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GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA-INTERNATO:SANGRAMENTO DA PRIMEIRA METADE DA GESTAÇÃO 10 09

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7º SEMESTRE G.O 
1 
 
Sangramento da primeira metade da gestação
Caso Clínico 
- BCS, 27 anos, casada, maquiadora. 
- Atraso menstrual de 7 semanas. Teste 
de farmácia positivo. 
- Sangramento vaginal há 1 hora com 
cólica em hipogástrio. 
- Sem comorbidades. 
Hipóteses: 
- Abortamento 
- Gravidez ectópica 
- Doença trofoblástica gestacional 
Exame físico: 
- BEG, corada, hidratada, afebril, 
eupneica 
- PA=105x65mmHg FC=78bpm 
- Abdome flácido, indolor, ruídos 
hidroaéreos presentes 
- Especular: pequena quantidade de 
sangue coletado, sem sangramento ativo 
pelo orifício externo do colo 
- Toque vaginal: colo amolecido, 
impérvio, indolor; útero de tamanho 
compatível com atraso menstrual, anexos 
livres. 
Exames Complementares: 
Beta – HCG +/USG – TV 
- Saco gestacional regular 
- Idade gestacional compatível com 7 
semanas 
- BCF regular = 124bpm 
- Área de descolamento ovular < 40% do 
diâmetro do saco gestacional 
 
HD: ameaça de abortamento 
Abortamento (AB) 
OMS à Interrupção da gravidez antes de 
atingida a viabilidade: 
o < 20 semanas 
o < 500g ou < 16,5cm 
Complicação mais frequente da gravidez 
o 1 em cada 4 mulheres terá 1 Ab 
espontâneo na vida 
4º causa de mortalidade materna no 
Brasil (≠ países desenvolvidos) 
Complicação de Ab = 3º causa de 
ocupação de leitos obstétricos no Brasil 
Classificação 
Quanto à cronologia 
- Precoce (80%) 
o ≤ 12 semanas 
- Tardio 
o 13a – 20a semana 
Quanto à intenção 
- Espontâneo 
o Sem intervenção externa 
o Doenças da mãe ou anormalidades 
do embrião / feto 
7º SEMESTRE G.O 
2 
 
- Provocado 
o Intervenção externa e intencional 
- Seguro x Inseguro 
Abortamento espontâneo 
Clinicamente reconhecido na população 
geral: 10-15% 
Alta sensibilidade do beta-HCG - aumento 
magnitude da perda gestacional após 
implantação (atraso seguido de 
“menstruação” aumento) 
o 60 - 75% dos ovos fertilizados são 
abortados 
FATORES DE RISCO 
o Idade materna (> 35 anos) 
o Número de Ab anteriores 
CAUSAS: 
o Anormalidades cromossômicas (50-
80%) 
o Doenças maternas 
Abortamento provocado 
- 1 milhão / ano no Brasil 
o Maioria de forma insegura 
o Custo: 30 milhões de reais / ano 
(SUS) 
- 22% brasileiras de 35-39 anos 
residentes em áreas urbanas já 
provocaram aborto 
o < Nível de escolaridade 
o Independente de religião 
- Questão de saúde pública 
- ausência de julgamentos 
 
 
Formas clínicas do abortamento 
- Ab evitável ou ameaça de Ab 
- Ab inevitável 
- Ab completo 
- Ab incompleto 
- Ab retido 
- Ab infectado 
- Ab habitual 
- Quadros diferentes, condutas diferentes. 
Ameaça de abortamento 
- Existem perspectivas quanto à evolução 
da gravidez 
- Clínica: 
o Sangramento (pequeno) + dor 
(cólicas leves) 
o Sangue coletado ou pequeno 
sangramento ativo 
o Colo impérvio 
o Útero compatível com o atraso 
USG-TV: 
o saco gestacional regular 
o BCF regular > 100bpm 
o área de descolamento ovular (< 
40-50% do Ø do saco gestacional) 
Conduta: expectante - sintomáticos, 
orientações 
o não requer internação 
o repouso relativo e abstinência 
sexual durante a perda sanguínea 
o retornar se aumento sangramento 
(metade acaba evoluindo para Ab) 
7º SEMESTRE G.O 
3 
 
 
Bradicardia fetal <100bpm e hematomas 
subcoriônicos grandes estão associados 
a maior risco de perda fetal, mas não 
podem ser usados como critérios para 
diagnósticos definitivos – repetir em 7-
10d. 
Abortamento inevitável 
Não compatível com prosseguimento da 
gestação 
o Sangramento (mais abundante, de 
cor viva) + dilatação cervical 
o Sangramento profuso que 
compromete a hemodinâmica da 
paciente (mesmo se colo impérvio) 
o Colo pérvio 
Útero compatível com IG 
Conduta: 
- Precoce: 
o Expectante 
o Esvaziamento uterino 
- Tardio: 
o misoprostol para esvaziamento 
uterino + CTG (curetagem uterina) 
Abortamento incompleto 
Eliminação parcial do ovo 
Forma clínica mais frequente 
Clínica: 
o Sangramento (principal sintoma) 
o Dor em cólica (expulsão do 
conteúdo refratário) 
o Colo pérvio 
o + frequente a partir 8º semana 
o Útero < esperado para IG 
USG-TV: eco endometrial espessado, 
heterogêneo 
 
*eco endometrial 
Conduta: esvaziamento uterino 
(farmacológico ou mecânico) 
 
Abortamento completo 
Eliminação integral do ovo 
Evolução natural do Ab incompleto 
Clínica: 
o Diminuição ou parada do 
sangramento 
o Diminuição ou parada das cólicas 
USG-TV: útero vazio 
 
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4 
 
 
Conduta: 
o monitorizar sangramento 
o orientações 
Abortamento retido 
- Concepto permanece na cavidade 
uterina sem vitalidade 
- Regressão de sinais gravídicos 
- Útero menor do esperado para a IG 
- Colo impérvio 
- USG-TV: confirma o diagnóstico (repetir 
em 7 a 10 dias) 
o Ausência de BCF em embrião ≥ 
7mm 
o Ausência de embrião com Ø 
(diâmetro) médio do saco 
gestacional ≥ 25mm 
o Gestação anembrionada (ovo cego) 
 
Conduta 
- Ab retido tardio - misoprostol (expulsão 
do feto) + CTG 
- Ab retido precoce (1º trim) 
o Conduta expectante 
▪ Maioria evolui com expulsão 
em 3 semanas 
o Esvaziamento uterino 
▪ AMIU (aspiração manual 
intrauterina) 
▪ CTG uterina 
▪ Misoprostol 
- Caso opte por esvaziamento mecânico: 
misoprostol 400mcg via vaginal 3-6h 
antes para amolecimento do colo 
- Retenção > 4 semanas – coagulograma 
- Explicar vantagens e desvantagens, 
riscos, complicações de cada método 
Abortamento infectado 
Clínica depende do grau de evolução 
o Sangramento em geral não é 
profuso - aguado, escuro, lavado 
de carne, com odor fétido 
o Endométrio e miométrio 
▪ Sintomas de Ab incompleto 
▪ BEG, febre discreta 
▪ Dor moderada à mobilização 
do colo e palpação 
abdominal 
o Peritônio pélvico 
▪ Comprometimento do estado 
geral, febre mais elevada 
▪ Dor mais intensa à defesa, 
peritonite (difícil palpar útero) 
▪ Colo pérvio, doloroso à 
mobilização 
▪ saída de conteúdo purulento 
o Sepse 
- Morbi-mortalidade materna 
- Quase sempre resulta de Ab inseguro 
- Agentes: flora dos sistemas genital e 
gastrointestinal (maioria polimicrobiana) 
7º SEMESTRE G.O 
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o E. Coli 
o Enterococcus ssp, 
Peptoestreptococcus ssp 
o Estreptococos beta-hemolíticos 
o Clostridium perfringens 
Conduta: 
- antibioticoterapia + remoção do foco 
infeccioso 
- Associações comuns: 
o Penicilina (ou ampicilina) + 
gentamicina + metronidazol 
o Clindamicina + gentamicina 
o Clindamicina + ceftriaxone 
 
 
Abortamento habitual 
≥ 3 perdas espontâneas consecutivas < 
20 semanas (excluindo-se gestação molar 
e ectópica) 
o American Society of Reproductive 
Medicine (2013): ≥ 2 perdas 
gestacionais. 
Fatores de risco 
o idade materna avançada 
o número de Ab anteriores 
Causas principais: 
o Genéticas 
o Auto-imunes 
o Doenças endócrinas 
o Insuficência cervical 
- Incidência de 2 perdas: 5% casais 
tentando conceber 
- 3 ou mais perdas: 1%. 
Conduta nos abortamentos 
Orientação 
o Ameaça de Ab 
o Ab completo 
Esvaziamento uterino (farmacológica e / 
ou mecânica) 
o Ab inevitável 
o Ab incompleto 
o Ab retido 
o Ab infectado 
Conduta expectante: geralmente 1o T – 
estável, sem sinais de infecção, bem 
orientada e com seguimento garantido 
Conduta no Ab precoce 
Tratamento cirúrgico (esvaziamento 
uterino) 
o Hemorragia, instabilidade 
hemodinâmica, infecção, anemia, 
coagulopatia, doença 
cardiovascular 
o Aspiração intrauterina é preferível à 
curetagem (CTG) 
o Dilatação ou preparo cervical com 
misoprostol prévio 
Conduta Expectante 
o Ab retido e incompleto 1º T 
o Sucesso em até 80% casos 
7º SEMESTRE G.O 
6 
 
o Orientações rigorosas 
Tratamento Médico (misoprostol) 
o encurtar tempo de expulsão 
o Orientar quanto é sangramento e 
cólicas 
o Pode ser necessária 
complementação cirúrgica 
Conduta no Ab tardio 
- Ovo desenvolvido 
- Cavidade uterina volumosa e paredes 
finas e amolecidas- Presença de partes ósseas fetais à 
risco de perfuração no esvaziamento 
cirúrgico 
- Misoprostol (ou ocitocina) para 
eliminação do feto 
- Esvaziamento uterino (curetagem) se 
expulsão não completa 
Esvaziamento uterino 
Vantagens: 
o Custo 
o ausência de risco de perfuração e 
sinéquia 
o diminuição sequela de dilatação 
o elimina risco anestésico 
Desvantagens: 
o tempo de resolução 
o efeitos colaterais (cólica, 
sangramento, náusea, calafrio) 
o necessidade de complementação 
cirúrgica 
o ansiedade pela espera 
o Brasil: uso hospitalar 
Mifepristona: ainda não disponível no 
brasil. 
 
Misoprostol 
Ab retido precoce 
o 2 a 3 doses de 800mcg de 
misoprostol via vaginal 
o Intervalo mínimo de 12 horas 
Ab retido tardio / inevitável tardio 
o Presença de ossos fetais 
o Misoprostol + CTG 
o 200mcg vaginal a cada 4 ou 6 
horas 
Ab incompleto 
o 400-800mcg vaginal dose única 
o 400-600mcg oral ou sublingual 
Cicatriz uterina anterior: 
o máximo 200mcg 6-6h 
o Risco de rotura = 0,28% 
Preparação cervical para Ab mecânico: 
400mcg vaginal 3 h antes 
 
 
7º SEMESTRE G.O 
7 
 
Esvaziamento mecânico 
- Aspiração intrauterina 
o Manual (AMIU) 
o Elétrica 
- Curetagem uterina 
- AMIU – 1º escolha no 1º T – se colo 
impérvio, preparo do colo com 
misoprostol 
- CTG - Ab incompleto 2º T e Ab retido 
2º T após misoprostol para eliminação 
fetal (No 1ºT, apenas se AMIU não 
disponível) 
AMIU 
Vantagens: 
o Segura 
o Efetiva 
o Simples 
Contra-indicações: 
o Volume uterino > 12 semanas 
o Dilatação cervical > 12mm 
o Perfuração uterina diagnosticada 
 
 
 
 
Curetagem uterina 
- Dilatação cervical com velas de Hegar 
- Acidentes - perfuração uterina 
 
Orientações 
- Mulheres Rh /-/ com CI /-/ à 
Imunoglobulina anti Rh-D 
- Planejamento reprodutivo 
o Oportunidade 
o Fecundidade restabelecida em 15 
dias (antes da próxima 
menstruação) - iniciar 
anticoncepção no 1o ao 5o dia 
após Ab 
Na ausência de complicações, não há 
restrição de método anticoncepcional: 
o DIU 
o Contraceptivos hormonais 
o Preservativos 
Esterilização cirurgica somente > 42 dias 
do Ab e obedecendo pressupostos legais 
(MS) 
Caso clínico 2 
- BCS, 27 anos, casada, maquiadora. 
- Atraso menstrual de 7 semanas. 
- Sangramento vaginal há 1 hora com 
cólica em hipogástrio. 
- Sem comorbidades. 
 
 
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Exame físico 
- BEG, corada, hidratada, afebril, 
eupneica 
- PA=105x65mmHg FC=78bpm 
- Abdome flácido, indolor, ruídos 
hidroaéreos presentes 
- Especular: pequena quantidade de 
sangue coletado, sem sangramento ativo 
pelo orifício externo do colo 
- Toque vaginal: colo amolecido, 
impérvio, indolor; útero de tamanho 
compatível com idade gestacional. 
Caso clínico 3 
- MAP, 32 anos, casada, publicitária. 
- Atraso menstrual (DUM há 6-7 
semanas) 
- Sangramento vaginal 
- Dor abdominal lancinante, de início há 
1 hora 
- Náuseas 
- Dor escapular 
Exame físico 
- REG, descorada +/4+, fácies de dor 
- PA=90x55mmHg FC=110bpm 
- Abdome doloroso, com sinais de 
peritonite e diminuição dos ruídos 
- Especular: pequena quantidade de 
sangue coletado, sem sangramento ativo 
pelo orifício externo do colo 
- Toque vaginal: colo amolecido, 
impérvio, doloroso; dor importante ao 
toque bimanual impossibilitando avaliação 
de útero e anexos. Dor intensa a 
palpação de fundo de saco posterior. 
 
 
 
 
Beta-HCG + 
 
Gestação ectópica 
Implantação e desenvolvimento do ovo 
ocorrendo fora da sede normal (cavidade 
uterina). 
Ektopos (grego) – fora de lugar 
- Principal causa de mortalidade materna 
no 1º T 
- 6-13% óbitos durante o ciclo gravídico 
puerperal 
- Aumento incidência (DIPA, reprodução 
assistida, tabaco) 
- 1-2% países industrializados 
- Recorrência: 15% após 1 episódio; > 
25% após 2 ou mais episódios 
 
Localização 
- Tuba (95% casos) 
- Ovário (3%) 
- Cavidade abdominal 
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- Porção instersticial da tuba (cornual) 
- Colo uterino 
- Cicatriz de cesariana 
 
Gestação tubária 
- Diagnóstico precoce (pré-ruptura) - β-
HCG e USG-TV 
o Tríade clássica: dor abdominal + 
sangramento genital + atraso 
menstrual 
o Exame clínico pouco elucidativo 
o Diminuição risco de ruptura e 
melhora o sucesso de condutas 
conservadoras 
Ruptura 
o Principal sintoma: dor (lancinante) 
o Hemoperitônio 
▪ Náuseas / vômitos 
▪ Irritação peritoneal 
▪ Irritação diafragmática à dor 
escapular 
o Hipovolemia - aumento FC, 
diminuição PA, palidez 
o Útero pouco aumentado e 
amolecido 
o Grito de Douglas (sinal de Proust) - 
dor à palpação do fundo de saco 
posterior 
o Tumoração anexial palpável (50% 
casos) 
 
USG – TV 
- Cavidade uterina 
o Gestação tópica ? (SG > 5 
semanas) 
o Restos ovulares? 
- Ovários 
- Massa anexial 
- Líquido livre? 
 
 
Punção do fundo do saco posterior 
(culdocentese) 
Sangue escuro sem propensão a 
coagular (consumo) = hemoperitônio 
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10 
 
 
Tratamento 
- Cirurgia: padrão 
- Clínico - metotrexate (MTX) 
- Expectante 
Integridade x ruptura 
o estabilidade hemodinâmica 
o tamanho da massa 
o curva de beta-HCG 
o presença de embrião vivo 
- Cirúrgico 
 
 
Radical x conservador 
 
- Medicamentoso 
MTX (metotrexate) 
Quimioterápico: Antagonista do ácido 
fólico - inativa síntese de purinas e 
pirimidinas - inativa a síntese do DNA 
celular - impede a multiplicação celular 
 
Risco de persistência de tecido 
trofoblástico - monitoramento rigoroso 
dos níveis de beta-HCG 
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- Conduta expectante 
> segurança para conduta expectante, 
sem riscos de QT: 
o QC estável 
o com desejo reprodutivo 
o baixos títulos iniciais de beta-HCG 
(< 2mil) 
o declínio dos mesmos em 48h 
Contra-indicações: 
o Instabilidade 
o Recidiva na mesma tuba 
o Impossibilidade de seguimento 
Muitas ectópicas evoluem para Ab tubário 
e reabsorção, sem sangramento 
importante e sem ruptura 
Gestação ectópica ovariana 
- Diagnóstico geralmente no intra-
operatório 
- Ruptura frequente 
 
Gestação ectópica abdominal 
Geralmente não progride 
Se progride: 
o Placenta se implanta em qualquer 
lugar 
o Suboclusão 
o Dor abdominal excessiva aos MF 
o Superficialidade do feto à palpação 
USG: útero vazio e comprimido por feto 
/ placenta 
 
Gestação ectópica cervical 
Colo aumentado e congesto, com 
tumoração dolorosa (em tonel) 
Útero em formato de ampulheta: 
cavidade uterina vazia, colo com massa 
heterogênea. 
 
Gestação ectópica em cicatriz de cesárea 
Rara - aumento incidência (1/1800 a 
1/2216 gestações) 
Risco de ruptura uterina 
USG: cavidade uterina e canal cervical 
vazios, visualização do SG embebido na 
cicatriz 
7º SEMESTRE G.O 
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Gestação Ectópica Intersticial (cornual) 
- 4,7% ectópicas 
- Elevada morbidade 
o Cirurgias mutiladoras - risco de 
ruptura uterina em próxima 
gestação 
o 2.2% mortalidade materna 
 
Tratamento das ectópicas de localização 
atípica 
- Cornual 
- cicatriz de cesária 
- cervical 
Tratamento: 
o Emergência - histerectomia 
(cornual: ressecção cornual) 
o Feto vivo - MTX local 
o Feto morto - MTX sistêmico 
 
Gestação heterotópica 
- Intra-uterina + ectópica 
- 1 / 30 mil gestações espontâneas 
- Após aumento FIV / indução: até 1 / 
500 gestações 
- 1% casos de ectópica pós-FIV 
 
Orientações pós-ectópica 
- Futuro reprodutivo 
o Tratamento clínico não afeta a 
permeabilidade tubária 
7º SEMESTRE G.O 
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o Altos níveis de beta-HCG tratados 
clinicamente à maior risco de 
obstrução tubária 
o MTX não afeta a reserva ovariana 
o Orientar quanto a possibilidade de 
recorrência 
Se Rh negativo, CI negativo - 
Imunoglobulina anti-Rh/D 
Caso clínico 4 
- DS, 42 anos, casada, advogada. 
- Atraso menstrual de 12 semanas. 
- Sangramento vaginal há 8 dias, 
intermitente, com piora há 1 hora, com 
cólicaem hipogastrio. 
- Sem comorbidades. Náuseas e vômitos 
há 4 semanas. 
Exame físico 
- BEG, corada, desidratada +/4+, afebril, 
eupneica 
- PA=140 x 90mmHg FC=78bpm 
- Abdome flácido, indolor, ruídos 
hidroaéreos presentes, útero palpável. 
- Especular: pequena quantidade de 
sangue coletado, sem sangramento ativo 
pelo orifício externo do colo 
- Toque vaginal: colo amolecido, 
impérvio, indolor; útero entre sínfise 
púbica e cicatriz umbilical (compatível 
com 16 semanas), anexos aumentados 
bilateralmente. 
Exames complementares 
Beta-HCG + 
USG-TV: útero aumentado de tamanho, 
eco endometrial hiperecoico, com 
imagens hipo / anecogências, irregulares 
(vesículas); ausência de embrião. 
Cistos tecaluteínicos bilaterais. 
 
HD: mola hidatiforme ou gestação molar 
Doença trofoblástica gestacional 
- Espectro de condições caracterizadas 
por anomalia proliferativa do tecido 
trofoblástico. 
- Relacionado com fertilização aberrante. 
- Formas clínicas distintas, geralmente 
evolutivas (Ewing, 1910): 
o mola hidatiforme 
o mola invasora 
o coriocarcinoma 
- Marcador tumoral: β-HCG (quanto mais 
tecido trofoblástcico, mais b-HCG) 
- Países desenvolvidos: 1 a cada 1000 – 
1500 gestações 
- América Latina /Ásia: 1 / 12 – 1 / 
500 gestações 
- Brasil: 1 a cada 200 - 400 gestações 
Estágios histológicos 
Formas benignas - podem evoluir para 
NTG (neoplasia trofoblástica gestacional) 
o Mola hidatiforme completa (MHC) 
o Mola hidatiforme parcial (MHP) 
Formas malignas (NTG) 
o Mola invasora (MI) 
o Coriocarcinoma 
o Tumor trofoblástico do sítio 
placentário 
o Tumor trofoblástico epitelióide 
≠ estágios histológicos - ≠ propensões 
para regressão, invasão, metástase e 
recorrência. 
7º SEMESTRE G.O 
14 
 
 
Mola hidatiforme completa (MHC) 
- Forma mais comum de DTG 
- Macro: vesículas - vilosidades coriais 
com intensa degeneração hidrópica de 
estroma vilositário 
- Feto, cordão e membranas sempre 
ausentes 
 
Mola Hidatiforme Parcial (MHP) 
- Presença focal de vesiculas na placenta 
+ concepto e/ou membranas ovulares 
- Alta taxa de óbito intra-uterino 
- Menor propensão a progressão para 
NTG 
 
Manifestações clínicas 
Beta-HCG e USG-TV - diagnóstico 
precoce (antes do surgimento dos 
sintomas 
- Atraso menstrual 
- Sangramento vaginal 
o de repetição 
o intensidades variáveis 
- Útero > esperado para a IG 
- Cistos tecaluteínico 
- Hiperemese 
- Hipertireoidismo 
- pré-eclâmpsia < 20º semana 
- Eliminação de vesículas hidrópicas pela 
vagina 
Sangramento vaginal 
- 80 – 90% dos casos 
- Geralmente indolor 
- Entre os episódios: secreção serosa 
clara de odor desagradável (liquefação 
dos coágulos) 
- Menos frequente: hemorragia, com 
choque hemorrágico 
Aumento uterino 
- > 4 cm acima do esperado para a 
idade gestacional 
- Fator de risco 
o Maior chance de evolução maligna 
(NTG) 
o Maior risco de perfuração no 
esvaziamento 
Cistos tecaluteínicos 
- Efeito LH – like do β-HCG - 
hiperestimulação ovariana 
- Bilaterais, multiloculados 
- Remissão espontânea: semanas a 
meses após negativação do β-HCG 
o Conduta expectante, exceto se 
torção ou ruptura hemorrágica 
 
 
7º SEMESTRE G.O 
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Hiperemese 
- Um dos sintomas mais frequentes da 
MH 
- 36% com emagrecimento e 
desidratação 
- Gonadotrofina coriônica humana 
Pré-eclâmpsia precoce 
- < 20a semana 
- 10 % pacientes com mola hidatiforme 
- Fator de risco para NTG 
Hipertireoidismo 
- hCG tem efeito TSH-like (subunidade 
alfa) 
- Normalização espontânea com cura 
o terapia anti-tireoidiana e bloqueio 
dos sintomas periféricos até a 
remissão definitiva 
- Sintomático (5% casos): Taquicardia, 
hipertensão, tremores finos, intolerância 
ao calor, fraqueza muscular, sudorese, 
perda de peso, ansiedade 
Tratamento 
MHC e MHP: doenças distintas, mas com 
tratamento similar 
- MHC x MHP: 
o > Beta-HCG 
o > aumento Volume uterino 
o aumento Complicações (Pré-
eclâmpsia, hipertireoidismo, anemia, 
hiperemese) 
o aumento Sequelas malignas 
 
Mola hidatiforme 
Esvaziamento uterino + seguimento pós-
molar 
Esvaziamento uterino - aspiração intra-
uterina (vácuo) = técnica de escolha 
o < risco de perfuração uterina e 
infecção 
o < risco de permanência de restos 
molares 
Seguimento pós-molar: beta-HCG 
Rh negativo - Ig anti-Rh após 
esvaziamento (trofoblasto expressa Ag 
Rh) 
> 40 anos, prole constituída à considerar 
histerectomia 
o NTG pós-molar em 53% pacientes 
com 40-49 anos 
o Principalmente se beta-HCG inicial 
>175mil MUI/mL 
o HTA elimina risco de invasão local, 
mas não previne metástase - 
necessário seguimento pós-molar 
Seguimento pós molar 
- β-HCG semanal até normalização por 3 
semanas consecutivas 
- Mensal por 6 meses, após 
Contracepção 
o Logo após esvaziamento, durante 
todo o seguimento 
o Anticoncepcional hormonal oral: 
seguro e não aumenta risco de 
NTG 
7º SEMESTRE G.O 
16 
 
Na alta do seguimento, se deseja 
gestação: 
o Ácido fólico 
o USG 8º – 10º semana 
o β-HCG 6 semanas após término de 
qualquer tipo de gravidez 
 
Curva de regressão anormal do beta-HCG 
- NTG 
o Platô por 3 semanas consecutivas 
(D1, D7, D14 e D21) 
o Ascensão: aumento beta-HCG em ≥ 
10% por 2 semanas consecutivas 
(D1, D7 e D14) 
- Exame clínico completo 
- USG-TV 
- RX tórax 
- Se metástase pulmonar ou se 
coriocarcinoma à RNM cérebro e abdome 
 
 
Neoplasia trofobástica gestacional 
Evolução das formas benignas 
Mola invasora (MI) 
- Invasão do miométrio – confinada ao 
útero 
- Raramente alcançam locais extra- 
uterinos 
 
Coriocarcinoma 
- Após Gestação normal = 25% casos 
o 1/150 mil gestações 
- Após MHC = 50% casos 
o 1/40 MHC 
- Após Ab / ectópica = 25% casos 
o 1/ 15 mil Ab/ectópicas 
Forma de NTG mais agressiva - invasão 
vascular precoce e metátases 
generalizadas 
 
 
 
7º SEMESTRE G.O 
17 
 
Futuro reprodutivo 
- Remissão espontânea da MH - 98-99% 
chance de gravidez normal subsequente 
- 1-2% chance de nova DTG (risco 
pequeno, mas 4-50x> população geral) 
- Recomedação: aguardar 6 meses* para 
nova gestação (1 ano) 
 
Referencias da aula 
Rezende, Obstetricia 13ed. 
Febrasgo, tratado de obstetrícia 
Zugaib, Obstetrícia.

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