Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Introdução Nervos cranianos são os que fazem conexão com o encéfalo. São eles: (I) olfatório, (II) óptico, (III) oculomotor, (IV) troclear, (V) trigêmeo, (VI) abducente, (VII) facial, (VIII) vestíbulo-coclear, (IX) glossofaríngeo, (X) vago, (XI) acessório e (XII) hipoglosso. A maioria dos pares de nervos cranianos se ligam/originam- se do tronco encefálico, com exceção do olfatório (I par) e óptico (II par) que emergem, respectivamente, do telencéfalo e diencéfalo. Todos eles possuem também uma origem aparente no encéfalo, origem aparente no crânio e origem real, expressas na tabela ao lado. Os nervos III, IV e VI realizam a inervação dos músculos dos olhos. O V par, o trigêmeo, possuem 3 troncos diferentes: ramo oftálmico, maxilar e mandibular. O VII, nervo facil, é formado pelo facial propriamente dito e pelo nervo intermédio, conhecido como raiz sensitiva e visceral do nervo facial. O nervo acessório (10) é formado por uma raiz craniana e outra espinal, diferindo-se dos outros. **MSV = motor somático visceral, SE= sensitivo, MS= motor somático Gabriel Bagarolo Petronilho TXVIII- MEDICINA FAG Nervo Olfatório (I) Esse par de nervo é representado por numerosos pequenos feixes nervosos que iniciam na região da mucosa nasal de cada fossa nasal, atravessando a lâmina crivosa do osso etmóide e terminando na face inferior do bulbo olfatório. Exclusivamente sensitivo e classificado como aferente visceral especial. Alterações como anosmia ou hiposmia podem ocorrer de maneira unilateral ou bilateral. A via olfatória é totalmente homolteral, ou seja, todas as informações originadas nos receptores olfatórios de um lado chegam ao córtex olfatório do mesmo lado. Portanto, uma lesão unilateral nem sempre causará anosmia bilateral, a não ser que seja um processo expansivo. O olfato possui ciclo diurno. Isso significa que o olfato é mais apurado durante o dia e se intensifica mais ainda próximo aos períodos habituais de refeição. Anosmia unilateral quase nunca está relacionada com lesão do SNC porque existem a comissura branca anterior e conexões comissárias do hipocampo que realiza a comunicação de ambos os lados. Propedêutica A análise do nervo olfatório é de extrema importância devido determinadas doenças neurológicas, como tumor de lobo fronta l , traumatismo cran ioencefál ico e doenças degenerativas. Para avaliação da funcionalidade desse nervo utilizamos substâncias aromáticas não cáusticas, toxicas ou ativas demais - porque senão essas ativariam o trigêmeo. Devem ser comuns e reconhecíveis, como café, baunilha, hortelã, limão, cânfora, etc. Procedimento: pede-se para o paciente fechar os olhos, ocluir uma narina e então inspirar profundamente próximo do item escolhido. ●Anosmia unilateral ou bilateral + atrofia de papila → pode ocorrer em neurolues (neurossífilis), podendo ocorrer junto com Tabes Dorsales ou não. ●Anosmia unilateral + cegueira homolateral → pode estar relacionado com meningioma de goteira olfatória - tumor benigno operável. Nessa situação, pode estar acompanhado de edema de papila contralateral, chamada Síndrome de Foster Kennedy. Em albinos pode ocorrer anosmia ou hiposmia congênita em decorrência da ausência de pigmento olfatório - agenesia. A parosmia é a perversão do olfato, ou seja, o odor natural é transcrito em algo, geralmente, desagradável que não corresponde ao cheiro daquele elemento. Essa alteração depende de fatores corticais. A parosmia pode ocorrer antes de uma crise convulsiva e, nesse caso, ela chama-se crise uncinada. Alucinações olfativas são mais frequentes em pacientes com transtornos psiquiátricos ou epilépticos. A cacosmia é o quadro em que o paciente sente um cheiro desagradável (borracha queimada) mesmo quando ele não existe. Nervo Óptico (II) O nervo óptico é constituído por um grosso feixe de fibras nervosa que originam na retina, emergem próximo ao polo posterior de cada bulbo ocular, penetrando no crânio por meio do canal óptico. Cada nervo óptico une-se com o lado oposto formando o quiasma óptico, onde ocorrer cruzamento parciais de suas fibras que vão até o corpo geniculado lateral. Gabriel Bagarolo Petronilho TXVIII- MEDICINA FAG Exclusivamente sensitivo e classificado como aferente somático especial. O olho humano é capaz de enxergar somente uma parte de todo o espectro eletromagnético existente. Trajeto das Fibras da Via Óptica Os nervos ópticos dos dois lados convergem para formar o quiasma óptico, do qual se destacam posteriormente os dois tratos ópticos, que terminas nos respectivos corpos geniculados laterais. Ao nível do quiasma óptico, as fibras dos nervos ópticos sofrem uma decussação parcial. Devemos nos atentar as lesões das vias ópticas, estudadas na oftalmologia, como representa a imagem no canto superior direito. Existe um braço da neurologia que é a neurooftalmologia, portanto, existe muita correlação entre neurologia e oftalmologia. Contudo, o neurologista de maneira geral já faz exame de fundo de olho como parte do exame neurológico básico. A avaliação neurológica conta com exame externo dos olhos com observação do aspecto da fenda palpebral, desvio ocular e aspecto externo da córnea. A fenda palpebral em indivíduos normais possui tamanho entre 12-15 mm e fechamento feito pelo músculo orbicular inervado pelo NC VII e pelo SN simpático, através do músculo de Mueller que dá o tônus da pálpebra - tônus é o estado de contração mínima muscular. O estreitamento da fenda normalmente é devido fatores palpebrais (cicatrizes, ptose, blefaroespamos, contraturas, etc) e extrapalpebrais (sincinesia facial - movimento involuntário da comissura labial do lado afetado quando há movimento de fechamento dos olhos). Além disso, o paciente pode apresentar encurtamento das fenda por encurtamento de uma ou das duas pálpebras em caso de paralisia facial periférica (FENÔMENO DE BELL ou Prosopoplegia - na tentativa de fechamento do olho há um desvio do globo ocular para cima), limitação do simpático, espasmos, contraturas, doença de Basedow-Graves (hipertireoidismo). Blefaroespamo É uma reação hipertônica na pálpebra, habitualmente isolado, mas em certos pacientes pode ser idiopático e ser necessário intervenção medicamentosa. Gabriel Bagarolo Petronilho TXVIII- MEDICINA FAG Ptoses As ptoses palpebrais podem nos fornecer pistas de diversas alterações neurológicas importantes. A ptose palpebral é definida pela queda, usualmente, da pálpebra superior em direção a pupila devido paralisia da musculatura lisa da pálpebra, podendo ser de origem congênita ou adquirida na fase adulta (podendo estar presente em síndromes associadas a outros sintomas, como veremos) e completa (por lesão do oculomotor) ou incompleta (lesão do simpático e não do oculomotor). Devemos sempre perguntar ao paciente se os olhos dele eram assim ou apareceu recentemente essa ptose. Síndrome de Horner A síndrome de Horner pode ocorrer de maneira isolada ou em decorrência de outras doenças que cause a interrupção das fibras nervosas que conectam o olho ao cérebro, incluindo causas centrais (lesão do gânglio estrelado, medula espinal, etc) ou periféricas (doenças de pescoço, tórax, etc). Os principais sintomas da síndrome de Horner são ptose palpebral, miose pupilar, hipoidrose, hiperemia e hipertermia. Miastenia Gravis Ê um distúrbio autoimune degenerativa de consumo de acetil- colina em que há acometimento da comunicação (placa neuromuscular) entre os nervos e os músculos. O paciente apresenta fraqueza e fadiga rápida dos músculos que estão sob controle voluntário - pela manhã o paciente está bem e com a realização de esforços há consumo de acetil-colina e perda do vigor. Na miastenia gravis não há alteração de pupila, mas há ptose palpebral (frequentemente é o primeiro sinal). Ela inicia com ptose unipalpebral e evolui para bilateral sem alteração pupilar. ExoftalmiaA exoftalmia é proptose ocular em que o paciente apresenta um ou os dois olhos mais salientes e dilatados para fora da cavidade orbitária. O paciente pode ser exoftalmo devido algumas causas, inclu indo processos inflamatórios e até mesmo tromboflebite de seio cavernoso. Tromboflebite de Seio Cavernoso O seio cavernoso se localiza lateralmente à hipófise. A tromboflebite do seio cavernoso pode ser causado devido uma sinusite complicada dos seis paranasais em que há ocorrência de tromboflebite séptica do cavernoso. O paciente inicia com presença de edema palpebral, hemorragia de conjuntivas e a parestesia dos NC III e IV. Ao exame de imagem, há presença de edema de partes moles retromastoideo (Sinal de Santorini - veia emissária de Santorini). Quais estruturas compõem o seio cavernoso? Ele é um seio venoso da dura-máter e por ele percorrem: NC III, NC IV, NC [V]₁ e NC [V]₂, NC VI e artéria carótida interna. Fístula Carótida-cavernosa Devido a relação anatómica com a artéria carótida interna, o processo de tromboflebite pode fazer com que haja formação de uma fístula carótido-cavernosa complicando ainda mais a situação do paciente. Ela cursa com exoftalmia pulsátil, edema de pálpebras sem cianose, estase, dilatação venosa da conjuntiva, ausculta palpebral com sopro sistólico intenso e frêmito. A compressão digital da artéria carótida interna (teste de Matas) ao lado ipsilateral a exoftalmia faz com que haja redução instantânea do sopro e do frêmito. A maior causa de fístula carótido-cavernosas é trauma e a segunda aneurismas. O tratamento dessa fístula é realizado com embolização por balão da fístula. A demora do dx pode fazer com que o paciente adquira ICC e até morrer. Gabriel Bagarolo Petronilho TXVIII- MEDICINA FAG Enoftalmia e Pseudoenoftalmia Enoftalmia usualmente é um dos sinais da paralisia do SN simpático, chamada de síndrome de Claude Bernard- Horner, por destruição das vias dos nervos que conectam o olho ao SNC. Além da enoftalmia (afundamento do globo ocular na órbita) há miose, anidrose da hemiface acometida e ptose palpebral. A síndrome de Horner usualmente ocorre devido lesão do gânglio estrelado (causa central), porém, pode ter também causa periférica (tumor, etc). Pseudo-enoftalmo é quando o globo ocular é pequeno ou encurtado, mas não há patologia presente. A causa mais comum é congênita. Lagoftalmo Situação de incapacidade de fechar completamente ou parcialmente o olho por meio da pálpebra superior. Propedêutica A avaliação do nervo óptico, envolve testes de acuidade visual, campos visuais, fundoscopia e reação pupilar à luz. Um dos exames mais importantes para a propedêutica. Neurológica do NC II é a reação pupilar à luz. Pupila A pupila dosa a luz ocular e elimina as aberrações esféricas que se formam na periferia do sistema óptico. Ela realizará contração/miose em circunstâncias de luz, doenças, etc. Seu tamanho é regulado por dois músculos: constritor ou esfíncter pupilar (SN parassimpático) e dilatador (SN simpático). A inervação parassimpático do constritor é fe ita essencialmente por neurônios pré-ganglionares no núcleo de Edinger-Westphal. Resposta Pupilar à Luz por Apreciação Estática O tamanho da pupila varia entre 2-5mm. Devemos avaliar a resposta de dois componentes nesse teste: a reposta dos olhos ipsilateral e contralateral à estimulação direta e consensual. Isso nos diz que, a pupila estimulada diretamente por uma fonte de luz deve responder com ação de miose, assim como a pupila contralateral deve apresentar uma resposta consensual. Além disso, devemos analisar a assimetria pupilar em ambientes com luz, pouca luz e luz tangencial - avaliação do tamanho pupilar com pouco estímulo aferente. Elas devem ser isocóricas e fotoreagentes. Como fazer: pede-se ao paciente para olhar fixamente o rosto do examinador ou outro alvo adequado a alguns centímetros de distância, depois uma lanterna com brilho suficiente é focalizada em um olho e o examinador verifica as respostas ipsilateral e contralateral. Pupila Puntifórmica (Lesão na Ponte) → é uma pupila miótica, parece uma ponta de agulha - é muito fechada. Forma e Posição da pupila Homens → arredondadas ou, ocasionalmente, ovaladas sendo chamadas de discórica - traumática, congênita, pós-operatória. A pupila aparentemente fica no centro da íris. O seu deslocamento acentuado é a ectopia de pupila ou corectopia. Esse tipo de deslocamento acontece em casos de cicatrizes cirúrgicas, traumas, congênita ou pós-operatório. Resposta Pupilar à Luz por Apreciação Dinâmica/ Cinética Utiliza-se as reações clônicas da pupila a nosso favor. Primeiro um olho recebe iluminação direta, então faz-se o deslocamento rápido do foco de luz para o outro olho e, então, volta ao olho inicial novamente. O principal objetivo desse exame é identificar a ausência de resposta direta - neuropatia grave - ou dilatação paradoxal à resposta direta quando o foco de luz é reaplicado ao olho comprometido. Gabriel Bagarolo Petronilho TXVIII- MEDICINA FAG O reflexo fotomotor direto é o mais importante de propedêutica pupilar - contração rápida à luz. Reflexo da Acomodação e Convergência Para examinar esse reflexo você utiliza seu dedo ou objeto e peça para que o paciente olhe para ele. Inicialmente, quando você pede para o paciente olhar para o dedo e examina os movimentos extrínsecos oculares, a pupila está contraída e tende a se dilatar quando focar no dedo. Quando aproximamos o dedo dos olhos, ela se contrai e então se dilata novamente de maneira rápida. São reflexos dinâmicos e que podem ser avaliados rapidamente. O reflexo de convergência é a contração da pupila, convergência dos olhos e contração dos músculos ciliares com acomodação. Via Óptica Retina → nervo óptico → quiasma óptico → trato óptico → corpo geniculado lateral → radiações ópticas → córtex visual. Nervo Oculomotor (III), Nervo Troclear (IV) e Nervo Abducente (VI) São nervos motores que penetram na órbita pela fissura orbital superior, distribuindo-se aos músculos extrínsecos do bulbo ocular. MM EXTRÍNSECOS DOS OLHOS - Reto superior (NC III - oculomotor) - Reto inferior (NC III) - Reto medial (NC III) - Reto lateral (NC VI - abducente) - Oblíquo superior (NC IV - troclear) - Oblíquo inferior (NC III) Nervo Oculomotor - NC III O nervo oculomotor possui seu núcleo na porção médio- superior do mesencéfalo, da onde se origina e em porção anterior sai no sulco pontomesencefálico. O núcleo de Edinger-Westphal é responsável pela inervação da pupilas e dos corpos ciliares realizando a função de miose pupilar. A lesão dos núcleos onde emergem o nervo oculomotor causa perda da função dos músculos que ele inerva, citados acima. Portanto, causa um estrabismo divergente - olho acometida fica voltado para fora - devido ao predomínio da função do abducente (NC VI). O sintoma principal é a diplopia que se agrava com a movimentação do olho para cima, para baixo ou lado contrário à lesão. Além disso, essa lesão pode causar uma ptose palpebral, já que o nervo oculomotor (NC III) também inerva o músculo elevador da pálpebra superior. Gabriel Bagarolo Petronilho TXVIII- MEDICINA FAG A herniação do Uncus por hipertensão craniana pode levar a uma condição chamada midríase paralítica devido a compressão das fibras parassimpáticas do NC III. Nervo Troclear - NC IV Esse nervo é responsável pela inervação do músculo oblíquo superior que realiza o movimento de direcionar o olho para baixo e para fora. A lesão dele ou de seu núcleo, acarreta a diplopia e desvio do olho acometido para cima e para dentro. Nervo Abducente - NC VI É responsável pela inervação do músculo reto lateral que realiza o movimento de abdução do olho (olhar para fora). A lesão dele é caracterizada pela presença de estrabismo convergente em que o olho fica afetado perde o poder de abdução. Devemos entender queesses 3 pares de nervos cranianos são discutidos juntamente devido sua via de integração e funções análogas. Podemos perceber que não conseguimos mexer o olho esquerdo para sem mexer o olho direito para dentro. Propedêutica do NC III , NC IV e NC VI Para pesquisar a restrição da mirada, deve-se solicitar ao paciente que acompanhe com o olhar o dedo do examinador ou um alvo próximo a uma distância aproximada de um braço do paciente que é movido em um padrão típico de H. Nervo Trigêmeo (V) O nervo trigêmeo é misto, porém, sua parte essencial é sensitiva e responsável pela sensibilidade facial (epicrítica - fina, de toque, vibração) e anterior da boca. Incorpora-se a ele, em seu trajeto, fibras motoras que irão realizar inervação de músculos mastigados (masseter e temporal) e glândulas salivares. Além disso, possui fibras aferentes que veiculam sensações gustativas. Possui uma raiz sensitiva e uma motora. A parte sensitiva possui origem no gânglio de Gasser ou semilunar (gânglio radicular que repousa sobre dobra de dura-máter posteriormente ao osso temporal). Os pro longa mentos d ista is conduzem impu lsos exteroceptivos (dor, temperatura, pressão e tato) por meio de 3 ramos do nervo: [V]₁ - Oftálmico, [V]₂ - Maxilar e [V]₃ - Mandibular. A relação anatômica desses feixes com outras estruturas os tornam importantes em diversas situações de acometimento patológico. O problema médico mais frequente, em relação ao trigêmeo, é a neuralgia. NC [V]₁ → origina-se do gânglio de Gasser e passa pela parede lateral do seio cavernoso, abaixo dos nervos oculomotor e troclear. Emite alguns ramos em direção a tenda do cerebelo e se divide em nasociliar, frontal e lacrimal. Realizam sensibilidade da córnea, porção superior da face e ântero-superior do couro cabeludo. Por que o olho fica vermelho, há fotofobia e lacrimejamento quando paciente possui enxaqueca? A resposta é devido a inervação pelo trigêmeo que faz sensibilização da córnea e centro de lacrimação reflexo. Gabriel Bagarolo Petronilho TXVIII- MEDICINA FAG NC [V]₂ → Ao se destacar do gânglio de Gasser/trigeminal passa pela parte lateral do seio cavernoso e sai do crânio por meio do forâme redondo. Conecta-se com o gânglio de Meckel ou esfenopalatino. Esse gânglio pertencer ao SN autônomo e corresponde ao sistema lacrimal. É dele que sai o estímulo para o lacrimejamento quando a dor de cabeça é forte. Ele inerva a região maxilar, narinas, lábio superior e arcada dentária superior. NC [V]₃ → origina-se do gânglio de Gasser e abandona o crânio através do forame oval. A sua porção sensitiva inerva o terço inferior da face, região mandibular, ⅔ anteriores da língua (paladar) - responsável pelo lacrimejamento com um sabor muito forte - e arcada dentária inferior, por meio dos ramos lingual, aurículo-temporal e alveolar inferior - responsável pela dor de dente. No conjunto, notamos que o nervo trigêmeo é responsável pela inervação somática sensorial de toda a hemi-face, com exceção do ângulo da mandíbula (inervado pelo plexo cervical superior, basicamente C2). Enquanto a sensibilidade tátil, térmica e dolorosa superfíciais são inverdas pelo trigêmeo, as profundas são pelo nervo facial. Propedêutica do NC V Na propedêutica há o estudo das funções sensitivas e motoras, participações em reflexos, como reflexo mandibular, e as funções gustativas dos ⅔ inferiores da língua. O nervo intermédio e o nervo lingual são vistos, normalmente, em conjunto com o nervo glossofaríngeo nos exames posteriores. A sensibilidade (superficial ou exteroceptiva) é exame por meio de semelhança com o restante do corpo - ex.: algodão ou pinceis (qualquer superfície delicada para contato), temperatura por meio de vidros com temperaturas diferentes e, se houver necessidade, com agulha. • Algodão ou pincel → passe no paciente de maneira delicada, sem exercer pressão sobre a pele, e compare a sensibilidade com outras regiões do corpo. • Tubos com líquidos de temperatura diferente → encoste e veja se o paciente refere diferença na temperatura de cada tubo. • Agulha → quando não há reflexo para estímulo de dor; em casos de morte encefálica, neurossífilis, etc. • Exteroceptiva → pedir para o paciente fechar os olhos e dizer se a mandíbula está aberta ou fechada. A motricidade também é um componente do trigêmeo por meio do ramo mandibular, que inerva a musculatura da mastigação: masseter, temporal e pterigoides lateral e medial. Existe ainda outros músculos que também são inervados, porém o seu déficit não é perceptível, como milo- hióideo. O acometimento da musculatura da mastigação, quando unilateral, é facilmente identificado pela alteração presente na mordida, como atrofias e déficit na mordida. A sensibilidade profunda ou proprioceptivo, cinética ou postural, noção e posição dos segmentos do corpo são perdidas com lesão do trigêmeo. Ex.: sua mandíbula está fechada ou aberta? A sensibilidade vibratória ou parestésica pode ser testada por meio do diapasão 128 ciclos (Hz). A lesão do trigêmeo causa paralisia mastigatória ipsilateral Gabriel Bagarolo Petronilho TXVIII- MEDICINA FAG Neuralgia do Trigêmeo A neuralgia do trigêmeo é uma patologia frequente que pode ocorrer por alterações, como tumores, infecções, doenças vasculares, enxaquecas, entre outras. Ela manifesta-se por episódios de dor intensa, incapacitante, paroxística, em crises (segundos a minutos) de maneira espontânea ou desencadeadas em zonas específicas, chamada trigger zones. Podendo se repetir até 100x ao dia. Os pacientes que possuem neuralgia do trigêmeo são muito dependentes de medicações e do médico neurologista. O tratamento é muito específico. Antigamente, frequentes os pacientes acometidos evoluíam com desnutrição e desidratação devido a incapacidade de se alimentar e ingerir líquidos que as dores causaram nos mesmos. É habitual que somente um lado da face seja acometido e que a dor seja mais presente na porção inferior da hemi-face acometida. O tratamento clínico é realizado por meio de antiinflamatórios, analgésicos, anticonvulsivante e medicamentos para dor crônica, como gabapentina, carbamazepina, etc. Após a instauração do tratamento clínico, em caso de não melhora, pode-se optar por tratamento cirúrgico através de neurotomia do trigêmeo por balão. Nervo Facial (VII) O nervo facial é essencialmente motor, sendo responsável pela inervação da musculatura da mímica facial. Além disso, é responsável pela sensibilidade geral (nervo intermédio), reflexos profundos e superficiais e funções sensoriais simpáticas, A lesão do seu núcleo ou do próprio nervo acarreta uma paralisia facial ipsilateral do tipo ‘periférica’, em que o paciente não fecha o olho e nem franze a testa. Nervo intermédio → é porção sensitiva do nervo facial; através dele é feito a inervação somatossensorial (tato, dor e temperatura) do pavilhão auditivo e ouvido externo que farão sinapse com o núcleo sensitivo do trigêmeo. O NC VII é responsável pelo paladar dos ⅔ anteriores da língua. O facial ainda possui de inervação de glândulas sublingual e submandibular, promovendo salivação por meio de fibras parassimpáticas. É um nervo complexo. O nervo facial emerge do suco bulbo-pontino através de uma raiz motora, o nervo facial propriamente dito, e uma raiz sensitiva e visceral, nervo intermédio. Juntamente com o nervo vestibulo-coclear, os dois componentes do NC VII penetram no meato acústico interno. Lá dentro, o nervo intermédio perde a sua individualidade, formando um tronco nervoso único que penetra no canal facial. Após esse trajeto, o nervo facial se curva para trás e forma o joelho externo ou genículo do nervo facial, onde está o gânglio sensitivo - gânglio geniculado. Posteriormente, ele faz nova curva para baixo e emerge do crânio pelo forame estilomastoideo e atravessa a glândula parótida (curiosidade: ele não inerva a parótida; é o glossofaríngeo)e distribui vários ramos para série de músculos da mímica. Em seu trajeto intrapetroso, ele emite o nervo estápedio para um músculo de mesmo nome (conhecido como estribo no ouvido médio). Gabriel Bagarolo Petronilho TXVIII- MEDICINA FAG Paralisia Facial Periférica ou Paralisia de Bell A incidência da paralisia facial é de 20-30 casos para 100.000 hab/anos e 60-75% dos casos são unilaterais. Pior prognóstico: idade avançada, HAS, ausência do paladar (ageusia), dor (que não de ouvido), paralisia completa e maciça e início tardio do tratamento. Frequentemente a paralisia facial se inicia com dor auricular ou periauricular. O início do tratamento deve ser precoce - no dia seguinte ao sintoma - e bem executado para evitar sequelas. Exame Físico ‘ Show me your teeth’ Inspeção da face, exame da fala, fechar olhos com força, reflexo de córnea com algodão (paciente deve piscar), dilatação das narinas. Sinal de Bell → movimento ocular ascendente (para cima) enquanto tenta-se realizar o fechamento vigoroso das pálpebras. Sintomas: sinal de bell, ausência de rugas frontais, ausência de sulco nasogeniano, alteração da rima palpebral e alteração da mastigação. Na paralisia facial podemos ter diferentes tipos de lesões nervosas, assim como em qualquer outra lesão de nervo periférico. São elas: • Neuropraxia → é a mais benigna; ocorre um bloqueio fisiológico do nervo; há uma interrupção de condução nervosa em um axônio, sem nenhuma interrupção anatômica. A neuropraxia tende a desaparecer em 4-6 semanas. • Axonotomesis → é a destruição anatômica do axônio com pouca destruição de tecido conectivo. Esse tipo de lesão requer um novo desenvolvimento de axônio até o músculo alvo, podendo levar um tempo considerável. • Neurotmesis → é a completa destruição anatômica e do tecido conectivo. Ocorre ruptura do nervo. É mais grave das lesões e não possui chance de recuperação espontânea. É necessário tratamento cirúrgico precoce. Além desses tipos de lesões que podem desencadear a paralisia facial, neuromas e neurinomas de acústicos (tumores benignos do acústico) também podem se formar no trajeto do facial e causar uma lesão do facial, sendo representada por paralisia facial periférica. A maioria dos casos, possui como causa o choque térmico dentro do canal do facial - axonotmesis e edema. Outra causa possível, é a neurite herpética (herpes simples ou herpes zóster). Nesse caso, pesquisamos o vírus da herpes no LCR e outras possíveis alterações. Tratamento da Paralisia Facial Deve ser realizado de maneira precoce e agressivo. Inicialmente deve ser prescrito Prednisona 40-60mg/dia em esquema de regressão em 8 dias. Indica-se o uso de proteção gástrica devido o uso do corticoide. Como o paciente possui um aumento da fenda palpebral (não fechamento dos olhos por completo), deve ser utilizado colírio protetor (lágrimas) durante o dia e pomada Gabriel Bagarolo Petronilho TXVIII- MEDICINA FAG oftálmica durante a noite, para que não ocorra o ressecamento da córnea. **Não usar tapa-olho ou curativo; O paciente deve ainda realizar fisioterapia e exercícios faciais precocemente - massagem com as próprias mãos; Eventualmente, pode ser feito o uso do Aciclovir em casos suspeitos ou confirmados de herpes. Tratamento Cirúrgico→ eventualmente é realizado por meio da descompressão do canal de Falópio; porém, não é um bom tratamento. A complicação mais frequente (15%) é uma perda da audição pós-operatório. A maioria dos pacientes possui redução em 6-36 meses, após isso as sequelas serão permanentes. Observações • Motricidade automática da face → pode sofrer com afecções extrapiramidais, como Parkinson, que causa a amimia (ausência de mimetismo) ou fácies mascarada. Nesse caso, a motricidade voluntária é poupada, por exemplo: se você pedir para ele mostrar os dentes ele não consegue ter o desenvolvimento completo, mas não tem uma assimetria entre os dois lados. Portanto, devemos ter cuidado e não confundir com paralisia facial periférica. • Secreção Lacrimal → a abolição da secreção lacrimal em paralisia facial sugere a lesão do nervo intermédio. Fisiopatologia da Paralisia Facial Outros distúrbios da musculatura podem ocorrer por: comprometimento muscular, alterações das junções mioneural (Parkinson, miastenia gravis), lesão do neurônio motor periférico ou lesão supranucleares. As lesões musculares causadas por distrofias musculares progressivas também pode ocasionar alterações na musculatura facial. A mais comum é a distrofia muscular facioscapulohumeral (FSHD) e pode ser diagnosticada por meio de eletroneuromiografia. Podemos ter também uma atrofia hemifacial progressiva congênita que se caracteriza, basicamente, por uma lenta e progressiva atrofia de tecidos moles e esqueléticos da face, geralmente unilateral. Paralisia facial bilateral é rara e aparece em alguns casos de Síndrome de Guillain-Barré. Síndrome de Guillain-Barré É uma síndrome autoimune ou associada a infecções prévias, rara, que causa uma paralisia flácida, aguda de raízes e nervos periféricos sendo ascendente. Síndrome de Ramsay-Hunt A paralisia facial em que o paciente apresenta vesículas herpéticas, principalmente próximo ao ouvido, chamados de Síndrome de Ramsay-Hunt. O tratamento sempre é realizado com associação antiviral - Aciclovir. Gabriel Bagarolo Petronilho TXVIII- MEDICINA FAG Observação O reflexo corneano do paciente com paralisa facial periférica estará ausente ao lado ipsilateral da lesão. Portanto, com o auxílio de um algodão, aproxima-se da córnea do paciente e espera-se que ele tente piscar o olho. No caso do reflexo córneo-palpebral estar abolido também do lado contra-lateral à paralisia, significa que a lesão é central e não, periférica. Síndrome Tetânica A síndrome tetânica é causado por uma infecção bacteriana grave, possivelmente fatal, que afeta o nervos e causa espasmos musculares dolorosos. O sinal de Chvostek é patognomônico no tétano. É caracterizado por uma contração ipsilateral na percussão da saída do facial, anteriormente ao conduto auditivo. Nervo Vestibulococlear (VIII) O nervo acústico ou vestíbulococlear ou nervo acústico é um nervo exclusivamente sensitivo que penetra na ponte na porção lateral do sulco bulbopontino, chamada de ângulo pontocerebelar. Junto com os nervos facial e intermédio, ele ocupa o meato acústico interno, na porção petrosa do osso temporal. Ele é composto por 2 partes: parte vestibular e parte coclear. A lesão do nervo vestibulococlear causa diminuição da audição, devido comprometimento da parte coclear do nervo, associado a vertigens, alterações do equilíbrio e enjoo. Pode ocorrer também nistagmo - movimentos involuntários dos olhos. Neurinomas ou Schwannomas de acústico são os tumores benignos primários de fossa posterior mais comum de crescimento e compressão do NC VIII, facial e intermédio. Gabriel Bagarolo Petronilho TXVIII- MEDICINA FAG Os neurinomas de acústico aparecem muito no ângulo ponto-cerebelar que é o local onde o nervo vestibulococlear penetra o crânio por meio do canal auditivo interno. Sistema ou Parte Vestibular É formada por fibras que se originam dos neurônios sensitivos do gânglio vestibular e conduzem impulsos nervoso relacionados com o equilíbrio, tônus postural originados em receptores da porção vestibular do ouvido interno. O sistema vestibular possui três canais semicirculares (sagital, horizontal e frontal) e duas bolsas (sáculo e utrículo). Cada labirinto gera impulso tonígenos para o hemicorpo contralateral, assim quando se estimula o labirinto esquerdo se observa desvios corpóreos para a direita e reações para compensar à esquerda. Lesão destrutivas provocam desequilíbrios ipsilateral e lesões irritativas (p.ex., labirintite), contralaterais. A propedêutica desse sistema é muito complexa e devemos prestar muita atenção. Isso porque a tontura, além de serum sintoma (subjetivo), quase sempre é ligado a labirintite, o que é errado. Labirintite A labirintite deve necessariamente possuir correlação patológica entre endolinfa e cílios. Ex.: quando o paciente abaixa e levanta e sente uma tontura não é labirintite. Isso é uma vertigem ortostática. Quando o paciente está deitado na cama e se levanta rapidamente e sente tontura é vertigem postural benigna. A vertigem postural benigna é tratada com a manobra de Epley e sua resolução ocorre. Já, labirintite é tratada com fármacos específicos. Imagem - Manobra de Epley Gabriel Bagarolo Petronilho TXVIII- MEDICINA FAG Vertigem É uma sensação de distúrbio da harmonia espacial entre o organismo e o meio ambiente. Determinado por sensação subjetiva de rotação do corpo do paciente de si mesmo, ou deslocamento de objetos circunvizinhos. • Síndrome Mèniére - crises de sensações subjetivas de rotação do corpo ou deslocamento de objetos vizinhos com astasia ou marcha de desvio lateral, frequentemente com zumbidos (zumbidos são justificados porque o nervo vestibular corre junto com intermédio). Devemos diferencias sempre de desequilíbrios subjetivos, mal de mar, sensação de insegurança, mal de alturas, lipotimias, auras epilépticas. Para isso utilizamos provas otológicas e provas neurológicas. A marcha em estrela é a marcha típica do paciente que possui AVC e deve ser diferenciada nessas situações de ‘tontura’. • Sinal de Romberg é um sinal clássico da perda de conexão do labirinto e tronco encefálico. Pede-se ao paciente para, em pé, juntar os pés e fechar os olhos. Isso fará com que o paciente caia - perde possibilidade de astasia. Não é só quando ele possui um desequilíbrio. • Prova de Barany → pede-se para o paciente indicar o horizonte com os dedos e isso necessita de coordenação que correlaciona os labirintos. As lesões do sistema vestibular periférico podem ser indicados por nistagmo vestibular espontâneo (3º grau) - em geral horizonte rotatório -, vertigem de caráter rotatório e desvio postural com tendência a queda. Sistema ou Parte Coclear É constituída de fibras que se originam nos neurônios sensitivos do gânglio espiral e que conduzem impulsos nervoso relacionados com a audição, originados no órgão espiral, receptor da audição (na cóclea). Propedêutica do NC VIII A semiologia do NC VIII inicia-se sempre por meio de uma otoscopia. A acuidade auditiva pode ser feita por meio da avaliação de hipo ou anacusia na condução aérea e condução óssea. Prova de Schwallbach Ela compara a perceptor de vibração óssea do paciente e de uma pessoa normal. O diapasão é colocado alternadamente na mastóide do paciente e do examinador, a audição deste é considerada normal. Se o paciente ouvir por mais tempo que o examinador, sugere perda auditiva condutiva e diz-se que o teste está prolongado. Se o paciente ouvir por menos tempo, sugere perda neurossensorial e diz-se que o teste está encurtado. E se o paciente ouvir por tempo igual, sugere audição normal. Prova de Rinne Realiza a comparação entre o tempo de percepção de condução óssea e de audição aérea do paciente, sendo esta maior do que aquela. O diapasão é colocado sobre a mastóide até que o paciente refira que não está mais escutando o som, momento este em que o diapasão é colocado junto ao CAE cerca de 2 cm do mesmo, com os arcos no sentido perpendicular ao ouvido (para se evitar a zona muda). O Rinne é positivo quando o som é escutado por via aérea após não ser mais escutado por via óssea. Isto ocorre na audição normal e nas perdas neurossensoriais. O Rinne é negativo quando o som não é escutado por via aérea, após não ser mais escutado por via óssea. Isto ocorre nas perdas condutivas onde a audição por via óssea é mais prolongada, e o sistema amplificador da condução tímpano- ossicular está alterado. Esta diferença será percebida quando houver um gap aéreo-ósseo de 20 dB ou mais. Gabriel Bagarolo Petronilho TXVIII- MEDICINA FAG Prova de Weber É realizado a lateralização das vibrações do diapasão colocando no vértex do crânio. O diapasão é colocado na linha média da fronte, da calota craniana ou junto aos dentes incisivos. Se o som for ouvido igualmente em ambos ouvidos a audição é normal ou a perda auditiva é similar bilateralmente e, nesse caso, diz-se que o WEBER é indiferente. Se o som se lateralizar para o ouvido de melhor audição a perda é neurossensorial no lado afetado; se o som se lateralizar para o ouvido mais comprometido, a perda é condutiva neste último. Essas provas permitem o diferencial entre surdez de condução (lesão de ouvido médio e externo) e surdez de percepção (lesões da cóclea ou do nervo auditivo - tumor ou processo compressivo). • Surdez de Condução → perda ou diminuição da audição por via aérea, conservando-se ou exagerando-se a via óssea. O teste de Schwalbach pode ser normal ou aumentado, o teste de Rinne é negativo e o teste de Weber lateraliza para o lado esquerdo. • Surdez de Percepção → a via aérea e óssea estão prejudicada, mas de maneira proporcional. Teste de Schwalbach está diminuído, teste de Rinne é positivo e teste de Weber lateraliza para o lado não afetado. Audiometria A audiometria é um outro recurso propedêutica que auxilia no diagnóstico de surdez de condução e percepção. A audiometria é possível captar entre 16 a 22.000 ciclos/ segundo e a falar normal do ser humano gera entre 128 e 9.192 ciclos/segundo. A surdez de condução, geralmente possui perdas entre limites de 128 e 1.024 ciclos/ segundo e a surdez de percepção (neurossensorial) possui perdas de audição para tons mais altos - 2.000 ciclos/segundo para cima. Potencial Evocado Auditivo É um recurso mais específico, porém pouco utilizado no estado do PR, que consiste no registro da atividade elétrica que ocorre no sistema auditivo, da orelha interna até o tronco encefálico, decorrente da apresentação de um estímulo auditivo. Observação O diagnóstico topográfico exato através da semiologia somente é quase impossível. Nistagmo O nistagmo é controlado pelo labirinto e pode se dividir em ocular e vestibular. O nistagmo checa o centro do tronco encefálico que faz correlação com o labirinto. Tem importância para a prova calórica (podendo ter latência de até 30s - às vezes não é simultâneo o movimento ao encostar o tubo) → estimula o paciente com água quente ou fria e o olho por reflexo se movimenta para um lado ou outro. Nistagmo Ocular → é um distúrbio do sistema sensitivo motor ocular em que o paciente apresenta movimento do globo Gabriel Bagarolo Petronilho TXVIII- MEDICINA FAG oculares iguais nas duas direções opostas (latero-lateral ou supero-inferior) e só aparece com mirada na direção. Nistagmo Vestibular→ ocorre em lesões do sistema vestibular com movimento dos globos oculares desiguais nas duas direções, distinguindo-se uma contração lenta e uma rápida. Por convenção, o sentido do nistagmo é o sentido da contração rápida. Ex.: o olho vira rapidamente para direita e volta lentamente. Então é nistagmo para direita. Lembrando que o nistagmo é fisiológico quando possui intuito de acompanhar o movimento ou focar em alguma imagem. Nervo Glossofaríngeo (IX) O nervo glossofaríngeo é um nervo misto que emerge do sulco lateral posterior do bulbo. Seus filamentos formam o tronco do nervo glossofaríngeo que sai do crânio pelo forame jugular. Ao sair do crânio ele possui trajeto descendente, ramificando-se na raiz da língua e na faringe. O mais importante são as fibras aferentes viscerais gerais, responsáveis pela sensibilidade geral do ⅓ posterior da língua (gustativa), faringe, úvula, tonsila, tuba auditiva e do seio e corpo carotídeo. A afecção mais importante do glossofaríngeo é a neuralgia, assim como a do trigêmeo. Sao crises dolorosas e se manifestam na faringe e no ⅓ posterior da língua podendo irradiar para o ouvido. Propedêutica do NC IX O nervo glossofaríngeo,juntamente com vago e hioglosso, é envolvido na fala pela fonética dos sons faríngeos/guturais, como ‘ga’ e ‘ca’. Além disso, participa do reflexo nauseoso por meio da inervação dos músculos da parede posterior da faringe. O teste pode ser feito pelo estímulo da parede posterior faríngea. Nervo Vago (X) O nervo vago é o maior nervo craniano, sendo ele misto e essencialmente visceral. Ele emerge do sulco lateral posterior do bulbo sob a forma de filamentos radiculares que se juntarão e formarão o nervo vago. Além disso, ele emerge do crânio pelo forame jugular, percorrendo o pescoço, tórax e terminando no abdome. Suas fibras eferentes viscerais especiais inervam os músculos da laringe e faringe. O nervo motor mais importante da laringe é o nervo laríngeo, recorrente do vago. Além disso. As fibras eferentes viscerais gerais realizam a inervação parassimpática das vísceras torácicas e abdominais. Propedêutica do NCX A avaliação da fonação em busca de rouquidão é parte da propedêutica do nervo vago. Além disso, a disfagia pode ser sinal de lesão do vago. O nervo vago pode ser testado juntamente com o NC IX na avaliação da inervação do palato mole. Em sinal de lesão, a úvula se desvia para o lado oposto lesado quando o examinador abaixa a língua do paciente e pede para que fale ‘Ah’. Nervo Acessório (XI) O nervo acessório é formado por duas raízes: uma craniana e uma espinal. De maneira geral, as fibras da raiz craniana inervam os músculos da laringe através do nervo laríngeo recorrente e vísceras torácicas juntamente com fibras vagais. O nervo acessório possui duas funções principais: encolher os ombros pela ação do músculo trapézio e girar a cabeça pela ação dos músculos esternocleidomastóideos. Em raras situações, esses movimentos possuem alteração focal e fornecerão informações adicionais ao exame neurológico. Gabriel Bagarolo Petronilho TXVIII- MEDICINA FAG Nervo Hipoglosso (XII) O nervo hioglosso é essencialmente motor e emerge do sulco lateral anterior do bulbo. Seu tronco emerge do crânio pelo canal do hipoglosso, dirigindo-se para os músculos intrínsecos e extrínsecos da língua. Propedêutica do NCXII Nas lesões do nervo hipoglosso, há paralisia da musculatura de uma das metades da língua. Nesse caso, quando paciente realiza a protusão da língua ela se desvia para o lado lesado, devido ação da musculatura da metade paralisada. Inervação da Língua É importante retomarmos os conceitos da inervação da língua, pois vimos que alguns nervos cranianos diferentes fazem essa função. O nervos que possuem fibras direcionadas para a inervação da língua são trigêmeo, facial, Glossofaríngeo e hipoglosso. • Trigêmeo → sensibilidade geral (temperatura, dor, pressão e tato) nos ⅔ anteriores. • Facial → sensibilidade gustativa nos ⅔ anteriores. • Glossofaríngeo → sensibilidade geral e gustativa no ⅓ posterior. • Hipoglosso → motricidade. Apesar de todos eles invernarem a língua devemos lembrar que nem todos chegam diretamente nela. Apenas o hipoglosso, o glossofaríngeo e o lingual (ramo da divisão mandibular do nervo trigêmeo). Gabriel Bagarolo Petronilho TXVIII- MEDICINA FAG
Compartilhar