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Manejo e estratégias nutricionais para um bom desempenho reprodutivo em vacas leiteiras

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Bovinocultura de Leite
“Manejo e estratégias nutricionais para um bom desempenho reprodutivo em vacas leiteiras”
Um bom desempenho reprodutivo em vacas leiteiras, é sinônimo de um bom planejamento e execução em uma fazenda. O índice reprodutivo é um dos parâmetros mais importantes avaliados na produção, visto que a partir dele conseguimos bons indicadores na taxa de produção. Sabe-se que a manipulação de uma dieta com o propósito de elevar a produção e reprodução em bovinos é fundamental para adentrar em um bom patamar. Entretanto, em sistemas de vacas com elevada produção leiteira, problemas relacionados a fertilidade, com grande envolvimento nutricional é realidade em muitos sistemas atuais, na qual devem ser ajustados.
O controle do sistema permite otimizar a produção e o máximo aproveitamento dos recursos da fazenda. O monitoramento do rebanho através da escrituração zootécnica é importante para avaliar os índices produtivos, e a partir dessas informações, é possível traçar estratégias a aplicá-las. Além disso, os exames sanitários, no diagnóstico precoce de doenças que podem afetar os índices reprodutivos é fundamental no processo para selecionar os animais aptos à reprodução. Exames ginecológicos e andrológicos também auxiliam na identificação e tratamento de alterações reprodutivas. As estratégias de controle sanitário e de vacinação devem ser estabelecidas regularmente, sempre com auxílio do médico veterinário.
A avaliação do escore corporal é um método significativo para monitorar o estado nutricional dos animais, principalmente nas fases de parto, pico de lactação e secagem. As vacas devem parir com bons índices de escore, para evitar mortalidades, complicações pela imunossupressão e minimizar o período do cio pós-parto.
A manifestação do estro, seguido da ovulação, concepção e conservação da prenhez exige pontos fundamentais para garantir um índice reprodutivo. Dentre os principais fatores, pode-se apontar um protocolo de inseminação bem estruturado, realizado por um profissional bem preparado, boa condição corporal, diagnóstico precoce de gestação e dieta. O manejo alimentar principalmente, deve suprir as vacas em todas as necessidades, visto que um balanço energético positivo garante uma atividade ovariana regular e boa produção de leite.
A idade à puberdade e ao primeiro parto, também são fatores de grande importância econômica, visto que a partir dessa circunstância o animal começa a reproduzir. Essa pode ser influenciada por raça, manejo, e principalmente alimentação na qual vai interferir na relação de gordura na carcaça durante a fase de crescimento. O uso de raça especializadas contribuem para atingir a puberdade mais rapidamente, acarretando uma maior produção acumulada de leite e geração de animais para reposição.
O período de serviço deve ser mantido em torno de 30 dias após o parto, e um dos maiores entraves é a falta de detecção do estro desencadeada por partos prematuros e distocias, retenção de placenta e endometrites, anestro prolongado devido a disfunções ovarianas ou má nutrição, dentre outros. Vários estudos têm demonstrado o retardo no recomeço da atividade ovariana sofre bastante influência pela baixa ingestão de matéria seca, associada à queda do escore corporal no pós-parto, em especial à grande exigência energética para alta produção de leite.
O período voluntário de espera deve ser mantido em torno de 45-50 dias. O sucesso da primeira inseminação ou monta natural pós-parto pode ser prejudicado caso o animal tenha um ineficiente estro, balanço energético negativo, e outros problemas metabólicos/ sanitários, como a retenção de placenta. Diante desse cenário, ocorrerá um prolongamento da lactação, visto que a concepção será tardia, além da redução do número de bezerros desmamados e aumento do intervalo de gerações, limitando a intensidade de seleção.
O balanço energético negativo afeta principalmente vacas de alta produção devido o pico de produção de leite, e interfere em todo sistema metabólico do animal, como altas quantidades de ácidos graxos não esterificados e baixas nas quantidades circulantes de glicose/insulina. Esse desequilíbrio metabólico, compromete e função ovariana e fertilidade, logo, a eficiência reprodutiva. Dessa forma, é importante acompanhar o escore corporal no período periparto, o qual pode ser alterado pela suplementação alimentar no intuito de acelerar o reinício da ciclicidade nas vacas pós-parto, restabelecimento o crescimento folicular e cio das vacas.
Dietas mal elaboradas, como quantidades mínimas de ingestão de matéria seca está relacionada à queda da fertilidade das fêmeas bovinas. Um ponto bem relevante nesse contexto é o fato da glicose, IGF-1 e insulina variarem na concentração sanguínea de acordo com a condição nutricional e fisiológica do animal. As baixas concentrações afetam a função ovariana e fisiologia reprodutiva pelo fato de manter menores concentrações de hormônios esteroides circulantes (progesterona e estradiol) levando o animal a um maior tempo para ovulação. O pós-parto tem sido considerado um dos pontos mais críticos da vida de uma vaca, pois seu consumo alimentar é reduzido e acarretando essas baixas concentrações de glicose circulantes. À vista disso, o fornecimento de energia, visando o balanço energético positivo, através de dietas balanceadas no periparto minimizam esse quadro, bem como a incidência de hipocalcemia e cetose.
O Drench tem sido bastante utilizado como forma de suplementação de energia nesse período de transição. A administração de precursores de glicose e cálcio a fim de repor os nutrientes, possibilita o animal apresentar um desempenho reprodutivo. É recomendado que seja aplicado no pós-parto, proporcionando rápida hidratação e recuperação.
Apesar de ser bastante utilizada altos teores de proteína bruta no pós-parto (>18%), ela pode estar associada a redução no desempenho reprodutivo. A dieta com excesso de proteína bruta ou ureia como fonte de nitrogênio não proteico podem prejudicar a eficiência reprodutiva, pois produtos tóxicos do metabolismo da proteína (mais especificamente os íons de amônia) são capazes de atravessar a membrana celular, inclusive do trato reprodutivo, provocando a redução do pH luminal uterino durante a faz lútea inicial, modificando a secreção das glândulas endometriais, correlacionando com a queda nas taxas de concepção.
Diante dos pontos analisados, a eficiência reprodutiva pode ser incrementada reduzindo a taxa de anestro, com a suplementação estratégica, utilizando dietas controladas para que a vaca não tenha quedas bruscas da condição corporal, mas que também não esteja acima do peso ideal, para evitar alterações patológicos, como quadros de hiperinsulinemia ou resistência à insulina, que podem gerar uma queda ovocitária. Além disso, é necessário adaptar gradualmente a microbiota das fêmeas bovinas no periparto, visando preparar esses animais para produção de leite, retorno ao cio.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
Benefícios do Drench para vacas de leite no pós-parto. [S. l.]: Leandra Queiroz de Melo, 16 jan. 2012. Disponível em: https://www.milkpoint.com.br/empresas/novidades-parceiros/beneficios-do-drench-para-vacas-de-leite-no-posparto-77458n.aspx. Acesso em: 19 set. 2021.
BERGAMASCHI, Marco Aurélio Carneiro Meira; MACHADO, Rui; BARBOSA, Rogério Taveira. Eficiência reprodutiva das vacas leiteiras. Embrapa Pecuária Sudeste-Circular Técnica (INFOTECA-E), 2010.
SARTORI, Roberto; GUARDIEIRO, Monique Mendes. Fatores nutricionais associados à reprodução da fêmea bovina. Revista Brasileira de Zootecnia, v. 39, p. 422-432, 2010.

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