai palpando o feto para identificar sua real posição, sendo que vai do fundo do útero a direção da pelve. Nesse tempo, vai conseguir observar qual a região do dorso e dos membros do feto, sendo importante para a ausculta cardíaca (MARTINS-COSTA et al., 2017); • 3º tempo: nesse tempo o examinador precisa identificar o quanto o feto está encaixado na bacia. Isso é feito com o polegar, dedo indicador e médio através da força exercida para lateralizar o feto (identificar o quanto o feto de move), e também é preciso comparar esses movimentos por meio da palpação do fundo uterino (MARTINS- COSTA et al., 2017); • 4º tempo: o examinador fica atrás da paciente e coloca as mãos sobre as fossas ilíacas, palpando em direção ao hipogastro e com 10 cm de distância de uma mão à outra. Esse tempo se verifica o grau de penetração do concepto no estreito superior da bacia (MARTINS-COSTA et al., 2017). Figura 1 – Manobras de palpação de Leopold-Zweifel 13 Fonte: MARTINS-COSTA et al., 2017 (p. 131). Existe uma curva que faz relação com a altura uterina e idade gestacional, em que foi padronizada e apresentada por Oppermann e colaboradores. Nessa curvatura, a cada vez que for mensurada a altura uterina, é necessário anotar e observar se está situada entre os percentis 10 e 90. Em casos de queda ou elevação brusca da curva, é preciso investigar possíveis distúrbios do crescimento fetal através da ultrassonografia (MARTINS-COSTA et al., 2017). Figura 2: Distribuição da altura uterina de acordo com a idade gestacional. 14 Fonte: MARTINS-COSTA et al., 2017 (p. 129). Das medidas obstétricas para avaliar o crescimento do feto, a ausculta dos batimentos cardíacos fetais se faz importante. Dessa forma, pode ser utilizado o estetoscópio de Pinard em gestantes de 20 a 22 semanas ou o sonar Doppler em gestantes de 10 a 12 semanas. Assim, através das manobras de Leopold-Zweifel, o examinador consegue localizar o quadrante que se encontra o dorso e a cabeça do feto, onde é o local usado para a ausculta cardíaca. Durante 60 segundo tem que se observar e quantificar os batimentos que devem estar entre 110 e 160 bpm que é considerado a normalidade. É importante destacar que acelerações transitórias em pelo menos 15 minutos, é normal e pode significar que o feto está fazendo movimentação (MARTINS-COSTA et al., 2017). 2.6 Discutir a relação do médico com a paciente grávida, frente à sua labilidade emocional. Ao ser mãe, muitas são as mudanças que se apresentam à mulher em termos físicos, psicológicos, familiares e sociais. Tudo isto passa a estar associado a inúmeros sentimentos que povoam o mundo psíquico das gestantes. Por isso, é de suma importância a compreensão da 15 necessidade de uma boa relação médico-paciente ao longo do acompanhamento à gestante, o que influencia não somente no psicológico da grávida, mas também na sua adesão ao pré-natal e facilita sua passagem por esse momento de tanta instabilidade emocional (PICCININI et al.; 2018). Neste contexto, um bom atendimento médico durante a assistência pré-natal tem um papel importante, não somente para os cuidados com a saúde das gestantes e seus bebês, mas também para as demandas emocionais, tanto da gestante como do pai do bebê. Ela pode servir para a redução de estresse e alívio das tensões e para aumentar os sentimentos de segurança da gestante (PICCININI et al.; 2018). Dessa forma, os sentimentos das mães em relação à gestação e ao seu bebê são influenciados não só pelo tipo de assistência pré-natal recebida, mas pela sua qualidade e também por procedimentos específicos que são utilizados neste processo. Por exemplo, a realização da ultrassonografia tem um impacto não só na saúde física da mãe e do bebê, mas também em termos emocionais, ao apresentar para a mãe o seu filho. Assim, é importante considerar que as questões de saúde física e emocional são aspectos inseparáveis durante esse processo de transição para a maternidade e de assistência pré-natal (PICCININI et al.; 2018). Portanto, quando o profissional da saúde não estabelece um vínculo com a paciente e não passa uma segurança emocional para ela, gera-se sofrimento, levando a um impacto emocional negativo. Então, fica clara a necessidade de apoio emocional durante a gravidez, por ser um período de intensas mudanças tanto na questão hormonal quanto em todos os aspectos da vida da mulher e de sua rede de apoio (PICCININI et al.; 2018). 2.7 Descrever a gravidez tubária e sua evolução. A gravidez tubária é a gestação ectópica mais comum, que consiste em fatores que interrompem o caminho do concepto até o endométrio para a nidação, e acaba desenvolvendo-se nas tubas uterinas. (VIANA FILHO et al., 2020) A gravidez tubária é diagnosticada com ultrassonografia mais o exame de beta-HCG sérico. Os achados da ultrassonografia são, geralmente, uma massa extra-ovariana, ou um anel tubário. A porção ampular da tuba uterina é a porção mais acometida das gestações tubárias. (VIANA FILHO et al., 2020) Há a gravidez tubária cornual, tubária (istmo) e a tubária ampular. Os sangramentos provindos dessa gravidez, na maioria das vezes são extraluminal, mas pode ser também intraluminal que extravasa pela extremidade fimbriada. Na maioria das vezes a hemoperitônio – 16 presença de sangue na cavidade peritoneal – exceto em caso de ruptura tubária (expulsão pela extremidade fimbriada) que consiste no aborto tubário. A involução do concepto ou ruptura ocorre por volta da oitava semana de gestação. (BEREK, 2014) 2.8 Entender os fatores hormonais na gravidez. A unidade decíduofetoplacentária é responsável por produzir uma quantidade extraordinária de hormônios esteroides, proteicos e neuropeptídio para auxiliar na fase gravídica da mulher. O fluxo funciona de forma unidirecional de nutrientes da mãe para o concepto, isso acarreta em ambiente favorável para o desenvolvimento no útero, o crescimento celular e o amadurecimento, além de sinalizarem o momento em que o produto está pronto para a vida extrauterina. A endocrinologia da gravidez é dividido em duas fases: Ovariana: corresponde às primeiras 8 a 9 semanas da gravidez, quando o corpo lúteo, estimulado pela gonadotrofina coriônica humana (hCG), é o principal responsável pela secreção de esteroides. Placentária: a partir de 8 a 9 semanas, o qual corresponde ao evento em que a placenta se incumbe da produção de esteroides em quantidades crescentes. O ovário é responsável por produz a relaxina, peptídeo cuja principal função é, juntamente com a progesterona, inibir a contratilidade espontânea do útero, o que é útil para a manutenção inicial da gravidez. (CARLOS, 2019). A placenta humana produz grande quantidade de esteroides, como o progesterona e o estrogênio. A sua atuação detém de falta de 17α-hidroxilase e, assim, não ocorre a conversão de esteroides C21 (pregnenolona e progesterona) nos produtos C19 (androgênios), que são precursores dos estrogênios. Dessa forma, ao contrário das gônadas e das suprarrenais, a placenta é um órgão incompleto no que diz respeito à elaboração dos esteroides. 17 Para a formação dos estrogênios, ela necessita, fundamentalmente, de precursores fetais para a síntese de progesterona. Nesse viés, conceitua-se unidade maternofetoplacentária. (CARLOS, 2019). Hormônios esteroides: • Progesterona O colesterol-LDL materno é ligado a um receptor específico no sinciciotrofoblasto, transportado por endocitose e hidrolisado em colesterol livre dentro da unidade dos lisossomos. No sinciciotrofoblasto, o colesterol é, então, convertido em pregnenolona pela enzima mitocondrial (20,22, desmolase). A pregnenolona é posteriormente transformada em progesterona pela enzima 3- β- hidroxiesteroide-deidrogenase. Nesse sentido, cerca de 90% é secretada na circulação materna, eo restante (10%), na circulação fetal. (CARLOS,2019). É fato que, apesar da placenta começar a sintetizar progesterona bem no início da gestação, antes de 8 a 9 semanas, a progesterona produzida pelo corpo amarelo gravídico é indispensável para o êxito da implantação e da placentação e, portanto, para a manutenção da gravidez. Após essa época, a progesterona placentária é suficiente para manter a gravidez, mesmo na ausência do ovário (transferência luteoplacentária). (CARLOS,2019). A progesterona produzida pelo trofoblasto é fundamental para a quiescência do miométrio ao reduzir o número de junções comunicantes existentes entre as células miometriais, indispensáveis para o sincronismo da contratilidade uterina, assim como para inibir a síntese de prostaglandinas. A produção de progesterona aumenta progressivamente com a evolução da gravidez, alcançado o seu máximo (300 mg/dia) poucas semanas antes do parto. (CARLOS, 2019). Estrogênios: A produção de estrogênios aumenta muito durante a gravidez (1.000 vezes), alcançando níveis de 80 mg/dia próximo ao termo. A maior quantidade de estrogênio produzida pela placenta é de estriol (E3), um esteroide encontrado na mulher não grávida como metabólito hepático do estradiol. 18 Como a placenta não tem a enzima 17α-hidroxilase, ela não pode sintetizar os esteroides C19 a partir dos precursores C21, pregnenolona e progesterona. Por isso, a zona fetal da suprarrenal do concepto, a partir do colesterol-LDL, sintetiza a pregnenolona e, por fim, o esteroide C19 sulfato de deidroepiandrosterona (DHEAS) pela ação da enzima 17α-hidroxilase. O DHEAS, uma vez na placenta, sofre a ação da sulfatase, transformando-se em androstenediona e, a seguir, em estrona, após a ação da enzima aromatase. (CARLOS, 2019). O DHEAS é secretado em grande quantidade pela suprarrenal fetal e convertido em sulfato de 16α-hidroxideidroepiandrosterona (16α-OHDHEAS) no fígado do concepto. Esses esteroides, DHEAS e 16α-OHDHEAS, são convertidos na placenta nos estrogênios, respectivamente, 17β-estradiol (E2) e estriol (E3), também sob a ação da aromatase. Perto do termo, metade do E2 é derivada do DHEAS proveniente da suprarrenal fetal e metade do DHEAS materno. Por outro lado, 90% do E3 na placenta origina-se do 16α-OHDHEAS fetal, e apenas 10% de outras fontes. Como os estrogênios, particularmente o estriol, originam-se, fundamentalmente, de precursor do concepto, esse hormônio foi usado no passado como teste de bem-estar fetal. Os estrogênios desempenham papel relevante na implantação da placenta ao induzirem uma vasodilatação do leito vascular uterino materno. Desse modo, atuam promovendo o crescimento uterino e o aumento do fluxo sanguíneo uteroplacentário. Os estrogênios da gravidez determinam a proliferação do sistema ductal mamário e, em conjunto com a progesterona, promovem o desenvolvimento do tecido glandular. Após o parto, a súbita cessação do estímulo estrogênio-progesterona possibilita o estabelecimento da lactação. (CARLOS, 2019). Gonadotrofina coriônica humana: O hCG é uma glicoproteína produzida pela placenta e formada por duas subunidades, α e β, ligadas por forças iônicas e hidrofóbicas. A subunidade α é idêntica as subunidades α dos hormônios glicoproteicos hipofisários: hormônio foliculestimulante (FSH), hormônio luteinizante (LH) e hormônio tireoide- estimulante (TSH). ( CARLOS, 2019). 19 As subunidades β dos hormônios glicoproteicos são únicas e conferem a eles as suas propriedades biológicas e imunológicas. Os níveis circulantes do hCG aumentam rapidamente 4 semanas após a implantação, dobram seus valores após 2 a 3 dias, atingem um pico por volta de 10 semanas e, depois da queda, se nivelam até o termo. O hCG refere-se, na verdade, a 4 moléculas independentes produzidas por células distintas e cada uma delas com função própria. O hCG (regular) é produzido pelo sinciciotrofoblasto, o hCG-hiperglicosilado (hCG-H) pelo citotrofoblasto, o hCG-β-livre por múltiplos tumores malignos não trofoblásticos e o hCG hipofisário pelas células gonadotróficas da hipófise anterior. ( CARLOS,2019). O hCG tem inúmeras funções, mas a principal é promover a produção de progesterona pelo corpo lúteo gravídico, até 3 a 4 semanas após a implantação. Depois desse prazo as células do sinciciotrofoblasto na placenta passam a assumir a produção de progesterona, até então realizada pelo corpo lúteo gravídico (transferência lúteoplacentária). O hCG-H promove a implantação normal pelo citotrofoblasto e o crescimento e a invasão das células do coriocarcinoma. A detecção de hCG-β-livre elevado é considerado sinal de mau prognóstico, vale dizer, de crescimento tumoral não trofoblástico. (CARLOS, 2019). 2.9 Descrever as formas de diagnósticos de uma gravidez. O diagnóstico precoce da gestação é fundamental para uma assistência pré-natal de qualidade. Como também, facilita a identificação correta da idade gestacional (IG), o que é decisivo para o acompanhamento correto da gestação. O diagnóstico de gestação é feito com base em dados clínicos (história e exame físico) e testes subsidiários. (MARTINS-COSTA, 2017) A história típica é a de uma mulher na menacme, com vida sexual ativa, sem uso de método contraceptivo, referindo atraso menstrual ou amenorreia secundária. (MARTINS- COSTA, 2017) Sintomas de presunção: Náuseas e vômitos no primeiro trimestre; Aumento do volume e da sensibilidade nas mamas; Polaciúria e nictúria; Percepção de movimentos fetais pela paciente; Mudanças no apetite (desejos alimentares); Fadiga, tontura, sialorreia, distensão 20 abdominal e constipação, dispneia, congestão nasal, cãibras, lombalgia. (MARTINS-COSTA, 2017) Sinais de presunção: Atraso menstrual de 10 a 14 dias ou amenorreia secundária; Congestão mamária e mastalgia, pigmentação das aréolas e surgimento dos tubérculos de Montgomery, aparecimento de colostro, rede venosa visível; Alterações na vulva e na vagina (coloração violácea vaginal, cervical e vulvar); Alterações no muco cervical (maior quantidade de muco e ausência de cristalização com padrão arboriforme); Alterações cutâneas (estrias, hiperpigmentação da face – cloasma e linha nigra). (MARTINS-COSTA, 2017) Sinais de probabilidade: Alterações em formato e consistência do útero (flexão do corpo sobre o colo uterino no toque bimanual – sinal de Hegar) e sinal de Nobile-Budin (preenchimento do fundo de saco vaginal pelo útero percebido ao toque vaginal); Consistência cervical amolecida; Aumento do volume abdominal. (MARTINS-COSTA, 2017) Sinais de certeza: Ausculta de batimentos cardiofetais (BCFs) (pela ultrassonografia [US] transvaginal a partir da 6 a semana; pelo sonar Doppler a partir da 10 a semana de gestação; e pelo estetoscópio de Pinard a partir da 18 a à 20 a semana); Sinal de Puzos (rechaço fetal intrauterino ao toque); Percepção de movimentos e partes fetais pelo examinador (a partir de 18-20 semanas). (MARTINS-COSTA, 2017) Batimentos cardíacos fetais: Batimentos cardíacos fetais (BCF) são detectáveis por Doppler manual (após 10 semanas de gestação) ou por fetoscópio (após 18 a 20 semanas de gestação). O batimento cardíaco normal é 110 a 160 batidas por minuto, com uma frequência cardíaca fetal mais alta observada no início da gravidez. (MARTINS-COSTA, 2017) Tamanho uterino/ Palpação fetal: O tamanho uterino pode ser usado para diagnosticar a gravidez secundária ao aumento uterino. Com o avanço da gestação, o feto pode ser apalpado através da parede abdominal materna (após 22 semanas) e a posição pode ser determinada pelas manobras de Leopold. (MARTINS-COSTA, 2017) 21 Diagnóstico ultrassonográfico de gestação O diagnóstico de gestação também pode ser confirmado por meio de US. O saco gestacional é visível precocemente (4-5 semanas de atraso menstrual). A partir de 6 semanas, deveser possível detectar BCFs pela US. (MARTINS-COSTA, 2017) A atividade cardíaca é discernível com 5 a 6 semanas via transvaginal, o broto dos membros com 7 a 8 semanas e os movimentos dos dedos e dos membros com 9 a 10 semanas. No final do período embrionário (10 semanas pela DUM) o embrião tem uma aparência humana. A idade gestacional pode ser determinada pelo comprimento craniocaudal entre a sexta e a 13ª semana gestacional, com uma margem de erro de aproximadamente 8, ou 3 a 5 dias. (MARTINS-COSTA, 2017) Diagnóstico laboratorial de gestação O diagnóstico laboratorial de gestação é feito com base na detecção da fração β da gonadotrofina coriônica humana urinária ou sérica. Ambas têm alta sensibilidade, porém, os testes urinários são menos sensíveis do que os séricos (bHCG). (MARTINS-COSTA, 2017) Aβ-hCG é produzida pelo trofoblasto e aparece na circulação materna pouco após a implantação trofoblástica, tornando-se detectável no plasma ou na urina em 8 a 9 dias após a ovulação. Níveis plasmáticos menores do que 5 mUI/mL são considerados negativos, e maiores do que 25 mUI/mL são considerados positivos. (MARTINS-COSTA, 2017) A β-hCG é produzida pelo trofoblasto e aparece na circulação materna pouco após a implantação trofoblástica, tornando-se detectável no plasma ou na urina em 8 a 9 dias após a ovulação. Níveis plasmáticos menores do que 5 mUI/mL são considerados negativos, e maiores do que 25 mUI/mL são considerados positivos. Os níveis de β-hCG crescem exponencialmente nas primeiras semanas, atingindo um pico de até 150.000 mUI/mL em torno de 8 a 10 semanas. 22 Entre a 10 a e a 20 a semana, os níveis tendem a cair e mantêm-se estáveis a partir da 20 a semana. (MARTINS-COSTA, 2017) Teste de gravidez de urina Uma amostra de anticorpo reconhecendo a subunidade de β -hCG é o teste laboratorial inicial feito no consultório para diagnosticar a gravidez. O teste é confiável, rápido (1 a 5 minutos) e barato, com um limiar de teste positivo entre 5 e 50 mlU/ml. caracterizado por uma mudança de cor. Este método é comum para confirmar a gravidez. (MARTINS-COSTA, 2017) Apesar de informações de fabricantes divulgarem precisão de até 99% desse exame, alguns estudos têm demonstrado sensibilidade de apenas 75% ou menos quando utilizados em situações reais, pelas próprias pacientes(MARTINS-COSTA, 2017) Teste de gravidez do soro: O β -hCG pode ser detectado dentro de sete dias após a concepção ou a uma idade menstrual de 21 dias de gestação. O limiar para um teste positivo pode ser tio baixo quanto 2 a 4 mJU/mL. Testes quantitativos em serie de β -hCG são usados para avaliar ameaça de aborto, gravidez ectópica ou uma gravidez molar. (MARTINS-COSTA, 2017) 23 3. CONCLUSÃO Diante de todo o exposto, foi possível discutir e compreender como ocorre todas as adaptações e modificações gravídicas, sendo elas fisiológicas e psicológicas, enfatizando como o médico deve atuar em tais alterações. Além disso, foi discutido o pré-natal segundo as orientações do Ministério da Saúde, destacando sua importância e considerando os exames clínicos e subsidiários e as principais orientações que devem repassadas à gestante. Por fim, relacionou-se as medidas obstétricas realizadas clinicamente com a avaliação do crescimento e vitalidade fetal, bem como a relação do médico com a paciente grávida. Além das principais alterações hormonais e exemes para diagnóstico da gravidez. 24 4. REFERÊNCIAS • BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Atenção ao pré-natal de baixo risco. 1. ed. rev. – Brasília: Editora do Ministério da Saúde, 2013. Disponível em: < https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/atencao_pre_natal_baixo_risco.pdf >. Acesso em 05 de out. 2021. • Berek e Novak : tratado de ginecologia / Jonathan S. Berek ; tradução Claudia Lúcia Caetano de Araújo, Tatiane da Costa Duarte. - 15. ed. - Rio de Janeiro : Guanabara Koogan, 2014. • Carlos Antônio Barbosa Montenegro, Jorge de Rezende Filho. Rezende: obstetrícia fundamental – 14. ed. – Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2019 • MARTINS-COSTA, S. et al. Rotinas em Obstetrícia. 7 ed. Artmed, 2017. • Piccinini, C. A. et al. Percepções e Sentimentos de Gestantes sobre o Pré- natal. Psicologia: Teoria e Pesquisa. Vol. 28, n. 1, pp. 27-33. Rio Grande do Sul, 2018. Disponível em: < https://www.scielo.br/j/ptp/a/DGwW4ZHVkPkSjVNyhX7G54Q/?lang=pt&format=pdf >. Acesso em: 04 out 2021. • REZENDE, Jorge. Obstetrícia fundamental, 13 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2014. • SAÚDE, Ministério da. Cadernos de Atenção Básica: atenção ao pré- natal de baixo risco. Brasília: Secretaria de Atenção À Saúde Departamento de Atenção Básica, 2012. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/cadernos_atencao_basica_32_prenatal.pdf. Acesso em: 04 out. 2021. • SOCIEDADE BENEFICIENTE ISRAELITA BRASILEIRA ALBERT EINSTEIN. Nota Técnica para Organização da Rede de Atenção à Saúde com Foco na Atenção Primária à Saúde e na Atenção Ambulatorial Especializada – SAÚDE https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/atencao_pre_natal_baixo_risco.pdf https://www.scielo.br/j/ptp/a/DGwW4ZHVkPkSjVNyhX7G54Q/?lang=pt&format=pdf https://www.scielo.br/j/ptp/a/DGwW4ZHVkPkSjVNyhX7G54Q/?lang=pt&format=pdf 25 DA MULHER NA GESTAÇÃO, PARTO E PUERPÉRIO. São Paulo: Hospital Israelita Albert Einstein: Ministério da Saúde, 2019. Disponível em: < https://atencaobasica.saude.rs.gov.br/upload/arquivos/202001/03091259-nt-gestante- planificasus.pdf >. Acesso em 05 de out. 2021. • VIANA FILHO, Carlos Henrique França et al. ACHADOS ULTRASSONOGRÁFICOS NOS DIFERENTES TIPOS DE GRAVIDEZ ECTÓPICA. 2020. Disponível em: https://sbus.org.br/congresso/2020/wp- content/themes/congresso-sbus/assets/img/trabalho-Congresso-2020- 15968376875f2dcf37c82ce.pdf. Acesso em: 05 out. 2021. • ZANATTA, Edinara; PEREIRA, Caroline Rubin Rossato; ALVES, Amanda Pansard. A experiência da maternidade pela primeira vez: as mudanças vivenciadas no tornar-se mãe. Pesqui. prát. psicossociais, São João del-Rei , v. 12, n. 3, p. 1-16, dez. 2017 . Disponível em <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1809- 89082017000300005&lng=pt&nrm=iso>. acessos em 05 out. 2021. https://atencaobasica.saude.rs.gov.br/upload/arquivos/202001/03091259-nt-gestante-planificasus.pdf https://atencaobasica.saude.rs.gov.br/upload/arquivos/202001/03091259-nt-gestante-planificasus.pdf file:///C:/Users/Oceanpact/AppData/Roaming/Microsoft/Word/%3chttp:/pepsic.bvsalud.org/scielo.php%3fscript=sci_arttext&pid=S1809-89082017000300005&lng=pt&nrm=iso%3e file:///C:/Users/Oceanpact/AppData/Roaming/Microsoft/Word/%3chttp:/pepsic.bvsalud.org/scielo.php%3fscript=sci_arttext&pid=S1809-89082017000300005&lng=pt&nrm=iso%3e
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