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Direito Empresarial Prof. Ricardo Xavier rsxsantos@uneb.br Facebook: Ricardo Xavier Instagram: ricardoxavier28 Página | 1 UNEB UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA DIREITO EMPRESARIAL PROF. RICARDO XAVIER 2021.1 Direito Empresarial Prof. Ricardo Xavier rsxsantos@uneb.br Facebook: Ricardo Xavier Instagram: ricardoxavier28 Página | 2 UNEB Universidade do Estado da Bahia DIREITO EMPRESARIAL PROF. RICARDO XAVIER1 2021.1 1 Advogado. Fundador do escritório Ricardo Xavier Sociedade de Advogados. Mestre e Doutorando em Políticas Sociais e Cidadania pela Universidade Católica do Salvador - UCSal, especialista em Direito do Estado pelo Jus Podivm / Unnyahna e em Direito Tributário pelo IBET - Instituto Brasileiro de Estudos Tributários. Professor Assistente da Universidade do Estado da Bahia - UNEB, da Universidade Católica do Salvador - UCSal, da Escola Superior da Advocacia - ESA - Seccional da OAB/BA e do Centro de Estudos Jurídicos José Aras - CEJAS. Pesquisador do Núcleo de Estudos em Tributação e Finanças Públicas - NEF da Universidade Católica do Salvador - UCSal. Direito Empresarial Prof. Ricardo Xavier rsxsantos@uneb.br Facebook: Ricardo Xavier Instagram: ricardoxavier28 Página | 3 Aula 01 - Origem e Evolução do Direito Empresarial 1. O Direito Empresarial e as Corporações de Ofício -Idade Média: renascimento mercantil e ressurgimento das cidades; -Monopólio da jurisdição mercantil a cargo das Corporações de Ofício; -“Codificação privada” do direito comercial; normas “pseudo-sistematizadas” -Caráter subjetivista: mercantilidade da relação jurídica definida pelos seus sujeitos; -O direito comercial como o direito dos comerciantes. 2. A Codificação Napoleônica e a Teoria dos Atos do Comércio Idade Moderna: formação dos Estados Nacionais monárquicos; -Monopólio da Jurisdição a cargo do Estado; -Codificação Napoleônica; -Bipartição do direito privado; -A Teoria dos atos do comércio como critério delimitador do âmbito de incidência do regime jurídico-comercial; -Objetivação do direito comercial: mercantilidade da relação jurídica definida pelo seu objeto. 3. O Codice Civile italiano de 1942 e a Teoria da Empresa -Código Civil Italiano de 1942; -A unificação formal do direito privado; -A teoria da empresa como critério delimitador do âmbito de incidência do regime jurídico-empresarial; -A empresa vista como atividade econômica organizada. 4. O Código Comercial de 1850 e a filiação ao sistema francês •Adoção da Teoria Francesa dos Atos do Comércio: O Ccom/1850 definiu comerciante como aquele que exercia a mercancia de forma habitual, como a sua profissão. •A falta de definição de mercancia e a edição do Regulamento nº 737/1850: Direito Empresarial Prof. Ricardo Xavier rsxsantos@uneb.br Facebook: Ricardo Xavier Instagram: ricardoxavier28 Página | 4 “Art. 19. Considera-se mercancia: § 1° a compra e venda ou troca de efeitos móveis ou semoventes, para os vender por grosso ou a retalho, na mesma espécie ou manufaturados, ou para alugar o seu uso; § 2° as operações de câmbio, banco e corretagem; § 3° as empresas de fábricas, de comissões, de depósito, de expedição, consignação e transporte de mercadorias, de espetáculos públicos; § 4° os seguros, fretamentos, riscos, e quaisquer contratos relativos ao comércio marítimo; § 5° a armação e expedição de navios.” 4.1. Sistema de classificação dos Atos do Comércio – a adotada por Carvalho de Mendonça2 2 Quadro sinótico extraído de: Negrão, Ricardo. Manual de direito comercial e de empresa, volume 1 / Ricardo Negrão. – 6ª Ed. ver. e atual. – São Paulo : Saraiva, 2008, p. 31-32 Direito Empresarial Prof. Ricardo Xavier rsxsantos@uneb.br Facebook: Ricardo Xavier Instagram: ricardoxavier28 Página | 5 5. O C.C. de 2002 e o Direito de Empresa •Transição da teoria dos atos do comércio para a Teoria da Empresa; •Tentativa de unificação do Direito Privado; •Definição de empresário como aquele que exerce atividade econômica organizada. 6. Direito Comercial ou Direito Empresarial? Direito Empresarial Prof. Ricardo Xavier rsxsantos@uneb.br Facebook: Ricardo Xavier Instagram: ricardoxavier28 Página | 6 Aula 02 - Fontes e Princípios do Direito Empresarial 1. Fontes do Direito •Materiais; •Formais. Fontes Formais •Primárias: - Código Comercial; - Código Civil (Direito de Empresa); - Leis, tratados internacionais e regulamentos. •Secundárias: - Código Civil; - Usos e costume; - Jurisprudência; - Analogia e princípios gerais de direito. 2. Princípios do Direito Empresarial É necessário advertir que concordamos com a classificação realizada pelo Prof. André Luiz Santa Cruz Ramos em sua obra. Deveras, diversos princípios elencados pelo Prof. Fábio Ulhoa Coelho são, em verdade, princípios especiais de sub-ramos do Direito Empresarial, tais como o Direito Societário, Direito Cambiário, Direito Contratual e Direito Falimentar. Contudo, por ser sempre de bom alvitre conferir as opiniões do Prof. Ulhoa, esquematiza-se aqui a classificação dos princípios utilizada por ele. 2.1. A classificação de André Luis Santa Cruz Ramos 2.1.1. Liberdade de Iniciativa - 2.1.2. Liberdade de Concorrência - 2.1.3 Garantia e defesa da propriedade privada - 2.1.4 Princípio da preservação da empresa Direito Empresarial Prof. Ricardo Xavier rsxsantos@uneb.br Facebook: Ricardo Xavier Instagram: ricardoxavier28 Página | 7 Aula 03 – O Direito Empresarial 1. Conceito “O Direito Comercial é o ramo do direito privado que tem por objeto a regulação da atividade destinada à circulação e criação da riqueza mobiliária, seus instrumentos e a qualificação dos sujeitos dessa relação. É perante o direito civil, ramo autônomo que se apresenta como um direito especial, especialização esta decorrente das necessidades específicas das relações comerciais.” (MELLO FRANCO, Vera Helena. Manual de direito comercial. 2. ed. São Paulo: RT, 2004. p. 15. v. 1) 2. Elementos •Mediação; •Habitualidade; •Fim lucrativo 3. Características •Cosmopolitismos; •Onerosidade; •Informalismo; •Fragmentarismo. •Articulação dos fatores de produção, que no sistema capitalista são: - capital; - mão-de-obra; - insumo; e - tecnologia. 4. Teoria da Empresa e Teoria dos Atos do Comércio Teoria da Empresa X Teoria dos Atos do Comércio Direito Empresarial Prof. Ricardo Xavier rsxsantos@uneb.br Facebook: Ricardo Xavier Instagram: ricardoxavier28 Página | 8 5. Empresa •Definição: É a atividade econômica organizada para a produção de bens e serviços para o mercado, visando o lucro. 6. Aspectos •Subjetivos: sinônimo de empresário; •Funcional: atividade econômica organizada; •Objetivo: “Azienda” ou estabelecimento; •Coorporativo ou institucional: organização de pessoas (incluindo empresário e seus auxiliares). Em face dos aspectos, pode-se observar um tripé empresarial: pessoa,bens e atividade, conforme ilustrado abaixo3: 7. Empresário Art. 966. Considera-se empresário quem exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços. •Profissionalismo: 3 Quadro gráfico extraído da Obra: Negrão, Ricardo. Manual de direito comercial e de empresa, volume I. 6 ed. rev. e atual. – São Paulo : Saraiva, 2008, p. 43. Direito Empresarial Prof. Ricardo Xavier rsxsantos@uneb.br Facebook: Ricardo XavierInstagram: ricardoxavier28 Página | 9 - habitualidade; - pessoalidade; - monopólio das informações. •Atividade: - empresa. •Econômica: - gerar lucro. •Organizada: - empregando capital; mão-de-obra; insumos e tecnologia. 7.1. Do benefício de ordem da execução do patrimônio do Empresário Individual Conferir o Enunciado nº 5 do CJF: 5. Quanto às obrigações decorrentes de sua atividade, o empresário individual tipificado no art. 966 do Código Civil responderá primeiramente com os bens vinculados à exploração de sua atividade econômica, nos termos do art. 1.024 do Código Civil. 8. Inscrição do Empresário Art. 967. É obrigatória a inscrição do empresário no Registro Público de Empresas Mercantis da respectiva sede, antes do início de sua atividade. •Pessoa física que exerce o comércio sozinho (antiga firma individual) 8.1. Forma de Inscrição Art. 968. A inscrição do empresário far-se-á mediante requerimento que contenha: I - o seu nome, nacionalidade, domicílio, estado civil e, se casado, o regime de bens; II - a firma, com a respectiva assinatura autógrafa; III - o capital; IV - o objeto e a sede da empresa. * A OAB e o tema: (QUESTÃO 04 – OAB/2011.1) Diogo exerce o comércio de equipamentos eletrônicos, por meio de estabelecimento instalado no Centro do Rio de Janeiro. Observe-se que Diogo não se registrou como empresário perante a Junta Comercial. Com base nesse cenário, responda: a) São válidos os negócios jurídicos de compra e venda realizados por Diogo no curso de sua atividade? (Valor: 0,65) Direito Empresarial Prof. Ricardo Xavier rsxsantos@uneb.br Facebook: Ricardo Xavier Instagram: ricardoxavier28 Página | 10 b) Quais os principais efeitos da ausência de registro de Diogo como empresário? (Valor: 0,6) 9. Capacidade para ser Empresário Art. 972. Podem exercer a atividade de empresário os que estiverem em pleno gozo da capacidade civil e não forem legalmente impedidos. 10. Do prosseguimento da empresa pelo Incapaz: Art. 974. Poderá o incapaz, por meio de representante ou devidamente assistido, continuar a empresa antes exercida por ele enquanto capaz, por seus pais ou pelo autor de herança. § 1o Nos casos deste artigo, precederá autorização judicial, após exame das circunstâncias e dos riscos da empresa, bem como da conveniência em continuá-la, podendo a autorização ser revogada pelo juiz, ouvidos os pais, tutores ou representantes legais do menor ou do interdito, sem prejuízo dos direitos adquiridos por terceiros. § 2o Não ficam sujeitos ao resultado da empresa os bens que o incapaz já possuía, ao tempo da sucessão ou da interdição, desde que estranhos ao acervo daquela, devendo tais fatos constar do alvará que conceder a autorização. •Art. 1.011, § 1º do CC: § 1o Não podem ser administradores, além das pessoas impedidas por lei especial, os condenados a pena que vede, ainda que temporariamente, o acesso a cargos públicos; ou por crime falimentar, de prevaricação, peita ou suborno, concussão, peculato; ou contra a economia popular, contra o sistema financeiro nacional, contra as normas de defesa da concorrência, contra as relações de consumo, a fé pública ou a propriedade, enquanto perdurarem os efeitos da condenação. •Havendo o impedimento é possível ser sócio de sociedade empresária? 11. Outros impedimentos legais 11.1. Recursos Minerais: Art. 176, § 1º, CF/88: § 1º A pesquisa e a lavra de recursos minerais e o aproveitamento dos potenciais a que se refere o “caput” deste artigo somente poderão ser efetuados mediante autorização ou concessão da União, no interesse nacional, por brasileiros ou empresa constituída sob as leis brasileiras e que tenha sua sede e administração no País, na forma da lei, que estabelecerá as Direito Empresarial Prof. Ricardo Xavier rsxsantos@uneb.br Facebook: Ricardo Xavier Instagram: ricardoxavier28 Página | 11 condições específicas quando essas atividades se desenvolverem em faixa de fronteira ou terras indígenas. 11.2. Propriedade de Empresa Jornalística: art. 222 da CF/88: Art. 222. A propriedade de empresa jornalística e de radiodifusão sonora e de sons e imagens é privativa de brasileiros natos ou naturalizados há mais de dez anos, ou de pessoas jurídicas constituídas sob as leis brasileiras e que tenham sede no País. 12. Responsabilidade daquele que atua indevidamente: Art. 973. A pessoa legalmente impedida de exercer atividade própria de empresário, se a exercer, responderá pelas obrigações contraídas. * A OAB e o tema: (XIII Exame Unificado da OAB - 2014.1) Questão 52. Olímpio Noronha é servidor público militar ativo e, concomitantemente, exerce pessoalmente atividade econômica organizada sem ter sua firma inscrita na Junta Comercial. Em relação às obrigações assumidas por Olímpio Noronha, assinale a alternativa correta. A) São válidas tanto as obrigações assumidas no exercício da empresa quanto estranhas a essa atividade e por elas Olímpio Noronha responderá ilimitadamente. B) São nulas todas as obrigações assumidas, porque Olímpio Noronha não pode ser empresário concomitantemente com o serviço público militar. C) São válidas apenas as obrigações estranhas ao exercício da empresa, pelas quais Olímpio Noronha responderá ilimitadamente; as demais são nulas. D) São válidas apenas as obrigações relacionadas ao exercício da empresa e por elas Olímpio Noronha responderá limitadamente; as demais são anuláveis Resposta: "A" Comentário: A assertiva correta é a letra "A" em virtude do quanto estabelece o art. 973 do Código Civil que estabelece que "a pessoa legalmente impedida de exercer atividade própria de empresário, se a exercer, responderá pelas obrigações contraídas". Ademais, lembra-se que o ato de inscrição do empresário é meramente declaratório, e o empresário individual responde ilimitadamente pelas suas obrigações. 13. A situação dos cônjuges Art. 977. Faculta-se aos cônjuges contratar sociedade, entre si ou com terceiros, desde que não tenham casado no regime da comunhão universal de bens, ou no da separação obrigatória. 14. O empresário casado Direito Empresarial Prof. Ricardo Xavier rsxsantos@uneb.br Facebook: Ricardo Xavier Instagram: ricardoxavier28 Página | 12 Alienação de bens da empresa: Art. 978. O empresário casado pode, sem necessidade de outorga conjugal, qualquer que seja o regime de bens, alienar os imóveis que integrem o patrimônio da empresa ou gravá-los de ônus real. Art. 979. Além de no Registro Civil, serão arquivados e averbados, no Registro Público de Empresas Mercantis, os pactos e declarações antenupciais do empresário, o título de doação, herança, ou legado, de bens clausulados de incomunicabilidade ou inalienabilidade. Art. 980. A sentença que decretar ou homologar a separação judicial do empresário e o ato de reconciliação não podem ser opostos a terceiros, antes de arquivados e averbados no Registro Público de Empresas Mercantis. Fixando entendimento sobre o tema, conferir o Enunciado nº 6 da Jornada de Direito Comercial do CJF: 6. O empresário individual regularmente inscrito é o destinatário da norma do art. 978 do Código Civil, que permite alienar ou gravar de ônus real o imóvel incorporado à empresa, desde que exista, se for o caso, prévio registro de autorização conjugal no Cartório de Imóveis, devendo tais requisitos constar do instrumento de alienação ou de instituição do ônus real, com a consequente averbação do ato à margem de sua inscrição no Registro Público de Empresas Mercantis 15. Daqueles que não são empresários Art. 966 do CC, p.ú: Parágrafo único. Não se considera empresário quem exerce profissão intelectual, de natureza científica, literária ou artística, ainda com o concurso de auxiliares oucolaboradores, salvo se o exercício da profissão constituir elemento de empresa 15.1. Profissionais intelectuais; “Enquanto o profissional intelectual está numa fase embrionária de atuação (é um profissional que atua sozinho, faz uso apenas de seus esforço, da sua capacidade intelectual), ele não é considerado empresário, não se submetendo , pois ao regime empresarial.” (André Luiz Santa Cruz Ramos) 15.2. O Empresário Rural: Art. 971. O empresário, cuja atividade rural constitua sua principal profissão, pode, observadas as formalidades de que tratam o art. Direito Empresarial Prof. Ricardo Xavier rsxsantos@uneb.br Facebook: Ricardo Xavier Instagram: ricardoxavier28 Página | 13 968 e seus parágrafos, requerer inscrição no Registro Público de Empresas Mercantis da respectiva sede, caso em que, depois de inscrito, ficará equiparado, para todos os efeitos, ao empresário sujeito a registro. 15.3. Sociedade cooperativa: Art. 982. Salvo as exceções expressas, considera-se empresária a sociedade que tem por objeto o exercício de atividade própria de empresário sujeito a registro (art. 967); e, simples, as demais. Parágrafo único. Independentemente de seu objeto, considera-se empresária a sociedade por ações; e, simples, a cooperativa Direito Empresarial Prof. Ricardo Xavier rsxsantos@uneb.br Facebook: Ricardo Xavier Instagram: ricardoxavier28 Página | 14 Aula 05 - Do Registro de Empresa 1. Registro da Empresa Art. 967. É obrigatória a inscrição do empresário no Registro Público de Empresas Mercantis da respectiva sede, antes do início de sua atividade. 2. Inscrição Art. 968. A inscrição do empresário far-se-á mediante requerimento que contenha: I - o seu nome, nacionalidade, domicílio, estado civil e, se casado, o regime de bens; II - a firma, com a respectiva assinatura autógrafa; III - o capital; IV - o objeto e a sede da empresa. 3. Das Filiais, Agências e Sucursais Art. 969. O empresário que instituir sucursal, filial ou agência, em lugar sujeito à jurisdição de outro Registro Público de Empresas Mercantis, neste deverá também inscrevê-la, com a prova da inscrição originária. Parágrafo único. Em qualquer caso, a constituição do estabelecimento secundário deverá ser averbada no Registro Público de Empresas Mercantis da respectiva sede. Sobre a diferença entre o conceito de Filial, Sucursal e Agência, interessante é a lição do professor Luiz Tzirulnik4, que diz: “Filial é definida como sociedade empresarial que, embora atue sob a direção e a administração de outra, a matriz, mantém a sua personalidade jurídica e o seu patrimônio, porém preservando a sua autonomia diante da lei e do público, motivo pelo qual não há de ser confundida com sucursal nem com agência. Agência, em essência, refere-se à empresa especializada em prestação de serviços, cuja função é eminentemente a de intermediária. Sucursal, por sua vez, refere-se a estabelecimento empresarial acessório e distinto do estabelecimento principal, cuja atividade engloba tratar dos negócios do estabelecimento principal, a cuja administração está ligada, sem contudo, constituir nem filial nem agência.” 4 Empresas & empresários – no novo Código Civil – Lei 10.406, de 10.01.2002. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2003. p. 27. Direito Empresarial Prof. Ricardo Xavier rsxsantos@uneb.br Facebook: Ricardo Xavier Instagram: ricardoxavier28 Página | 15 4. Do Registro Público de Empresas Mercantis 4.1. Lei nº 8.934/1994 Entendimento do STJ sobre a disciplina legal: REGISTRO. ALTERAÇÃO CONTRATUAL. DOCUMENTOS EXIGIDOS. É ilegal a exigência de certidão de regularidade fiscal estadual para o registro de alteração contratual perante a Junta Comercial por não estar prevista na lei de regência (Lei n. 8.934/1994) nem no decreto federal que a regulamentou (Dec. n. 1.800/1996), mas em decreto estadual que sequer possui lei estadual correspondente. É que o parágrafo único do art. 37 da lei supradita dispõe claramente que, além dos documentos alistados nesse artigo, nenhum outro documento será exigido das firmas individuais e sociedades referidas nas alíneas a, b e d do inciso II do art. 32. E o decreto que a regulamentou esclarece, em seu art. 34, parágrafo único, que outros documentos só podem ser exigidos se houver expressa determinação legal. Assim, é ilegítima a exigência de apresentação de documento prevista apenas em decreto estadual. REsp 724.015-PE, Rel. Min. Antonio Carlos Ferreira, julgado em 15/5/2012. Ainda, confira também a notícia: Junta não pode condicionar registro a regra de decreto As Juntas Comeciais não podem condicionar registros de atos de empresas a exigências previstas apenas em decreto estadual. Esse foi o entendimento da 4ª Turma do Superior Tribunal de Justiça que serviu de base para rejeição a Recurso Especial interposto pela Junta Comercial de Pernambuco (Jucepe). O presidente da autarquia havia recusado o arquivamento de contrato social de uma empresa baseado numa exigência instituída em decreto estadual. Para o relator do caso, ministro Antonio Carlos Ferreira, já que a exigência da certidão de regularidade fiscal estadual está prevista em decreto estadual, que não possui lei estadual correspondente, “não há dúvida de que se trata de imposição ilegal”. Ele explicou que o artigo 37 da Lei 8.934 lista os documentos necessários aos pedidos de arquivamento de atos constitutivos das empresas mercantis e suas respectivas alterações: instrumento original de constituição, modificação ou extinção; declaração do titular de não estar impedido de exercer o comércio ou a administração de sociedade empresarial; ficha cadastral; comprovantes de pagamento dos serviços correspondentes; prova de identidade dos titulares e dos administradores. http://www.stj.jus.br/webstj/processo/justica/jurisprudencia.asp?tipo=num_pro&valor=REsp+724015 Direito Empresarial Prof. Ricardo Xavier rsxsantos@uneb.br Facebook: Ricardo Xavier Instagram: ricardoxavier28 Página | 16 Além disso, o artigo 34, parágrafo único, do Decreto 1.800/96 (que regulamentou a Lei 8.934) dispõe que outros documentos só podem ser exigidos se houver expressa determinação legal. O caso O caso começou na primeira instância com Mandado de Segurança contra o presidente da Jucepe. Na decisão, o juízo de primeiro grau entendeu que o ato do presidente da autarquia havia sido ilegal. A Jucepe apelou ao Tribunal Regional Federal da 5ª Região (TRF- 5), que negou provimento ao recurso, com o fundamento de que “cabe à União, privativamente, definir os documentos cuja exibição condiciona o arquivamento dos atos relativos a empresas mercantis na competente junta comercial”. No STJ, o relator do recurso decicidiu manter a decisão. “Em tais condições, as decisões das instâncias ordinárias não merecem reparo”, disse Ferreira, ao rejeitar o recurso da Jucepe. Com informações da Assessoria de Imprensa do STJ. Fonte: Revista Consultor Jurídico, 28 de junho de 2012 4.2. Finalidade: I - dar garantia, publicidade, autenticidade, segurança e eficácia aos atos jurídicos das empresas mercantis, submetidos a registro na forma desta lei; II - cadastrar as empresas nacionais e estrangeiras em funcionamento no País e manter atualizadas as informações pertinentes; III - proceder à matrícula dos agentes auxiliares do comércio, bem como ao seu cancelamento. 4.3. As Juntas Comerciais São responsáveis pela execução e administração dos atos de registro. Art . 5º Haverá uma junta comercial em cada unidade federativa, com sede na capital e jurisdição na área da circunscrição territorial respectiva. 4.4. Atos de Registro Matrícula: dos leiloeiros, tradutores públicos e intérpretes comerciais, trapicheiros e administradores de armazéns-gerais;Direito Empresarial Prof. Ricardo Xavier rsxsantos@uneb.br Facebook: Ricardo Xavier Instagram: ricardoxavier28 Página | 17 Autenticação: dos instrumentos de escrituração das empresas mercantis registradas e dos agentes auxiliares do comércio, na forma de lei própria. Arquivamento: a) dos documentos relativos à constituição, alteração, dissolução e extinção de firmas mercantis individuais, sociedades mercantis e cooperativas; b) dos atos relativos a consórcio e grupo de sociedade; c) dos atos concernentes a empresas mercantis estrangeiras autorizadas a funcionar no Brasil; d) das declarações de microempresa; e) de atos ou documentos que, por determinação legal, sejam atribuídos ao Registro Público de Empresas Mercantis e Atividades Afins ou daqueles que possam interessar ao empresário e às empresas mercantis; 5. A publicidade do Registro de Empresa Art. 29. Qualquer pessoa, sem necessidade de provar interesse, poderá consultar os assentamentos existentes nas juntas comerciais e obter certidões, mediante pagamento do preço devido. 6. Da competência para julgar atos referentes ao Registro de Empresa Interessante é a questão da competência para julgamento de conflitos referentes ao Registro da Empresa. Decerto, conforme já dito acima, o registro do comércio é regido pela Lei nº 8.934/1994, ou seja, através de lei federal. Desta forma, compete a Justiça Federal (e não a Estadual) o julgamento de conflitos referentes ao Registro Empresarial, ainda que as Juntas Comerciais sejam autarquias estaduais. Cumpre lembrar que os conflitos referentes aos atos administrativos das Juntas Comerciais que não digam respeito ao registro do comercio, tais como licitações e contratos, servidores públicos, concursos, etc, devem ser julgados perante a justiça estadual (vara da fazenda pública). Direito Empresarial Prof. Ricardo Xavier rsxsantos@uneb.br Facebook: Ricardo Xavier Instagram: ricardoxavier28 Página | 18 Aula 06 - Nome Empresarial 1. Conceito Art. 1ª da IN/DNRC nº 116/2011: Art. 1º Nome empresarial é aquele sob o qual o empresário, a empresa individual de responsabilidade limitada e a sociedade empresária exercem suas atividades e se obrigam nos atos a elas pertinentes. Parágrafo único. O nome empresarial compreende a firma e a denominação. 2. Funções do nome empresarial: - ordem objetiva: individualizar e identificar o sujeito de direitos exercente da atividade empresarial; - ordem subjetiva: garantir fama, renome, reputação, etc. 3. Espécies de Nomes Empresariais •Art. 1155 do CC: Art. 1.155. Considera-se nome empresarial a firma ou a denominação adotada, de conformidade com este Capítulo, para o exercício de empresa. •Firma: individual ou social. É espécie de nome empresarial formada por um nome civil – do próprio empresário, no caso de firma individual, ou de um ou mais sócios, no caso de firma social. •Denominação social: só pode ser social – pode ser formada por qualquer expressão lingüística, e a indicação do objeto social é obrigatória. •IN/DNRC nº 116/2011: “Art. 2º Firma é o nome utilizado pelo empresário individual, pela sociedade em que houver sócio de responsabilidade ilimitada e, de forma facultativa, pela sociedade limitada e pela empresa individual de responsabilidade limitada.” .......... Direito Empresarial Prof. Ricardo Xavier rsxsantos@uneb.br Facebook: Ricardo Xavier Instagram: ricardoxavier28 Página | 19 “Art. 3º Denominação é o nome utilizado pela sociedade anônima e cooperativa e, em caráter opcional, pela sociedade limitada, em comandita por ações e pela empresa individual de responsabilidade limitada” 4. As sociedades empresárias e o nome empresarial O nome empresarial variará de acordo com o tipo societário: - Sociedade Limitada: firma ou denominação; - EIRELI: firma ou denominação; - Sociedade anônima: denominação social; - Sociedades de responsabilidade ilimitada: firma; - sociedade em comandita por ações: denominação; - Sociedade em conta de participação não pode ter firma ou denominação. 4.1. Sociedade Limitada Art. 1.158. Pode a sociedade limitada adotar firma ou denominação, integradas pela palavra final "limitada" ou a sua abreviatura. § 1o A firma será composta com o nome de um ou mais sócios, desde que pessoas físicas, de modo indicativo da relação social. § 2o A denominação deve designar o objeto da sociedade, sendo permitido nela figurar o nome de um ou mais sócios. § 3o A omissão da palavra "limitada" determina a responsabilidade solidária e ilimitada dos administradores que assim empregarem a firma ou a denominação da sociedade. *A OAB e o tema Sobre o tema, confira questão cobrada na 2ª fase do XIII Exame da OAB: (XIII Exame da OAB Unificado - 2014.1) Banzaê Ltda. EPP é uma sociedade empresária do tipo limitada, cujo objeto é a extração e beneficiamento de dendê para produção de azeite. Antônio Gonçalves, único administrador da sociedade, utiliza o nome empresarial “Banzaê Ltda. EPP. O sócio Lauro de Freitas pretende, com fundamento no Código Civil, responsabilizar ilimitadamente o administrador pelo uso da denominação em desacordo com o princípio da veracidade, que, a seu ver, obriga a presença do objeto no nome empresarial da sociedade. Direito Empresarial Prof. Ricardo Xavier rsxsantos@uneb.br Facebook: Ricardo Xavier Instagram: ricardoxavier28 Página | 20 Sendo certo que a sociedade em todos os seus atos que pratica não indica seu objeto, pergunta-se: A denominação social está sendo empregada corretamente por Antônio Gonçalves? (Valor: 1,25) 4.2. EIRELI A regra da EIRELI confere-se no § 1º do art. 980-A do CC: § 1º O nome empresarial deverá ser formado pela inclusão da expressão "EIRELI" após a firma ou a denominação social da empresa individual de responsabilidade limitada. 4.3. Sociedade Anônima Regra do Código Civil: Art. 1.160. A sociedade anônima opera sob denominação designativa do objeto social, integrada pelas expressões "sociedade anônima" ou "companhia", por extenso ou abreviadamente. Parágrafo único. Pode constar da denominação o nome do fundador, acionista, ou pessoa que haja concorrido para o bom êxito da formação da empresa. •Regra da Lei nº 6.404/1976: Art. 3º A sociedade será designada por denominação acompanhada das expressões "companhia" ou "sociedade anônima", expressas por extenso ou abreviadamente mas vedada a utilização da primeira ao final. § 1º O nome do fundador, acionista, ou pessoa que por qualquer outro modo tenha concorrido para o êxito da empresa, poderá figurar na denominação. § 2º Se a denominação for idêntica ou semelhante a de companhia já existente, assistirá à prejudicada o direito de requerer a modificação, por via administrativa (artigo 97) ou em juízo, e demandar as perdas e danos resultantes. 4.4. Sociedade Ilimitada Art. 1.157. A sociedade em que houver sócios de responsabilidade ilimitada operará sob firma, na qual somente os nomes daqueles poderão figurar, bastando para formá-la aditar ao nome de um deles a expressão "e companhia" ou sua abreviatura. Parágrafo único. Ficam solidária e ilimitadamente responsáveis pelas obrigações contraídas sob a firma social aqueles que, por Direito Empresarial Prof. Ricardo Xavier rsxsantos@uneb.br Facebook: Ricardo Xavier Instagram: ricardoxavier28 Página | 21 seus nomes, figurarem na firma da sociedade de que trata este artigo. 4.5. Sociedade Cooperativa Art. 1.159. A sociedade cooperativa funciona sob denominação integrada pelo vocábulo "cooperativa". 4.6. Sociedade em Comandita por Ações Art. 1.161. A sociedade em comandita por ações pode, em lugar de firma,adotar denominação designativa do objeto social, aditada da expressão "comandita por ações". 4.7. Sociedade em Conta de Participação Art. 1.162. A sociedade em conta de participação não pode ter firma ou denominação. 4.8. Quadro Sinótico Direito Empresarial Prof. Ricardo Xavier rsxsantos@uneb.br Facebook: Ricardo Xavier Instagram: ricardoxavier28 Página | 22 5. Princípios Informadores São princípios informadores os da Veracidade e da Novidade. Código Civil: Art. 1.163. O nome de empresário deve distinguir-se de qualquer outro já inscrito no mesmo registro. Parágrafo único. Se o empresário tiver nome idêntico ao de outros já inscritos, deverá acrescentar designação que o distinga. Art. 4º da IN/DNRC nº 116/2011: Art. 4º O nome empresarial atenderá aos princípios da veracidade e da novidade e identificará, quando assim exigir a lei, o tipo jurídico da empresa individual de responsabilidade limitada ou da sociedade. Direito Empresarial Prof. Ricardo Xavier rsxsantos@uneb.br Facebook: Ricardo Xavier Instagram: ricardoxavier28 Página | 23 Parágrafo único. O nome empresarial não poderá conter palavras ou expressões que sejam atentatórias à moral e aos bons costumes. Ver também as regras do arts. 5º e 6º da mesma Instrução Normativa: Art. 5º Observado o princípio da veracidade: I - o empresário e o titular da empresa individual de responsabilidade limitada só poderão adotar como firma o seu próprio nome, aditando, se quiser ou quando já existir nome empresarial idêntico ou semelhante, designação mais precisa de sua pessoa ou de sua atividade, devendo o titular acrescer a sigla EIRELLI; II - a firma: a) da sociedade em nome coletivo, se não individualizar todos os sócios, deverá conter o nome de pelo menos um deles, acrescido do aditivo “e companhia”, por extenso ou abreviado; b) da sociedade em comandita simples deverá conter o nome de pelo menos um dos sócios comanditados, com o aditivo “e companhia”, por extenso ou abreviado; c) da sociedade em comandita por ações só poderá conter o nome de um ou mais sócios diretores ou gerentes, com o aditivo “e companhia”, por extenso ou abreviado, acrescida da expressão “comandita por ações”, por extenso ou abreviada; d) da sociedade limitada, se não individualizar todos os sócios, deverá conter o nome de pelo menos um deles, acrescido do aditivo “e companhia” e da palavra “limitada”, por extenso ou abreviados; III - a denominação é formada com palavras de uso comum ou vulgar na língua nacional ou estrangeira e ou com expressões de fantasia, com a indicação do objeto da sociedade ou empresa individual de responsabilidade limitada, sendo que: a) na sociedade limitada, deverá ser seguida da palavra “limitada”, por extenso ou abreviada; b) na sociedade anônima, deverá ser acompanhada da expressão “companhia” ou “sociedade anônima”, por extenso ou abreviada, vedada a utilização da primeira ao final; c) na sociedade em comandita por ações, deverá ser seguida da expressão “em comandita por ações”, por extenso ou abreviada; d) na empresa individual de responsabilidade limitada deverá ser seguida da expressão “EIRELI”; e) para a empresa individual de responsabilidade limitada e para as sociedades limitadas enquadradas como microempresa ou empresa de pequeno porte, inclusive quando o enquadramento se der juntamente com a constituição, é facultativa a inclusão do objeto; f) ocorrendo o desenquadramento da empresa individual de responsabilidade limitada ou da sociedade da condição de Direito Empresarial Prof. Ricardo Xavier rsxsantos@uneb.br Facebook: Ricardo Xavier Instagram: ricardoxavier28 Página | 24 microempresa ou empresa de pequeno porte, é obrigatória a inclusão do objeto respectivo no nome empresarial, mediante arquivamento da correspondente alteração do ato constitutivo ou alteração contratual. § 1º Na firma, observar-se-á, ainda: a) o nome do empresário ou do titular da empresa individual de responsabilidade limitada deverá figurar de forma completa, podendo ser abreviados os prenomes; b) os nomes dos sócios poderão figurar de forma completa ou abreviada, admitida a supressão de prenomes; c) o aditivo “e companhia” ou “& Cia.” poderá ser substituído por expressão equivalente, tal como “e filhos” ou “e irmãos”, dentre outras. § 2º O nome empresarial não poderá conter palavras ou expressões que denotem atividade não prevista no objeto da sociedade ou empresa individual de responsabilidade limitada Art. 6º Observado o princípio da novidade, não poderão coexistir, na mesma unidade federativa, dois nomes empresariais idênticos ou semelhantes. § 1º Se a firma ou denominação for idêntica ou semelhante à de outra empresa já registrada, deverá ser modificada ou acrescida de designação que a distinga. § 2º Será admitido o uso da expressão de fantasia incomum, desde que expressamente autorizada pelos sócios da sociedade ou pelo titular de empresa individual de responsabilidade limitada anteriormente registrada. 6. Nome de fantasia ou título de estabelecimento Nome empresarial, marca e nome fantasia não possuem o mesmo conceito. Conforme já observado, nome empresarial identifica o empresário, enquanto sujeito exercente da atividade empresarial. Já o nome fantasia identifica apenas o local do exercício da atividade empresarial. De acordo com Tomazette5, citando Giuseppe Valeri, “o nome fantasia ou título do estabelecimento identifica ‘o local no qual é exercida e vem a contato com o público a atividade do empresário’. Este conceito não se confunde com o nome empresarial na medida em que não identifica a pessoa, mas apenas o local do exercício da atividade. Se houver vários locais para o exercício da atividade pelo mesmo empresário, podem ser adotados nomes fantasias distintos, mas o nome empresarial será sempre o mesmo.” 7. Marcas X Nome empresarial 5 Tomazette, Marlon. Curso de direito empresarial : teoria geral e direito societário, volume 1 / Marlon Tomazette, - 2. Ed. – São Paulo : Atlas, 2009, p. 139. Direito Empresarial Prof. Ricardo Xavier rsxsantos@uneb.br Facebook: Ricardo Xavier Instagram: ricardoxavier28 Página | 25 Visto que o nome empresarial identifica a própria pessoa do empresário, há que se observar que a marca identifica produto ou serviço. De acordo com Tomazette6, citando Vera Helena de Mello Franco, marca “é o sinal aposto a um produto, uma mercadoria, ou o indicativo de um serviço, destinado a diferenciá- lo dos demais.” - Conferir o Enunciado nº 1 e nº 2 do Conselho da Justiça Federal - CJF: 1. Decisão judicial que considera ser o nome empresarial violador do direito de marca não implica a anulação do respectivo registro no órgão próprio nem lhe retira os efeitos, preservado o direito de o empresário alterá-lo. 2. A vedação de registro de marca que reproduza ou imite elemento característico ou diferenciador de nome empresarial de terceiros, suscetível de causar confusão ou associação (art. 124, V, da Lei n. 9.279/1996), deve ser interpretada restritivamente e em consonância com o art. 1.166 do Código Civil. Sobre o tema, interessante conferir o posicionamento do STJ publicado no Informativo nº 548: DIREITO EMPRESARIAL. DIREITO DE USO EXCLUSIVO DE MARCA REGISTRADA. O uso, por quem presta serviço de ensino regular, da mesma marca anteriormente registrada, na classe dos serviços de educação, por quem presta, no mesmo Município, serviços de orientação e reeducação pedagógica a alunos com dificuldades escolares viola o direito de uso exclusivo de marca. O registro da marca, embora garanta proteção nacional à exploração exclusiva por parte do titular, encontra limite no princípio da especialidade, que restringe a exclusividade de utilização do signo a um mesmo nicho de produtos e serviços. Assim, umamesma marca pode ser utilizada por titulares distintos se não houver qualquer possibilidade de se confundir o consumidor. Para se verificar a possibilidade de confusão na utilização da mesma marca por diferentes fornecedores de produtos e serviços, deve ser observada, inicialmente, a Classificação Internacional de Produtos e de Serviços, utilizada pelo INPI como parâmetro para concessão ou não do registro de uma marca. É verdade que a tabela de classes não deve ser utilizada de forma absoluta para fins de aplicação do princípio da especialidade, servindo apenas como parâmetro inicial na análise de possibilidade de confusão. Porém, na hipótese, embora os serviços oferecidos sejam distintos, eles são complementares, pois têm finalidades idênticas, além de ocuparem os mesmos canais de comercialização. REsp 1.309.665-SP, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 4/9/2014. 8. O STJ e a proteção do nome empresarial 6 Op. Cit., p. 140. http://www.stj.jus.br/webstj/processo/justica/jurisprudencia.asp?tipo=num_pro&valor=REsp+1309665 Direito Empresarial Prof. Ricardo Xavier rsxsantos@uneb.br Facebook: Ricardo Xavier Instagram: ricardoxavier28 Página | 26 •Caso 01: Best Way Importação e Exportação Ltda. X The Best Way Informática Ltda •Caso 02: Odebrecht S.A. X Odebrecht Comércio e Industria de Café Ltda Ainda, confira-se decisão do STJ sobre a matéria: STJ admite uso de nome de rio por empresas concorrentes O uso de nome de rio com o objetivo de exploração comercial não garante exclusividade na utilização da marca, exceto se ficar evidente a concorrência desleal. A decisão é da 4ª Turma do Superior Tribunal de Justiça, ao julgar recurso em que a empresa Rio Sucuri Ecoturismo Ltda. pediu que a concorrente Barra do Sucuri mudasse de denominação. Para o relator do caso, o ministro Luis Felipe Salomão, a titularidade para registro de indicação geográfica é, em regra, coletiva, não cabendo direito de exclusividade a quem, primeiramente, o obtém. A ressalva só existe se constatada concorrência desleal, ou seja, quando o uso da expressão visa confundir o consumidor. Com o argumento de que o consumidor não poderia distinguir com clareza o serviço que estava contratando, a Rio Sucuri Ecoturismo buscava impedir que a Barra do Sucuri utilizasse tal denominação. Ambas atuam na exploração do turismo, mas o registro da primeira é de 1997 e o da segunda, de 2001. No entanto, como na visão do STJ não ficou comprovado que a Rio Sucuri Ecoturismo teve prejuízo com o surgimento da Barra do Sucuri, e tampouco entendeu que há confusão por parte do público, a anulação do registro não se justifica. Afinal, nessas condições, a jurisprudência do STJ admite a possibilidade de coexistência de duas marcas semelhantes, mesmo que compartilhem o mesmo ramo de serviços. O Rio Sucuri corta o município de Bonito (MS). O artigo 124 da Lei 9.279/98 é o que elenca os casos em que o Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) pode recusar o registro da marca. Com informações da Assessoria de Imprensa do Superior Tribunal de Justiça. Recurso Especial 1092679. Fonte: Revista Consultor Jurídico, 5 de junho de 2012 Direito Empresarial Prof. Ricardo Xavier rsxsantos@uneb.br Facebook: Ricardo Xavier Instagram: ricardoxavier28 Página | 27 Aula 7 - Estabelecimento 1. Conceito É o complexo de bens, materiais e imateriais, que constituem o instrumento utilizado pelo Empresário para a exploração da Empresa •O Código Civil: Art. 1.142. Considera-se estabelecimento todo complexo de bens organizado, para exercício da empresa, por empresário, ou por sociedade empresária. 1.1. Elementos do Estabelecimento Empresarial7 2. Natureza Jurídica -O Estabelecimento como Universalidade de Direito; -O Estabelecimento como Universalidade de Fato. 3. O Estabelecimento Virtual •O acesso por transmissões eletrônicas de dados; •A interatividade; •Acesso a produtos ou serviços e informações relativas aos mesmos (navegabilidade) O nome de domínio é endereço de acesso a pagina virtual na internet e será melhor estudado m8ais a frente, quando falarmos dos Contratos Eletrônicos. Contudo, o nome de domínio tornou-se peça importante no estabelecimento do empresário. Nesse sentido, conferir o Enunciado nº 7 da 1ª Jornada de Direito Comercial do Conselho da Justiça Federal: 7. O nome de domínio integra o estabelecimento empresarial como bem incorpóreo para todos os fins de direito. Obs.¹: O prof. André Luiz Santa Cruz Ramos, manifestando-se sobre o tema entende que: 7 Quadro sinótico extraído de: Negrão, Ricardo. Manual de direito comercial e de empresa, volume 1 / Ricardo Negrão. – 6ª Ed. ver. e atual. – São Paulo : Saraiva, 2008, p. 73 8 Ramos, André Luiz Santa Cruz. Direito empresarial esquematizado - 2 ed. rev. atual. e ampl. - Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: Método, 2012, p. 113-114. Direito Empresarial Prof. Ricardo Xavier rsxsantos@uneb.br Facebook: Ricardo Xavier Instagram: ricardoxavier28 Página | 28 "Em suma: o site de determinado empresário individual ou sociedade empresária é o seu ponto empresarial virtual ou ponto de negócio virtual" 4. Estabelecimento X Empresa 5. Estabelecimento X Empresário 6. Contrato de Trespasse 6.1. Comercialização do estabelecimento: Art. 1.143. Pode o estabelecimento ser objeto unitário de direitos e de negócios jurídicos, translativos ou constitutivos, que sejam compatíveis com a sua natureza. Art. 1.144. O contrato que tenha por objeto a alienação, o usufruto ou arrendamento do estabelecimento, só produzirá efeitos quanto a terceiros depois de averbado à margem da inscrição do empresário, ou da sociedade empresária, no Registro Público de Empresas Mercantis, e de publicado na imprensa oficial. Art. 1.145. Se ao alienante não restarem bens suficientes para solver o seu passivo, a eficácia da alienação do estabelecimento depende do pagamento de todos os credores, ou do consentimento destes, de modo expresso ou tácito, em trinta dias a partir de sua notificação. *A OAB e o tema: (XIII Exame da OAB Unificado - 2014.1) Questão 50. Ananias Targino consulta sua advogada para saber as providências que deve tomar para publicizar o trespasse do estabelecimento da Empresa Individual de Responsabilidade Limitada (EIRELI) por ele constituída e enquadrada como microempresa, cuja firma é Ananias Targino EIRELI ME. A advogada corretamente respondeu que A) é dispensável qualquer publicização ou arquivamento do contrato de trespasse do estabelecimento por ser a EIRELI enquadrada como microempresa. B) é dispensável o arquivamento do contrato de trespasse no Registro Público de Empresas Mercantis, mas ele deverá ser publicado na imprensa oficial. C) é dispensável o arquivamento do contrato de trespasse no Registro Público de Empresas Mercantis, mas ele deverá ser publicado na imprensa oficial e em jornal de grande circulação. D) é dispensável a publicação do contrato de trespasse na imprensa oficial, mas ele deverá ser arquivado no Registro Público de Empresas Mercantis. Resposta: "D" Direito Empresarial Prof. Ricardo Xavier rsxsantos@uneb.br Facebook: Ricardo Xavier Instagram: ricardoxavier28 Página | 29 Comentário: A regra geral do trespasse (alienação do estabelecimento) encontra-se insculpida nos artigos 1.143 a 1.146 do Código Civil - CC. De acordo com art. 1.144 do CC "o contrato que tenha por objeto a alienação, o usufruto ou arrendamento do estabelecimento, só produzirá efeitos quanto a terceiros depois de averbado à margem da inscrição do empresário, ou da sociedade empresária, no Registro Público de Empresas Mercantis, e de publicado na imprensa oficial". No que tange a EIRELI (Empresa individual de responsabilidade limitada), prevista noart. 980-A do CC, aplica-se, no que couber, as regras previstas para as sociedades limitadas (art. 980-A, § 6º, CC). Ora, o detalhe da questão é que a EIRELI do caso concreto se enquadrou como Microempresa, e na forma do art. 71 da LC nº 123/2006 (Estatuto da Microempresa e Empresa de Pequeno Porte), "os empresários e as sociedades de que trata esta Lei Complementar, nos termos da legislação civil, ficam dispensados da publicação de qualquer ato societário". Pois bem, juntando o art. 1.144 do CC com o art. 71 da LC nº 123/2006, percebe-se que para o caso em tela a EIRELI enquadrada como ME necessita de arquivar o ato de trespasse no Registro Público de Empresas Mercantis, mas dispensa-se que faça a publicação do ato na imprensa oficial. Desta forma, correta a alínea "D". 6.2. A alienação do estabelecimento e sucessão empresarial Art. 1.146. O adquirente do estabelecimento responde pelo pagamento dos débitos anteriores à transferência, desde que regularmente contabilizados, continuando o devedor primitivo solidariamente obrigado pelo prazo de um ano, a partir, quanto aos créditos vencidos, da publicação, e, quanto aos outros, da data do vencimento. OBS¹: Esse sistema, sobretudo os seus efeitos obrigacionais só se aplica “quando o conjunto de bens transferidos importar a transmissão da funcionalidade do estabelecimento empresarial” (enunciado nº 233 do CJF) OBS²: O regime de sucessão obrigacional previsto no art. 1.146 do CC só se aplica a relações travadas em conseqüência do exercício da empresa. Dívidas trabalhistas (art. 448 da CLT) e dívidas Tributária (art. 133 do CTN) possuem regimes próprios: Art. 448 da CLT: Art. 448 - A mudança na propriedade ou na estrutura jurídica da empresa não afetará os contratos de trabalho dos respectivos empregados. Art. 133 do CTN: Art. 133. A pessoa natural ou jurídica de direito privado que adquirir de outra, por qualquer título, fundo de comércio ou estabelecimento comercial, industrial ou profissional, e continuar a Direito Empresarial Prof. Ricardo Xavier rsxsantos@uneb.br Facebook: Ricardo Xavier Instagram: ricardoxavier28 Página | 30 respectiva exploração, sob a mesma ou outra razão social ou sob firma ou nome individual, responde pelos tributos, relativos ao fundo ou estabelecimento adquirido, devidos até à data do ato: I - integralmente, se o alienante cessar a exploração do comércio, indústria ou atividade; II - subsidiariamente com o alienante, se este prosseguir na exploração ou iniciar dentro de seis meses a contar da data da alienação, nova atividade no mesmo ou em outro ramo de comércio, indústria ou profissão. (...) 6.3. O trespasse no processo de Falência Art. 141. Na alienação conjunta ou separada de ativos, inclusive da empresa ou de suas filiais, promovida sob qualquer das modalidades de que trata este artigo: (...) II – o objeto da alienação estará livre de qualquer ônus e não haverá sucessão do arrematante nas obrigações do devedor, inclusive as de natureza tributária, as derivadas da legislação do trabalho e as decorrentes de acidentes de trabalho. 6.4. O nome empresarial no trespasse Art. 1.164. O nome empresarial não pode ser objeto de alienação. Parágrafo único. O adquirente de estabelecimento, por ato entre vivos, pode, se o contrato o permitir, usar o nome do alienante, precedido do seu próprio, com a qualificação de sucessor. De acordo com Gladston Mamede, a transferência do título do estabelecimento ou de uma marca registrada em nada se confunde com a transferência do nome empresarial, uma vez que o art. 1.164 do CC veda, expressamente, a possibilidade de sua alienação. Decerto, mantém-se uma coerência do nome da pessoa jurídica com expressão de um direito de personalidade (ou personalíssimo), subsumindo-se à regra geral de intransmissibilidade, tal como se encontra disposta no art. 11 do CC. Contudo, há que se observar que o parágrafo único do art. 1.164, em virtude dos princípios da veracidade, permite a informação da existência do trespasse, e a sucessão empresarial. 6.5. O trespasse e a sub-rogação do adquirente nos direitos do alienante Conferir o Enunciado nº 8 da 1ª Jornada de Direito Comercial do Conselho da Justiça Federal: Direito Empresarial Prof. Ricardo Xavier rsxsantos@uneb.br Facebook: Ricardo Xavier Instagram: ricardoxavier28 Página | 31 8. A sub-rogação do adquirente nos contratos de exploração atinentes ao estabelecimento adquirido, desde que não possuam caráter pessoal, é a regra geral, incluindo o contrato de locação. 7. A cláusula de não-concorrência Art. 1.147. Não havendo autorização expressa, o alienante do estabelecimento não pode fazer concorrência ao adquirente, nos cinco anos subseqüentes à transferência. Parágrafo único. No caso de arrendamento ou usufruto do estabelecimento, a proibição prevista neste artigo persistirá durante o prazo do contrato. Sobre o tema, o STJ, em seu Informativo nº 544, assim se pronunciou: DIREITO EMPRESARIAL. ABUSIVIDADE DA VIGÊNCIA POR PRAZO INDETERMINADO DE CLÁUSULA DE NÃO CONCORRÊNCIA. É abusiva a vigência, por prazo indeterminado, da cláusula de “não restabelecimento” (art. 1.147 do CC), também denominada “cláusula de não concorrência”. O art. 1.147 do CC estabelece que “não havendo autorização expressa, o alienante do estabelecimento não pode fazer concorrência ao adquirente, nos cinco anos subsequentes à transferência”. Relativamente ao referido artigo, foi aprovado o Enunciado 490 do CJF, segundo o qual “A ampliação do prazo de 5 (cinco) anos de proibição de concorrência pelo alienante ao adquirente do estabelecimento, ainda que convencionada no exercício da autonomia da vontade, pode ser revista judicialmente, se abusiva”. Posto isso, cabe registrar que se mostra abusiva a vigência por prazo indeterminado da cláusula de “não restabelecimento”, pois o ordenamento jurídico pátrio, salvo expressas exceções, não se coaduna com a ausência de limitações temporais em cláusulas restritivas ou de vedação do exercício de direitos. Assim, deve-se afastar a limitação por tempo indeterminado, fixando-se o limite temporal de vigência por cinco anos contados da data do contrato, critério razoável adotado no art. 1.147 do CC/2002. REsp 680.815-PR, Rel. Min. Raul Araújo, julgado em 20/3/2014, DJe 3/2/2015. 7.1. O leading case (STF, 1914) Companhia de Tecidos da Juta X Conde Alvares Penteado e Companhia Paulista de Aniagem 7.2. Qual a limitação geográfica para o antigo proprietário não mais atuar? A questão da Boa-fé! 8. A avaliação do estabelecimento empresarial a due dilligence http://www.stj.jus.br/webstj/processo/justica/jurisprudencia.asp?tipo=num_pro&valor=REsp%20680815 Direito Empresarial Prof. Ricardo Xavier rsxsantos@uneb.br Facebook: Ricardo Xavier Instagram: ricardoxavier28 Página | 32 - Due dilligence: procedimento de análise dos documentos, da contabilidade, dos contratos, das informações, etc, de um determinado empresário ou sociedade empresária, geralmente com o intuito de aferir o valor da empresa. - Método: o método do fluxo de caixa descontado. 9. Outras normas sobre estabelecimento empresarial no Código Civil - Arts. 1.148 e 1.149 do Código Civil: Art. 1.148. Salvo disposição em contrário, a transferência importa a sub-rogação do adquirente nos contratos estipulados para exploração do estabelecimento, se não tiverem caráter pessoal, podendo os terceiros rescindir o contrato em noventa dias a contar da publicação da transferência, se ocorrer justa causa, ressalvada, neste caso, a responsabilidade do alienante. Art. 1.149. A cessão dos créditos referentes ao estabelecimento transferido produzirá efeito em relação aos respectivos devedores, desde o momento da publicação da transferência, mas o devedor ficaráexonerado se de boa-fé pagar ao cedente. 10. Proteção ao Ponto de Negócio: 10.1. Locação Empresarial Proteção ao ponto de negócio (locação empresarial) - Ponto – também chamado de propriedade comercial é o local onde o empresário se estabelece. É um dos fatores decisivos para o sucesso do seu empreendimento. Art. 51 da Lei de Locação (nº 8.245/91) Art. 51. Nas locações de imóveis destinados ao comércio, o locatário terá direito a renovação do contrato, por igual prazo, desde que, cumulativamente: I - o contrato a renovar tenha sido celebrado por escrito e com prazo determinado; II - o prazo mínimo do contrato a renovar ou a soma dos prazos ininterruptos dos contratos escritos seja de cinco anos; III - o locatário esteja explorando seu comércio, no mesmo ramo, pelo prazo mínimo e ininterrupto de três anos. Sobre o prazo para a renovação, confira a notícia de decisão do STJ publicado pelo informativo SINTESE: Direito Empresarial Prof. Ricardo Xavier rsxsantos@uneb.br Facebook: Ricardo Xavier Instagram: ricardoxavier28 Página | 33 STJ - Terceira Turma define prazo de cinco anos para renovação de aluguel comercial Publicado em 5 de Dezembro de 2013 às 09h22 Se por um lado deve ser considerado todo o patrimônio imaterial agregado a imóvel comercial pela atividade exercida pelo locatário, por outro é necessário resguardar o direito de propriedade do locador, evitando contratos que eternizem o uso do imóvel. Portanto, de acordo com decisão da Terceira Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ), o prazo de cinco anos é razoável para renovação de contratos do gênero. O entendimento foi firmado pela Turma ao analisar a aplicação, em ação renovatória de contrato de locação comercial, da acessio temporis - quando a soma de períodos ininterruptos de locação é utilizada para alcançar o período mínimo de cinco anos para o pedido de renovação. Em seu voto, a ministra Nancy Andrighi, relatora, reconheceu a importância desse instituto jurídico, porém ressaltou que é fundamental respeitar a natureza bilateral e consensual do contrato locatício. Considerando a vontade de renovação de um lado e a de não renovação do outro, a ministra afirmou que o prazo de cinco anos mostra-se razoável para a renovação, que pode ser requerida novamente pelo locatário no final do contrato. Cinco anos Segundo Nancy Andrighi, permitir a renovação por prazos maiores - de dez, 15 ou 20 anos - contraria a própria finalidade do instituto, uma vez que possíveis mudanças econômicas e outros fatores podem influenciar na decisão das partes em renovar, ou não, o contrato. Para a relatora, quando a Lei 8.245/91 estabelece o direito à renovação por igual prazo, está se referindo ao prazo mínimo exigido, ou seja, cinco anos, e não o prazo estipulado pelo último contrato celebrado entre as partes. “A renovação do contrato de locação não residencial, nas hipóteses de acessio temporis, dar-se-á pelo prazo de cinco anos, independentemente do prazo do último contrato que completou o quinquênio necessário ao ajuizamento da ação. O prazo máximo da renovação também será de cinco anos, mesmo que a vigência da avença locatícia, considerada em sua totalidade, supere esse período”, explicou a ministra. N° do Processo: REsp 1323410 Fonte: Superior Tribunal de Justiça Obs: Extensão da proteção ao ponto ao Cessionário ou sucessor da locação - Art. 51, § 1º, LL: Direito Empresarial Prof. Ricardo Xavier rsxsantos@uneb.br Facebook: Ricardo Xavier Instagram: ricardoxavier28 Página | 34 § 1º O direito assegurado neste artigo poderá ser exercido pelos cessionários ou sucessores da locação; no caso de sublocação total do imóvel, o direito a renovação somente poderá ser exercido pelo sublocatário. - STF 482: O locatário, que não for sucessor ou cessionário do que o precedeu na locação, não pode somar os prazos concedidos a este, para pedir a renovação do contrato, nos termos do Dec. nº 24.150. 10.2. Exceção de Retomada A questão do Direito de Propriedade (art. 5º, XXII, da CF/88) “XXII - é garantido o direito de propriedade;” A Lei nº8.245/1991: Art. 52. O locador não estará obrigado a renovar o contrato se: I - por determinação do Poder Público, tiver que realizar no imóvel obras que importarem na sua radical transformação; ou para fazer modificações de tal natureza que aumente o valor do negócio ou da propriedade; II - o imóvel vier a ser utilizado por ele próprio ou para transferência de fundo de comércio existente há mais de um ano, sendo detentor da maioria do capital o locador, seu cônjuge, ascendente ou descendente. .......... Art. 72. A contestação do locador, além da defesa de direito que possa caber, ficará adstrita, quanto à matéria de fato, ao seguinte: (...) II - não atender, a proposta do locatário, o valor locativo real do imóvel na época da renovação, excluída a valorização trazida por aquele ao ponto ou lugar; III - ter proposta de terceiro para a locação, em condições melhores; 10.3. Da ação renovatório - Decadência: art. 51, § 5º: “Do direito a renovação decai aquele que não propuser a ação no interregno de um ano, no máximo, até seis meses, no mínimo, anteriores à data da finalização do prazo do contrato em vigor”. Direito Empresarial Prof. Ricardo Xavier rsxsantos@uneb.br Facebook: Ricardo Xavier Instagram: ricardoxavier28 Página | 35 - Requisitos: art. 71 da LL; Art. 71. Além dos demais requisitos exigidos no art. 282 do Código de Processo Civil, a petição inicial da ação renovatória deverá ser instruída com: I - prova do preenchimento dos requisitos dos incisos I, II e III do art. 51; II - prova do exato cumprimento do contrato em curso; III - prova da quitação dos impostos e taxas que incidiram sobre o imóvel e cujo pagamento lhe incumbia; IV - indicação clara e precisa das condições oferecidas para a renovação da locação; V – indicação do fiador quando houver no contrato a renovar e, quando não for o mesmo, com indicação do nome ou denominação completa, número de sua inscrição no Ministério da Fazenda, endereço e, tratando-se de pessoa natural, a nacionalidade, o estado civil, a profissão e o número da carteira de identidade, comprovando, desde logo, mesmo que não haja alteração do fiador, a atual idoneidade financeira; (Redação dada pela Lei nº 12.112, de 2009) VI - prova de que o fiador do contrato ou o que o substituir na renovação aceita os encargos da fiança, autorizado por seu cônjuge, se casado for; VII - prova, quando for o caso, de ser cessionário ou sucessor, em virtude de título oponível ao proprietário. Parágrafo único. Proposta a ação pelo sublocatário do imóvel ou de parte dele, serão citados o sublocador e o locador, como litisconsortes, salvo se, em virtude de locação originária ou renovada, o sublocador dispuser de prazo que admita renovar a sublocação; na primeira hipótese, procedente a ação, o proprietário ficará diretamente obrigado à renovação. - Contestação do Locador: art. 72 da LL Obs: as modificações introduzidas no inc. V. 10.3.1. Notícia do TJPB sobre o direito de renovação TJPB - Segunda Câmara Cível decide que locatário não pode renovar contrato verbal em imóvel comercial Publicado em 1 de Junho de 2011 às 13h51 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L5869.htm#art282 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L5869.htm#art282 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2009/Lei/L12112.htm#art2 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2009/Lei/L12112.htm#art2 Direito Empresarial Prof. Ricardo Xavier rsxsantos@uneb.br Facebook: Ricardo Xavier Instagram: ricardoxavier28 Página | 36 Na manhã de ontem, terça-feira (31), a Segunda Câmara Cível do Tribunal de Justiça, por unanimidade,decidiu que o locatário não terá direito à renovação do contrato de locação de imóvel comercial que havia sido renovado de forma “verbal”. Entenderam os membros da Corte que a pretensão da apelante, Luciana Andrade Lira, não se enquadra nos requisitos exigidos na Lei do Inquilinato (Lei 8.245/91). O colegiado manteve a sentença do Juízo da 11ª Vara Cível da comarca da Capital. O relator do processo foi o desembargador Marcos Cavalcanti de Albuquerque na Apelação Cível nº 200.2010.012.108-2/001. De acordo com o relatório, Luciana Lira alegou que pretendia renovar o contrato principal ( prazo de validade com início e fim estabelecidos), com a proprietária Violeta de Lourdes Costa Aranha, por meio de medida judicial. Aduz ainda que, se não obtiver a renovação, pretende buscar seus direitos através de indenização por perdas e danos. Em seu voto, o desembargador Marcos Cavalcanti ressaltou que a Lei do Inquilinato, ao se referir à renovação, diz que o contrato tem que ser escrito e com prazo determinado, o que não foi observado, visto que, a partir do ano de 2006 até 2010, o acordo foi renovado verbalmente, passando a vigorar por tempo indeterminado. “Desta forma é fácil concluir, que o atual contrato em vigor entre a apelante e apelada não obedece o disposto no inciso I, do art. 51 da Lei 8.245/91”, disse o relator. Ele observou, ainda, que o único contrato escrito no processo, possui apenas um ano de duração (2005/2006). Com relação a indenização pleiteada, o desembargador Marcos Cavalcanti observou que a apelante não possui direito, “pois a referida indenização está vinculada ao direito de renovação do contrato de locação”. Fonte: Tribunal de Justiça da Paraíba 10.3.2. Legitimados ao exercício do direito de renovação9 10.3.3. Locação Comercial e o Contrato de Trespasse – A posição do STJ LOCAÇÃO COMERCIAL. TREPASSE. “Trata-se de ação de despejo por falta de pagamento cumulada com ação de cobrança dos aluguéis; o primitivo locador realizou a 9 Quadro sinótico extraído de: Negrão, Ricardo. Manual de direito comercial e de empresa, volume 1 / Ricardo Negrão. – 6ª Ed. ver. e atual. – São Paulo : Saraiva, 2008, p. 100-101 Direito Empresarial Prof. Ricardo Xavier rsxsantos@uneb.br Facebook: Ricardo Xavier Instagram: ricardoxavier28 Página | 37 cessão do fundo de comércio a terceiros (trepasse), o que, a seu ver, exonerá-lo-ia da responsabilidade por ulteriores débitos locatícios em razão da inaplicabilidade do art. 13 da Lei n. 8.245/1991 aos contratos de locação comercial. Apesar da relevância do trepasse para o fomento e facilitação dos processos produtivos e como instrumento para a realização do jus abutendi (o poder de dispor do estabelecimento comercial), ele está adstrito a certos limites. O contrato locatício, por natureza, reveste-se de pessoalidade, pois são sopesadas as características individuais do futuro inquilino ou fiador (capacidade financeira e idoneidade moral), razão pela qual a alteração deles não pode dar-se sem o consentimento do proprietário do imóvel. Assim, não há como entender que o referido artigo da Lei do Inquilinato não possa ser aplicado às locações comerciais, visto que, ao prevalecer o entendimento contrário, tal qual pretendido pelo recorrido, o proprietário do imóvel estaria à mercê do inquilino, que, por sua conveniência, imporia ao locador honrar o contrato com pessoa diversa daquela constante do instrumento, que pode não ser apta a cumprir o avençado por não possuir as qualidades exigidas pelo proprietário. Assim, a modificação, de per si, de um dos polos do contrato de aluguel motivada pela cessão do fundo do comércio fere o direito de propriedade do locador e a própria liberdade de contratar, quanto mais não sendo permitido o fomento econômico à custa do direito de propriedade alheio. Dessarte, o juiz deve reapreciar a inicial ao considerar aplicável o disposto no art. 13 da Lei n. 8.245/1991 ao contrato de locação comercial. REsp 1.202.077-MS, Rel. Min. Vasco Della Giustina (Desembargador convocado do TJ-RS), julgado em 1º/3/2011. 10.4. Indenização do Ponto •Pressupostos: a)caracterização da locação como empresarial, com atendimento aos requisitos formal, material e temporal; b) ajuizamento da ação renovatória no prazo; c) acolhimento da exceção de retomada. •Hipóteses de cabimento: Art. 52, § 3º da LL a) se a exceção de retomada foi a existência de proposta melhor de terceiro; b) se o locador demorou mais de 03 meses, contados da entrega do imóvel, para dar-lhe o destino alegado na exceção de retomada; http://www.stj.gov.br/webstj/processo/justica/jurisprudencia.asp?tipo=num_pro&valor=REsp%201202077 http://www.stj.gov.br/webstj/processo/justica/jurisprudencia.asp?tipo=num_pro&valor=REsp%201202077 Direito Empresarial Prof. Ricardo Xavier rsxsantos@uneb.br Facebook: Ricardo Xavier Instagram: ricardoxavier28 Página | 38 c) exploração, no imóvel, da mesma atividade do locatário; d) insinceridade da exceção de retomada. -Obs¹: A locação-gerência e a perda do direito à indenização. 10.5. O Shopping Center Contrato de Locação revestido de cláusulas especiais com vistas ao atendimento das características próprias do shopping. (Fábio Ulhoa Coelho, V. 1, 12ª ed.) No que se refere a renovação nos contratos de locação em shopping center, confirir o art. 52, § 2º, da LL: 2º Nas locações de espaço em shopping centers , o locador não poderá recusar a renovação do contrato com fundamento no inciso II deste artigo. Ademais, o Art. 54 da LL: Art. 54. Nas relações entre lojistas e empreendedores de shopping center, prevalecerão as condições livremente pactuadas nos contratos de locação respectivos e as disposições procedimentais previstas nesta lei. Despesas que não são cobradas do Locatário: art. 54, § 1º a) obras de reformas ou acréscimos que interessem à estrutura integral do imóvel; b) pintura das fachadas, empenas, poços de aeração e iluminação, bem como das esquadrias externas; c) indenizações trabalhistas e previdenciárias pela dispensa de empregados, ocorridas em data anterior ao início da locação; d) as despesas com obras ou substituições de equipamentos, que impliquem modificar o projeto ou o memorial descritivo da data do habite - se e obras de paisagismo nas partes de uso comum. Ainda, há que observar a questão do art. 54-A da Lei nº 8.245/1991: Art. 54-A. Na locação não residencial de imóvel urbano na qual o locador procede à prévia aquisição, construção ou substancial reforma, Direito Empresarial Prof. Ricardo Xavier rsxsantos@uneb.br Facebook: Ricardo Xavier Instagram: ricardoxavier28 Página | 39 por si mesmo ou por terceiros, do imóvel então especificado pelo pretendente à locação, a fim de que seja a este locado por prazo determinado, prevalecerão as condições livremente pactuadas no contrato respectivo e as disposições procedimentais previstas nesta Lei. (Incluído pela Lei nº 12.744, de 2012) § 1o Poderá ser convencionada a renúncia ao direito de revisão do valor dos aluguéis durante o prazo de vigência do contrato de locação. (Incluído pela Lei nº 12.744, de 2012) § 2o Em caso de denúncia antecipada do vínculo locatício pelo locatário, compromete-se este a cumprir a multa convencionada, que não excederá, porém, a soma dos valores dos aluguéis a receber até o termo final da locação. (Incluído pela Lei nº 12.744, de 2012) 11. Aviamento, Clientela e Freguesia 11.1. Aviamento É expressão que significa, em síntese, a aptidão que um determinado estabelecimento possui para gerar lucros ao exercente da empresa. 11.1.1. Divisão Aviamento subjetivo (ou pessoal) Ligado a figura do empresário Aviamento Objetivo (ou real) Ligado as condições objetivas, comoo local, o ponto, etc. Valor do Aviamento reconhecido pelo Código Civil: Art. 1.187. Na coleta dos elementos para o inventário serão observados os critérios de avaliação a seguir determinados: (...) III - o valor das ações e dos títulos de renda fixa pode ser determinado com base na respectiva cotação da Bolsa de Valores; os não cotados e as participações não acionárias serão considerados pelo seu valor de aquisição; 11.2. Clientela •Conjunto de pessoas que mantém com o empresário ou sociedade empresária relações jurídicas constantes. http://www.planalto.gov.br/CCivil_03/_Ato2011-2014/2012/Lei/L12744.htm#art3 http://www.planalto.gov.br/CCivil_03/_Ato2011-2014/2012/Lei/L12744.htm#art3 http://www.planalto.gov.br/CCivil_03/_Ato2011-2014/2012/Lei/L12744.htm#art3 Direito Empresarial Prof. Ricardo Xavier rsxsantos@uneb.br Facebook: Ricardo Xavier Instagram: ricardoxavier28 Página | 40 Manifestação externa do aviamento. 11.3. Freguesia Não confundir Clientela com Freguesia: É um critério geográfico, sem vínculo de lealdade, representado por aquele núcleo transeunte, passageiro, que somente adquire produtos de determinado estabelecimento por razões particulares, pessoais, de ordem subjetiva, como a localização, a vizinhança, a comodidade ou o fato de por acaso te passado pelo estabelecimento. •Da Cessão de Clientela: - Não significa literalmente que se esteja cedendo a clientela; - Contrato que implica a transferência de bens, que constituem fatores determinantes para a clientela. Direito Empresarial Prof. Ricardo Xavier rsxsantos@uneb.br Facebook: Ricardo Xavier Instagram: ricardoxavier28 Página | 41 Aula 08 - Auxiliares em colaboração com o Empresário 1. Auxiliares e Colaboradores do Empresário •Preposto; •Contabilista; •Gerente. 2. Preposto 2.1. Impossibilidade de delegação de poderes Art. 1.169. O preposto não pode, sem autorização escrita, fazer-se substituir no desempenho da preposição, sob pena de responder pessoalmente pelos atos do substituto e pelas obrigações por ele contraídas. 2.2. Proibição de Concorrência Art. 1.170. O preposto, salvo autorização expressa, não pode negociar por conta própria ou de terceiro, nem participar, embora indiretamente, de operação do mesmo gênero da que lhe foi cometida, sob pena de responder por perdas e danos e de serem retidos pelo preponente os lucros da operação. Art. 1.171. Considera-se perfeita a entrega de papéis, bens ou valores ao preposto, encarregado pelo preponente, se os recebeu sem protesto, salvo nos casos em que haja prazo para reclamação. 2.3. Da Responsabilidade Art. 1.178. Os preponentes são responsáveis pelos atos de quaisquer prepostos, praticados nos seus estabelecimentos e relativos à atividade da empresa, ainda que não autorizados por escrito. 2.4. Da responsabilidade perante Terceiro: p.ú. Do art. 1.177: No exercício de suas funções, os prepostos são pessoalmente responsáveis, perante os preponentes, pelos atos culposos; e, perante terceiros, solidariamente com o preponente, pelos atos dolosos. 3. Contabilista Art. 1.182. Sem prejuízo do disposto no art. 1.174, a escrituração ficará sob a responsabilidade de contabilista legalmente habilitado, salvo se nenhum houver na localidade. Direito Empresarial Prof. Ricardo Xavier rsxsantos@uneb.br Facebook: Ricardo Xavier Instagram: ricardoxavier28 Página | 42 Art. 1.177. Os assentos lançados nos livros ou fichas do preponente, por qualquer dos prepostos encarregados de sua escrituração, produzem, salvo se houver procedido de má-fé, os mesmos efeitos como se o fossem por aquele. 4. Gerente Art. 1.172. Considera-se gerente o preposto permanente no exercício da empresa, na sede desta, ou em sucursal, filial ou agência. Art. 1.173. Quando a lei não exigir poderes especiais, considera-se o gerente autorizado a praticar todos os atos necessários ao exercício dos poderes que lhe foram outorgados. Art. 1.174. As limitações contidas na outorga de poderes, para serem opostas a terceiros, dependem do arquivamento e averbação do instrumento no Registro Público de Empresas Mercantis, salvo se provado serem conhecidas da pessoa que tratou com o gerente. Parágrafo único. Para o mesmo efeito e com idêntica ressalva, deve a modificação ou revogação do mandato ser arquivada e averbada no Registro Público de Empresas Mercantis. Art. 1.175. O preponente responde com o gerente pelos atos que este pratique em seu próprio nome, mas à conta daquele. Art. 1.176. O gerente pode estar em juízo em nome do preponente, pelas obrigações resultantes do exercício da sua função. Direito Empresarial Prof. Ricardo Xavier rsxsantos@uneb.br Facebook: Ricardo Xavier Instagram: ricardoxavier28 Página | 43 Aula 09 - Escrituração do Empresário 1. Da Escrituração Art. 1.179. O empresário e a sociedade empresária são obrigados a seguir um sistema de contabilidade, mecanizado ou não, com base na escrituração uniforme de seus livros, em correspondência com a documentação respectiva, e a levantar anualmente o balanço patrimonial e o de resultado econômico. 1.1. Da penalidade: Art. 178 da Lei nº 11.101/2005 Art. 178. Deixar de elaborar, escriturar ou autenticar, antes ou depois da sentença que decretar a falência, conceder a recuperação judicial ou homologar o plano de recuperação extrajudicial, os documentos de escrituração contábil obrigatórios: Pena – detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos, e multa, se o fato não constitui crime mais grave. 2. Responsabilidade do Contabilista: Art. 1.182. Sem prejuízo do disposto no art. 1.174, a escrituração ficará sob a responsabilidade de contabilista legalmente habilitado, salvo se nenhum houver na localidade. 3. Livro Obrigatório: Art. 1.181. Salvo disposição especial de lei, os livros obrigatórios e, se for o caso, as fichas, antes de postos em uso, devem ser autenticados no Registro Público de Empresas Mercantis. Parágrafo único. A autenticação não se fará sem que esteja inscrito o empresário, ou a sociedade empresária, que poderá fazer autenticar livros não obrigatórios. 3.1. Do Livro Diário: Art. 1.184. No Diário serão lançadas, com individuação, clareza e caracterização do documento respectivo, dia a dia, por escrita direta ou reprodução, todas as operações relativas ao exercício da empresa. § 1o Admite-se a escrituração resumida do Diário, com totais que não excedam o período de trinta dias, relativamente a contas cujas operações sejam numerosas ou realizadas fora da sede do estabelecimento, desde que utilizados livros auxiliares regularmente autenticados, para registro individualizado, e conservados os documentos que permitam a sua perfeita verificação. Direito Empresarial Prof. Ricardo Xavier rsxsantos@uneb.br Facebook: Ricardo Xavier Instagram: ricardoxavier28 Página | 44 § 2o Serão lançados no Diário o balanço patrimonial e o de resultado econômico, devendo ambos ser assinados por técnico em Ciências Contábeis legalmente habilitado e pelo empresário ou sociedade empresária. 3.2. A situação dos Microempresários e Emp. de Peq. Porte •Art. 1.179, § 2º: § 2o É dispensado das exigências deste artigo o pequeno empresário a que se refere o art. 970. •LC nº 123/2006: Pequeno Empresário: Art. 68. Considera-se pequeno empresário, para efeito de aplicação do disposto nos arts. 970 e 1.179 da Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Código Civil), o empresário individual caracterizado como microempresa na forma desta Lei Complementar que aufira receita bruta anual até o limite previsto no § 1o do art. 18-A. .......... Art. 18-A. O Microempreendedor Individual - MEI poderá optar pelo recolhimento dos impostos e contribuições abrangidos
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