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1 Maria Eduarda Silva Dias Exame respiratório O exame físico do sistema respiratório consiste em: inspeção (estática e dinâmica), palpação, percussão e ausculta Inspeção estática Observa-se questões “estáticas” do paciente, como pele, tecido subcutâneo, músculos, o biótipo e a presença de circulação colateral, retrações e abaulamentos... Busca-se classificar o tipo do tórax do paciente • Tórax normal • Tórax chato ou plano: redução do diâmetro anteroposterior. Nesses casos, os espaços intercostais se reduzem, o ângulo de Louis fica mais proeminente, assim como as clavículas, deixando as fossas supra e infraclaviculares mais profundas. As escápulas também estão afastadas do tórax, gerando um “tórax alado” o Muito comum em indivíduos longilíneos ou com DPOC • Tórax em tonel ou globoso: aumento do diâmetro anteroposterior o Muito comum em pacientes com enfisema • Tórax infundibuliforme (pectus excavatum): a parte do esterno fica “afundada” • Tórax cariniforme (pectus carinatum): o esterno fica proeminente, parecendo um “peito de pombo” • Tórax cônico ou em sino: possui a parte inferior mais alargada, como se fosse um sino o Comum em ascites volumosas e hepatoesplenomegalias • Tórax cifótico: cifose • Tórax cifoescoliótico: cifose com escoliose 2 Maria Eduarda Silva Dias Procure pela presença de alguma cicatriz • Cicatriz de toracotomia (posterolateral ou anterolateral): ressecções pulmonares, lobectomia pulmonar, pneumonectomia, descorticação pulmonar, transplante de um pulmão • Cicatriz de Clamshell ou esternotomia transversa: geralmente associada ao duplo transplante pulmonar 3 Maria Eduarda Silva Dias • Cicatriz de cirurgia toracoscopia videoassistida/videotoracoscopia: geralmente em casos de biópsia • Cicatriz de traqueostomia • Cicatriz de mediastinoscopia: massas mediastinais, como linfomas, timomas, metástases, sarcoidose... Tendo relação até com a tuberculose • Cicatriz de secção do nervo frênico: método antigo de se tratar a tuberculose. Essa cicatriz fica na fossa supraclavicular 4 Maria Eduarda Silva Dias • Cicatriz de esternotomia mediana: bypass de artéria coronária, reparo/substituição valvar, aneurismas da aorta ascendente. Hoje em dia essas cicatrizes são bem menores • Cicatriz de marcapasso Busque por sinais de baqueteamento digital/hipocratismo digital 5 Maria Eduarda Silva Dias Busque por cianose: avalie extremidades, nariz, orelhas, boca • Caso a cianose seja em apenas um dos pés ou das mãos, provavelmente será uma questão circulatória, não pulmonar Inspeção dinâmica É importante verificar o tipo respiratório do paciente. Mulheres costumam ter uma respiração mais torácica, enquanto homens tendem a ter uma respiração mais abdominal. Todavia, quando o paciente está sentado ou em pé, a respiração torácica predomina, assim como, quando está deitado, a abdominal predomina • Existem casos em que a respiração fica paradoxal, ou seja, ao invés do tórax e do abdome expandirem juntos, enquanto um expande o outro se retrai, sendo muito comum em fraturas da caixa torácica Expansibilidade: perceba se os pulmões estão se expandindo e se se expandem simetricamente Conte a frequência respiratória: em adultos o comum é 14-20 irpm Tipos respiratórios • Ritmo respiratório normal: a inspiração dura quase o mesmo tempo que a expiração, tendo a mesma amplitude • Respiração de Cheyne-Stokes: apneia seguida por inspirações que vão aumentando de amplitude até atingir um ápice. Após atingir esse ápice, as amplitudes vão diminuindo de amplitude até entrar novamente na fase de apneia o Comum em insuficiência cardíaca, hipertensão intracraniana, AVCs e traumatismos cranioencefálicos • Respiração de Biot: a respiração possui inspirações de amplitude e ritmos variáveis, seguidas de uma fase de apneia o Mesmas causas que Cheyne-Stokes • Respiração de Kussmaul: inspiração – apneia – expiração – apneia o Causado principalmente por acidose diabética • Respiração suspirosa: durante a respiração normal, há um “suspiro”, onde se faz uma inspiração de grande amplitude o Comum em casos de tensão emocional e ansiedade • Dispneia: são movimentos respiratórios amplos e rápidos, passando a impressão que o paciente está com dificuldade de respirar • Apneia 6 Maria Eduarda Silva Dias • Tiragem: em casos de obstrução brônquica, o parênquima daquele brônquio se colapsa, causando um aumento da pressão negativa, fazendo com que os espaços intercostais se retraiam. Indica sofrimento respiratório grave Palpação Procure por pontos dolorosos Expansibilidade: meça a expansibilidade dos ápices e bases pulmonares • Ápice: posicione os polegares na C7 (vértebra mais proeminente) e as palmas das mãos sobre o trapézio. Peça para o paciente inspirar. Veja se ambas as mãos se movimentam igualmente • Base: localize as escápulas e meça 4 dedos abaixo da sua extremidade inferior. Posicione os polegares na linha vertebral e espalme as mãos. Peça para o paciente inspirar. Veja se ambas as mãos se movimentam igualmente Frêmito toracovocal (FTV): são as vibrações que as cordas vocais fazem na parede torácica. Para avaliá-lo, peça para que o paciente fale “trinta e três” • Coloque a mão espalmada sobre a superfície do tórax, dando preferência para manter os metacarpos encostados no tórax, deixando os dedos livres • Tente procurar o frêmito no dorso, no espaço interescapulovertebral e infraescapular. Na região axilar e infra-axilar. Se for possível, ouça também na região anterior, como na região infraclavicular e inframamátia • Peça para o paciente falar “trinta e três”, faça comparações em regiões homólogas • FTV diminuído: comuns em casos em que o pulmão se afasta da parede torácica, como pneumotórax, derrames pleurais, atelectasias... Pois esses fenômenos dificultam que o som reverbere na parede torácica • FTV aumentado: comuns em condensações pulmonares, como pneumonias e abcessos pulmonares com coleções líquidas. Porém, para o FTV estar aumentado, é preciso que os brônquios estejam pérvios Percussão Com a mão menos dominante, espalme-a no tórax do paciente, e com a mão dominante, realize o movimento de percussão, mexendo apenas o punho A percussão deve ser feita em comparação com as áreas homólogas Na área pulmonar, deve-se obter o som claropulmonar Na área cardíaca, o som é submaciço Na região do fígado (inframamária direita), há um som maciço 7 Maria Eduarda Silva Dias No espaço de Traube, o som obtido é timpânico (uma vez que é o fundo gástrico, que só possui ar) • O espaço de Traube está localizado abaixo da linha inframamária esquerda. Esse espaço se projeta da 6° à 9-10° costelas, estando entre a linha hemiclavicular esquerda e a linha axilar anterior esquerda Som maciço: comum em derrames pleurais, consolidações e atelectasias Timpanismo: comum em pneumotórax Ausculta: a ausculta deve ser feita no tórax despido, pedindo para o paciente respirar pausadamente e profundamente • Ausculta na traqueia: deve-se ouvir o som traqueal • Ausculta na região pulmonar: deve-se ouvir o som brônquico, o som broncovesicular e o murmúrio vesicular Deve-se estar atento para a presença de sons anormais, como os estridores, estertores finos e grossos, roncos, sibilos, atrito pleural e sopros Além de se auscultar os sons pulmonares, deve-se fazer a ausculta da voz, de modo a se avaliar a ressonância vocal • A ausculta da voz é feita nos mesmos locais em que se faz a ausculta do pulmão, porém pedindo para o paciente falar “trinta e três”, comparando regiões homólogas • Deve-se ouvir o “trinta e três” de forma incompreensível, tanto na voz falada quanto cochichada o Condensações pulmonares causam o aumento da ressonância vocalo Atelectasias, espessamento pleural, derrames pleurais causam a diminuição da ressonância vocal
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