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Ordem Squamata

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Ordem Squamata – Sauria (Iguana e Lagartos):
Descendentes dos anfíbios, apesar de sua aparência os répteis possuem a pele seca e cornificada sob a forma de escamas ou escudos, além dos ovos adaptados para o desenvolvimento em terra, com membranas e cascas para proteção do embrião dentro de uma pequena câmara úmida, essas duas características possibilitaram a vida terrestre. A ordem Squamata é a mais diversificada dentre os répteis incluindo a subordem Sauria (Lacertilia, lagartos), constituída por 19 famílias, com aproximadamente 4500 espécies de lagartos divididos entre hábitos terrestres e aquáticos, podendo habitar ambientes terrestres, arborícolas e aquáticos, além de regiões desérticas. 
Assim como os demais répteis não são capazes de manter a temperatura corporal, sendo importante ressaltar que uma termorregulação endógena também, porém sua capacidade para essa habilidade é menor, portanto em cativeiro é essencial pensar em métodos que esses animais utilizam para captar calor ou dissipá-lo. Dentre as diversas espécies possuem as essencialmente insetívoras (lagartixas), predadores carnívoros (lagartos monitores), onívoros (teiús) e herbívoros (iguanas). O dragão-voador (Draco sp.) é conhecido por possui membranas entre os locomotores similar a asas, o que confere habilidade de plainar entre as árvores, possuindo, assim, hábitos arborícolas. Dentre as espécies conhecidas apenas duas se destacam como venenosos: Heloderma horridum e Heloderma suspectum, popularmente conhecidos como monstros-de-gila. Habitam os desertos no sudoeste dos EUA e do México e possuem glândulas especializadas para a produção do veneno, porém não apresentam inoculação como as serpentes. Espécies como iguanas e teiús são de maior interesse como animais de companhia no Brasil, enquanto espécies exóticas como lagartixas-leopardo, dragões-barbados e camaleões também são populares. 
· ANATOMIA E FISIOLOGIA
Possuem um tegumento seco e com escamas, pernas adaptadas para uma melhor locomoção e mais rápida, maior separação do sangue arterial e venoso no coração, além do esqueleto ósseo plenamente calcificado e depositarem ovos amnióticos (com casca e membrana) permitindo o desenvolvimento do embrião fora do meio aquático.
Seu crânio é ossificado com regiões de mobilidade moderada que atuam durante os processos de apreensão de alimentos e ingestão. No osso quadrado são inseridos músculos que ligam a madíbula ao crânio, sua mandíbula possui movimentos para frente e para trás. Seus dentes são cônicos, com polpa em seu interior e recoberto por esmalte, existem dois padrões para as dentições, pleurodontes (dentes acomodados na face medial da mandíbula) presente na maioria dos lagartos; e acrodontes (dentes acomodados sobre a mandíbula) presente principalmente nas família Agamidae e nos camaleões. Em ambos os casos não possuem alvéolos dentais e a reposição dentária é constante.
Sua língua possui inúmeras funções nas diversas espécies. Os camaleões em sua maioria são insetívoros e dependem da língua retrátil para apreensão da presa. Alguns lagartos possuem língua bífida usada para olfação, quando dardejam (ato de expor a língua), são captadas partículas do ar, ao recolher a língua a porção bífica é inserida em duas fendas presentes no palato, o órgão vomeronasal ou órgão de Jacobson. Os geconídeos utilizam a língua, entre outras funções, para lubrificar a córnea, lambendo-a. 
O tegumento desses animais possui uma derme fibrosa e profunda sobreposta por uma epiderme recoberta de escamas, podendo variar em textura e espessura de epiderme, apresentam também cristas e protuberâncias conificadas, como chifres e espinhos, essa presença de tubérculos ou chifres não está relacionada a sua resistência a desidratação. A ecdise ou muda é um fenômeno que ocorre também nesses animais mediado por hormônios tereoidianos e ocorre de maneira escalonada, diferente das serpentes. A frequência das mudas varia de acordo com inúmeros fatores, principalmente o crescimentodo animal e o metabolismo, porém não existem ciclos definidos. Em casos de convalescência, períodos reprodutivos ou parasitoses pode haver aumento ou redução da frequência. Em períodos pré-ecdise é comum que ocorre redução do apetite e da atividade ou um escurtecimento da pele, alguns lagartos apresentam um comportamento característico, como os da família Gekkonidae que tendem a comer a pele durante a ecdise.
Os sáurios possuem capacidade de autotomia de cauda, essa autoamputação é utilizada especialmente como modo de defesa, possibilitando sua fuga. Lagartos não possuem diafragma, portanto não possuem divisão entre a vadiade torácica e abdominal, essa cavidade única é conhecida como celoma. Seu coração possui três câmaras cardíacas, dois átrios e um ventrículo, esse ventrículo é subdivido em três subcamaras: cavum venoso, cavum arterial e cavum pulmonar. Portanto, mesmo na ausência dessa divisão completa o conjunto da conformação anatômica dos átrios em relação ao ventrículo e à posição das subcâmaras proporcionam um diferencial de pressão, que, aliado ao ritmo das contrações possibilita que o sangue venoso e arterial se mantenham individualizados. 
Na primeira imagem temos o coração dos lagartos e demais répteis e na segunda a diferença para os crocodilianos. 
O trato urinário dos répteis possui características muito peculiares, seus rins são metanéfricos, não possuem alça de Henle nem pelve renal e seus compostos nitrogenados são excretados na forma de ácido úrico pelos ureteres diretamente na cloaca. Algumas espécies possuem vesícula urinária e a urina vai da cloaca para a vesícula, onde ocorre reabsorção de água e trocas iônicas, espécies sem a vesícula a urina flui da cloaca para o cólon. O sistema porta renal promove drenagem do sangue venoso proveniente da cauda e dos membros pélvicos para o rim, antes de ir para a circulação sistêmica, essa particularidade é importante quando se fala de aplicação medicamentosa, pois torna necessária uma observação para administração de medicamentos em região pélvica e caudal, especialmente medicamentos nefrotóxicos. 
Apresentam dimorfismo sexual variado podendo ser muito evidente em algumas espécies, ocorrendo inclusive disputas e danças de acasalamento. Em todas as espécies, a fecundação ocorre internamente e o órgão sexual dos machos é denominado hemipênis. Em sua maioria são ovíparos, com poucas espécies vivíparas, podendo ocorrer inclusive partenogênese.
O sistema digestório é constituído por um esôfago, um estômago simples, com glândulas secretoras ao longo de toda a parede do órgão. O intestino delgado é mais desenvolvido em espécies carnívoras, enquanto nas herbívoras é curto, sem divisões claras entre duodeno, jejuno e íleo. Já o intestino grosso é mais desenvolvido em herbívoros e o ceco apresenta câmaras dividas por finas membranas que proporcionam fixação da microbiota intestinal. O intestino grosso termina na cloaca na região de coprodeo, a cloaca por sua vez possui mais dois seguimentos, o urodeo e o proctodeo, sendo que o primeiro desembocam os ductos urogenitais e o segundo é a última porção antes da excreção. O fígado é localizado caudal aos pulmões, os lacertídeos apresentam vesícula biliar e pâncreas sendo que em algumas espécies o pâncreas pode se fundir ao baço como nas serpentes, formando o esplenopâncreas. 
· REPRODUÇÃO
São classificados como amniotas e podem ser ovíparos (membros das famílias Teiidae, Iguanidae e Agamidae) ou vivíparos (Scincidae). As espécies vivíparas possuem níveis variados de interação materno-infantil, desde simples troca gasosa (animais lecitotróficos) ou até total suprimento materno (espécies placentotróficas). Existem espécies partenogenéticas, como alguns calangos (Cnemidophorus sp.).
O trato reprodutivo dos machos é constituído por um par de testículos intracavitários, ductos e hemipênis pareados. Os testículos apresentam tamanho variado, atingindo seu maior tamanho durante o pico da espermatogênese. Seu hemipênis está localizado evertido na base da cauda e são utilizados alternadamentedurante a cópula. Já as fêmeas apresentam dois ovários e ovidutos, que terminam na cloca, especificamente no urodeo. O dimorfismo sexual não é muito visível nos jovens, porém animais maduros possuem características para distingui-los. 
Os répteis possuem hábitos reprodutivos sazonais, influenciado por inúmeros fatores abióticos (fotoperíodo, variações de temperatura, umidade, pressão atmosférica). Em cativeiro esses fatores podem ser controlados para predispor ao sucesso da reprodução. 
As espécies vivíparas possuem variações entre os períodos de gestação, de 4 a 11 meses, e quantidade de filhotes, de um a seis, de acordo com a espécie. Já as espécies ovíparas a postura ocorre entre 2 e 4 semanas após a cópula e a quantidade de ovos varia de acordo com a espécie. Membros da família Gekkonidae realizam, em média, três posturas com um a três ovos, enquanto a família Iguanidae e Teidae colocam em média 20 ovos em uma postura. Em cativeiro ovos incubados artificialmente com temperatura e umidade controlados apresentam maior taxa de eclosão. Sendo que a temperatura ideal está em torno de 28ºC a 30°C, umidade em torno de 80% com circulação regular de ar para evitar proliferação de fungos. Nessas condições ideais o tempo de eclosão é em média 60 dias, dependendo da espécie. 
Assim como em outros répteis a temperatura é um método de determinação sexual. Algumas famílias ocorrem determinação genotípica (DSG), podendo apresentar um sistema XY, onde XY representam os machos e XX às fêmeas, ou um sistema ZW, onde machos são ZZ e fêmeas ZW. Outras famílias possuem determinação sexual temperatura-dependente (DSTD). 
 
· NUTRIÇÃO
Os sáurios possuem hábitos alimentares mais variados, podendo ser herbívoros, carnívoros. Algumas espécies possuem hábitos especializados, o jacuruxi (Dracaena guianensis) possui uma dieta baseada em gastrópodes aquáticos e possuem adaptações em sua dentição para trituração de conchas. Espécies herbívoras, como a iguana, alimentam-se principalmente de folhas em vida livre, em cativeiro são utilizados vegetais, frutas e legumes. Para onívoras utiliza-se também uma proteína de origem animal, como insetos, minhocas, ovos ou carne moída, enquanto os carnívoros se alimentam apenas de proteínas de origem animal como presas inteiras, como roedores, peixes ou insetos, adequadas para o tamanho do animal.
Pedaços de carne ou frango, rações para cães, gatos ou peixes podem ser oferecidos como complemento, porém o lado positivo de oferecer presas inteiras é que não há necessidade da suplementação de vitaminas e minerais. Para herbívoros, onívoros e insetívoros é importante uma suplementação na alimentação. 
· INSTALAÇÕES E MANEJO
Assim como os demais répteis os lacertídeos possuem relação íntima com fatores abióticos do ambiente em que vivem. Deste modo, a temperatura, iluminação e umidade do habitat são essenciais para manter uma qualidade de vida desses animais, podem ser utilizados nichos ecológicos diferentes e leves variações de microclima, para que os animais controlem e regulem sua exposição à temperatura e iluminação. A iguana verde (Iguana iguana) possui hábitos essencialmente arborícolas, enquanto a briba (Mabuya sp.) é encontrado sob folhas secas no chão das florestas, em um mesmo fragmento da Mata Atlântica. Se tivermos uma temperatura média de 22°C animais que ficam no topo das árvores como a iguana verde conseguem uma irradiação direta do sol, enquanto o lagarto fossorial irá habitar temperaturas mais baixas, pois fica nas porções mais baixas da floresta. O terrário deve possuir estruturas de maneira a proporcionar todas as condições de iluminação, gradientes de temperatura, umidade e espaço, conforme já mencionado. Para esses gradientes temos diversos produtos que podem auxiliar como pedras aquecidas, placas, cabos ou aquecedores de cerâmica. Lâmpadas podem ser utilizadas, assim como manutenção do fotoperíodo e suprimento das radiações ultravioletas A e B (UVA e UVB).
Os materiais presentes no recinto devem ser de fácil higienização, como vidros e plásticos, telas de arame, alvenaria ou madeira, desde que impermeabilizado. O tamanho do terrário deve atender as necessidades de cada espécie abrigada. Animais terrícolas devem ter mais espaço horizontal que vertical, enquanto animais arborícolas necessitam de mais espaço vertical. 
· TEMPERATURA
Os répteis são animais ectotérmicos, uma característica importante que afeta praticamente todos os aspectos de sua fisiologia. As zonas de conforto térmico são variadas para as espécies, normalmente eles utilizam comportamentos para regular sua temperatura, caso esteja alta eles procuram uma sombra, por exemplo. Outras atitudes também incluem buscar o calor com posições, alterações cardiovasculares, aumento da superfície corpórea e alterações no pigmento da pele para aumentar ou diminuir a absorção de calor.
Algumas atividades fisiológicas são diretamente relacionadas à termorregulação como o forrageamento, processo digestório, reprodução e ecdise. Portanto, as condições de temperatura devem ser adequadas para cada espécie, caso contrário os animais podem comer menos e serem menos ativos, aumentando o estresse do cativeiro, que leva a uma supressão do sistema imunológico e aumento da predisposição a doenças e problemas nutricionais. Em processos infecciosos répteis podem apresentar um sinal clínico chamado de “febre comportamental”, quando animais procuram fontes de calor de forma incessante aumentando cada vez mais sua temperatura corporal. 
· ILUMINAÇÃO:
A radiação solar é composta por fótons e apenas parte deles é visível para o ser humano, a iluminação que deve ser empregada para manter animais ectotérmicos deve possuir os espectros não visíveis também. Lagartos diurnos, especialmente os herbívoros, possuem uma visão tetracromática, com quatro tipos de cones: vermelho, verde, azul e true-UV (possibilita uma visão da radiação UVA). Essa visão está diretamente relacionada ao bem estar animal para localizar alimentos, parceiros reprodutivos, rivais e predadores. A radiação UVB é invisível para répteis, porém acredita-se que o olho parietal é responsável por detectar essa radiação, e ela esta relacionada à produção de vitamina D e com consequentemente com absorção de cálcio nos intestinos, a não suplementação de cálcio pode levar a doenças osteometabólicas graves. 
O sol é a principal fonte essencial para os sáurios, ela compreende todos os espectros necessários. Caso o animal não seja exposto à luz solar em cativeiro é necessário suplementar radiações desde a infravermelha à UVB e não é tão simples. Lâmpadas frias de luz branca não aquecem muito, porém emitem radiação UVA e todo o espectro luminoso, já lâmpadas incandescentes liberam muita energia térmica (infravermelha) e o espectro de luz amarelado. Nenhuma lâmpada regular consegue emitir radiações UVB, sendo necessárias lâmpadas especiais, próprias para terrários.
· CONTENÇÃO FÍSICA E ANESTESIA
Apesar da contenção dos sáurios não ser muito difícil deve se observar alguns aspectos: nunca pegá-los pela cauda, pode ser que eles realizem autotomia, e mesmo durante a manipulação desses animais deve se observar essa possibilidade; lagartos menores podem ser facilmente contidos com uma das mãos sem muitos problemas, porém espécimes da família Gekkonidae em geral tem pele fina e pode se romper durante a contenção. 
Animais maiores, como iguanas e teiús podem morder ou usar a cauda para golpear, além de usarem as garras, portanto devem ser manipulados com cuidado. Utilizando as duas mãos, uma na base do pescoço e da cintura escapular, enquanto a outra segura a cintura pélvica, contendo a cauda sob a axila do manipulador. Animais mais agressivos podem ser contidos com um cambão ou uma toalha. 
A indução anestésica pode ser feita por inalação ou injetável, a anestesia inalatória com isofluorano via máscara ou câmara anestésica é o mais recomendado, por ser mais segura com retorno mais rápido. Fármacos injetáveis como propofol, diazepam, cetamina, medazolam e meperidina podem ser utilizados de acordocom o caso. O propofol via intravenosa é muito utilizado, apresenta tempos de indução e recuperação mais rápidos em relação aos demais injetáveis. É recomendado viabilizar acesso endotraqueal para ventilação assistida, pois o propofol pode causar apneia. Anestesias dissociativas são muito utilizadas e podem ser administradas via intravenosa, intramuscular ou intracelomática. O cloridrato de cetamina associado a benzodiazepínicos, como diazepam ou midazolam, promove boa analgesia e relaxamento muscular, porém com um longo período de recuperação, assim como riscos de depressão cardiorrespiratória. 
Durante qualquer procedimento anestésico a temperatura corpórea tem grande importante e determina dose, metabolização e distribuição do fármaco, assim como na recuperação da anestesia. Uma temperatura ambiente ideal para esses animais é entre 26 e 28°C. O principal acesso venoso para administração de fármacos IV é a veia caudal ventral, para administração intraóssea os ossos longos são escolhidos (úmero, tíbia ou fêmur), a via intracelomática em animais pequenos pode ser utilizada, pois o acesso venoso nesses animais é dificultado. O acesso à cavidade celomática é feito através do flanco direito para evitar a vesícula urinária, presente em algumas espécies.
Em casos de procedimentos rápidos e indolores (pesagem, posicionamento para radiografia e outros) pode se induzir o reflexo vago-vagal onde se aplica uma compressão constante sobre os dois olhos do animal, dessa forma ocorre uma imobilização momentânea que pode ser revertida com um simples estímulo. A incubação traqueal é fácil de ser realizada, pois os répteis não possuem epiglote e a abertura da sua glote é mais rostral que as demais espécies, a glote permanece fechada e é necessário esperar a aspiração para colocar a sonda. 
· DIAGNÓSTICO
Técnicas utilizadas para animais domésticos podem ser empregadas na medicina de lagartos, porém as técnicas e resultados devem ser adequados. Exames hematológicos são importantes para direcionar o diagnóstico, nesse caso a veia caudal ventral é normalmente usada para venipunção, porém pode se usar a jugular, veias do plexo braquial ou até mesmo cardiocentese. Amostras colhidas para hemograma devem ser acondicionadas em tubos com heparina ou EDTA, porém para répteis a heparina é mais recomendada, não podem ser processadas em contadores automáticos (identificam células nucleadas), pois esses animais possuem hemácias nucleadas. Assim, é necessário diluir a amostra em solução isotônica de Natt-Herrick e a contagem deve ser visual com o auxilio da câmara de Neubauer. Células sanguíneas encontradas em lagartos são eritrócitos, trombócitos, linfócitos, monócitos, heterofilos, eosinófilos e basófilos. 
Os valores de referências para hemograma e bioquímica sérica variam bastante e são muito afetados por fatores ambientais (temperatura, umidade e nutrição) e fatores sazonais (estado reprodutivo e idade) podem gerar algumas variações consideradas normais. Recomenda-se um banco de dados dos animais da região em diversas épocas para que dessa forma faça-se um padrão esperado e ter maior precisão diagnóstica.
Os demais exames como cultura de bactérias, fungos e antibiograma, assim como o coproparasitológico periódico são muito importantes e devem ser realizados sempre que possível. Exames radiográficos também são muito usados, já outras técnicas como tomografia computadorizada e ressonância magnética ainda são caros e não muito acessados na área de selvagens.
· CIRURGIA
As cirurgias em lagartos são comuns e é fundamental o conhecimento anatômico e fisiológico desses animais para o sucesso do procedimento. As principais indicações cirúrgicas são distocia, peritonite, cistotomia, remoção de abcessos, biopsia e fraturas. 
Remoção cirúrgica de ovo distócico
Para acesso à cavidade celomática é realizada uma incisão ventral paramedial para evitar danos à veia abdominal ventral, que está localizada na linha média, entre a cicatriz umbilical e a cintura pélvica. A incisão da pele deve ser realizada entre as escamas e utilizar suturas evaginantes é fundamental, pois a pele tende a inversão atrapalhando a cicatrização. Em espécies menores lateralmente, como camaleões, a incisão deve ser realizada no flanco, caudal ao último arco costal. 
O processo cicatricial dos répteis é mais lento que de mamíferos, portanto as suturas devem permanecer pelo menos quatro semanas. 
Fonte: Tratado de animais selvagens, Cuba e col., 2014.
Autora: Daniela Fonte Boa Melo.
Instagram: @daniela.f.b.m

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