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TREINAMENTO FÍSICO PARA GRUPOS ESPECIAIS Programa de Pós-Graduação EAD UNIASSELVI-PÓS Autoria: Dr. Antonio José Müller Dr. Clóvis Arlindo de Souza CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC Fone Fax: (47) 3281-9000/3281-9090 Reitor: Prof. Hermínio Kloch Diretor UNIASSELVI-PÓS: Prof. Carlos Fabiano Fistarol Coordenador da Pós-Graduação EAD: Prof. Ivan Tesck Equipe Multidisciplinar da Pós-Graduação EAD: Prof.ª Bárbara Pricila Franz Prof.ª Tathyane Lucas Simão Prof.ª Kelly Luana Molinari Corrêa Prof. Ivan Tesck Revisão de Conteúdo: Márcio Moisés Selhorst Revisão Gramatical: Equipe Produção de Materiais Revisão Pedagógica: Bárbara Pricila Franz Diagramação e Capa: Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Copyright © UNIASSELVI 2017 Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri UNIASSELVI – Indaial. 371.9 M958t Muller, Antônio José Treinamento físico para grupos especiais / Antônio José Muller; Clóvis Arlindo de Souza. Indaial : UNIASSELVI, 2017. 160 p. : il. ISBN 978-85-69910-47-3 1. Educação Especial. I. Centro Universitário Leonardo da Vinci Dr. Clóvis Arlindo de Souza Dr. Antonio José Müller Possui Mestrado e Doutorado em Saúde Pública, área de concentração em Epidemiologia, pela Faculdade de Saúde Pública da USP, Residência Multiprofi ssional em Saúde da Família pela Universidade Regional de Blumenau (FURB) e Graduação em Educação Física pela FURB. Atualmente é Professor do departamento de Educação Física e de Medicina da Universidade de Blumenau (FURB), do Programa de Pós- Graduação Stricto Sensu em Saúde Coletiva da FURB, e Professor convidado dos Cursos de Pós-Graduação da Universidade Estácio e das Faculdades Metropolitanas Unidas (FMU) de São Paulo. Já ministrou mais de 200 disciplinas em cursos de Pós-Graduação em nível de Especialização em diversas cidades do Brasil. Tem experiência na área de Saúde Coletiva com ênfase em Epidemiologia, Educação Física e Atividade Física e Saúde. Atuando principalmente nos seguintes temas: Epidemiologia da Atividade Física; Exercício Físico para Grupos Especiais; e Doenças Respiratórias Crônicas, Asma, DPOC. Link para acessar o Currículo Lattes: http:// lattes.cnpq.br/0770773072266705 Professor de Pós-graduação do Mestrado em Educação e na Graduação e de nas áreas da Educação Física e Educação. Experiência como jogador e treinador de voleibol no Brasil, EUA e Arábia Saudita. Doutor em Educação pela University of Texas at El Paso, Especialista em Treinamento Desportivo - Voleibol pela UNIG (Universidade de Nova Iguaçu - RJ) e graduado em Educação Física pela FURB (Universidade Regional de Blumenau). Sumário APRESENTAÇÃO ......................................................................5 CAPÍTULO 1 Adaptações Agudas e Crônicas ao Exercício .....................9 CAPÍTULO 2 Adaptações da Criança e do Adolescente ao Exercício Físico ................................................................45 CAPÍTULO 3 Treinamento e Atividades para Adultos em Condições de Risco .........................................................85 CAPÍTULO 4 Prescrição de Exercício para Pessoas com Doenças Cardiovasculares, Respiratórias e Metabólicas ....................................................................... 111 APRESENTAÇÃO Neste caderno de Treinamento Físico para Grupos Especiais, você encontrará o que existe de mais atual para prescrição e acompanhamento de um programa de exercícios para pessoas em situações especiais, tais como crianças e adolescentes, idosos, grávidas, doentes cardiovasculares, respiratórios e metabólicos. Ao final, você estará apto a prescrever programas de exercícios físicos e acompanhar estas pessoas, pois conhecerá as principais doenças ou condições, sua fisiopatologia, os fatores de risco, os benefícios e os potenciais malefícios da prática do treinamento físico mal realizado. O primeiro capítulo apresenta definições sobre a importância do exercício e a sua relação com a saúde e qualidade de vida. Também define grupos especiais, suas particularidades e características. Descreve ainda, aspectos fisiológicos do exercício aeróbico, anaeróbico e resistido e as suas relações com as adaptações agudas e crônicas do organismo. Definições essenciais para o conhecimento de todos que desejam trabalhar com populações especiais. No Capítulo 2, você estudará as adaptações da criança e do adolescente em relação ao exercício físico. Com as principais modificações no processo de crescimento, desenvolvimento e maturação e seus impactos sobre componentes de desempenho e saúde. Aqui você conhecerá também as características e cuidados em relação aos exercícios para crianças e adolescentes e os tipos e princípios dos exercícios e atividades físicas neste grupo. O Capítulo 3 apresenta as características típicas dos adultos idosos e das grávidas. Para cada um destes grupos, contextualizaremos as principais caraterísticas fisiológicas e as considerações especiais que interferem no exercício e ainda as sugestões de prescrição ideal para cada um dos grupos. Para encerrar, o Capítulo 4 descreve a prescrição de exercício para pessoas com doenças cardiovasculares, respiratórias e metabólicas. Definindo e caracterizando essas doenças, seus fatores de risco, e ainda, como avaliar e prescrever programas de exercícios físicos para pessoas nestas condições. Esperamos que com este caderno de estudos você esteja apto a desenvolver as principais condutas profissionais para melhor acompanhamento da prática regular de exercícios físicos em populações especiais. Bons estudos! CAPÍTULO 1 Adaptações Agudas e Crônicas ao Exercício A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes objetivos de aprendizagem: Esclarecer sobre os princípios fi siológicos das adaptações agudas e crônicas relacionadas com o exercício físico. Interpretar os princípios das adaptações agudas e crônicas, relacionadas ao exercício para grupos especiais. 10 Treinamento Físico Para Grupos Especiais 11 ADAPTAÇÕES AGUDAS E CRÔNICAS AO EXERCÍCIO Capítulo 1 ContextualiZação O exercício regular é necessário para o crescimento e desenvolvimento das crianças e dos adolescentes e é importante para a diminuição dos riscos de várias doenças crônicas na vida adulta. Assim, é imprescindível que nós, da educação física, sejamos capazes de prescrever exercícios tanto para a manutenção da saúde como na prevenção e recuperação de doenças específi cas para grupos de pessoas consideradas especiais, como idosos ou doentes cardíacos. Este capítulo discute alguns termos relacionados ao exercício, atividade física e saúde. Além da importância do exercício e qualidade de vida para todas as pessoas, descreve aspectos fi siológicos do exercício aeróbico, anaeróbico e resistido e as suas relações com as adaptações agudas e crônicas do organismo. Também defi ne grupos especiais, suas particularidades e características. SaÚde e Qualidade de Vida A Organização Mundial da Saúde (OMS) é o órgão universal que se preocupa com a saúde da população mundial. A principal intenção da OMS é criar estratégias de atenção primária às pessoas em relação à saúde para promover não apenas a saúde, mas também a dignidade humana e melhoria da qualidade de vida. A própria OMS (2000, s.p.) descreve que qualidade de vida é “a percepção que um indivíduo tem sobre a sua posição na vida, dentro do contexto dos sistemas de cultura e valores nos quais está inserido e em relação aos seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações”. Em relação à defi nição de saúde, tradicionalmente a OMS descreve que saúde não apenas é a ausência de doenças ou enfermidades, mas principalmente, como um estado de completo bem-estar físico, social e psicológico (2000). As defi nições da OMS nãoapresentam o assunto que estamos estudando neste caderno, o exercício. Porém, saúde e qualidade de vida podem ser melhoradas com a inclusão de exercícios regulares para praticamente todas as pessoas de qualquer credo, raça, idade, sexo, cultura, ou padrão social ou econômico. Além do exercício, devemos entender que a condição física das pessoas se confundem com os termos utilizados para o desempenho esportivo em alto rendimento e que fazem parte da construção histórica e cultural da humanidade. 12 Treinamento Físico Para Grupos Especiais A atividade física, exercício, esporte e desempenho atlético são partes integrantes das tantas sociedades e culturas ao redor do mundo. Para o nosso propósito tanto acadêmico quanto profi ssional para a atuação na educação física, devemos investigar e conhecer o papel e a importância do exercício para que as pessoas se tornem fi sicamente ativas e participem do exercício regular para promover a boa saúde, diminuindo o risco de morbidade e mortalidade, uma vez que as taxas de morbidade e mortalidade por doenças relacionadas com o estilo de vida estão em um ponto mais alto em vários países. Sedentarismo Cerca de 60 a 85% da população mundial não realiza atividade física sufi ciente. Este fator está relacionado ao sedentarismo e que é considerado o quarto maior fator de mortalidade no mundo, sendo que 6% das mortes são atribuídas ao sedentarismo. As principais causas são hipertensão (15%), tabagismo (9%) e diabetes (6%). Além disso, o sedentarismo é a principal causa de até 25% dos casos de câncer de mama e cólon, 27% de diabetes e 30% dos problemas no coração segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS, 2010). Quadro 1 – Riscos do Sedentarismo Riscos do Sedentarismo • Redução da capacidade funcional • Osteoporose • Doenças cardiovasculares • Hipertensão • Diabetes Tipo II mellitus • Obesidade • Câncer de mama • Câncer de colón • Ansiedade e depressão • Acidente vascular cerebral Fonte: OMS (2010). O termo “sedentário” é determinado para o indivíduo que não recebe quantidades regulares de atividade física. Sedentário é considerado o indivíduo que não participa de um mínimo de 150 minutos de exercício moderado, ou 75 minutos de um regime mais vigoroso, por semana (OMS, 2010). Esta recomendação torna a atividade física uma oportunidade e não um inconveniente e facilita os indivíduos a tornarem-se ativos todos os dias, de todas as maneiras possíveis. A OMS também determina que andar 10.000 passos por dia (cerca de 5 Km) seria uma meta ideal para melhorar a saúde e reduzir os riscos causados pela inatividade. 13 ADAPTAÇÕES AGUDAS E CRÔNICAS AO EXERCÍCIO Capítulo 1 A OMS (2010) traz várias recomendações às pessoas sobre os benefícios da atividade física regular, entre as principais, estão: • Quem pratica exercícios regulares controla o peso corporal e assim tem menores chances de desenvolver doenças coronárias, hipertensão, infarto, câncer de colón e de mama e depressão. Pessoas ativas também têm menos chance de fratura, em casos de queda. • Adultos e idosos devem fazer exercícios três vezes por semana para melhorar a força e o equilíbrio, evitando quedas em idosos. Os idosos devem procurar atividades físicas adaptadas às suas limitações. • Todos os adultos saudáveis devem praticar atividades físicas, caso não haja recomendação médica contrária. As dicas são para todos os indivíduos, incluindo as grávidas e quem têm doenças crônicas como hipertensão ou diabetes. • As crianças devem realizar atividade física diária em torno de 60 minutos e a Educação Física deve ser utilizada para a promoção de uma infância mais ativa, elevando os níveis de condicionamento físico das crianças e adolescentes e ainda estimular a prática de exercícios e esportes para o longo da vida. As causas da inatividade e sedentarismo podem ser percebidas na fi gura a seguir, que relaciona a inatividade com problemas de doenças, transtornos e distúrbios. Figura 1 – Inatividade física e o sedentarismo e suas causas Fonte: Heyward (2013). 14 Treinamento Físico Para Grupos Especiais A OMS recomenda um mínimo de 150 minutos de exercício moderado por semana. Você acredita que a maioria das pessoas segue esta recomendação? Se a sua resposta é negativa, qual seria a sua sugestão para que as pessoas saiam do sedentarismo? Agora que apresentamos os problemas relacionados com o sedentarismo, vamos ao que nos mais interessa, ou seja, o exercício e os seus benefícios para a saúde de todos, começando com as defi nições sobre os grupos especiais. O Que são Grupos Especiais? Em termos de atividade física e exercícios, pessoas ou grupos especiais podem ser defi nidos como um grupo da população com condições médicas especiais que requer conhecimento técnico e supervisão para uma melhora da situação anterior. O exercício, desde que apropriado, se torna extremamente útil às populações especiais. Outro conceito de grupos especiais pode ser determinado como um grupo específi co que necessite melhorar o seu nível de profi ciência e conhecimento. Assim como o condicionamento do nível de interação social através de uma participação em uma atividade física regular. Contudo, para podermos promover os benefícios às populações especiais, é necessário um profundo conhecimento por parte dos fi siologistas, preparadores, personal trainers, entre outros, uma vez que existem inúmeras restrições e cuidados que devemos perceber em relação ao exercício para esta população e para cada uma das especifi cidades. Para delimitarmos o nosso estudo dentro deste caderno, iremos apresentar os princípios e sugestões de treinamento para grupos especiais, dos quais: • adaptações da criança e do adolescente ao exercício; • treinamento e atividades para adultos em condições de risco, como idosos, grávidas e outros; • prescrição de exercício para portadores de doenças cardiorrespiratórias (ex.: hipertensos), endócrinas (ex.: diabéticos) e imunológicas (ex.: AIDS), entre outras patologias. 15 ADAPTAÇÕES AGUDAS E CRÔNICAS AO EXERCÍCIO Capítulo 1 Os grupos relacionados terão especial atenção na sequência do caderno em capítulos à parte com aprofundamento e sugestões de treinamentos específi cos. Apesar de não tratarmos das pessoas com necessidades especiais neste caderno, como surdos, cegos ou cadeirantes, por entendermos que são pessoas que não possuem diferenças fi siológicas e sim cuidados específi cos, a nossa sociedade discrimina essas pessoas e muitos de nós não têm interesse em atuar com elas, portanto, devemos rever os nossos conceitos. Exercício Para a SaÚde A OMS e a Federação Internacional de Medicina do Esporte (FIMS, 1995) destacam que metade da população mundial é insufi cientemente ativa. Ambas instituições criaram um comitê de estudos para apresentar os benefícios do exercício regular à população mundial. Após vários estudos, foi apresentado pelo comitê um posicionamento sobre os benefícios do exercício para a saúde, sendo: A atividade física adequada é necessária em todas as idades para manter a "aptidão" fi siológica, isto é, a capacidade de realizar os esforços e os movimentos do cotidiano sem fadiga ou desconforto desproporcionais; para a regulação do peso corporal e evitar aumentos de peso e obesidade; e para o melhor funcionamento de uma série de processos fi siológicos, como o metabolismo das gorduras e dos carboidratos e as defesas do organismo contra infecções. As pessoas "funcionam" e sentem-se melhor e têm aparência mais saudável quando têm vida ativa e seus níveis de ansiedade e depressão são menores. Entre os idosos, é muito comum haver mobilidade limitada e perda da independência; há muitas evidências que mostram o valor da atividade física na prevenção e na redução dessas incapacidades (FIMS, 1995, p. 120). Portanto, essas entidades convocam os governos a promover e melhorar os programas de aptidão e atividadefísica como parte de uma política social e de saúde pública, com base nas seguintes afi rmações (FIMS, 1995): • A atividade física diária deve ser vista como um marco fundamental de um estilo de vida ativo. A atividade física deve ser reintegrada à rotina da vida 16 Treinamento Físico Para Grupos Especiais cotidiana. Um primeiro passo óbvio seria o uso de escadas em vez de elevadores, e caminhar ou pedalar para cumprir curtos percursos. • Deve-se proporcionar a crianças e adolescentes instalações e oportunidades para participar de agradáveis programas diários de exercício, de forma que a atividade física se torne um hábito para toda a vida. • Os adultos devem ser estimulados a aumentar sua atividade física habitual gradualmente, objetivando realizar pelo menos 30 minutos diários de atividade física de intensidade moderada como, por exemplo, caminhada e subida de escadas. Atividades mais intensas como o jogging, andar de bicicleta, jogos de campo ou quadra (futebol, tênis etc.) e natação podem proporcionar benefícios adicionais. • Deve-se oferecer às mulheres uma variedade de oportunidades e mais estímulo para realizar exercícios saudáveis. • Os cidadãos da terceira idade, incluindo os mais idosos, cujo número aumenta em todo o mundo, devem ser estimulados a ter vida fi sicamente ativa de modo a manter sua independência de movimentação e sua autonomia pessoal, a reduzir os riscos de lesões e a promover nutrição ideal. Os papéis e as relações sociais serão assim também facilitados. • Pessoas portadoras de defi ciências ou doenças crônicas devem contar com instalações e orientações adequadas a suas necessidades. • O fato de que há benefícios ao iniciar atividade física a qualquer idade deve ser amplamente divulgado pelos meios de comunicação. Partindo destes princípios, a imagem a seguir descreve quais os principais benefícios do exercício regular em todo o corpo humano, levando-se em consideração não apenas os benefícios e alterações fi siológicas, mas também as melhorias dos sistemas imunológicos e a melhor prevenção de doenças. Mais ainda, o exercício que apresenta alterações psíquicas e que benefi cia o praticante em termos comportamentais e sociais. 17 ADAPTAÇÕES AGUDAS E CRÔNICAS AO EXERCÍCIO Capítulo 1 Figura 2 – Efeitos conhecidos da atividade física nos diversos sistemas do organismo humano Fonte: Lambertucci, Puggina e Pithon-Curi (2006). Apesar dos conhecidos benefícios derivados do exercício, de forma geral, pode-se afi rmar que grande número de pessoas está abaixo, e frequentemente muito abaixo, de seu potencial biológico para boa saúde devido à falta de atividade física. Em comparação com os ganhos de saúde, os riscos de atividade física adequada são mínimos. De acordo com a OMS (2000), a inatividade física é considerada como o quarto principal fator de risco para a mortalidade global. Ainda os níveis de inatividade física estão aumentando em muitos países com grandes implicações para a prevalência de doenças não transmissíveis (DNT) e da saúde geral da população mundial. Ao contrário da inatividade, o American College of Sports Medicine (Colégio Americano de Medicina Esportiva) (ACSM, 2011) apresenta uma discussão importante sobre os benefícios da atividade, onde considera que existe um componente de estilo de vida relacionado com a participação regular na atividade física e exercício físico e que pode diminuir signifi cativamente os riscos destas doenças. 18 Treinamento Físico Para Grupos Especiais Normalmente quando pensamos em saúde, relacionamos essencialmente com atividade física ou doenças. Contudo, todos nós sofremos uma complexa interação entre três dimensões da saúde: mental, física e social, e cada uma delas interfere e são dependentes entre si (NIEMAN, 2011). Figura 3 – As três dimensões da saúde Fonte: Nieman (2011). Todas as dimensões são importantes para uma obtenção da qualidade de vida e todas devem receber a mesma atenção para um equilíbrio ideal e de forma contínua para toda a vida. Hábitos positivos e continuados, promovem a condição de saúde nas três dimensões. A falta desta continuidade é normalmente associada com doenças e morte, pois a maioria das doenças é precedida por um período prolongado de hábitos negativos de estilo de vida (NIEMAN, 2011), como se percebe no continuum da saúde (vida sem doenças) a seguir. 19 ADAPTAÇÕES AGUDAS E CRÔNICAS AO EXERCÍCIO Capítulo 1 Figura 4 – Continuum da saúde Fonte: Nieman (2011). Portanto, a atividade física melhora os níveis de saúde mental, física e social e os benefícios diretos do exercício para a saúde. O quadro a seguir descreve de forma direta e indireta quais são os reais benefícios da atividade física relacionada à saúde levando em conta a sua aplicação na redução de doenças ou na melhoria das capacidades relacionadas à qualidade de vida dos indivíduos: Reduz o risco de Reduz a Auxilia a Morte prematura. Doença arterial coronariana. Câncer de colón, mama, pulmão e endométrio. Diabetes mellitus e síndrome metabólica. Hipertensão arterial. Fratura nos quadris. Perfi l lipídico sanguíneo adverso. AVCs. Obesidade abdominal. Depressão e ansiedade. Perder e manter o peso e prevenir o ganho de peso. Prevenir quedas e melhorar a saúde funcional de idosos. Melhorar a função cognitiva dos idosos. Aumentar a densidade óssea. Melhorar a qualidade de sono. Fonte: Heyward (2013). Quadro 2 – Benefícios da atividade física para a saúde 20 Treinamento Físico Para Grupos Especiais Atividade de Estudos: Depois de esclarecidos os benefícios para a saúde que o exercício pode promover, responda às questões a seguir: 1) Como o exercício pode reduzir os riscos de morte prematura? ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ 2) Como o exercício pode melhorar a função cognitiva dos idosos? ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ O Que É Condicionamento Físico Historicamente, o termo condicionamento físico permanecia associado ao desempenho esportivo de atletas, em especial, aos atletas de alto rendimento. Porém, esta defi nição não se aplica apenas aos atletas e sim para todas as pessoas em qualquer condição, uma vez que 1) todas as pessoas possuem um nível de condicionamento; 2) todas as pessoas necessitam de condicionamento físico para exercer suas funções diárias, suas atividades físicas específi cas ou ainda para o exercício; e 3) todas as pessoas devem usufruir dos benefícios causados pelos exercícios, buscando uma melhora da sua condição física e qualidade de vida. Assim, atualmente, condicionamento físico está associado à boa condição de saúde das pessoas. Para discutirmos condicionamento físico, devemos defi nir e diferenciar atividade física e exercício, uma vez que os níveis de condicionamento são apresentados de acordo com as necessidades das pessoas, assim como o seu treinamento. 21 ADAPTAÇÕES AGUDAS E CRÔNICAS AO EXERCÍCIO Capítulo 1 a) Atividade física Atividade física é defi nida como qualquer movimento corporal produzido pelos músculos esqueléticos que resulte em gasto de energia (NIEMAN, 2011). Atividades físicas variam consideravelmente de acordo com cada indivíduo, de acordo com o estilo de vida de cada pessoa além de outros fatores. Atividades diárias, domésticas ou ocupacionais, como caminhar, correr, subir escadas, um trabalhomanual, martelar, lavar o carro, são exemplos de atividades físicas. Como se percebe, as atividades físicas são de difícil mensuração, mas têm em comum a utilização da energia corporal, ou seja, demandam consumo calórico. b) Exercício Diferente da atividade física, exercício físico é defi nido como uma atividade corporal planejada, estruturada, repetida e com o propósito de manter ou melhorar o condicionamento físico (NIEMAN, 2011). Portanto, o treinamento regular com atividades esportivas ou de condicionamento, estão dentro das atividades de melhora da condição física, para o desempenho esportivo, para a manutenção da condição geral, para fi ns estéticos, ou para a saúde. A preocupação atual para a maioria dos governos, médicos, professores de educação física e outras pessoas e órgãos relacionados à saúde, está na relação do desenvolvimento dos elementos de condicionamento físico relacionado à saúde e a sua aplicação em escolas, empresas, programas comunitários, entre outros (NIEMAN, 2011). Fonte: Adaptado de Nieman (2011). Quadro 3 – Comparativo entre atividade física e exercício Atividade Física Exercício Atividades do dia a dia, domésticas ou ocupacionais. Atividade regular, planejada e estruturada. Difíceis de mensurar. Mensuráveis. Relacionadas à atividade de cada indivíduo (profi ssional ou de lazer). Relacionados a desempenho ou condição física. Consumo calórico. Consumo calórico Andar, varrer, martelar etc. Corrida orientada, musculação etc. 22 Treinamento Físico Para Grupos Especiais Atividade de Estudos: 1) Apresente as principais diferenças entre exercício e atividade física. ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ c) Elementos do condicionamento físico relacionados à saúde Para melhor entendimento e aplicação dos princípios de treinamento, os componentes do condicionamento físico devem ser treináveis e mensuráveis. Estes componentes se completam em uma abordagem de igual importância em relação à saúde, onde o condicionamento físico depende essencialmente do/da: • condicionamento cardiorrespiratório; • composição corporal; • condicionamento neuromuscular. Figura 5 – Elementos do condicionamento físico Fonte: Nieman (2011). 23 ADAPTAÇÕES AGUDAS E CRÔNICAS AO EXERCÍCIO Capítulo 1 Em outras palavras, o bom condicionamento depende das variáveis relacionadas à condição geral (neuromuscular e cardiovascular), além do percentual de gordura e outros elementos de composição corpórea, em proporções de igual importância. - Condição cardiorrespiratória A resistência cardiorrespiratória é a condição dos órgãos relacionados ao funcionamento geral do coração, sistema circulatório e pulmões e a sua efi ciência de suprimentos de oxigênio e nutrientes para que os músculos realizarem as suas funções mecânicas e funcionais. Uma das capacidades funcionais do indivíduo e a sua condição cardiorrespiratória está diretamente relacionada com o consumo de oxigênio ou o Volume de Oxigênio Máximo (VO2max). O VO2max representa a máxima quantidade de oxigênio que pode ser consumida, transportada e utilizada pelo organismo para a produção energética. Porém, existem fatores que limitam o rendimento do VO2max. Esses fatores são os internos (fi siológicos) e externos (de ação mecânica ou do ambiente), como se percebe no quadro a seguir: Quadro 4 – Fatores que limitam o rendimento durante o VO2max Fonte: Astrand e Rodahl (1986). Portanto, estar em boa forma cardiorrespiratória representa a condição de correr, caminhar, andar de bicicleta ou nadar por um período prolongado de tempo. Ao contrário seria o indivíduo subir um lance de escadas e sentir fadiga, aumento exagerado da frequência cardíaca ou a respiração ofegante. 24 Treinamento Físico Para Grupos Especiais - Composição corporal A composição corporal é componente fundamental na aptidão física e na prescrição de exercícios relacionados à saúde, pois existe uma relação entre quantidade e a distribuição da composição corporal (gordura, massa magra, peso corporal) com alterações no nível de aptidão física e no estado de saúde das pessoas (ACSM, 2007). Esta relação está diretamente ligada com a obesidade e as patologias associadas. O percentual de gordura corporal é o índice mais utilizado para avaliar a composição corporal das pessoas. O índice é determinado por uma avaliação da composição física através das medidas das dobras cutâneas, com a utilização do adipômetro dentro de protocolos específi cos. Figura 6 – Avaliação de dobras cutâneas Fonte: Disponível em: <http://www.fi tnessmgt.com/images/ body-fat-test.jpg>. Acesso em: 9 fev. 2017. Outro índice importante e utilizado de modo clássico é o Índice de Massa Corporal (IMC), onde o índice é mensurado a partir do cálculo utilizando a fórmula simples a partir das medidas de peso e de altura: IMC = Peso (kg) / (Estatura)²(m) Utilizando a fórmula, teremos o resultado onde podemos associar se a pessoa está dentro dos níveis normais ou não, conforme o quadro a seguir: 25 ADAPTAÇÕES AGUDAS E CRÔNICAS AO EXERCÍCIO Capítulo 1 Quadro 5 – Tabela de índice de massa corporal Fonte: OMS (1995). Os homens possuem níveis ideais de gordura corporal em torno de 15% e são considerados obesos acima de 25%. Já nas mulheres, o índice ideal seria em torno de 23% e são consideradas obesas quando este índice ultrapassa 33% (NIEMAN, 2011). Fora destes índices, as pessoas correm riscos de doenças associadas à obesidade, conforme o quadro a seguir e que veremos mais adiante neste caderno. Determinar o índice de massa corporal é também importante para relacionar os riscos associados de doenças. O quadro a seguir apresenta os riscos associados às pessoas tanto para quem sofre com a desnutrição, quanto os que sofrem com a obesidade. Quadro 6 – Percentual de gordura e a associação com doenças e desordens Fonte: Lohman (1992). Atividade de Estudos: 1) Fazendo uso da fórmula para calcular o IMC e dos quadros 5 e 6, calcule a seu IMC e classifi que o seu percentual de gordura e assim, a sua associação com os fatores de risco ou não. __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ 26 Treinamento Físico Para Grupos Especiais - Condicionamento neuromuscular (Condicionamento muscular) Outro elemento do condicionamento físico relacionado à saúde é o condicionamento neuromuscular. Assim, podemos associar que a condição neuromuscular interfere na mecânica dos músculos em suas funções de força ou resistência muscular, além do aspecto neurológico que agem na fl exibilidade. Para Nieman (2011): a) Flexibilidade é a capacidade funcional das articulações de se movimentarem por uma amplitude máxima de movimento e determina a medida e a quantidade de movimento possível em cada articulação. b) Força muscular está relacionada com a capacidade dos músculos em exercer tensões contra uma resistência. c) Resistencia muscular está relacionada à habilidade do músculo em continuar a executar movimentos de forma repetida sem fadiga. Alterações Fisiológicas ao Exercício Quando pensamos em exercício físico, pensamos no processo de alteração ou adaptação de nossas funções fi siológicas que acontecem com o nosso organismo, tanto durante o exercício (catabolismo), quanto depois do exercício (anabolismo). A imagem a seguir, descreve o caminho percorrido pelos sistemas e suas devidas alterações fi siológicas, para a obtenção da qualidade de vida através do exercício regular. Figura 7 – O exercício, alterações e benefícios para a saúde e qualidade de vida Fonte:Bittencourt Júnior (2009). 27 ADAPTAÇÕES AGUDAS E CRÔNICAS AO EXERCÍCIO Capítulo 1 Nossas necessidades de energia aumentam durante o exercício, de modo a atender à maior demanda de potência para as contrações musculares, imprescindíveis para a execução dos movimentos. Neste momento, o nosso corpo sofre alterações fi siológicas para completar a exigência do movimento ou estímulo. Esta exigência é atendida por nossos sistemas energéticos, que aumentam a entrega de oxigênio e outras fontes de combustível para o trabalho mecânico dos músculos através da ressíntese de ATP. Assim, o músculo que está sendo exercitado deverá possuir uma grande capacidade de aumentar a taxa metabólica a fi m de produzir ATP em quantidade sufi ciente, para a continuidade do exercício (ACSM, 2011). O ATP pode ser gerado através de processos, tanto anaeróbico (oxigênio independente) quanto aeróbico (dependente de oxigênio). Assim, as mudanças fi siológicas que ocorrem no início, durante ou após o exercício, irão acontecer de acordo com os efeitos do sistema de energia predominante na demanda por oxigênio e outras fontes de energia, bem como o acúmulo de subprodutos metabólicos. As alterações fi siológicas demandam fontes energéticas específi cas de acordo com a duração e a intensidade do exercício. O quadro a seguir representa os sistemas energéticos utilizados, sua respectiva duração aproximada e ainda os efeitos fi siológicos causados. Quadro 7 – Duração das cargas de trabalho e características fi siológicas em um esforço máximo Fonte: Sandoval (2005). a) Alterações Aeróbicas A principal alteração aeróbica percebida com o incremento do exercício está relacionada com o aumento de cerca de 80% nos níveis de mioglobina das fi bras (proteína responsável pelo transporte e armazenamento de oxigênio nos tecidos musculares). Esta alteração interfere no aumento do número, tamanho e área da 28 Treinamento Físico Para Grupos Especiais superfície da membrana da mitocôndria dos músculos esqueléticos. Além disso, aumenta o nível de atividade e concentração das enzimas que atuam no ciclo de Krebs e no transporte de elétrons. Sendo a gordura a principal fonte energética do sistema aeróbico, o glicogênio é preservado e assim, um menor acúmulo de ácido lático, ocasionando menor fadiga muscular em indivíduos treinados para o mesmo tipo de esforço (DANTAS, 2014). b) Alterações anaeróbicas Fisiologicamente o treinamento anaeróbico proporciona o aumento das concentrações de ATP, CP, creatina e glicogênio, assim como o aumento das enzimas-chaves, portanto, acrescendo a capacidade de ressíntese de ácido lático e aumentando os níveis de tolerância e a fadiga causados pelo acúmulo de ácido lático (DANTAS, 2014). A quantidade de ATP disponível diretamente no músculo é reduzida e deve ser ressintetizada continuamente se o exercício durar por mais de uns poucos segundos. O ATP é produzido em três vias (ACSM, 2011): • Fosfato de creatina – quantidade fi nita e produção limitada sem oxigênio; • Glicólise rápida – via anaeróbica, mas também considerada a primeira etapa da degradação aeróbica do carboidrato; • Oxidação aeróbica – utiliza oxigênio na produção de ATP sufi ciente para longos períodos de tempo. c) Alterações no sistema cardiovascular Várias alterações sistêmicas são percebidas no sistema cardiovascular provocadas pelo exercício, em especial o exercício aeróbico. Entre elas o aumento de ejeção sanguínea, ou volume sistólico, permitindo a redução da frequência cardíaca em repouso. Em outras palavras, o coração irá fazer menos esforço para bombear a mesma quantidade de sangue. Se percebe ainda o aumento do volume sanguíneo, da hemoglobina total, do número de eritrócitos, e uma redução da tensão sistólica e diastólica, além do aumento da densidade capilar dos músculos esqueléticos (DANTAS, 2014). Também associado com o exercício regular está a redução dos níveis de triglicerídeos e colesterol, o que causa uma queda nos riscos de doenças coronarianas. d) Alterações no sangue Lembrando que um homem adulto possui cerca de 5 litros de sangue. O exercício regular proporciona o aumento do volume sanguíneo de um a dois litros. Além disso, o exercício diminui a viscosidade sanguínea (o sangue com 29 ADAPTAÇÕES AGUDAS E CRÔNICAS AO EXERCÍCIO Capítulo 1 menos viscosidade diminui a pressão circulatória e facilita o fl uxo sanguíneo). O treinamento aeróbico também provoca um aumento do número de linfócitos (responsáveis pela defesa do organismo e imunidade celular) e o exercício anaeróbico desenvolve a anabolização dos granulócitos (que têm a função de agir nas reações alérgicas ou imunológicas e importantes no tratamento de alguns cânceres) (DANTAS, 2014). e) Alterações no sistema respiratório Através do exercício sistemático, percebe-se um aumento da ventilação/ minuto máxima, do volume de oxigênio máximo (VO2), do equivalente respiratório de oxigênio e sua efi ciência respiratória. Percebe-se também, uma melhora na capacidade de difusão e volumes pulmonares, em repouso (DANTAS, 2014). f) Alterações na composição corporal As principais alterações na composição corporal estão relacionadas ao exercício aeróbico, onde observa-se uma redução do percentual de gordura e do peso total e um aumento da massa corporal magra (DANTAS, 2014), melhorando o metabolismo e a condição geral. Em relação ao exercício anaeróbico, o treinamento provoca um aumento da atividade enzimática óssea e a hipertrofi a óssea, aumento da espessura de articulações e cartilagens, melhorando a capacidade articular dos movimentos, diminuindo os riscos de lesões como rompimentos e fraturas (DANTAS, 2014). As alterações imediatas, que são observadas nos sistemas respiratório, cardiovascular ou neuromuscular são uma resposta coordenada para atender ao aumento da demanda de energia para o trabalho físico. Estas rápidas alterações de intensidade e duração do exercício são conhecidas como as respostas agudas ao exercício. Enquanto que as respostas crônicas ao exercício acontecem em longo prazo, ou seja, ao longo de um período prolongado de tempo, com vários estímulos em treinamento contínuo. Respostas agudas ao exercício, respostas crônicas ao exercício. 30 Treinamento Físico Para Grupos Especiais Se você quiser conhecer mais sobre a fi siologia do exercício, existem bons livros sobre este assunto. McARDLE, W. D.; KATCH, F. I.; KATCH, V. L. Fisiologia do exercício – energia, nutrição e desempenho humano. 3. ed. Rio de Janeiro: Interamericana, 2003. ROBERGS, Robert A.; ROBERTS, Scott O. Princípios fundamentais de fi siologia do exercício para aptidão, desempenho e saúde. São Paulo: Phorte Editora, 2002. Respostas Agudas ao Exercício Cardiovascular As respostas agudas normais ao exercício correspondem diretamente a uma sequência de demandas aeróbicas da atividade física. Portanto, as mudanças de âmbito global, como a frequência cardíaca, o volume sistólico, o débito cardíaco, o fl uxo sanguíneo, a pressão arterial, a diferença de oxigênio arteriovenoso, a ventilação pulmonar e o consumo máximo de oxigênio, consistem em oxigenar o sangue que é fornecido aos tecidos ativos (ACSM, 2011). Nieman (2011) lembra que os indivíduos mais bem condicionados apresentam respostas agudas mais baixas àqueles indivíduos não condicionados. Portanto, as mudanças nos níveis de respostas fi siológicas serão mais agudas aos indivíduos pouco condicionados do que aos que estão em melhor condição física. a) Frequência cardíaca Controle da frequência cardíaca (FC) é essencial para averiguar os níveis de esforço e de controle tanto no exercício, na recuperação ou ainda no repouso. Existe uma forte relação entre intensidade do exercício, níveis de recuperação e a frequência cardíaca e esta relação deve ser presente quando da prescrição do exercício, acompanhamento e modifi cação do treino. A frequência cardíacaé efetiva para controle dos níveis de treino, mas também sofre alterações por infl uência de variáveis como: níveis de cansaço, temperatura ambiente, altitude, níveis de hidratação, entre outros. Quando se inicia o exercício, a FC aumenta, assim como o consumo de oxigênio, na proporção do aumento da intensidade do mesmo. A FC aumenta 31 ADAPTAÇÕES AGUDAS E CRÔNICAS AO EXERCÍCIO Capítulo 1 diretamente com o aumento da intensidade do esforço, até que o indivíduo esteja próximo dos limites da exaustão. À medida que estes limites se aproximam, a FC tende a estabilizar, indicando que a FC máxima está sendo alcançada (McARDLE; KATCH; KATCH, 2003). A frequência cardíaca em repouso para pessoas oscila entre 60 a 80 bpm (batidas por minuto), sendo que quanto menor a frequência cardíaca, mais bem preparado está o indivíduo. O coração trabalha em menor nível de esforço, tanto que alguns atletas bem condicionados, tem uma frequência de 24 a 40 bpm. A FC máxima (FC Máx) é considerada a maior frequência cardíaca atingida durante a realização de um esforço máximo até a exaustão (McARDLE; KATCH; KATCH, 2003). Em termos de acompanhamento e prescrição do exercício, a FC máx é calculada diminuindo a idade do indivíduo por 220. Assim, o exercício deve respeitar padrões de intensidade de acordo com a idade, uma vez que ao usarmos a fórmula, teremos a FC máxima em 200 bpm para um indivíduo com 20 anos de idade e a 180 bpm para um indivíduo com 40 anos de idade. Desta forma, podemos controlar e prescrever os exercícios aos indivíduos mais idosos, com uma margem de segurança adequada à idade. De acordo com Nieman (2011), a frequência cardíaca sofre alterações, assim: - As FCs no pré-exercício podem se elevar em razão da resposta antecipatória. Esta resposta é mediada pelo neurotransmissor noradrenalina liberado pelo sistema nervoso simpático e pela adrenalina liberada pelas glândulas suprarrenais. Há também uma diminuição no tônus parassimpático (WILMORE; COSTILL, 2001). - Durante o esforço progressivo, a FC irá aumentar na proporção direta da intensidade do exercício. - Na exaustão, o aumento da FC se horizontaliza, é neste momento que se atinge o máximo, denominada como FC máxima. - Em níveis submáximos de exercício, quando a intensidade do trabalho se mantém estável, a FC aumentará de 1 a 3 minutos, para então se estabilizar. b) Volume sistólico Volume Sistólico (VS) é a quantidade de sangue bombeada pelo coração a cada batimento cardíaco. Assim como ocorre com a FC, o volume de ejeção também se modifi ca durante o exercício, de modo a permitir que o coração trabalhe de forma mais efi ciente. Durante o exercício, o VS aumenta de forma curvilínea de acordo com o ritmo de trabalho até atingir um nível máximo equivalente a 50% da capacidade aeróbica e aumentando ligeiramente a partir deste ponto (ACSM, 2011). 32 Treinamento Físico Para Grupos Especiais O volume de ejeção é determinado por quatro fatores: o volume de sangue venoso que retorna ao coração, a distensibilidade ventricular, a contratilidade ventricular e a pressão nas artérias aorta ou pulmonar (WILMORE; COSTILL, 2001). Podemos considerar que os dois primeiros fatores determinam a capacidade de enchimento do ventrículo, e os dois últimos fatores infl uenciam a capacidade de esvaziamento do ventrículo, determinando a força com a qual o sangue é ejetado e a pressão contra a qual este deve fl uir nas artérias (BERNE; LEVY, 1992). Estes quatro fatores controlam diretamente a resposta do volume de ejeção à intensidade de esforço durante o exercício. Nieman (2011) descreve que os valores de VS para pessoas sedentárias em repouso, estão entre 60 a 70 mL de sangue por batimento cardíaco, sendo que pessoas treinadas este VS em repouso pode chegar até a 200 mL. A alteração do VS durante o esforço progressivo não segue o mesmo padrão de alteração percebido em relação à FC. Indivíduos treinados são capazes de aumentar o VS em níveis maiores dos indivíduos não treinados, especialmente após ultrapassar 40 a 60% do VO2max. Tabela 1 – Volume sistólico típico para diferentes níveis de condicionamento Fonte: Sandoval (2005). A tabela anterior apresenta com clareza as diferenças de volume sistólico para sedentários e atletas. Percebemos que a diferença no VS tanto em repouso quanto em níveis de esforço máximo, representa o dobro em indivíduos treinados em relação aos sedentários. c) Débito cardíaco O débito cardíaco corresponde ao volume sistólico multiplicado pela frequência cardíaca. Portanto, o débito cardíaco representa a quantidade de sangue bombeada pelo coração por minuto (NIEMAN, 2011). Em indivíduos adultos sadios, o débito cardíaco aumenta de forma linear com o aumento do ritmo de trabalho (ACSM, 2011) e estabiliza brevemente na exaustão durante 33 ADAPTAÇÕES AGUDAS E CRÔNICAS AO EXERCÍCIO Capítulo 1 o exercício (NIEMAN, 2011). Porém, os valores máximos do DC dependem de vários fatores, entre eles, a idade, a postura, o tamanho corporal, a presença de doenças cardiovasculares e o nível de condicionamento físico (ACSM, 2011). De acordo com Nieman (2011), quando em repouso, a média do débito cardíaco é de cerca de 5 litros por minuto (L/min), e durante o exercício com intensidade máxima, esta média pode subir para 20 a 40 L/min, de acordo com a condição física e estrutura corporal do indivíduo. Nieman (2011), considera ainda que nos estágios iniciais do exercício, o débito cardíaco aumenta devido ao aumento da frequência cardíaca e do volume sistólico. d) Diferença de oxigênio arteriovenosa A diferença de oxigênio arteriovenosa corresponde a quantidade de oxigênio transportada no sangue arterial e a quantidade de sangue venoso misturado (NIEMAN, 2011). Para o ACSM (2011), a extração de oxigênio pelos tecidos refl ete a diferença entre o conteúdo em oxigênio do sangue arterial e o conteúdo em oxigênio de sangue venoso (CaO2 – CvO2), o que produz uma diferença de oxigênio arteriovenosa típica em repouso de cerca de 25% do coefi ciente de utilização. Durante o exercício até a exaustão, o conteúdo de oxigênio venoso misto diminui, ampliando assim, a diferença de oxigênio arteriovenosa de 5 para 15 ml/dl de sangue, o que corresponde a um coefi ciente de 75% de utilização de oxigênio. Com o aumento da intensidade do exercício, o consumo de oxigênio aumenta até o último estágio do exercício. Neste estágio, o VO2 se estabiliza e é denominado VO2max. (NIEMAN, 2011). e) Fluxo sanguíneo Em repouso, cerca de 80% do débito cardíaco é distribuído para os órgãos viscerais, o cérebro e o coração e apenas 15 a 20% vão para os músculos esqueléticos. Contudo, durante o exercício, até 90% do débito cardíaco são fornecidos seletivamente aos músculos ativos e são afastados da pele e dos leitos vasculares esplâncnico, hepático e renal. O fl uxo sanguíneo miocárdico pode aumentar de quatro a cinco vezes com o exercício, enquanto que para o cérebro o suprimento sanguíneo é mantido nos níveis de repouso (ACSM, 2011). Em outras palavras, o sangue é direcionado das áreas onde é menos necessário, como alguns órgãos, para as áreas onde ele é extremamente necessário, como os músculos (NIEMAN, 2011). Quando o corpo aquece, uma quantidade maior de sangue é direcionada para a pele a fi m de conduzir o calor para longe do centro do corpo. Este processo 34 Treinamento Físico Para Grupos Especiais de perda de calor estabiliza a temperatura corporal através do suor produzido pelas glândulas sudoríparas. Sendo que caso a taxa de suor for muito alta, o volume sanguíneo diminuirá, podendo provocar uma hipertermia (NIEMAN, 2011). f) Pressão arterial De acordo com o ACSM (2011), a pressão arterial sistólica (PAS) sofre um aumento linear com os maiores níveis de exercício e alcançam normalmente os valores máximos de 190-220 mm Hg, contudo, a PAS máxima não deve ser superior a 260 mm Hg. Jáa pressão diastólica (PAD) pode diminuir levemente ou permanecer inalterada, durante o exercício aeróbico. Para Nieman (2011), o aumento da PAS durante o exercício está relacionado ao aumento do débito cardíaco. Esta pressão aumentaria enormemente caso não houvesse a dilatação dos vasos arteriais nos músculos ativos. Nieman (2011) ainda descreve que as contrações isométricas e o levantamento de grandes cargas causam grandes aumentos tanto na PAS quanto na PAD. Este fato deve ser considerado na prescrição de exercícios para cardiopatas. g) Ventilação pulmonar Ventilação pulmonar (VE) é o volume de ar inspirado por minuto. A VE equivale ao volume corrente multiplicado pelo número de respirações por minuto (NIEMAN, 2011). Este volume é de aproximadamente 6 L/min em repouso para um homem adulto sedentário. Com o exercício máximo este VE aumenta em cerca de 15 a 25 vezes em relação aos valores em repouso. A VE não é um fator de limitação para a capacidade aeróbica (ACSM, 2011). Para Nieman (2011), durante o esforço progressivo a ventilação aumenta em padrões curvilíneos de 6 L/mim até 60 a 120 L/min nas mulheres e em homens de 100 a 200 L/min de acordo cm a condição física e estrutura. A VE aumenta linearmente de acordo com o aumento da carga de trabalho e em intensidades mais altas este aumento se torna curvilíneo. h) Consumo máximo de oxigênio Fisiologicamente o conhecido VO2max (capacidade aeróbica) determina a capacidade máxima de transporte e utilização do oxigênio durante o exercício máximo ou de exaustão, em especial quando executa um exercício que utilize uma grande massa muscular (ACSM, 2005). Os mecanismos reguladores centrais (débito cardíaco), quanto os periféricos (diferença de oxigênio intravenoso), afetam a intensidade de consumo de oxigênio (ACSM, 2011). 35 ADAPTAÇÕES AGUDAS E CRÔNICAS AO EXERCÍCIO Capítulo 1 O VO2max é expresso em mililitros de oxigênio consumido por quilograma de peso corporal por minuto, portanto, deve-se considerar o peso, sexo, hereditariedade e estrutura do indivíduo, entre outros. Para gerar energia e manter o corpo em esforço, o tecido muscular utiliza grandes quantidades de oxigênio para queimar carboidratos e gorduras e para cada litro de oxigênio consumido em exercício, cerca de 5 quilocalorias de energia são produzidas. Tabela 2 – Equivalência calórica do quociente respiratório (QR) e o percentual calórico (% kcal) a partir dos carboidratos e das gorduras Fonte: Sandoval (2005). A tabela acima descreve com clareza a relação entre o consumo de oxigênio com o consumo calórico. Percebe-se que quanto maior o gasto calórico, maior o consumo de carboidratos, enquanto que quanto menor o gasto calórico, maior o consumo de gordura. Em outras palavras, o exercício de alta intensidade e curta duração, irá exigir uma subtração maior dos carboidratos, enquanto que os exercícios de intensidade leve ou moderada e de longa duração irão exigir uma maior subtração de gorduras na produção energética. Para melhor entender esta condição de consumo de oxigênio e as adaptações cardiovasculares agudas que ocorrem durante o exercício, Robergs e Roberts (2002) apresentam um fl uxograma relacionando estas adaptações e processos fi siológicos, a seguir: 36 Treinamento Físico Para Grupos Especiais Figura 8 – Adaptações cardiovasculares agudas combinadas para o aumento do consumo de oxigênio durante o exercício Fonte: Robergs e Roberts (2002). Além dos exercícios aeróbicos e anaeróbicos, devemos entender as alterações sofridas pelo organismo (músculos esqueléticos) em relação aos exercícios com pesos, ou exercícios de força. Assim, vamos aprofundar tanto as respostas agudas quanto crônicas relacionadas ao treinamento resistido. Respostas Agudas ao Treinamento Resistido a) Frequência cardíaca e pressão arterial Os exercícios que usam carga, como pesos ou máquinas, proporcionam um aumento na FC e na PA. Para o ACSM (2011) o pico de PA é mais alto durante o treinamento com pesos de forma dinâmica (contração concêntrica e excêntrica) do que de forma isométrica. Os picos de FC e PA ocorrem normalmente durante as últimas repetições de uma série e vão até a falência concêntrica voluntária. Ainda a PA sobe durante a fase concêntrica em comparação à fase excêntrica do movimento com pesos. 37 ADAPTAÇÕES AGUDAS E CRÔNICAS AO EXERCÍCIO Capítulo 1 b) Volume sistólico e débito cardíaco O volume sistólico não sofre uma elevação expressiva acima do nível de repouso durante a fase excêntrica do exercício resistido, com ou sem a manobra de Valsalva (tentativa de exalar o ar com as narinas e bocas fechados e que deve ser evitada devido ao aumento da PA e FC a níveis extremamente perigosos), sendo signifi cativamente maior durante a fase concêntrica de uma repetição (ACSM, 2011). O débito cardíaco pode aumentar em ambas as fases do movimento resistido, contudo o debito cardíaco aumenta na fase excêntrica, devido ao aumento do volume sistólico o ACSM (2011). Adaptações Crônicas Associadas ao Exercício Cardiovascular Regular Lembrando o que foi visto anteriormente, as adaptações crônicas ao exercício, ao longo de um período prolongado de tempo, com vários estímulos em treinamento contínuo. Para Sandoval (2005), quando se realizam seis meses ou mais de treinamento de forma individualizada, sistemática e progressiva, ocorrem modifi cações crônicas importantes no organismo, presentes nos sistemas cardiorrespiratório, endócrino-metabólico, imunológico e musculoesquelético. Como foi discutido anteriormente, existe uma relação (boa) entre o exercício físico e a diminuição da mortalidade e de doenças cardíacas. Assim como uma relação entre a frequência cardíaca baixa, redução da PAS e aumento do VO2max em repouso, em cidadãos com menor probabilidade de doenças e difi culdades relacionadas às capacidades vitais e funcionais. Ainda, a produção reduzida de ácido lático e o menor fl uxo sanguíneo muscular, o que promove uma vantagem hemodinâmica distinta (ACSM, 2011). Mas, como e por quanto tempo devo treinar para que estas adaptações aconteçam de forma pertinente? Para Nieman (2011), várias das respostas metabólicas e cardiorrespiratórias se adaptam muito rapidamente ao treinamento regular. Estas adaptações são percebidas de forma rápida em relação ao VO2max, a frequência cardíaca, nas respostas de lactato e ventilação. Contudo, outras adaptações são mais lentas, como o aumento no número de capilares por fi bra muscular. A proporção das adaptações do treinamento de exercícios regulares depende 38 Treinamento Físico Para Grupos Especiais da frequência, da intensidade e da duração do treinamento, do tipo de atividade e do estado inicial de condicionamento do praticante (NIEMAN, 2011) e, segundo o autor, é interessante perceber que as mudanças observadas com o exercício são perdidas tão rapidamente quanto são adquiridas. a) Alterações respiratórias O ACSM (2011) sugere que inúmeras alterações respiratórias acontecem relacionadas ao condicionamento físico. Entre elas estão: 1) limite máximo de ventilação para o VO2max, isso signifi ca um maior consumo de oxigênio durante exercícios máximos (NIEMAN, 2011); 2) ventilação aumentada linearmente com o VO2max até aproximadamente 50% do VO2max; 3) aumento subsequente proporcionalmente maior que o aumento no ritmo de trabalho ou no VO2max; 4) pessoas treinadas apresentam volumes pulmonares e capacidades de difusão em repouso e durante o exercício maiores do que sedentários. Outras características do funcionamento pulmonar, como a capacidade pulmonar total, a capacidade vital forçada e o volume residual, não são alteradas durante o repouso, causadas pelo treinamento (NIEMAN, 2011). Atletas treinados possuem uma maior ventilação máxima, assim, são capazes de ventilar uma capacidade maior de ar durante o exercício máximo, assim como a sua frequência e o seu volumemais altos. A capacidade de difusão pulmonar também melhora com o treinamento, o que signifi ca uma propagação mais rápida do oxigênio dos alvéolos para o sangue (NIEMAN, 2011). b) Alterações cardiovasculares • Frequência cardíaca Os efeitos crônicos do treinamento cardiovascular estão associados com a diminuição da FC em aproximadamente 10-15 bpm (ACSM, 2011). De acordo com Nieman (2011), a FC em repouso diminui em torno de um batimento cardíaco por minuto a cada uma ou duas semanas de treinamento aeróbico durante cerca de 10 a 20 semanas. Esta alteração benefi cia o praticante, pois o coração trabalha de forma efi ciente e com menor esforço, o que a longo prazo evita doenças relacionadas como a hipertensão. • Volume sistólico O VS aumentará, com mais sangue bombeado a cada batimento, e uma subsequente redução da FC (NIEMAN, 2011), tanto em repouso quanto durante o exercício até determinado ponto, como efeito do treinamento cardiovascular a longo prazo (ACSM, 2006). 39 ADAPTAÇÕES AGUDAS E CRÔNICAS AO EXERCÍCIO Capítulo 1 • Débito cardíaco O DC aumentará durante o exercício, porém não sofrerá modifi cações de modo signifi cativo em repouso em indivíduos que receberam treinamento cardiovascular (ACSM, 2011). Este aumento pode ser atribuído principalmente a uma maior extração de oxigênio pelas células musculares (NIEMAN, 2011). • Diferença de oxigênio arteriovenoso A diferença de oxigênio arteriovenoso aumenta com o treinamento cardiovascular a longo prazo, em especial durante o período de esforço máximo (ACSM, 2011). • Pressões arteriais sistólicas e diastólicas Tanto a PAS quanto a PAD em repouso podem diminuir com o treinamento cardiovascular crônico (ACSM, 2011). • Lactato sanguíneo Como resultado do treinamento cardiovascular apropriado, a produção de lactato será diminuída com cargas de trabalho submáximas durante o exercício (ACSM, 2011), assim como o aumento da capacidade de tolerância de níveis mais altos de ácido lático ao máximo (NIEMAN, 2011). Alterações provocadas pelo ácido lático A passagem do ácido lático da fi bra muscular para a corrente sanguínea vai provocar alterações no equilíbrio ácido-base, inicialmente compensadas por mecanismos tampão fi siológicos, mas que com a sua acumulação acabam por ser suplantados, acidifi cando o sangue para valores fora do normal. Esta acidose vai provocar um conjunto de sinais e de sintomas, como por exemplo, queda da pressão arterial, tonturas, náuseas e, inclusive, vômitos e incontinência de esfíncteres com perdas involuntárias de urina ou fezes. Parte do treino dos atletas de alta competição de modalidades com elevada produção de ácido lático passa pelo aumento da tolerância física e psíquica aos efeitos nocivos do ácido lático. 40 Treinamento Físico Para Grupos Especiais Eliminação do ácido lático do organismo Quando o esforço intenso termina, cessa a produção de ácido lático, cujos valores demoram cerca de 20 a 30 minutos a reduzir para metade, e assim sucessivamente, tornando o processo passivo de eliminação demasiado lento. No entanto, existe um tipo de fi bras musculares que reutiliza o ácido lático para o reconverter em ácido pirúvico e assim disponibilizar substrato para a produção de energia, desde que a intensidade do esforço seja relativamente baixa (30 a 35% no máximo). Este é um processo ativo mais efi ciente e efi caz de eliminação do ácido lático após a realização e esforços intensos. Fonte: Banco da Saúde (2016) Adaptações Crônicas Associadas ao Exercício Resistido Quando se fala em treinamento resistido, devemos considerar as inúmeras possibilidades de realização deste tipo de treino e as adaptações decorrentes para cada método ou treinamento realizado. Assim, o ACSM (2011) sugere que se levando em conta que os protocolos de exercícios resistidos podem ser prescritos diferentemente para apresentarem uma ampla variedade de demandas, as adaptações ao treinamento parecem ser específi cas para o tipo de protocolo utilizado. O processo adaptativo se inicia na primeira sessão de treino resistido e adota uma evolução temporal específi ca para cada indivíduo e o tipo de protocolo utilizado. As principais adaptações crônicas observadas ao exercício com carga, são percebidas com a hipertrofi a, a hiperplasia, a transformação das fi bras musculares, do tecido conjuntivo, dos substratos energéticos, também as adaptações neurais e cardiovasculares, além da composição corporal. A hipertrofi a é o aumento do tamanho do músculo, ocasionado pelo aumento do tamanho das células musculares, das fi bras de contração rápida, e também do diâmetro das fi bras de músculos não treinados. Este aumento das fi bras musculares é causado pelo aumento da proteína e do número e do tamanho das miofi brilas por célula muscular e ainda pelo aumento da quantidade e da força dos tecidos ligamentares, tendíneos e conjuntivos. O crescimento capilar é acentuado quando o treinamento é feito com cargas relativamente altas e alto número de repetições (NIEMAN, 2011). Para a ACSM (2011), o exercício resistido 41 ADAPTAÇÕES AGUDAS E CRÔNICAS AO EXERCÍCIO Capítulo 1 rompe ou lesiona certas fi bras musculares que em seguida, sofrem reparos e remodelam. Nieman (2011) considera que existe uma maior hipertrofi a em indivíduos nascidos com alto percentual de fi bras de contração rápida (brancas) e assim, conseguem ganhar massa muscular com maior facilidade do que os indivíduos com fi bras predominantemente de contração lenta (vermelhas). É comum acontecer, no treinamento com pesos, a transformação do tipo de fi bra para outro subtipo (tipo IIB para IIA, por exemplo). Esta mudança se inverte durante o destreinamento. No exercício, o tecido conjuntivo aumenta o tamanho e a tensão de ligamentos, tendões e ossos. No treinamento de força, os substratos energéticos, como a fosfocreatina e o ATP, aumentam as suas concentrações intramusculares em repouso (ACSM, 2011). Os fatores neurais infl uenciam profundamente a produção de forma muscular. De acordo com o ACSM (2011), estes fatores neurais interferem nos seguintes processos: • maior impulso neural para os músculos; • maior sincronização das unidades motoras; • maior ativação do aparelho contrátil; • inibição dos mecanismos protetores dos músculos (órgãos tendinosos de Golgi). Os atletas que realizam treinamento de força exibem frequências cardíacas de repouso médias ou abaixo da média. Também se observa uma diminuição na pressão arterial, devido provavelmente à redução da gordura corporal, diminuição do sal corporal e alterações no impulso simpático para o coração (ACSM, 2011). Normalmente, os atletas de treinamento resistido, têm o volume sistólico normal ou acima do nível absoluto normal. O treinamento com pesos pode induzir pequenos aumentos no pico de consumo de oxigênio, mas bem inferiores em relação aos aumentos observados com o treinamento aeróbico (ACSM, 2011). As mudanças na composição corporal do atleta praticante do treinamento resistido acontecem, em geral, a curto prazo (de 6 a 24 semanas). Este tipo de treinamento reduz a gordura corporal e aumenta a massa corporal e a massa isenta de gordura (ACSM, 2011). Programas de treinamento com pesos com duração de 7 a 24 semanas geralmente aumentam a massa corporal entre 0,5 e 3% (NIEMAN, 2011). 42 Treinamento Físico Para Grupos Especiais O quadro seguinte, compara as alterações percebidas para o exercício aeróbico e o exercício resistido, em diversas variáveis e que interferem no condicionamento físico das pessoas. Quadro 8 – Efeito do exercício aeróbico e resistido sobre as variáveis que interferem no condicionamento físico Fonte: Eriksson, Taimela e Koivisto (1997 apud CIOLAC; GUIMARÃES, 2004). Como percebemos no quadro, as alterações estão presentes de acordo com o tipo de exercício selecionado, seja na forma aeróbica ou no treinamento resistido.Então para cada objetivo devemos prescrever o exercício específi co. Exemplo: para um indivíduo que deve diminuir o percentual de gordura, o exercício aeróbico tem mais efeito e para um indivíduo que quer aumentar os níveis de massa magra, o exercício resistido é mais efi ciente. Algumas Considerações Vimos neste capítulo as defi nições de sedentarismo, as características dos grupos especiais e as diferenças entre atividade física e exercício. Também discutimos sobre a importância do exercício para a saúde das pessoas e na 43 ADAPTAÇÕES AGUDAS E CRÔNICAS AO EXERCÍCIO Capítulo 1 ausência de doenças. Apresentamos as alterações fi siológicas ao exercício e suas especifi cidades para o exercício aeróbico, anaeróbico e resistido e suas implicações agudas e crônicas. Devemos entender que estas defi nições são fundamentais e aplicadas na relação e na prescrição do exercício para qualquer pessoa, no nosso caso, para percebermos os cuidados a serem tomados para a fi siologia do exercício a ser prescrito para os grupos especiais. Nos próximos capítulos teremos a união destes conceitos na aplicação de cada grupo selecionado como intenção deste caderno. ReFerÊncias AMERICAN COLLEGE OF SPORTS MEDICINE (ACSM). Manual do ACSM para avaliação da aptidão física relacionada à saúde. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2006. ______. Diretrizes do ACSM para os testes de esforço e sua prescrição. 7. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2007. ______. Recursos do ACSM para o personal trainer. 3. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2011. ASTRAND, P. O.; RODAHL, K. Textbook of work physiology. 3. ed. McGraw- Hill, New York, NY. 1986. BANCO DA SAÚDE. Ácido lático e desporto. Notícias da Saúde. 08/01/2016. Disponível em: <http://bancodasaude.com/tools/pdf.php?type=press&slug=acido- latico-e-desporto>. Acesso em: 22 jul. 2016. BERNE, R. M.; LEVY, M. N. Cardiovascular physiology. 6. ed. Mosby, St. Louis, MI, 1992. BITTENCOURT JÚNIOR, P. I. H. de. AIDS: correndo para um tratamento com saúde. Laboratório de Fisiologia Celular – Departamento de Fisiologia Instituto de Ciências Básicas da Saúde (ICBS) - Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). 2009. Disponível em: <http://www.ufrgs.br/fi siologiacelular/site/arqs/ AIDS/aids-informa%C3%A7%C3%B5es.htm>. Acesso em: 29 jul. 2016. CIOLAC, E. G.; GUIMARÃES, G. V. Exercício físico e síndrome metabólica. Rev. Bras. Med. Esporte, Niterói, v. 10, n. 4, jul./ago. 2004. DANTAS, E. H. M. A prática da preparação física. 6. ed. Rio de Janeiro: Shape, 2014. 44 Treinamento Físico Para Grupos Especiais FEDERAÇÃO INTERNACIONAL DE MEDICINA DO ESPORTE – FIMS. Exercício para a saúde. Rev. Bras. Med. Esporte, v. 4, n. 4, p. 120-121, jul./ago. 1998. 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Distinguir os tipos e princípios dos exercícios para prescrição de atividades físicas e esportivas para crianças e adolescentes. 46 Treinamento Físico Para Grupos Especiais 47 ADAPTAÇÕES DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE AO EXERCÍCIO FÍSICO Capítulo 2 ContextualiZação Vamos iniciar um tema importante. Continuando o estudo sobre treinamento físico para grupos especiais, a fase da infância e adolescência é uma etapa fundamental para criação de hábitos e de estilo de vida para todo o ciclo vital. Depois de você estudar as adaptações agudas e crônicas ao exercício físico em geral, aqui você verá as adaptações da criança e do adolescente ao exercício. Será que é diferente de adultos ou idosos saudáveis? Diferente de crianças e adolescentes com patologias? Veremos. Naturalmente um estilo de vida ativo em adultos está associado a uma redução da incidência de várias doenças crônico-degenerativas, bem como a uma redução da mortalidade cardiovascular e geral. Sim, mortalidade geral! Pessoas com pior aptidão física têm maior risco de morrer por qualquer causa quando comparadas com pessoas com melhor aptidão física. Em crianças e adolescentes, um maior nível de atividade física contribui para melhorar o perfi l lipídico e metabólico e reduzir a incidência e a prevalência de obesidade e outras patologias. Ainda é mais provável que uma criança fi sicamente ativa se torne um adulto também ativo. E isso é bem importante, pois envolve a formação e incorporação de estilo de vida para toda a vida. Pessoas com experiências passadas positivas em atividades físicas e esportes são aquelas mais ativas. Neste sentido, promover um estilo ativo de vida na infância e adolescência é um aspecto fundamental para saúde e vida das pessoas. Nesta primeira parte do caderno de estudos, você verá algumas defi nições da terminologia relacionada ao treinamento físico para desempenho e saúde de crianças e adolescentes. Conceitos que devem ser aprendidos ou relembrados para então seguirmos para o processo posterior, em que estes conceitos serão aplicados à prescrição de exercício. Características da inFÂncia e adolescÊncia Do ponto de vista de saúde pública, promover a atividade física na infância e na adolescência signifi ca estabelecer uma base sólida para a redução da prevalência do sedentarismo na idade adulta. Ressalta-se que a atividade física é qualquer movimento como resultado de contração muscular esquelética que aumente o gasto energético acima do repouso e não necessariamente a prática esportiva. 48 Treinamento Físico Para Grupos Especiais Esses dois fenômenos ocorrem simultaneamente nesse período, sua maior ou menor velocidade depende do nível maturacional e, em alguns momentos, das experiências vivenciadas pela criança ou pelo adolescente (PAPALIA; FELDMAN, 2013). O que é criança? Ser humano no início de seu desenvolvimento: - Recém-nascido: do nascimento até um mês de idade. - Bebê: entre o 2° e o 18° mês. - Criança: maior de 18 meses até 10-12 anos de idade. O que é infância? Período da vida humana desde que se nasce até a puberdade/adolescência, com os seguintes estágios: - 0-18 meses. - 18 meses-3 anos. - 3-4 anos. - 5-9 anos. - 10-pré-adolescência. O que é adolescência? Faseque marca a transição entre a infância e a idade adulta. Durante as duas primeiras décadas de vida, as principais atividades do corpo humano consistem em crescer e se desenvolver. Esses dois fenômenos ocorrem simultaneamente nesse período, sua maior ou menor velocidade depende do nível maturacional e, em alguns momentos, das experiências vivenciadas pela criança ou pelo adolescente (PAPALIA; FELDMAN, 2013). Estudos com crianças e adolescentes têm demonstra do benefícios da atividade física no estímulo ao crescimento e desenvolvimento, prevenção de doenças crônicas, incremento da massa óssea, aumento da sensibilidade à insulina, melhora do perfi l lipídico, diminuição da pressão arterial, desenvol vimento da socialização e da capacidade de trabalhar em equipe. Também se conhece que a atividade física realizada de forma imprópria, em desacordo com a idade, com as etapas do desenvolvimento motor e com o estado de saú de, apresenta riscos de lesões, como por exemplo, traumas, osteocondrose, fratura e disfunção menstrual (STAFFORD, 2005; BRODERICK et al., 2006; AZEVEDO et al., 2007; ALVES; LIMA, 2008). Etapas do crescimento - 1ª - Intrauterina: embrionária, fetal, precoce e fetal-tardia. - 2ª - Primeira infância: do nascimento aos 2 anos. Crescimento é rápido, mas desacelerado. - 3ª - Segunda infância: 2 aos 10 anos, crescimento é constante e lento. - 4ª - Adolescência: 10 aos 20 anos, crescimento acelerado até os 15 anos, declinando até os 20 anos. 49 ADAPTAÇÕES DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE AO EXERCÍCIO FÍSICO Capítulo 2 Período de crescimento - Período neonatal: de 0 a 28 dias. - Período da infância: 29 dias a 10-12 anos (pré-escolar = 2 a 6 anos e escolar = 7 a 10-12 anos). - Período da adolescência: - Pré-puberal = 10 a 12-14 anos. - Puberal = 12-14 a 14-16 anos. - Pós-puberal = 14-16 a 18-20 anos. Tipos de crescimento • Tipo geral ou somático: curva em S deitado. • Tipo neural (cabeça e cérebro): crescimento rápido do sistema nervoso, nos dois primeiros anos de vida. • Tipo genital (reprodutivo): latência até o início da puberdade, depois ocorre um crescimento rápido. • Tipo linfoide: desenvolvimento máximo até 8 a 10 anos, depois ocorre involução. Tecido linfoide contém linfócitos de proteção contra vírus e bactérias. Modifi cações na forma e no tamanho do corpo são provocadas pelo crescimento temporalmente diferenciado dos diferentes segmentos corporais. As mudanças nas proporções corporais exercem infl uência na forma como as crianças e os adolescentes realizam as tarefas motoras. Por exemplo, mudanças no tamanho relativo da cabeça, na infância, afetam o equilíbrio do corpo durante o movimento. O tamanho reduzido das pernas, nos mais jovens, limita a habilidade para a corrida. No início da puberdade, os braços e pernas são proporcionalmente mais longos, assim, estão mais habilitados para a corrida, entretanto, o rápido crescimento pode fazê-los parecer desajeitados e oferecer difi culdades de coordenação. As mudanças nas proporções corporais exercem infl uência na forma como as crianças e os adolescentes realizam as tarefas motoras. 50 Treinamento Físico Para Grupos Especiais Figura 9 – Curvas de crescimento de diferentes partes e tecido do corpo humano Fonte: Tanner (1962). Profi ssionais da saúde são frequentemente questionados em relação aos efeitos positivos do exercício físico sobre o crescimento das crianças e adolescentes. Embora muito se especule a esse respeito, existem poucos trabalhos que sustentem tal afi rmação. Isso se deve principalmente aos diversos fatores que tornam difíceis os estudos comparativos como, por exemplo: difi culdade de interpretar o impacto dos esportes na adolescência em virtude dos diferentes estágios puberais; grau de restrição dietética utilizada em alguns treinamentos; e grande número de atividades físico-desportivas potenciais e suas variadas formas de prática, tais como, intensidade, frequência, duração (SILVA et al., 2004; HAYWOOD; GETCHELL, 2016). O que você acha sobre o possível efeito de alguns esportes sobre o crescimento de crianças e adolescentes? O basquetebol e o voleibol podem aumentar o crescimento enquanto a ginástica artística e a musculação podem diminuir a estatura fi nal? 51 ADAPTAÇÕES DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE AO EXERCÍCIO FÍSICO Capítulo 2 Crescimento, Desenvolvimento e Maturação O processo de crescimento, maturação e desenvolvimento humano interfere diretamente nas relações sociais, afetivas e motoras na infância e adolescência. É necessário adequar os estímulos ambientais em função desses fatores. Crescimento inclui aspectos biológicos quantitativos (dimensionais), relacionados com a hipertrofi a e a hiperplasia celular, enquanto a maturação pode ser defi nida como um fenômeno biológico qualitativo, relacionando-se com o amadurecimento das funções de diferentes órgãos e sistemas (MALINA; BOUCHARD, 2002; RÉ, 2011). Crescimento se refere a um aumento no tamanho do corpo causado pela multiplicação ou pelo aumento de células. Alterações do corpo como um todo ou de partes específi cas, em relação ao tempo. Pode ser mensurado pela realização de medidas antropométricas de estatura, de massa corporal, de dobras cutâneas, de circunferências e de diâmetros (PAPALIA; FELDMAN, 2013). As acelerações bruscas do crescimento são chamadas de saltos de crescimento ou estirão. O salto de crescimento mais importante e mais conhecido acontece na puberdade. Nessa fase, ocorre um rápido aumento, tanto da massa corporal como da estatura das pessoas. O auge ocorre por volta dos 12 anos de idade, nas meninas, e aos 14 anos nos meninos. Antes disso, não se verifi cam diferenças signifi cativas entre meninos e meninas no que diz respeito à massa corporal e à estatura. Durante o estirão de crescimento, grande parte da energia é utilizada para o crescimento. Com isso, a criança/adolescente se cansa mais facilmente e, consequentemente, não aguentam o volume e a intensidade dos treinamentos normais utilizados com adultos (RÉ, 2011; HAYWOOD; GETCHELL, 2016). Desenvolvimento envolve alterações em nível de funcionamento de um indivíduo ao longo do tempo. Alteração adaptativa em direção a uma habilidade. É entendido como uma interação entre as características biológicas individuais (crescimento e maturação) com o meio ambiente ao qual a pessoa é exposta durante a vida (GALLAHUE; OZMUN, 2006; PAPALIA; FELDMAN, 2013). A fi gura a seguir apresenta um conjunto de fatores que podem infl uenciar o crescimento, o desenvolvimento e a maturação: fatores internos Crescimento se refere a um aumento no tamanho do corpo causado pela multiplicação ou pelo aumento de células. Desenvolvimento envolve alterações em nível de funcionamento de um indivíduo ao longo do tempo. Alteração adaptativa em direção a uma habilidade. 52 Treinamento Físico Para Grupos Especiais como a carga genética herdada dos pais, a raça/cor da pele e o sexo; e fatores externos, como os aspectos nutricionais e alimentares e questões ambientais, como clima, altitude, espaços para atividades físicas etc. Os fatores endócrinos em relação aos hormônios evolvidos com o crescimento, como o hormônio do crescimento e hormônios da tireoide, testosterona e estrogênio. Figura 10 – Fatores que podem infl uenciar no crescimento, desenvolvimento e maturação Fonte: Adaptado de Gallahue e Ozmun (2001) eFundação Vale (2013). O desenvolvimento humano é um processo de crescimento e de mudança nos campos físico, comportamental, cognitivo e emocional, ao longo da vida das pessoas. Maturação são alterações qualitativas que capacitam o indivíduo a progredir para níveis mais altos de funcionamento. Crescimento, maturação e desenvolvimento humano são processos altamente relacionados que ocorrem continuamente durante todo o ciclo de vida. Aquisições motoras de crianças e adolescentes não podem ser compreendidas
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