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1 Gabrielle Nunes | P2 |2020 [HABILIDADES.CLÍNICAS] EXAME FÍSICO TÓRAX PROJEÇÃO DOS PULMÕES NA PAREDE TORÁCICA LIMITES: Ápice dos pulmões: 3cm superiormente às clavículas LINHAS E REGIÕES TORÁCICAS LINHAS TORÁCICAS VERTICAIS ANTERIOR: 1. Linha medioesternal: Coincide com o plano mediano e divide o tórax em hemitórax direito e esquerdo. 2. Linhas esternais laterais direita e esquerda 3. Linha paraesternal 4. Linha hemiclavicular: Desce verticalmente do ponto médio da clavícula LATERAL: 5. Linha axilar anterior: Linha a nível da prega axilar anterior 6. Linha axilar média 7. Linha axilar média 8. Linha axilar posterior: Linha a nível da prega axilar posterior POSTERIOR: 9. Linha vertebral: passa sobre os processos espinhosos das vértebras torácicas, 10. Linha escapular, que passa através do ângulo inferior da escápula na posição anatômica. LINHAS TORÁCICAS HORIZONTAIS 11. Linhas das terceira e sexta articulações condroesternais 12. Linhas claviculares 13. Linhas escapulares superiores 14. Linha escapular inferior REGIÕES DO TÓRAX ANTERIOR: 1. Região esternal superior e inferior 2. Região infraclavicular direita e esquerda 3. Região mamária direita e esquerda 4. Região inframamária ou hipocondríaca esquerda e direita LATERAL: 5. Região axilar direita e esquerda 6. Região infra-axilar direita e esquerda POSTERIOR: 7. Região supraescapular e infraescapular 8. Região supraespinal e infraespinal 9. Região interescapulovertebral IMAGENS 2 Gabrielle Nunes | P2 |2020 LOCALIZAÇÃO ▪ Chanfradura supra-esternal > Cisura jugular ▪ Ângulo esternal a nível/ ínicio da 2ª costela. (Louis) ▪ Apófise espinhosa da T1 ▪ Apófise espinhosa de C7 ▪ Ângulo inferior da escápula > Nível da 7ª constela PULMÃO ESQUERDO: Anterior: Lobo superior; Posterior: Lobo inferior, apenas o ápice é lobo superior PULMÃO DIREITO: Anterior: Lobos superior e médio; Posterior: ápice é lobo superior e o restante lobo inferior; CONDIÇÕES IDEAIS Tórax descoberto, iluminação adequada, ambiente silencioso, inspeção das faces anterior, posterior e laterais do tórax; paciente em posição cômoda; distância adequada. INSPEÇÃO DE TÓRAX O tórax é observado tanto com o paciente sentado como deitado. ESTÁTICA Examinam-se o formato do tórax e suas anomalias congênitas ou adquiridas, localizadas ou difusas, simétricas ou não; descrição da pele, TCS e dos músculos; estado de consciência do paciente; lesões elementares sólidas, correlacionando-as com as doenças pulmonares. 1º: AVALIAÇÃO DA RESPIRAÇÃO: frequência respiratória, esforço respiratório, coloração (p.ex, cianose central e periférica) e ruídos audíveis . Tipo morfológico: Normolíneo: ângulo de Charpy é de 90°. Longilíneo: ângulo de Charpy < 90°. Brevilíneo: ângulo de Charpy > 90°. Ângulo de Charpy 3 Gabrielle Nunes | P2 |2020 TIPOS DE TÓRAX POR ANORMALIDADES ÓSSEAS Anormalidades no esterno: peito de pombo (pectus carinatum), tórax de sapateiro (pectus excavatum) ou em “quilha de navio”. Vértebras: tórax escoliótico, tórax cifótico ou tórax lordótico. Arcos costais: tórax em tonel ou enfisematoso, tórax em sino ou piriforme. O QUE PROVOCA AS ANORMALIDADES? Tórax chato Parede anterior perde sua convexidade normal, havendo por isso redução do diâmetro anteroposterior. Tórax em tonel Aumento exagerado do diâmetro anteroposterior, maior horizontalização dos arcos costais e abaulamento da coluna dorsal, o que torna o tórax mais curto. Pectus excavatum Depressão na parte inferior do esterno e região epigástrica. (+) congênito. Pectus carinatum O esterno é proeminente e as costelas horizontalizadas, resultando em um tórax que se assemelha ao das aves (tórax de pombo) - Pacientes com asma podem apresentar essa deformação; Tórax em sino Parte inferior exageradamente alargada lembrando um sino. Encontrado em hepatoesplenomegalias e ascites volumosas Tórax cifótico Curvatura da coluna dorsal, formando uma gibosidade. Tórax cifoescoliótico Além da cifose, um desvio da coluna para o lado (escoliose) Tórax instável traumático Alteração da inspeção torácica dinâmica por fraturas de costelas sequenciais DINÂMICA Observam-se os movimentos respiratórios, suas características e alterações; Existe taquipneia, bradipneia ou trepopneia? 16 a 20 ipm (eupneico)? Existe batimento das asas do nariz? Os movimentos respiratórios são simétricos? Analisar regularidade, amplitude e sequência da respiratória. Retrações e abaulamentos difusos ou localizados: espaços intercostais, supraclavicular e fúrcula esternal; Abaulamentos precordiais podem sugerir filatação cardíaca crônica; Sulco de Harrison: pode surgerir grandes shunts esquerdo-direito e raquitismo; Tórax hiperdinâmico ocorre, em geral, em cardiopatias; Respiração torácica ou abdominal? Melhor avaliar com o paciente em decúbito; TIPO E RITMO RESPIRATÓRIO 1º: OBSERVAR A MOVIMENTAÇÃO DO TÓRAX E DO ABDOME: TIPO RESPIRATÓRIO ▪ Respiração torácica ou costal ▪ Respiração diafragmática: acontece nos pacientes deitados ▪ Respiração toraco-abdominal: Crianças e homens; TEMPO ENTRE INSPIRAÇÃO E EXPIRAÇÃO: RITMO Ritmo respiratório normal: Inspiração progressiva e expiração subsequente, seguido de um momento breve de apneia. Respiração de Cheyne-Stokes e Biot: Insuficiência cardíaca, hipertensão intracraniana, AVC e traumatismos cranioencefálicos. Desequilíbrio eletrolítico (ex. problemas bulbares) Respiração de Kussmaul: A acidose, principalmente a diabética, é a sua causa principal. A.Normal (atípico) B. Em tonel (Enfisema). C. Tórax infundibuliforme (pectus excavatum). D. Tórax cariniforme (pectus carinatum). E. Escoliose. F. Cifose. G. Gibosidade 4 Gabrielle Nunes | P2 |2020 Respiração suspirosa: Traduz tensão emocional e ansiedade. Classificação da respiração em ampla ou superficial FREQUÊNCIA RESPIRATÓRIA Taquipneia: frequência respiratória acima dos valores normais, podendo ser acompanhada ou não de dispneia; Bradipneia: frequência inferior aos valores normais. Apneia: parada respiratória Ortopneia: Dispneia que piora ou surge quando o paciente deita. Ex: dispneia em decúbito. Platipneia: Dispneia ortostática que alivia com a posição deitada. Trepopneia: dispneia (dificuldade em respirar) que é sentida quando a pessoa está em decúbito lateral, não sendo sentida no decúbito contralateral. Ex: derrame pleural; Eupneia: frequência normal sem dificuldade respiratória Idosos podem apresentar uma frequência respiratória mais ABAULAMENTOS E RETRAÇÕES RETRAÇÃO INSPIRATÓRIA FISIOLÓGICA Consiste numa ligeira retração dos espaços intercostais, sobretudo os inferiores, a qual ocorre apenas no início da inspiração. Abaulamentos expiratórios LINK: https://pt.slideshare.net/JuciVasconcelos/aula- teorica-do-torax https://www.google.com/search?q=abaulamento+supracl avicular&source=lnms&tbm=isch&sa=X&ved=2ahUKEwio9v arqdzrAhXIIbkGHZWTBD8Q_AUoAXoECAwQAw&biw=756&bi h=683#imgrc=V-P1QOO9ySaJOM TIRAGEM Ligeira depressão dos espaços intercostais em condições de normalidade que não é considerada tiragem. A tiragem pode ser difusa ou localizada, isto é, supraclavicular, infraclavicular, intercostal ou epigástrica. Essas áreas retráteis caracterizam a impossibilidade de o pulmão acompanhar o movimento expansivo da caixa torácica, devido à atelectasia subjacente. Quando há obstáculo em uma via respiratória, dificultando ou impedindo a penetração do ar, a parte correspondente do pulmão não se expande. A pressão atmosférica, ao atuar sobre a área correspondente da parede torácica, provoca uma leve depressão dos espaços intercostais; INSPEÇÃO DO PESCOÇO É importanteobservar se a respiração é auxiliada pela ação dos músculos acessórios, sinal precoce de obstrução das vias respiratórias, sendo esse um dos sinais mais precoces de obstrução das vias respiratórias. Os músculos acessórios auxiliam na ventilação porque elevam a clavícula e a parede torácica anterior, aumentando a pressão intratorácica negativa e o volume pulmonar. À inspeção, este fato é evidenciado pela retração das fossas supraclaviculares e dos espaços intercostais. Para isso, deve-se observar os músculos trapézios e esternocleidomastóideos no pescoço. Ao se contraírem, elevam a clavícula e a parede torácica anterior, o que é evidenciado por retração das fossas supraclaviculares e músculos intercostais. ANÁLISE DAS MAMAS Devem ser examinadas pela inspeção e palpação e comparadas quanto ao volume, posição do mamilo e existência de nódulos. https://pt.slideshare.net/JuciVasconcelos/aula-teorica-do-torax https://pt.slideshare.net/JuciVasconcelos/aula-teorica-do-torax https://www.google.com/search?q=abaulamento+supraclavicular&source=lnms&tbm=isch&sa=X&ved=2ahUKEwio9varqdzrAhXIIbkGHZWTBD8Q_AUoAXoECAwQAw&biw=756&bih=683#imgrc=V-P1QOO9ySaJOM https://www.google.com/search?q=abaulamento+supraclavicular&source=lnms&tbm=isch&sa=X&ved=2ahUKEwio9varqdzrAhXIIbkGHZWTBD8Q_AUoAXoECAwQAw&biw=756&bih=683#imgrc=V-P1QOO9ySaJOM https://www.google.com/search?q=abaulamento+supraclavicular&source=lnms&tbm=isch&sa=X&ved=2ahUKEwio9varqdzrAhXIIbkGHZWTBD8Q_AUoAXoECAwQAw&biw=756&bih=683#imgrc=V-P1QOO9ySaJOM https://www.google.com/search?q=abaulamento+supraclavicular&source=lnms&tbm=isch&sa=X&ved=2ahUKEwio9varqdzrAhXIIbkGHZWTBD8Q_AUoAXoECAwQAw&biw=756&bih=683#imgrc=V-P1QOO9ySaJOM 5 Gabrielle Nunes | P2 |2020 PALPAÇÃO Exame quanto à forma, o volume e a consistência de lesões superficiais; Avalição da sensibilidade superficial (dor ventilatório-independente x dor muscular) e profunda; verificar a temperatura cutânea; sudorese; Palpação de gânglios; Investigação da estrutura da parede torácica, expansibilidade ou mobilidade e frêmito toracovocal. ESTRUTURA DA PAREDE TORÁCICA A parede torácica inclui a pele, o tecido celular subcutâneo, os músculos, as cartilagens e os ossos. O estudo semiótico desses elementos segue as normas indicadas nos capítulos correspondentes. EXPANSIBILIDADE EXPANSIBILIDADE DOS ÁPICES PULMONARES: Ambas as mãos espalmadas de modo que as bordas internas toquem a base do pescoço, os polegares apoiem-se na coluna vertebral e os demais dedos nas fossas supraclaviculares. EXPANSIBILIDADE DAS BASES PULMONARES: apoiam-se os polegares nas linhas paravertebrais, enquanto os outros dedos recobrem os últimos arcos costais. Em ambas as manobras, o médico fica atrás do paciente em posição sentada, e este deve respirar profunda e pausadamente. Prega cutânea a nível da 10º costela + inspiração profunda ◗Unilateral: localização apical traduz processo infeccioso ou cicatricial do ápice pulmonar; basal ocorre no derrame pleural, nas hepatomegalias e nas esplenomegalias; difusa no pneumotórax, no hidrotórax, na atelectasia, na pleurodinia e no traumatismo torácico ◗ Bilateral: localizado nos ápices indica processo infeccioso ou cicatricial; basal, gravidez, ascite, obesidade grave e derrame pleural bilateral; difusa, enfisema pulmonar, esclerodermia e senilidade. FRÊNITO TOROCOVOCAL Corresponde às vibrações das cordas vocais transmitidas à parede torácica. Solicitar que o o paciente pronuncie palavras ricas em consoantes, tendo-se consagrado em nosso meio as palavras "trinta e três': Apoia-se a palma mão principalmente a área mais dura, comparando-se a intensidade das vibrações em regiões homólogas. FTV é mais acentuado à direita e nas bases, e melhor sensação se obtém quando se coloca apenas a face palmar correspondente ao 2°, 3° e 4° quirodáctilos. Existem outros tipos de frêmito, como o frêmito brônquico, equivalente tátil dos estertores, e o frêmito pleural, que resulta da sensação tátil do ruído de atrito provocado pelas duas superfícies rugosas dos folhetos pleurais e que muitas vezes precede os derrames. Em condições patológicas, como pneumotórax e derrame pleural, a existência de substâncias entre a mão e o parênquima pulmonar interferem na intensidade do frêmito. Frênitos mais intensos podem significar a presença de líquido no parênquima pulmonar. 6 Gabrielle Nunes | P2 |2020 PERCUSSÃO Deve-se iniciar a percussão do tórax pela sua face posterior, de cima para baixo. Realizar uma penetração de 5-7 cm e seguir o parâmetro de comparação entre os hemitórax simultâneo com a comparação vertical do mesmo pulmão; A mão esquerda, com os dedos ligeiramente separados, deve apoiar-se suavemente sobre a parede, e o dedo médio, sobre o qual se percute, exerce apenas uma leve pressão sobre o tórax; É necessário que o paciente cruze os braços para aumentar a área de percussão e evitar a influência das escápulas nos sons. QUATRO TONALIDADES DE SOM SÃO OBTIDAS: MACIÇO: obtém-se percutindo regiões desprovidas de ar. Ex: músculo, fígado, coração; SUBMACIÇO: órgãos onde há presença de ar, porém em pequenas quantidades. Ex: baço e coração; - Macicez do fígado: Som maciço na região inferior do esterno (macicez hepática), a partir do 6º espaço intercostal; - Som maciço na região infra mamaria direita (macicez hepática) e submaciço na região precordial – 3º espaço intercostal; SOM CLARO PULMONAR: obtém-se quando se percute especificamente a área dos pulmões; Fisiológico: percussão das áreas de projeção dos pulmões; na percussão do tórax posterior tem-se predominantemente o som claro pulmonar, exceto nas áreas de ossos; SOM TIMPÂNICO: É obtido em regiões que contenham grandes quantidades de ar. Ex: estômago; - Som timpânico no espaço de traube; A coluna vertebral provoca um som atimpânico. Pesquisa de submacicez ou macicez, que podem significar um derrame pleural ou uma consolidação. Hipertimpanismo pode significar derrame pleural. Som claro pulmonar: Toda extensão da face anterior do tórax até o nível da sexta ou sétima costela do lado direito; Limite superior clavícula ou até 2,5 a 3 cm; A projeção do coração depende do biotipo do paciente; A percussão da área cardíaca não tem valor clínico; A ausência do timpanismo do espaço de traube é uma das primeiras manifestações das esplenomegalias Pacientes com enfisema pulmonar, a cúpula diafragmática retifica-se e se abaixa, de tal modo que os limites da macicez hepática são mais baixos tanto na inspiração como na expiração; Havendo redução do calibre brônquico (estenose) causa aprisionamento de ar na zona correspondente, isso reflete com uma hipersonoridade. ALTERAÇÃO NA PERCUSSÃO DO TÓRAX HIPERSONORIDADE PULMONAR Percussão mais clara pelo aumento de ar nos pulmões. ➢ Enfisema pulmonar: destruição dos alvéolos e aprisionamento de ar. Áreas de ressonância skódica: em casos de derrame pleural e condensação as áreas próximas a região acometida estão com uma hiperinsuflação compensatória; SUBMACICEZ MACICEZ Diminuição da sonoridade, pela redução da quantidade de ar nos alvéolos. Som mais abafado. ➢ Derrame pleural ➢ Espessamento pleural Padrões de consolidação, áreas de alteração no interstício pulmonar ( 7 Gabrielle Nunes | P2 |2020 Pneumonia, neoplasias, infarto pulmonar, tuberculose) TIMPÂNICO Ar no espaço pleural ou em grande cavidade intrapulmonar ➢ Pneumotórax ➢ Caverna tuberculosa AUSCULTA É o método semiológico mais importante no exame físico dos pulmões: possibilita o funcionamento pulmonar. POSIÇÃO: Examinador atrás do paciente. O paciente não deve forçar o pescoço nem dobrar excessivamente o tronco; deve se encontrar de tóraxdespido e respirar pausada e profundamente, com a boca aberta, sem fazer ruídos. PACIENTE: Deve respirar pausadamente e profundamente, com a boca aberta, sem fazer ruído. Sentado: Tórax posterior; decúbito: tórax anterior A ausculta se inicia pela face posterior do tórax, passando, a seguir, para as faces laterais e anterior, sempre de forma simétrica e comparativa. Auscultam-se as regiões de maneira simétrica. É aconselhável solicitar ao paciente que faça algumas respirações profundas e tussa várias vezes. CLASSIF ICAÇÃO DOS SONS PLEUROPULMONARES SONS RESPIRATÓRIOS NORMAIS SOM TRAQUEAL E SOM BRÔNQUICO: Reconhecemos sons inspiratório e expiratório. Som traqueal: Audível na região da traqueia, no pescoço e na região esternal. O som inspiratório intenso constituído de um ruído soproso, mais ou menos rude, após o qual há um curto intervalo silencioso, e o expiratório, um pouco mais forte e mais prolongado. Projeção da traqueia Pescoço Região esternal Som brônquico: corresponde ao som traqueal audível na zona de projeção de brônquios de maior calibre, na face anterior do tórax, nas proximidades do esterno. Se diferenciando do som traqueal apenas por ter o componente expiratório menos intenso. Projeção de brônquios de maior calibre; Deve ser auscultada apenas nos lugares corretos, pode indicar mecanismos compensatórios; MURMÚRIO VESICULAR: Os ruídos respiratórios ouvidos na maior parte do tórax são produzidos pela turbulência do ar circulante ao chocar-se contra as saliências das bifurcações brônquicas, ao passar por cavidades de tamanhos diferentes, tais como dos bronquíolos para os alvéolos, e vice-versa. Ausculta nas regiões periféricas dos pulmões. → O componente inspiratório é mais intenso, mais duradouro e de tonalidade mais alta em relação ao componente expiratório. → Não se percebe, diferentemente do que ocorre na respiração traqueal, um intervalo silencioso entre as duas fases da respiração. → Mais suave e mais fraco que o som brônquico (barulho das ondas do mar) → Não tem intensidade homogênea em todo o tórax - é mais forte na parte anterossuperior, nas axilas e nas regiões infraescapulares. → Ausculta-se o MV em quase todo o tórax, exceto: região esternal superior, interescapulovertebral direita e na 3 e 4 vertebras dorsais. Nos portadores de afecções pulmonares unilaterais, como mecanismo vicariante, o murmúrio vesicular torna-se mais intenso no lado não afetado. SONS NORMAIS Som traqueal Som brônquico Murmúrio vesicular Som broncovesicular SONS ANORMAIS Descontínuos: estertores finos e grossos Contínuos: roncos, sibilos e estridor Sopros Atrito pleural SONS VOCAIS Broncofonia, egofonia, pectorilóquia fônica e afônica. 8 Gabrielle Nunes | P2 |2020 Diminuição do murmúrio vesicular: Presença de ar (pneumotórax), líquido (hidrotórax) ou tecido sólido (espessamento pleural) na cavidade pleural; enfisema pulmonar, dor torácica de qualquer etiologia que impeça ou diminua a movimentação do tórax, obstrução das vias respiratórias superiores (espasmo ou edema da glote, obstrução da traqueia), oclusão parcial ou total de brônquios ou bronquíolos. Em casos de asma brônquica, enfisema pulmonar e bronquite espastiforme, DPOC avançada, (onde há dificuldade de saída do ar) há um prolongamento da fase expiratória. SOM BRONCOVESICULAR: somam -se as características do som brônquico com as do murmúrio vesicular. Inspiração semelhante expiração sem pausa entre eles. Som dos brônquios segmentares Região esternal superior, interescapulovertebral direita, 3 e 4 vertebras dorsais; Porque no lado direito? Pela anatomia do brônquio em ser mais verticalizado. ALTERAÇÕES: Ausculta em locais diferentes, de forma compensatória há uma dilatação de alvéolos, aumentando o calibre; ex. consolidação, atelectasia; CAUSAS DE ALTERAÇÃO DOS SONS PULMONARES Condições fisiológicas: Obesidade e musculatura torácica aumentada alteram os sons pulmonares normais. Causas patológicas de redução de difusa: broncoespasmo grave, edema da parede torácica e enfisema pulmonar. Redução localizada: Atelectasias, obstrução por corpo estranho, ressecção pulmonar, pneumotórax e derrame pleural. Sopro brônquico: Ausculta de som brônquico em região onde é esperado murmúrio vesicular. Transmissão do som da região central para a periferia devido à exixtência de tecido mais denso no parênquima. Exemplo: Pneumonias e tumores. SONS OU RUÍDOS ANORMAIS|ADVENTÍCIOS DESCONTÍNUOS Os estertores são ruídos audíveis na inspiração ou na expiração, superpondo-se aos sons respiratórios normais. Podem ser finos ou grossos. Estertores finos ou crepitantes: Final da inspiração, alta frequência, são agudos e de duração curta. Não se modificam com a tosse. Podem ser comparados ao ruído produzido pelo atrito de um punhado de cabelos junto ao ouvido ou ao som percebido ao se fechar ou abrir um fecho tipo velcro. Produzidos pela abertura sequencial de vias respiratórias anteriormente fechadas devido à pressão exercida pela presença de líquido ou exsudato no parênquima pulmonar ou por alteração no tecido de suporte das paredes brônquicas. São ouvidos principalmente nas zonas pulmonares influenciadas pela gravidade. O primeiro mecanismo explicaria a presença de estertores finos na pneumonia e na congestão pulmonar da insuficiência ventricular esquerda (edema agudo), enquanto o segundo seria observado nas doenças intersticiais pulmonares. Estertores grossos ou bolhosos ou subcrepitante: tem frequência menor e maior duração que os finos. Sofrem alteração com a tosse e acontecem do meio para o final da inspiração e durante toda a expiração. Origem na abertura e fechamento de vias respiratórias contendo secreção viscosa e espessa, bem como pelo afrouxamento da estrutura de suporte das paredes brônquicas. São comuns na bronquite crônica e nas bronquiectasias. A bronquiectasia é uma doença em que há aumento permanente de partes das vias aéreas do pulmão. Pacientes com fibrose cística apresentam como ruído adventício os ATRITO PLEURAL: Sons produzidos tanto na expiração quanto na inspiração quando os folhetos pleurais estão doentes. Pode acontecer nos casos de inflamação, neoplasia ou derrame pleural extenso. Nos casos de pleurite, por se recobrirem de exsudato, passam a produzir um ruído irregular, descontínuo, mais intenso na inspiração. Som semelhante a um rangido ou barulho de couro friccionado. Sua causa principal é a pleurite seca Som de duração maior e frequência baixa, de tonalidade grave e produz vibração palpável. SONS OU RUÍDOS ANORMAIS CONTÍNUOS Sons contínuos: Denominados assim porque podem estar presentes em qualquer fase do ciclo respiratório. Os sons anormais contínuos são representados pelos roncos, sibilos e estridores. Surgem quando há uma obstrução na via aérea por secreção, espasmo local ou corpo estranho. 9 Gabrielle Nunes | P2 |2020 Roncos e sibilos acontecem mais nas regiões centrais das vias aéreas inferiores. RONCOS: Sons graves e rude, portanto, de baixa frequência. F < 200 Hz. Aparece mais na inspiração em casos de secreção e expiração em broncoespasmos (livro), na prática sendo mais inspiração. Ronco de transmissão x ronco de vias aéreas inferiores; Vias aéreas de maior calibre SINBILOS: Sons agudos e musical, formados por ondas de alta frequência. F> 400 Hz Característica de asma; originam-se nas vibrações das paredes brônquicas e do conteúdo gasoso quando há estreitamento destes ductos, seja por espasmos ou edema da parede ou achado de secreção aderida a ela, como ocorre na asma brônquica, nas bronquites, nas bronquiectasia e nas obstruções localizadas. Quando bem localizados em uma determinada região, indicam semiobstrução por neoplasiaou corpo estranho. ESTRIDOR: Acontece nas regiões superiores das vias aérea inferiores em processos de semiobstrução. Etiologia: obstrução, laringite, edema de glote, estenose de traqueia. Som intenso e agudo que pode aparecer em qualquer fase da respiração, sendo mais intenso nas respirações profundas. GASNIDO: Ocorre pela abertura súbita das vias aéreas de menor calibre. Costuma aparecer em doenças intersticiais pulmonares e bronquiolites. Localização nas regiões periféricas pulmonares. SOPROS: Sopros fisiológico: 7ª vértebra cervical no dorso, traqueia, região interescapular Condições clínicas patológicas: Sopros tubários: pneumonias bacterianas (hepatização) Sopros cavitários: grandes cavernas (brônquio de drenagem permeável) Sopros anfóricos: pneumotórax hipertensivo LINK: https://www.youtube.com/watch?v=OA9jzo_fDV4 SOM VOCAL Ausculta da transmissão da voz no tórax. auscultam-se a voz nitidamente pronunciada e a voz cochichada. Para isso, o paciente vai pronunciando as palavras «trinta e três" enquanto o examinador percorre o tórax com o estetoscópio, comparando regiões homólogas. Som produzido > ressonância vocal Nos pulmões normais não é possível distinguir as palavras Pectorilóquia: aumento da nitidez. (1) fônica, aumento da nitidez da voz falada; (2) áfona, aumento da nitidez da voz cochichada. Toda vez que houver condensação pulmonar - inflamatória, neoplásica ou pericavitária -, há aumento da ressonância vocal ou broncofonia. ▪ Egofonia: tipo específico de broncofonia. Auscultado na região superior dos derrames pleurais. Corresponde a uma mudança da qualidade da voz na ausculta e é comparado ao balido de uma cabra. Solicitar que o paciente fale “iiiiii) Ao contrário, em casos de aumento da aeração na atelectasia, no espessamento pleural, nos derrames, no enfisema e no pneumotórax ocorre diminuição da ressonância vocal. Nas bases pulmonares os sons vocais estão ainda mais abafados do que nos ápices pulmonares. TERMOS Broncofonia: aumento da ressonância vocal. Ex: condensação pulmonar Pectorilóquia fônica: ouve-se com nitidez a voz falada Pectorilóquia afônica: ouve-se com nitidez a voz cochichada Egofonia: broncofonia adquire e qualidade nasalada e metálica. Ex: condensação pulmonar e derrame pleural; Ressonância vocal normal, abafado e indistinto PROJEÇÕES PULMONARES O IDEAL É FAZER ANÁLISE DE TODAS AS PROJEÇÕES: ▪ Ao examinar decúbito dorsal não se faz a avaliação dos lobos inferiores. CORAÇÃO: AREA CARDÍACA (Nível do 3ª arco costal e sua articulação com o esterno; curvatura p/ a porção axial https://www.youtube.com/watch?v=OA9jzo_fDV4 10 Gabrielle Nunes | P2 |2020 A borda direita cranial é convexa e curvada ventral e caudalmente e a maior parte é paralela ao esterno. A borda esquerda caudal é muito mais curta e é, aproximadamente, vertical. As superfícies, atrial (direita, diafragmática) e auricular (esquerda, esternocostal) são convexas e marcadas pelos sulcos que indicam a divisão do coração em quatro câmaras, os dois átrios dorsalmente e os dois ventrículos ventralmente. Internamente os átrios estão separados pelo septo interatrial. CASO CLÍNICO 1- João Paulo, 25 anos, tabagista desde os 18, dá entrada no HPS com queixa de dor torácica súbita a direita e dispneia. A radiografia de tórax confirmou a hipótese de pneumotórax espontâneo. Quais os achados da percussão e ausculta pulmonar desse paciente? Percussão: som timpânico, áreas com grande quantidade de ar; Ausculta: diminuição dos murmúrios vesiculares; 2- Manoel, 54 anos, portador de adenocarcinoma pulmonar, evoluindo com dispneia e ortopneia. Seu último RX de tórax revelou e extenso derrame pleural a direita. Quais os achados da percussão e ausculta pulmonar desse paciente? Percussão: Som maciço e sinal de Signopelli; Ausculta: abolição dos MV; 3- Paciente do sexo masculino, 60 anos, tabagista desde os 20 anos (fumante de cerca de 20 cigarros por dia), relatou dispneia aos esforços habituais e tosse produtiva crônica com início há 5 anos. Na última semana, observou acentuação da dispneia e da tosse com expectoração purulenta. Quais os achados ao exame físico do tórax desse paciente? DPOC (Enfisema + bronquite). Sendo a dispneia pela destruição alveolar e a tosse produtiva pela bronquite crônica. ▪ Sintomas: Dificuldade expiratória e tosse crônica produtiva; ▪ Inspeção: Tórax em tonel ou enfisematoso e expiração prolongada ▪ Palpação: Diminuição da elasticidade, da expansibilidade e do frêmito toracovocal (globalmente) ▪ Percussão: Hipersonoridade, sendo timpânico em casos extremos. ▪ Ausculta: Diminuição ou abolição do MV, estertores finos e grossos, sibilos e roncos; 4- Paciente sexo feminino de 63 anos procura a UDA Dr. José Lages Neto queixando-se dor torácica à direita há 2 dias, refere tosse produtiva com expectoração amarelada há 5 dias, além de febre alta 39oC. Nos últimos 2 dias dor torácica ventilatória dependente à direita com dispneia e escarros hemáticos. Quais os achados ao exame físico do tórax desse paciente? Quadro indicativo de pneumonia. ▪ INSPEÇÃO: Imobilidade do tórax comprometido ▪ PALPAÇÃO: Diminuição da elasticidade e expansibilidade; frêmito toracovocal aumentado no terço médio direito; ▪ PERCUSSÃO: Som maciço ou submaciço. ▪ AUSCULTA: Diminuição ou abolição dos MV e estertores finos (crepitações); sopro tubário e pectorilóquia; CASO 3: DPOC e Bronquite crônica CASO 4: Pneumonia bacteriana
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