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Treinamento físico para grupos especiais

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TREINAMENTO FÍSICO 
PARA GRUPOS ESPECIAIS
Programa de Pós-Graduação EAD
UNIASSELVI-PÓS
Autoria: Dr. Antonio José Müller
 Dr. Clóvis Arlindo de Souza
CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI
Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito
Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC
Fone Fax: (47) 3281-9000/3281-9090
Reitor: Prof. Hermínio Kloch
Diretor UNIASSELVI-PÓS: Prof. Carlos Fabiano Fistarol
Coordenador da Pós-Graduação EAD: Prof. Ivan Tesck
Equipe Multidisciplinar da 
Pós-Graduação EAD: Prof.ª Bárbara Pricila Franz
 Prof.ª Tathyane Lucas Simão
 Prof.ª Kelly Luana Molinari Corrêa
 Prof. Ivan Tesck
Revisão de Conteúdo: Márcio Moisés Selhorst
Revisão Gramatical: Equipe Produção de Materiais
Revisão Pedagógica: Bárbara Pricila Franz
Diagramação e Capa: 
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Copyright © UNIASSELVI 2017
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri
 UNIASSELVI – Indaial.
371.9
M958t Muller, Antônio José
Treinamento físico para grupos especiais / Antônio José 
Muller; Clóvis Arlindo de Souza. Indaial : UNIASSELVI, 
2017.
 
160 p. : il.
ISBN 978-85-69910-47-3
1. Educação Especial.
 I. Centro Universitário Leonardo da Vinci
Dr. Clóvis Arlindo de Souza
Dr. Antonio José Müller
Possui Mestrado e Doutorado em Saúde 
Pública, área de concentração em Epidemiologia, 
pela Faculdade de Saúde Pública da USP, 
Residência Multiprofi ssional em Saúde da Família pela 
Universidade Regional de Blumenau (FURB) e Graduação 
em Educação Física pela FURB. Atualmente é Professor 
do departamento de Educação Física e de Medicina da 
Universidade de Blumenau (FURB), do Programa de Pós-
Graduação Stricto Sensu em Saúde Coletiva da FURB, e 
Professor convidado dos Cursos de Pós-Graduação da 
Universidade Estácio e das Faculdades Metropolitanas 
Unidas (FMU) de São Paulo. Já ministrou mais de 200 
disciplinas em cursos de Pós-Graduação em nível de 
Especialização em diversas cidades do Brasil. Tem 
experiência na área de Saúde Coletiva com ênfase em 
Epidemiologia, Educação Física e Atividade Física e 
Saúde. Atuando principalmente nos seguintes temas: 
Epidemiologia da Atividade Física; Exercício Físico 
para Grupos Especiais; e Doenças Respiratórias 
Crônicas, Asma, DPOC.
Link para acessar o Currículo Lattes: http://
lattes.cnpq.br/0770773072266705
Professor de Pós-graduação do Mestrado 
em Educação e na Graduação e de nas áreas 
da Educação Física e Educação. Experiência 
como jogador e treinador de voleibol no Brasil, 
EUA e Arábia Saudita. Doutor em Educação pela 
University of Texas at El Paso, Especialista em 
Treinamento Desportivo - Voleibol pela UNIG 
(Universidade de Nova Iguaçu - RJ) e graduado 
em Educação Física pela FURB (Universidade 
Regional de Blumenau).
Sumário
APRESENTAÇÃO ......................................................................5
CAPÍTULO 1
Adaptações Agudas e Crônicas ao Exercício .....................9
CAPÍTULO 2
Adaptações da Criança e do Adolescente
ao Exercício Físico ................................................................45
CAPÍTULO 3
Treinamento e Atividades para Adultos
em Condições de Risco .........................................................85
CAPÍTULO 4
Prescrição de Exercício para Pessoas com
Doenças Cardiovasculares, Respiratórias
e Metabólicas ....................................................................... 111 
APRESENTAÇÃO
Neste caderno de Treinamento Físico para Grupos Especiais, você encontrará 
o que existe de mais atual para prescrição e acompanhamento de um programa de 
exercícios para pessoas em situações especiais, tais como crianças e adolescentes, 
idosos, grávidas, doentes cardiovasculares, respiratórios e metabólicos. 
Ao final, você estará apto a prescrever programas de exercícios físicos e 
acompanhar estas pessoas, pois conhecerá as principais doenças ou condições, sua 
fisiopatologia, os fatores de risco, os benefícios e os potenciais malefícios da prática 
do treinamento físico mal realizado.
O primeiro capítulo apresenta definições sobre a importância do exercício e a 
sua relação com a saúde e qualidade de vida. Também define grupos especiais, suas 
particularidades e características. Descreve ainda, aspectos fisiológicos do exercício 
aeróbico, anaeróbico e resistido e as suas relações com as adaptações agudas e 
crônicas do organismo. Definições essenciais para o conhecimento de todos que 
desejam trabalhar com populações especiais.
No Capítulo 2, você estudará as adaptações da criança e do adolescente 
em relação ao exercício físico. Com as principais modificações no processo de 
crescimento, desenvolvimento e maturação e seus impactos sobre componentes de 
desempenho e saúde. Aqui você conhecerá também as características e cuidados 
em relação aos exercícios para crianças e adolescentes e os tipos e princípios dos 
exercícios e atividades físicas neste grupo.
O Capítulo 3 apresenta as características típicas dos adultos idosos e das 
grávidas. Para cada um destes grupos, contextualizaremos as principais caraterísticas 
fisiológicas e as considerações especiais que interferem no exercício e ainda as 
sugestões de prescrição ideal para cada um dos grupos.
Para encerrar, o Capítulo 4 descreve a prescrição de exercício para pessoas com 
doenças cardiovasculares, respiratórias e metabólicas. Definindo e caracterizando 
essas doenças, seus fatores de risco, e ainda, como avaliar e prescrever programas 
de exercícios físicos para pessoas nestas condições.
Esperamos que com este caderno de estudos você esteja apto a desenvolver as 
principais condutas profissionais para melhor acompanhamento da prática regular de 
exercícios físicos em populações especiais.
Bons estudos!
CAPÍTULO 1
Adaptações Agudas e Crônicas 
ao Exercício
A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes 
objetivos de aprendizagem:
 Esclarecer sobre os princípios fi siológicos das adaptações agudas e crônicas 
relacionadas com o exercício físico.
 Interpretar os princípios das adaptações agudas e crônicas, relacionadas ao 
exercício para grupos especiais.
10
 Treinamento Físico Para Grupos Especiais
11
ADAPTAÇÕES AGUDAS E CRÔNICAS AO EXERCÍCIO Capítulo 1 
ContextualiZação
O exercício regular é necessário para o crescimento e desenvolvimento das 
crianças e dos adolescentes e é importante para a diminuição dos riscos de várias 
doenças crônicas na vida adulta. Assim, é imprescindível que nós, da educação 
física, sejamos capazes de prescrever exercícios tanto para a manutenção da 
saúde como na prevenção e recuperação de doenças específi cas para grupos de 
pessoas consideradas especiais, como idosos ou doentes cardíacos. 
Este capítulo discute alguns termos relacionados ao exercício, atividade 
física e saúde. Além da importância do exercício e qualidade de vida para todas 
as pessoas, descreve aspectos fi siológicos do exercício aeróbico, anaeróbico e 
resistido e as suas relações com as adaptações agudas e crônicas do organismo. 
Também defi ne grupos especiais, suas particularidades e características. 
SaÚde e Qualidade de Vida
A Organização Mundial da Saúde (OMS) é o órgão universal que se 
preocupa com a saúde da população mundial. A principal intenção da OMS é criar 
estratégias de atenção primária às pessoas em relação à saúde para promover 
não apenas a saúde, mas também a dignidade humana e melhoria da qualidade 
de vida.
A própria OMS (2000, s.p.) descreve que qualidade de vida é “a percepção 
que um indivíduo tem sobre a sua posição na vida, dentro do contexto dos 
sistemas de cultura e valores nos quais está inserido e em relação aos seus 
objetivos, expectativas, padrões e preocupações”. Em relação à defi nição de 
saúde, tradicionalmente a OMS descreve que saúde não apenas é a ausência 
de doenças ou enfermidades, mas principalmente, como um estado de completo 
bem-estar físico, social e psicológico (2000).
As defi nições da OMS nãoapresentam o assunto que estamos estudando 
neste caderno, o exercício. Porém, saúde e qualidade de vida podem ser 
melhoradas com a inclusão de exercícios regulares para praticamente todas 
as pessoas de qualquer credo, raça, idade, sexo, cultura, ou padrão social ou 
econômico.
Além do exercício, devemos entender que a condição física das pessoas 
se confundem com os termos utilizados para o desempenho esportivo em alto 
rendimento e que fazem parte da construção histórica e cultural da humanidade. 
12
 Treinamento Físico Para Grupos Especiais
A atividade física, exercício, esporte e desempenho atlético são partes integrantes 
das tantas sociedades e culturas ao redor do mundo. 
Para o nosso propósito tanto acadêmico quanto profi ssional para a atuação 
na educação física, devemos investigar e conhecer o papel e a importância do 
exercício para que as pessoas se tornem fi sicamente ativas e participem do 
exercício regular para promover a boa saúde, diminuindo o risco de morbidade 
e mortalidade, uma vez que as taxas de morbidade e mortalidade por doenças 
relacionadas com o estilo de vida estão em um ponto mais alto em vários países. 
Sedentarismo
Cerca de 60 a 85% da população mundial não realiza atividade física 
sufi ciente. Este fator está relacionado ao sedentarismo e que é considerado 
o quarto maior fator de mortalidade no mundo, sendo que 6% das mortes são 
atribuídas ao sedentarismo. As principais causas são hipertensão (15%), 
tabagismo (9%) e diabetes (6%). Além disso, o sedentarismo é a principal causa 
de até 25% dos casos de câncer de mama e cólon, 27% de diabetes e 30% dos 
problemas no coração segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS, 2010). 
Quadro 1 – Riscos do Sedentarismo
Riscos do Sedentarismo
• Redução da capacidade funcional
• Osteoporose
• Doenças cardiovasculares 
• Hipertensão
• Diabetes Tipo II mellitus
• Obesidade
• Câncer de mama
• Câncer de colón
• Ansiedade e depressão
• Acidente vascular cerebral
Fonte: OMS (2010).
O termo “sedentário” é determinado para o indivíduo que não recebe 
quantidades regulares de atividade física. Sedentário é considerado o indivíduo 
que não participa de um mínimo de 150 minutos de exercício moderado, 
ou 75 minutos de um regime mais vigoroso, por semana (OMS, 2010). Esta 
recomendação torna a atividade física uma oportunidade e não um inconveniente 
e facilita os indivíduos a tornarem-se ativos todos os dias, de todas as maneiras 
possíveis. A OMS também determina que andar 10.000 passos por dia (cerca de 
5 Km) seria uma meta ideal para melhorar a saúde e reduzir os riscos causados 
pela inatividade.
 
13
ADAPTAÇÕES AGUDAS E CRÔNICAS AO EXERCÍCIO Capítulo 1 
A OMS (2010) traz várias recomendações às pessoas sobre os benefícios da 
atividade física regular, entre as principais, estão:
• Quem pratica exercícios regulares controla o peso corporal e assim 
tem menores chances de desenvolver doenças coronárias, hipertensão, infarto, 
câncer de colón e de mama e depressão. Pessoas ativas também têm menos 
chance de fratura, em casos de queda.
• Adultos e idosos devem fazer exercícios três vezes por semana para 
melhorar a força e o equilíbrio, evitando quedas em idosos. Os idosos devem 
procurar atividades físicas adaptadas às suas limitações.
• Todos os adultos saudáveis devem praticar atividades físicas, caso não 
haja recomendação médica contrária. As dicas são para todos os indivíduos, 
incluindo as grávidas e quem têm doenças crônicas como hipertensão ou diabetes.
• As crianças devem realizar atividade física diária em torno de 60 minutos 
e a Educação Física deve ser utilizada para a promoção de uma infância mais 
ativa, elevando os níveis de condicionamento físico das crianças e adolescentes e 
ainda estimular a prática de exercícios e esportes para o longo da vida.
 
As causas da inatividade e sedentarismo podem ser percebidas na fi gura 
a seguir, que relaciona a inatividade com problemas de doenças, transtornos e 
distúrbios. 
Figura 1 – Inatividade física e o sedentarismo e suas causas
Fonte: Heyward (2013).
14
 Treinamento Físico Para Grupos Especiais
A OMS recomenda um mínimo de 150 minutos de exercício 
moderado por semana. Você acredita que a maioria das pessoas 
segue esta recomendação? Se a sua resposta é negativa, qual seria 
a sua sugestão para que as pessoas saiam do sedentarismo?
Agora que apresentamos os problemas relacionados com o sedentarismo, 
vamos ao que nos mais interessa, ou seja, o exercício e os seus benefícios para a 
saúde de todos, começando com as defi nições sobre os grupos especiais.
O Que são Grupos Especiais?
Em termos de atividade física e exercícios, pessoas ou grupos especiais 
podem ser defi nidos como um grupo da população com condições médicas 
especiais que requer conhecimento técnico e supervisão para uma melhora da 
situação anterior. O exercício, desde que apropriado, se torna extremamente útil 
às populações especiais.
Outro conceito de grupos especiais pode ser determinado como um grupo 
específi co que necessite melhorar o seu nível de profi ciência e conhecimento. 
Assim como o condicionamento do nível de interação social através de uma 
participação em uma atividade física regular.
Contudo, para podermos promover os benefícios às populações especiais, é 
necessário um profundo conhecimento por parte dos fi siologistas, preparadores, 
personal trainers, entre outros, uma vez que existem inúmeras restrições e 
cuidados que devemos perceber em relação ao exercício para esta população e 
para cada uma das especifi cidades.
 
Para delimitarmos o nosso estudo dentro deste caderno, iremos apresentar 
os princípios e sugestões de treinamento para grupos especiais, dos quais:
• adaptações da criança e do adolescente ao exercício;
• treinamento e atividades para adultos em condições de risco, como idosos, 
grávidas e outros;
• prescrição de exercício para portadores de doenças cardiorrespiratórias (ex.: 
hipertensos), endócrinas (ex.: diabéticos) e imunológicas (ex.: AIDS), entre 
outras patologias.
15
ADAPTAÇÕES AGUDAS E CRÔNICAS AO EXERCÍCIO Capítulo 1 
 Os grupos relacionados terão especial atenção na sequência do 
caderno em capítulos à parte com aprofundamento e sugestões de treinamentos 
específi cos. 
Apesar de não tratarmos das pessoas com necessidades 
especiais neste caderno, como surdos, cegos ou cadeirantes, 
por entendermos que são pessoas que não possuem diferenças 
fi siológicas e sim cuidados específi cos, a nossa sociedade 
discrimina essas pessoas e muitos de nós não têm interesse em 
atuar com elas, portanto, devemos rever os nossos conceitos.
Exercício Para a SaÚde 
 
A OMS e a Federação Internacional de Medicina do Esporte (FIMS, 1995) 
destacam que metade da população mundial é insufi cientemente ativa. Ambas 
instituições criaram um comitê de estudos para apresentar os benefícios do 
exercício regular à população mundial. Após vários estudos, foi apresentado pelo 
comitê um posicionamento sobre os benefícios do exercício para a saúde, sendo: 
A atividade física adequada é necessária em todas as idades 
para manter a "aptidão" fi siológica, isto é, a capacidade de 
realizar os esforços e os movimentos do cotidiano sem fadiga 
ou desconforto desproporcionais; para a regulação do peso 
corporal e evitar aumentos de peso e obesidade; e para o melhor 
funcionamento de uma série de processos fi siológicos, como 
o metabolismo das gorduras e dos carboidratos e as defesas 
do organismo contra infecções. As pessoas "funcionam" e 
sentem-se melhor e têm aparência mais saudável quando 
têm vida ativa e seus níveis de ansiedade e depressão são 
menores. Entre os idosos, é muito comum haver mobilidade 
limitada e perda da independência; há muitas evidências que 
mostram o valor da atividade física na prevenção e na redução 
dessas incapacidades (FIMS, 1995, p. 120). 
Portanto, essas entidades convocam os governos a promover e melhorar os 
programas de aptidão e atividadefísica como parte de uma política social e de 
saúde pública, com base nas seguintes afi rmações (FIMS, 1995):
• A atividade física diária deve ser vista como um marco fundamental de 
um estilo de vida ativo. A atividade física deve ser reintegrada à rotina da vida 
16
 Treinamento Físico Para Grupos Especiais
cotidiana. Um primeiro passo óbvio seria o uso de escadas em vez de elevadores, 
e caminhar ou pedalar para cumprir curtos percursos.
• Deve-se proporcionar a crianças e adolescentes instalações e 
oportunidades para participar de agradáveis programas diários de exercício, de 
forma que a atividade física se torne um hábito para toda a vida.
• Os adultos devem ser estimulados a aumentar sua atividade física 
habitual gradualmente, objetivando realizar pelo menos 30 minutos diários de 
atividade física de intensidade moderada como, por exemplo, caminhada e subida 
de escadas. Atividades mais intensas como o jogging, andar de bicicleta, jogos de 
campo ou quadra (futebol, tênis etc.) e natação podem proporcionar benefícios 
adicionais.
• Deve-se oferecer às mulheres uma variedade de oportunidades e mais 
estímulo para realizar exercícios saudáveis.
• Os cidadãos da terceira idade, incluindo os mais idosos, cujo número 
aumenta em todo o mundo, devem ser estimulados a ter vida fi sicamente ativa de 
modo a manter sua independência de movimentação e sua autonomia pessoal, a 
reduzir os riscos de lesões e a promover nutrição ideal. Os papéis e as relações 
sociais serão assim também facilitados.
• Pessoas portadoras de defi ciências ou doenças crônicas devem contar 
com instalações e orientações adequadas a suas necessidades.
• O fato de que há benefícios ao iniciar atividade física a qualquer idade 
deve ser amplamente divulgado pelos meios de comunicação.
 
Partindo destes princípios, a imagem a seguir descreve quais os principais 
benefícios do exercício regular em todo o corpo humano, levando-se em 
consideração não apenas os benefícios e alterações fi siológicas, mas também 
as melhorias dos sistemas imunológicos e a melhor prevenção de doenças. Mais 
ainda, o exercício que apresenta alterações psíquicas e que benefi cia o praticante 
em termos comportamentais e sociais.
17
ADAPTAÇÕES AGUDAS E CRÔNICAS AO EXERCÍCIO Capítulo 1 
Figura 2 – Efeitos conhecidos da atividade física nos 
diversos sistemas do organismo humano
Fonte: Lambertucci, Puggina e Pithon-Curi (2006).
Apesar dos conhecidos benefícios derivados do exercício, de forma geral, 
pode-se afi rmar que grande número de pessoas está abaixo, e frequentemente 
muito abaixo, de seu potencial biológico para boa saúde devido à falta de atividade 
física. Em comparação com os ganhos de saúde, os riscos de atividade física 
adequada são mínimos.
 
De acordo com a OMS (2000), a inatividade física é considerada como o 
quarto principal fator de risco para a mortalidade global. Ainda os níveis de 
inatividade física estão aumentando em muitos países com grandes implicações 
para a prevalência de doenças não transmissíveis (DNT) e da saúde geral da 
população mundial. Ao contrário da inatividade, o American College of Sports 
Medicine (Colégio Americano de Medicina Esportiva) (ACSM, 2011) apresenta 
uma discussão importante sobre os benefícios da atividade, onde considera que 
existe um componente de estilo de vida relacionado com a participação regular na 
atividade física e exercício físico e que pode diminuir signifi cativamente os riscos 
destas doenças. 
18
 Treinamento Físico Para Grupos Especiais
Normalmente quando pensamos em saúde, relacionamos essencialmente 
com atividade física ou doenças. Contudo, todos nós sofremos uma complexa 
interação entre três dimensões da saúde: mental, física e social, e cada uma 
delas interfere e são dependentes entre si (NIEMAN, 2011). 
Figura 3 – As três dimensões da saúde
Fonte: Nieman (2011).
Todas as dimensões são importantes para uma obtenção da qualidade 
de vida e todas devem receber a mesma atenção para um equilíbrio ideal e de 
forma contínua para toda a vida. Hábitos positivos e continuados, promovem a 
condição de saúde nas três dimensões. A falta desta continuidade é normalmente 
associada com doenças e morte, pois a maioria das doenças é precedida por um 
período prolongado de hábitos negativos de estilo de vida (NIEMAN, 2011), como 
se percebe no continuum da saúde (vida sem doenças) a seguir.
19
ADAPTAÇÕES AGUDAS E CRÔNICAS AO EXERCÍCIO Capítulo 1 
Figura 4 – Continuum da saúde
Fonte: Nieman (2011).
Portanto, a atividade física melhora os níveis de saúde mental, física e social 
e os benefícios diretos do exercício para a saúde. O quadro a seguir descreve de 
forma direta e indireta quais são os reais benefícios da atividade física relacionada 
à saúde levando em conta a sua aplicação na redução de doenças ou na melhoria 
das capacidades relacionadas à qualidade de vida dos indivíduos:
Reduz o risco de Reduz a Auxilia a
Morte prematura.
Doença arterial coronariana.
Câncer de colón, mama, pulmão e 
endométrio.
Diabetes mellitus e síndrome 
metabólica.
Hipertensão arterial.
Fratura nos quadris.
Perfi l lipídico sanguíneo adverso.
AVCs.
Obesidade abdominal.
Depressão e ansiedade.
Perder e manter o peso e prevenir 
o ganho de peso.
Prevenir quedas e melhorar a 
saúde funcional de idosos.
Melhorar a função cognitiva dos 
idosos.
Aumentar a densidade óssea.
Melhorar a qualidade de sono.
Fonte: Heyward (2013).
Quadro 2 – Benefícios da atividade física para a saúde
20
 Treinamento Físico Para Grupos Especiais
Atividade de Estudos:
 Depois de esclarecidos os benefícios para a saúde que o 
exercício pode promover, responda às questões a seguir:
 1) Como o exercício pode reduzir os riscos de morte prematura?
 ____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
 2) Como o exercício pode melhorar a função cognitiva dos 
idosos?
 ____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
O Que É Condicionamento Físico
 
Historicamente, o termo condicionamento físico permanecia associado ao 
desempenho esportivo de atletas, em especial, aos atletas de alto rendimento. 
Porém, esta defi nição não se aplica apenas aos atletas e sim para todas as 
pessoas em qualquer condição, uma vez que 1) todas as pessoas possuem um 
nível de condicionamento; 2) todas as pessoas necessitam de condicionamento 
físico para exercer suas funções diárias, suas atividades físicas específi cas ou 
ainda para o exercício; e 3) todas as pessoas devem usufruir dos benefícios 
causados pelos exercícios, buscando uma melhora da sua condição física e 
qualidade de vida. Assim, atualmente, condicionamento físico está associado à 
boa condição de saúde das pessoas. 
 Para discutirmos condicionamento físico, devemos defi nir e diferenciar 
atividade física e exercício, uma vez que os níveis de condicionamento são 
apresentados de acordo com as necessidades das pessoas, assim como o seu 
treinamento. 
21
ADAPTAÇÕES AGUDAS E CRÔNICAS AO EXERCÍCIO Capítulo 1 
a) Atividade física
Atividade física é defi nida como qualquer movimento corporal produzido 
pelos músculos esqueléticos que resulte em gasto de energia (NIEMAN, 2011). 
Atividades físicas variam consideravelmente de acordo com cada indivíduo, de 
acordo com o estilo de vida de cada pessoa além de outros fatores. Atividades 
diárias, domésticas ou ocupacionais, como caminhar, correr, subir escadas, um 
trabalhomanual, martelar, lavar o carro, são exemplos de atividades físicas. Como 
se percebe, as atividades físicas são de difícil mensuração, mas têm em comum a 
utilização da energia corporal, ou seja, demandam consumo calórico. 
b) Exercício
Diferente da atividade física, exercício físico é defi nido como uma atividade 
corporal planejada, estruturada, repetida e com o propósito de manter ou melhorar 
o condicionamento físico (NIEMAN, 2011). Portanto, o treinamento regular com 
atividades esportivas ou de condicionamento, estão dentro das atividades de 
melhora da condição física, para o desempenho esportivo, para a manutenção da 
condição geral, para fi ns estéticos, ou para a saúde.
 
A preocupação atual para a maioria dos governos, médicos, professores de 
educação física e outras pessoas e órgãos relacionados à saúde, está na relação 
do desenvolvimento dos elementos de condicionamento físico relacionado à 
saúde e a sua aplicação em escolas, empresas, programas comunitários, entre 
outros (NIEMAN, 2011). 
Fonte: Adaptado de Nieman (2011).
Quadro 3 – Comparativo entre atividade física e exercício
Atividade Física Exercício
Atividades do dia a dia, domésticas ou 
ocupacionais. Atividade regular, planejada e estruturada.
Difíceis de mensurar. Mensuráveis.
Relacionadas à atividade de cada indivíduo 
(profi ssional ou de lazer). Relacionados a desempenho ou condição física.
Consumo calórico. Consumo calórico 
Andar, varrer, martelar etc. Corrida orientada, musculação etc. 
22
 Treinamento Físico Para Grupos Especiais
Atividade de Estudos:
 1) Apresente as principais diferenças entre exercício e atividade 
física.
 ____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
c) Elementos do condicionamento físico relacionados à saúde
Para melhor entendimento e aplicação dos princípios de treinamento, os 
componentes do condicionamento físico devem ser treináveis e mensuráveis. 
Estes componentes se completam em uma abordagem de igual importância em 
relação à saúde, onde o condicionamento físico depende essencialmente do/da:
• condicionamento cardiorrespiratório;
• composição corporal;
• condicionamento neuromuscular.
Figura 5 – Elementos do condicionamento físico
Fonte: Nieman (2011).
23
ADAPTAÇÕES AGUDAS E CRÔNICAS AO EXERCÍCIO Capítulo 1 
Em outras palavras, o bom condicionamento depende das variáveis 
relacionadas à condição geral (neuromuscular e cardiovascular), além do 
percentual de gordura e outros elementos de composição corpórea, em 
proporções de igual importância.
- Condição cardiorrespiratória
A resistência cardiorrespiratória é a condição dos órgãos relacionados ao 
funcionamento geral do coração, sistema circulatório e pulmões e a sua efi ciência 
de suprimentos de oxigênio e nutrientes para que os músculos realizarem as suas 
funções mecânicas e funcionais. Uma das capacidades funcionais do indivíduo e 
a sua condição cardiorrespiratória está diretamente relacionada com o consumo 
de oxigênio ou o Volume de Oxigênio Máximo (VO2max). O VO2max representa a 
máxima quantidade de oxigênio que pode ser consumida, transportada e utilizada 
pelo organismo para a produção energética. Porém, existem fatores que limitam 
o rendimento do VO2max. Esses fatores são os internos (fi siológicos) e externos 
(de ação mecânica ou do ambiente), como se percebe no quadro a seguir:
Quadro 4 – Fatores que limitam o rendimento durante o VO2max
Fonte: Astrand e Rodahl (1986).
Portanto, estar em boa forma cardiorrespiratória representa a condição 
de correr, caminhar, andar de bicicleta ou nadar por um período prolongado de 
tempo. Ao contrário seria o indivíduo subir um lance de escadas e sentir fadiga, 
aumento exagerado da frequência cardíaca ou a respiração ofegante.
24
 Treinamento Físico Para Grupos Especiais
- Composição corporal
 A composição corporal é componente fundamental na aptidão física e 
na prescrição de exercícios relacionados à saúde, pois existe uma relação entre 
quantidade e a distribuição da composição corporal (gordura, massa magra, peso 
corporal) com alterações no nível de aptidão física e no estado de saúde das 
pessoas (ACSM, 2007). Esta relação está diretamente ligada com a obesidade e 
as patologias associadas. 
 O percentual de gordura corporal é o índice mais utilizado para avaliar 
a composição corporal das pessoas. O índice é determinado por uma avaliação 
da composição física através das medidas das dobras cutâneas, com a utilização 
do adipômetro dentro de protocolos específi cos. 
Figura 6 – Avaliação de dobras cutâneas
Fonte: Disponível em: <http://www.fi tnessmgt.com/images/
body-fat-test.jpg>. Acesso em: 9 fev. 2017.
Outro índice importante e utilizado de modo clássico é o Índice de Massa 
Corporal (IMC), onde o índice é mensurado a partir do cálculo utilizando a fórmula 
simples a partir das medidas de peso e de altura: 
IMC = Peso (kg) / (Estatura)²(m)
Utilizando a fórmula, teremos o resultado onde podemos associar se a 
pessoa está dentro dos níveis normais ou não, conforme o quadro a seguir:
25
ADAPTAÇÕES AGUDAS E CRÔNICAS AO EXERCÍCIO Capítulo 1 
Quadro 5 – Tabela de índice de massa corporal
Fonte: OMS (1995).
Os homens possuem níveis ideais de gordura corporal em torno de 15% e 
são considerados obesos acima de 25%. Já nas mulheres, o índice ideal seria 
em torno de 23% e são consideradas obesas quando este índice ultrapassa 33% 
(NIEMAN, 2011). Fora destes índices, as pessoas correm riscos de doenças 
associadas à obesidade, conforme o quadro a seguir e que veremos mais adiante 
neste caderno.
 
Determinar o índice de massa corporal é também importante para relacionar 
os riscos associados de doenças. O quadro a seguir apresenta os riscos 
associados às pessoas tanto para quem sofre com a desnutrição, quanto os que 
sofrem com a obesidade.
Quadro 6 – Percentual de gordura e a associação com doenças e desordens
Fonte: Lohman (1992).
 Atividade de Estudos:
 1) Fazendo uso da fórmula para calcular o IMC e dos quadros 5 
e 6, calcule a seu IMC e classifi que o seu percentual de gordura 
e assim, a sua associação com os fatores de risco ou não.
 __________________________________________________
__________________________________________________
__________________________________________________
26
 Treinamento Físico Para Grupos Especiais
- Condicionamento neuromuscular (Condicionamento muscular)
 
Outro elemento do condicionamento físico relacionado à saúde é o 
condicionamento neuromuscular. Assim, podemos associar que a condição 
neuromuscular interfere na mecânica dos músculos em suas funções de força ou 
resistência muscular, além do aspecto neurológico que agem na fl exibilidade. 
 Para Nieman (2011):
a) Flexibilidade é a capacidade funcional das articulações de se 
movimentarem por uma amplitude máxima de movimento e determina a medida e 
a quantidade de movimento possível em cada articulação.
b) Força muscular está relacionada com a capacidade dos músculos em 
exercer tensões contra uma resistência.
c) Resistencia muscular está relacionada à habilidade do músculo em 
continuar a executar movimentos de forma repetida sem fadiga.
Alterações Fisiológicas ao 
Exercício
 
Quando pensamos em exercício físico, pensamos no processo de alteração 
ou adaptação de nossas funções fi siológicas que acontecem com o nosso 
organismo, tanto durante o exercício (catabolismo), quanto depois do exercício 
(anabolismo). A imagem a seguir, descreve o caminho percorrido pelos sistemas 
e suas devidas alterações fi siológicas, para a obtenção da qualidade de vida 
através do exercício regular.
Figura 7 – O exercício, alterações e benefícios para a saúde e qualidade de vida
Fonte:Bittencourt Júnior (2009).
27
ADAPTAÇÕES AGUDAS E CRÔNICAS AO EXERCÍCIO Capítulo 1 
Nossas necessidades de energia aumentam durante o exercício, de 
modo a atender à maior demanda de potência para as contrações musculares, 
imprescindíveis para a execução dos movimentos. Neste momento, o nosso 
corpo sofre alterações fi siológicas para completar a exigência do movimento 
ou estímulo. Esta exigência é atendida por nossos sistemas energéticos, que 
aumentam a entrega de oxigênio e outras fontes de combustível para o trabalho 
mecânico dos músculos através da ressíntese de ATP. Assim, o músculo que está 
sendo exercitado deverá possuir uma grande capacidade de aumentar a taxa 
metabólica a fi m de produzir ATP em quantidade sufi ciente, para a continuidade 
do exercício (ACSM, 2011).
O ATP pode ser gerado através de processos, tanto anaeróbico (oxigênio 
independente) quanto aeróbico (dependente de oxigênio). Assim, as mudanças 
fi siológicas que ocorrem no início, durante ou após o exercício, irão acontecer 
de acordo com os efeitos do sistema de energia predominante na demanda 
por oxigênio e outras fontes de energia, bem como o acúmulo de subprodutos 
metabólicos.
As alterações fi siológicas demandam fontes energéticas específi cas de 
acordo com a duração e a intensidade do exercício. O quadro a seguir representa 
os sistemas energéticos utilizados, sua respectiva duração aproximada e ainda os 
efeitos fi siológicos causados.
Quadro 7 – Duração das cargas de trabalho e características 
fi siológicas em um esforço máximo
Fonte: Sandoval (2005).
a) Alterações Aeróbicas
A principal alteração aeróbica percebida com o incremento do exercício está 
relacionada com o aumento de cerca de 80% nos níveis de mioglobina das fi bras 
(proteína responsável pelo transporte e armazenamento de oxigênio nos tecidos 
musculares). Esta alteração interfere no aumento do número, tamanho e área da 
28
 Treinamento Físico Para Grupos Especiais
superfície da membrana da mitocôndria dos músculos esqueléticos. Além disso, 
aumenta o nível de atividade e concentração das enzimas que atuam no ciclo de 
Krebs e no transporte de elétrons. Sendo a gordura a principal fonte energética do 
sistema aeróbico, o glicogênio é preservado e assim, um menor acúmulo de ácido 
lático, ocasionando menor fadiga muscular em indivíduos treinados para o mesmo 
tipo de esforço (DANTAS, 2014).
b) Alterações anaeróbicas
 Fisiologicamente o treinamento anaeróbico proporciona o aumento das 
concentrações de ATP, CP, creatina e glicogênio, assim como o aumento das 
enzimas-chaves, portanto, acrescendo a capacidade de ressíntese de ácido lático 
e aumentando os níveis de tolerância e a fadiga causados pelo acúmulo de ácido 
lático (DANTAS, 2014). 
 A quantidade de ATP disponível diretamente no músculo é reduzida 
e deve ser ressintetizada continuamente se o exercício durar por mais de uns 
poucos segundos. O ATP é produzido em três vias (ACSM, 2011): 
• Fosfato de creatina – quantidade fi nita e produção limitada sem oxigênio;
• Glicólise rápida – via anaeróbica, mas também considerada a primeira etapa 
da degradação aeróbica do carboidrato;
• Oxidação aeróbica – utiliza oxigênio na produção de ATP sufi ciente para 
longos períodos de tempo.
c) Alterações no sistema cardiovascular
 Várias alterações sistêmicas são percebidas no sistema cardiovascular 
provocadas pelo exercício, em especial o exercício aeróbico. Entre elas o aumento 
de ejeção sanguínea, ou volume sistólico, permitindo a redução da frequência 
cardíaca em repouso. Em outras palavras, o coração irá fazer menos esforço para 
bombear a mesma quantidade de sangue. Se percebe ainda o aumento do volume 
sanguíneo, da hemoglobina total, do número de eritrócitos, e uma redução da 
tensão sistólica e diastólica, além do aumento da densidade capilar dos músculos 
esqueléticos (DANTAS, 2014). Também associado com o exercício regular está 
a redução dos níveis de triglicerídeos e colesterol, o que causa uma queda nos 
riscos de doenças coronarianas.
d) Alterações no sangue
 Lembrando que um homem adulto possui cerca de 5 litros de sangue. 
O exercício regular proporciona o aumento do volume sanguíneo de um a dois 
litros. Além disso, o exercício diminui a viscosidade sanguínea (o sangue com 
29
ADAPTAÇÕES AGUDAS E CRÔNICAS AO EXERCÍCIO Capítulo 1 
menos viscosidade diminui a pressão circulatória e facilita o fl uxo sanguíneo). 
O treinamento aeróbico também provoca um aumento do número de linfócitos 
(responsáveis pela defesa do organismo e imunidade celular) e o exercício 
anaeróbico desenvolve a anabolização dos granulócitos (que têm a função de agir 
nas reações alérgicas ou imunológicas e importantes no tratamento de alguns 
cânceres) (DANTAS, 2014).
e) Alterações no sistema respiratório
 Através do exercício sistemático, percebe-se um aumento da ventilação/
minuto máxima, do volume de oxigênio máximo (VO2), do equivalente respiratório 
de oxigênio e sua efi ciência respiratória. Percebe-se também, uma melhora na 
capacidade de difusão e volumes pulmonares, em repouso (DANTAS, 2014).
f) Alterações na composição corporal
 As principais alterações na composição corporal estão relacionadas ao 
exercício aeróbico, onde observa-se uma redução do percentual de gordura e do 
peso total e um aumento da massa corporal magra (DANTAS, 2014), melhorando 
o metabolismo e a condição geral.
 Em relação ao exercício anaeróbico, o treinamento provoca um aumento 
da atividade enzimática óssea e a hipertrofi a óssea, aumento da espessura de 
articulações e cartilagens, melhorando a capacidade articular dos movimentos, 
diminuindo os riscos de lesões como rompimentos e fraturas (DANTAS, 2014). 
As alterações imediatas, que são observadas nos sistemas 
respiratório, cardiovascular ou neuromuscular são uma resposta 
coordenada para atender ao aumento da demanda de energia para o 
trabalho físico. Estas rápidas alterações de intensidade e duração do 
exercício são conhecidas como as respostas agudas ao exercício. 
Enquanto que as respostas crônicas ao exercício acontecem em longo prazo, ou 
seja, ao longo de um período prolongado de tempo, com vários estímulos em 
treinamento contínuo. 
Respostas agudas 
ao exercício, 
respostas crônicas 
ao exercício.
30
 Treinamento Físico Para Grupos Especiais
Se você quiser conhecer mais sobre a fi siologia do exercício, 
existem bons livros sobre este assunto.
McARDLE, W. D.; KATCH, F. I.; KATCH, V. L. Fisiologia do 
exercício – energia, nutrição e desempenho humano. 3. ed. Rio de 
Janeiro: Interamericana, 2003.
ROBERGS, Robert A.; ROBERTS, Scott O. Princípios 
fundamentais de fi siologia do exercício para aptidão, 
desempenho e saúde. São Paulo: Phorte Editora, 2002.
Respostas Agudas ao Exercício 
Cardiovascular
 
As respostas agudas normais ao exercício correspondem diretamente a uma 
sequência de demandas aeróbicas da atividade física. Portanto, as mudanças de 
âmbito global, como a frequência cardíaca, o volume sistólico, o débito cardíaco, 
o fl uxo sanguíneo, a pressão arterial, a diferença de oxigênio arteriovenoso, a 
ventilação pulmonar e o consumo máximo de oxigênio, consistem em oxigenar o 
sangue que é fornecido aos tecidos ativos (ACSM, 2011). Nieman (2011) lembra 
que os indivíduos mais bem condicionados apresentam respostas agudas mais 
baixas àqueles indivíduos não condicionados. Portanto, as mudanças nos níveis 
de respostas fi siológicas serão mais agudas aos indivíduos pouco condicionados 
do que aos que estão em melhor condição física.
a) Frequência cardíaca
 Controle da frequência cardíaca (FC) é essencial para averiguar os níveis 
de esforço e de controle tanto no exercício, na recuperação ou ainda no repouso. 
Existe uma forte relação entre intensidade do exercício, níveis de recuperação 
e a frequência cardíaca e esta relação deve ser presente quando da prescrição 
do exercício, acompanhamento e modifi cação do treino. A frequência cardíacaé efetiva para controle dos níveis de treino, mas também sofre alterações por 
infl uência de variáveis como: níveis de cansaço, temperatura ambiente, altitude, 
níveis de hidratação, entre outros. 
 Quando se inicia o exercício, a FC aumenta, assim como o consumo de 
oxigênio, na proporção do aumento da intensidade do mesmo. A FC aumenta 
31
ADAPTAÇÕES AGUDAS E CRÔNICAS AO EXERCÍCIO Capítulo 1 
diretamente com o aumento da intensidade do esforço, até que o indivíduo esteja 
próximo dos limites da exaustão. À medida que estes limites se aproximam, a FC 
tende a estabilizar, indicando que a FC máxima está sendo alcançada (McARDLE; 
KATCH; KATCH, 2003).
 A frequência cardíaca em repouso para pessoas oscila entre 60 a 80 bpm 
(batidas por minuto), sendo que quanto menor a frequência cardíaca, mais bem 
preparado está o indivíduo. O coração trabalha em menor nível de esforço, tanto 
que alguns atletas bem condicionados, tem uma frequência de 24 a 40 bpm. A FC 
máxima (FC Máx) é considerada a maior frequência cardíaca atingida durante a 
realização de um esforço máximo até a exaustão (McARDLE; KATCH; KATCH, 
2003). 
 Em termos de acompanhamento e prescrição do exercício, a FC máx 
é calculada diminuindo a idade do indivíduo por 220. Assim, o exercício deve 
respeitar padrões de intensidade de acordo com a idade, uma vez que ao usarmos 
a fórmula, teremos a FC máxima em 200 bpm para um indivíduo com 20 anos 
de idade e a 180 bpm para um indivíduo com 40 anos de idade. Desta forma, 
podemos controlar e prescrever os exercícios aos indivíduos mais idosos, com 
uma margem de segurança adequada à idade.
 De acordo com Nieman (2011), a frequência cardíaca sofre alterações, 
assim:
- As FCs no pré-exercício podem se elevar em razão da resposta 
antecipatória. Esta resposta é mediada pelo neurotransmissor noradrenalina 
liberado pelo sistema nervoso simpático e pela adrenalina liberada pelas 
glândulas suprarrenais. Há também uma diminuição no tônus parassimpático 
(WILMORE; COSTILL, 2001). 
- Durante o esforço progressivo, a FC irá aumentar na proporção direta da 
intensidade do exercício.
- Na exaustão, o aumento da FC se horizontaliza, é neste momento que se 
atinge o máximo, denominada como FC máxima.
- Em níveis submáximos de exercício, quando a intensidade do trabalho se 
mantém estável, a FC aumentará de 1 a 3 minutos, para então se estabilizar. 
b) Volume sistólico
Volume Sistólico (VS) é a quantidade de sangue bombeada pelo coração 
a cada batimento cardíaco. Assim como ocorre com a FC, o volume de ejeção 
também se modifi ca durante o exercício, de modo a permitir que o coração trabalhe 
de forma mais efi ciente. Durante o exercício, o VS aumenta de forma curvilínea 
de acordo com o ritmo de trabalho até atingir um nível máximo equivalente a 50% 
da capacidade aeróbica e aumentando ligeiramente a partir deste ponto (ACSM, 
2011).
32
 Treinamento Físico Para Grupos Especiais
 O volume de ejeção é determinado por quatro fatores: o volume 
de sangue venoso que retorna ao coração, a distensibilidade ventricular, a 
contratilidade ventricular e a pressão nas artérias aorta ou pulmonar (WILMORE; 
COSTILL, 2001). Podemos considerar que os dois primeiros fatores determinam 
a capacidade de enchimento do ventrículo, e os dois últimos fatores infl uenciam 
a capacidade de esvaziamento do ventrículo, determinando a força com a qual o 
sangue é ejetado e a pressão contra a qual este deve fl uir nas artérias (BERNE; 
LEVY, 1992). Estes quatro fatores controlam diretamente a resposta do volume de 
ejeção à intensidade de esforço durante o exercício.
 Nieman (2011) descreve que os valores de VS para pessoas sedentárias 
em repouso, estão entre 60 a 70 mL de sangue por batimento cardíaco, sendo que 
pessoas treinadas este VS em repouso pode chegar até a 200 mL. A alteração 
do VS durante o esforço progressivo não segue o mesmo padrão de alteração 
percebido em relação à FC. Indivíduos treinados são capazes de aumentar o VS 
em níveis maiores dos indivíduos não treinados, especialmente após ultrapassar 
40 a 60% do VO2max. 
Tabela 1 – Volume sistólico típico para diferentes níveis de condicionamento
Fonte: Sandoval (2005).
A tabela anterior apresenta com clareza as diferenças de volume sistólico 
para sedentários e atletas. Percebemos que a diferença no VS tanto em repouso 
quanto em níveis de esforço máximo, representa o dobro em indivíduos treinados 
em relação aos sedentários. 
c) Débito cardíaco
 O débito cardíaco corresponde ao volume sistólico multiplicado pela 
frequência cardíaca. Portanto, o débito cardíaco representa a quantidade de 
sangue bombeada pelo coração por minuto (NIEMAN, 2011). Em indivíduos 
adultos sadios, o débito cardíaco aumenta de forma linear com o aumento do 
ritmo de trabalho (ACSM, 2011) e estabiliza brevemente na exaustão durante 
33
ADAPTAÇÕES AGUDAS E CRÔNICAS AO EXERCÍCIO Capítulo 1 
o exercício (NIEMAN, 2011). Porém, os valores máximos do DC dependem de 
vários fatores, entre eles, a idade, a postura, o tamanho corporal, a presença de 
doenças cardiovasculares e o nível de condicionamento físico (ACSM, 2011). 
 De acordo com Nieman (2011), quando em repouso, a média do débito 
cardíaco é de cerca de 5 litros por minuto (L/min), e durante o exercício com 
intensidade máxima, esta média pode subir para 20 a 40 L/min, de acordo com 
a condição física e estrutura corporal do indivíduo. Nieman (2011), considera 
ainda que nos estágios iniciais do exercício, o débito cardíaco aumenta devido ao 
aumento da frequência cardíaca e do volume sistólico. 
d) Diferença de oxigênio arteriovenosa
 A diferença de oxigênio arteriovenosa corresponde a quantidade de 
oxigênio transportada no sangue arterial e a quantidade de sangue venoso 
misturado (NIEMAN, 2011). Para o ACSM (2011), a extração de oxigênio pelos 
tecidos refl ete a diferença entre o conteúdo em oxigênio do sangue arterial 
e o conteúdo em oxigênio de sangue venoso (CaO2 – CvO2), o que produz 
uma diferença de oxigênio arteriovenosa típica em repouso de cerca de 25% 
do coefi ciente de utilização. Durante o exercício até a exaustão, o conteúdo 
de oxigênio venoso misto diminui, ampliando assim, a diferença de oxigênio 
arteriovenosa de 5 para 15 ml/dl de sangue, o que corresponde a um coefi ciente 
de 75% de utilização de oxigênio. 
 Com o aumento da intensidade do exercício, o consumo de oxigênio 
aumenta até o último estágio do exercício. Neste estágio, o VO2 se estabiliza e é 
denominado VO2max. (NIEMAN, 2011).
e) Fluxo sanguíneo
 Em repouso, cerca de 80% do débito cardíaco é distribuído para os 
órgãos viscerais, o cérebro e o coração e apenas 15 a 20% vão para os músculos 
esqueléticos. Contudo, durante o exercício, até 90% do débito cardíaco são 
fornecidos seletivamente aos músculos ativos e são afastados da pele e dos 
leitos vasculares esplâncnico, hepático e renal. O fl uxo sanguíneo miocárdico 
pode aumentar de quatro a cinco vezes com o exercício, enquanto que para o 
cérebro o suprimento sanguíneo é mantido nos níveis de repouso (ACSM, 2011). 
Em outras palavras, o sangue é direcionado das áreas onde é menos necessário, 
como alguns órgãos, para as áreas onde ele é extremamente necessário, como 
os músculos (NIEMAN, 2011).
 Quando o corpo aquece, uma quantidade maior de sangue é direcionada 
para a pele a fi m de conduzir o calor para longe do centro do corpo. Este processo 
34
 Treinamento Físico Para Grupos Especiais
de perda de calor estabiliza a temperatura corporal através do suor produzido 
pelas glândulas sudoríparas. Sendo que caso a taxa de suor for muito alta, o 
volume sanguíneo diminuirá, podendo provocar uma hipertermia (NIEMAN, 2011).
f) Pressão arterial
 De acordo com o ACSM (2011), a pressão arterial sistólica (PAS) sofre 
um aumento linear com os maiores níveis de exercício e alcançam normalmente 
os valores máximos de 190-220 mm Hg, contudo, a PAS máxima não deve ser 
superior a 260 mm Hg. Jáa pressão diastólica (PAD) pode diminuir levemente 
ou permanecer inalterada, durante o exercício aeróbico. Para Nieman (2011), 
o aumento da PAS durante o exercício está relacionado ao aumento do débito 
cardíaco. Esta pressão aumentaria enormemente caso não houvesse a dilatação 
dos vasos arteriais nos músculos ativos.
 Nieman (2011) ainda descreve que as contrações isométricas e o 
levantamento de grandes cargas causam grandes aumentos tanto na PAS 
quanto na PAD. Este fato deve ser considerado na prescrição de exercícios para 
cardiopatas.
 
g) Ventilação pulmonar
 Ventilação pulmonar (VE) é o volume de ar inspirado por minuto. A VE 
equivale ao volume corrente multiplicado pelo número de respirações por minuto 
(NIEMAN, 2011). Este volume é de aproximadamente 6 L/min em repouso para 
um homem adulto sedentário. Com o exercício máximo este VE aumenta em 
cerca de 15 a 25 vezes em relação aos valores em repouso. A VE não é um 
fator de limitação para a capacidade aeróbica (ACSM, 2011). Para Nieman (2011), 
durante o esforço progressivo a ventilação aumenta em padrões curvilíneos de 
6 L/mim até 60 a 120 L/min nas mulheres e em homens de 100 a 200 L/min de 
acordo cm a condição física e estrutura. A VE aumenta linearmente de acordo 
com o aumento da carga de trabalho e em intensidades mais altas este aumento 
se torna curvilíneo.
h) Consumo máximo de oxigênio
 Fisiologicamente o conhecido VO2max (capacidade aeróbica) determina 
a capacidade máxima de transporte e utilização do oxigênio durante o exercício 
máximo ou de exaustão, em especial quando executa um exercício que utilize 
uma grande massa muscular (ACSM, 2005). Os mecanismos reguladores centrais 
(débito cardíaco), quanto os periféricos (diferença de oxigênio intravenoso), 
afetam a intensidade de consumo de oxigênio (ACSM, 2011). 
35
ADAPTAÇÕES AGUDAS E CRÔNICAS AO EXERCÍCIO Capítulo 1 
 O VO2max é expresso em mililitros de oxigênio consumido por 
quilograma de peso corporal por minuto, portanto, deve-se considerar o peso, 
sexo, hereditariedade e estrutura do indivíduo, entre outros. 
 Para gerar energia e manter o corpo em esforço, o tecido muscular utiliza 
grandes quantidades de oxigênio para queimar carboidratos e gorduras e para 
cada litro de oxigênio consumido em exercício, cerca de 5 quilocalorias de energia 
são produzidas. 
Tabela 2 – Equivalência calórica do quociente respiratório (QR) 
e o percentual calórico (% kcal) a partir dos carboidratos e das gorduras
Fonte: Sandoval (2005).
A tabela acima descreve com clareza a relação entre o consumo de oxigênio 
com o consumo calórico. Percebe-se que quanto maior o gasto calórico, maior 
o consumo de carboidratos, enquanto que quanto menor o gasto calórico, maior 
o consumo de gordura. Em outras palavras, o exercício de alta intensidade e 
curta duração, irá exigir uma subtração maior dos carboidratos, enquanto que os 
exercícios de intensidade leve ou moderada e de longa duração irão exigir uma 
maior subtração de gorduras na produção energética.
 Para melhor entender esta condição de consumo de oxigênio e as 
adaptações cardiovasculares agudas que ocorrem durante o exercício, Robergs 
e Roberts (2002) apresentam um fl uxograma relacionando estas adaptações e 
processos fi siológicos, a seguir:
36
 Treinamento Físico Para Grupos Especiais
Figura 8 – Adaptações cardiovasculares agudas combinadas para 
o aumento do consumo de oxigênio durante o exercício
Fonte: Robergs e Roberts (2002).
Além dos exercícios aeróbicos e anaeróbicos, devemos entender as 
alterações sofridas pelo organismo (músculos esqueléticos) em relação aos 
exercícios com pesos, ou exercícios de força. Assim, vamos aprofundar tanto as 
respostas agudas quanto crônicas relacionadas ao treinamento resistido. 
Respostas Agudas ao Treinamento 
Resistido
a) Frequência cardíaca e pressão arterial
 Os exercícios que usam carga, como pesos ou máquinas, proporcionam 
um aumento na FC e na PA. Para o ACSM (2011) o pico de PA é mais alto durante 
o treinamento com pesos de forma dinâmica (contração concêntrica e excêntrica) 
do que de forma isométrica. Os picos de FC e PA ocorrem normalmente durante 
as últimas repetições de uma série e vão até a falência concêntrica voluntária. 
Ainda a PA sobe durante a fase concêntrica em comparação à fase excêntrica do 
movimento com pesos.
37
ADAPTAÇÕES AGUDAS E CRÔNICAS AO EXERCÍCIO Capítulo 1 
b) Volume sistólico e débito cardíaco
 O volume sistólico não sofre uma elevação expressiva acima do nível de 
repouso durante a fase excêntrica do exercício resistido, com ou sem a manobra 
de Valsalva (tentativa de exalar o ar com as narinas e bocas fechados e que deve 
ser evitada devido ao aumento da PA e FC a níveis extremamente perigosos), 
sendo signifi cativamente maior durante a fase concêntrica de uma repetição 
(ACSM, 2011).
 O débito cardíaco pode aumentar em ambas as fases do movimento 
resistido, contudo o debito cardíaco aumenta na fase excêntrica, devido ao 
aumento do volume sistólico o ACSM (2011).
Adaptações Crônicas Associadas ao 
Exercício Cardiovascular Regular
Lembrando o que foi visto anteriormente, as adaptações crônicas ao 
exercício, ao longo de um período prolongado de tempo, com vários estímulos em 
treinamento contínuo. Para Sandoval (2005), quando se realizam seis meses ou 
mais de treinamento de forma individualizada, sistemática e progressiva, ocorrem 
modifi cações crônicas importantes no organismo, presentes nos sistemas 
cardiorrespiratório, endócrino-metabólico, imunológico e musculoesquelético. 
Como foi discutido anteriormente, existe uma relação (boa) entre o exercício 
físico e a diminuição da mortalidade e de doenças cardíacas. Assim como uma 
relação entre a frequência cardíaca baixa, redução da PAS e aumento do VO2max 
em repouso, em cidadãos com menor probabilidade de doenças e difi culdades 
relacionadas às capacidades vitais e funcionais. Ainda, a produção reduzida de 
ácido lático e o menor fl uxo sanguíneo muscular, o que promove uma vantagem 
hemodinâmica distinta (ACSM, 2011).
Mas, como e por quanto tempo devo treinar para que estas adaptações 
aconteçam de forma pertinente? Para Nieman (2011), várias das respostas 
metabólicas e cardiorrespiratórias se adaptam muito rapidamente ao treinamento 
regular. Estas adaptações são percebidas de forma rápida em relação ao 
VO2max, a frequência cardíaca, nas respostas de lactato e ventilação. Contudo, 
outras adaptações são mais lentas, como o aumento no número de capilares por 
fi bra muscular. 
A proporção das adaptações do treinamento de exercícios regulares depende 
38
 Treinamento Físico Para Grupos Especiais
da frequência, da intensidade e da duração do treinamento, do tipo de atividade e 
do estado inicial de condicionamento do praticante (NIEMAN, 2011) e, segundo o 
autor, é interessante perceber que as mudanças observadas com o exercício são 
perdidas tão rapidamente quanto são adquiridas. 
a) Alterações respiratórias
 O ACSM (2011) sugere que inúmeras alterações respiratórias acontecem 
relacionadas ao condicionamento físico. Entre elas estão: 1) limite máximo de 
ventilação para o VO2max, isso signifi ca um maior consumo de oxigênio durante 
exercícios máximos (NIEMAN, 2011); 2) ventilação aumentada linearmente com 
o VO2max até aproximadamente 50% do VO2max; 3) aumento subsequente 
proporcionalmente maior que o aumento no ritmo de trabalho ou no VO2max; 4) 
pessoas treinadas apresentam volumes pulmonares e capacidades de difusão em 
repouso e durante o exercício maiores do que sedentários.
 Outras características do funcionamento pulmonar, como a capacidade 
pulmonar total, a capacidade vital forçada e o volume residual, não são alteradas 
durante o repouso, causadas pelo treinamento (NIEMAN, 2011).
 Atletas treinados possuem uma maior ventilação máxima, assim, são 
capazes de ventilar uma capacidade maior de ar durante o exercício máximo, 
assim como a sua frequência e o seu volumemais altos. A capacidade de difusão 
pulmonar também melhora com o treinamento, o que signifi ca uma propagação 
mais rápida do oxigênio dos alvéolos para o sangue (NIEMAN, 2011).
b) Alterações cardiovasculares
• Frequência cardíaca 
 Os efeitos crônicos do treinamento cardiovascular estão associados com 
a diminuição da FC em aproximadamente 10-15 bpm (ACSM, 2011). De acordo 
com Nieman (2011), a FC em repouso diminui em torno de um batimento cardíaco 
por minuto a cada uma ou duas semanas de treinamento aeróbico durante cerca 
de 10 a 20 semanas. Esta alteração benefi cia o praticante, pois o coração trabalha 
de forma efi ciente e com menor esforço, o que a longo prazo evita doenças 
relacionadas como a hipertensão. 
• Volume sistólico
 O VS aumentará, com mais sangue bombeado a cada batimento, e uma 
subsequente redução da FC (NIEMAN, 2011), tanto em repouso quanto durante 
o exercício até determinado ponto, como efeito do treinamento cardiovascular a 
longo prazo (ACSM, 2006). 
39
ADAPTAÇÕES AGUDAS E CRÔNICAS AO EXERCÍCIO Capítulo 1 
• Débito cardíaco
 O DC aumentará durante o exercício, porém não sofrerá modifi cações 
de modo signifi cativo em repouso em indivíduos que receberam treinamento 
cardiovascular (ACSM, 2011). Este aumento pode ser atribuído principalmente a 
uma maior extração de oxigênio pelas células musculares (NIEMAN, 2011).
• Diferença de oxigênio arteriovenoso
 A diferença de oxigênio arteriovenoso aumenta com o treinamento 
cardiovascular a longo prazo, em especial durante o período de esforço máximo 
(ACSM, 2011).
• Pressões arteriais sistólicas e diastólicas
 Tanto a PAS quanto a PAD em repouso podem diminuir com o treinamento 
cardiovascular crônico (ACSM, 2011). 
• Lactato sanguíneo
 Como resultado do treinamento cardiovascular apropriado, a produção de 
lactato será diminuída com cargas de trabalho submáximas durante o exercício 
(ACSM, 2011), assim como o aumento da capacidade de tolerância de níveis mais 
altos de ácido lático ao máximo (NIEMAN, 2011).
 Alterações provocadas pelo ácido lático
A passagem do ácido lático da fi bra muscular para a corrente 
sanguínea vai provocar alterações no equilíbrio ácido-base, 
inicialmente compensadas por mecanismos tampão fi siológicos, 
mas que com a sua acumulação acabam por ser suplantados, 
acidifi cando o sangue para valores fora do normal. Esta acidose 
vai provocar um conjunto de sinais e de sintomas, como por 
exemplo, queda da pressão arterial, tonturas, náuseas e, inclusive, 
vômitos e incontinência de esfíncteres com perdas involuntárias 
de urina ou fezes. Parte do treino dos atletas de alta competição 
de modalidades com elevada produção de ácido lático passa pelo 
aumento da tolerância física e psíquica aos efeitos nocivos do 
ácido lático. 
40
 Treinamento Físico Para Grupos Especiais
Eliminação do ácido lático do organismo
Quando o esforço intenso termina, cessa a produção de ácido 
lático, cujos valores demoram cerca de 20 a 30 minutos a reduzir 
para metade, e assim sucessivamente, tornando o processo passivo 
de eliminação demasiado lento. No entanto, existe um tipo de fi bras 
musculares que reutiliza o ácido lático para o reconverter em ácido 
pirúvico e assim disponibilizar substrato para a produção de energia, 
desde que a intensidade do esforço seja relativamente baixa (30 a 
35% no máximo). Este é um processo ativo mais efi ciente e efi caz 
de eliminação do ácido lático após a realização e esforços intensos.
Fonte: Banco da Saúde (2016)
Adaptações Crônicas Associadas ao 
Exercício Resistido
 Quando se fala em treinamento resistido, devemos considerar as 
inúmeras possibilidades de realização deste tipo de treino e as adaptações 
decorrentes para cada método ou treinamento realizado. Assim, o ACSM (2011) 
sugere que se levando em conta que os protocolos de exercícios resistidos 
podem ser prescritos diferentemente para apresentarem uma ampla variedade de 
demandas, as adaptações ao treinamento parecem ser específi cas para o tipo de 
protocolo utilizado. O processo adaptativo se inicia na primeira sessão de treino 
resistido e adota uma evolução temporal específi ca para cada indivíduo e o tipo 
de protocolo utilizado.
 
 As principais adaptações crônicas observadas ao exercício com carga, 
são percebidas com a hipertrofi a, a hiperplasia, a transformação das fi bras 
musculares, do tecido conjuntivo, dos substratos energéticos, também as 
adaptações neurais e cardiovasculares, além da composição corporal.
 A hipertrofi a é o aumento do tamanho do músculo, ocasionado pelo 
aumento do tamanho das células musculares, das fi bras de contração rápida, e 
também do diâmetro das fi bras de músculos não treinados. Este aumento das 
fi bras musculares é causado pelo aumento da proteína e do número e do tamanho 
das miofi brilas por célula muscular e ainda pelo aumento da quantidade e da 
força dos tecidos ligamentares, tendíneos e conjuntivos. O crescimento capilar 
é acentuado quando o treinamento é feito com cargas relativamente altas e alto 
número de repetições (NIEMAN, 2011). Para a ACSM (2011), o exercício resistido 
41
ADAPTAÇÕES AGUDAS E CRÔNICAS AO EXERCÍCIO Capítulo 1 
rompe ou lesiona certas fi bras musculares que em seguida, sofrem reparos e 
remodelam. 
 Nieman (2011) considera que existe uma maior hipertrofi a em indivíduos 
nascidos com alto percentual de fi bras de contração rápida (brancas) e assim, 
conseguem ganhar massa muscular com maior facilidade do que os indivíduos 
com fi bras predominantemente de contração lenta (vermelhas).
 É comum acontecer, no treinamento com pesos, a transformação do 
tipo de fi bra para outro subtipo (tipo IIB para IIA, por exemplo). Esta mudança 
se inverte durante o destreinamento. No exercício, o tecido conjuntivo aumenta 
o tamanho e a tensão de ligamentos, tendões e ossos. No treinamento de força, 
os substratos energéticos, como a fosfocreatina e o ATP, aumentam as suas 
concentrações intramusculares em repouso (ACSM, 2011).
 Os fatores neurais infl uenciam profundamente a produção de forma 
muscular. De acordo com o ACSM (2011), estes fatores neurais interferem nos 
seguintes processos:
• maior impulso neural para os músculos;
• maior sincronização das unidades motoras;
• maior ativação do aparelho contrátil;
• inibição dos mecanismos protetores dos músculos (órgãos tendinosos de 
Golgi).
 Os atletas que realizam treinamento de força exibem frequências 
cardíacas de repouso médias ou abaixo da média. Também se observa uma 
diminuição na pressão arterial, devido provavelmente à redução da gordura 
corporal, diminuição do sal corporal e alterações no impulso simpático para o 
coração (ACSM, 2011). Normalmente, os atletas de treinamento resistido, têm o 
volume sistólico normal ou acima do nível absoluto normal. 
 O treinamento com pesos pode induzir pequenos aumentos no pico de 
consumo de oxigênio, mas bem inferiores em relação aos aumentos observados 
com o treinamento aeróbico (ACSM, 2011).
 As mudanças na composição corporal do atleta praticante do treinamento 
resistido acontecem, em geral, a curto prazo (de 6 a 24 semanas). Este tipo de 
treinamento reduz a gordura corporal e aumenta a massa corporal e a massa 
isenta de gordura (ACSM, 2011). Programas de treinamento com pesos com 
duração de 7 a 24 semanas geralmente aumentam a massa corporal entre 0,5 e 
3% (NIEMAN, 2011).
42
 Treinamento Físico Para Grupos Especiais
 O quadro seguinte, compara as alterações percebidas para o exercício 
aeróbico e o exercício resistido, em diversas variáveis e que interferem no 
condicionamento físico das pessoas. 
Quadro 8 – Efeito do exercício aeróbico e resistido sobre as 
variáveis que interferem no condicionamento físico
Fonte: Eriksson, Taimela e Koivisto (1997 apud CIOLAC; GUIMARÃES, 2004).
Como percebemos no quadro, as alterações estão presentes de acordo 
com o tipo de exercício selecionado, seja na forma aeróbica ou no treinamento 
resistido.Então para cada objetivo devemos prescrever o exercício específi co. 
Exemplo: para um indivíduo que deve diminuir o percentual de gordura, o exercício 
aeróbico tem mais efeito e para um indivíduo que quer aumentar os níveis de 
massa magra, o exercício resistido é mais efi ciente.
Algumas Considerações
 Vimos neste capítulo as defi nições de sedentarismo, as características 
dos grupos especiais e as diferenças entre atividade física e exercício. Também 
discutimos sobre a importância do exercício para a saúde das pessoas e na 
43
ADAPTAÇÕES AGUDAS E CRÔNICAS AO EXERCÍCIO Capítulo 1 
ausência de doenças. Apresentamos as alterações fi siológicas ao exercício e 
suas especifi cidades para o exercício aeróbico, anaeróbico e resistido e suas 
implicações agudas e crônicas. Devemos entender que estas defi nições são 
fundamentais e aplicadas na relação e na prescrição do exercício para qualquer 
pessoa, no nosso caso, para percebermos os cuidados a serem tomados para 
a fi siologia do exercício a ser prescrito para os grupos especiais. Nos próximos 
capítulos teremos a união destes conceitos na aplicação de cada grupo 
selecionado como intenção deste caderno.
ReFerÊncias
AMERICAN COLLEGE OF SPORTS MEDICINE (ACSM). Manual do ACSM 
para avaliação da aptidão física relacionada à saúde. Rio de Janeiro: 
Guanabara Koogan, 2006.
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ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2007.
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Guanabara Koogan, 2011.
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Hill, New York, NY. 1986.
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Disponível em: <http://bancodasaude.com/tools/pdf.php?type=press&slug=acido-
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Ciências Básicas da Saúde (ICBS) - Universidade Federal do Rio Grande do Sul 
(UFRGS). 2009. Disponível em: <http://www.ufrgs.br/fi siologiacelular/site/arqs/
AIDS/aids-informa%C3%A7%C3%B5es.htm>. Acesso em: 29 jul. 2016.
CIOLAC, E. G.; GUIMARÃES, G. V. Exercício físico e síndrome metabólica. Rev. 
Bras. Med. Esporte, Niterói, v. 10, n. 4, jul./ago. 2004.
DANTAS, E. H. M. A prática da preparação física. 6. ed. Rio de Janeiro: Shape, 
2014.
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 Treinamento Físico Para Grupos Especiais
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Exercício para a saúde. Rev. Bras. Med. Esporte, v. 4, n. 4, p. 120-121, jul./ago. 
1998. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rbme/v4n4/a05v4n4.pdf>. Acesso 
em: 9 fev. 2017.
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WILMORE, J. H.; COSTILL, D. L. Physiology of sport and exercise. 
Human Kinetics, Champaign, 2001.
CAPÍTULO 2
Adaptações da Criança e do 
Adolescente ao Exercício Físico
A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes 
objetivos de aprendizagem:
 Descrever as modifi cações no processo de crescimento, desenvolvimento e 
maturação e seus impactos sobre componentes de desempenho e saúde.
 Analisar as características e cuidados em relação aos exercícios para crianças 
e adolescentes.
 Distinguir os tipos e princípios dos exercícios para prescrição de atividades 
físicas e esportivas para crianças e adolescentes.
46
 Treinamento Físico Para Grupos Especiais
47
ADAPTAÇÕES DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
AO EXERCÍCIO FÍSICO Capítulo 2 
ContextualiZação
Vamos iniciar um tema importante. Continuando o estudo sobre treinamento 
físico para grupos especiais, a fase da infância e adolescência é uma etapa 
fundamental para criação de hábitos e de estilo de vida para todo o ciclo vital. 
Depois de você estudar as adaptações agudas e crônicas ao exercício físico em 
geral, aqui você verá as adaptações da criança e do adolescente ao exercício. 
Será que é diferente de adultos ou idosos saudáveis? Diferente de crianças e 
adolescentes com patologias? Veremos.
Naturalmente um estilo de vida ativo em adultos está associado a uma 
redução da incidência de várias doenças crônico-degenerativas, bem como a uma 
redução da mortalidade cardiovascular e geral. Sim, mortalidade geral! Pessoas 
com pior aptidão física têm maior risco de morrer por qualquer causa quando 
comparadas com pessoas com melhor aptidão física.
Em crianças e adolescentes, um maior nível de atividade física contribui 
para melhorar o perfi l lipídico e metabólico e reduzir a incidência e a prevalência 
de obesidade e outras patologias. Ainda é mais provável que uma criança 
fi sicamente ativa se torne um adulto também ativo. E isso é bem importante, pois 
envolve a formação e incorporação de estilo de vida para toda a vida. Pessoas 
com experiências passadas positivas em atividades físicas e esportes são 
aquelas mais ativas. Neste sentido, promover um estilo ativo de vida na infância e 
adolescência é um aspecto fundamental para saúde e vida das pessoas.
Nesta primeira parte do caderno de estudos, você verá algumas defi nições 
da terminologia relacionada ao treinamento físico para desempenho e saúde de 
crianças e adolescentes. Conceitos que devem ser aprendidos ou relembrados 
para então seguirmos para o processo posterior, em que estes conceitos serão 
aplicados à prescrição de exercício.
Características da inFÂncia e 
adolescÊncia
Do ponto de vista de saúde pública, promover a atividade física na infância 
e na adolescência signifi ca estabelecer uma base sólida para a redução da 
prevalência do sedentarismo na idade adulta. Ressalta-se que a atividade física 
é qualquer movimento como resultado de contração muscular esquelética que 
aumente o gasto energético acima do repouso e não necessariamente a prática 
esportiva.
48
 Treinamento Físico Para Grupos Especiais
Esses dois 
fenômenos ocorrem 
simultaneamente 
nesse período, 
sua maior ou 
menor velocidade 
depende do nível 
maturacional e, em 
alguns momentos, 
das experiências 
vivenciadas pela 
criança ou pelo 
adolescente 
(PAPALIA; 
FELDMAN, 2013).
O que é criança? Ser humano no início de seu desenvolvimento:
- Recém-nascido: do nascimento até um mês de idade.
- Bebê: entre o 2° e o 18° mês.
- Criança: maior de 18 meses até 10-12 anos de idade.
O que é infância? Período da vida humana desde que se nasce até a 
puberdade/adolescência, com os seguintes estágios: 
- 0-18 meses.
- 18 meses-3 anos. 
- 3-4 anos.
- 5-9 anos. 
- 10-pré-adolescência.
O que é adolescência? Faseque marca a transição entre a infância e a 
idade adulta. 
Durante as duas primeiras décadas de vida, as principais 
atividades do corpo humano consistem em crescer e se desenvolver. 
Esses dois fenômenos ocorrem simultaneamente nesse período, sua 
maior ou menor velocidade depende do nível maturacional e, em 
alguns momentos, das experiências vivenciadas pela criança ou pelo 
adolescente (PAPALIA; FELDMAN, 2013).
Estudos com crianças e adolescentes têm demonstra do benefícios 
da atividade física no estímulo ao crescimento e desenvolvimento, 
prevenção de doenças crônicas, incremento da massa óssea, aumento 
da sensibilidade à insulina, melhora do perfi l lipídico, diminuição da 
pressão arterial, desenvol vimento da socialização e da capacidade 
de trabalhar em equipe. Também se conhece que a atividade física realizada de 
forma imprópria, em desacordo com a idade, com as etapas do desenvolvimento 
motor e com o estado de saú de, apresenta riscos de lesões, como por exemplo, 
traumas, osteocondrose, fratura e disfunção menstrual (STAFFORD, 2005; 
BRODERICK et al., 2006; AZEVEDO et al., 2007; ALVES; LIMA, 2008).
Etapas do crescimento
- 1ª - Intrauterina: embrionária, fetal, precoce e fetal-tardia.
- 2ª - Primeira infância: do nascimento aos 2 anos. Crescimento é rápido, 
mas desacelerado.
- 3ª - Segunda infância: 2 aos 10 anos, crescimento é constante e lento.
- 4ª - Adolescência: 10 aos 20 anos, crescimento acelerado até os 15 anos, 
declinando até os 20 anos.
49
ADAPTAÇÕES DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
AO EXERCÍCIO FÍSICO Capítulo 2 
Período de crescimento
- Período neonatal: de 0 a 28 dias.
- Período da infância: 29 dias a 10-12 anos (pré-escolar = 2 a 6 anos e 
escolar = 7 a 10-12 anos).
- Período da adolescência:
- Pré-puberal = 10 a 12-14 anos.
- Puberal = 12-14 a 14-16 anos.
- Pós-puberal = 14-16 a 18-20 anos.
Tipos de crescimento
• Tipo geral ou somático: curva em S deitado.
• Tipo neural (cabeça e cérebro): crescimento rápido do sistema nervoso, 
nos dois primeiros anos de vida.
• Tipo genital (reprodutivo): latência até o início da puberdade, depois 
ocorre um crescimento rápido.
• Tipo linfoide: desenvolvimento máximo até 8 a 10 anos, depois ocorre 
involução. Tecido linfoide contém linfócitos de proteção contra vírus e bactérias. 
Modifi cações na forma e no tamanho do corpo são provocadas 
pelo crescimento temporalmente diferenciado dos diferentes segmentos 
corporais. As mudanças nas proporções corporais exercem infl uência na 
forma como as crianças e os adolescentes realizam as tarefas motoras. 
Por exemplo, mudanças no tamanho relativo da cabeça, na infância, 
afetam o equilíbrio do corpo durante o movimento. O tamanho reduzido 
das pernas, nos mais jovens, limita a habilidade para a corrida. No início 
da puberdade, os braços e pernas são proporcionalmente mais longos, 
assim, estão mais habilitados para a corrida, entretanto, o rápido crescimento 
pode fazê-los parecer desajeitados e oferecer difi culdades de coordenação.
As mudanças 
nas proporções 
corporais exercem 
infl uência na forma 
como as crianças 
e os adolescentes 
realizam as tarefas 
motoras.
50
 Treinamento Físico Para Grupos Especiais
Figura 9 – Curvas de crescimento de diferentes partes e tecido do corpo humano
Fonte: Tanner (1962).
Profi ssionais da saúde são frequentemente questionados em relação 
aos efeitos positivos do exercício físico sobre o crescimento das crianças e 
adolescentes. Embora muito se especule a esse respeito, existem poucos 
trabalhos que sustentem tal afi rmação. 
Isso se deve principalmente aos diversos fatores que tornam difíceis os 
estudos comparativos como, por exemplo: difi culdade de interpretar o impacto 
dos esportes na adolescência em virtude dos diferentes estágios puberais; 
grau de restrição dietética utilizada em alguns treinamentos; e grande número 
de atividades físico-desportivas potenciais e suas variadas formas de prática, 
tais como, intensidade, frequência, duração (SILVA et al., 2004; HAYWOOD; 
GETCHELL, 2016).
O que você acha sobre o possível efeito de alguns esportes 
sobre o crescimento de crianças e adolescentes? O basquetebol 
e o voleibol podem aumentar o crescimento enquanto a ginástica 
artística e a musculação podem diminuir a estatura fi nal?
51
ADAPTAÇÕES DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
AO EXERCÍCIO FÍSICO Capítulo 2 
Crescimento, Desenvolvimento e 
Maturação
O processo de crescimento, maturação e desenvolvimento humano interfere 
diretamente nas relações sociais, afetivas e motoras na infância e adolescência. É 
necessário adequar os estímulos ambientais em função desses fatores. 
Crescimento inclui aspectos biológicos quantitativos (dimensionais), 
relacionados com a hipertrofi a e a hiperplasia celular, enquanto a maturação 
pode ser defi nida como um fenômeno biológico qualitativo, relacionando-se 
com o amadurecimento das funções de diferentes órgãos e sistemas (MALINA; 
BOUCHARD, 2002; RÉ, 2011).
Crescimento se refere a um aumento no tamanho do corpo causado 
pela multiplicação ou pelo aumento de células. Alterações do corpo 
como um todo ou de partes específi cas, em relação ao tempo. Pode ser 
mensurado pela realização de medidas antropométricas de estatura, de 
massa corporal, de dobras cutâneas, de circunferências e de diâmetros 
(PAPALIA; FELDMAN, 2013).
As acelerações bruscas do crescimento são chamadas de saltos de 
crescimento ou estirão. O salto de crescimento mais importante e mais conhecido 
acontece na puberdade. Nessa fase, ocorre um rápido aumento, tanto da massa 
corporal como da estatura das pessoas. O auge ocorre por volta dos 12 anos de 
idade, nas meninas, e aos 14 anos nos meninos. Antes disso, não se verifi cam 
diferenças signifi cativas entre meninos e meninas no que diz respeito à massa 
corporal e à estatura. Durante o estirão de crescimento, grande parte da energia 
é utilizada para o crescimento. Com isso, a criança/adolescente se cansa mais 
facilmente e, consequentemente, não aguentam o volume e a intensidade dos 
treinamentos normais utilizados com adultos (RÉ, 2011; HAYWOOD; GETCHELL, 
2016).
Desenvolvimento envolve alterações em nível de funcionamento de 
um indivíduo ao longo do tempo. Alteração adaptativa em direção a uma 
habilidade. É entendido como uma interação entre as características 
biológicas individuais (crescimento e maturação) com o meio ambiente 
ao qual a pessoa é exposta durante a vida (GALLAHUE; OZMUN, 2006; 
PAPALIA; FELDMAN, 2013). 
A fi gura a seguir apresenta um conjunto de fatores que podem 
infl uenciar o crescimento, o desenvolvimento e a maturação: fatores internos 
Crescimento se 
refere a um aumento 
no tamanho do 
corpo causado pela 
multiplicação ou 
pelo aumento de 
células.
Desenvolvimento 
envolve alterações 
em nível de 
funcionamento de 
um indivíduo ao 
longo do tempo. 
Alteração adaptativa 
em direção a uma 
habilidade.
52
 Treinamento Físico Para Grupos Especiais
como a carga genética herdada dos pais, a raça/cor da pele e o sexo; e fatores 
externos, como os aspectos nutricionais e alimentares e questões ambientais, 
como clima, altitude, espaços para atividades físicas etc. Os fatores endócrinos 
em relação aos hormônios evolvidos com o crescimento, como o hormônio do 
crescimento e hormônios da tireoide, testosterona e estrogênio.
Figura 10 – Fatores que podem infl uenciar no 
crescimento, desenvolvimento e maturação
Fonte: Adaptado de Gallahue e Ozmun (2001) eFundação Vale (2013).
O desenvolvimento humano é um processo de crescimento e de mudança 
nos campos físico, comportamental, cognitivo e emocional, ao longo da vida das 
pessoas.
Maturação são alterações qualitativas que capacitam o indivíduo 
a progredir para níveis mais altos de funcionamento. Crescimento, 
maturação e desenvolvimento humano são processos altamente 
relacionados que ocorrem continuamente durante todo o ciclo de 
vida. Aquisições motoras de crianças e adolescentes não podem ser 
compreendidas

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