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Enfermagem Comunitária Curso de Licenciatura em Enfermagem 2º Ano Escola Superior de Saúde do Vale do Sousa 2 1. Enfermagem, que utilidade? Individuo Grupo Família Comunidade Pessoa A palavra “pessoa” tem a sua origem materno latina para pôr uma máscara usada no termo clássico Ao porem as máscaras, os atores pretendiam mostrar que desempenhavam uma personagem Mais tarde “pessoa” passa a designar-se aquele que desempenha um papel na vida. É um agente de acordo com Oxford Dictionary. Um dos sentidos atuais do termo é “ser autoconsciente ou racional”. Este sentido tem precedentes fisiológicos irreversíveis. John Locke define uma pessoa como um ser inteligente e pensante, dotado de razão e reflecção e que pode considerar-se a si mesmo aquilo que é a mesma coisa pensante, em definição momentos e lugares (Peter Singer) A pessoa é alvo dos cuidados de enfermagem Comunidade Grupo social determinado por limites geográficos e/ou valores comuns É um conjunto de populações que vivem juntas num local urbano e rural, em condições específicas de organização e de coesão, social e cultural Grupos com características comuns (étnicas, culturais, profissionais) e/ou interesses e aspirações comuns Prevenção, Promoção, Tratamento ou Reabilitação Comunidade = grupo Alvo dos cuidados de enfermagem 3 Comunidade é um grupo de pessoas que se relacionam entre si, não só para partilhar este ou aquele interesse particular mas um conjunto de interesses mais amplos. Comunidade é aquela coletividade de membros que compartilham uma área territorial comum como base de operações e suas atividades quotidianas. O processo de enfermagem é aplicado ao cliente, que pode ser um individuo, família, grupo ou comunidade. Enquanto trabalha com clientes individuais, o enfermeiro tem em mente a perspetiva da comunidade. O conceito evolui de acordo com: Aspeto Geográfico Psicológico Social Ponto de vista Funcional Antropológico A ordem dos enfermeiros, através do documento “padrões de qualidade dos cuidados de enfermagem” (1) define seis categorias de enunciados que ajudam a precisar o papel do enfermeiro junto dos clientes, dos outros profissionais e do público: 1. Satisfação do cliente 2. Prevenção de complicações 3. Bem-estar e o autocuidado 4. Readaptação funcional 5. Organização dos cuidados de enfermagem Comunidade é então: Grupo social organizado Delimitado geograficamente Ligado por interesses comuns e específicos Entidade individualizada Experiências comuns e atitudes similares Consciência de unidade (etnia, cultural, social, local) Existência de instituições sociais mais ou menos desenvolvidas localmente 4 6. Promoção da saúde Nesta última categoria “promoção da saúde”, cita elementos importantes para que os enfermeiros ajudem os indivíduos a alcançarem o máximo potencial de saúde: a. Identificação da situação de saúde da população e dos recursos do cliente/família e comunidade b. Criação e aproveitamento de oportunidades para promover estilos de vida saudáveis c. Promoção do potencial de saúde do cliente através da otimização do trabalho adaptativo aos processos de vida, crescimento e desenvolvimento d. Fornecimento de informação geradora de aprendizagem cognitiva e de novas capacidades pelo cliente A OMS realça o papel dos enfermeiros na prevenção, identificação de necessidades, no planeamento, execução e avaliação de cuidados, com o intuito de ajudar as pessoas, famílias e grupos a determinar e a realçar o seu potencial físico, mental e social nos contextos em que vivem e trabalham. Chadwick (1842) dá relevo à influência do meio ambiente no processo de saúde-doença do individuo/população. Os comportamentos das pessoas são influenciados pelo ambiente em que vivem e se desenvolvem. Existe uma interação entre o individuo e o ambiente, em que este o modifica e também sofre a sua influência, durante todo o processo de procura de equilíbrio e harmonia. O ambiente influencia os estilos de vida do individuo e estes tem um impacto na condição de saúde do individuo e também nos serviços de saúde. Assim, os enfermeiros necessitam de focalizar a sua intervenção na complexa relação entre individuo e ambiente. (1) Ver documento Padrões de qualidade dos cuidados de enfermagem Saúde Relação com a economia e com o desenvolvimento Interação do homem Ambiente Impacto dos serviços de saúde 5 História da saúde pública Homem primitivo Para o homem primitivo, sobreviver era sinónimo de saúde. Para estes ter um abrigo e alimento era o essencial. A doença indicava sujidade, pecado, que era visto como um castigo dos deuses. Templos – locais de purificação Período helénico – Gregos A pessoa é parte da natureza A saúde resulta da relação harmoniosa com a natureza Os gregos preocupam-se: Higiene pessoal Exercício Dietas alimentares O culto pelo corpo significava poder natural de cura Hipócrates – “pai da medicina” - Considera que a saúde é o equilíbrio entre o homem e o ambiente Romanos Partilham as ideias dos gregos A medicina é vista numa perspetiva de saúde pública e de medicina social Desenvolve-se a engenharia sanitária Drenagem de pântanos Fornecimento de água potável (aquedutos) Sistemas de esgotos Supervisão e limpeza de ruas Preparação pública de comida Termas – banhos públicos Idade média Declínio da cultura urbana Desintegração da organização e prática de saúde pública Era Pré-Helénica Misticismo 6 Superstição domina o pensamento Grandes concentrações de pessoas Grandes epidemias Doenças contagiosas A igreja cristã pensa que os gregos e romanos cuidavam do corpo à custa da alma Doença significava pecado Perseguição aos que tentavam introduzir ideias novas Paragem no progresso e na medicina Era imoral olhar o corpo Tomam pouco banho Usam roupas sujas Saneamento não é visto como importante e o lixo acumula-se às portas Aparecem os mosteiros e conventos, que eram locais onde se tratavam e albergavam os doentes, pobres e órfãos – foi nestes locais que se deu o desenvolvimento inicial da atividade de enfermagem por parte de freiras Renascimento Desenvolvimento do comércio, da indústria e das atividades escolares Aquisição de arte A medicina começa a avançar (1500-1700) Acredita-se no humanismo. A dignidade e o valor humano influenciam a prática de saúde. Com o renascimento a prática da saúde evolui pois deixa-se de praticar os cuidados por uma crença na religião e começa-se a dar valor ao ser humano. Século XVII Invenção do microscópio – certas doenças eram contagiosas devido á existência de microrganismos no solo e na água William Perry – acreditava que o controlo da doença infeciosa aumentava a esperança de vida e diminuía a mortalidade infantil. “Quanto mais desenvolvido um povo menor é o índice de mortalidade infantil” Desenvolvimento do comércio e da agricultura – melhores condições de vida aliadas à influência de novos conhecimentos leva a efeitos benéficos na saúde dos indivíduos Mortalidade infantil desceu e duração média de vida aumentou 7 A população passou de 400 mil para 900 mil habitantes (1500-1798) Século XVIII Teoria miasmática - considerava que a doença era causada por “miasmas”, certos odores venenosos, gases ou resíduos nocivos que se originavam na atmosfera ou a partir do solo. Essas substâncias seriam posteriormente arrastadas pelo vento até a um possível indivíduo, que acabaria por adoecer. Lind (1748) descobre a ação dos citrinos na prevenção do escorbuto Edward Jenner(1798) – descobre a vacina contra a varíola Início da medicina preventiva Peter Frank (1779-1817) sugere que o governo tem que agir em prol da saúde das populações Pensava-se que descoberto o agente causal estava resolvido o problema Fabricar um soro Fabricar uma vacina Isolar o doente Desinfetar roupa e objetos pessoais Com a descoberta de kock verificou-se não ser tao linear a resolução de problemas Não é possível criar vacinas para todos os tipos de agentes – parasitas Existem fatores adicionais ao aparecimento de certas doenças como a tuberculose e as doenças sexualmente transmissíveis Pioneiros da saúde pública Peter Frank (1790) – a saúde não deve ser problema dos privilegiados mas sim da comunidade – medidas emanadas pelo governo Edward Chadwick (1842) – relaciona a mortalidade e morbilidade com condições socioeconómicas – relação direta entre pobreza e doença “Quanto mais pobre mais doente e quanto mais doente mais pobre “ Grotyhn (1923) – patologia social – relação entre doença e determinados grupos sociais Primeiro método científico para a prevenção de uma doença Mas 8 Medicina preventiva Saúde pública Saúde comunitária As ações incidem sobre o individuo Ações executadas pelos serviços médicos e de enfermagem com base em conhecimentos oriundos da ciência médica Engloba aspetos: Da medicina preventiva Promoção da saúde (não só por pessoal médico) Restauração Conhecimento da medicina e de outras ciências (sociais) Comunidade como cliente Participação da comunidade nas decisões: Planeamento Administração Gestão Responsabilidade da comunidade na sua saúde Medicina preventiva tem como objetivo prevenir a doença, promovendo ações de saúde, tais como planos de vacinação, planos de promoção de estilos de vida saudáveis (exercício físico e dieta equilibrada) e rastreios periódicos para prevenção de doenças. É mais fácil prevenir o aparecimento da doença do que tratar os seus sintomas. Saúde pública é a arte e a ciência de promover a saúde e intervêm com base no conceito de que a saúde é um recurso fundamental do individuo e da comunidade e deve ser sustentada por um investimento nas condições de vida que criam, mantêm e protegem a saúde. Saúde comunitária é definida como a saúde em grupos de indivíduos, incluindo a distribuição dos níveis de saúde dentro do grupo, com o objetivo de melhorar a saúde de determinada população. A falta de saúde de um individuo pode afetar a saúde de outros e o funcionamento da comunidade. Resumo: Pré-história Sobreviver = saúde Gregos Preocupação com saúde individual = culto pelo corpo = agradar aos deuses Romanos Preocupação com saúde individual e comunitária Idade média Saúde = bem Doença = pecado = castigo Renascimento Procura da saúde pelo conhecimento (empírico) Industrialização Novos problemas surgem Influência de novos conhecimentos 9 Na história do homem até à atualidade, saúde é a ausência de doença. Mas, e o que pensam as pessoas sobre o que é a saúde na atualidade? Saúde “Estado de bem-estar físico, mental e social e não apenas ausência de doença” (OMS) Aspetos inovadores Define saúde em termos positivos Inclui para além dos aspetos físicos, os aspetos mental e social como determinantes na saúde Aspetos alvo de crítica Equipara saúde a bem-estar – objetivo, difícil de alcançar Definição estática – a saúde é um processo dinâmico Definição subjetiva – impossibilidade de quantificar A saúde individual é subjetiva e não a podemos quantificar, enquanto a saúde comunitária é possível de se quantificar pois existem indicadores demográficos. Tal como a beleza e a felicidade, saúde é difícil de definir porque: “É um valor e uma experiência vivida segundo a perspetiva de cada um” “Evolui com a experiência, é determinado pelo tempo e não pode ser explicitado no tempo de forma definitiva” Saúde individual Condição em que se encontra o organismo humano quando reage de forma satisfatória às condições do meio ambiente em que vive Profissional de saúde Pessoa Saúde “É a capacidade de cada um em adaptar-se aos agentes de stresse quer internos (biológicos, psico afetivos, comportamentais) quer externos (poluição do ambiente físico e relacional) em busca de um estado de equilíbrio de acordo com a situação” 10 Conceito de saúde segundo Dunn Para explicar esta abordagem, Dunn construiu uma grelha constituída por dois eixos: (1) um eixo horizontal, que designou por eixo da saúde e (2) um eixo vertical, que designou por eixo do ambiente. Da sua intersecção resultavam 4 quadrantes: (a) saúde deficitária num ambiente desfavorável; (b) saúde deficitária protegida num ambiente favorável; (c) nível elevado de bem-estar emergente em ambiente desfavorável e (d) nível elevado de bem-estar (high level wellness) num ambiente favorável. O eixo vertical compreendia não só os fatores físicos e biológicos do ambiente, como também os fatores socioeconómicos que afetavam a saúde do indivíduo. O eixo da saúde desenvolvia-se entre a morte e o pico de bem-estar, num primeiro momento, das doenças graves para as menores e depois para a área de saúde positiva e ausência de doença; num segundo momento, de uma área de “boa” saúde para um objetivo, ainda mal definido, de pico de bem-estar. Este objetivo, no extremo oposto da morte, representava o indivíduo no seu máximo de potencial, em função da sua idade e formação e devia ser compreendido naquilo que representa não só para ele, como para a família, comunidade e sociedade em geral. Como a natureza deste objetivo era dinâmica, este provavelmente nunca seria atingido em termos absolutos, mas as suas características poderiam ser conhecidas e apreciadas em termos relativos. Os cuidados de enfermagem Devem ser dirigidos á pessoa ao seu bem-estar como ela o define Não se deve abordar da mesma forma doença e doente (porque cada pessoa é única e singular na forma de pensar, sentir e agir) 11 Enfermagem “Assistir o individuo, doente ou são, na execução das atividades que contribuem para a saúde ou para a recuperação (ou para uma morte serena) que ele alcançaria sem esforço se possuísse força, vontade ou conhecimento necessário. E fazer isto de maneira a ajuda-lo a alcançar independência tao rápido quanto possível” (Virginia Henderson) “Colocar o paciente na melhor condição para a natureza agir sobre ele” (Florence Nightingale) “ A enfermagem é o diagnóstico e o tratamento das respostas humanas aos problemas de saúde atuais e potencias” (ANA) “Enfermagem é a profissão que, na área da saúde, tem como objetivo prestar cuidados de enfermagem ao ser humano são ou doente, ao longo do ciclo vital, e aos grupos sociais em que ele está integrado, de forma que mantenham, melhorem e recuperem a saúde, ajudando-os a atingir a sua máxima capacidade funcional tao rapidamente quanto possível” (REPE) Enfermagem: prevenção primária, secundária e terciária Prevenção primária – tem como objetivo evitar fatores de risco, determinantes e causas de doença, atuando-se promovendo atividades dirigidas a indivíduos, grupos ou população total saudáveis. Prevenção secundária – promove a deteção precoce do processo patológico em doentes assintomáticos e posterior correção do desvio da normalidade (retorno ao estado saudável). Prevenção terciária – tem como objetivo limitar a progressão da doença e evitar as suas complicações. Promove a adaptação às sequelas e a reintegração no meio e as recorrências. Saúde Doença/morte Doença Prevenção primária Prevenção terciária Prevenção secundária Recuperação e reabilitação Promoção da saúde Prevenção da doençaDisgnóstico precoce Tratamento 12 Enfermagem (segundo Virginia Henderson) Enfermeiro “É o profissional habilitado com um curso de enfermagem legalmente reconhecido” (REPE) Cuidados de enfermagem “São as intervenções autónomas ou interdependentes a realizar pelo enfermeiro no âmbito das suas qualificações profissionais” (REPE) Os cuidados de enfermagem são caracterizados por: Terem por fundamento uma interação entre enfermeiro e utente, individuo, família, grupos e comunidade Estabelecerem uma relação de ajuda com o utente Utilizarem metodologia científica, que inclui: Avaliar Planear Executar Avaliar (novamente) Enfermagem Prevenção primária Prevenção secundária Prevenção terciária Com a finalidade de Prevenir a desadaptação Estabilidade Restaurar e readquirir a adaptação Levando a Fortalecer a linha de defesa Reconstituição Manter a adaptação Fortalecimento Pensar que necessita de cuidados de saúde 13 Identificação – Planificação – Execução – Avaliação A identificação dos problemas de saúde em geral e de enfermagem em especial, no individuo, família, grupos e comunidade A recolha e apreciação de dados sobre cada situação que se apresenta A formulação do diagnóstico de enfermagem A elaboração e realização de planos para a prestação de cuidados de enfermagem A execução correta e adequada dos cuidados de enfermagem necessários A avaliação dos cuidados de enfermagem prestados e a reformulação das intervenções Englobarem de acordo com o grau de dependência do utente, as seguintes formas de atuação: Fazer por substituir a competência funcional em que o utente esteja totalmente incapacitado Ajudar a completar a competência funcional em que o utente esteja parcialmente incapacitado Orientar e supervisionar, transmitindo informação ao utente que quer mudanças de comportamento para a aquisição de estilos de vida saudáveis ou recuperação de saúde, acompanhar este processo e introduzir as correções necessárias Encaminhar, orientando para os recursos adequados, em função dos problemas existentes ou promover a intervenção de outros técnicos de saúde, quando os problemas identificados não possam ser resolvidos só pelo enfermeiro Enfermagem comunitária Aplicação de conhecimentos e técnicas cientificas para o Promover o Conservar o Restaurar Importância da enfermagem na comunidade o Modernas epidemias o Causas de mortalidade o Subida de custos de saúde o Transformações demográficas (existem mais idosos do que crianças em Portugal) A saúde da comunidade (individuo) 14 Como? Como é que a enfermagem comunitária tem impacto? Implementar eficiente e equitativamente um plano de cuidados de saúde Fazer a avaliação para determinar a extensão do impacto das atividades desenvolvidas em determinada comunidade Na prática o enfermeiro: Identifica subpopulações Famílias em risco Indivíduos em risco (por doenças – morte prematura) Deve “ver” a comunidade como um todo Deve levantar questões sobre o estado de saúde da comunidade Determinar fatores associados a esse estado Para desenvolver: Atividades que correspondam às necessidades das populações Utilizando recursos disponíveis, selecionando atividades Enfermagem comunitária deve: Cobrir toda a comunidade Oferecer assistência permanente e coordenada Perspetiva holística (pensar num todo) e integral (família como unidade base) Reconhecer a influência do social/ecológico no processo saúde doença Centrar-se nas necessidades da população Análise das necessidades Planeamento de atividades Execução de atividades Avaliação de atividades Reconhecer os direitos e deveres da população Trabalhar na, para e com a comunidade Importância da investigação para o desenvolvimento da enfermagem 15 Distingue-se principalmente Por ser dirigida às populações que vivem em comunidade Dar ênfase a estratégias para Promoção da saúde Conservação da saúde Prevenção da doença Preocupa-se em interrelacionar a saúde das populações e o meio ambiente Finalidade Melhorar a saúde da comunidade 2. Determinantes da saúde do homem e da comunidade Determinantes sociais – segundo a OMS são condições sociais em que as pessoas vivem e trabalham Os determinantes sociais da saúde são fatores sociais, políticos, culturais, económicos, psicológicos e de comportamento que influenciam a ocorrência de problemas de saúde e seus fatores de risco na população Modelos de determinação social da saúde Vários modelos explicativos analisam as relações entre a forma como se organiza e desenvolve determinada sociedade – Modelo de Dahlgren (Descreve as relações entre os fatores sociais e a saúde coletiva e individual. Este modelo organiza os determinantes sociais da saúde em diferentes camadas que se relacionam, permitindo identificar pontos de intervenção) Idade, sexo e fatores hereditários (fatores intrínsecos, que não se podem mudar) Estilo de vida dos indivíduos (fatores sinergéticos, que se influenciam uns aos outros) Rede social e comunitária Condições de trabalho Condições socioeconómicas, culturais e ambientais gerais Todos os determinantes são sinergéticos em relação aos outros. 16 Saúde Biologia Humana Meio Ambiente Estilos de Vida Sistemas de Saúde Fatores Culturais Fatores Sociais Determinantes Determinantes da saúde no individuo e na comunidade Fatores ecológicos Nível de degradação do ambiente Natural Social Poluição ambiental Proteção do ambiente ecológico Fatores socioeconómicos Classe social – escala de Graffar – condições socioeconómicas Tipo de grupo a que pertence Tipo de escola que frequenta Meio laboral Qualidade de vida Alimento Trabalho Segurança social Educação Determinantes pessoais Idade Sexo (devido às diferenças entre masculino e feminino) Grupo étnico Raça Classe social (de uma forma geral refere-se à educação, ocupação, local de residência, rendimentos e estilo de vida) 17 Ocupação Estado civil (uma pessoa casada é mais feliz do que uma solteira ou viúva) Variáveis familiares (tipo, estrutura, ordem de nascimento, idade da mãe, privação de progenitores) Outras variáveis pessoais (grupo sanguíneo, personalidade) Recursos geográficos Recursos naturais Produtividade da terra Fontes de energia Matéria-prima Condições climatéricas Comunicações Fatores demográficos Estrutura dinâmica Ritmo de crescimento Densidade urbana e rural Migração interna e externa Fatores genéticos Política nacional de planeamento familiar Fatores sócio - psicoculturais Alfabetismo e escolaridade Analfabetismo Educação superior e técnica Educação sanitária Hábitos e crenças Comportamentos relacionados com a saúde Fatores políticos e económicos Desenvolvimento socioeconómico Planos e programas de desenvolvimento socioeconómico Existência de planos de saúde Fatores de estrutura social de produção Relação de produção Tipo de desenvolvimento Relação produção – consumo 18 Estratificação social Fatores sócio – sanitários Nível de conhecimentos sanitários e médicos Nível de conhecimento epidemiológico e nutricional Nível de aplicação desses conhecimentos Cobertura e qualidade dos recursos de saúde Grau de participação da comunidade Lugar e tempo Lugar - A frequência de determinadas doenças podem estar relacionadas com: Limites naturais (montanhas, rios, desertos) Fronteiras políticas Diferenças urbanas e rurais A escala de Graffar baseia-se no estudo, não apenas de uma característica social da família, mas num conjunto de cinco critérios - profissão, nível de instrução, fontes de rendimento familiar, conforto do alojamento e aspeto do bairro onde habita Comunidade rural É aquela cuja densidade populacional oscila entre 10 a 20 habitantes por Km2 Características socioeconómicas (população ligada ao setor primário e maioritariamente idosos) Baixo nível de escolaridade Rendimento baixo Produtividade baixa Começa a desenvolver-se o setor secundário e terciário (as pessoas organizam-se em cooperativas para vender os seus produtos) Características gerais Aglomerados normalmente pequenos Isolados e homogéneos Forte sentimento de solidariedade e de grupo Comportamento social espontâneo isento de crítica social O parentesco e as relações são características básicas Características recreativas e culturais Poucas escolas (a primária prevalece) 19 Pessoas mais velhas como educadoras – ênfase na educação familiar Não há cinemas nem teatro – divertimentos, feiras e romarias Associações recreativas Tabernas Jogos tradicionais Largo da igreja Trabalho infantil – preparação para a vida Sanitárias Precariedade de instalações agrícolas (animais sem controlo) Dificuldade em abastecer água (poços ou fontes sem controlo) Comunidade urbana Características gerais Vida e personalidade afetada pelas condições físicas e sociais, tensão e anonimato, distância social Sentimento de insegurança que podem influenciar o estado de saúde (pessoa caída no chão) Concentração permanente de pessoas quer em habitação, estruturas sociais e atividades Maior dificuldade no acesso aos cuidados de saúde Ênfase na medicina paralela Habitações precárias Problemas de saneamento Socioeconómicas População ligada ao comércio, industria, serviços e ensino Contrastes entre classes sociais Desemprego Recreativas pedagógicas Grande diversidade de centros recreativos Concentração de ensino, arte e ciência Predomínio de atividades em espaços fechados Poucos espaços recreativos ao ar livre Sanitários Alterações ambientais pela poluição 20 Clima hignotérmico (humidade, pluviosidade e nevoeiro) Grande densidade populacional em aglomerados habitacionais verticais – monotonia, falta de privacidade, solidão Aglomerados de alojamento tipo barraca Intensidade de contactos inter-humanos – difusão de doenças, gripes e tuberculose Hábitos e comportamentos sociais preocupantes (álcool, droga e prostituição) Agravamento de problemas relacionados com a saúde mental Violência urbana (roubos, homicídios, violência de todo o tipo) Aumento da poluição atmosférica e sonora, muito tráfego – acidentes Agravamento de erros alimentares Determinante: tempo Tendências seculares – aplicam-se a variações ocorridas durante um período de tempo longo, anos ou décadas, como por exemplo determinadas doenças infeciosas Variações cíclicas – referem-se a alterações recorrentes na frequência de doenças. Os ciclos podem ser: Anuais – o sarampo aparece geralmente em crianças com 2 ou 3 anos Estacionais – a gripe é mais frequente no inverno Centros de saúde Unidades de saúde que servem indivíduos (populações) de uma área de influência. Devem ser: Integrais – vê o individuo no seu todo Integrado – adaptado a uma comunidade Continuo – durante todo o ciclo do homem Permanente – em todos os aspetos da vida, ininterrupto, constante Acessíveis – de fácil acesso a todos Comunitários – para servir a comunidade Participativos – os indivíduos devem ter voz ativa Todas as atividades a desenvolver devem ter em vista a resolução de problemas de saúde da população face aos recursos humanos, materiais e financeiros 21 Aceitação, afeto, afiliação, amor, necessidade de pertença Autoestima – reconhecimento prestígio, competência, autonomia Estabilidade, proteção, ausência de medo, necessidade de ordem Nec. de Auto- Realização Necessidade de estima Necessidades sociais Necessidade de segurança Necessidades Fisiológicas Prestar cuidados de saúde aos indivíduos inseridos na família e na comunidade durante todo o ciclo vital Necessidades do individuo Maslow (1943-1954) Virgínia Henderson Respirar Comer e beber Eliminar Movimentar-se e manter postura correta Dormir e repousar Despir e vestir Estar limpo Proteger os tegumentos Evitar perigos Comunicar Agir segundo as suas crenças e valores Ocupar-se com vista à realização Recrear-se Aprender Desenvolvimento de talentos e criatividades individuais Alimento, abrigo, roupa, conforto, necessidades sensoriais e necessidade sexuais 22 Roper, Logan e tierney Atividades de Vida – 12 Duração de vida Fatores que influenciam a vida Continuum dependência/independência Individualidade de vida O Modelo Roper-Logan-Tierney (1995), primeiro modelo de enfermagem desenvolvido no Reino Unido, apresenta como principal objetivo aperfeiçoar o processo de enfermagem, pois visa à assistência ao paciente através de um plano de cuidados. O modelo apresenta cinco componentes principais: as 12 atividades de vida (manutenção de ambiente seguro, comunicação, respiração, alimentação, eliminação, higiene pessoal e vestuário, controle da temperatura corporal, mobilidade, trabalho e lazer, expressão da sexualidade, sono e morte), os fatores que as influenciam, as etapas de vida, o grau de dependência /independência e a individualidade no viver. Necessidade – Motivação Necessidades de saúde numa comunidade (algo essencial à manutenção da comunidade) Necessidade prioritárias de saúde Necessidade fundamentais Necessidades psico-efetivas Necessidades económicas Necessidades de natureza educativa e funcional Necessidades fundamentais Proteção do ambiente ecológico Necessidade Pulsão Resposta Objetivo 23 Saneamento do ambiente Produção, distribuição e proteção sanitária dos alimentos. Educação nutricional Imunização Necessidades psico-afetivas Relação interpessoais psico-afetivas Proteção social Necessidades socioeconómicas Trabalho e segurança no trabalho Habitação Segurança social Necessidade de natureza educativa e funcional Instrução e formação Contato com a natureza Exercício físico e desporto Classificação das necessidades de saúde Necessidades latente (não são percebidas nem pela comunidade nem pelos profissionais de saúde. Só são evidentes se fizer uma análise) Necessidades sentidas (correspondem à toma de consciência por parte da comunidade e profissionais de saúde) Necessidades expressas (são as que resultam em procura dos serviços de saúde e efetuam as respostas por parte de sistema de saúde) 3. História natural da doença Período pré- patogénico Interação entre agente susceptível e ambiente capaz de produzir um estímulo à doença Prevenção primária Promoção da saúde Proteção específica Necessidades latentes Necessidades sentidas Necessidades expressas 24 Terminologia Promoção Desenvolver fazer avançar a saúde e bem-estar. É uma elevação, um acesso a um nível superior, uma ascensão. Proteção Reservar, abrigar, resguardar, apoiar, tomar a defesa de favorecer. Promoção da saúde (prevenção primária) Educação para a saúde; Bom padrão de nutrição ajustado à fase de desenvolvimento da vida; Atenção ao desenvolvimento da personalidade; Provisão de alojamento de entretenimento e de condições de trabalhoadequadas e agradáveis; Aconselhamento matrimonial e educação sexual; Genética; Exames seletivos periódicos. Proteção específica (proteção primária) Utilização de imunizações específicas; Atenção à higiene pessoal Utilização de medidas de saneamento ambiental Proteção contra riscos no trabalho Proteção contra acidentes Uso de nutrientes específicos Proteção dos carcinogénicos Evitar todos os alergénicos Período de patogénese Interação susceptível – estímulo reação Prevenção secundária Diagnóstico precoce e tratamento imediato Alterações nos tecidos Horizonte clínico Sinais e sintomas Defeito – invalidez Morte Recuperação 25 Limitação da incapacidade Prevenção terciaria Reabilitação Diagnóstico precoce e tratamento imediato (Prevenção Secundária) Medidas de deteção de casos individuais e coletivos Exames de rastreio Exames seletivos Objetivos Curar e prevenir o processo de doença; Prevenir a expansão de doença contagiosas; Prevenir complicações e sequelas Encurtar o período de incapacidade Limitação da incapacidade (prevenção secundária) Tratamento adequado para travar o processo da doença e prevenir complicações e sequelas posteriores Criação de condições para limitar a incapacidade e prevenir a morte Reabilitação (prevenção terciária) Criação de condições hospitalares e comunitárias para desenvolvimento e educação para o uso máximo das capacidades residuais Educação do público e da indústria para empregarem os indivíduos reabilitados Emprego o mais possível a tempo inteiro Colocação seletiva Terapia do trabalho em hospitais Utilização de instalações protegidas 26 Estádios da experiência da doença Estádio Decisão Comportamento Resultados I Sintomas Deteção de algo errado Medicina caseira Automedicação Adia a procura de ajuda Aceitação/negação II Papel de doente Abdicação dos papéis normais Validação do sistema de saúde Aceitação Negação III Cuidados médicos Escuta o conselho médico Legitimação da autoridade médica. Negociar tratamento Aceitação Negação IV Paciente/dependente Aceitação do tratamento Cumprir o tratamento Aceita/rejeita os benefícios do tratamento V Recuperação/reabilitação Abandono do papel de doente Assumir papéis normais Aceita/recusa da cura (adoção do papel de doente crónico) O individuo passa por 5 estádios no processo de experiência da doença: Experimentar os sintomas Assumir o papel de doente Contactar o médico Assumir o papel de paciente dependente Recuperar e reabilitar Fatores associados à Doença Sócio-ambientais (pobreza, trabalho e desemprego) Comportamentais (tabagismo, exercício físico, dieta alimentar) Psicológicos (tipo de personalidade, capacidade de coping, o sistema de crenças relativas à saúde). Fatores de saúde e bem-estar Fatores contra a saúde e bem-estar Biológicos - Fundamentos genéticos - Homeostasia - Relaxamento - Estilo de vida saudável (exercício físico, dieta equilibrada, ausência de comportamentos de risco) - Falta de exercício - Alimentação desequilibrada - Exposição a químicos e tóxicos - Poluição 27 Psicológicos - Autorregulação - Controlo do stress - Relações interpessoais positivas - Pensamento positivo - Personalidade saudável - Depressão/ansiedade - Pensamento negativo, fracas capacidades de coping - Personalidade desajustada - Stress Sociais - Responsabilidade social - Pertença a grupos sociais (família, outras associações) - Solidão - Pobreza - Violência História natural da doença Comportamento da doença Resposta aprendida socialmente Pela aprendizagem Socialização Experiências passadas São mediadas pelo nível cultural Doença Universal Todos os grupos desenvolvem sistemas de luta contra a doença Sistema sanitário Médicos Mágico – religiosos Doença clínica Morte Recuperação Saúde Alterações sub-clínicas 28 4. Ciclo de vida Ciclo de vida - Período de vida que decorre desde a conceção até à morte A vida do ser humano é classificada por etapas, estas podem ser mais ou menos nítidas e determinam: Colocação psicossocial Os seus direitos Os seus deveres O que é permitido, tolerado ou proibido O modo como se vive cada etapa é fortemente determinado pelas etapas anteriores: Pelas experiências positivas Pelas experiências negativas Doença Sofrimento Saúde Magia Curandeiro Para racional Racional Ciência Médico Sobrenatural Natural Padre Religião Infância Adolescência Juventude 29 Etapas de vida - Desenvolvimento do ser humano Infância - A família e o ambiente familiar são fundamentais para o desenvolvimento da criança, para a sua socialização O ambiente familiar tem duas funções De suporte e proteção Iniciadora Á medida que a criança cresce estes dois suportes vão dando origem cada vez mais á sua autonomia A finalidade destas funções é: Permitir segurança a nível psicológico Favorecer a elaboração da organização do comportamento Fatores de risco na infância 1. Problemas económicos 2. Problemas derivados do tipo de trabalho do progenitor ou responsável pela criança 3. Problemas derivados da ausência de um ou ambos os progenitores no lar 4. Problemas derivados do internamento de um ou dos progenitores 5. Problemas pessoais graves de um dos progenitores 6. Problemas derivados da acumulação de trabalho ou responsabilidade de um dos progenitores 7. Problemas relacionais 8. Experiências vividas pelos filhos da família Escola - É a primeira instituição formal do individuo. Cada vez mais é precoce o seu ingresso (jardim de infância e infantário) Infância Juventude Idade adulta Velhice 30 - A escola é o primeiro campo experimental de operações formais para a socialização da criança, onde a criança sente ou aceitação ou rejeição ao seu comportamento Problemas que a instituição escolar padece Instabilidade de docentes Inadequação de programas à realidade social e individual Impermeabilidade ao meio envolvente O insucesso escolar da criança é algo mais do que um fracasso académico – intelectual O insucesso integral da criança é determinado muitas vezes por um fracasso da socialização e integração em determinada cultura Para muitas a inadaptação escolar pode levar à marginalização social Tempos livres O jogo tem importância capital na infância, é através dele que a criança nas várias etapas do seu desenvolvimento investiga, ensaia com objetos e pessoas à sua volta Através dele, a criança aprende e estabelece regras, normas, hábitos e relações O jogo pode ser considerado como uma forma de socialização, uma vez que molda o seu modo de ser e de estar. Na sociedade atual a televisão é um dos elementos mais utilizados para o preenchimento de tempos livres, para além de ser um polo de atração é também muitas vezes utilizado pelos adultos para manter as crianças quietas e caladas durante um período mais ou menos longo A intervenção de enfermagem no tempo livre infantil - A existência de locais e equipamentos (parques, clubes infantis, terreno para jogos) já por si só são um fator de promoção de saúde - O fator socioeconómico é responsável pelos maiores fatores de risco para o desenvolvimento da criança - Crianças com níveis mais desfavorecidos apresentam maiores fatores de risco 31 Adolescência/Juventude - Época de transição onde se manifestam todas as dúvidas, vacilações e incertezas humanas,que se não são devidamente resolvidas podem deixar marcas importantes de imaturidade na pessoa adulta Vai aproximadamente dos 13 aos 19 anos Não há época na vida mais turbulenta e complexa do que esta É caracterizada por grandes modificações a nível físico, cognitivo social e de construção de identidade Desenvolvimento físico Na rapariga Aumento do volume das mamas Desenvolvimento de pelo púbico Mudança nas formas corporais Desenvolvimento do aparelho reprodutor O ciclo menstrual completa o desenvolvimento No rapaz Aumenta o tamanho do corpo Aumenta a força muscular Mais agilidade física Desenvolvimento dos órgãos genitais Aspetos positivos da adolescência O adolescente é idealista, percebe claramente conceitos e realidades que estão fora do alcance dos adultos, que com os anos ficam “demasiado” realistas Dispõe de uma energia física e psicológica que pode chegar a produzir o impensável Está dotado de uma forte criatividade que, na maioria dos casos, tende a desvanecer-se ou pelo menos a moderar-se consideravelmente ao entrar na fase adulta Possui um sentido de justiça bastante forte É capaz de amar intensamente ou de repelir com a mesma força algo ou alguém 32 O crescimento Durante os anos anteriores à adolescência, a estatura das crianças aumenta a um ritmo de uns 5 cm anuais Ao alcançar aproximadamente os 12 anos nas raparigas e os 14 anos no rapaz, o ritmo de crescimento chega aos 8-9 cm anuais O crescimento acelerado continua durante os 4 ou 5 anos seguintes. É o que muitos chamam de “esticão” O crescimento acelerado continua assim mais uns anos até alcançar o máximo com a idade aproximada de 21 anos para o rapaz e de 17 para a rapariga A hipófise é a glândula endócrina responsável pelas hormonas do crescimento. O crescimento é contínuo mas não uniforme. O pico é desde o nascimento até ao ano de vida, mas é similar entre a puberdade e a adolescência A aceleração de crescimento determinada pela altura é influenciada por fatores genéticos e nutricionais Crescimento geral - Muito rápido no período fetal e adolescência – indicador para medições externas Crescimento neurológico - Realiza-se no período fetal, falta é maturidade. Por isso é necessária a medição do perímetro cefálico Crescimento linfoide - Muito rápido do nascimento até à puberdade. Na infância há muitas amigdalites porque o sistema linfoide não está ainda bem desenvolvido Comportamentos típicos da adolescência Desafiador – ao adolescente confronta-se com o mundo do adulto. O respeito e admiração que as crianças sentiam pelos pais, professores e adultos desvaneceu-se e, no seu lugar, surge uma atividade desafiadora Argumentador – o adolescente é argumentador. A nova capacidade mental que aparece com o crescimento leva a que este fale e argumente sobre todo o tipo de assuntos. 33 Sensível – o adolescente não tem um conceito suficiente real de si mesmo. Há períodos em que se sente muito inseguro de si mesmo e cheio de períodos em que se sente muito inseguro de si mesmo e cheio de qualidades. No entanto, é frequente sentir-se inferior - Não sendo considerado um grupo de risco é no entanto um grupo que corre riscos Comportamentos de risco Acidentes Vítimas de violência e maus tratos Consumos nocivos Confrontar-se com o trabalho Condutas sexuais precoces, inconscientes/inconsequentes (DST, SIDA e gravidez) Escola - A crise de identidade também se vai manifestar na escola, onde os grupos de pares e colegas vão adquirindo maior importância em detrimento dos pais e professores Tempo livre – tempo laboral - O jovem tem dificuldade em encontrar o primeiro emprego - Não podendo por isso contar com o seu próprio dinheiro, gera uma sensação de inutilidade e aumenta o tempo livre. A rua passa a ser o seu ambiente mais habitual Intervenção Cuidados antecipatórios Informação e formação Utilização de recursos disponíveis – culturais, desportivos lúdicos e educativos Socialização não aceite e punida pelos outros Aquisição de uma identidade negativa e estilos de vida pouco saudáveis Consequências 34 Segundo a OMS, o que mais afeta o adolescente é: Toxicodependência (durante esta fase há necessidade de experimentar tudo, os amigos e o ambiente sociocultural exercem forte influencia) Gravidez não desejada Suicídio Outros problemas Outros problemas na adolescência Depressão Invalidez Bulimia Anorexia Entre outros Objetivos dos exames de saúde na criança e jovem Promover e avaliar o desenvolvimento psico-motor através de exames regulares: registos de parâmetros como o peso, estatura, perímetro cefálico, desenvolvimento motor e psíquico e linguagem Promover comportamentos saudáveis, através de ensinos sobre nutrição (de realçar a importância do aleitamento materno nos primeiros meses de vida), ter em conta a quantidade e qualidade dos alimentos, prevenir a subnutrição e obesidade Optar por estilos de vida saudáveis, relações criança/jovem/família, optar por ambientes despoluídos, práticas de exercício físico e evitar consumo de substâncias nocivas Cumprimento dos planos de vacinação Prevenção da crise dentária, prevenção de acidentes e intoxicações Diagnóstico e deteção precoce de problemas (luxação congénita da anca, testículos não descidos e outros, perturbações da visão e audição, linguagem, perturbações do desenvolvimento psicoafectivo e motor) Deteção precoce de disfunções familiares (abuso sexual, maus tratos e abandono) Promoção da autoestima dos jovens, como escolhas de estilos de vida saudáveis, adaptação social adequada e vivência sexual responsável Cuidados antecipatórios, feitos através de educação para a saúde – ensinar sobre problemas considerados prioritários como a SIDA e hepatite 35 Apoio à família e às funções por ela desenvolvidas no que se refere ao desenvolvimento harmonioso da criança e jovem Idade adulta Grande perturbação com os filhos, estabilidade económica, social e laboral e saúde A relação do casal supõe a passagem do eu para o nós (mantendo a independência individual) Multiplicidade de papéis – marital, maternal e paternal Relação com os filhos adolescentes - Perante as modificações psíquicas e comportamentais os pais podem reagir de duas formas: Tendência para reagir autoritariamente perante o filho adolescente, muito provavelmente para contrariar a confusão das suas ideias e ações Reagir com medo perante a agressividade Situação laboral - O desemprego origina conflitos individuais e familiares podendo desencadear outros problemas como alcoolismo, depressões, homicídio e suicídio Velhice - A redução da fecundidade e a diminuição da mortalidade fez aumentar o número de idosos no mundo - O envelhecimento é caraterizado pelo hipofuncionalismo progressivo e irreversível “O individuo deixa de transformar a realidade para ser transformado por ela” - A velhice representa uma fase da vida em que a capacidade e resistências físicas vão gradualmente diminuindo Natureza das necessidades dos idosos De ordem social e familiar Gerador de crises Pode levar a maus tratos do mais forte para o mais fraco Podem provocar rutura 36 De ordem física e psicossocial De ordem socioeconómica Crise na velhice Reforma – perda do papel sócio – profissional A angústia de não saber o que fazer com os tempos livres Segurança económica/familiar Medo da doença Apoio aos idosos Centros de dia Clubes (promover atividades e passeios) Universidade de terceira idade – o objetivo principal é informar e motivar no aprofundamento de temas úteis oFunção formativa o Função preventiva Apoio domiciliário Higiene dos idosos, compras e manutenção da casa Etapa final - É aquela que num espaço de tempo mais ou menos breve e previsível implicará a morte do individuo Fases desta etapa Negação – não aceita, gerando sentimentos de revolta Agressividade Negociação – em que procura um elemento mediador para resolver o seu problema – frustração Depressão – apatia Aceitação 37 5. Imunização Controle das doenças transmissíveis Pode ser feito Alterando as características do agente Alterando as características do hospedeiro Alterando as características do ambiente Método mais comum Quebrar a cadeia infeciosa Através da intensificação da imunidade do hospedeiro Imunização A imunização é definida como a aquisição de proteção imunológica contra uma doença infeciosa. É o processo de aquisição de imunidade após administração de uma substância imunológica. - Prática que tem como objetivo aumentar a resistência de um individuo contra infeções. É administrada por meio de vacina, imunoglobulina ou por soro de anticorpos. - Capacidade do hospedeiro se opor à infeção: Imunidade natural Imunidade adquirida Imunidade natural/inata - Resistência inata a infeções determinada pela espécie humana. Presente por ocasião do nascimento. Da espécie Individual Imunidade adquirida - Adquirida por um hospedeiro como resultado de uma exposição natural a um agente infecioso. Pode ser: Imunização ativa (antigénios) Natural Artificial (vacinas) 38 Imunização passiva (anticorpos) Natural Artificial Imunidade de grupo Imunização ativa - Imunização de um individuo pela introdução (administração) de um antigénio o Agente infecioso o Vacina - Caracteriza-se pela presença de produção de anticorpos pelo hospedeiro Imunização passiva - Transferência de anticorpos específicos de um individuo imunizado para um individuo não imunizado o De mãe para filho o Administração de anticorpos (imunoglobulinas ou soro) 39 - Esta imunidade é quase imediata mas de curta duração (tétano e raiva) Imunidade de grupo - Resistência de um grupo à invasão ou disseminação de um agente infecioso o É a base para aumentar a cobertura por imunização para doenças evitáveis pela vacinação o Uma cobertura imunitária individual mais elevada levará a uma imunidade maior de grupo Imunoglobulinas Anticorpos ou imunoglobulinas são glicoproteínas sintetizadas e excretadas por células plasmáticas derivadas dos linfócitos B, os plasmócitos, presentes no plasma, tecidos e secreções que atacam proteínas estranhas ao corpo, chamadas de antigénios, realizando assim a defesa do organismo (imunidade humoral). Depois de entrar em contato com um antigénio, o sistema imunológico produz anticorpos específicos contra ele. - São proteínas que funcionam como anticorpos (IgA, IgG, IgM, IgD) - Funções das imunoglobulinas o Incrementar a fagocitose o Neutralizar toxinas, bactérias ou vírus 40 - A resposta antigénio – anticorpo inicialmente leva tempo a desenvolver-se - O contacto posterior com o mesmo antigénio resulta de uma resposta defensiva muito mais rápida do organismo Fator ambiente - Facilitam a transmissão de um agente infecioso de um hospedeiro infetado a um hospedeiro susceptível (fatores físicos, biológicos, sociais e culturais) Alterando os fatores ambientais reduz-se o risco de transmissão: Ensinos à população Uso de mosquiteiros Lavagem das mãos Cuidados de higiene alimentar Formas de propagação de uma doença Transmissão vertical - De pais para filhos (HIV, sífilis), através de esperma, placenta, leite e canal vaginal durante o parto Transmissão horizontal - De pessoa para pessoa o Direta (ato sexual) o Indireta (infeção por oxiúros – vermes que parasitam o intestino de mamíferos) Desenvolvimento da doença A exposição a um agente infecioso nem sempre leva à infeção A infeção nem sempre leva à doença Depende da dose infetante, da infecciosidade, do agente infecioso e da imunidade do hospedeiro Infecciosidade – capacidade de entrar e de se multiplicar no hospedeiro Doença – resultado possível da infeção. Pode indicar uma disfunção fisiológica ou reação patológica O período de incubação e período de transmissão não são sinónimos! 41 Período de incubação - refere-se ao intervalo de tempo entre a invasão pelo agente infecioso e o aparecimento de sinais e sintomas clínicos. Este período pode variar de 2 a 4 horas para envenenamento alimentar e de 10 a 15 anos para a SIDA. Período de transmissão – refere-se ao intervalo de tempo durante o qual um agente infecioso pode ser direta ou indiretamente transferido de uma pessoa infetada para outra susceptível Imunização Aumenta as defesas imunológicas do corpo contra o agente infecioso, sem produzir doença Como? - Após a exposição parte do microrganismo age como antigénio capaz de induzir uma reação imunológica especifica - O corpo reage com a produção de anticorpos (imunoglobulinas) Vacina - É uma suspensão de microrganismos o Vivos atenuados o Mortos A vacina é um produto antigénio que leva ao aparecimento de imunidade por mecanismos idênticos aos das próprias doenças, isto é, através de formação de anticorpos específicos Vacinação - Vacinação é a aplicação de antigénios iguais ou semelhantes aos agentes infeciosos, mas desprovidos de características que lhe dão a capacidade patogénica, levando à estimulação do fenómeno de imunidade seja ela humoral ou celular. É um dos métodos mais eficazes de prevenção e controle das doenças transmissíveis Tipos de vacinas BCG – Tuberculose VHB (HBV) – Hepatite B VAP (OPV) – Poliomielite Hib – Haemophilus influenzae tipo b DTP – Difteria, tétano e pertussis TD – Tétano difteria VASPR – Sarampo, parotidite e rubéola 42 Vacinas contendo germes mortos Antitetânica (VAT) Antidiftérica (VD) Anti-pertussis (VP) Vacina da tríplice Vacina dupla (DT) Vacina hepatite B Vacina Haemophilus influenzae tipo b Vacina dupla Td (adultos) Vacina anti – poliomielítica inativa (VIP) Vacinas contendo germes vivos Antipoliemielite (VAP) Anti - sarampo (VAS) Anti – rubéola (VAR) Anti – tuberculose (BCG) Anti (sarampo, rubéola, parotidite) VASPR Tipos de administração Subcutânea (VASPR) Intradérmica (anti – tuberculose) Intramuscular Oral (VAP) - A administração é de preferência na região do deltoide ou no terço médio da face externa da coxa - A prova de Mantoux é administrada por via intradérmica - A dose da vacina a administrar é de acordo com o tipo de vacina e a idade do utente Plano nacional de vacinação (PNV) As vacinas são o meio mais eficaz e seguro de proteção contra certas doenças. Mesmo quando a imunidade não é total, quem está vacinado tem maior capacidade de resistência na eventualidade da doença surgir. 43 Não basta vacinar-se uma vez para ficar devidamente protegido. Em geral, é preciso receber várias doses da mesma vacina para que esta seja eficaz. Outras vezes é também necessário fazer doses de reforço, nalguns casos ao longo de toda a vida. A vacinação, além da proteção pessoal, traz também benefícios para toda a comunidade, pois quando a maior parte da população está vacinada interrompe-se a transmissão da doença. O PNV é da responsabilidade do Ministério da Saúde e integra as vacinas consideradas mais importantes para defender a saúde da população portuguesa. Prova de tuberculina O teste cutâneo para a tuberculose, tambémdenominado prova da tuberculina, prova de Mantoux ou teste de PPD (“purified protein derivative”), revela se a pessoa foi alguma vez infetada pela bactéria que causa a tuberculose. Basicamente, este teste consiste na injeção de proteínas derivadas da bactéria da tuberculose, na pele do antebraço. Cerca de dois a três dias depois, observa-se o local da injeção. O inchaço e vermelhidão indicam, regra geral, um resultado positivo. As infeções provocadas por estas bactérias podem estar ativas ou inativas. O teste da tuberculina não distingue, quando positivo, se a infeção está ativa ou inativa. A prova de tuberculina tem como finalidade: Controle de eficácia da BCG Averiguar a necessidade de vacinar ou de revacinar Deteção precoce de uma infeção tuberculosa 44 A prova de Mantoux é o teste que oferece mais fiabilidade e consiste: o Na administração de 0,05 ml de soluto no 1º ano de vida o Posteriormente de 0,1 ml, por via intradérmica na face anterior ou lateral externa do terço médio do antebraço esquerdo A leitura da prova é feita entre as 48 horas e as 72 horas após a administração, fazendo a palpação e a delimitação da enduração produzida e regista-se em milímetros. Se o diâmetro for menor que 4mm e não se regista nenhum endurecimento deve-se vacinar. Se o diâmetro for igual ou superior a 10mm entre 5 e 9mm não é necessário vacinar Todas as crianças que apresentam reação superior a 15mm ou que apresentam um aumento de enduração superior a 5mm em relação ao teste efetuado a menos de 24 meses, deverão ser encaminhados para o seu médico de família Nos indivíduos com VIH positivo sintomáticos, em que exista imunodepressão grave, não se administra nenhuma vacina do PNV Material Frigorifico Termómetro com escala de 0º a +10ºC ou -10º a +10ºC Embalagem isoladora o Se a administração é fora do serviço de saúde utilizar saco acumulador de frio o Recomenda-se que o frigorífico seja mantido a uma temperatura compreendida entre +2º e +8ºC Material para o injetável – asséptico e unitário – agulha adequada Preparação do utente e local a administrar antissepsia Ensino de reações adversas Recomendações da data da próxima vacina Em caso algum a temperatura deverá ser inferior a 0ºC Nota: quando por motivo de avaria ou corte da corrente elétrica, se verifique interrupção regular do funcionamento do frigorífico onde estão armazenadas as vacinas, não deverão as mesmas ser inutilizadas sem prévio conhecimento das autoridades competente 45 Conservação das vacinas A conservação das vacinas é de primordial importância, ao longo das diferentes etapas – fabrico, armazenamento, distribuição e administração – para que se mantenham em condições adequadas aquando da sua utilização 6. Cuidados domiciliários “Domicílio” é o lugar onde alguém tem residência permanente, é a sua habitação As pessoas passam maior parte das situações de doença no seu domicílio No domicílio o doente está no seu meio, onde as necessidades básicas de conforto, segurança e acolhimento estão asseguradas Os cuidados no domicílio envolvem também a família Visita domiciliária – conceitos - Obter a maior quantidade de informação possível sobre a posição médica, material, física e moral de um individuo ou de uma família, tendo em vista uma tomada de ação útil - A visita domiciliária visa a prestação de cuidados de enfermagem no domicílio, quando esta for conveniente para o paciente, para a família e para o serviço de saúde, quer sob o aspeto económico, social ou psicológico Tipos de visita domiciliária Visita domiciliária de carácter investigador Visita domiciliária de carácter assistencial Visita domiciliária com carácter de educação para a saúde Visita domiciliária de carácter misto e outras Cuidados domiciliários - Devem ser previamente planeados - A necessidade de cuidados domiciliários pode ter origem: o No paciente (quando este goza de todas as suas capacidades mentais) o Na família (quando o doente não tem capacidade e autonomia suficiente) o Na equipa de saúde (seria o ideal) - Por consultas de enfermagem 46 Responsabilizam o paciente e a família por estes cuidados quando não podem deslocar-se ao centro de saúde Promoção da saúde - Organização de ficheiros - Instituições hospitalares (para permitir continuidade de cuidados) - Organizações comunitárias “Componente de um cuidado continuado de saúde global, em que os serviços de saúde são prestados ao individuo e sua família no local de residência, com a finalidade de promover, manter ou recuperar a saúde, ou ainda de maximizar o nível de independência, minimizando os efeitos de doença, incluindo a doença terminal” (Balander, 1998) Atividades dos cuidados domiciliários Promoção Proteção Tratamento Reabilitação Cuidados domiciliários As visitas domiciliárias proporcionam uma colheita de dados mais exata da: Estrutura e dinâmica da família Ambiente natural/habitacional Fatores que influenciam a saúde Comportamento dos indivíduos neste ambiente Identificar quer barreiras quer apoios para alcançar os objetivos propostos Englobam Todas as fases do ciclo de vida do individuo aos três níveis de prevenção Objetivos Proporcionar orientação e ensino á família e paciente relativamente ao método e recursos existentes Aumentar o nível de educação do individuo, família e comunidade Orientar e supervisionar o cumprimento de cuidados Prestar cuidados de enfermagem quando estes forem convenientes para o paciente e para a família Colher informações sobre as condições socioeconómicas sanitárias da família por meio de observação e entrevista (ação investigativa) 47 A visita domiciliária deve incluir - Famílias de risco o Escassos recursos económicos o Marginalizados socialmente o Pessoas com deficiência física e mental o Elevado número de pessoas no agregado familiar o Famílias muito jovens o Famílias incompletas o Famílias sem residência fixa o Famílias com problemas relacionais entre os membros Os programas de assistência domiciliária são desenvolvidos: Essencialmente aos idosos Indivíduos portadores de doença crónica Patologias de longa duração – dependentes nas atividades de vida diárias Pessoas com alta hospitalar recente e que necessitam de continuidade de cuidados Pessoas que não podem deslocar-se ao centro de saúde Idosos dependentes e pessoas a residir sós Pessoas com necessidade de ações ou terapêuticas invasivas e que não possam deslocar-se ao centro de saúde Vantagens da visita domiciliária Proporcionar o conhecimento do individuo dentro do seu contexto natural Diminui os custos de um internamento Proporcionar um melhor relacionamento entre equipa/enfermeiro – individuo/família (porque é um processo mais informal) Avalia as ações executadas anteriormente Permite ao enfermeiro fazer educação para a saúde no local onde habitualmente surgem os problemas, ajustando os ensinos aos recursos existentes Atividades do enfermeiro na prestação de cuidados domiciliários Investigar – avaliar necessidades de saúde 48 Planificar e administrar cuidados Administrar tratamentos Controlar parâmetros biológicos Recolher amostras e enviar para o laboratório Proporcionar e mobilizar recursos extra familiares Desvantagens da visita domiciliária Demorada, não dando a possibilidade que todas as famílias sejam visitadas com regularidade Não dá a possibilidade da família partilhar com outras famílias com problemas semelhantes O rendimento pode ser pequeno comparado com outros métodos, pois gasta-se muito tempo nas deslocações As ocupações das famílias podem impedir ou dificultar a prestação deste tipode assistência Distrações ou interrupções podem aparecer no lar impedindo ou dificultando os diagnósticos da visita domiciliária Fases da visita domiciliária Identificar necessidades Planear Identificar famílias Determinar os objetivos da visita domiciliária Preparar material para a visita Identificar o percurso Executar Prestar cuidados de enfermagem – inicialmente o enfermeiro deve ter um relacionamento agradável com a família Colher dados – acerca do estado atual de forma a poder identificar outros problemas Educação para a saúde – atender às necessidades sentidas pela família e detetadas pelo enfermeiro Marcação da próxima visita Avaliar Registo das atividades Comparar as atividades realizadas com registos anteriores 49 7. Vulnerabilidade Fragilidade física e mental - É uma condição ou estado perante o qual os indivíduos ou grupos estão altamente suscetíveis de sofrerem qualquer tipo de agressão, que no contexto da saúde comunitária é caracterizado por variáveis pessoais, sociais e ambientais Dimensões da vulnerabilidade - Seis dimensões da vulnerabilidade potencializam-se umas ás outras e estão interligadas Exclusão social – marginalização Baixo estatuto social Pobreza Incapacidade (falta de controlo) Incapacidades mentais, físicas e económicas Falta de poder para negociar Opressão/vitimização – culpabilizar os outros Risco de saúde Pobreza – incapacidade mental, económica e física Exclusão social - Refere-se ao sentimento de separação das diretrizes da sociedade. O individuo ou não tem qualquer ligação emocional com qualquer grupo em particular ou com a sociedade em geral. - São geralmente “esquecidos e invisíveis” (despercebidos) para os outros membros da sociedade Baixo estatuto social - Esta dimensão da vulnerabilidade refere-se ao “poder” muito limitado dos grupos em evidenciarem as suas necessidades pelo facto de serem minoritários - São considerados muitas vezes incapazes de advogar de forma credível os seus próprios interesses Nota: não tem poder reivindicativo por falta de poder literário (menos cultos). Não conseguem advogar os seus próprios interesses. Não conseguem pedir aquilo a que tem direito. 50 Pobreza - Pode-se considerar em estado de pobreza todos aqueles que estão abaixo do nível mínimo de subsistência, ou seja, o montante mínimo de rendimento que o individuo necessita para ter acesso às coisas essenciais da vida. - A falta de dinheiro (uma das fontes mais criticas) favorece: o A dependência dos indivíduos o Remove a possibilidade de escolha entre opções disponíveis Nota: Montante mínimo de subsistência = critério económico mínimo de rendimento que se tem de possuir para poder substituir Incapacidade (falta de controle) A nível individual Herança biológica – tem apenas alguma responsabilidade daquela que transmitem á sua descendência A nível social Saúde – a sociedade determina tipos de serviços de aúde e meios que estão disponíveis Ambiente – muitas das condições do ambiente físico e social estão para além do controlo de determinados grupos populacionais causando vulnerabilidade Opressão/vitimização - Culpar a vítima pode aliviar a sociedade de assumir a responsabilidade em assuntos ambientais e na oferta de serviços de saúde e de segurança social - Resultante disso os grupos vulneráveis tem: o Restrições financeiras (subsídios) o Acesso limitado aos serviços tanto preventivos como ambulatórios o Insuficientes critérios de elegibilidade para usufruírem de ajuda dos serviços sociais Risco de saúde - Baseado no modelo da história natural da doença (HND) principalmente em certos aspetos fisiológicos e ambientais, que podem favorecer o aparecimento de problemas de saúde em grupos especiais de população: 51 o Idosos o Grupos minoritários – grupos étnicos o Grupos com baixos recursos económicos - A situação de risco pode ser aceite dependendo: Da aquisição de informações relacionadas com a ameaça Da credibilidade tanto em relação à ameaça como em relação á ação preventiva Da validação médica da ameaça Da aceitação do estado de risco acompanhando-a com comportamentos recomendados para reduzir e/ou eliminar a ameaça Vulnerabilidade individual e/ou grupo Principais causas Socioeconómicas Precariedade económica Estrutura familiar Falta de alojamento Desemprego Segurança social Idade o Crianças (imaturidade fisiológica) o Adolescentes (busca de identidade) – muito vulneráveis e em risco o Idosos (declínio da adaptabilidade fisiológica) Saúde o Doenças crónicas o Acidentes o Incapacidade (mental ou fisiológica) Vulnerabilidade socioeconómica Pobreza relativa – situação daqueles que tem o mínimo necessário á subsistência, mas sem terem os meios requeridos comparativamente com o corrente na sua área de residência Fluidez da pobreza – entrada e saída do estado de pobreza por várias razões (viuvez, doença, desemprego) 52 Nota: A pobreza pode não ser um estado permanente, entram e saem da pobreza Domínios em que se verifica a pobreza Condições de habitação Condições de saúde Emprego e desemprego Educação Os sem-abrigo - Indivíduos a quem falta uma residência noturna fixa, regular e adequada, ou que tenha como residência noturna uma das seguintes: o Abrigo destinado a providenciar acomodação temporária o Lugar público ou privado que não sendo designado para tal é contudo usado pelos seres humanos para dormir Podem ser: Temporários – são considerados os que ficam sem-abrigo por calamidades naturais ou causadas pelo homem Episódicos – aqueles que podem ficar frequentemente sem residência como por exemplo os emigrantes e os jovens fugitivos Crónicos – não têm residência permanente Causas (complexas e sinergéticas) Relacionadas com a saúde (exemplo: alcoolismo, doença mental) Relacionadas com a saciedade (desemprego, pobreza, disfunção familiar, falta de habitação, droga) 8. Demografia - Demografia é a ciência que estuda a dinâmica das populações. Procede a uma descrição numérica das populações sob um duplo aspeto – estático-dinâmico 53 Demografia Estatística Número Classes (de idades) – quantitativa Quem (género) Dinâmica Entrada – imigração e natalidade Saída – emigração e mortalidade Objetivos - Observa, mede e descreve a dimensão, as estruturas e a distribuição espacial de uma população num momento do tempo - Observa, mede e descreve as mudanças que ocorrem na dimensão e na estrutura espacial de uma população ao longo do tempo - Observa, mede e descreve os fenómenos responsáveis por essas mudanças (natalidade, mortalidade e migrações) - Explica os efeitos das variações microdemográficas nas variáveis macrodemográficas e vice-versa - Estuda as causas e as consequências das variáveis microdemográficas Estado da população Dimensão – volume de população (exemplo: milhões de habitantes) Estrutura – repartição por grupos específicos (solteiros, casados, viúvos, divorciados, jovens, adultos, idosos, profissão) Distribuição – repartição no espaço (habitantes/km2) Pirâmides etárias (pirâmides de idades e pirâmides de população) - A pirâmide é um instrumento gráfico que utiliza 2 diagramas de barras conjugadas - No eixo vertical (ordenadas) é colocada a escala de idades - No eixo horizontal (abcissas) é colocado o número de efetivos ou percentagem As idades podem ser representadas em anos ou em grupos etários (5 anos) o Sexo masculino – semieixo da esquerda o Sexo feminino – semieixo da direita 54 Regras para construir uma pirâmide 1. Traçar dois sistemas de coordenadas2. Gravar os eixos verticais em anos de idade ou grupos etários (geralmente usam-se intervalos de 5 anos) 3. Gravar os eixos da horizontal em números absolutos ou percentuais da população 4. Colocar os efetivos masculinos à esquerda e os femininos à direita 5. Recomenda-se uma altura de 2/3 em relação à largura total (exemplo: numa base de 15 cm a multiplicar por 2/3 = 10 cm para a altura da pirâmide) Alterar o nascimento da população - Procura diminuir as saídas (óbitos e emigração) ou aumentar as entradas (nascimentos e imigração) Politicas natalistas Subsídios Benefícios às famílias com vários filhos Acesso ao trabalho em part-time Legislação repressiva – aborto Politicas de apoio á imigração/restrição á emigração Contratos de trabalho Apoio social Legalização dos clandestinos Diminuir o ritmo de crescimento - Procura-se aumentar as saídas (óbitos e emigração) ou diminuir as entradas (nascimentos e imigrações) Politicas anti natalistas Generalização dos métodos contracetivos Lei do aborto Crescente acesso da mulher ao emprego Incentivos no casamento tardio Penalização de famílias numerosas Políticas de restrição á imigração/apoio á emigração 55 PN = PO + (N – O) + (I – E) Legislações restritivas Repatriação dos clandestinos População de facto ou presente - Referir os habitantes do local em que se encontram (alojamento tipo familiar ou coletivo – quartéis e lares) que sejam ou não residentes no alojamento População residente ou jure ou de direito legal - Referir os habitantes residentes, quer estejam presentes ou ausentes no momento do recenseamento Volume da população - Número de indivíduos pertencentes a uma determinada área geográfica num determinado momento Composição da população - Conhecimento da população segundo a idade, sexo, raça, estado civil, nacionalidade, escolaridade, atividade económica entre outros, ou seja, a subdivisão da população em grupos homogéneos a partir de determinadas características Densidade populacional (DP) - Consiste em dividir o total de habitantes existentes numa determinada unidade de análise pela superfície dessa mesma unidade Crescimento natural (N – O) – saldo fisiológico (nascimentos e óbitos) (I – E) – crescimento social (imigração e emigração) 56 Dependência por classe etária - Rácio de dependência dos jovens - Rácio de dependência dos idosos 9. Epidemiologia Epidemiologia A epidemiologia é a ciência dos acontecimentos de saúde que afetam as populações e que permite investigar a distribuição e os determinantes desses acontecimentos e focaliza-se na caracterização de um resultado de saúde em termos de o quê, quem, onde, quando e porquê. O foco da epidemiologia é o estudo de populações no sentido de compreender as causas de doença e influenciar e avaliar o desenvolvimento de intervenções eficazes para prevenir a doença e manter a saúde. No passado – disciplina básica de saúde pública Finais do século XIX – aplicada a sub-grupos da população para as doenças transmissíveis visando o seu controle. Mais tarde estudo das relações ambientais e a doença Segunda metade do século XX – aplicada para doenças não transmissíveis, doenças crónicas como doença coronária e cancro nos países industrializados No presente – ciência fundamental para prevenir as doenças Promover a saúde Proteger a saúde Restaurar a saúde Epi – sobre Demos – povo, população Logos – conhecimento 57 - Objeto da epidemiologia (investigação) o Estuda a ocorrência das doenças/quantifica a ocorrência de… - Características (individuais/populacionais) o Genéticas o Estilos de vida o Exposição a riscos ambientais que determinam a ocorrência e distribuição das doenças - Fundamento epidemiológico o Adoecer não é um fenómeno doa caso, por isso as doenças não se distribuem aleatoriamente - Bases da investigação em epidemiologia o Pessoas o Lugares o Tempo Epidemiologia - Ciência que estuda a distribuição e fatores determinantes das doenças ou lesões nas populações humanas assim como a apreciação e aplicação desse estudo ao controlo dos problemas de saúde Distribuição o Tempo o Lugar o Pessoas afetadas Determinantes o Físicos o Biológicos o Sociais o Culturais o Comportamentais Doenças ou lesões nas populações humanas o Doenças 58 o Causas de morte o Comportamentos o Reações a programas preventivos o Fornecimento e utilização dos serviços de saúde Apreciação e aplicação o Planeamento em saúde Controlo dos problemas de saúde o Promover a saúde o Proteger a saúde o Restaurar a saúde Modelos Modelo da tríade ecológica Modelo da teia Modelo da roda Tríade ecológica Fator agente Fator hospedeiro Fator ambiente A doença resulta de relações complexas entre agentes causais, indivíduos suscetíveis e fatores ambientais. As alterações num dos elementos da tríade podem influenciar a ocorrência de doença pelo aumento ou diminuição do risco individual para a doença. Fator agente – fator necessário ao aparecimento da doença mas não suficiente para produzir sintomas Mecanismo de ação Corpo estranho Exotoxinas Endotoxinas Reação de hipersensibilidade 59 Reservatório Portador são ou doente Reservatório animal Meio exterior Portas de entrada Pele Mucosas externas Placenta Boca Nariz Portas de saída Pele e mucosas Orifícios naturais Modos de transmissão Direta Indireta Fator hospedeiro - Determinam a suscetibilidade ou resistência a um agente - Hábitos, atitudes, idade, sexo, raça, ocupação, influências genéticas Mecanismos de resistência Processos imediatos o Barreira natural o Composição do meio interno o Inflamação Processos retardados Células imunocompetentes Fator ambiente Meio físico Clima Solo Água Características eco - hidrográficas 60 Recursos alimentares Meio biológico Recursos alimentares Flora Fauna Meio socioeconómico Rural Urbano Sistema nacional de saúde Estruturas de saúde Epidemiologia e prevenção Primária Secundária Terciária Prevenção primária – conjunto de ações realizadas para evitar a ocorrência das doenças em indivíduos ainda não afetados Prevenção secundária – conjunto de medidas que impedem que uma situação já instalada evolua para fases avançadas através da deteção e intervenção numa fase precoce da sua história natural Prevenção terciária – conjunto de medidas que contribuem para a redução ou eliminação das sequelas de uma doença já bem estabelecida Programas preventivos Centrados em grupos de alto risco – rastreios Dirigidos à população geral – doenças comuns e de causas generalizadas A prática da epidemiologia o Aproximação epidemiológica - Existe relação entre um determinado fator e uma consequência ou resultado? (quantificar e associar) Se se deteta uma associação… Ambiente Agente Hospedeiro 61 o Resultou de erros sistemáticos ou devido ao acaso? o A associação entre exposição e doença é válida? o Outros estudos encontram a mesma associação? Inferência causal Investigação epidemiológica Dados descritivos (exemplo: variações regionais)
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