Buscar

Cannabis na Adolescência e Esquisofrenia - O que sabem os jovens e o que devem saber

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 119 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 119 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 119 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

CURSO DE MESTRADO EM ENFERMAGEM DE SAUDE MENTAL E PSIQUIATRIA 
 
 
 
 
 
 
CANNABIS NA ADOLESCÊNCIA E 
ESQUIZOFRENIA – O que sabem os 
jovens e o que devem saber 
 
 
 
 
 
 
 
Carmen Flora Xavier de Oliveira 
 
Coimbra, Abril de 2012 
 
 
CURSO DE MESTRADO EM ENFERMAGEM DE SAUDE MENTAL E PSIQUIATRIA 
 
 
 
 
CANNABIS NA ADOLESCÊNCIA E 
ESQUIZOFRENIA – O que sabem os 
jovens e o que devem saber 
 
 
 
Carmen Flora Xavier de Oliveira 
Orientadora Professora Doutora Aida Maria de Oliveira Cruz Mendes da Escola Superior de 
Enfermagem de Coimbra 
Co-Orientadora Professora Doutora Maria Luísa da Silva Brito da Escola Superior de 
Enfermagem de Coimbra 
 
 
Dissertação apresentada à Escola Superior de Enfermagem de Coimbra para 
obtenção de grau de Mestre em Enfermagem de Saúde Mental e Psiquiatria 
 
 
Coimbra, Abril de 2012 
 
 
DEDICATÓRIA 
Dedicamos este trabalho a todos os que nos momentos de maior stress e angústia, 
nos souberam ouvir e compreender, dando-nos força e reforços positivos para 
continuar, no fundo aqueles que com muito carinho chamamos de “amigos”. 
Dedicamo-lo, também à nossa família… Em especial ao To Zé e à Beatriz. 
 
 
 
AGRADECIMENTOS 
Em primeiro lugar o meu agradecimento é para a Professora Maria Luísa da Silva 
Brito, excelente orientadora deste trabalho, que demonstrou e transmitiu sempre total 
disponibilidade, competência e interesse ao longo desta caminhada, tendo sido 
indiscutivelmente um agradável estímulo para a sua realização. 
Gostaríamos também de agradecer à Enfermeira Aliete Cunha Oliveira, pelo desafio e 
apoio disponibilizado. 
À Dr.ª Conceição Mendes, Dr.ª Ana Catroga e Dr.ª Olga Rodrigues e restantes 
Professores e Funcionários envolvidos. 
A todos os alunos que facultaram a realização deste trabalho. 
Aos Colegas do Serviço de Psiquiatria Mulheres e à Enfermeira Chefe, pela 
disponibilidade e apoio nos momentos mais críticos. 
Aos Colegas do Curso, pela total solidariedade, cumplicidade e apoio emocional nos 
momentos mais difíceis, o meu sentido agradecimento e os maiores sucessos ao 
longo das vossas vidas. 
À minha família, por todo o apoio e convívio que lhes privei, pela paciência e interesse 
demonstrado. 
Por fim, a todos os que tornaram possível a realização deste trabalho e não foram 
mencionados. 
Muito Obrigada… 
 
 
 
SIGLAS 
 
ACES Agrupamentos de Centros de Saúde 
CHPC Centro Hospitalar Psiquiátrico de Coimbra 
CNRSSM Comissão Nacional para a Reestruturação dos Serviços de Saúde 
Mental 
EEESM Enfermeiro Especialista em Enfermagem de Saúde Mental 
EU European Union 
GEPE Gabinete de Estatística e Planeamento da Educação 
HBSC Health Behaviour in School-aged Children 
IDT Instituto da Droga e da Toxicodependência 
LSD Dietalamida do Àcido Lisérgico 
OEDT Observatório Europeu da Droga e da Toxicodependência 
OMS Organização Mundial de Saúde 
PNS Plano Nacional de Saúde 
PNSE Programa Nacional de Saúde Escolar 
PNSM Plano Nacional de Saúde Mental 
SPSS Statistical Package for the Social Sciences 
THC Tetrahidrocannabinol 
UCC Unidade de Cuidados na Comunidade 
 
 
 
RESUMO 
Em Portugal, entre 2001 e 2007, registou-se um aumento do consumo de cannabis de 
12,4% para 17% na população jovem adulta (IDT, 2008). Os estudos científicos mais 
recentes apontam para uma relação causal entre o uso de cannabis na adolescência e 
o aumento da ocorrência de esquizofrenia. Dada a gravidade desta patologia, 
considera-se por isso necessário intervir, de forma preventiva e o mais precocemente 
possível. As questões de investigação formuladas foram as seguintes: 
 Qual o conhecimento dos jovens acerca da relação entre cannabis e 
esquizofrenia? 
 Que intervenções podem ser realizadas para promover a saúde mental destes 
jovens, em função dos ciclos escolares? 
Pretende-se assim realizar o diagnóstico de situação acerca do conhecimento dos 
jovens sobre a cannabis e a sua relação com a esquizofrenia, seguindo-se a 
formulação de propostas de intervenção nesta área. 
Foi para isso desenvolvido um estudo de caráter descritivo e exploratório, com base 
numa amostra aleatória estratificada, constituída por estudantes do 2º e 3º ciclo e 
secundário das escolas da área de abrangência do Centro de Saúde de Celas, num 
total de 688 alunos. A colheita de dados foi realizada através de um questionário de 
autopreenchimento, por nós elaborado, respondido em sala de aula, seguindo-se, a 
pretexto da sua correção, uma sessão de educação para a saúde sobre o tema – 
“Cannabis e Esquizofrenia na Adolescência – o que sabem os jovens e o que devem 
saber? ”. O tratamento dos dados baseou-se na estatística descritiva. 
Os resultados deste nosso estudo, permitiram-nos concluir existir ainda muita falta de 
informação acerca da relação entre o consumo de cannabis e a ocorrência mais 
frequente e precoce de esquizofrenia e, que ações de educação para a saúde, mesmo 
de curta duração, estruturadas e desenvolvidas com base nos conhecimentos 
identificados, são eficazes na aquisição de conhecimentos e na mudança de algumas 
atitudes e comportamentos nos adolescentes. 
 
 
 
ABSTRACT 
In Portugal, between 2001 and 2007 there was an increase in the cannabis 
consumption from 12, 4% to 17% among the young adult population (IDT, 2008). The 
latest scientific studies point to a relation between the use of cannabis in the 
adolescence and the increase of schizophrenia occurrences. Due to the seriousness of 
this pathology, it is, therefore, necessary to intervene in a preventive way as soon as 
possible. The investigation questions formulated were the following: 
 What is the young people’s knowledge about the relation between cannabis use 
and schizophrenia? 
 What interventions can be done to promote the mental health of these young 
people according to the school cycles? 
It is, thus, intended to diagnose young people’s knowledge about the use of cannabis 
and its relation to schizophrenia and present the intervention proposals in this area. 
Therefore, a descriptive and exploratory study was carried out based on a random 
and stratified sample composed of a total of 688 students(elementary and 
secondary)who attend the schools in the area of the Celas Health Center. The data 
collection was carried out through an individual questionnaire answered in the 
classroom and elaborated by us. On the pretext of its correction, there was a health 
education session on the topic-”Cannabis and Schizophrenia in Adolescence”- what do 
young people know and what should they know about it?” The data treatment was 
based on descriptive statistics. 
The results of this study allowed us to conclude that there is still a lack of information 
on the relation between the consumption of cannabis and the more frequent and 
precocious occurrences of schizophrenia and that even short, but structured health 
education sessions, developed based on the identified knowledge, are effective in the 
acquisition of information and in the change of some attitudes and behaviours in the 
adolescents. 
 
 
 
ÍNDICE DE TABELAS 
 Pag. 
TABELA 1 Distribuição dos alunos segundo o género 43 
TABELA 2 Distribuição dos alunos segundo o género e o grupo de idades 44 
TABELA 3 Distribuição dos alunos segundo o género e o ano de 
escolaridade 
44 
TABELA 4 Distribuição dos pais dos alunos segundo o grupo profissional 45 
TABELA 5 Distribuição dos alunos acerca do conhecimento dos nomes 
habituais pelos quais é conhecida a cannabis 
46 
TABELA 6 Distribuição dos alunos segundo o conhecimento que têm 
acerca dos efeitos da cannabis 
47 
TABELA 7 Distribuição dos alunos segundo o conhecimento que têm 
acerca dos mecanismos de ação e efeitos do consumo regular 
de cannabis 
48 
TABELA 8 Distribuição dos alunos segundo a opinião que têm acerca das 
motivações dos jovens para o consumo de cannabis 
49 
TABELA 9 Distribuiçãodos alunos segundo a perceção que têm acerca 
dos efeitos sobre as funções cognitivas e comportamentais 
decorrentes do consumo repetido e regular de cannabis 
50 
TABELA 10 Distribuição dos alunos segundo a sua perceção acerca dos 
comportamentos dos jovens decorrentes do consumo repetido 
e regular de cannabis 
52 
TABELA 11 Distribuição dos alunos segundo as suas principais fontes de 
informação acerca da cannabis 
53 
TABELA 12 Distribuição dos alunos segundo o conhecimento que têm 
acerca da esquizofrenia 
54 
TABELA 13 Distribuição dos alunos segundo o conhecimento que têm 
acerca da sintomatologia associada à esquizofrenia 
55 
TABELA 14 Distribuição dos alunos segundo a sua perceção acerca da 
etiologia da esquizofrenia 
57 
TABELA 15 Distribuição dos alunos segundo a perceção que têm sobre as 
semelhanças encontradas entre os efeitos da cannabis e os 
sintomas da esquizofrenia 
58 
TABELA 16 Ordenação das respostas dos alunos que referiram 
semelhanças entre os efeitos da cannabis e alguns sintomas 
da esquizofrenia 
58 
TABELA 17 Distribuição acerca da eventual patologia/causa apresentada 
pelo jovem dado como exemplo 
59 
TABELA 18 Distribuição dos alunos segundo o conhecimento acerca da 
relação entre o consumo 
60 
TABELA 19 Distribuição dos alunos segundo o conhecimento acerca da 
relação entre o consumo de cannabis e o aumento do risco de 
se ter esquizofrenia 
60 
 
 
 
ÍNDICE 
 Pag. 
INTRODUÇÃO 11 
 
PPAARRTTEE UUMM:: EENNQQUUAADDRRAAMMEENNTTOO TTEEÓÓRRIICCOO 17 
CAPITULO I. COMPREENDER A ADOLESCÊNCIA 19 
1. ADOLESCÊNCIA 19 
1.1. A IMPORTÂNCIA DA FAMILIA NA FORMAÇÃO DA IDENTIDADE DO 
ADOLESCENTE 
 
21 
1.2. O GRUPO DE PARES E A ESCOLA 22 
2. CANNABIS NA ADOLESCÊNCIA 24 
3. ESQUIZOFRENIA 27 
4. INTERVENÇÃO NAS ESCOLAS 30 
 
PPAARRTTEE DDOOIISS:: EESSTTUUDDOO EEMMPPÍÍRRIICCOO 35 
CAPITULO II. METODOLOGIA 37 
1. QUESTÕES DE INVESTIGAÇÃO 37 
2. TIPO DE ESTUDO 37 
3. INSTRUMENTO DE COLHEITA DE DADOS 38 
4. PROCEDIMENTOS ÉTICOS E LEGAIS NA COLHEITA DE DADOS E 
CONSTITUIÇÃO DA AMOSTRA 
 
39 
5. TRATAMENTO DOS DADOS 42 
CAPITULO III. APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS 43 
1. CARACTERIZAÇÃO SOCIODEMOGRÁFICA DA AMOSTRA 43 
2. CONHECIMENTO DOS ALUNOS ACERCA DA CANNABIS 45 
3. CONHECIMENTO DOS ALUNOS ACERCA DA ESQUIZOFRENIA 53 
CAPITULO IV. DISCUSSÃO DOS RESULTADOS 61 
CAPITULO V. CONCLUSÕES E SUGESTÕES 70 
BIBLIOGRAFIA 76 
APÊNDICES 
APÊNDICE I Questionário de Colheita de Dados 
APÊNDICE II Pedido Formal à Coordenadora do Projeto da Unidade de 
Cuidados na Comunidade 
 
APÊNDICE III Sessão de Educação para a Saúde sobre o tema: “Cannabis e 
Esquizofrenia na Adolescência – o que sabem os jovens, e o 
que devem saber?” 
 
APÊNDICE IV Carta de Pedido de Autorização aos Pais/Encarregados de 
Educação 
 
ANEXOS 
ANEXO I Programa de Saúde Escolar sobre o tema - “Consumo de 
Substâncias Psicoativas” da Unidade de Cuidados na 
Comunidade - Ares do Mondego Coimbra 
 
 
 
 
 
 
CANNABIS NA ADOLESCÊNCIA E ESQUIZOFRENIA – O que sabem os jovens e o que devem saber 
_______________________________________________________________________________________ 
 _______________________________________________________________________________________ 
 ______________________________________________________________________________________ 
_______________________________________________________________________________________ 
 _______________________________________________________________________________________ 
 _______________________________________________________________________________________ 
 
CARMEN OLIVEIRA 11 
 
 
INTRODUÇÃO 
A esquizofrenia é uma doença mental grave e crónica, muito incapacitante, que afeta 
não só a forma como a pessoa pensa e sente as coisas, assim como o seu modo de 
se relacionar com os outros. Estima-se que a sua prevalência seja aproximadamente 
de 1% da população geral, afetando cerca de 100.000 pessoas em Portugal 
(CNRSSM, 2007). 
Manifesta-se habitualmente no final da adolescência ou inicio da idade adulta, sendo 
mais precoce nos jovens do sexo masculino, entre os 15 e os 25 anos, surgindo mais 
tardiamente nos jovens do sexo feminino entre os 25 e os 30 anos de idade (Afonso, 
2010). 
A doença, pode manifestar-se de forma súbita, através de um surto psicótico, ou de 
forma insidiosa. Os sintomas relacionam-se com aspetos que envolvem o pensamento 
(forma e conteúdo), a perceção, o rendimento cognitivo, a afetividade e o 
comportamento, levando a défices nas relações interpessoais, com perda de contacto 
com a realidade (Afonso, 2010). 
Não podemos atualmente definir uma causa específica para a esquizofrenia, no 
entanto considera-se que a sua etiopatogenia seja multifatorial (Afonso, 2010; Van Os 
J et al., 2008; Oliveira e Moreira, 2007), que pode ser potenciada por fatores 
ambientais, se existir predisposição genética e vulnerabilidade biológica no indivíduo 
(Afonso, 2010). 
Existem evidências crescentes, tanto epidemiológicas como biológicas de que o 
consumo de cannabis pode desencadear o início da esquizofrenia. Como afirma 
Parolano (2010), as características do desenvolvimento neuronal do adolescente 
provavelmente criam circunstâncias mais vulneráveis à cannabis, produzindo sintomas 
psicóticos e possivelmente causando esquizofrenia. 
Durante o Ensino Clínico em Enfermagem de Saúde Mental Comunitária, do Curso de 
Enfermagem de Especialização em Saúde Mental e Psiquiatria que decorreu no 
Centro de Saúde de Celas em Coimbra, tivemos a oportunidade de colaborar na Área 
da Saúde Escolar, apercebemo-nos da necessidade das populações estudantis em 
obter conhecimentos adequados nesta área. 
CANNABIS NA ADOLESCÊNCIA E ESQUIZOFRENIA – O que sabem os jovens e o que devem saber 
_______________________________________________________________________________________ 
 _______________________________________________________________________________________ 
 ______________________________________________________________________________________ 
_______________________________________________________________________________________ 
 _______________________________________________________________________________________ 
 _______________________________________________________________________________________ 
 
CARMEN OLIVEIRA 12 
Como Profissionais da Área da Saúde Mental ao mostrar interesse por esta temática, 
e em particular pela correlação entre o consumo de cannabis e o risco de 
esquizofrenia, levou a que nos fosse feito o convite pela Enfermeira Coordenadora da 
Saúde Escolar, para conhecer o novo projeto – Unidade de Cuidados na Comunidade 
(UCC) – Ares do Mondego, do qual é também Coordenadora, em colaboração com 
outros profissionais da área da saúde. 
Este é um projeto comunitário, que pretende responder de forma eficaz e eficiente às 
necessidades da população, sendo a comunidade estudantil uma prioridade no âmbito 
da saúde escolar. Dos profissionais envolvidos, nenhum é da área da Saúde Mental e 
Psiquiatria. 
O interesse por nós demonstrado, e o facto de sermos Enfermeiros com formação e 
experiência na Área da Saúde Mental, foram responsáveis pela proposta feita pela 
Enfermeira Coordenadora da UCC, em trabalhar esta área tão específica, deixando-
nos especialmente gratos e empenhados em desenvolver este trabalho, como 
Enfermeiros Especialistas em Enfermagem de Saúde Mental e Psiquiatra. 
Consideramos que a importância atribuída aos Enfermeiros Especialistas de Saúde 
Mental se revelou pertinente para o estudo em causa, pois além da sua experiência na 
práticade cuidar pessoas com perturbações mentais, são os profissionais que reúnem 
competências no desenvolvimento de intervenções terapêuticas eficazes na promoção 
e proteção da saúde mental, na prevenção da doença mental, no tratamento e na sua 
reabilitação psicossocial. 
O Programa de Saúde Escolar definido para esta população destaca entre outros 
aspetos, a importância da adoção/manutenção de hábitos de vida saudáveis, incluindo 
no seu Programa de Saúde Escolar o tema: Consumo de Substâncias Psicoativas. 
Deste modo, iremos dar resposta a este tema, mais concretamente à Atividade A33 do 
referido programa – “realização do diagnóstico de situação sobre conhecimentos, 
comportamentos e atitudes relacionadas com o consumo de substâncias psicoativas”, 
optando-se por incidir especificamente na prevenção dos consumos de cannabis, 
referente aos alunos das escolas da área de abrangência do Centro de Saúde de 
Celas, para que futuramente essa informação possa vir a ser utilizada por um grupo de 
trabalho com responsabilidades de planeamento, organização, implementação e 
avaliação de atividades relacionadas com a promoção de estilos de vida saudáveis 
nesta população. 
CANNABIS NA ADOLESCÊNCIA E ESQUIZOFRENIA – O que sabem os jovens e o que devem saber 
_______________________________________________________________________________________ 
 _______________________________________________________________________________________ 
 ______________________________________________________________________________________ 
_______________________________________________________________________________________ 
 _______________________________________________________________________________________ 
 _______________________________________________________________________________________ 
 
CARMEN OLIVEIRA 13 
O Consumo de Substâncias Psicoativas é um problema comum a um grande número 
de adolescentes, devido às características desta fase da sua vida, com 
vulnerabilidades diversas tanto a nível neurodesenvolvimental, como a nível das 
relações que estabelece com a família, grupo de pares e escola. 
Sendo a Esquizofrenia uma doença mental grave, muito incapacitante, que tem o seu 
início na adolescência e que pode ser potenciada por consumos de cannabis, em 
indivíduos com vulnerabilidade biológica e predisposição genética, torna-se 
absolutamente pertinente a realização deste estudo, levando-nos a formular as 
seguintes questões de investigação: 
 Qual o conhecimento dos jovens acerca da relação entre cannabis e 
esquizofrenia? 
 Que intervenções podem ser realizadas para promover a saúde mental destes 
jovens, em função dos ciclos escolares? 
Seguidamente definimos os objetivos para este nosso trabalho, relembrando que num 
trabalho de investigação representam aquilo que o investigador pretende alcançar. 
Estes servem de orientação para toda a pesquisa, indo de encontro às questões de 
investigação formuladas. 
Assim no nosso estudo, definimos como objetivo geral: 
 Colaborar no Programa de Saúde Escolar da UCC- Ares do Mondego do 
Centro de Saúde de Celas, como Enfermeiros de Saúde Mental e Psiquiatria. 
Como objetivos específicos, definimos: 
 Avaliar o conhecimento dos jovens acerca da cannabis 
 Avaliar o conhecimento dos jovens acerca da esquizofrenia 
 Identificar o conhecimento dos jovens acerca da relação entre cannabis e 
esquizofrenia 
 Identificar necessidades específicas de informação em cada ciclo escolar (2º e 
3º ciclos e secundário) 
 Intervir ao nível da promoção da Saúde Mental, através da transmissão de 
conhecimentos sobre as temáticas analisadas 
 Elaborar propostas de intervenção para cada ciclo escolar 
Este trabalho “Cannabis na Adolescência e Esquizofrenia – o que sabem os jovens e o 
que devem saber” - inclui numa primeira parte o enquadramento teórico, onde são 
abordadas questões relativas à adolescência, como a importância da família, grupo de 
CANNABIS NA ADOLESCÊNCIA E ESQUIZOFRENIA – O que sabem os jovens e o que devem saber 
_______________________________________________________________________________________ 
 _______________________________________________________________________________________ 
 ______________________________________________________________________________________ 
_______________________________________________________________________________________ 
 _______________________________________________________________________________________ 
 _______________________________________________________________________________________ 
 
CARMEN OLIVEIRA 14 
pares e escola, e de que forma estes podem influenciar os comportamentos destes 
jovens, de modo a torná-los mais responsáveis e autónomos nas suas tomadas de 
decisão. 
Apresentamos uma breve abordagem sobre a cannabis e a adolescência, 
evidenciando a prevalência de consumos nesta fase da vida dos jovens e os riscos 
associados ao seu consumo, apresentando estudos que comprovam a evidência, de 
que efetivamente o consumo de cannabis é um factor de risco para a ocorrência de 
esquizofrenia. Para melhor compreensão desta problemática, fazemos também uma 
breve apresentação da esquizofrenia, no que respeita às características da doença e 
etiopatogenia. 
Terminamos este capítulo, com uma referência às questões relativas à intervenção 
nas escolas, fazendo de forma breve o seu enquadramento legal, assumindo que a 
prevenção através de sessões de educação para a saúde nas escolas, junto destes 
jovens, é a ferramenta ideal para a promoção de hábitos de vida saudáveis, reduzindo 
assim comportamentos de risco, através de atitudes assertivas e responsáveis. Estas 
intervenções devem também ser dirigidas aos pais, professores e a toda a 
comunidade educativa. 
A segunda parte deste trabalho -estudo empírico -, integra o capítulo II (Metodologia), 
onde estão formuladas as questões de investigação, definindo também os métodos 
utilizados para obter as respostas às questões de investigação formuladas. O tipo de 
estudo que escolhemos foi o descritivo e exploratório, pois permite além da descrição 
dos factos, um maior conhecimento do estudo de uma forma global. Para instrumento 
de colheita de dados optámos por um questionário de autopreenchimento, onde foi 
realizado o pré teste, a uma pequena amostra. Foram cumpridos os procedimentos 
éticos e legais, tanto na colheita de dados, como na constituição da amostra. 
No capítulo III (Apresentação e Análise dos Resultados), começamos por apresentar a 
caracterização sócio demográfica da amostra, seguindo-se os dados obtidos relativos 
ao conhecimento dos alunos sobre a cannabis e sobre a esquizofrenia. A 
apresentação dos dados foi feita através de tabelas, e a sua análise baseou-se na 
estatística descritiva. 
 O capítulo IV, refere-se à Discussão dos Resultados, sendo feita uma reflexão sobre 
os aspetos metodológicos do trabalho, assim como sobre as características da 
amostra e resultados obtidos relativamente às questões de investigação. Pretendemos 
com esta reflexão, integrar os aspectos teóricos relacionados com a problemática em 
CANNABIS NA ADOLESCÊNCIA E ESQUIZOFRENIA – O que sabem os jovens e o que devem saber 
_______________________________________________________________________________________ 
 _______________________________________________________________________________________ 
 ______________________________________________________________________________________ 
_______________________________________________________________________________________ 
 _______________________________________________________________________________________ 
 _______________________________________________________________________________________CARMEN OLIVEIRA 15 
estudo, assim como analisar as implicações para a prática, tendo presente o 
enquadramento sociopolítico e legal das intervenções preconizadas. 
Concluímos o nosso trabalho com algumas sugestões, onde apresentamos uma 
perspetiva global da forma como desenvolvemos o estudo, deixando propostas de 
intervenção baseadas nos resultados obtidos, que no nosso entender poderão e 
deverão sustentar intervenções de promoção da saúde mental a ser utilizadas pelos 
Enfermeiros de Saúde Mental nos Centros de Saúde e em particular no Centro de 
Saúde de Celas. 
 
CANNABIS NA ADOLESCÊNCIA E ESQUIZOFRENIA – O que sabem os jovens e o que devem saber 
_______________________________________________________________________________________ 
 _______________________________________________________________________________________ 
 ______________________________________________________________________________________ 
_______________________________________________________________________________________ 
 _______________________________________________________________________________________ 
 _______________________________________________________________________________________ 
 
CARMEN OLIVEIRA 16 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CANNABIS NA ADOLESCÊNCIA E ESQUIZOFRENIA – O que sabem os jovens e o que devem saber 
_______________________________________________________________________________________ 
 _______________________________________________________________________________________ 
 ______________________________________________________________________________________ 
_______________________________________________________________________________________ 
 _______________________________________________________________________________________ 
 _______________________________________________________________________________________ 
 
CARMEN OLIVEIRA 17 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PPAARRTTEE UUMM:: EENNQQUUAADDRRAAMMEENNTTOO TTEEÓÓRRIICCOO 
 
CANNABIS NA ADOLESCÊNCIA E ESQUIZOFRENIA – O que sabem os jovens e o que devem saber 
_______________________________________________________________________________________ 
 _______________________________________________________________________________________ 
 ______________________________________________________________________________________ 
_______________________________________________________________________________________ 
 _______________________________________________________________________________________ 
 _______________________________________________________________________________________ 
 
CARMEN OLIVEIRA 18 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CANNABIS NA ADOLESCÊNCIA E ESQUIZOFRENIA – O que sabem os jovens e o que devem saber 
_______________________________________________________________________________________ 
 _______________________________________________________________________________________ 
 ______________________________________________________________________________________ 
_______________________________________________________________________________________ 
 _______________________________________________________________________________________ 
 _______________________________________________________________________________________ 
 
CARMEN OLIVEIRA 19 
 
 
CAPITULO I. COMPREENDER A ADOLESCÊNCIA 
 
1. ADOLESCÊNCIA 
A adolescência é considerada uma etapa do desenvolvimento humano caracterizada 
por transformações profundas, onde se verifica uma marcada atividade de 
crescimento, não apenas físico mas também cognitivo, afetivo, psicológico e 
relacional, estando em importante relação com fatores sociais e contextuais 
nomeadamente a família, grupo de pares e escola. É nesta fase que o adolescente 
desenvolve características pessoais e sociais imprescindíveis, que o acompanham 
posteriormente na vida adulta. 
Este período de transição da infância para a idade adulta, impõe uma abordagem 
particular, sendo fundamental compreender efetivamente o mais possível sobre 
adolescência. Etiologicamente a palavra adolescência advêm de duas raízes latinas 
inter-relacionadas: ad (a, para) e olescer (crescer), e ainda de adolesce (origem da 
palavra adoecer). 
Isto significa dizer que a adolescência, devido às transformações biopsicossociais que 
ocorrem nessa fase de desenvolvimento da pessoa, é marcada tanto pela capacidade 
para o crescimento físico, emocional e psicológico, como por um elevado potencial 
para o adoecimento (Costa, 2006;apud Machado, 2009). 
Segundo a perspetiva de Erickson (1987), esta fase do desenvolvimento humano 
carateriza-se pelo estádio - Identidade versus Confusão, onde se verificam 
acontecimentos relevantes para a personalidade adulta. Este estádio atinge contornos 
diferentes, devido à crise psicossocial que nele decorre, no entanto cada estádio 
contribui para a formação da identidade. 
Cada estádio é uma crise básica, que será mais evidente em cada estádio específico, 
mas também nos seguintes, a nível de consequências, tendo raízes prévias nos 
anteriores. É nesta fase que o adolescente se testa a si próprio, de forma a 
compreender a sua singularidade e assim perceber qual o seu papel no mundo, 
passando pela chamada moratória psicossocial. 
CANNABIS NA ADOLESCÊNCIA E ESQUIZOFRENIA – O que sabem os jovens e o que devem saber 
_______________________________________________________________________________________ 
 _______________________________________________________________________________________ 
 ______________________________________________________________________________________ 
_______________________________________________________________________________________ 
 _______________________________________________________________________________________ 
 _______________________________________________________________________________________ 
 
CARMEN OLIVEIRA 20 
Como salientam Monteiro e Santos (2002,p.56) - ” Esta moratória é um compasso de 
espera nos compromissos adultos. É um período de pausa necessária a muitos 
jovens, de procura de alternativas e de experimentação de papéis, que vai permitir um 
trabalho de elaboração interna”. Esta é a vertente positiva deste estádio, em que o 
adolescente adquire a sua própria identidade pessoal. 
O versus negativo – Confusão, faz referência aos aspetos de quem ainda não se 
descobriu a si próprio, não sabendo o que pretende, tendo muitas dificuldades em 
optar, e consequentemente em se afirmar. 
Do ponto de vista cronológico, a Organização Mundial da Saúde (OMS), define a 
adolescência como a faixa etária compreendida entre os 10 e os 19 anos. Segundo 
critérios físicos abrange as modificações anatómicas e fisiológicas que transformam a 
criança em adulto, correspondendo ao período que vai desde o aparecimento dos 
caracteres sexuais secundários e início da aceleração do crescimento, até o apogeu 
do desenvolvimento com a paragem do crescimento (Faustini et al, 2003). 
A adolescência e o período do jovem adulto é caraterizada por mudanças críticas no 
crescimento cerebral, uma vez que compreende a maturação cognitiva, emocional e 
social, sendo o cérebro do adolescente um cérebro de transição, que em termos 
anatómicos e neuro químicos difere do cérebro do individuo adulto. 
Psicologicamente, o adolescente estabelece uma identidade pessoal queé 
atravessada por desequilíbrios e instabilidades extremas que envolve riscos e medos. 
A formação da identidade pessoal é um processo dinâmico, em permanente mudança, 
encarado como integrador das transformações pessoais, das exigências sociais assim 
como das expetativas relativas ao futuro. 
Erickson (1991; citado por Sprinthall & Collins, 2008, p.202) é da opinião que a 
formação da identidade envolve: 
“A criação de um sentido de unicidade; a unidade da personalidade é sentida 
agora, pelo indivíduo e reconhecida pelos outros, como tendo uma certa 
consistência ao longo do tempo – como se fosse, por assim dizer um fator 
histórico irreversível ”. 
Ballone (2003; citado por Machado 2009, p.8) reforça que “… é uma etapa 
particularmente rica em possibilidades desestabilizadoras…” sendo esta ideia também 
corroborada por Silva e Deus (2005), que referem que nesta fase de transformações 
físicas e emocionais, o adolescente sente a necessidade de se confrontar, de 
CANNABIS NA ADOLESCÊNCIA E ESQUIZOFRENIA – O que sabem os jovens e o que devem saber 
_______________________________________________________________________________________ 
 _______________________________________________________________________________________ 
 ______________________________________________________________________________________ 
_______________________________________________________________________________________ 
 _______________________________________________________________________________________ 
 _______________________________________________________________________________________ 
 
CARMEN OLIVEIRA 21 
experimentar limites, mesmo de os transgredir, e na tentativa de fugir das angústias e 
ansiedades causadas por tais mudanças, pode procurar refúgio no uso de drogas. As 
dificuldades com a imagem corporal, a intolerância em relação aos familiares e a 
sensação de omnipotência podem levar a tal comportamento de risco. 
Quanto maior o nível de saúde mental do jovem, mais ele tende a utilizar estratégias 
saudáveis para lidar com a angústia, ansiedade e fragilidade. O grupo a quem o jovem 
recorre, embora contribua para a separação parental, constitui um fator de risco, à 
medida que funciona como uma caixa-de-ressonância, um amplificador dos 
comportamentos desviantes. 
O consumo de drogas pode ser visto pelo adolescente como uma forma pela qual este 
pode tentar insurgir-se contra a autoridade parental, legal e da sociedade, podendo 
para além de isso ser encarado pelo adolescente como uma forma de socialização, 
que possibilita a sua integração num grupo ou a não exclusão deste. Assim a 
adolescência, tem por vezes, a capacidade cruel de poder desviar o curso de vida dos 
jovens de forma irreversível. 
 
 
1.1. A IMPORTÂNCIA DA FAMILIA NA FORMAÇÃO DA IDENTIDADE DO 
ADOLESCENTE 
A influência da família no desenvolvimento do adolescente tem repercussões muito 
importantes que irão determinar a forma como este se vai relacionar com os seus pais, 
grupo de pares e amigos, assim como se irá formar enquanto Pessoa. Este 
crescimento considera-se bem sucedido, quando a adolescência se converte num 
período de sucessos, resultantes numa identidade estável e saudável, tornando-se o 
jovem num adulto com um sistema de crenças e valores bem definidos. 
Sprinthall & Collins (2008,p.295) reforçam esta ideia ao afirmar que a família tem sido 
encarada como o “ponto crucial da identidade”. 
A comunicação no seio da família deve permitir que se respeitem as opiniões de 
todos, comunicando-se de forma transparente, para que as decisões tomadas sejam 
devidamente esclarecidas, estabelecendo-se sempre uma relação afetuosa, 
permitindo o desenvolvimento positivo do seu autoconceito e autoestima tão 
CANNABIS NA ADOLESCÊNCIA E ESQUIZOFRENIA – O que sabem os jovens e o que devem saber 
_______________________________________________________________________________________ 
 _______________________________________________________________________________________ 
 ______________________________________________________________________________________ 
_______________________________________________________________________________________ 
 _______________________________________________________________________________________ 
 _______________________________________________________________________________________ 
 
CARMEN OLIVEIRA 22 
importantes nesta fase da vida, assim como das suas competências e 
responsabilidades sociais, da sua independência e autonomia. 
A conquista de autonomia, que se irá consolidar na idade adulta, só é possível se a 
relação com os pais for segura, saudável e de confiança para os adolescentes. 
Obviamente que a relação com os pais sofre algumas alterações, pois o jovem vai 
reservando mais a sua intimidade, solicitando menos os pais para a resolução dos 
seus problemas, assim como partilhando menos tempo e atividades com eles. 
Por vezes neste processo educativo, os pais sentem-se inseguros e com muitas 
dúvidas e receios, colocando em causa uma negociação com sucesso relativamente à 
autonomia dos seus filhos. As regras e papéis dos vários elementos da família têm 
que ser negociadas e renegociadas repetidamente, permitindo que a mudança se 
desenvolva e a identidade familiar não se altere. 
Sampaio e Matos (2009, p.190), afirmam que: 
“As relações positivas na família, o apoio emocional e social e um estilo de 
disciplina parental construtivo e consistente tendem a estar relacionados com 
maiores índices de bem-estar e de ajustamento na adolescência e menor 
envolvimento em comportamentos de risco e em grupos de pares desviantes”. 
 
 
1.2. O GRUPO DE PARES E A ESCOLA 
O meio extrafamiliar é indispensável para o desenvolvimento psicossocial do 
adolescente, surgindo assim o relacionamento com os pares. A identificação e criação 
de relações com os pares tornam-se cada vez mais importantes na vida do 
adolescente, uma vez que é inserido no grupo que o jovem se identifica, encontrando 
afinidades e desenvolvendo competências sociais. 
O grupo de pares passa a ser o ambiente onde o jovem partilha as suas 
preocupações, angústias, medos, conhecimentos e novas experiências, propiciando 
experiencias emocionais positivas e sentimentos de pertença. No entanto, e tendo em 
conta a vulnerabilidade caraterística da adolescência, nomeadamente em relação aos 
reajustamentos de identidade e relacionais, a pressão do grupo de pares pode 
funcionar ora como fator protetor ora como fator ameaçador dos comportamentos 
destes jovens. 
CANNABIS NA ADOLESCÊNCIA E ESQUIZOFRENIA – O que sabem os jovens e o que devem saber 
_______________________________________________________________________________________ 
 _______________________________________________________________________________________ 
 ______________________________________________________________________________________ 
_______________________________________________________________________________________ 
 _______________________________________________________________________________________ 
 _______________________________________________________________________________________ 
 
CARMEN OLIVEIRA 23 
Este terá a capacidade de influenciar as suas ações e comportamentos levando à 
adoção de atitudes que não serão mais do que a prova da sua aceitação no grupo. 
Assim, a influência do grupo tanto pode ter repercussões positivas, funcionando como 
um fator de bem-estar, responsabilidade e desenvolvimento saudável, como 
repercussões negativas como por exemplo a adesão a comportamentos de risco, 
colocando em causa a saúde mental do adolescente. 
A maturaçãodas capacidades para raciocinar acerca do mundo, das coisas, dos 
acontecimentos, das pessoas e das relações que estabelece é particularmente 
importante para o desenvolvimento social do adolescente; passa a ser esperado dele 
que faça ajustamentos adequados nas suas relações com os pais, o grupo de amigos 
e os adultos. 
Como referem Sprinthall & Collins, (2008, p.186), “estes tornam-se mais capazes de 
considerar uma variedade de circunstâncias e acontecimentos que podem ocorrer, 
sendo, por isso especialmente propensos a reconhecer as discrepâncias entre o real e 
o possível; “ os adolescentes vão sendo, progressivamente capazes de inferir as 
características pessoais, as motivações e outros aspetos que se encontram implícitos 
nos acontecimentos e comportamentos sociais” e “os adolescentes começam a tomar 
conhecimento de que os diferentes indivíduos, incluindo eles próprios, possuem 
perspetivas distintas acerca do mesmo conjunto de circunstâncias. 
Também a escola desempenha um papel crucial no desenvolvimento do adolescente, 
sendo responsável pela transmissão de regras e padrões comportamentais 
determinantes no seu processo de socialização. 
Tratando-se de um ambiente externo à casa/família constitui um importante período de 
aprendizagem e de teste das competências sociais e pessoais do jovem. Permite 
juntar diferentes comunidades de pares, promovendo a autoestima e o 
desenvolvimento harmonioso entre os adolescentes, sendo um excelente e 
privilegiado espaço de convivência social. 
 Esta convivência social, em especial com o grupo de pares, é marcante na vida do 
adolescente, pois se por um lado proporciona o seu crescimento e amadurecimento 
pessoal, dando relevância a valores como a amizade, lealdade e respeito pelo outro, 
pode por outro lado, conduzir o adolescente a sentir uma turbulência difícil de suportar, 
marcada por conflitos quer internos, quer externos, que podem originar dificuldades 
CANNABIS NA ADOLESCÊNCIA E ESQUIZOFRENIA – O que sabem os jovens e o que devem saber 
_______________________________________________________________________________________ 
 _______________________________________________________________________________________ 
 ______________________________________________________________________________________ 
_______________________________________________________________________________________ 
 _______________________________________________________________________________________ 
 _______________________________________________________________________________________ 
 
CARMEN OLIVEIRA 24 
relacionais e enviesar a consolidação da sua identidade, levando à adoção de 
comportamentos de risco, entre os quais o consumo de substâncias. 
Relativamente a esta problemática, Sampaio e Matos (2009,p.92), entendem 
importante ainda referir “a existência de fatores de risco cumulativos, que acarretam 
uma maior vulnerabilidade por parte do adolescente, nomeadamente em situações de 
disfunção familiar concomitantes com a influência negativa dos pares”. 
Os mesmos autores afirmam que o “ O contexto escolar (grupo de pares) e social em 
que o adolescente está inserido tem sido apontado como o preditor mais consistente 
do uso de substâncias na adolescência...” 
 
 
2. CANNABIS NA ADOLESCÊNCIA 
É unânime o facto de que o uso de drogas é um fenómeno bastante antigo, com raízes 
que advêm do início da história da humanidade, sendo encontradas referências ao seu 
uso em rituais religiosos, cerimónias, celebrações ou festas, em praticamente todas as 
culturas e povos. 
Concetualmente, como afirmam Reis e Silva (2009), droga pode ser definida como 
toda e qualquer substância que inalada, ingerida ou injetada, causa alterações no 
funcionamento de um órgão ou organismo. 
Por substâncias psicoativas – palavra originária do grego e que pode ser traduzida 
como aquilo que age sobre a mente – entendem-se as substâncias ilícitas (usualmente 
designadas drogas), lícitas (tabaco e álcool) ou medicinais constituídas por um produto 
químico ou mais, que ao ser inserido no organismo provoca alterações no sistema 
nervoso central, interferindo ativamente na perceção do indivíduo, podendo intensificar 
ou deprimir o estado de ânimo ou as emoções, alterando o seu estado de consciência 
e comportamento. 
As diferentes classes de substâncias psicoativas podem ser divididas em depressoras 
(ex: álcool, sedativos, hipnóticos), estimulantes (ex. nicotina, cocaína, anfetaminas, 
ecstasy), opióides (ex. morfina e heroína) e alucinógenos (ex. LSD, cannabis). 
Queirós et al, (2004,p.62) são da opinião que “ A cannabis é provavelmente a 
substância ilícita mais consumida mundialmente”, referindo ainda que ” A adolescência 
CANNABIS NA ADOLESCÊNCIA E ESQUIZOFRENIA – O que sabem os jovens e o que devem saber 
_______________________________________________________________________________________ 
 _______________________________________________________________________________________ 
 ______________________________________________________________________________________ 
_______________________________________________________________________________________ 
 _______________________________________________________________________________________ 
 _______________________________________________________________________________________ 
 
CARMEN OLIVEIRA 25 
é a fase de desenvolvimento na qual emergem os padrões de consumo de tóxicos, em 
especial o consumo de cannabis, e esta faixa etária apresenta maior vulnerabilidade 
que a idade adulta aos efeitos deste tóxico”. 
Nas três últimas décadas, muitas investigações de caráter epidemiológico, adotando 
metodologias centradas no uso de questionários, escalas e entrevistas dirigidas, foram 
realizadas, evidenciando a prevalência do consumo de cannabis na adolescência 
(Wright e Pearl, 1986; Silber e Souza, 1998; Tavares et al., 2001; Baús et al., 2002; 
Tonkin, 2002; Soldera et al., 2004; Pavani et al., 2007; Sengik e Scortegagna, 2008; 
Reis e Silva, 2009), o que vai ao encontro dos resultados dos vários estudos 
epidemiológicos nacionais realizados, onde a cannabis surge sempre como a droga 
que apresenta prevalências de consumo mais elevadas. 
Em Portugal e tendo em conta os dados do Instituto da Droga e da Toxicodependência 
(IDT) - 2008, a cannabis foi a substância que registou as maiores prevalências de 
consumo quer na população total (15-64 anos), quer na população jovem adulta (15-
34 anos), registando-se a maior prevalência entre os jovens dos 15 aos 24 anos. 
Relativamente à análise por género, esta evidencia prevalências de consumo mais 
elevadas no género masculino, assim como taxas de continuidade do consumo 
também mais elevadas no sexo masculino. 
Há já várias décadas que duram as polémicas em torno do consumo da cannabis Vista 
por uns como altamente perigosa, tanto no plano individual como social, é 
apresentada por outros como perfeitamente inofensiva, considerada muitas vezes pela 
sociedade atual como uma droga leve, e aceite como um “mal menor” tendo-se 
tornado um modo de socialização. Como refere Tonkin (2002), a cultura adulta 
contemporânea aceita a noção de que a cannabis é uma droga recreativa segura, 
argumentando inclusive que é menos lesiva que o tabaco e o álcool. O que torna este 
facto preocupante, porque atrás da designação de drogas leves existe um 
comportamento mais permissivo e flexível quanto ao seu uso e experimentação (Silva 
e Deus, 2005). 
Reforçando esta ideia, Pavani et al (2007) referem que a cannabis está presente na 
rotina de muitos adolescentes como forma de socialização, considerada 
frequentemente por estes menos maléfica do que outras drogas ilícitas ou mesmo 
lícitas, e mais aceite socialmente, mesmocom o reconhecimento dos 
comprometimentos familiares, sociais e biológicos consequentes do seu uso contínuo. 
CANNABIS NA ADOLESCÊNCIA E ESQUIZOFRENIA – O que sabem os jovens e o que devem saber 
_______________________________________________________________________________________ 
 _______________________________________________________________________________________ 
 ______________________________________________________________________________________ 
_______________________________________________________________________________________ 
 _______________________________________________________________________________________ 
 _______________________________________________________________________________________ 
 
CARMEN OLIVEIRA 26 
Teoria adotada politicamente por alguns países como a Holanda, Suíça, Inglaterra e 
alguns estados do Canadá e da Austrália, no sentido da despenalização da posse de 
cannabis, levando os jovens a interpretar estas medidas de forma a considerarem esta 
como uma droga benigna, ou a questionarem se é sequer uma droga (Witton e 
Murray, 2004). Esta noção de benignidade e de uso seguro, sugerida pelo movimento 
pacifista hippie durante as décadas de 50/60, não pode contudo continuar a ser 
ignorada. 
Segundo o Relatório Anual de 2010: A Evolução do Fenómeno da Droga na Europa, 
foram analisados os efeitos adversos para a saúde associados ao consumo de 
cannabis (OEDT, 2008 a; Hall e Degenhardt, 2009), incluindo-se efeitos agudos como 
a ansiedade, ataques de pânico e sintomas psicóticos, que foram referenciados por 
indivíduos que consumiram pela primeira vez. 
O mesmo documento citado por Hall e Degenhardt (2009) e Moore et al. (2007) 
reforça esta informação ao afirmar que, “o consumo regular de cannabis na 
adolescência pode ter efeitos adversos na saúde mental dos jovens adultos, havendo 
dados que apontam para um maior risco de sintomas psicóticos e de perturbações que 
aumentam com a frequência do consumo”. 
Efetivamente as características de neuro desenvolvimento da adolescência potenciam 
uma maior vulnerabilidade aos consumos de cannabis, podendo alterar os processos 
normais de desenvolvimento neuronal envolvidos na maturação do cérebro, 
possivelmente induzindo disfunções nos sistemas neurotransmissores mais relevantes 
(Parolaro, 2010). 
As mudanças que ocorrem no cérebro conduzem a alterações nas denominadas vias 
de recompensa do cérebro (brain reward pathways), permitindo ao individuo que 
desenvolva comportamentos aprendidos de forma a responder a situações 
desagradáveis e agradáveis, sendo o mesolímbico o principal regulador da resposta. 
Os cannabinóides influenciam direta ou indiretamente, o sistema dopaminérgico, 
nomeadamente a atividade dos neurónios dopaminérgicos no córtex pré-frontal, o que 
poderá explicar os défices cognitivos e sintomas negativos induzidos pela cannabis, 
sendo que os sintomas positivos pelo THC surgem no seguimento da hiperatividade 
dopaminérgica mesolímbica. 
Estes sistemas de neurotransmissão são os mesmos que os alterados na 
esquizofrenia e, com efeito a revisão da literatura permite-nos verificar a existência de 
CANNABIS NA ADOLESCÊNCIA E ESQUIZOFRENIA – O que sabem os jovens e o que devem saber 
_______________________________________________________________________________________ 
 _______________________________________________________________________________________ 
 ______________________________________________________________________________________ 
_______________________________________________________________________________________ 
 _______________________________________________________________________________________ 
 _______________________________________________________________________________________ 
 
CARMEN OLIVEIRA 27 
relação entre o consumo de cannabis e a ocorrência de esquizofrenia, tendo vindo a 
conjugar-se evidências de que a cannabis constitui um fator de risco para a 
esquizofrenia (Andreasson et al., 1987; Zammit et al., 2002; Van Os et al., 2002; 
Fergusson, Horwood e Swain-Campbell, 2003; Smit, Bolier e Cuijpers, 2004; 
Arseneault et al., 2004; Stefanis et al., 2004; Arenth et al., 2005; Henquet et al., 2005; 
Moore et al., 2007; Oliveira e Moreira, 2007; Arendt et al., 2008; Van Ours e Williams, 
2009; D´Souza, Sewell e Ranganathan, 2010; Bossong e Niesink, 2010; Shapiro e 
Buckler-Hunter, 2010; Parolaro, 2010; Malone et al., 2010;Sugranges, Flamarique, 
Parellada et al., 2010 e Dragt et al., 2010. 
 
 
3. ESQUIZOFRENIA 
A esquizofrenia é um distúrbio psiquiátrico relatado desde as civilizações mais 
remotas, sendo considerada uma das perturbações mais estudadas no domínio da 
psiquiatria (Oliveira e Moreira, 2007). 
De acordo com a OMS (2002), a esquizofrenia atinge aproximadamente 1,1% da 
população mundial, encontrando-se identificada praticamente em todo o mundo, 
atingindo todas as classes sociais e raças (Afonso, 2010), sendo do consenso geral 
que, de todas as doenças mentais, é sem dúvida a que acarreta maiores custos 
pessoais, emocionais e sociais (Stuart e Laraica, 2001; Townsend, 2002). 
Os sintomas geralmente aparecem no final da adolescência ou início da idade adulta, 
variando o seu aparecimento nos homens entre os 15 e os 25 anos e nas mulheres 
mais tardiamente entre os 25 e 30 anos de idade (Afonso, 2010). 
Há geralmente um período prodrómico antes do aparecimento dos primeiros sintomas 
da esquizofrenia, em que a pessoa, de forma gradual, vai alterando a sua forma de 
perceber o mundo à sua volta e o relacionamento com os outros (Brussen et al., 
2009). 
Os sintomas da esquizofrenia são complexos, envolvendo aspetos ligados ao 
pensamento, à perceção, ao rendimento cognitivo, à afetividade e ao comportamento, 
levando a défices nas relações interpessoais e a uma perda do contacto com a 
realidade (Afonso, 2010). 
 
CANNABIS NA ADOLESCÊNCIA E ESQUIZOFRENIA – O que sabem os jovens e o que devem saber 
_______________________________________________________________________________________ 
 _______________________________________________________________________________________ 
 ______________________________________________________________________________________ 
_______________________________________________________________________________________ 
 _______________________________________________________________________________________ 
 _______________________________________________________________________________________ 
 
CARMEN OLIVEIRA 28 
Tal como o referido por Bressan et al (2009,p.5), 
“…as pessoas que têm predisposição para a doença são mais vulneráveis ao 
stress e às deceções perante a vida pelo que, quando elas acontecem, 
funcionam muitas vezes como os elementos que disparam o processo que 
desencadeia os sintomas da esquizofrenia”. 
Os sintomas da esquizofrenia, são classificados em sintomas positivos e sintomas 
negativos que podem aparecer de forma insidiosa e gradual ou manifestarem-se de 
modo explosivo e instantâneo. 
Os sintomas positivos, mais visíveis e presentes na fase aguda da doença são os que 
mais se reconhecem associados a esta patologia. Resultam de um exagero das 
funções normais, envolvendo a distorção da realidade e a desorganização do 
pensamento, através de delírios e alucinações, com a aceleração e desorganização do 
discurso e do comportamento. 
Os sintomas negativos refletem um estado deficitário ao nível da motivação, das 
emoções, do discurso, do pensamento e das relações interpessoais (Afonso, 2010). O 
individuo apresenta dificuldades na atenção e concentração, o que vai condicionar o 
seu desempenho tanto laboralcomo escolar, levando os jovens, em particular, a 
baixar o seu rendimento escolar e mesmo a abandonar os estudos. 
 O desinteresse por atividades até então desenvolvidas como desporto, música entre 
outras, passa a não ter interesse para o indivíduo, que se afasta destes ambientes, 
isolando-se socialmente, sendo muitas vezes acusados pela família e amigos como 
antissocial e preguiçoso. Segundo Bressan et al. (2009), a diminuição do desempenho 
do indivíduo e o seu gradual isolamento marcam o começo do aparecimento da 
esquizofrenia. 
Deste modo e tendo em conta o seu aparecimento precoce, esta doença pode afetar 
gravemente a personalidade e o decurso de formação profissional da pessoa, 
comprometendo seriamente o seu futuro como indivíduo autónomo e socialmente 
produtivo. Podemos assim dizer que o indivíduo sente e pensa de maneira diferente, o 
que e irá refletir no seu comportamento e na forma como se relaciona com os outros. 
Apesar de a sua etiopatogenia não estar devidamente esclarecida, acredita-se que a 
esquizofrenia seja uma doença multifatorial (Van Os J et al., 2008; Oliveira e Moreira, 
2007), na qual em alguns casos haverá uma predisposição genética, mas em que são 
necessários fatores ambientais desencadeantes para ela se manifestar. Afonso (2010) 
CANNABIS NA ADOLESCÊNCIA E ESQUIZOFRENIA – O que sabem os jovens e o que devem saber 
_______________________________________________________________________________________ 
 _______________________________________________________________________________________ 
 ______________________________________________________________________________________ 
_______________________________________________________________________________________ 
 _______________________________________________________________________________________ 
 _______________________________________________________________________________________ 
 
CARMEN OLIVEIRA 29 
reforça esta ideia ao afirmar que “os fatores genéticos representam um elemento 
importante na suscetibilidade para a esquizofrenia” no entanto considera que “há 
provas crescentes que implicam a existência de uma contribuição ambiental para o 
aparecimento da doença”. 
Efetivamente a predisposição genética e a vulnerabilidade biológica, por si só, não 
justificam a ocorrência de esquizofrenia, havendo evidência crescente relativamente à 
importância de fatores ambientais no desenvolvimento de alterações no cérebro do 
individuo, que poderão evoluir para a doença. 
Destacam-se as complicações pré e perinatais, como infeções virusais, intoxicações 
alimentares, alterações nutricionais e complicações obstétricas, como prematuridade, 
utilização de fórceps à nascença entre outras complicações causadoras de hipóxia 
(Afonso, 2010). 
A hipótese virusal, como a infeção pelo vírus da gripe A, durante os primeiros 
trimestres de gestação, pode também ser responsável por alterações no 
desenvolvimento do cérebro da criança. A ação de retrovírus, assim como a exposição 
ao herpes simples, podem explicar o aparecimento da doença mais tardiamente. 
Malone et al. (2010), reforçam estas afirmações, referindo que a doença pode resultar, 
quer de lesões cerebrais na fase pré ou perinatal, quer de distúrbios cerebrais durante 
a adolescência. 
D´Souza, Sewell e Ranganathan (2010), sugerem que a exposição à cannabis é uma 
das causas que, em interação com outros fatores de risco, pode originar o 
aparecimento de esquizofrenia. 
Também Shapiro e Buckley-Hunter (2010),confirmam a relação entre o consumo de 
cannabis e a ocorrência de esquizofrenia, concluindo haver evidência científica que 
sugere que a cannabis é um fator de risco significativo na etiologia da doença e que os 
adolescentes são mais vulneráveis, tendo em conta as alterações que surgem no seu 
crescimento cerebral. 
Parolano (2010), concluiu através das suas investigações, que o consumo de cannabis 
pode alterar os processos normais de desenvolvimento neuronal envolvidos na 
maturação do cérebro dos adolescentes, conduzindo a uma predisposição para o 
desenvolvimento de esquizofrenia, e que em indivíduos com predisposição para a 
doença, o consumo de cannabis exacerba os sintomas e piora o prognóstico da 
doença. 
CANNABIS NA ADOLESCÊNCIA E ESQUIZOFRENIA – O que sabem os jovens e o que devem saber 
_______________________________________________________________________________________ 
 _______________________________________________________________________________________ 
 ______________________________________________________________________________________ 
_______________________________________________________________________________________ 
 _______________________________________________________________________________________ 
 _______________________________________________________________________________________ 
 
CARMEN OLIVEIRA 30 
Podemos então concluir, com base na evidência científica, que a exposição à 
cannabis é uma causa ou uma componente contribuinte, que interage com outros 
fatores de vulnerabilidade, culminando na esquizofrenia. 
 
 
4. INTERVENÇÃO NAS ESCOLAS 
A tutela da Saúde Escolar é desde 2002 da responsabilidade do Ministério da Saúde, 
sendo a sua implementação da responsabilidade dos Centros de Saúde (Programa 
Nacional de Saúde Escolar – PNSE- Portugal 2006). 
As formas de operacionalizar a Saúde Escolar e de avaliar o seu impacto têm de ter 
sempre em conta que “ a Escola deve continuar a ser a grande promotora da saúde” 
(PNSE, 2006, p.3). 
No Sistema de Saúde, foi aprovado o Plano Nacional de Saúde (PNS, 2004-2010), em 
que são definidas as prioridades de saúde baseadas na evidência científica, com o 
objetivo de obter ganhos em saúde a médio e longo prazo. 
A estratégia de implementação deste Plano, tendo em vista as necessidades 
promotoras de saúde, insere-se em programas nacionais, que se pretende sejam 
desenvolvidos nos ambientes onde os indivíduos vivem, trabalham ou estudam. 
Também o Plano Nacional de Saúde Mental (PNSM) – (2007-2016, p.29), com base 
no documento da Rede Europeia para a Promoção da Saúde Mental e a Prevenção 
das Perturbações Mentais (EU, 2006), privilegia algumas estratégias, como 
“programas de educação sobre saúde mental na idade escolar…aconselhamento para 
adolescentes com problemas específicos…” e “sensibilização e informação em 
diversos sectores como as escolas”. 
A escola é fundamental para a socialização, para a formação da identidade e para a 
construção de valores dos jovens, sendo o local onde estes passam a maior parte do 
seu tempo. 
Também PNSE (2006,p.3) afirma que “… a escola deve também, educar para os 
valores, promover a saúde, a formação e a participação cívica dos alunos, num 
processo de aquisição de competências que sustentem as aprendizagens ao longo da 
vida e promovam a autonomia”. 
CANNABIS NA ADOLESCÊNCIA E ESQUIZOFRENIA – O que sabem os jovens e o que devem saber 
_______________________________________________________________________________________ 
 _______________________________________________________________________________________ 
 ______________________________________________________________________________________ 
_______________________________________________________________________________________ 
 _______________________________________________________________________________________ 
 _______________________________________________________________________________________ 
 
CARMEN OLIVEIRA 31 
Assim, ao constituir-se como um espaço seguro e saudável, a escola deve facilitar a 
adoção de comportamentos mais saudáveis, encontrando-se por isso numa posiçãoideal para promover e manter a saúde da comunidade educativa e da comunidade 
envolvente (PNSE, 2006). 
O processo de responsabilização sobre o próprio estado de saúde começa, como em 
geral todos os aspetos relacionados com o desenvolvimento pessoal, no seio da 
família, mas necessita de ser reforçado na escola, pois são estes os locais onde os 
jovens passam a maior parte do seu tempo. (Silva e Deus, 2005). 
Portugal integra a Rede Europeia de Escolas Promotoras de Saúde, devendo estas 
escolas distinguir-se pela inovação, cultura de desenvolvimento individual e 
organizacional, bem como pela implementação efetiva dos princípios e das práticas da 
promoção da saúde, para que os profissionais de saúde e de educação consigam 
traduzir esses investimentos em ganhos em saúde. 
O processo de responsabilização sobre o próprio estado de saúde começa, como em 
geral todos os aspetos relacionados com o desenvolvimento pessoal, no seio da 
família, mas necessita de ser reforçado na escola, pois são estes os locais onde os 
jovens passam a maior parte do seu tempo. (Silva e Deus, 2005). 
De facto, neste processo considera-se que não são apenas os profissionais de saúde 
e educação, mas também a família e comunidade, que se devem articular promovendo 
debates, reflexões, estudos e metodologias diferenciadas centradas no adolescente. 
Também o PNSE (2006, p.5), reforça esta ideia ao considerar que “ uma escola que 
se proponha promover a saúde, deve mobilizar a participação direta da comunidade, 
desde as suas decisões sobre o projeto, ao envolvimento da própria escola, dos 
serviços de saúde, da comunidade de pais, dos voluntários, das empresas, dos 
parceiros diversos, até à sua execução e avaliação”. 
Segundo Reis e Silva (2009), numa equipa multiprofissional é o Enfermeiro quem 
realiza uma abordagem holística e integradora que tende à aproximação e conquista 
da confiança e respeito por parte das pessoas, estabelecendo um vínculo mais 
próximo, sensibilizando os adolescentes para a importância da educação para a saúde 
com vista à adoção de hábitos de vida saudáveis. 
 Estas intervenções de educação para a saúde além de transmitirem conhecimentos 
considerados pertinentes, deverão também trabalhar a questão das atitudes, auto-
estima, auto-confiança, assertividade e processo de tomada de decisão para 
CANNABIS NA ADOLESCÊNCIA E ESQUIZOFRENIA – O que sabem os jovens e o que devem saber 
_______________________________________________________________________________________ 
 _______________________________________________________________________________________ 
 ______________________________________________________________________________________ 
_______________________________________________________________________________________ 
 _______________________________________________________________________________________ 
 _______________________________________________________________________________________ 
 
CARMEN OLIVEIRA 32 
desenvolver competências que ajudem estes adolescentes a dizer não aos 
comportamentos de risco (Andrade et al., 2005). 
Neste sentido, é possível dar resposta a uma das finalidades do PNSE – “reforçar os 
fatores de proteção relacionados com os estilos de vida saudáveis” (2006,p.7), através 
de intervenções de educação/ prevenção para o consumo de substâncias na 
adolescência. 
O consumo de cannabis pelos adolescentes, como vários estudos o demonstram 
constitui uma ameaça, pelo que as ações educativas e as medidas preventivas devem 
ser múltiplas, e com suporte ativo e convicto de todos os envolvidos, em particular os 
profissionais educativos e de saúde. 
Também Sampaio e Matos (2009, p.92) afirmam que, “numa perspetiva de promoção 
e educação para a saúde, os jovens são um importante alvo no combate ao consumo 
de substâncias, sendo de prever ações específicas para cenários específicos”. 
A prevenção primária é apontada como a estratégia ideal a desenvolver com estes 
jovens, pois é a mais referenciada pelos autores (Arseneault et al., 2002; Van Os et 
al., 2002; Arseneault et al., 2004; Smit, Bolier e Cuijers, 2004; Arenth et al., 2005; Hall 
e Degenhardt, 2008). 
Nesta perspetiva, e segundo o PSNS (2006,p.16) “ o trabalho de promoção da saúde 
com os alunos tem como ponto de partida o que eles sabem e o que eles podem fazer 
para se proteger, desenvolvendo em cada um a capacidade de interpretar o real e 
atuar de modo a induzir atitudes e/ou comportamentos adequados”. 
Quaisquer medidas de intervenção a implementar, são mais eficazes quando são 
planeadas tendo em conta as características das pessoas a que se dirigem. Uma das 
características de uma população alvo, é o conhecimento que detém sobre 
determinada temática. 
Os adolescentes devem ser devidamente informados de forma a evitarem o consumo 
de cannabis, ou atrasarem esse consumo, embora o desejável é mesmo nunca 
consumirem, reduzindo deste modo a incidência de esquizofrenia (Hall e Degenhardt, 
2008). 
Segundo o PNSE (2006,p.17),”…na prevenção de consumos nocivos e 
comportamentos de risco, a prioridade deverá ser dada às alternativas saudáveis e 
promoção de atitudes assertivas”, de forma a promover a autonomia e a 
CANNABIS NA ADOLESCÊNCIA E ESQUIZOFRENIA – O que sabem os jovens e o que devem saber 
_______________________________________________________________________________________ 
 _______________________________________________________________________________________ 
 ______________________________________________________________________________________ 
_______________________________________________________________________________________ 
 _______________________________________________________________________________________ 
 _______________________________________________________________________________________ 
 
CARMEN OLIVEIRA 33 
responsabilização dos jovens”… no sentido de reduzir as possibilidades ou adiar o 
início do consumo de uma substância”. 
No entanto, o PNSE (2006), aponta ainda para a importância da formação de 
professores, educadores e pais, para a promoção de estilos de vida saudáveis, 
referindo que as equipas de saúde têm um papel fundamental na sensibilização e 
reforço de tais competências. 
A investigação permite-nos hoje intervir de forma refletida e adequada, no que 
concerne ao consumo de substâncias, verificando-se um cenário positivo, com 
diminuição dos consumos, possivelmente associado a todas as intervenções 
educativas que entretanto ocorreram em Portugal. 
“Um programa de saúde escolar efetivo… é o investimento de custo benefício mais 
eficaz que um País pode fazer para melhorar, simultaneamente, a educação e a 
saúde” (PNSE, 2006,p.3). 
“…os profissionais de saúde e em especial os Enfermeiros da área da Saúde Mental, 
devem sistematicamente por em prática as diferentes intervenções propostas, dado 
que a prevenção do consumo de Cannabis pelos adolescentes permitirá reduzir a 
incidência e a morbilidade da esquizofrenia que, como é sabido, é uma doença mental 
que ocasiona graves e persistentes prejuízos, não só na vida das pessoas doentes, 
mas também das suas famílias e sociedade”. Brito et al, (2010). 
 
CANNABIS NA ADOLESCÊNCIA E ESQUIZOFRENIA – O que sabem os jovens e o que devem saber 
_______________________________________________________________________________________ 
 _______________________________________________________________________________________ 
 ______________________________________________________________________________________ 
_______________________________________________________________________________________ 
 ______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ 
 
CARMEN OLIVEIRA 34 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CANNABIS NA ADOLESCÊNCIA E ESQUIZOFRENIA – O que sabem os jovens e o que devem saber 
_______________________________________________________________________________________ 
 _______________________________________________________________________________________ 
 ______________________________________________________________________________________ 
_______________________________________________________________________________________ 
 _______________________________________________________________________________________ 
 _______________________________________________________________________________________ 
 
CARMEN OLIVEIRA 35 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PPAARRTTEE DDOOIISS:: EESSTTUUDDOO EEMMPPÍÍRRIICCOO 
 
CANNABIS NA ADOLESCÊNCIA E ESQUIZOFRENIA – O que sabem os jovens e o que devem saber 
_______________________________________________________________________________________ 
 _______________________________________________________________________________________ 
 ______________________________________________________________________________________ 
_______________________________________________________________________________________ 
 _______________________________________________________________________________________ 
 _______________________________________________________________________________________ 
 
CARMEN OLIVEIRA 36 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CANNABIS NA ADOLESCÊNCIA E ESQUIZOFRENIA – O que sabem os jovens e o que devem saber 
_______________________________________________________________________________________ 
 _______________________________________________________________________________________ 
 ______________________________________________________________________________________ 
_______________________________________________________________________________________ 
 _______________________________________________________________________________________ 
 _______________________________________________________________________________________ 
 
CARMEN OLIVEIRA 37 
 
 
CAPITULO II. METODOLOGIA 
Neste capítulo são apresentados os aspetos metodológicos a utilizar para obter as 
respostas às seguintes questões de investigação 
 
1. QUESTÕES DE INVESTIGAÇÃO 
Face à problemática em estudo sobre a relação entre o consumo de cannabis na 
adolescência e o risco acrescido de ocorrência de esquizofrenia e tendo por base a 
revisão da literatura, formulámos as seguintes questões de investigação: 
 Qual o conhecimento dos jovens acerca da relação entre cannabis e 
esquizofrenia? 
 Que intervenções podem ser realizadas para promover a saúde mental destes 
jovens, em função dos ciclos escolares? 
 
 
2. TIPO DE ESTUDO 
Para dar resposta às questões de investigação propostas, optámos pela realização de 
um estudo exploratório e descritivo. Descritivo porque pretende descrever os factos e 
fenómenos de determinada realidade e exploratório pois permite ao investigador 
aumentar a sua experiência, aprofundar o seu estudo e adquirir um maior 
conhecimento a respeito de um problema, podendo ainda servir para levantar 
possíveis problemas de pesquisa. 
Assim e tendo em conta o Programa de Saúde Escolar desta UCC, iremos dar 
resposta ao tema “Consumo de Substâncias Psicoativas, mais concretamente à 
Atividade A33 – “Realização do diagnóstico de situação sobre conhecimentos, 
comportamentos e atitudes relacionadas com o consumo de substâncias psicoativas 
dos alunos, em concreto sobre a cannabis (Anexo I). 
 
CANNABIS NA ADOLESCÊNCIA E ESQUIZOFRENIA – O que sabem os jovens e o que devem saber 
_______________________________________________________________________________________ 
 _______________________________________________________________________________________ 
 ______________________________________________________________________________________ 
_______________________________________________________________________________________ 
 _______________________________________________________________________________________ 
 _______________________________________________________________________________________ 
 
CARMEN OLIVEIRA 38 
3. INSTRUMENTO DE COLHEITA DE DADOS 
Na opinião de Hill (2002), o questionário é uma das mais importantes e significativas 
técnicas para a obtenção de dados. Assim no presente trabalho decidimos elaborar 
um questionário, estruturado em quatro partes distintas (Apêndice I): 
 A primeira inclui as variáveis de caracterização, nomeadamente: idade, género, 
ano de escolaridade e profissão dos pais; 
 A segunda parte inclui sete questões relacionadas com o conhecimento acerca 
da cannabis e dos seus efeitos/complicações; 
 A terceira parte inclui cinco questões relacionadas com o conhecimento dos 
adolescentes acerca da esquizofrenia; 
 A última parte inclui duas questões relacionadas com a relação entre o 
consumo de cannabis e a ocorrência de esquizofrenia. 
Trata-se de um questionário de auto preenchimento, em que se solicita que se coloque 
no quadrado referente a cada resposta verdadeira, um (V), e nas respostas que 
considerem falsas, um (F).Os alunos foram informados acerca do anonimato do 
questionário, assim como da confidencialidade das respostas. 
Para nos assegurarmos da qualidade das respostas, e tendo em conta que um dos 
problemas relacionados com a precisão e validade dos questionários respondidos 
pelos adolescentes, pode ser devido à não compreensão das questões colocadas, fez-
se um pré teste do documento a utilizar, a uma amostra reduzida, num total de 14 
alunos, 2 de cada ano de escolaridade. 
Concluímos que para as respostas que os inquiridos não sabiam responder, não 
tínhamos definido forma clara de o revelarem, tendo-se decidido que neste caso o 
quadrado à frente da resposta ficaria em branco. Relativamente à compreensão das 
questões, não foram reportadas dificuldades, a não ser no conceito de apatia, que 
grande parte dos jovens não sabia o significado, tendo-se ajustado esta dificuldade, 
colocando-se a seguir ao termo apatia o seu conceito. As alterações efetuadas não 
modificaram a estrutura básica do instrumento de colheita de dados, permitindo-nos 
temporizar o seu preenchimento em cerca de 25 a 30 minutos. 
 
 
CANNABIS NA ADOLESCÊNCIA E ESQUIZOFRENIA – O que sabem os jovens e o que devem saber 
_______________________________________________________________________________________ 
 _______________________________________________________________________________________ 
 ______________________________________________________________________________________ 
_______________________________________________________________________________________ 
 _______________________________________________________________________________________ 
 _______________________________________________________________________________________ 
 
CARMEN OLIVEIRA 39 
4. PROCEDIMENTOS ÉTICOS E LEGAIS NA COLHEITA DE DADOS E 
CONSTITUIÇÃO DA AMOSTRA 
Para a realização da nossa pesquisa foram desenvolvidas estratégias de modo a 
adotar alguns dos princípios éticos essenciais a qualquer trabalho de investigação. 
Deste modo, e uma vez que este trabalho foi uma proposta da Coordenadora da 
Saúde Escolar

Continue navegando