Buscar

Nutrição esportiva prescrição ❤

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 14 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 14 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 14 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Tema: Suplementação de termogênicos 
 
INTRODUÇÃO 
Nota-se que há uma busca constante por melhora do rendimento, do desempenho 
e até mesmo mudança na composição corporal de atletas e desportistas. Alimentos ou 
componentes dos alimentos que aumentam o desempenho são denominados 
substâncias ergogênicas e estão presentes nos suplementos alimentares. Dessa 
forma, o uso de suplementos é crescente no meio esportivo e pode agir no aumento 
do metabolismo energético, aumentar a massa muscular e melhorar a saúde em geral 
(MAUGHAN in TIRAPEGUI; CASTRO, 2009). 
Algumas substâncias ergogênicas são consideradas termogênicas, pois são 
coadjuvantes na redução de gordura corporal (COELHO et al, 2007; SMBE, 2009). 
Porém, muitas substâncias prometendo ação lipolítica, com perda de peso em pouco 
tempo e ocasionam diversas alterações na homeostase corporal (COELHO et al, 
2009). 
CAFEÍNA 
A cafeína é uma substância estimulante e componente comum na dieta na 
população em geral, assim como de muitos atletas, encontrada como ingrediente em 
alimentos, bebidas e outras preparações. Além do uso social, a cafeína tornou-se um 
suplemento utilizado no esporte após a remoção da lista proibida da Agência Mundial 
Antidoping (Wada), porém, há um limite tolerado na urina para essa substância. No 
Brasil, a cafeína foi recentemente liberada pela Agência de Vigilância Sanitária 
(Anvisa) como alimento para atletas (ALTIMARI et al, 2006; MOREAU, 2009, ANVISA, 
2010). 
O café é a principal fonte de cafeína na dieta, mas essa substância também 
pode ser encontrada no guaraná, no chocolate, em “bebidas energéticas”, em 
refrigerantes à base de cola e em fármacos (ALTIMARI et al, 2006; MOREAU, 2009). 
As principais fontes e as quantidades de cafeína são demonstradas a seguir (TABELA 
1). 
 
 
Tabela 1: Principais fontes de cafeína 
Fontes Quantidade de cafeína (mg) 
1 xícara (150 ml) de café infusão 103 
2 g de café em pó instantâneo 60 
2 g de café descafeinado 3 
1 colher (chá) de chá preto instantâneo 25 -50 
1 lata (350 ml) de Pepsi® 38 
1 lata (350 ml) de Coca-Cola® 45 
1 barra (30 g) de chocolate meio amargo 5 a 35 
Adaptado de ALVES, 2010 
Metabolismo da cafeína 
A cafeína (1,3,7-trimetilxantina) é rapidamente absorvida pelo trato 
gastrointestinal e atinge pico no plasma entre 40 minutos a 60 minutos. Por ser uma 
substância lipossolúvel, atravessa rapidamente as membranas celulares, além da 
barreira hematoencefálica e da placenta. Após a absorção, a cafeína é metabolizada 
pelo fígado, onde acontece a remoção dos grupos metila 1 e 7 através da ação do 
sistema enzimático citocromo P450 IA2, o que leva à formação de três grupos 
metilxantina: 84% paraxantina, 12% treonina e 4% teofilina, todos metabolicamente 
ativos. O cérebro e os rins desempenham uma importante função ao metabolismo da 
cafeína ao sintetizarem o citocromo P450 1A2, essencial no metabolismo da cafeína 
(MOUREAU, 2009; DAVIS; GREEN, 2009). 
A excreção da cafeína é via renal, porém, de 0,5% a 3% da dose administrada 
é eliminada sem ser absorvida pela urina. Diversos fatores podem influenciar o 
metabolismo da cafeína e, consequentemente, alterar a quantidade excretada pela 
urina, dentre eles: idade, genética, exercício, doenças, dieta ou uso de alguns 
fármacos, consumo habitual de cafeína, tabaco e álcool. Tanto a cafeína como seus 
metabólicos ativos estimulam o sistema nervoso central (SNC), agem sobre os rins 
como um diurético, estimulam o músculo cardíaco e relaxam a musculatura lisa. O 
efeito estimulante no SNC aumenta o estado de alerta, alivia o sono e a fadiga 
(MOREAU, 2009). 
Dosagem e efeito tóxico 
A ação da cafeína no SNC está relacionada com a dose; em um consumo 
considerado baixo de cafeína, variando 85 miligramas (mg) a 200 mg, há estimulação 
do córtex cerebral, produzindo efeitos como redução do sono e fadiga, dando 
sensação de bem-estar, vigor e euforia, aumentando o alerta mental, a produtividade e 
a capacidade para manter um esforço intelectual por períodos prolongados. Doses de 
cafeína acima de 250 mg são consideradas altas, podendo ocorrer intoxicação, com 
efeitos leves que incluem nervosismo, irritabilidade, insônia e distúrbios 
gastrointestinais. Quando a dose excede 400 mg, causa disforia e aumento da 
ansiedade. Um consumo elevado de cafeína de 1,5 grama (g) (correspondente a 12 ou 
mais xícaras de café) pode causar efeitos mais intensos, como úlcera péptica, delírio, 
coma, convulsões e arritmias (MOREAU, 2009). 
Efeito ergogênico da cafeína 
Os primeiros estudos com uso da cafeína demonstraram que ela aumentava o 
desempenho em exercícios de longa duração, associado com um catabolismo 
aumentado dos triglicérides e uma redução da glicogenólise muscular. Com base 
nesses achados, confirmados em outros estudos, sugere-se que o uso da cafeína 
promova uma melhora metabólica dos sistemas energéticos durante o esforço, 
contribuindo para melhora no desempenho físico (MOREAU, 2009). Entretanto, os 
efeitos ergogênicos da cafeína no desempenho físico em exercícios de alta 
intensidade e curta duração (tais como força, velocidade e potência) são contraditórios 
e inconclusivos até o presente momento. Os resultados divergentes podem ser 
influenciados por diferenças de metodologia aplicadas nos estudos (MOREAU, 2009; 
DAVIS; GREEN, 2009). Sugere-se que o efeito ergogênico da cafeína é mais 
acentuado em indivíduos treinados (DAVIS; GREEN, 2009). 
Em geral, os efeitos sobre o organismo se traduzem em aumentar o estado de 
alerta e diminuir a sensação de fadiga, podendo aumentar a capacidade para realizar 
determinadas tarefas. É importante salientar que os efeitos ergogênicos são mais 
evidentes em pessoas não acostumadas ao consumo de cafeína (< 50 mg) em 
comparação com pessoas com alto consumo constante (> 300 mg) – esse efeito 
provavelmente é decorrente de uma up-regulation de receptores de adenosina 
promovida pelo consumo regular (MOREAU, 2009; GUERRA et al, 1999). O efeito 
ergogênico da cafeína sobre o desempenho físico em exercícios aeróbios tem sido 
demonstrado após a ingestão aguda de doses de cafeína entre 3 miligramas/quilo 
(mg/kg) e 6 mg/kg de peso corporal (ALTIMARI et al, 2006). Doses de cafeína de 9 
mg/kg também produzem efeito ergogênico, mas podem causar desconfortos 
sintomáticos, e doses maiores, entre 9 mg/kg e 15 mg/kg de peso não são 
recomendadas, pois podem aproximar os níveis plasmáticos do nível tóxico 
(MOREAU, 2009). 
Acredita-se que o efeito ergogênico pode estar comprometido em condições 
ambientais, como alto calor e umidade. Dessa forma, Ferreira e colaboradores (2006) 
avaliaram oito ciclistas com ingestão de 5 mg/kg e 9 mg/kg de cafeína em condições 
de alto risco térmico. Os resultados indicaram que as condições de calor e umidade 
podem ser suficientes para mascarar o benefício ergogênico da cafeína, entretanto, 
houve uma tendência dos dados a demonstrar que a cafeína pode levar à redução dos 
sinais de fadiga durante o exercício nas condições de alto risco térmico. 
Brunetto e colaboradores (2010) avaliaram o efeito do consumo agudo de 
cafeína sobre a oxidação de lipídios e o desempenho durante o exercício aeróbico 
utilizando o quociente respiratório como marcador da oxidação lipídica. Os indivíduos 
foram divididos em grupos através de sorteio, sendo: café com adoçante, café com 
açúcar e café descafeinado. No fim do trabalho, os resultados demonstraram que a 
ingestão de 5 mg/kg de peso de cafeína, adicionada ou não de carboidrato e oferecida 
30 minutos antes do exercício aeróbico, não aumentou a oxidação de lipídios nem o 
tempo em exercício. Vale lembrar que os indivíduos selecionados eram não treinados(finalidade competitiva) e apresentam consumo de cafeína inferior a 100 mg/dia. 
Um trabalho com jogadores de golfe (n= 23) demonstrou que a suplementação 
com uma bebida preparada com carboidrato e cafeína aumentou a concentração (6,4 
g e 16 mg/100 mL) e melhorou o estado de alerta dos jogadores, dessa forma, 
melhorou o rendimento na partida (STEVENSON et al, 2010). 
A cafeína pode melhorar a performance por múltiplos mecanismos, podendo 
poupar glicogênio, por elevar as taxas de ácido graxos livre no sangue; estimular o 
sistema nervoso central, aumentando dessa forma o estado de alerta; facilitar a 
liberação de cálcio dos locais de armazenamento no músculo esquelético, estimulando 
a contração muscular e induzindo um efeito termogênico, bem como aumento da 
oxidação lipídica (ALVES, 2010). Alguns mecanismos de ação da cafeína são melhor 
elucidados a seguir (MOREAU, 2009; COELHO et al, 2009). 
 
Estímulo da lipólise e economia de glicogênio: não está relacionado com o 
aumento de níveis plasmáticos de ácidos graxos livres, pois o aumento da oxidação de 
gorduras ocorre nos primeiros 15 minutos de exercício e provavelmente independente 
da liberação de epinefrina. A hipótese seria o papel da paraxitina (metabólico da 
cafeína) que mimetiza os efeitos com relação aos ácidos graxos livres. 
 
Antagonismo de receptor de adenosina: a cafeína ultrapassa a barreira 
hematoencefálica e pode rapidamente ter efeito no sistema nervoso central (SNC), 
principalmente bloqueando os receptores de adenosina (A1, A2A, A2B e A3). A 
adenosina é moduladora da neurotransmissão do SNC; ao interagir com o receptor 
A1, inibe a enzima adenilciclase, resultando em redução do AMP cíclico. A cafeína 
inibe essa ativação, por ser antagonista do A1 e, dessa forma, aumenta os níveis de 
AMP cíclico e causa: liberação de catecolaminas, aumento da pressão sanguínea, 
lipólise, aumento das secreções gástricas, aumento da diurese e ativação do sistema 
nervoso central. 
 
Níveis de potássio extracelular: exerce efeito na bomba de Na+/K+ diminuindo os 
níveis de K+ extracelular, dessa forma, ajuda a manter a excitabilidade das 
membranas celulares nos músculos contráteis. 
 
Níveis de cálcio intracelulares: níveis aumentados de cálcio intracelulares facilitam a 
excitação-contração no músculo esquelético. Ao bloquear a ação da A1, facilita a 
estimulação-contração do musculoesquelético aumentando a eficiência da contração 
pelo aumento dos níveis de cálcio nesses músculos. 
 
 
Efeito no SNC: os neurotransmissores mais associados à ação da cafeína são 
dopamina, GABA e serotonina. A cafeína aumenta o estímulo dopaminérgico e a 
cafeína diminui a serotonina, diminuindo a relação triptofano/BCAA e diminuindo a 
fadiga. Além de doses altas de cafeína, pode diminuir o GABA, principal 
neurotransmissor inibitório do SNC. 
Como a cafeína estimula o SNC, o Comitê Olímpico Internacional (COI) 
considerava como agente de doping, porém, essa substância é muito consumida pela 
dieta, dessa forma, a Wada retirou-a da lista de substâncias proibidas e reclassificou-a 
como substância monitorada. Assim, o COI estipulou um valor máximo permitido de 
até 12 microgramas (µg) de cafeína/mL de urina, enquanto a National Collegiate 
Athletic Association (NCAA) estipulou limite de até 15 µg de cafeína/mL de urina (ADA, 
2009, MOREAU, 2009; COELHO et al, 2009). 
Portanto, a melhora no desempenho do exercício de endurance com 
administração de cafeína é claramente multifatorial. Também tem sido documentada 
redução na percepção da dor, e isso poderia permitir maior capacidade de suportar a 
fadiga da contração muscular. Por último, uma redução na sonolência, por manter o 
estado de alerta, é um efeito ergogênico de suma importância em exercício de ultra-
endurance, em que os atletas competem em vários dias de evento, como corridas de 
aventura (TARNOPOLSKY, 2008). 
CARNITINA 
A carnitina (L-3-hidroxi trimetil amino butanoato) é um composto que pode ser 
sintetizado no fígado e nos rins a partir dos aminoácidos lisina e metionina ou obtida 
via exógena (alimentação). As fontes de carnitina incluem produtos de origem animal, 
tais como carnes (principalmente vermelha) e laticínios. Independentemente de a fonte 
de carnitina estar sobre a isoforma L e ser carreada pelo sangue para os sítios de 
armazenamento (coração e musculoesquelético) (COELHO et al, 2009). 
Quando há a necessidade de obter energia para o organismo a partir de lipídio, 
a carnitina possui papel fundamental no metabolismo de ácidos graxos, formando um 
complexo acetil-carnitina para o transporte do acetil-CoA (ácido graxo de cadeia longa 
com a acetil-CoA) ao interior da mitocôndria. Nesse processo de levar o ácido graxo 
para a matriz mitocondrial para a β-oxidação, envolve as enzimas carnitina palmitoil 
transferase I e II (CPT I e CPTII). Dessa forma, por ser de suma importância na 
oxidação dos ácidos graxos, tem-se sugerido que a suplementação de carnitina 
poderia promover aumento no transporte e na oxidação de ácidos graxos (COELHO et 
al, 2009; GOMES; TIRAPEGUI, 2009). 
 
Efeito ergogênico da carnitina 
Nota-se uma propaganda sobre a carnitina com a promessa de “queima” de 
gordura, sendo comercializada como “fat burner”. Porém além desta promessa, há 
outras hipóteses sobre o efeito ergogênico deste suplemento foram propostas, tais 
como (COELHO et al, 2009; GOMES; TIRAPEGUI, 2009). 
 
Aumento da oxidação de ácidos graxos: hipótese que poderia promover aumento 
no transporte e na oxidação de ácidos graxos, gerando assim mais ATP e promovendo 
diminuição na utilização de glicogênio. Essa hipótese seria mais benéfica para 
exercícios de longa duração. 
 
Poupador de glicogênio: diminuição das taxas de depleção dos estoques de 
glicogênio gerados pelo aumento da oxidação de lipídios, retardando a fadiga. 
Diminuição da síntese de ácido lático: associado à diminuição dos níveis de acetil-
CoA, ativando a enzima piruvato desidrogenase, a qual converte o piruvato a acetil-
CoA desviando da síntese de ácido lático e facilitando a oxidação completa da glicose. 
Diminuição da incidência de dores bem como de lesões musculares causadas 
pelo exercício: provavelmente devido à vasodilatação tipicamente acompanhada da 
suplementação de L-carnitina. 
Devido a esse efeito vasodilatador, a suplementação de L-carnitina foi 
associada a possíveis benefícios em condições clínicas específicas, tais como 
cardiopatias, doenças renais, AIDS e neuropatia diabética (COELHO et al, 2005). 
Em grande parte dos estudos, a suplementação oral de carnitina é de 1 g a 6 
g/dia, como a biodisponibilidade da carnitina é baixa, em torno de 5% a 15% e 
administração de altas doses a maior parte é excretada pela urina (COELHO et al, 
2009; GOMES; TIRAPEGUI, 2009). Sabe-se que a carnitina e a acetil-carnitina 
possuem sistema de transporte saturáveis específicos para entrar na célula muscular. 
Após a participação como transportadoras, são exportadas através de transportadores 
específicos, também saturáveis, para a corrente sanguínea; após, ambas são filtradas 
pelos rins e reabsorvidas pelo túbulo renal (GOMES; TIRAPEGUI, 2009). 
Coelho e colaboradores (2010) publicaram um estudo cego, randomizado, 
objetivando o efeito da suplementando de L-carnitina por quatro semanas sobre a taxa 
metabólica de repouso e a oxidação de ácidos graxos livres no estado de repouso e 
durante a prática de exercício físico aeróbico em indivíduos ativos com excesso de 
peso e obesidade. Foram utilizadas doses diárias de 1,8 g de L-carnitina via oral no 
grupo suplementado; já o grupo placebo recebia cápsulas de aspecto semelhante, 
porém com composto de amido. Ao fim do estudo,verificou-se que a suplementação 
oral de L-carnitina, por quatro semanas, não promoveu alterações sobre a composição 
corporal e a oxidação de ácidos graxos livres no estado de repouso e durante a prática 
de exercício físico aeróbico em indivíduos com excesso de peso e obesidade. Desse 
modo, concluiu-se que a suplementação de L-carnitina, nesse tipo de população, não 
é eficiente na perda de peso, no gasto energético, no uso diferenciado de substratos 
energéticos nem na potência aeróbia. 
O uso da carnitina como suplemento ainda é muito controverso, sendo 
escassas as evidências positivas que comprovem os efeitos da alteração da 
composição corporal bem como melhora no desempenho esportivo. Discute-se que 
concentrações normais de carnitina no músculo esquelético já parecem ser suficientes 
para a atividade máxima das enzimas CPT-I e CPT-II. Os pesquisadores defensores 
da suplementação alegam que no exercício intenso há uma redução dos níveis de 
carnitina no músculo esquelético, porém, como os aminoácidos precursores da 
carnitina são facilmente consumidos, dificilmente ocorre uma carência severa que 
justifica a reposição (COELHO et al, 2009; GOMES; TIRAPEGUI, 2009). 
EFEDRINA 
Segundo o Comitê Olímpico Brasileiro, a efedrina faz parte dos estimulantes 
proibidos da lista de substâncias e métodos proibidos em competição, dessa forma, é 
considerada doping caso esteja com concentrações na urina bem como no sangue 
além do permitido (COB, 2010). 
A efedrina é agente simpatomimético que atua tanto como agonista 
adrenérgico quanto no aumento da liberação de norepinefrina pelos neurônios 
simpáticos. Por atravessar a barreia hematoencefálica, funciona como um potente 
estimulador do SNC. A estimulação simpática pode causar efeitos excitatórios em 
alguns tecidos e inibitórios em outros; estimula os receptores α no músculo vascular 
liso causando maior contração e vasoconstrição; estimula β1, no músculo cardíaco, 
podendo levar ao aumento da frequência cardíaca e da força do miocárdio e estimula 
os receptores β2, encontrados na musculatura bronquial lisa, promovendo 
broncodilatação e vasodilatação. A efedrina age de forma semelhante à anfetamina, 
porém com efeitos mais fracos. Atualmente, a efedrina não é mais utilizada em 
fármacos, mas a pseudoefedrina pode ser encontrada em formulações para o 
tratamento de congestão respiratória. Sua excreção é via urinária, em geral, três horas 
a seis horas após a ingestão (COELHO et al, 2009). 
A efedrina pode ser encontrada na forma pura, no extrato de Ma huang, rico 
em efedrina e outros alcaloides semelhantes à efedrina, tais como pseudoefedrina, 
metilefedrina, norefedrina, norpseudoefedrina e metil pseudoefedrina (COELHO et al, 
2009). 
Essas substâncias são comumente consumidas em suplementos nutricionais 
por atletas de diferentes modalidades esportivas que procuram rápida redução do 
peso e estímulo energético em vários países. Infelizmente, apesar de ser proibida a 
comercialização no Brasil, suplemento à base de efedrina pode ser encontrado de 
forma clandestina, por exemplo, através da internet (FORTE et al, 2006). 
Forte e colaboradores (2006) relataram um caso de um jovem atleta de vale 
tudo, sem fatores de risco para doença cardiovascular, que apresentou infarto do 
miocárdio no período em que fez uso de suplemento rico em efedrina. O atleta fez o 
uso para uma perda de peso rápida durante o período de preparação para a luta e 
utilizou uma dosagem com o dobro do recomendado pelo fabricante. Esse relato 
mostra os riscos envolvidos no consumo de suplementos com substâncias 
comercializadas ilegalmente e até mesmo o risco da autoprescrição. 
 
Cafeína e efedrina 
Essa combinação, bem perigosa, foi muito utilizada devido ao efeito 
ergogênico, pois promovia perda de peso, além de melhorar o desempenho. Os 
efeitos da efedrina no SNC ficam aumentados com o uso da cafeína associada. Em 
teoria, a combinação cafeína-efedrina, além de promover aumento da taxa de 
metabolismo, pode suprir o apetite, ocorrendo a inibição da degradação do AMP 
cíclico induzido pela cafeína e o aumento da liberação de catecolaminas pelo sistema 
nervoso simpático, pela ação da efedrina. Apesar do efeito ergogênico, essa 
combinação (efedrina-cafeína) não é recomendada, pois muitas mortes foram 
relacionadas à associação dessas substâncias. Mediante os riscos e os efeito 
adversos ao uso da efedrina, essa substância foi proibida pela Anvisa no Brasil 
(COELHO et al, 2009). 
 
Efeitos adversos da efedrina 
Suplementos à base de alcaloides de efedra mostram efeitos adversos como 
hipertensão, arritmia, infarto do miocárdio, convulsão, acidente vascular cerebral e 
morte. A Food and Drug Administration (FDA) recomenda o limite de 24 mg/dia no 
máximo por sete dias. É importante ressaltar que os efeitos adversos podem ocorrer 
independentemente da dosagem utilizada (COELHO et al, 2009). 
 
CONCLUSÃO 
Observam-se muitos suplementos com promessa de termogênicos sem 
comprovação científica que justifique o uso bem como a comercialização. Infelizmente, 
a busca constante por melhora no desempenho e no rendimento de atletas e até 
mesmo por padrão de beleza faz o uso dessas substâncias existir através do mercado 
paralelo. É um fato muito preocupante, pois o uso indiscriminado ou incorreto, sem 
orientação de um profissional qualificado, pode trazer complicações à saúde do 
usuário. Dessa forma, antes de incluir qualquer substância na alimentação, é de suma 
importância estudar se o uso é lícito ou não e se justifica a inclusão para melhorar o 
rendimento no esporte. 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). Disponível em: 
<http://portal.anvisa.gov.br/wps/portal/anvisa/home/alimentos?cat=Informes+Tec
nicos&cat1=com.ibm.workplace.wcm.api.WCM_Category%2FInformes+Tecnicos%2
Fe8d515804f6b8a2aa-
e49bfc894994279%2FPUBLISHED&con=com.ibm.workplace.wcm.api.WCM_Content
%2F2007-04-17-
23%2Fa94176004138a678bd9cbdc5ae04202e%2FPUBLISHED&showForm=no&site
Area=Alimen-
tos&WCM_GLOBAL_CONTEXT=/wps/wcm/connect/Anvisa/Anvisa/Inicio/Alimentos/P
ublicacao+Alimentos/2007-04-17-23>. Acesso em: 14 set. 2010. 
ALTIMARI, L. R. et al. Cafeína e exercício físico aeróbio. Nutrire: Rev. Soc. Bras. 
Alim. Nutr., v. 31, n. 1, p. 79-96, 2006. 
ALVES, L. A. Recursos ergogênicos nutricionais. In: BIESEK, S.; ALVES, L. A.; 
GUERRA, I . Estratégias de nutrição e suplementação no esporte . 2 
ed. Barueri : Manole, p. 46-78, 2010. 
AMERICAN DIETETIC ASSOCIATION. Position of the American Dietetic 
Association, Dietitians of Canada, and the American College of Sports Medicine: 
Nutrition and athletic performance. J Am Diet Assoc. v. 109, n.3, 2009. 
BRUNETTO, D. Efeitos do consumo agudo de cafeína sobre parâmetros metabólicos 
e de desempenho em indivíduos do sexo masculino. Rev Bras Med Esporte, v. 16, n. 
3, 2010. 
COELHO, C. F. Aplicações clínicas da suplementação de L- carnitina. Revista de 
Nutrição, v. 18, n. 5, 2005. 
COELHO, C. F. et al. A suplementação de L-carnitina não promove alterações na 
taxa metabólica de repouso e na utilização dos substratos energéticos em indivíduos 
ativos. Arq. Bras. Endocrinol. Metab., v. 54, n. 1, 2010. 
COELHO, C. F. et al. Consumo de suplementos nutricionais por praticantes de 
musculação em academia de Campo Grande, MS. Revista Nutrição em Pauta, v. 15, 
n. 87, 2007. 
COELHO, D. F. Lipolítico. In: LANCHA JR, A. H. et al. Suplementação 
nutricional no esporte . 1 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, p. 
17- 38, 2009. 
COMITÊ OLÍMPICO BRASILEIRO. Cartilha sobre o uso de medicamento no 
esporte. Disponível em: 
<http://www.cob.org.br/pesquisa_estudo/pdfs/Livreto_doping_2010.pdf>.DAVIS, J. K.; GREEN, J. M. Caffeine and anaerobic performance: ergogenic value and 
mechanisms of action. Sports Med, v. 39, n. 10, 2009. 
FERREIRA, G. M. H. et al. Efeitos da cafeína na percepção do esforço, temperatura, 
peso corporal e frequência cardíaca de ciclistas sob condições de stress térmico. R. 
bras. Ci e Mov., v. 14, n. 1, 2006. 
FORTE, R. Y. et al. Infarto do miocárdio em atleta jovem associado ao uso de 
suplemento dietético rico em efedrina. Arq. Bras. Cardiol., São Paulo, v. 87, n. 
5, Nov. 2006. 
GOMES, M. R.; TIRAPEGUI, J. L- Carnitina, cromo, vanádio e atividade física. In: 
TIRAPEGUI, J. Nutrição, metabolismo e suplementação na atividade física. São 
Paulo: Atheneu, p. 175- 180. 
GUERRA, R. O. et al. Cafeina y Deporte. Archivos de Medicina del Deporte, XVI, 
pág. 355-8, 1999. 
MOREAU, R. L. M. Cafeína e atividade física. In: TIRAPEGUI, J. Nutrição, 
metabolismo e suplementação na atividade física. São Paulo: Atheneu, p. 181-8. 
SOCIEDADE BRASILEIRA DE MEDICINA do ESPORTE. Modificações 
dietéticas, reposição hídrica, suplementos alimentares e drogas: 
comprovação de ação ergogênica e potencias riscos para a saúde. 
Rev Bras Med Esporte, v. 15, n.3,supl.0, 2009. 
STEVENSON, E. J. et al. The effect of a carbohydrate–caffeine sports drink on 
simulated golf performance. Appl. Physiol. Nutr. Metab., v. 34, p. 681–8, 2009. 
TARNOPOLSKY, M. A. Effect of caffeine on the neuromuscular system - potential as 
an ergogenic aid. Appl. Physiol. Nutr. Metab., v. 33, p 1284–1289, 2008. 
TIRAPEGUI, J.; CASTRO; I. A. Introdução à suplementação. In: TIRAPEGUI, J. 
Nutrição, metabolismo e suplementação na atividade física. São Paulo: Atheneu, 
p. 131-6. 
 
Tema: Suplementação de termogênicos 
1) Com relação aos suplementos termogênicos, sabe-se que: 
A) são coadjuvantes na redução de gordura corporal. 
B) podem aumentar o desempenho. 
C) podem aumentar o metabolismo energético. 
D) podem aumentar a massa muscular. 
E) Todas as alternativas estão corretas. 
 
2) Sobre a cafeína, assinale a alternativa incorreta: 
A) É uma substância estimulante muito comum na dieta da população. 
B) É encontrada no café, no guaraná, no chocolate, em “bebidas energéticas”, em 
refrigerantes à base de cola e em fármacos. 
C) O uso como suplemento é proibido no Brasil. 
D) Doses altas de cafeína podem causar intoxicação. 
E) Causa redução do sono e fadiga, fornecendo sensação de bem-estar. 
 
3) Considerando a carnitina, assinale: 
A) Participa da oxidação de lipídios. 
B) Possui sistema de transportador saturável. 
C) É sintetizada a partir de aminoácidos (lisina e metionina). 
D) Seu uso como suplemento ainda não está bem elucidado. 
E) Todas as alternativas anteriores. 
 
4) Sobre os suplementos ergogênicos, assinale: 
A) Popularmente, a carnitina é considerada um suplemento promissor na “queima” 
de gordura. 
B) Pode melhorar o desempenho em exercícios de longa duração. 
C) O uso de suplementos com efedrina pode ser danoso à saúde do atleta. 
D) A cafeína pode manter o atleta em estado de alerta. 
E) Todas as anteriores estão corretas. 
 
5) Com relação à efedrina, assinale: 
A) Potente estimulador do sistema nervoso central. 
B) Substância inclusa nas substâncias proibidas em competição. 
C) Pode causar infarto do miocárdio. 
D) Associada ao consumo de cafeína, torna-se muito nociva à saúde. 
E) Todas as alternativas estão corretas.

Continue navegando