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Tireoide A tireoide é uma glândula endócrina que se desenvolve a partir do endoderma da porçâo cefálica do tubo digestivo. Sua função é sintetizar os hormônios tiroxina (T4) e triiodotironina (T3), que regulam a taxa de metabolismo do corpo. Situada na região cervical anterior à laringe, a glândula tireoide é constituída de dois lóbulos unidos por um istmo. A tireoide é composta de milhares de folículos tireoidianos, que são pequenas esferas de 0,2 a 0,9 mm de diâmetro. A parede dos folículos é um epitélio simples cujas células são também denominadas tirócitos. A cavidade dos folículos contém uma substância gelatinosa chamada coloide. A glândula é revestida por uma cápsula de tecido conjuntivo frouxo que envia septos para o parênquima. Os septos se tornam gradualmente mais delgados ao alcançar os folículos, que são separados entre si principalmente por fibras reticulares. A tireoide é um órgão extremamente vascularizado por uma extensa rede capilar sanguínea e linfática que envolve os folículos. As células endoteliais dos capilares sanguíneos são fenestradas, como é comum também em outras glândulas e11dócrinas. Esta configuração facilita o transporte de substâncias entre as células endócrinas e o sangue. Em cortes o aspecto dos folículos tireoidianos é muito variado, o que é consequência de: (1) diferentes maneiras em que foram seccionados os folículos; (2) diversos níveis de atividade funcional exercidos pelos vários folículos. Alguns folículos são grandes, cheios de coloide e revestidos por epitélio cúbico ou pavimentoso, e outros são menores, com epitélio colunar. De maneira geral, quando a altura média do epitélio de tun número grande de folículos é baixa, a glândula é considerada hipoativa. Em contrapartida, o aumento acentuado na altura do epitélio folicular acompanhado por diminuição da quantidade de coloide e do diâmetro dos folículos costuma indicar hiperatividade da glândula. Outro tipo de célula encontrado na tireoide é a célula parafolicular ou célula C. Ela pode fazer parte do epitélio folicular ou mais comumente forma agrupamentos isolados entre os folículos tireoidianos. As células parafoliculares produzem um hormônio chamado calcitonina, também denominado tirocalcitonina, cujo efeito principal é inibir a reabsorção de tecido ósseo e, em consequência, diminui o nível de cálcio no plasma. A secreção de calcitonina é ativada por aumento da concentração de cálcio do plasma. Sidney FMN - MED 2020 Doença de Graves A glândula tireoide está, em geral, simetricamente aumentada por causa da hipertrofia e hiperplasia difusas das células epiteliais foliculares da tireoide (Fig. 24-13A). Aumentos do peso acima de 80 g não são incomuns. Em corte, o parênquima tem uma aparência macia e carnuda, parecendo um músculo Sidney FMN - MED 2020 normal. Histologicamente, as células epiteliais foliculares, em casos não tratados, são altas e mais populosas do que o normal. Esta superpopulação frequentemente resulta na formação de pequenas papilas, que se projetam no lúmen folicular e passam dos limites do coloide, algumas vezes enchendo os folículos (Fig. 24-13B). Tais papilas não apresentam núcleos fibrovasculares, contrariamente às do carcinoma papilar (veja adiante). O coloide no lúmen folicular é pálido, com margens recortadas. Os infiltrados linfoides, consistindo predominantemente em células-T, com poucas células-B e plasmócitos maduros, estão presentes por todo o interstício; os centros germinativos são comuns. Mudanças no tecido extratireoidiano incluem hiperplasia linfoide generalizada. O coração pode estar hipertrofiado e mudanças isquêmicas podem estar presentes, particularmente em pacientes com doença arterial coronariana preexistente. Em pacientes com oftalmopatia, os tecidos da órbita estão edematosos devido à presença de mucopolissacarídeos hidrofílicos. Além disso, há infiltração de linfócitos e fibrose. Os músculos orbitais estão edematosos no início, mas podem sofrer fibrose tardiamente no curso da doença. A dermopatia, se presente, é caracterizada por espessamento da derme devido à deposição de glicosaminoglicanos e à infiltração de linfócitos. Microscopia: Tiróide mostrando, em pequeno aumento, folículos pequenos, freqüentemente abaixo do diâmetro normal, e contendo pouco ou nenhum colóide. Há infiltrado linfocitário focal, formando folículos linfóides com centros germinativos. ➔ Aumento na quantidade e tamanho das células foliculares. ➔ Projeções do epitélio para dentro do folículo (pseudopapilas). ➔ Infiltrado inflamatório formando folículo linfoide. ➔ Contem pouco ou nenhum coloide. Macroscopia: Aumento difuso da Gl. (não nodular) Sidney FMN - MED 2020 Sidney FMN - MED 2020 Bócio Multinodular Esporádico: causa indeterminada. Efeito de massa – esôfago; traquéia; grandes vasos. Bócio mergulhante. Aumento da tireóide; nódulos irregulares. Hiperplasia e hipertrofia de células foliculares. Os bócios multinodulares são glândulas multilobuladas assimetricamente aumentadas que podem alcançar um peso de mais de 2.000 g. O padrão de aumento é um tanto imprevisível e pode envolver um lobo muito mais do que o outro, produzindo uma pressão lateral nas estruturas da linha média, tais como a traqueia e o esôfago. Em outros casos, o bócio cresce atrás do esterno e das clavículas para produzir o chamado bócio intratorácico ou bócio mergulhante. Ocasionalmente, a maioria está escondida atrás da traqueia e do esôfago; em outros casos, um nódulo pode sobressair tanto que dá a aparência clínica de um nódulo solitário. Em um corte, os nódulos irregulares contendo quantidades variá- veis de coloide marrom e gelatinoso estão presentes (Fig. 24- 15A). Lesões mais antigas têm áreas de hemorragia, fibrose, calcificações e mudança cística. A aparência microscópica inclui folículos ricos em coloide, revestidos por um epitélio achatado e inativo e áreas de hiperplasia folicular, acompanhada por mudanças degenerativas observadas anteriormente. Em contraste com as neoplasias foliculares, a cápsula proeminente entre os nódulos hiperplásicos e o parênquima tireoidiano residual não está presente (Fig. 24-15B). Sidney FMN - MED 2020 Sidney FMN - MED 2020 Macroscopia: ➔ Tireóide aumentada, lobulada Assimetria ➔ Cortes: nódulos com colóide, calcificação, fibrose, hemorragia. Microscopia: . ➔ HIPERPLASIA NODULAR: quantidade aumentada de folículos e nódulos microscópicos. ➔ Epitélio achatado, inativo. ➔ Folículos de tamanhos variados bócio colóide abundante Ausência de cápsula. Sidney FMN - MED 2020 Tiróide mostrando, em pequeno aumento, folículos de tamanhos muito variados (macro- e microfolículos). Alguns folículos são bem maiores que o normal e contêm abundante colóide. Outros lembram folículos normais ou são pequenos. As células foliculares podem ser colunares, achatadas ou cúbicas, indicando variação na atividade funcional. Traves de tecido fibroso dão à glândula aspecto nodular. Sidney FMN - MED 2020 Tireoidite Inflamação da glândula, podendo ser infecciosa ou autoimune; aguda ou crônica Tireoidite de Hashimoto Ocorre por processo autoimune (anti TPO, anti TG) Aumento indolor da glândula com aumento difuso e simétrico Sinais e sintomas de hipotireoidismo Hashitoxicose: ruptura de folículo liberando hormônios. Microscopia: Sidney FMN - MED 2020 Sidney FMN - MED 2020 ➔ Infiltrado inflamatório linfocítico intenso ➔ Folículos tireoidianos atróficos ➔ Fibrose Tiróide mostrando, em pequeno aumento, intenso infiltrado linfocitário formando folículos linfóides com centros germinativos. Grande parte da área docorte é constituída por reação inflamatória. Em aumento maior, os folículos são atróficos e contêm pouco ou nenhum colóide. O aspecto tem semelhanças com a doença de Graves (ver quadro anterior), e pode até ser confundido com aquela. As diferenças são que na tiroidite de Hashimoto o infiltrado é mais intenso, as células foliculares são menores e não têm aspecto sugestivo de hiperatividade funcional. A tireoide está, com frequência, difusamente aumentada, embora um aumento mais localizado possa ser visto em alguns casos. A cápsula intacta e a glândula estão bem demarcadas das estruturas adjacentes. A superfície de corte é pálida, amarelo- amarronzada, firme e um tanto nodular. O exame microscópico revela uma infiltração extensiva do parênquima por um infiltrado inflamatório mononuclear contendo pequenos linfócitos, plasmócitos e centros germinativos bem desenvolvidos (Fig. 24- 11). Os folículos tireoidianos são atróficos e são revestidos em muitas áreas por células epiteliais distinguidas pela presença do citoplasma abundante, eosinofílico e granular, chamadas de células de Hürthle. Estas são uma resposta metaplásica do epitélio folicular cuboide baixo normal à lesão em andamento. Em amostras de biópsia aspiradas com uma agulha fina, a presença de células de Hürthle em conjunto com uma população heterogênea de linfócitos é característica da tireoidite de Hashimoto. Na tireoidite de Hashimoto “clássica”, o tecido conjuntivo intersticial está aumentado e pode ser abundante. Uma variante fibrosa é caracterizada por atrofia folicular tireoidiana grave e fibrose densa “semelhante a queloide”, bandas largas de colágeno acelular. Sidney FMN - MED 2020 Tireoidite Granulomatosa (Subaguda) Quadro clínico: Aumento glandular Dor Sinais e sintomas de infecção: febre, calafrios Sinais e sintomas de hipotireoidismo. Microscopia: ➔ Infiltrado inflamatório: linfócitos + neutrófilos ➔ Células gigantes multinucleadas ➔ Fibrose A glândula pode estar unilateral ou bilateralmente aumentada e firme, com cápsula intacta. Ela pode ser levemente aderente às estruturas circundantes. Em um corte, as áreas envolvidas são firmes e amarelo-esbranquiçadas e se sobressaem da substância tireoidiana marrom, normal e mais flexível. Histologicamente, as alterações são pontuais e dependem do estágio da doença. No início da fase inflamatória ativa, folículos espalhados podem ser inteiramente destruídos e substituídos por neutrófilos formadores de abscessos. Posteriormente, os aspectos mais característicos aparecem na forma de agregados de linfócitos, macrófagos ativados e plasmócitos próximos aos folículos tireoidianos colapsados e danificados. Células gigantes multinucleadas envolvem grupos nus ou fragmentos de coloide Sidney FMN - MED 2020 (Fig. 24-12), daí a designação tireoidite granulomatosa. Em estágios mais tardios da doença, um infiltrado inflamatório crônico e fibrose podem substituir o foco da lesão. Estágios histológicos diferentes são, às vezes, encontrados na mesma glândula, sugerindo ondas de destruição ao longo de um período de tempo. Sidney FMN - MED 2020 Nódulos Tireoidianos Únicos > múltiplos Homem > mulher Jovem > idoso “Nódulo frio” > “ nódulo quente” História de radiação em cabeça e pescoço Adenoma Neoplasia benigna Nódulo único Origem no epitélio folicular Geralmente, não funcionante (“ nódulo frio”, captam – iodo que a tireoide nl- 10% ca.) Quadro clínico: Massa cervical – efeito compressivo. O adenoma tireoidiano típico é uma lesão solitária, esférica e encapsulada que é bem demarcada do parênquima tireoidiano circundante (Fig. 24-16A). Os adenomas foliculares medem cerca de 3 cm de diâmetro, mas alguns são um pouco maiores (≥10 cm em diâmetro). Em amostras recentemente ressecadas, o adenoma se projeta da superfície lesionada e comprime a tireoide adjacente. A cor varia de branco-acinzentado a vermelhopardocento, dependendo da celularidade do adenoma e seu conteúdo coloidal. As células neoplásicas são demarcadas do parênquima adjacente por uma cápsula bem definida e intacta. Estas características são importantes para se fazer a distinção dos bócios multinodulares, os quais contêm múltiplos nódulos em sua superfície lesionada, se bem que o paciente pode se apresentar clinicamente com um nódulo dominante solitário. Áreas de hemorragia, fibrose, calcificação e mudanças císticas, similares às encontradas nos bócios multinodulares, são comuns nos adenomas foliculares, particularmente em lesões maiores. Microscopicamente, as células constituintes frequentemente formam folículos aparentemente uniformes que contêm coloides (Fig. 24-16B). O padrão de crescimento folicular no adenoma é geralmente um tanto distinto do da tireoide não neoplásica adjacente. As células epiteliais que compõem o adenoma folicular revelam uma pequena variação na morfologia celular e nuclear, e figuras mitóticas são raras. Atividade mitótica intensiva, necrose e alta celularidade justificam um exame cuidadoso da cápsula para excluir carcinoma folicular, assim como das características nucleares para excluir uma variante folicular do carcinoma papilar (veja adiante). Por vezes, as células neoplásicas adquirem um citoplasma granular brilhantemente eosinofílico (oxífilo ou mudança da célula de Hürthle) (Fig. 24-17); a apresentação clínica e o comportamento do adenoma folicular com oxifilia (adenoma da célula de Hürthle) não é diferente daquela de um adenoma convencional. O marco de todos os adenomas foliculares é a presença de uma cápsula bem formada, Sidney FMN - MED 2020 intacta, circundando o tumor. Uma avaliação cuidadosa da integridade da cápsula é, portanto, crítica na distinção dos adenomas foliculares dos carcinomas foliculares, os quais demonstram uma invasão capsular e/ou vascular (ver adiante). Sidney FMN - MED 2020 O tumor é bem delimitado do tecido tiroidiano circunjacente por cápsula fibrosa de espessura variável. O tecido neoplásico é mais compacto que o tecido tiroidiano normal. Os folículos tiroidianos próximos ao tumor são de diâmetro irregular e contêm colóide. No adenoma, as células neoplásicas tendem a arranjar-se em folículos, imitando a estrutura básica do tecido tiroidiano normal. Os folículos têm diâmetro e quantidade de colóide variáveis. Abaixo, uma área com folículos maiores. Sidney FMN - MED 2020 Carcinoma Papilífero 85% das neoplasias malignas da tireóide Origem no epitélio folicular Sexo feminino 25 – 50 anos Massa cervical Os carcinomas papilares são lesões solitárias ou multifocais. Alguns tumores podem estar bem circunscritos e até mesmo encapsulados; outros podem se infiltrar no parênquima adjacente com margens mal definidas. As lesões podem conter áreas de fibrose e calcificações e são frequentemente císticas. A superfície de corte algumas vezes revela focos papilares que Sidney FMN - MED 2020 podem apontar para o diagnóstico. Os marcos microscópicos das neoplasias papilares incluem o seguinte (Fig. 24-19): Carcinomas papilares podem conter papilas ramificadas com uma haste fibrovascular coberta por uma ou múltiplas camadas de células epiteliais cuboides. Na maioria das neoplasias, o epitélio que recobre as papilas consiste em células ordenadamente cuboides, bem diferenciadas e uniformes, mas no outro extremo estão aquelas com epitélio regularmente anaplásico mostrando uma variação considerável na morfologia celular e nuclear. Quando presentes, as papilas do carcinoma papilar diferem daquelas vistas nas áreas de hiperplasia por serem mais complexas e por terem cernesfibrovasculares densos. Os núcleos das células do carcinoma papilar contêm uma cromatina finamente dispersa, o que confere uma aparência opticamente clara ou vazia, dando origem à designação de núcleo de vidro moído ou olho da órfã Annie. Além disso, as invaginações do citoplasma podem, em corte transversal, dar uma aparência de inclusões intranucleares (“pseudoinclusões”) ou sulcos intranucleares. O diagnóstico de carcinoma papilar é feito com base nessas características nucleares, mesmo na ausência da arquitetura papilar. Estruturas concentricamente calcificadas chamadas de corpos de psamonas estão frequentemente presentes dentro das lesões, geralmente nos núcleos das papilas. Essas estruturas quase nunca são encontradas nos carcinomas foliculares e medulares e, portanto, quando presentes no material aspirado por agulha fina, são uma forte indicação de que a lesão é um carcinoma papilar. Focos de invasão linfática pelo tumor estão frequentemente presentes, mas o envolvimento de vasos sanguíneos é relativamente raro, particularmente em lesões menores. Estima-se que metástases para os linfonodos cervicais adjacentes ocorram em mais da metade dos casos. Macroscopia Nódulo único Encapsulado ou não Sidney FMN - MED 2020 Cortes: papilas, calcificação, fibrose, cistos. Microscopia – Resumo Papilas com eixo fibrovascular, revestidas por células foliculares. As células tendem a dispor-se ao longo de eixos conjuntivo-vasculares ramificados, formando papilas. As células costumam ser cubóides ou colunares baixas, uniformes e bem diferenciadas. Atualmente, a arquitetura papilífera não é mais considerada o critério decisivo para o diagnóstico deste tipo de tumor, dando-se maior importância às características nucleares (ver abaixo). Clareamento nuclear (vidro fosco) – “Olhos da Órfã Annie”. NÚCLEOS CLAROS OU EM VIDRO FOSCO. A cromatina das células do carcinoma papilífero é fina e regularmente dispersa, dando ao núcleo um aspecto claro e relativamente homogêneo. A isto se denomina aspecto em vidro fosco. Há também um reforço na periferia do núcleo (a cromatina é mais densa abaixo da membrana nuclear). Atualmente estas características nucleares são consideradas mais importantes para o diagnóstico de carcinoma papilífero que a própria arquitetura papilífera. Tumores de arquitetura puramente folicular são considerados carcinomas papilíferos se os núcleos tiverem as características acima. Sidney FMN - MED 2020 Pseudoinclusões nucleares. PSEUDOINCLUSÕES INTRANUCLEARES resultam de invaginações da membrana nuclear contendo citoplasma. A imagem é criada por superposição, não se tratando de inclusão verdadeira, no sentido de um corpúsculo intranuclear. São uma feição comum do carcinoma papilífero. As fendas da membrana nuclear (abaixo) têm natureza semelhante. Fendas intranucleares – grooves. FENDAS NA MEMBRANA NUCLEAR. São dobras da membrana que, dependendo do plano de observação, dão aspecto de uma fenda no núcleo, lembrando um grão de café. Em alguns núcleos cortados transversalmente a dobra da membrana nuclear fica bem visível. Sidney FMN - MED 2020 Focos de calcificação – psamomas. CORPOS PSAMOMATOSOS. São corpúsculos calcificados, freqüentemente com estrutura lamelada concêntrica, encontrados geralmente nos eixos conjuntivos das papilas. Têm importância para o diagnóstico de carcinoma papilífero porque são muito mais raros em outros tipos de carcinoma da tiróide como o folicular, medular e anaplásico. Sidney FMN - MED 2020 Carcinoma Folicular 5 a 15% das neoplasias malignas da tireóide; Origem no epitélio folicular Sexo feminino 40 – 60 anos Massa cervical; Macroscopia: Nódulo único, Encapsulado ou não Fibrose, calcificação, Hemorragia. Microscopia: Folículos pequenos, colóide, Áreas sólidas sem colóide – semelhante ao adenoma folicular – ausência das alterações citológicas do carcinoma papilífero. Os carcinomas foliculares são nódulos simples que podem estar bem circunscritos ou amplamente infiltrados (Fig. 24-40A). Pode ser extremamente difícil distinguir as lesões nitidamente demarcadas dos adenomas foliculares por exame macroscópico. Lesões maiores podem penetrar a cápsula e infiltrar muito além da cápsula tireoidiana até o pescoço adjacente. Elas se apresentam na cor cinza, parda até rosada aos cortes e, ocasionalmente, são um tanto translúcidas devido à presença de grandes folículos repletos de coloides. As mudanças degenerativas, tais como fibrose central e os focos de calcificação, estão algumas vezes presentes. Microscopicamente, a maioria dos carcinomas foliculares é composta de células regularmente uniformes formando pequenos folículos contendo coloide, inteiramente remanescente da tireoide normal (Fig. 24-20B). Em outros casos, a diferenciação folicular pode estar aparente e pode haver ninhos ou lâminas de células sem coloide. Tumores ocasionais são dominados por células com citoplasma granular e eosinofílico abundante (célula de Hürthle ou carcinoma folicular da variante oncocítica). Qualquer que seja o padrão, os núcleos não apresentam as características típicas do carcinoma papilar, e os corpos psamonas não estão presentes. É importante observar a ausência desses detalhes, porque alguns carcinomas papilares parecem quase inteiramente foliculares. As lesões foliculares, nas quais as características nucleares são típicas de carcinomas papilares, devem ser tratadas como cânceres papilares. Embora as características nucleares sejam úteis na distinção das neoplasias papilares dos foliculares, elas são de pouco valia na distinção dos adenomas foliculares dos carcinomas foliculares minimamente invasivos. Esta distinção requer uma amostragem histológica extensiva da interface tumor- cápsula-tireoide para excluir invasão capsular e/ou vascular (Fig. 24-21). O critério para invasão vascular é aplicável somente para vasos capsulares e espaços vasculares além da cápsula; a presença de conexões tumorais nos vasos sanguíneos intratumorais tem pouca significância prognóstica. Diferentemente do que ocorre nos cânceres papilares, a disseminação linfática é incomum em cânceres foliculares. Contrariamente ao que se vê nos cânceres foliculares minimamente invasivos, o diagnóstico do carcinoma é óbvio em Sidney FMN - MED 2020 carcinomas foliculares amplamente invasivos, os quais se infiltram no parênquima da tireoide e nos tecidos moles extratireoidianos. Histologicamente, esses cânceres tendem a ter uma proporção maior de padrões de crescimento trabecular ou sólido, menos evidência de diferenciação folicular e atividade mitótica aumentada. Carcinoma folicular da tiróide. O tumor é geralmente um nódulo único, que pode ser bem delimitado ou infiltrativo. Quando bem delimitado não é possível distinguí-lo macroscopicamente de um adenoma folicular. Para isto é indispensável o estudo microscópico minucioso da cápsula do tumor, para procurar infiltração da própria cápsula ou de vasos. Sidney FMN - MED 2020 http://anatpat.unicamp.br/lamendo13.html http://anatpat.unicamp.br/lamendo13.html Microscopicamente, o carcinoma folicular reproduz mais ou menos fielmente a arquitetura folicular da tiróide. É importante que as características nucleares do carcinoma papilífero (cromatina fina e bem distribuída, dando aspecto em vidro fosco, pseudoinclusões intranucleares e sulcos da membrana nuclear) não são encontradas no carcinoma folicular, e os corpos psamomatosos são raros. Ao contrário dos carcinomas papilíferos, os carcinomas foliculares têm pouca propensão a invadir linfáticos. Há tendênciaa metástases por via hematogênica, principalmente para ossos, pulmões e fígado. Quando há invasão microscópica da cápsula ou vasos, metástases à distância são encontradas em cerca de metade dos casos. Sidney FMN - MED 2020 http://anatpat.unicamp.br/lamendo14.html http://anatpat.unicamp.br/lamendo14.html Sidney FMN - MED 2020 Sidney FMN - MED 2020 Carcinoma Medular 5% das neoplasias malignas da tireóide. Origem nas células C (parafoliculares) Carcinoma neuroendócrino: calcitonina; ACTH, serotonina, etc. Esporádico ou associado a síndromes neuroendócrinasfamiliar (NEM 2A e NEM 2B). Massa cervical – Síndromes paraneoplásicas: esporadico. Macroscopia: Nódulo solitário ou multiplos, unilateral ou bilateral. Microscopia: Células poligonais em ninhos ou trabéculas Depósito amilóide, infiltrado neutrofilico. Os carcinomas tireoidianos medulares esporádicos se apresentam como nódulos solitários (Fig. 24-22A). Em contraste, a bilateralidade e a multicentricidade são comuns em casos familiares. Lesões maiores frequentemente contêm áreas de necrose e hemorragia e podem se estender através da cápsula da tireoide. O tecido tumoral é firme, pálido, de acinzentado a pardo, e infiltrativo. Pode haver focos de hemorragia e necrose nas lesões maiores. Microscopicamente, os carcinomas medulares são compostos de células poligonais fusiformes, as quais podem formar ninhos, trabéculas e mesmo folículos. Células pequenas mas anaplásicas estão presentes em alguns tumores, e podem ser o tipo celular predominante. Os depósitos amiloides acelulares, derivados dos polipeptídeos calcitonina alterados, estão presentes no estroma adjacente em muitos casos (Fig. 24-22B). A calcitonina é facilmente demonstrável no citoplasma das células tumorais, assim como no estroma amiloide, por métodos imuno histoquímicos. Como em todos os tumores neuroendócrinos, a microscopia eletrônica revela um número variável de grânulos eletrondensos envoltos por membrana no citoplasma das células neoplásicas (Fig. 24-23). Uma das características peculiares dos cânceres medulares familiares é a presença de hiperplasia multicêntrica de célula C no parênquima tireoidiano circundante, uma característica geralmente ausente nas lesões esporádicas. Embora o critério preciso para a definição da hiperplasia das Sidney FMN - MED 2020 células C não tenha sido estabelecido, a presença de múltiplos grupos proeminentes de células C espalhadas através do parênquima deve aumentar o espectro de tumor familiar, mesmo se o histórico não estiver explicitamente presente. Acredita-se que focos de hiperplasia de células C representem as lesões precursoras a partir das quais surgem os carcinomas medulares. Sidney FMN - MED 2020 Carcinoma Anaplásico Origem no epitélio folicular Indiferenciado Muito agressivo Associação com outros tipos histológicos (prévio / concomitante) Células anaplásicas: células gigantes; células fusiformes. Microscopicamente, estas neoplasias são compostas de células altamente anaplásicas, com morfologia variável, incluindo 1) Células gigantes pleomórficas, inclusive células gigantes ocasionais, semelhantes a osteoclastos; 2) Células fusiformes com uma aparência sarcomatosa; e 3) Células gigantes e fusiformes misturadas. Focos de diferenciação papilar ou folicular podem estar presentes em alguns tumores, sugerindo origem de um carcinoma mais bem diferenciado. As células neoplásicas expressam marcadores epiteliais como a citoqueratina, mas geralmente são negativos para marcadores de diferenciação tireoidiana, como a tiroglobulina. Sidney FMN - MED 2020 Terminologias USG Anecoico: preto (sangue, algo líquido). Hiperecoico: mais branco que o tecido em volta (osso) – tende a ser benigno. Hipoecoico: mais escuro que o tecido em volta (partes moles) – tende a ser maligno. Isoecoico: mesma intensidade que o tecido em volta. Características de Nódulos benignos da Tireoide ➔ Pequeno (< 1 cm); ➔ Preenchido por líquido; ➔ Morfologia do favo de mel; ➔ Hiperecoico (nódulo coloide ou tireoidite de Hashmoto nodular focal); ➔ Nódulos grandes se predominantemente císticos (mudança cística > 50% do nódulo); Características de Nódulos malignos suspeitos da Tireoide ➔ Nódulos sólidos ovais (aumento do diâmetro ântero- posterior em relação ao diâmetro transverso > 1); ➔ Presença de discretos focos ecogênicos grosseiros e/ou microcalcificações; ➔ Hipoecoico (carcinoma medular e papilar) ➔ Cápsula fina ou bordas irregulares (sugestivo de expansão extracapsular); ➔ Vascularização intravascular; ➔ Metástase nodal. Características de linfonodos benignos ➔ Formato oval (relação eixo menor:eixo maior < 0,5); ➔ Córtex hipoecoico e hilo ecoico (devido ao tecido adiposo); ➔ Margem claramente demarcada do tecido adjacente; ➔ Vascularização central; Características ➔ Formato redondo (relação eixo menor:eixo maior > 0,5); ➔ Heterogeneidade ecogênica do córtex e hilo gorduroso ausente; ➔ Margem irregular com tecido adjacente; ➔ Vascularização aumentada ou anormalmente localizada. ➔ Características sugestivas de câncer de tireoide metastático: ➢ Aparência cística; ➢ Calcificações; ➢ Pontuações/Pontos hiperecoicos; Sidney FMN - MED 2020 Recomendações da Diretriz da ATA 2016 Se nódulos na tireoide, realizar ultrassom de tireoide e linfonodos cervicais; Realizar PAAF se > 1 cm na maior dimensão e padrão sonográfico altamente sugestivo, incluindo: ➔ Nódulo hipoecoico sólido ou nódulo que é parcialmente sólido e hipoecoico e parcialmente cístico com uma ou mais características a seguir: ➢ Margens irregulares (infiltrativo, microlobulado); ➢ Microcalcificações; ➢ Formato oval (mais alto que largo); ➢ Bordas Calcificas com tecido mole extrusivo (Calcificações da borda com um componente de tecido mole extruso); Sidney FMN - MED 2020
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