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ANATOMIA DA VULVA A genitália externa, representada pela vulva, inclui o monte de Vênus, os grandes e os pequenos lábios, o vestíbulo (meato uretral, introito vaginal, hímen, glândulas parauretrais ou vestibulares menores ou de Skene e glândulas vestibulares maiores ou de Bartholin) e o clitóris. EXAME FÍSICO DA VULVA A paciente deve ser colocada na posição ginecológica, de modo a expor mais facilmente a genitália externa. Ps: Na maioria dos casos, essa posição é suficiente. Contudo, quando é preciso analisar melhor a parede anterior da vagina, no seu terço superior, torna-se necessária a posição genupeitoral ou de “prece maometana”. Nos casos de prolapso e de incontinência urinária de esforço, a paciente deve também ser examinada de pé, com as pernas entreabertas. Independente das posições, o examinador coloca- se entre as pernas da paciente; apoia o pé na escada e repousa o cotovelo da mão que examina na coxa. A finalidade disso é evitar tensão muscular e fadiga que embotem a sensibilidade. INSPEÇÃO À inspeção, em repouso, examinam se a vulva, o períneo e o ânus. Na vulva, observam se: ✓ Implantação dos pêlos; ✓ Aspecto da fenda vulvar (fechada, entreaberta, aberta); ✓ Umidade; ✓ Secreções; ✓ Hiperemia; ✓ Ulcerações; ✓ Distrofias; ✓ Neoplasias; ✓ Lesões cutâneas; ✓ Distopias; ✓ Malformações. No períneo, investiga- se: ✓ Se está íntegro ou se há ruptura de I, II ou III grau, complicada com extensão ao esfíncter e ao canal anal; ✓ Cicatrizes de episiorrafias ou perineoplastia. No ânus, procuram-se: ✓ Hemorróidas; ✓ Fissuras; ✓ Prolapso da mucosa; ✓ Malformações. A seguir, o examinador entreabre os grandes lábios e passa a observar o clitóris, o óstio uretral, o hímen e o introito vaginal. PESQUISA DE DISTOPIA Terminada a inspeção em repouso, o examinador solicita à paciente fazer esforço semelhante ao de evacuar ou de urinar, observando se há protrusão das paredes vaginais ou do colo que denuncie a presença de distopia. INFECÇÕES DO SISTEMA GENITAL FEMININO No grupo das infecções estão incluídas as skenites, as bartholinites, as vulvovaginites, as cervicites, as endometrites e as anexites. Laura Ellen | Medicina | P4 | 2021.1 Costumam dividir as infecções ginecológicas em dois grupos, usando se como limite o orifício interno do colo uterino: 1. Infecções altas (doença pélvica inflamatória - endometrites e as anexites); 2. Infecções baixas (vulvovaginites e as cervicites). A propagação ascendente dos processos infecciosos não ocorre com mais frequência em virtude da existência de mecanismos locais de defesa que funcionam como: ■ “Barreiras mecânicas”: ↳ Os pelos vulvares; ↳ Introito vaginal obliterado pelos pequenos lábios; ↳ Muco cervical agindo como verdadeiro tampão mucoso; ■ “Barreiras químicas”: ↳ Os bacilos de Döderlein; ↳ As lisozimas; ↳ Ácido undecilênico, os quais dão à vagina o meio ácido necessário para sua autodepuração. VULVITES E VULVOVAGINITES Nas vulvites, aparecem na pele dessa região eritema, bolhas, pústulas, flictenas, furúnculos e abscessos sebáceos. São comumente denominados foliculites e furunculoses, sendo causadas pela penetração de microrganismos nos folículos pilosos e nas glândulas sudoríparas. Os sintomas principais são: dor, sangramento, odor desagradável e prurido. Entre as vulvites destacam-se: as micoses superficiais, que se caracterizam principalmente pelo prurido. ISTs As enfermidades são agrupadas em lesões papulares, lesões planas e lesões granulomatosas. LESÕES PAPULARES A esse grupo pertencem o cancro mole e o cancro duro. As lesões ocorreram secundariamente. A diferenciação clínica entre o cancro mole e o cancro duro baseia-se na consistência da base da lesão e no número delas. CANCRO DURO: O cancro duro é geralmente único, tem base endurecida, por vezes é ulcerado discretamente na superfície e indolor. Representa o ponto de inoculação da sífilis, daí ser chamado de protossifiloma. Pode localizar se na vulva, na vagina, no colo do útero e na boca. A pesquisa direta do Treponema pallidum, seu agente etiológico, e os testes sorológicos (VDRL, RPR [rapid plasma reagin], FTA ABS) selam o diagnóstico. CANCRO MOLE: O cancro mole, causado pelo bacilo de Ducrey (cancro de Ducrey), é extremamente doloroso, a sua base é mole e as lesões disseminam-se. O diagnóstico é confirmado pelo encontro do Haemophilus ducreyi no exame bacteriológico. LESÕES PLANAS As lesões planas incluem a sífilis e o herpes genital. Pápulas planas, com extensão em superfície, podem aparecer na fase tardia da sífilis ou na infecção viral do tipo Herpes hominis. LESÕES HERPÉTICAS: As lesões herpéticas transformam-se em vesículas “em chuveiro”, sobre base eritematosa. Acompanham-se de prurido e de ardor. Quando as lesões planas se associam às lesões verrucosas, deve-se pensar em outra enfermidade viral: o condiloma acuminado, causado pelo papilomavírus humano (HPV), que pode tomar grandes proporções principalmente durante a gravidez. O condiloma acuminado produz secreção purulenta, sangramento e dor. LESÕES GRANULOMATOSAS As lesões granulomatosas compreendem o linfogranuloma venéreo e o granuloma inguinal ou donovanose. NEOPLASIAS VULVARES A região vulvar pode sofrer modificações da umidade e da ventilação causadas por pêlos, por Laura Ellen | Medicina | P4 | 2021.1 vestuário inadequado e por contato com secreções e com urina quando são precárias as condições de higiene. Além disso, a utilização de sabonetes, de desodorantes, bem como alterações metabólicas determinadas por diabetes, propiciam o aparecimento de uma afecção de aspecto polimorfo, denominada distrofia vulvar. As “distrofias vulvares”, atualmente denominadas neoplasia intraepitelial vulvar (NIV), são classificadas quanto ao seu grau de diferenciação, em NIV I, II e III. Clinicamente, apresentam-se como lesões branco avermelhadas, atróficas ou hipertróficas. Sintoma predominante: prurido. Fatores de risco: vulvite crônica, o papilomavírus humano (HPV) e o condiloma acuminado. DISTOPIAS OU PROLAPSO GENITAIS Prolapso genital significa deslocamento para baixo do útero e da vagina, geralmente acompanhados da bexiga e do reto. O prolapso vaginal pode ocorrer sem descida do útero, mas a recíproca não é verdadeira. Costumam acompanhar o prolapso uterovaginal diversas alterações, chamadas de “lesões satélites”, as quais compreendem: ↳ Cistocele (procidência da bexiga); ↳ Retocele (procidência do reto,); ↳ Incontinência urinária de esforço (perda involuntária de urina, aos mínimos esforços, consequente a alterações anatômicas do ângulo uretrovesical); ↳ Enterocele (procidência do peritônio e das alças intestinais); ↳ Alongamento hipertrófico do colo uterino. Para que se caracterize o prolapso uterino, é necessário que o órgão se desloque em bloco (corpo e colo), como um todo, no sentido caudal. Se o corpo do útero permanece em sua situação normal, não há prolapso e, sim, alongamento hipertrófico do colo. Pode haver, entretanto, concomitância das duas alterações. O diagnóstico do prolapso genital e de suas “lesões satélites” depende fundamentalmente da identificação das estruturas prolabadas. CLASSIFICAÇÃO DO PROLAPSO Estágio I: o ponto mais distal do prolapso está, no máximo, a 1 cm acima do hímen, ou seja, não ultrapassa esse nível (–1 cm) Estágio II: o ponto de referência mais distal do prolapso está entre 1 cm acima ou 1 cm abaixo do hímen. Estágio III: a porção mais distal do prolapso está a mais de 1 cm abaixo do plano do hímen, porém o comprimento vaginal total é menor que 2 cm Estágio IV: em essência, seria uma completa eversão. O prolapso é classificado quando faz a manobra! Estágio I: O colo não ultrapassa a fúrcula vaginal Estágio II: O colo ultrapassa a fúrcula vaginal Estágio III: O colo e pedaço do corpo ultrapassam a fúrcula vaginal Estágio IV: Prolapso total Para diferenciar a alongamento hipertrófico do colo do prolapso é preciso fazer o exame especular.