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Laudo e Princípios de Interpretação Radiográfica Gabriely Confessor do Vale Pereira - UFRN LAUDO RADIOGRÁFICO ● Documento no qual o radiologista apresenta o quadro radiográfico e o provável diagnóstico da radiografia analisada. ● Os objetivos do laudo radiográfico são: ➺ Documentar o exame; ➺ Identificar a presença ou ausência de doenças; ➺ Fornecer informações da natureza e da extensão da doença; ➺ Possibilitar a formação de diagnósticos diferenciais. ● Componentes do laudo: ➺ No cabeçalho devem estar os dados e informações da clínica ou centro de radiologia ou universidade onde o radiologista responsável está inserido. ➺ Nos dados de identificação do paciente devem conter o nome e a data de nascimento do paciente e a radiografia analisada - periapical dos dentes 11 e 21, oclusal total de maxila, por exemplo. ➺ No texto do laudo está a descrição do quadro radiográfico que o profissional/aluno encontra nas imagens analisadas. OBS.: se faz uma análise sistemática do 18-28 e 38-48, colocando todas as alterações vistas em max/mand. OBS.: no laudo destaca-se o que está alterado, o que estiver normal não é destacado. O que não estiver no laudo subentende-se que está normal. ● Não existe um modelo padronizado de laudo radiográfico em odontologia. Cada tipo de serviço tem suas regras e normas e faz o modelo de acordo com elas. ● Deve ser claro, conciso e preciso. ● Deve estar datado e assinado pelo profissional responsável pela interpretação radiográfica. PRINCÍPIOS DA INTERPRETAÇÃO RADIOGRÁFICA ● São conhecimentos fundamentais para interpretar, explicar e dar um significado às imagens encontradas nas radiografias. ● Existem 4 princípios: 1 - A região a ser interpretada deve aparecer totalmente na radiografia e na incidência que melhor reproduza a região radiografada. ↪ Para boca completa são feitas 14 radiografias periapicais. Na arcada superior, 1 para os incisivos centrais, 2 para laterias e canino, 2 para pré-molares e 2 para molares. Na arcada inferior 1 para incisivos centrais e laterais, 2 para caninos, 2 para pré-molares e 2 para molares. OBS.: os dentes devem ser vistos do ápice à coroa com uma folga para o limite do filme. ↪ Para boca completa são feitas 4 radiografias interproximais, 2 para pré-molares e 2 para molares. ↪ Tem-se ainda 2 oclusais e a panorâmica. OBS.: 2 quer dizer que é uma para o lado direito e uma para o esquerdo. 2 - A radiografia a ser interpretada deve abranger não somente os limites da região suspeita, mas também mostrar o tecido ósseo normal que circunda esta região, ou seja, deve mostrar a lesão completamente e o osso que está ao seu redor. OBS.: na primeira imagem percebe-se que todos os ápices foram cortados e na segunda há uma lesão periapical que também foi cortada. Essas radiografias estão inadequadas e quando isso acontece elas não podem ser laudadas; é necessário repetir o exame. 3 - Para se interpretar uma radiografia é necessário conhecimento das estruturas anatômicas, de suas variações e da imagem radiográfica de condições patológicas. 4 - Sempre que se inicia um tratamento odontológico, há necessidade de um levantamento completo dos arcos dentais e/ou das regiões edêntulas, se existentes, mesmo que não ocorra suspeita clínica. Sempre deve ser feita uma análise dos tecidos ósseos. CONDIÇÕES PARA ANÁLISE DAS IMAGENS ● Ambiente adequado; ● Qualidade da imagem; ● Análise sistemática; ● Descrição das lesões. AMBIENTE ADEQUADO ● A sala deve ser silenciosa e com luz ambiente reduzida. ● O equipamento adequado para visualizar as radiografias analógicas é o negatoscópio e o computador/celular para as digitais; ambos devem ter a intensidade de luz uniforme em toda sua extensão. ● As radiografias devem estar montadas corretamente nas cartelas. QUALIDADE DA IMAGEM ● A imagem deve estar bem enquadrada e como mínima distorção. OBS.: a imagem da esquerda está alongada, a do meio está correta e a da direita encurtada. ● Deve ter máxima nitidez e densidade e contraste médios. OBS.: a da esquerda é correta e a da direita não tem nitidez. ANÁLISE SISTEMÁTICA ● “Independente do método que se utilize, o importante é que ele tenha constância e regularidade!” ● Na panorâmica (vem R ou D para direito e L ou E para esquerdo), acontece a análise dos dentes 18-28 e 38-48. Depois se analisa as estruturas ósseas no sentido direito-esquerdo, cima-baixo, esquerdo-direito, baixo-cima. OBS.: independente da queixa toda a radiografia deve ser examinada. ● Nas periapicais se identifica se é direto ou esquerdo pelo picote e se é sup/inf pela anatomia. ● Segue essa ordem: 1- Dentes ↪ Presença/ausência dentárias; ↪ Inclusos, semi-inclusos ou impactados; ↪ Anomalias dentárias. 2- Coroa ↪ Esmalte: imagem radiolúcida (cárie) ou radiopaca (restauração) na coroa; sobre/subcontorno de restaurações. ↪ Dentina: proximidade da cárie com a câmara pulpar. ↪ Câmara pulpar: diminuição da luz/obliteração; nódulo pulpar. 3- Raiz ↪ Canal radicular: seu trajeto, presença de tratamento endodôntico, núcleo ou pino metálico, reabsorção e fratura radiculares. 4- Espaço do ligamento periodontal ↪ Se há aumento. OBS.: a imagem de cima está ok. Na de baixo além do espessamento pode-se destacar a ausência do 37, material restaurador no 36 e 38, arredondamento do ápice do 36 (provavelmente por movimentação ortodôntica excessiva). 5- Lâmina dura ↪ Integridade; ↪ Rarefação óssea periapical sugestiva de lesão periapical. 6- Crista óssea alveolar e osso alveolar ↪ Verificar reabsorções horizontais/verticais na crista; ↪ Avaliar alterações ósseas 7- ATM e seio maxilar ↪ Avaliar se os processos condilares estão assimétricos ou com alguma alteração de forma; ↪ Ver a extensão alveolar do seio (quando há perda dentária ele se estende para a região do alvéolo) e se há aumento de sua radiopacidade interna (o que pode sugerir lesão). 8- Patologias ↪ Descrever as alterações. DESCRIÇÃO DAS LESÕES ● A partir de toda a descrição das lesões pode-se dar uma hipótese diagnóstica. ● Estrutura interna ➺ Pode ser radiolúcida, radiopaca, mista ou radiolúcida com focos radiopacos. ● Forma ➺ Unilocular, multilocular, circular, oval, festonada e irregular. OBS.: a multilocular pode ser em bolhas de sabão (quando os lócus são grandes), favos de mel (quando são pequenos) ou raquete de tênis (quando apresentam ângulos retos). OBS.: lesões irregulares são características de lesões malignas. ● Periferia ➺ Pode ser bem ou mal definida. OBS.: a bem definida pode ser corticalizada (quando é radiolúcida e possui um halo radiopaco) ou não corticalizada (quando não possui halo). OBS.: a bem definida ainda pode ser encapsulada (quando a lesão é radiopaca e o halo é radiolúcido) ● Localização ➺ Pode ser localizada/unilateral, bilateral ou generalizada. OBS.: no laudo pode colocar a região da lesão, por exemplo “lesão unilocular no ramo da mandíbula”. ● Efeito nas estruturas adjacentes ➺ Dente: a lesão pode causar reabsorção radicular ou deslocamento. ➺ Canal mandibular: pode levar ao deslocamento ou expansão. ➺ Crista óssea: pode sofrer expansão, destruição ou adelgaçamento. EXEMPLOS OBS.: são exemplos de como apenas as lesões devem ser descritas. Lembre-se que antes disso há todo laudo sobre dentes, coroa, raiz, espaço do ligamento periodontal, lâmina dura, crista, osso, atm e seio. Força, vc consegue.
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