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Direito da Organização Administrativa 
Apontamentos Aula 
18/02/2013 
 
Prof. – João Pacheco de Amorim 
 
Manual 
 Sumários Desenvolvidos (guião) – o prof. vai dar para copiar 
 Noções Fundamentais do Direito Administrativo (28,01€) – Almedina 
 Ver se quero sumários Desenvolvidos – Vieira de Andrade 
 Legislação – trazer Código do Procedimento Administrativo + Constituição. 
 Procurar compilações de Legislação 
 
Cadeira difícil – diz o Prof. 
DOA (OT) 
20/02/2013 
Prof. (João Apolinário) diz que a cadeira é essencialmente teórica 
2 testes de avaliação contínua + 1 trabalho 
 
Prof. vai dar temas para a apresentação oral 
 A apresentação oral dispensa a entrega de papeis. Nem sequer se pode ler 
durante a apresentação – só se pode trazer tópicos. 
 
Tema para trabalho: Contencioso Administrativo 
 
E-mail do Prof. – joao.apolinario@sapo.pt 
 
 
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Direito da Organização Administrativa 
Apontamentos Aula 
25/02/2013 
• INTRODUÇÃO 
o Noção de Administração Pública 
o Noção de Direito Administrativo 
o Noção de Interesse Público 
O Direito Administrativo é o ramo do Direito Público formado por um conjunto de 
normas que têm uma lógica própria. Normas que regulam a organização, o 
funcionamento e a actividade da Administração Pública. 
Organização Administrativa – modo como funciona a Administração Pública. Quais os 
Entes (órgãos) e tarefas respectivas. 
Funcionamento – modo como interagem, entre si, os órgãos. 
Actividade da Administração Pública – modo como os entes se relacionam com o 
exterior (sociedade, pessoas). 
Direito Administrativo – Ramo do Direito Público com princípios e regras que têm por 
objecto a organização, funcionamento e actividade (externa). 
Estas normas têm por fim um objectivo específico que é o Interesse Público. 
 
Toda a norma do Direito Administrativo visa o interesse público mas não 
exclusivamente. Visa também a protecção dos particulares. 
 
O Direito Administrativo, figurado na balança da justiça, não teria os pratos com o 
mesmo peso. O Direito Administrativo dá primazia ao interesse público. 
 
O poder executivo é a Administração Pública. 
 
O 4º Poder (político) compete principalmente ao Presidente da República. 
O P.R. exerce (exclusivamente) a função política. 
 
A Administração Pública (poder executivo) compete ao Governo e a todos os seus 
ministérios e serviços. 
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Direito da Organização Administrativa 
Apontamentos Aula 
 
• Separação Horizontal dos Poderes 
o Judicial, Executivo, Legislativo 
 
• Separação Vertical dos Poderes: 
o Poder Estadual 
o Poder Local 
o Poder regional (Madeira e Açores) 
O Direito Administrativo vai regular conflitos entre a Administração Pública e os entes 
particulares. 
É esta que lida com os sujeitos privados que compõem a sociedade. 
 
A administração pública defende o interesse público como o seu próprio, sobrepondo-
se aos interesses dos particulares com primazia para o interesse público. 
Por oposição, no privado, “a balança estará sempre equilibrada”. 
O Direito Penal também é Direito Públio porque interessa a todos. 
 
O Direito Administrativo é um Direito recente (tem apenas 200 anos) porque só de há 
200 anos para cá é que o poder está sujeito ao Direito (graças ao Constitucionalismo). 
 
A função Administrativa existe desde que existe o conceito de Estado (baixa idade 
média) em resultado da concentração de poderes no Rei. 
Com o advento do Constitucionalismo, o poder sujeita-se ao Direito 
ESTADO DE DIREITO 
Teorias Distintivas (Dto. Público / Privado) 
• Teoria dos Interesses 
• Teoria da Posição dos Sujeitos 
(prof. não referiu a terceira teoria) 
 
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Direito da Organização Administrativa 
Apontamentos Aula 
 
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 
Administra – vai gerir recursos em benefício da comunidade. 
É pública porque quem beneficia da sua actividade é a comunidade, com a satisfação 
de necessidades da comunidade. 
As necessidades perseguidas pela Administração Pública são escolhidas pelo Legislador 
(Constituição + Assembleia da República + autarquias), ou seja, os órgãos político-
administrativos. 
Noção de Interesse Público 
Os interesses públicos são interesses cuja realização é confiada à Administração 
Pública pelo Legislador. 
Estes interesses são gerais e colectivos (não particulares). 
As generalidades de pessoas não são sempre iguais – veja-se o caso das autarquias em 
que a comunidade já está restringida. 
Princípio da Legalidade (o Direito Administrativo) 
 
Princípio da prossecução do Interesse Público: Fim prosseguido pela Administração 
Pública – fixado pelo legislador como necessidades indispensáveis para a comunidade 
organizada politicamente. 
D.O.A. (OT) 27/02/2013 
Tema para trabalho (apresentação Oral): – 03/04/2013 
Modelos de Contencioso Administrativo 
Manual do Prof. Vieira de Andrade – Justiça Administrativa. 
D.O.A. (P) 27/02/2013 
Necessidades Colectivas – indistintamente sentidas por todos e qualquer um dos 
membros de uma comunidade. 
 Passam a Interesse Público depois de fixadas como tal, por lei. 
 
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Direito da Organização Administrativa 
Apontamentos Aula 
 
Interesse Público 
• Primário – mais altos valores de uma Sociedade / Comunidade 
• Secundários – feixes concretos de Interesses Públicos que advêm dos Interesses 
Públicos Primários. 
Os Interesses Públicos Primários não variam muito. São mais intemporais e estanques. 
Os Interesses Públicos Secundários são muito mais variáveis, até porque dependem de 
opções legislativas. 
Os Primários resultam sem dúvidas de opções políticas. 
Os Secundários de opções legislativas. 
 
Distinções meramente dogmáticas 
• sentido material 
• sentido formal 
• sentido funcional 
• sentido organizatório 
Sentido material – de entre as actuações e funções do Governo (legislativa, política e 
executiva), só falamos de Administração Pública no âmbito da função executiva. 
Sentido formal – quais as formas pelas quais a Administração aparece e manifesta a 
sua vontade (normativa): 
1. Regulamento Administrativo 
2. Acto Administrativo 
3. Contrato Administrativo 
1 – Regulamento Administrativo – Conjunto de Normas jurídicas emanadas pela 
Administração Pública no desempenho da função administrativa. 
2 – Acto Administrativo - Estatuição autoritária, emanada por um sujeito de 
Direito Administrativo, no uso de poderes de Direito Administrativo, relativa a um 
caso individual e/ou concreto e que assim visa produzir efeitos jurídicos externos 
positivos ou negativos. 
 
Semelhanças: 
Ambos são actos jurídicos da Administração 
Diferenças: 
 - O regulamento, como norma jurídica, apresta as características das normas: 
geral e abstracto. 
 - O Acto é individual e concreto, ou seja, aplica-se a um, ou um conjunto de, 
destinatários determinado ou determinável e a concretude verifica-se pelo facto 
de esgotar todos os seus efeitos numa única aplicação. 
 
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Direito da Organização Administrativa 
Apontamentos Aula 
Sentido funcional – actuação (com poderes) com vista à finalidade da prossecução do 
Interesse Público. 
 
Sentido Organizatório: (nada a apresentar) 
D.O.A. (T) 04/03/2013 
 
Noções: 
 
Administração – Gerir recursos escassos 
 
Conjunto de Entidades, órgãos e serviços, ordenados entre si que executam Interesses 
Públicos. 
Desempenham tarefas orientadas para as necessidades dos Interesses Públicos. 
 
Interesse Público (Conceito) 
 
Princípio da Legalidade – No Estado de Direito, a Administração só dispõe dos poderes 
conferidos pelo Legislador. 
 
Os actos da Administração Pública estão sempre vinculados a um interesse público 
secundário. 
 
Exemplo: 
 
1. 
• Poder de licenciamento de construção; 
• Não há PDM 
• Câmara recusa licenciamento com base em falta de policiamento/segurança. 
 
Problema: a segurança está fora das atribuições autárquicas. A segurança é da 
responsabilidade do Ministério da Administração Interna, logo, a Câmara não podia 
recusaro licenciamento com este fundamento. 
 
2. 
• Funcionário entra para a função pública e decorre o período probatório; 
• A pessoa incorre em infracções disciplinares; 
• O dirigente não o admite por via da avaliação do período probatório como 
forma de sancionar o funcionário pelas infracções disciplinares; 
• Para fins disciplinares, não pode ser usada a competência da avaliação 
profissional 
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Direito da Organização Administrativa 
Apontamentos Aula 
Conclusão: 
 
A Administração está “amarrada” aos fins específicos (interesses secundários). 
O Interesse Público primário compete ao legislador. Compete-lhe também os 
secundários e a Administração Pública, só a estes pode respeitar. 
 
Temos muitos interesses públicos secundários que o legislador entendeu confiar à 
Administração Pública. 
 
Diferentes graus de Interesse Público (com campos de intervenção diferenciados) 
 
• Exclusividade das águas potáveis (até aos anos 90) 
• Grau em que o estado proporciona mas permite a oferta por particulares 
(saúde, transportes e ensino). 
• Graus em que a Administração só fiscaliza (Construção) 
• Grau sem fiscalização específica (panificação, calçado, vestuário) 
 
D.O.A. (OT) 06/03/2013 
 
Administração Pública 
 
 Sentido Formal 
 Aula anterior 
 Sentido Material 
 
Sentido Orgânico 
 
A Administração Pública é prosseguida por pessoas colectivas públicas que têm órgãos 
que, por sua vez, têm pessoas físicas. 
Os poderes das pessoas colectivas públicas designam-se por atribuições (feixes 
individualizados e concretos de interesses públicos). 
Os poderes/deveres dos órgãos chamam-se competências que podem surgir de forma 
originária ou derivada. 
As competências podem ser criadas por lei ou delegação de poderes. 
Pessoas físicas – agem por legitimação – Nexo de ligação entre pessoa e órgão. 
 
 
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Direito da Organização Administrativa 
Apontamentos Aula 
A Administração Pública não é una. Tem vários patamares e órgãos 
 
Administração Estadual 
Directa 
Administração Estadual 
Indirecta 
Administração Autónoma 
Prosseguem-se interesses 
públicos do Estado 
Prosseguem-se interesses 
públicos do Estado 
Prosseguem-se os 
interesses da própria 
entidade ou pessoa 
colectiva (ex.: autarquias 
locais) 
Estas duas distinguem-se pelo seguinte critério: 
Órgãos do Estado a 
prosseguir o interesse 
público do Estado 
Interesse público 
prosseguido por outros 
órgãos ou pessoas 
colectivas pública (por ex.: 
Empresas Públicas; 
Fundações Públicas e 
serviços personalizados do 
Estado 
 
Administração Estadual 
Directa Central – todo o 
território 
 
Administração Estadual 
Directa Periférica – órgãos 
do estado cuja 
competência é circunscrita 
a uma parcela do território 
nacional (ex. serviço local 
de finanças) 
 
Poderes de cada um destes patamares: 
Desconcentração – Divisão 
de poderes pelos vários 
órgãos dentro da mesma 
pessoa colectiva que pode 
ser: Originária ou Derivada 
Originária – sempre que a 
Lei fixe directa e 
imediatamente a 
competência de um órgão 
administrativo 
Derivada – sempre que a 
Lei (Lei Habilitante) 
apareça a permitir que um 
órgão possa delegar (e 
sub-delegar) as suas 
competências noutro 
órgão administrativo 
Desconcentração 
Personalizada ou 
Desconcentralização – 
divisão por várias pessoas 
colectivas que dividem o 
poder; Estas têm 
autonomia financeira 
(orçamentos próprios) e 
patrimonial (pelas 
responsabilidades destas 
entidades responde o 
património da entidade; 
têm também autonomia 
administrativa 
Descentralização – Divisão 
de poder por pessoas 
colectivas distintas do 
Estado que prosseguem 
interesses próprios. 
 - Multiplicidade de 
interesses públicos 
próprios. 
 - Verdadeira autonomia 
dessas pessoas colectivas 
 - Autonomia – grau 
superior de autonomia 
(mais que as 
personalizadas) – 
autonomia de taxas e 
fixação de preços. 
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Direito da Organização Administrativa 
Apontamentos Aula 
 
Desconcentração (Esquema) 
 
 Governo Poderes 
 (nº de pessoas) (Quantidade de poderes) 
 
 
 
 
 
 
Noção: 
Delegação de Competências – ambos os órgãos detêm a competência. O 1º órgão 
apenas permite que o outro também legisle naquela área. 
 
Continuação do Quadro 
 
Administração Estadual 
Directa 
Administração Estadual 
Indirecta 
Administração Autónoma 
 
Características da 
autonomia: 
- autonomia necessária 
porque imposta 
Constitucionalmente 
- genérica – que resulta da 
multiplicidade de 
interesses; 
 - autonomia democrática 
 
Critério da decisão da titularidade da decisão sobre o interesse: 
Em casos que o interesse é simultaneamente do Estado e da Autarquia Local, resolve-
se a questão da seguinte forma: não se discute a titularidade mas sim as tarefas do 
Estado e da Autarquia. 
 
Formas de Controlo do Governo sobre cada um dos níveis (3) anteriores: 
• Administração Estadual Directa – Poder de Direcção – o órgão que dirige pode 
fixar ao órgão dirigido quer os fins, quer os meios através dos quais atinge 
esses fins. 
• Administração Estadual Indirecta – Poder de Superintendência – o órgão que 
superintende tem a possibilidade de fixar os fins ao órgão superintendido mas 
não os meios através dos quais atinge esses fins. 
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Direito da Organização Administrativa 
Apontamentos Aula 
 
• Administração Autónoma – Tutela – a tutela tem duas vertentes: 
o Fiscalização da legalidade (conformidade das actuações com a Lei) 
o Fiscalização do mérito do órgão tutelado (conveniência e oportunidade 
da actuação) 
Entre nós, só a vertente da fiscalização é aceite como forma de fiscalização das 
entidades autónomas pois de outra forma desapareceria a multiplicidade de 
interesses. 
 
D.O.A. (T) 11/03/2013 
 
Grandes Princípios do Direito Administrativo 
 
Princípio da Legalidade – cada órgão administrativo está “amarrado” à Lei por 
contraste com o antigo regime dos poderes absolutistas. Por força deste princípio a 
Administração pública não goza da liberdade dos privados que podem fazer tudo o que 
a Lei não proíba. Os particulares escolhem os fins que prosseguem na sua actuação 
jurídica desde que não atente contra a Lei. 
 
Nas relações jurídico-administrativas a Administração Pública é titular de 
Poderes/Deveres ao passo que o particular é titular de direitos e obrigações. 
 
Em determinadas situações, a Administração Pública não tem qualquer liberdade de 
actuação visto que o legislador já prevê antecipadamente os interesses conflituantes e 
resolve-os também antecipadamente, pela norma. 
A Administração já sabe o que fazer quando se verifica a situação ou problema na vida 
real – Competências ou Poderes (estritamente) vinculados. 
A Administração não tem qualquer escolha na solução. Isto é cada vez mais raro na 
medida em que o legislador sente-se cada vez mais impotente para prever tudo. 
Assim, delega à Administração a solução a dar ao caso – Competência ou Poder 
Discricionário. 
 
O Poder Discricionário não se aproxima do poder dos particulares porque, no mínimo, 
está vinculado à prossecução do Interesse Público. 
Na competência discricionária temos uma lacuna intra-legal (dentro da legislação) e a 
solução só ficará completa através de uma actuação discricionária da Administração 
Pública com vista ao Interesse Público. 
 
No poder vinculado, pelo contrário, basta a actuação da Administração para se obter o 
Interesse Público que já foi pensado pelo Legislador. 
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Direito da Organização Administrativa 
Apontamentos Aula 
 
O Poder Discricionário traduz-se assim numa escolha de meios e não de fins. Por isso 
os poderes da Administração são “funcionais”. 
A Administração vai ter de realizar operações de interpretação da lei e preenchimento 
de lacunas. O órgão poderá ter que escolher uma de várias interpretações possíveis. 
Neste caso, a interpretação correcta é fixada depois pelos Tribunais, após recurso dos 
particulares para os Tribunais. 
 
 
Isto não é poder discricionário. Aquio problema interpretativo é uma falha do 
legislador. No Poder Discricionário, pelo contrário, a lacuna é deliberada pois trata-se 
de uma delegação para que a Administração adeque a solução a cada caso. 
 
 
Administração Pública sujeita à Lei 
Isto manifesta-se por várias vertentes: 
1. Princípio da Prevalência ou Primado ou Proeminência da Lei 
Significa que a actuação da Administração nunca pode contrariar/violar a Lei. 
Se o fizer, os actos da Administração tornam-se inválidos, sejam eles um 
regulamento, um acto ou um contrato administrativo. 
2. Princípio (ou vertente) da Precedência da Lei 
Só pode fazer (actuar) aquilo que lhe é especificamente permitido por uma lei 
prévia. Lei essa que enuncie as condições da actuação ou pressupostos, os fins, 
a competência, etc. A lei pode no entanto conferir poderes discricionários, mas 
sempre no seguimento de uma Lei. 
 
A Administração Pública é titular de poder de império a que os particulares estão 
subordinados (caso das expropriações para estradas). Isto não significa no entanto o 
total sacrifício dos interesses dos particulares. 
Assim, o Direito Público exprime sempre uma tensão entre os interesses públicos e os 
direitos dos privados. 
 
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Direito da Organização Administrativa 
Apontamentos Aula 
 
D.O.A (OT) 13/03/2013 
 
 Administração Pública Estadual Directa 
 
 Governo 
 
 M. Finanças 
 
 Secretário de Estado 
 
 Subsecretário de Estado 
 
 Direcção Regional de Finanças 
 
 Serviço de Finanças Local 
 
 
 
 
Administração Pública Estadual Indirecta 
 
Estado PCP’s 
 
 
 Institutos 
 
D.O.A. (P) 13/03/2013 
 
Evolução Histórica 
 
Época Moderna 
• Estado de Polícia (Séc. XV a XVI) 
o Estado absolutista (concentração do poder legislativo, executivo e 
judicial) 
o Poder de Origem Divina e, posteriormente, Racional – poder atribuído 
ao mais racional com o objectivo de engrandecimento da Nação. Tenta-
se assim explicar que o poder não era exercido de forma arbitrária. 
 
No entanto, porque é uma pessoa a fazer tudo, há abusos. 
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Direito da Organização Administrativa 
Apontamentos Aula 
 
No Estado de Polícia não há muitas hierarquias. Há o Rei e todos os outros estão 
abaixo por igual. 
 
No Iluminismo os horizontes abrem-se e percebe-se que o Rei não é tão iluminado 
assim… 
 
A Administração Pública surge no Estado de Polícia que consistia nas 
equipas/funcionários de que se rodeava o Rei. 
 
O Rei não está sujeito ao Direito porque o Rei/Poder não está sujeito à Lei. 
 
Isto leva à revolta dos súbditos que reclamam a sua cidadania e vêem os seus direitos 
atropelados. 
 
“The King can do no Wrong” 
 
Revoluções Liberais (Revolução Francesa – 1789) 
• Implementação da separação dos poderes 
o Daqui surge o nosso Direito Administrativo com vista à defesa dos 
Direitos dos Particulares (de abusos); 
o Surge o Princípio da Legalidade Administrativa 
O poder legislativo controla agora as decisões que antes competiam ao Rei. 
 
Com o Princípio da Legalidade surgem: 
• O Primado de Lei 
o havendo lei, não pode ser contrariada pela Administração Pública (na 
sua actividade) 
o adquire vertente negativa enquanto limite da actividade Administrativa. 
o Não havendo Lei não há limite (crítica e problema) 
o Mero princípio de prevalência da lei. 
• Reserva de Lei 
o Matérias estritamente reservadas ao parlamento nas quais a 
Administração Pública não pode tocar nomeadamente liberdade e 
propriedade. 
 
Depois do Estado Liberal vem o: 
 
 
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Direito da Organização Administrativa 
Apontamentos Aula 
 
Estado Social de Direito 
 
O Liberalismo caiu com a 1ª Guerra Mundial a que se segue a crise de 1929 (super 
produção) e quando a Europa se recompõe da 1ª Guerra deixa de comprar aos EUA. 
Depois a 2ª Guerra Mundial… 
Com tudo isto entramos no Estado Social de Direito. 
 
Os Estados são novamente chamados a intervir na Economia. Assim, a Administração 
Pública cresce exponencialmente. 
 
Alterações ao Princípio de legalidade (em sentido estrito) 
 
• Alterações ao Princípio do Primado de Lei – junta-se-lhe uma vertente positiva 
na medida em que, quando não houver lei, a Administração Pública não pode 
actuar, ou seja, a Lei é fundamento da actuação da Administração Pública que 
só pode actuar se houver lei a permiti-lo (precedência) 
 
• O Princípio da Reserva de Lei também é afectado, do que é exemplo a reserva 
absoluta da nossa CRP (164º), ou seja, muito mais matérias reservadas ao 
parlamento. 
 
No Estado Social somam-se ao princípio da legalidade os princípios gerais de Direito 
mais os princípios próprios do Direito Administrativo – Mais possibilidades de controlo 
judicial. 
 
Tem que se respeitar tudo isto – Princípio de Reserva Total de Direito e Princípio da 
Juricidade. 
 
Hoje temos 
 
Um estado pós-social – tendência para o estado “se livrar” de funções para 
particulares (privatizações) porque chegou a um ponto de ruptura – Neoliberalismo. 
D.O.A. (T) 18/03/2013 
 
Conceitos: 
Administração Pública em sentido subjectivo ou orgânico – Abrange todas as 
administrações nos seus vários níveis – É o sentido mais corrente quando nos 
referimos à Administração Pública (ou aos Entes Públicos). 
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Direito da Organização Administrativa 
Apontamentos Aula 
 
Administração Pública em sentido Objectivo – aqui entende-se a actividade dos 
sujeitos ou entes que compõem a Administração Pública: 
• Funcional – atendemos à actividade indiferenciadamente 
• Material – actividades que apresentam as características típicas daquilo que é 
suposto ser a Administração Pública – Conjunto Típico de Tarefas 
o Formal – circunscreve-se aos actos jurídicos típicos da função 
administrativa (como por exemplo o regulamento administrativo, o acto 
administrativo e o contrato administrativo), emanados já pela própria 
Administração Pública. (Nota: o contrato é negócio jurídico). 
 
Administração Pública em sentido Organizativo – conjunto de entidades, órgãos, 
serviços e agentes a quem é confiada pela Constituição ou pela Lei a satisfação do 
Interesse Público no dia-a-dia, na vida concreta. 
Estas Entidades funcionam de forma articulada entre si. 
• Pessoas Colectivas Públicas – Pessoas morais de natureza pública que têm à 
cabeça o Estado e abaixo as regiões autónomas – Entes Públicos Maiores; 
• Entes Públicos Menores – os restantes, tais como as autarquias, freguesias, 
municípios, institutos públicos e associações públicas. 
Ao nível da Administração Estadual temos o Estado, Institutos Públicos, Fundações 
Públicas, e Entidades Públicas Empresariais (Ex.: CP; Refer; Hospitais) 
 
Nas Entidades (Empresas???) Públicas Empresariais o Estado detém a totalidade do 
capital societário. 
 
Ao nível da Administração Autónoma temos: 
• a administração autónoma territorial – freguesias, municípios e respectivas 
associações 
• a administração autónoma funcional – associações públicas (ordens 
profissionais) e universidades públicas. 
 
Até aqui temos a Administração Pública Clássica!!! 
 
Nas últimas décadas deu-se um fenómeno: 
a fuga para o Direito Privado – atribuição a pessoas colectivas privadas – Soc. 
Comerciais, cooperativas, associações – todos privados – criados por acto negocial – 
regidos pelo direito privado (comercial ou civil) – são materialmente privadas mas 
substancialmente públicas. É uma fuga ao espartilho do Direito Público e dos 
controlos. 
 
Dentro do 
Sentido Material 
16 
Direito da Organização Administrativa 
Apontamentos Aula 
 
Administração do Estado: 
1. Administração Estadual Directa 
2. Administração Estadual Indirecta 
3. Administração Estadual Independente 
 
1. Administração Estadual Directa - Constituída por órgãos e serviços do ente 
Estado. No topo está o governo e os seus ministros e secretários de estado – 
Órgãos e serviços sem personalidade jurídica própria – são todos o Estado. Os 
órgãos podem ser individuais.2. Administração Estadual Indirecta - Constituída pelos Institutos Públicos, 
Entidades Públicas Empresariais e pelas Fundações Públicas de Direito Público – 
São pessoas colectivas públicas mas que são criadas por razões funcionais. Têm 
uma certa autonomia. São uma ficção jurídica. Os seus dirigentes são 
livremente nomeados e demitidos pelo governo. 
3. Administração Estadual Independente - Sendo exemplo o Instituto de Seguros 
de Portugal, é constituída pela maioria das entidades reguladoras 
independentes como o Banco de Portugal, CMVM, ERSE, ANACOM, etc. 
Não prestam contas ao parlamento. Não têm legitimidade democrática. O 
governo não é responsabilizado pelas acções destas entidades 
 
D.O.A. (OT) 20/03/2013 
 
Apresentação da Graça – Evolução Histórica da Administração Pública. 
 
D.O.A. (P) 20/03/2013 
 
 
Sistemas de Administração 
São 2 os sistemas (puros) 
 
1 – Sistema Britânico ou de Administração Judiciária 
2 – Sistema Francês ou de Administração Executiva 
 
17 
Direito da Organização Administrativa 
Apontamentos Aula 
 
 
1 – Sistema Britânico ou de 
Administração Judiciária 
2 – Sistema Francês ou de Administração 
Executiva 
Fortemente desconcentrado e também 
fortemente descentralizado 
Mais Centralizado e concentrado 
Tem por característica a inexistência de 
um Direito Público. As relações jurídicas 
entre a administração e particulares são 
reguladas nos mesmos modos das 
relações entre particulares. Não há 
Direito Público 
No modelo francês há um conjunto de 
regras para regular as relações entre a 
administração e os particulares, ou seja, 
há Direito Público. 
A força jurídica das decisões da administração é diferente nos dois sistemas: 
As decisões da administração não têm 
força jurídica própria 
As decisões da administração têm força 
jurídica – são executivas 
Não existem tribunais especializados em 
razão da matéria administrativa; são os 
tribunais comuns que julgam 
Existem os Tribunais Especializados em 
razão da matéria administrativa – 
Tribunais Administrativos 
Em Portugal / Modelo Português 
• É relativamente centralizado ao nível do sistema administrativo 
• Existe Direito Administrativo 
• Quanto à força jurídica das decisões, têm força jurídica própria as decisões da 
administração 
• Quanto aos Tribunais, temos os Tribunais Administrativos e Fiscais 
 
D.O.A. (P) 03/04/2013 
 
1º Teste – Matéria 
• Conceito de Interesse Público 
• Conceito de Administração Pública 
o Sentido Organizatório 
o Sentido Funcional 
o Sentido Material 
o Sentido Formal 
• Evolução Histórica 
o Princípio da Legalidad 
� Surgimento e função 
• Sistemas de Administração (Britânico e Francês) 
 
 
18 
Direito da Organização Administrativa 
Apontamentos Aula 
 
Funções do Estado 
Função Política Vs Função Administrativa 
 
Função Política – função primária do Estado – Definem-se os interesses gerais da 
comunidade; 
 
Distingue-se da administração pelos seguintes critérios: 
1. Quando ao fim 
a. Política – fins do estado; interesses gerais 
b. Administrativa – prossecução (dos interesses gerais) 
2. Quanto ao objecto 
a. Política – definir as prioridades dentro do Estado 
b. Administrativa – satisfação das necessidades 
3. Quanto à natureza 
a. Política – inovador a e livre (função primária) 
b. Administração – carácter secundária - função executiva 
 
Função Legislativa Vs Função Administrativa 
Função Legislativa – Transformação dos valores (políticos) em Lei/Regras; também é 
função primária (inovadora e livre – tem como único limite a CRP) 
Função Administrativa – função secundária – princípio da legalidade – a lei é 
fundamento e limite 
 
Função Judicial Vs Função Administrativa 
 
Ambas são funções secundárias 
 
Função Judicial – compete-lhe dirimir/julgar litígios 
Função Administrativa – compete-lhe gerir a coisa pública 
 
O Exercício da função judicial é jurídico (interpretação e aplicação da Lei aos casos 
concretos) 
A administração vai além da função jurídica, logo é concreta (com vista ao interesse 
público) 
Os Tribunais tendem a prosseguir interesses subjectivos concretos (legalmente 
protegidos) e particulares 
A administração prossegue interesses gerais e públicos. 
19 
Direito da Organização Administrativa 
Apontamentos Aula 
 
D.O.A. (T) 08/04/2013 
 
Administração Pública em Sentido Organizatório 
(Ver livro) 
 
Nota: 
Órgãos – instâncias decisoras (titulares) 
Serviços – instâncias auxiliares que preparam e executam (agentes) 
 
Da Administração Pública ficam de fora os Tribunais. Na realidade, os funcionários 
judiciais reportam apenas aos juízes. O Ministério da Justiça não interfere nos 
Tribunais. 
Fica de foram o parlamento e os seus funcionários bem como o Presidente da 
República (função política) 
 
Dois grandes níveis da administração pública 
1. Estadual 
2. Autónoma 
D.O.A. (OT) 10/04/2013 
 
Faltei a esta aula – Ver se há apontamentos 
D.O.A. (P) 10/04/2013 
 
A passagem ao Estado Social teve como grandes novidades: 
 
O Princípio da Reserva Total de Direito – limitação da actividade administrativa pela Lei 
mais os princípios gerais de Direito mais os princípios próprios do Direito 
Administrativo. 
 
Antes apenas o princípio da legalidade limitava a actividade administrativa. 
 
Os Tribunais podem sempre sindicar – assim, temos também o princípio da 
juridicidade o qual norteia toda a actuação da administração pública. 
 
Questões do teste anterior (ver e-mail da Beatriz) 
 
Nota do Prof. – responder apenas ao que é perguntado 
 
1. Princípio da Legalidade 
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Direito da Organização Administrativa 
Apontamentos Aula 
a. Princípio do Primado de Lei 
i. Prevalência da lei 
ii. Precedência da lei 
b. Princípio da Reserva de Lei 
 
Reserva Total de Direito 
• Princípios Gerais de Direito 
• Princípios Próprios de Direito Administrativa 
 
Possibilidade do controlo jurisdicional – juridicidade. 
D.O.A. (T) 15/04/2013 
 
 Territorial (1) – Entes – freguesias, Municípios, etc. 
Administração Autónoma 
 Funcional (2) 
 
1. – auto-governo – governados por órgãos representativos – CRP – Tutela de 
mera Legalidade (art.º 242º CRP) – Poderes de Controlo 
Tutela Inspectiva (Inspecção Geral de Finanças) 
2. Associações Públicas; Universidades Públicas – Professor entende que 
defendem interesses estaduais. Ordens profissionais – Ordem dos Advogados – 
ao fiscalizar os advogados prossegue interesses estaduais quando, por exemplo 
sanciona um advogado. 
 
Administração Pública em Sentido Objectivo 
 
D.O.A. (OT) 10/04/2013 
 
Revisões para o teste 
 
Sentido Material e Formal da Administração Pública – Eleger de entre todas as 
actuações da Administração Pública aquelas que correspondem materialmente ao 
exercício da função administrativa. 
A Administração tem uma actividade que vai além da actividade executiva: 
• Actos políticos (não se integram no conceito material) 
• Actos legislativos (não se integram no conceito material) 
• Actos privados ao abrigo do Direito Privado (não se integram no conceito 
material) 
Tirando estes actos resta-nos a Administração Pública no exercício da função 
administrativa. 
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Direito da Organização Administrativa 
Apontamentos Aula 
 
Os regulamentos são gerais porque os sujeitos são indeterminados e indetermináveis. 
O acto é individual porque se dirige a um nº determinado e determinável de pessoas 
 
O regulamento é abstracto pois aplica-se todas e tantas as vezes quanto o facto nele 
previsto se verifique. 
 
O acto é concreto pois esgota os efeitos numa única utilização. 
 
Princípio da Legalidade 
 
Surge com as revoluções liberais (francesa), como reacção ao absolutismo. 
Também como reacção ao anterior absolutismo preconiza-se a separação de podres. 
Surge o Direito Público com a preocupação de evitar a continuação dos abusos do 
Direito Público sobre os particulares. Isto vem materializar-se como princípioda 
legalidade, sujeitando o Direito Público à Lei (às regras jurídicas). 
 
Aquando do seu surgimento tinha dois princípios subjacentes: 
• Primado de Lei – havendo Lei, a Administração Pública não podia contrariar 
nem contradizer a Lei, nem emanar normas contrárias, nem actuar 
contrariamente à lei. 
• Reserva de Lei – há determinadas matérias que estão reservada ao órgão 
legislativo (Parlamento) como matérias de Liberdade e Propriedade. 
 
Diferenças Históricas à passagem para o Estado Social 
Alterações introduzidas pelo Estado Social no Princípio de Legalidade: 
Surgimento de uma vertente positiva no Primado de Lei: a Administração Pública não 
pode actuar sem a existência de uma Lei que a habilite a tal. Perde a liberdade 
originária de actuar na falta de Lei: Princípio da Precedência de Lei. 
 
Há ainda os princípios gerais do Direito e princípios próprios do Direito Administrativo, 
que nos levam à Reserva Total de Direito. 
 
A Administração Pública não está apenas sujeita à Lei mas a todo o Direito. 
Juntando-lhe o controlo judicial temos o Princípio da Juridicidade que norteia toda a 
actividade da Administração Pública. 
 
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Direito da Organização Administrativa 
Apontamentos Aula 
 
“Comente: no Estado de Polícia existia já uma Administração Pública mas não Direito 
Administrativo. 
Absolutismo – a concentração de poderes 
Ausência de estratificação 
Ausência absoluta de subordinação do Estado ao Direito 
 
“Fisco – regência” 
Caracteriza o princípio da juridicidade enquanto princípio norteador da actividade 
administrativa 
 
 Precedência da Lei (= fundamento) 
 Princípio do Primado de Lei 
Princípio da Prevalência da Lei (= limite) 
 Legalidade 
 Princípio da Reserva de Lei 
 
+ Princípios gerais do Direito + Princípios Próprios do Direito + Reserva Total de Direito 
+ Controlo Judicial = a Princípio da Juridicidade 
 
D.O.A. (T) 22/04/2013 
 
Função Administrativa e outras funções do Estado (livro – pág. 39 a 44) 
 
Partimos do Princípio da Separação de Poderes (fundamental no Estado de Direito) 
 
John Locke (Séc. XVII) + Montesquieu 
Art.º 16º da Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão (1789) 
 
Garantia dos Direitos + Separação dos Poderes 
 
Cada um dos 3 poderes (legislativo, executivo, judicial) executa o que lhe compete e 
impede os outros de interferirem nos seus poderes – Sistema de vigilância e controlo 
recíprocos. 
 
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Direito da Organização Administrativa 
Apontamentos Aula 
 
1º Sentido da Separação de Poderes 
 Separação em sentido político 
 Questão da titularidade do Poder 
 Poder distribuído por várias classes 
2º sentido – Separação em Sentido Organizativo 
3º sentido – Separação em Sentido Material 
 
Separação Material das Funções do Estado – pág.’s 41 a 44 do livro. 
 
Hoje a separação de poderes não é rígida. 
 
D.O.A. (OT) 
 
Relação do Direito Privado com a Administração Pública 
(é excepção) 
 
Pode acontecer em duas circunstâncias: 
 
1. O Direito Privado é limite à actuação da Administração Pública porque o Direito 
Privado fixa as esferas jurídicas dos particulares que não podes ser “feridas” 
pela Administração Pública. 
Isto dá lugar a responsabilidade disciplinar, civil e criminal da Administração. 
2. Utilização do Direito Privado pela Administração Pública 
Razões – celeridade e eficácia 
No privado existem mecanismos céleres e flexíveis (com menos burocracia). 
Pelo contrário, os procedimentos concursais (Direito Público) são lentos e 
rígidos. 
 
O problema: a fuga para o Direito Privado passa pela eventual fuga aos interesses dos 
particulares também. Perde o particular as garantias típicas do Direito Público e da 
Administração Pública. 
 
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Direito da Organização Administrativa 
Apontamentos Aula 
 
 
Três áreas de utilização do Direito Privado (pela Administração Pública): 
 
1. Negócios auxiliares – vida corrente e manutenção dos serviços (canetas e 
papéis) 
desprovida de Ius Imperium 
 
2. Intervenções de mercado – em concorrência de mercado com os particulares 
3. Para prosseguir funções públicas – aqui sim, surge o problema da fuga para o 
Direito Privado porque aqui tem Ius Imperium, ou seja, pode dar-se o caso de 
fugir às garantias dos administrados. 
 
Nota: 
Teoria dos dois degraus – em todas as decisões da Administração Pública, mesmo a 
utilizar Direito Privado, têm um momento público. 
 
D.O.A. (T) 29/04/2013 
 
Análise do Poder Discricionário (pág. 126 do livro) 
 
Noção Prévia: 
Os órgãos actuam, ao abrigo de poderes ou competências, na aplicação da lei. 
Quando a Administração exerce poderes vinculados, actua dentro da legalidade estrita 
(braço mecânico da lei). Nada acrescenta, de seu, à lei. 
Quando pode acrescentar algo trata-se da zona de mérito, ou seja, passa a guiar-se e a 
conduzir-se orientada por critérios de oportunidade ou de conveniência, juízos e 
ponderações do próprio órgão administrativo. Cabe-lhe a escolha dos meios para 
atingir os fins fixados por lei. 
Quais os parâmetros e critérios? São regras/parâmetros técnicos de ciências como 
economia, gestão e critérios de eficiência. 
 
Competência ou Poder Discricionário 
É a liberdade atribuída a um órgão administrativo de, por delegação do administrador, 
ser ele a conformar o conteúdo das decisões relativas a casos concretos numa 
determinada matéria, ou seja, conformar os actos administrativos praticados no 
exercício dessa competência. 
 
Liberdade não é verdadeira. É juridicamente pré-determinada (poder/dever). 
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Direito da Organização Administrativa 
Apontamentos Aula 
 
A sua posição não é análoga à dos particulares. Os privados escolhem os fins e os 
meios. A administração não. No uso discricionário, só os meios podem ser escolhidos 
pela Administração Pública. 
 
A discricionaridade pode aparecer em diversos elementos da actuação (forma, 
procedimento, etc.) da administração. Nós vamo-nos centrar no conteúdo dos actos a 
praticar. 
 
Exemplo de acto discricionário: 
 
Um PDM é suspenso numa autarquia. Enquanto estiver suspenso, há uma grande 
discricionaridade administrativa. Se o PDM estiver em vigor está tudo pré-definido, 
logo, há uma simples “mecânica” aplicação da Lei. 
 
Existem também as discricionaridades política, legislativa e judicial, ou seja, a 
discricionaridade não é exclusiva da administração. 
 
As discricionaridades legislativa e política têm limite no Presidente da República e na 
Constituição. 
 
Diferenças entre discricionaridade legislativa e administrativa: 
• A actividade legislativa não é execução ou complemento da Constituição 
• A actividade administrativa é complemento ou execução 
• O legislador pode criar os próprios pressupostos da sua actuação e pode definir 
os seus fins. Está o legislador muito menos adstrito à Constituição que o 
administrador à lei. 
• A discricionaridade do legislador é fortíssima 
 
Diferenças entre discricionaridade judicial e discricionaridade administrativa: 
 Os Tribunais não se limitam à estrita execução da Lei. Têm grande liberdade de 
actuação nas sentenças que ditam – discricionaridade jurisdicional. 
A discricionaridade jurisdicional é marcada pela posição do próprio juiz que deverá ser 
imparcial e desinteressado, ao contrário da administração, que não se comporta desta 
forma. 
 
A discricionaridade na função política (vs. Administrativa) 
É a discricionaridade mais forte e que mais se distancia da discricionaridade 
administrativa. 
 
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Direito da Organização Administrativa 
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Evolução histórica: 
• Premissas (Estado Liberal) 
o Princípio da Legalidade 
o Princípio da Juridicidade 
 
Não havia muitas Leis. As poucas Leis que havia conferiam aos órgãos competências 
vinculadas. 
Os Tribunais tinham um controlo total. 
Os poderes, executivo e judicial, eram menosprezados. 
 
Na transição para o Estado Social (Séc. XIX) deu-se uma progressiva ampliaçãodos fins 
e funções do Estado. Isto promove uma grande aceleração da produção legislativa. 
No entanto, as leis não puderam, a certa altura, regular tudo ao pormenor pelo que a 
administração foi sendo habilitada a intervir em cada vez mais domínios e níveis que os 
existentes no Estado Liberal. 
Os Poderes vinculados não supriam tudo o que tinha de ser regulado, e assim, isto 
levou a que o Legislador abdicasse de tudo regular e passasse cada vez mais a delegar 
na administração a escolha dos meios para os atingir os fins, ou seja, a conferir cada 
vez mais poderes discricionários. O legislador reconhecia-lhes a sua importância. 
Os Tribunais, por sua vez, que vinham habituados (Estado Liberal) a fiscalizar só as 
actuações estritamente vinculadas, viam-se agora pouco à vontade para controlar as 
escolhas da administração (dupla administração ou violação da separação de poderes). 
Aqui surge a problemática da discricionaridade administrativa. A doutrina passou a ter 
cada vez mais peso nesta matéria / problemática. 
Primeiro, a doutrina reconheceu a discricionaridade como um mal necessário (grande 
desconfiança). O ideal seria que as competências fossem todas vinculadas. Assim, 
apesar da doutrina ter proposto um controlo total do poder discricionário aos 
Tribunais, estes não o aceitaram bem por causa da separação dos poderes. 
D.O.A. (T) 06/05/2013 
 
Três discussões sobre a problemática da discricionaridade administrativa. 
 
1º Localização ou identificação da discricionaridade na norma de Direito 
Administrativo. 
Distinguir os aspectos estritamente vinculados daqueles em que há 
discricionaridade – nestes o controlo do juíz pode não ser total. Temos que 
distinguir onde acaba a interpretação da lei (vinculado) de onde é que começa 
a discricionaridade. 
 
27 
Direito da Organização Administrativa 
Apontamentos Aula 
 
Nota: 
Conceito Impreciso – o que é perto? O que é longe? – São problemas de interpretação 
ou cabem na discricionaridade da norma? Há quem diga que sim e há quem diga que 
não. 
 
2º Problema – Alcance e limite do controlo juuriscicional dos actos discricionários. 
Estamos aqui a analisar isto à luz da Constituição e da Separação de Poderes. 
Como se relacionam os poderes legislativo, executivo e judicial? 
Na aplicação de sanções, por exemplo, entre 3 meses e 3 anos, o órgão 
administrativo funciona como uma 1ª Instância e o Tribunal terá um controlo 
sobre a pena aplicada, em sede de recurso (mas dentro do escalão). Isto é 
excepção, fruto de a administração estar a “julgar”. Logo a separação de 
poderes impõe que se possa recorrer para a justiça. Há casos em que a 
competência é vinculada mas o juíz não tem a capacidade prática para ter o 
controlo total. Isto acontece nos actos de avaliação (exame de condução; 
exame da faculdade). Isto não é fácil de controlar pelo juíz, em termos práticos. 
O Juíz acaba por ter uma auto-contenção para não se intrometer no acto 
administrativo. Assim, por razões de ordem prática, não consegue ter um 
controlo jurisdicional total. 
3º Problema – Limites Constitucionais à atribuição pelo Legislador à Administração 
Pública de poderes discricionários. 
Aqui avalia-se o acto, mas não pelo acto. O Juíz avalia a lei ao abrigo da qual o 
acto “discricionário” foi praticado. Se a Lei atribuiu poderes discricionários que 
não podia atribuir, então o acto é inválido, não pelo acto mas pela Lei que lhe 
esteve na origem. 
D.O.A. (OT) 08/05/2013 
 
 
28 
Direito da Organização Administrativa 
Apontamentos Aula 
 
D.O.A. (T) 13/05/2013 
 
Tema: 
Distinção entre discricionaridade administrativa e conceitos normativos imprecisos. 
 
Indeterminação normativa estrutural – casos de normas abertas na sua estrutura – 
Pág. 129 do livro. 
 
Norma 
Previsão + Estatuição 
 
Operador deôntico 
(fixa a ligação entre a hipótese e a estatuição) 
 
• Pode fixar um dever – prescritivo 
• Pode proibir – proibitivo 
• Pode permitir – afastamento da proibição relativa 
 
Temos indeterminação normativa estrutural quando: 
• A lei atribui à Administração a escolha entre tomar ou não tomar determinada 
medida – Norma com estrutura aberta; 
• A Administração pode tomar uma das medidas previstas A, B ou C – escolha da 
medida – Norma com estrutura aberta também 
 
 
Indeterminações Normativas Conceituais 
Neste caso, a norma, na sua estrutura, é fechada. Os conceitos é que são abertos. 
D.O.A. (OT) 15/05/2013 
 
Discricionaridade Administrativa (oposto de vinculação) 
Traduz-se numa margem de decisão da Administração, que é da sua inteira 
responsabilidade. 
 
 Fim 
Vinculação à Lei 
 Meios 
Se X (vida real) a Administração deve Y (conduta da Adm. Pública) 
 
29 
Direito da Organização Administrativa 
Apontamentos Aula 
 
Notas: 
 - Só a Lei confere discricionaridade à Administração Pública 
 - A discricionaridade não pode nunca significar arbitrariedade. A própria Lei é 
limitadora da discricionaridade. 
 
Formas de concessão de discricionaridade da Lei 
 
1. Indeterminações Estruturais 
a. Normas facultativas 
b. Normas obrigatórias de escolha alternativa 
 
a. Se X a Adm. Pública pode Y (actua ou não actua) 
 
 Conduta a adoptar pela Adm. Pública 
 Y 
b. Se X a Adm. Pública deve W 
 Z 
Ou seja, a Administração Pública tem que actuar, mas escolhendo uma das hipóteses. 
 
2. Indeterminações Conceituais (Conceitos Imprecisos) 
Conceito Indeterminado é um conceito com limites elásticos – susceptível de 
várias interpretações. 
Têm como característica a abstracção. 
 
Conceitos Imprecisos (pág. 130 do livro): 
1. Classificatórios 
2. Tipo 
A diferença entre eles é que os primeiros não concedem discricionaridade. Os 
segundos concedem. Os classificatórios só são indeterminados abstractamente, ou 
seja, quando contextualizados na norma jurídica perdem a elasticidade – caso do 
conceito “noite” que está fixado na Lei. Se não estivesse seria elástico. 
Estes Conceitos Classificatórios podem ter 3 classificações: 
1. Conceitos descritivos empíricos 
2. Conceitos técnico-jurídicos 
3. Conceitos que fazem referência a circunstâncias de tempo ou lugar 
 
30 
Direito da Organização Administrativa 
Apontamentos Aula 
 
1. São aqueles cujo preenchimento resulta de raciocínios científicos ou da mera 
experiência de vida; 
2. São aqueles cujo preenchimento há-de depender da aplicação de raciocínios 
jurídicos; 
3. São conceitos que têm a ver com situações que a Lei prevê como praxes 
administrativas, usos do comércio, etc.. 
 
Conceitos Imprecisos Tipo 
Concedem discricionaridade ao Agente Administrativo 
 
Nota: 
Porque mesmo contextualizados na norma jurídica mantêm a sua elasticidade. 
 
Exemplo: 
Inundação Grave 
 
Vinculação / Interpretação subsunção / discricionaridade 
 
 Não é Inundação (vinculado) 
 Inundação (vinculado) 
 Inundação Grave - discricionário 
) 
 
 
 
 “Zona Cinzenta” 
 
D.O.A. (P) 15/05/2013 
 
Conceitos Imprecisos Tipo 
São imprecisos em abstracto e nem a contextualização os faz perder a abstracção. 
Têm dois momentos: 
1. Interpretação (vinculada) – fixam-se os limites externos do conceito (dentro ou 
fora da “zona cinzenta” 
2. Subsunção (discricionária) – saber se uma determinada situação concreta 
 
(inundação grave) se enquadra ou não no esquema geral pensado na lei. 
 
 
31 
Direito da Organização Administrativa 
Apontamentos Aula 
 
Caso Prático: 
A, cidadão estrangeiro, apresenta-se em Portugal perante a entidade competente, a 
solicitar a concessão de asilo político. 
Para tanto, instrui o procedimento com um registo audiovisual que documenta a 
chacina completa do grupo de guerrilha armada a que pertencia e cujo objectivo era a 
reposição da Democracia no seu próprio país natal. 
Apesar de na lei de asilo se poder ler “Será concedido o asilo político a todo o cidadão 
estrangeiro que prove ter um justo receio de serperseguido no seu país de origem” a 
entidade competente e solicitada indeferiu o pedido de A. 
Este, procurando evitar a sua expulsão do país, pretende reagir contra aquela decisão. 
Quid Iuris? 
 
D.O.A. (T) 20/05/2013 
 
Só ouvi o Professor e andei no livro entre as páginas 129 e 138… 
D.O.A. (OT) 22/05/2013 
 
Apresentação da Sara Dias – Administração Estadual Indirecta 
 
Matéria para o 2º (mini) teste: 
(Nota: Professor aconselha a sebenta do Prof. Rogério Soares) 
• Funções do Estado – Distinção entre as várias funções (4 – legislativa, política, 
executiva, judicial) – página 41 do livro 
• A Administração Pública e o Direito privado 
• A discricionaridade (conceito; indeterminações estruturais e conceituais; e a 
limitação dos poderes de cognição dos Tribunais) 
 
Discricionaridade (Continuação) 
 
Só a Lei confere discricionaridade 
 - Indeterminações Estruturais 
 - Normas facultativas 
 Normas obrigatórias de escolha alternativa 
Aulas anteriores - Indeterminações conceituais 
- Nem todas os conceitos imprecisos atribuem 
discricionaridade… 
- Conceitos classificatórios (não atribuem) 
- Conceitos imprecisos tipo (atribuem) 
 
32 
Direito da Organização Administrativa 
Apontamentos Aula 
 
Outras formas de atribuição de discricionaridade: 
 
• Prerrogativas de avaliação (exemplo: entrevistas) 
A lei atribui a uma, ou a um conjunto de pessoas, especialmente qualificadas, a 
possibilidade de decisão sob determinadas realidades de facto que não são 
passíveis de controlo judicial. Estas resultam do facto de haver procedimentos 
que implicam avaliações objectivas ou subjectivas. 
O Tribunal não pode julgar porque não estava lá e não tem a mesma 
qualificação que o júri. 
• Juízos de Prognose 
Em muitas situações, ante o possibilidade da verificação de uma realidade, a Lei 
permite ao agente administrativo actuar previamente e no sentido de evitar o 
acontecimento. Isto atribui grande discricionaridade ao agente porque este 
pode actuar imediatamente (Exemplo: evacuação por previsão de inundação 
grave). 
• Discricionaridade Técnica ou Imprópria 
É imprópria porque, nesta forma de discricionaridade, não é a Lei que a 
concede. Resultam de situações em que é o próprio tribunal que se abstém de 
julgar porque, no momento da verificação da decisão, entende o Tribunal que o 
agente administrativo, estando mais próximo da situação, podia decidir melhor 
ou de forma mais capaz. 
 
Caso prático do “pedido de asilo” 
 
• Norma é fechada 
• Indeterminações conceituais 
o Asilo – conceito indeterminado classificatório, ou seja, não atribui 
discricionaridade 
o “Justo receio” – conceito impreciso – temos discricionaridade 
 
Resposta do Professor: 
O Professor entende que o vídeo prova o “justo receio” pelo que a decisão mais 
apropriada seria conceder o asilo. 
No entanto, e porque há discricionaridade, o Juíz só pode controlar a legalidade da 
decisão verificando se foi violado algum princípio jurídico da Administração. Aqui 
parece que foi violado o princípio da proporcionalidade e o princípio da adequação… 
O Juíz não avalia a decisão discricionária propriamente dita. Avalia algo que lhes é 
superior, ou seja, os princípios (não entra, o Juíz, na Zona Cinzenta).

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