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Mirian Montezino – Estruturas das Demonstrações Contábeis – Ciências Contábeis – 2021/5º 3. Demonstração dos Fluxos de Caixa (DFC) 1. Histórico A DFC, a partir de 01.01.2008, passou a ser uma demonstração obrigatória, conforme, a Lei n° 11.638/07, que alterou a Lei nº 6.404/76 que for- malizou uma tendência internacional que a demons- tração de origens e aplicações de recursos (DOAR) fosse substituída pela DFC. Pois, a DOAR era de difícil compreensão/interpre- tação aos não contadores. 2. Conceito De acordo com Iudícibus, Martins e Gelbcke (2007), o objetivo primário da DFC é prover informações relevantes sobre os pagamentos e recebimentos, em dinheiro, de uma empresa, ocorridos durante um determinado período, ou seja, sobre quanto entrou de dinheiro no caixa e quanto saiu de dinheiro, re- duzindo o caixa. Segundo esses mesmos autores, as informações apresentadas na DFC, principalmente quando ana- lisadas com as demais demonstrações financeiras, permitem que os usuários avaliem: I. a capacidade da empresa de gerar fluxos de caixa futuros; II. a capacidade da empresa de honrar seus compromissos, pagar dividendos e retornar empréstimos obtidos; III. a liquidez, solvência e flexibilidade finan- ceira; IV. a taxa de conversão de lucro em caixa; V. os efeitos das transações de investimento e financiamento sobre a posição financeira da empresa, etc. Segundo Lima e Zanolla (2002) “A Demonstração de Fluxo de Caixa é um demonstrativo que informa a posição financeira da empresa, destacando-se a liquidez e a solvência, bem como a flexibilidade fi- nanceira”. Para a empresa, o fluxo de caixa é o principal ins- trumento para detectar a capacidade de paga- mento do empreendimento, ou melhor, a capaci- dade da empresa gerar receitas suficientes para honrar seus compromissos e responsabilidades em um determinado tempo. (RIBEIRO, 2000). 3. Finalidade Tem a finalidade de evidenciar as transações/mo- dificações ocorridas em determinado período e que provocaram modificações nas disponibilidades (caixa, bancos, aplicações imediatas). Permite que os administradores, credores, investi- dores e demais usuários avaliem a capacidade da empresa: gerar fluxos de caixa positivos no futuro honrar compromissos com seus credores liquidez, solvência e a flexibilidade finan- ceira identificar parte do lucro líquido ou prejuízo líquido apurado pelo regime de competên- cia convertido em dinheiro efeitos decorrentes de investimentos e finan- ciamentos na posição da empresa grau de precisão dos fluxos de caixas esti- mados no passado e a sua realização no futuro. Comparabilidade com desempenho opera- cional por diferentes entidades (reduz crité- rios contábeis). Apesar do nome, devemos considerar o saldo na conta caixa, as chamadas disponibilidades, ou seja, os equivalentes de caixa, assim constituídos por: a) Caixa: numerário em espécie e depósitos bancários disponíveis. b) Conta Corrente: por exemplo, se houver um bloqueio judicial (não é dinheiro efetivo) não entra na operacionalização. c) Aplicações financeiras: liquidez, disponível, baixa volatilidade 4. Estrutura da Demonstração dos fluxos de caixa. Fluxo de caixa das atividades operacionais Abrangem as transações que envolvem a consecu- ção do objeto social da empresa, como receitas re- cebidas, recebimento de duplicatas, pagamento de fornecedores, pagamento de despesas operacio- nais etc. As atividades operacionais podem ter estrutura se- melhante à apuração do Lucro Operacional na DRE, Mirian Montezino – Estruturas das Demonstrações Contábeis – Ciências Contábeis – 2021/5º ressaltando-se, evidentemente, que trata de fluxo financeiro e não econômico (DRE). Entradas Saídas Recbtos de vendas (a vista e a prazo) Pgto de compras (for- necedores em geral Recebto de outras re- ceitas (aluguéis, juros) Pgto de despesas (sa- lários, aluguéis, impos- tos, juros) Recbtos de indeniza- ção por sinistros, sen- tenças judiciais Atividades de Investimentos Transações de compra ou venda de ativos perma- nentes (Não Circulantes) como aquisições ou vendas de participações em outras entidades e de ativos imobilizados utilizados na produção, na prestação de serviços ou manutenção do negócio etc. As atividades de investimento incluem, ainda, outros investimentos não incluídos como equivalentes de caixa. Entradas Saídas Recbto do principal de empréstimos e financi- amentos concedidos Desembolsos de em- préstimos concedidos pelas coligadas/con- troladas/acionistas Recbto de alienação e participação societária Pgto na compra de tí- tulos de investimento de outras entidades Recebto de alienação de títulos de investi- mentos Pgto na compra de tí- tulos patrimoniais de outras sociedades Recebto de venda de imobilizado e outros ativos utilizados na produção de bens e serviços Pgto à vista referentes a compra de imóveis, máquinas, etc. Atividades de financiamento Além da captação de recursos provenientes dos proprietários da empresa (sócios ou acionistas) por meio do capital social, toda captação de em- préstimos e outros recursos deverá ser incluída nesse grupo. A remuneração ao capital próprio em forma de distribuição de lucro (dividendos – juros de capital próprio) e a amortização dos emprésti- mos serão parcelas subtrativas nesse grupo. Entradas Saídas Integralização do capi- tal em dinheiro Pgto de empréstimos e financiamentos contraí- dos Recbto em dinheiro de reservas de capital Pgto de dividendos Recbto de empréstimos e financiamentos Pgto de juros e encar- gos s/ empréstimos e financiamentos Transações que não afetam o caixa Algumas transações que não afetam o caixa, em virtude de não haver pagamento nem recebimento. Depreciação, Amortização e Exaustão: São meras reduções de Ativo, sem afetar o Caixa. Provisão para Devedores Duvidoso: Esti- mativa de prováveis perdas com clientes que não representa desembolso para a em- presa. Acréscimos (ou Diminuições): de itens de investimentos pelo método de equivalência patrimonial. Reavaliação: não permitida pela atual le- gislação (exceto em alguns casos para apli- cação do IFRS)
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