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Argentina: os movimentos sociais e a crise econômica No início de 2000, a Argentina atravessou a mais grave crise econômica de toda a sua história. Para um país que já teve uma economia de destaque e um nível social e cultural diferenciado de toda a América Latina, essa situação foi dramática e provocou transfor‑ mações significativas no país. A crise econômica foi responsável pelo fechamento de várias empresas e pelo au‑ mento expressivo de desempregados e da população de pobres e miseráveis do país. No entanto, o movimento social argentino foi às ruas e buscou novas formas de se organizar para vencer as adversidades vividas. Dentre os movimentos, destacamos o dos chamados piqueteros e o dos ocupas, símbolo da resistência do povo argentino. Os piqueteros Movimento de desempregados, os piqueteros argentinos ganharam visibilidade pú‑ blica ao adotarem ações de grande impacto político. Seu objetivo era chamar a atenção das autoridades públicas e da sociedade civil para suas reivindicações. Dessa forma, mui‑ tas vezes, obstruíram estradas e vias de importante circulação. Diversos grupos de piqueteros mantêm uma rede social intensa e desenvolvem ati‑ vidades nas comunidades nas quais estão inseridos. Desse modo, organizam refeições populares, centros educativos e empreendimentos produtivos, como hortas comunitárias com venda direta, sem intermediários. Também se dedicam à elaboração de artesanatos, tecidos, entre outras atividades, cuja renda é revertida para a própria comunidade. Essas atividades são organizadas de forma autogestionária e cooperativa, ou seja, para que tenham êxito, necessitam da participação ativa dos membros da comunidade, mesmo que, às vezes, não haja consenso na gestão dos recursos e ocorram discussões internas sobre a autossustentação desses empreendimentos. Os ocupas Após a grave crise econômica argentina, muitos trabalhadores que perderam seu em‑ prego por causa do fechamento de fábricas organizaram‑se e começaram a ocupá‑las para reativar seu funcionamento. Assim surgiu o movimento dos ocupas, que fez renascer frigoríficos, indústrias de plástico, têxteis, metalúrgicas, entre outras. A transição da empresa para o comando dos trabalhadores impunha um conjunto de questões jurídicas e acordos com provedores de matérias‑primas ou de mercadorias para que fosse possível obter um mínimo de capital para reiniciar a produção. Os trabalhadores não estavam acostumados a gerir sua produção e planejá‑la, pois essa atividade competia aos empresários ou aos cargos diretivos das empresas. Isso era um desafio ao movimento dos trabalhadores, que passaram a pensar em organizar a pro‑ dução de forma menos hierarquizada, sem exploração da força de trabalho e sem as tra‑ dicionais formas de opressão verificadas nos ambientes de trabalho.
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