Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
ANATOMIA Pelve menor apresenta tamanhos e estreitos que definem se o parto vai apresentar bom prognóstico por via baixa ou não. A região vulvoperineal (períneo) tem formato de losango e está situada entre a sínfise púbica e cóccix. No parto, o assoalho pélvico sustenta a cabeça fetal, enquanto o colo do útero se dilata para permitir a saída do feto. Pode haver lesão do períneo, do músculo levantador do ânus e dos ligamentos da fáscia da pelve durante o parto. Rompem-se com maior frequência: Os músculos pubococcígeo e puborretal e as partes e mediais do músculo levantador do ânus são os que se rompem com maior frequência. O enfraquecimento dessas estruturas pode causar incontinência urinária de esforço. O nervo pudendo, localizado sobre a espinha esquiática, pode ser “bloqueado” por anestésico local aplicado através de uma agulha passada pela parede lateral da vagina de modo a entorpecer as peles perineal e anal. ESTREITO SUPERIOR A pelve menor (bacia obstétrica) é circundada pela parte inferior do cíngulo do membro inferior. Os estreitos têm importância nas distócias ósseas (causadas por alterações na bacia obstétrica). A conjugata vera anatômica não é de interesse obstétrico e é traçada do promontório até a borda superior da sínfise púbica. A conjugata vera obstétrica é o diâmetro mais importante do estreito superior, que representa o trajeto real da cabeça durante a passagem pelo canal de parto. É traçada do promontório até a face posterior da sínfise púbica. Não é possível mensurar, somente ser estimada pela conjugata diagonalis, traçada do promontório à borda inferior da sínfise púbica. A conjugata diagonalis é 1,5cm mair que a conjugata vera obstétrica. Após a mensuração, utiliza-se a Regra de Smellie (Conjugata Obstétrica = Conjugata Diagnonalis – 1,5cm) para calcular o valor da conjugata obstétrica. Pelvimetria Interna: Exame de toque em que baseia- se tocar o promontório da paciente até a borda inferior da sínfise púbica. Marca-se a distância do extremo do dedo indicador (que toca o promontório) e o dedo da outra mão que toca a borda inferior da sínfise púbica. Caso o promontório seja inatingível, deduz-se que a conjugata diagonalis é maior que 12 cm e que a CO é >10,5, e, portanto, não se espera distocia de estreito superior. ESTREITO MÉDIO É delimitado no sentido posteroanterior pela concavidade do osso sacro com a borda inferior do osso púbico e lateralmente pelas espinhas isquiáticas. O diâmetro anteroposterior é o sacromediopúbico, traçado do meio da concavidade do osso sacro até o meio da face posterior da sínfise púbica (12 cm). O diâmetro transverso é o menor estreitamento de todo o canal (10,5 cm) e corresponde ao nível das espinhas isquiáticas. Faz referência para o bloqueio de nervo pudendo. ESTREITO INFERIOR Delimitado anteriormente pela borda inferior do osso púbico, lateralmente pelos músculos sacroilíacos e posteriormente pelo músculo isquiococcígeno. A conjugata exitus (diâmetro anteroposterior) tem o menor diâmetro e mede 9,5 cm. Na fase final da expulsão fetal após a deflexão da cabeça fetal, há retropulsão do cóccix, ampliando-se em 2 a 3 cm. TIPOS DE BACIA Condições socioeconômicas, raça, atividade física, características nutricionais da infância e da adolescência, além do habitat, interferem na formação da bacia. A classificação foi feita por Caldwell e Moloy (1933) e é baseada na forma do estreito superior. Bacia Ginecoide (Típica – 50% dos casos): Tem forma arredondada e possui o melhor prognóstico para o parto vaginal. Bacia Antropoide (25% dos casos): Tem formato elíptico. Não apresenta bom prognóstico para o parto vaginal, mas, ocorrendo insinuação, evolui bem. Bacia Androide (20% dos casos): Tem formato triangular e apresenta o pior prognóstico (bacia masculinizada). A distócia é crescente com a decida do feto. Bacia Platipeloide (5% dos casos): É achatada nos diâmetros transversos e, caracteristicamente, a apresentação se insinua nos diâmetros transversos. A distócia é maior na insinuação, mas amenizada depois, não impossibilitando o parto pela via vaginal. ESTÁTICA FETAL Situação fetal: Relação do maior eixo fetal com o maior eixo materno. Longitudinal (A); Transversa (C); Oblíqua (B); Apresentação fetal: Região fetal que ocupa a área do estreito superior da pelve materna e nela vai insinuar. Na situação longitudinal, as apresentações são cefálica ou pélvica. Na situação transversa, a apresentação é córmica. Atitude fetal: Relação das diversas partes fetais entre si e depende da disposição dos membros e da coluna vertebral. A atitude fisiológica nas apresentações cefálicas é a flexão generalizada, com o mento encostado no esterno. A. Modo de Nágedas; B. Pélvica completa; C. Modo de joelhos ou pés Apresentação Cefálica Fletida: Ponto de referência é a fontanela posterior, lambda ou occipício (O). Apresentação Deflexão grau I: Ponto de referência é o bregma (B). Apresentação Deflexão grau II: Ponto de referência é a glabela ou raiz do nariz, chamado naso (N). Apresentação Deflexão grau III: O ponto de referência é o mento (M). Apresentação Pélvica: Ponto de referência é o sacro (S). Apresentação Córmica: Ponto de referência é o acrômio (A). Posição fetal: Em relação ao dorso fetal com o abdome materno. Variedade de Posição e Altura: Quando o bebê atinge o Plano Zero, ele insinuou. FASES CLÍNICAS DO PARTO E ASSISTÊNCIA 1º PERÍODO: DILATAÇÃO Começa com as primeiras contrações dolorosas, cuja principal ação é a modificação da cérvix e termina com a dilatação total de 10 cm. As contrações são dolorosas e rítmicas a cada 3-5 minutos. É preciso ter, pelo menos, 2 contrações a cada 10 minutos, tendo cada contração a duração de 50-60 segundos cada. Na fase ativa de parto, ocorre a dilatação e o apagamento do colo uterino (2 cm nas primíparas e 3 cm nas multíparas), além da formação da bolsa das águas e perda do tampão mucoso. Nas primíparas, ocorre primeiro o esvaecimento, de cima para baixo, e depois a dilatação do orifício externo. Nas multíparas, ocorrem simultaneamente. A dilatação, na fase ativa, ocorre por volta de 1 cm/hora (primíparas) e 1,5 cm/hora nas multíparas. ASSISTÊNCIA DO 1º PERÍODO Alívio das dores por mecanismos farmacológicos ou não farmacológicos: banho morno, massagem, bola de pilates, analgesia (>4-5 cm); Apoio psicológico; Amniotomia, se necessária; Costuma durar de 7-12h; Exames físico e laboratoriais na admissão; Garantir acompanhante; Toque vaginal a cada 2-4h; Avaliação da Vitalidade Fetal (BCF); Gestação de Baixo Risco: 30/30 min; Gestação de Alto Risco: 15/15 min; Sinais vitais e alimentação da gestante; 2º PERÍODO: EXPULSÃO Tem início quando a dilatação é total, ou seja, quando atinge 10 cm, e termina quando ocorre a completa expulsão do feto. Nessa fase, ocorre a ação combinada das contrações uterinas e das contrações voluntárias. São esperadas 5-6 contrações em 10 minutos, cerca de 50-60mmHg e duração de 60-80 segundos. A duração média para primíparas é de 50 minutos e de multíparas, 20 minutos. Período expulsivo prolongado: Quando se ultrapassam 3 horas de dilatação total sem nascimento nas primíparas ou 2 horas nas multíparas. Caso estiver sob analgesia, adicionar 1 hora para definir o período expulsivo prolongado, ou seja, 4 horas nas primíparas e 3 horas nas multíparas. ASSISTÊNCIA DO 2º PERÍODO Assepsia da região perineal; Manobra de Ritgen para proteção de períneo e episiotomia para evitar lacerações, caso necessário; Orientação; Analgesia locorregional de nervo pudendo; Verificar circular de cordão; Liberação deombro anterior e posterior; Após o parto: 2 ampolas de ocitocina IM para controle da hemorragia; 3º PERÍODO: DEQUITAÇÃO É o período em que ocorre o descolamento, a descida e a expulsão da placenta, com duração média de 5-30 minutos após o período expulsivo. Realiza-se a tração controlada e delicada do cordão. Baudelocque-Shultze: Mais comum, ocorre o descolamento central e o sangramento sai depois da placenta. Baudelocque-Duncan: Menos comum, o descolamento é marginal ou periférico e o sangramento escoa antes da saída completa da placenta. Quando a placenta não é expelida após 30 minutos, trata-se de encarceramento placentário, onde é preciso interferir ativamente na dequitação. ASSISTÊNCIA DO 3º PERÍODO 10 UI ocitocina IM pós-expulsão fetal; Tração controlada de cordão; Manobra de Fabre: avalia se a placenta já descolou. Coloca-se a mão no fundo do útero e faz-se leve tração do cordão; Procedimento de Harvey: leve compressão do segmento inferior do útero para auxiliar na descida da placenta pelo canal vaginal; Manobra de Jacob-Dublin: leve tração e torção axial da placenta para auxiliar no descolamento durante exteriorização; Manobra de Credé (NÃO DEVE SER FEITA – risco de inversão uterina): expressão uterina visando auxiliar o descolamento placentário; Evitar tração intensa do cordão e compressão intensa do fundo uterino; Realizar revisão do canal de parto e relembrar os graus de laceração. 1: 1º grau – pele e mucosa. 2: 2º grau – pele, mucosa e músculo transverso superficial do períneo e bulbocavernoso. 3: 3º grau – esfíncter externo do ânus. 4: 4º grau – esfíncter interno do ânus e mucosa retal. 4º PERÍODO: GREENBERG (1ª HORA PÓS- PARTO) Tem início imediatamente após a dequitação, sendo, dessa forma, a 1ª hora de puerpério e não um verdadeiro 4º período. É o período com maior risco de hemorragias. 4T’s: Tônus; Trauma (revisar o trajeto sempre que fizer um parto); Tecido (verificar se ficou algum resto placentário); Trombina (algum problema de coagulação – é considerado raro, apenas pensar quando excluir os demais). Mecanismos de hemostasia: Miotamponagem: Contração uterina- ligaduras vivas de Pinard. Trombotamponagem. Contração uterina fixa: Globo de segurança Pinard. MECANISMO DE PARTO 1º TEMPO: INSINUAÇÃO Indica a passagem do maior diâmetro da apresentação fetal pelo estreito superior da bacia materna (plano 0 de De Lee). Ocorre redução dos diâmetros fetais, consistindo na flexão (cefálica) ou deflexão da cabeça. Nas primigestas, a insinuação do feto ocorre cerca de 15 dias antes do parto, já nas multíparas pode ocorrer a qualquer momento. Há movimentos de flexão lateral, já que um dos ossos parietais atravessará o estreito superior antes do outro; essa situação é denominada assinclitismo. 2º TEMPO: DESCIDA É a passagem da apresentação fetal do estreito superior para o estreito inferior da pelve. Móvel: Superior ao De Lee -3; Ajustada/fixada: em De Lee -3, -2 ou -1; Insinuada: De Lee 0; Fortemente insinuada: De Lee +1, +2 ou +3; Baixa: De Lee +4 ou +5 cm; 3º TEMPO: ROTAÇÃO INTERNA O objetivo é alinhar o polo cefálico com o púbis, pra deixar o maior diâmetro do polo cefálico alinhado com o maior diâmetro da bacia. 4º TEMPO: DESPRENDIMENTO CEFÁLICO O polo cefálico está em flexão, sendo necessário que ocorra movimento de deflexão ou extensão da cabeça para ocorrer exteriorização do maciço frontal. 5º TEMPO: RESTITUIÇÃO (ROTAÇÃO EXTERNA) Novo movimento logo após o desprendimento total da cabeça fetal, quando o occipício se volta para o lado materno que ocupava no interior do canal de parto. Assim, o ombro anterior fica sobre a arcada púbica e o posterior fica em contato com o cóccix materno. 6º TEMPO: DESPRENDIMENTO DO OVÓIDE CÓRMICO Nesse momento, há o desprendimento das espáduas (ombros). Primeiramente, a espádua anterior aparece no orifício vulvar, seguida pela liberação da espádua posterior. Com a saída das espáduas, há liberação de todo o tronco fetal. DISTÓCIA BIACROMIAL (DISTÓCIA DE OMBROS) Caracterizado quando ocorre o desprendimento cefálico, sem progressão para desprendimento do diâmetro biacromial, após 60 segundos. O sinal da tartaruga é a visualização da retração da cabeça fetal contra o períneo materno durante contrações. Fatores de risco: Episódio anterior de distócia de ombro; Diabetes gestacional; Pós-datismo; Macrossomia fetal (> 4kg); Baixa estatura materna; Ganho de peso materno excessivo durante o pré-natal (IMC > 30); Pelves anômalas; Trabalho de parto prolongado; Condutas para resolução: Rotação externa da cabeça fetal; Manobra de McRoberts: Realizar o aumento do agachamento na parturiente em posição vertical ou a hiperextensão das coxas sobre o abdome se a parturiente estiver deitada. Manobra de Rubin I: Fazer pressão suprapúbica contínua por 30 segundos. Se não houver sucesso, fazer a pressão em pulsos, por 30 segundos, com a mão fechada ou espalmada; Manobra de Gaskin (all fours): Colocar a parturiente na posição de quatro apoios e repetir a tração do polo cefálico para desprendimento, desta vez através do ombro posterior. Posição de running start: Manter a parturiente em quatro apoios, elevar e dobrar o joelho do lado do dorso fetal. Caso essas manobras não funcionem, parte-se para as manobras internas, em que é preciso realizar episiotomia ampla para manipular o canal vaginal. Manobra de Rubin II: Colocar os dedos indicador e médio sobre a escápula posterior fetal, empurrando o concepto com o biacromial no diâmetro anteroposterior para um diâmetro oblíquo, com leve tração da cabeça simultânea para desprendimento. Manobra de Woods: Manter os dedos sobre a escápula posterior e os dedos indicador e médio da mão contralateral do assistente devem posicionar-se sobre a clavícula fetal, tentando rotacionar. Manobra do Parafuso: Inverter a posição das mãos (da manobra de Woods) e realizar a rotação no sentido inverso. Manobra de Jacquemier: Puxar a mãozinha do bebê (retirada do ombro posterior) para transformar o diâmetro biacromial em axiloacromial, causando a rotação do feto, que é retirado em OS. Caso nenhuma dessas manobras funcione, realizar as medidas de resgate: Fratura da clavícula anterior; Clidotomia: secção da clavícula com tesoura; Manobra de Zavanelli: rodar a cabeça para OP, fleti-la e reintroduzi-la, lentamente na pelve materna, até as espinhas isquiáticas, e proceder para cesariana. Além de 7 a 8 minutos para extração fetal, há maior probabilidade de danos neurológicos permanentes para o feto, além do risco de óbito neonatal. PARTO PÉLVICO A incidência é baixa, no entanto, a frequência dessa apresentação é maior quanto menor for a IG. Indica-se cesariana para apresentações pélvicas nas seguintes situações: Peso fetal estimado entre 750g a 2.000g; IG < 34 semanas; Fetos macrossômicos, pesando > 4.000g; Vício pélvico; Cesariana anterior; Amniorrexe prematura; Malformação fetal (compatível com a vida); Obstetra inexperiente; Procidência de membros; MECANISMO DE PARTO PÉLVICO Não tracionar o feto, já que pode defletir a cabeça e impor dificuldades ao parto. Ter a presença de um anestesiologista, neonatalogista e médico auxiliar. Manter a bolsa íntegra até a dilatação total (10cm). Realizar monitorização fetal rigorosa. Manter o dorso fetal orientado anteriormente (as costas do feto viradas para a frente da mãe). Realizar alça de cordão umbilical após a saída parcial do tronco. Considerar realização rotineira de episiotomia ampla e tardia. Manobra de Thiessen: Facilita a saída do feto em bloco, pressionando operíneo pra impedir o desprendimento fetal por 2 ou 3 contrações, promovendo a dilatação completa da cérvix. Manobra de Bracht: Manobra passiva de orientação do feto, que é rebatido sobre o abdome da mãe (primeiro os bracinhos, depois a cabeça). Manobra de Pinard: Transformar a apresentação pélvica incompleta em pélvica completa, dobrando as perninhas do feto. MANOBRAS DE DESPRENDIMENTO DAS ESPÁDUAS Manobra Clássica: Apreende um dos braços fetais. Manobra de Deventer-Müller: Movimentos pendulares de abaixamento e elevação do corpo fetal com o objetivo de encaixar o ombro anterior no subpúbis e, em seguida, realizar a manobra clássica. Manobra de Rojas: Faz uma tração, rotação axial e translação fetal. Não deve ser realizada caso haja rotação posterior do dorso fetal. Manobra de Pajot: Apreender o braço, fazer a flexão do cotovelo e descida do braço pela região anterior da face e do tronco fetal. MANOBRAS NAS ROTAÇÕES POSTERIORES DO DORSO Nessa situação, o dorso do feto está voltado para as costas da mãe. Assim, apreende-se os MMIIs do feto com uma das mãos, abaixando o tronco fetal. Com a outra mão, busca-se um dos braços fetais pela região anterior e o puxa para fora. MANOBRAS PARA DESPRENDIMENTO DA CABEÇA DERRADEIRA Manobra de Liverpool: Deixar o corpo fetal pendendo, sem sustentação, por 20 segundos. Deve ser associado à Manobra de McRoberts. Manobra de McRoberts: Hiperflexão das coxas da mãe sobre seu ventre. Manobra de Mauriceau: Deixar o feto apoiado sobre o antebraço da obstetra, que introduz os dedos médio e indicador na boca do feto, fletindo o polo cefálico. Manobra de Zavanelli: Manobra de resgate, realizada somente em situação extrema. Empurra-se o feto para dentro do canal de parto para realizar a cesárea. PARTOGRAMA É a representação gráfica do trabalho do parto e obrigatório na maternidade desde 1994. Com ele é possível acompanhar a evolução do parto, diagnosticar alterações e evitar intervenções desnecessárias. Triângulo: Representa a dilatação da paciente e sua evolução em horas. Circunferência: Representa a altura da apresentação e é preciso desenhar a variação da posição. Também estão presentes no partograma: frequência cardíaca fetal (FCF), número de contrações e intensidade, condições da bolsa das águas e do líquido amniótico, uso ou não de ocitocina e medicamentos, fluido e anestesia, além da assinatura do examinador. Linha de Alerta: Traçada na hora seguinte da dilatação inicial. Ao cruzar essa linha, é preciso observar mais esse trabalho de parto. Linha de Ação: Traçada 4 horas depois da linha de Alerta. Quando a curva de dilatação cruza essa linha, alguma intervenção deve ser feita, não necessariamente por via alta. DISTÓCIAS DE DILATAÇÃO Fase Ativa Prolongada: Ocorre quando a dilatação progride, porém lentamente, menos que 1 cm por hora. Está associada à distócia funcional, ou seja, contrações ineficientes. A opção para correção é melhorar o padrão contrátil, seja com deambulação, ocitocina ou amniotomia. Parada Secundária de Dilatação: A dilatação não progride em 2 toques consecutivos em intervalos de pelo menos 2 horas. Pode ser decorrente de desproporção cefalopélvica absoluta (tamanho do bebê é maior que a bacia da mãe), ou relativa, quando há deflexão e o diâmetro do feto é maior, ou ainda nas variedades de posição transversas ou posteriores. Em desproporção cefalopélvica absoluta, o parto via alta é a melhor opção. Se descartada a DCP, pode realizar amniotomia, deambulação e analgesia. Parto Precipitado: Ocorre quando a dilatação, descida e a expulsão fetal ocorrem em 4 horas ou menos. Pode se causado por taquissistolia e hipersistolia, que podem ser espontâneas ou iatrogênicas, pelo uso inadequado de ocitocina. Pode estar associado ao sofrimento fetal agudo ou lacerações do canal de parto. Predispõe hemorragia pós-parto. Quando é iatrogênico, suspende-se o uso de ocitocina até a normalização das contrações. Quando é espontâneo, coloca-se a paciente em DLE, hidrata e cateter nasal com O2. DISTÓCIAS DO PERÍODO PÉLVICO (DE DESCIDA) Só podem ser identificadas na presença de dilatação total do colo uterino. Período Pélvico Prolongado: Ocorre quando a dilatação é completa mas a descida da apresentação é lenta. A causa é a contratilidade uterina deficiente. Corrige-se com ocitocina, amniotomia ou fórcipe, quando há indicação. Posições verticalizadas também ajudam na descida. Parada Secundária da Descida: Há dilatação completa e a descida não progride em dois toques consecutivos, em pelo menos 1 hora. A causa geralmente é a desproporção cefalopélvica e, nesse caso, opta-se pela cesárea. FÓRCEPS Tem função de apreender o polo fetal, tracionar e rodar. Suas indicações para uso são: Sofrimento fetal ou BCF não tranquilizador; Exaustão materna; Cardiopatias, para abreviar o período expulsivo; Cicatriz uterina prévia; Comorbidades maternas que contraindiquem manobra de Valsalva (doença cardíaca classe III ou IV, crises hipertensivas, miastenia grais, lesão de medula e retinopatia proliferativa); Variedade de posição anômala como OS e OT; Apresentação anômala, como a apresentação de face; Para fazer uso desse instrumento, deve haver algumas condições: Ausência de desproporção cefalopélvica; Bolsa rota; Conhecer a variedade de posição; Dilatação total; Feto insinuado e vivo; Simpson-Braun: Utilizado nas variedades de posição anteriores e posteriores, em que se deva proceder rotação de no máximo 45° para resolver o período expulsivo prolongado. Kielland: Pode ser aplicado em todas as condições (transversas, diretas e oblíquas), mas de preferência nas transversas. É possível rodar o feto em até 90° e 135° ou nas posições anteriores e posteriores. Piper: Indicado no desprendimento da “cabeça derradeira” no parto pélvico, ou seja, quando há dificuldade no desprendimento do polo cefálico. INDUÇÃO DO PARTO Tem como objetivo estimular artificialmente o preparo do colo e as contrações uterinas coordenadas e efetivas antes do seu início espontâneo em mulheres a partir da 22ª semana de gestação. As indicações são: Gestação prolongada (>41 semanas); Diabetes: Diminuir a incidência de macrossomia fetal e suas complicações; RPMO (>34 semanas ou antes da vigência de infecção): Para reduzir o risco de corioamnionite e endometrite e admissão na UTI neonatal; Contraindicações absolutas: DCP; Gestação múltipla; Apresentação fetal anômala; Cicatriz uterina; Placenta prévia; Obstrução do canal de parto; Carcinoma cervical invasivo; Macrossomia; Sofrimento fetal; Prolapso de cordão; Herpes genital com lesões ativas; Malformações uterinas; As condições do colo têm fator preditor de desfecho favorável para a indução dar certo, ou seja, o colo precisa estar maduro. A maturação é quantificada pelo Índice de Bishop, que avalia características do colo. Índice de Bishop >7: Colo maduro e favorável. Alta probabilidade de partos normais após a indução do trabalho de parto. Índice de Bishop ≤6: Colo imaturo e desfavorável à indução. É necessária a utilização de métodos artificiais para atingir a maturação cervical. MATURAÇÃO CERVICAL Pode ser feita por métodos farmacológicos ou métodos mecânicos. Prostaglandinas: O uso de misoprostol é o método de escolha para o preparo cervical, através da via vaginal. A dose de 25 mcg é a mais segura. A técnica consiste na administração de 1 comprimido de 25 mcg a cada 6 horas, por via vaginal, em fundo de saco posterior. É contraindicado para pacientes com cirurgia uterina ou cesariana anterior. A administração de ocitocina só pode ser iniciada após 4 a 6 horas do uso de misoprostol,sendo contraindicado o uso concomitante pelo efeito sinérgico apresentado, aumentando os riscos de complicações. Dilatadores osmóticos (laminária): São dispositivos compostos de materiais hidrofílicos naturais ou sintéticos que, ao absorver água, aumentam gradativamente de espessura e promovem dilatação cervical. São utilizados quando há contraindicações ao método farmacológico. A principal complicação é a infecção, seja endometrite ou sepse neonatal. Descolamento Digital de Membranas: Ocorre aumento das prostaglandinas no local do descolamento e na circulação materna, o que seria responsável pelo início das contrações uterinas. Balão Transcervical (Krause): Utilizado nos casos de contraindicação ao uso do misoprostol (pacientes com cicatriz uterina), em que se insere uma sonda vesical de grosso calibre acima do orifício interno do colo (Foley) e insufla com água destilada. Indução com Ocitocina: Medicação de escolha para colos maduros. Deve ser administrada em bomba de infusão contínua (BIC). Tem ação rápida (3-5 minutos) e não é usualmente indicada quando o colo ainda é imaturo (Bishop <7). A avaliação da vitalidade fetal deve ser feita com o uso de cardiotocografia e amnioscopia. Em caso de taquissistolia, a infusão de citocina deve ser completamente suspensa e a correção é feita com medidas de ressuscitação intraútero como hidratação rápida e vigorosa, oxigênio em cateter nasal de O2 e decúbito lateral esquerdo.
Compartilhar