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Laura Costa Santos – 3° semestre - Medicina NERVOS CRANIANOS Os 12 nervos cranianos têm origem no tronco encefálico ou se dirigem para ele, com exceção dos dois primeiros, que, por sinal, não têm características morfológicas de nervo, e sim de tecido cerebral e do ramo externo do XI, cuja origem se encontra na medula cervical. Os nervos cranianos: I. Nervo Olfatório: é um nervo totalmente sensitivo que se origina no teto da cavidade nasal e leva estímulos olfatórios para o bulbo e trato olfatório, os quais são enviados até áreas específicas do telencéfalo. II. Nervo Óptico: nervo puramente sensorial que se origina na parte posterior do globo ocular (a partir de prolongamentos de células que, indiretamente, estabelecem conexões com os cones e bastonetes) e leva impulsos luminosos relacionados com a visão até o corpo geniculado lateral e, daí, até o córtex cerebral relacionado com a visão. III. Nervo Oculomotor: nervo puramente motor que inerva a maior parte dos músculos extrínsecos do olho (Mm. oblíquo inferior, reto medial, reto superior, reto inferior e levantador da pálpebra) e intrínsecos do olho (M. ciliar e esfíncter da pupila). Indivíduos com paralisia no III par apresentam dificuldade em levantar a pálpebra (que cai sobre o olho), além de apresentar outros sintomas relacionados com a motricidade do olho, como estrabismo divergente (olho voltado lateralmente). IV. Nervo Troclear: nervo motor responsável pela inervação do músculo oblíquo superior. Suas fibras, ao se originarem no seu núcleo (localizado ao nível do colículo inferior do mesencéfalo), cruzam o plano mediano (ainda no mesencéfalo) e partem para inervar o músculo oblíquo superior do olho localizado no lado oposto com relação à sua origem. Além disso, é o único par de nervos cranianos que se origina na parte dorsal do tronco encefálico (caudalmente aos colículos inferiores). V. Nervo Trigêmeo: apresenta função sensitiva (parte oftálmica, maxilar e mandibular da face) e motora (o nervo mandibular é responsável pela motricidade dos músculos da mastigação: Mm. temporal, masseter e os pterigóideos). Além da sensibilidade somática de praticamente toda a face, o componente sensorial do trigêmeo é responsável ainda pela inervação exteroceptiva da língua (térmica e dolorosa). VI. Nervo Abducente: nervo motor responsável pela motricidade do músculo reto lateral do olho, capaz de abduzir o globo ocular (e, assim, realizar o olhar para o lado), como o próprio nome do nervo sugere. Por esta razão, lesões do nervo abducente podem gerar estrabismo convergente (olho voltado medialmente). VII. Nervo Facial: é um nervo misto e que pode ser dividido em dois componentes: N. facial propriamente dito (raiz motora) e o N. intermédio (raiz sensitiva e visceral). Praticamente toda a inervação dos músculos da mímica da face é responsabilidade do nervo facial; por esta razão, lesões que acometam este nervo trarão paralisia dos músculos da face do mesmo lado (inclusive, incapacidade de fechar o olho). O nervo intermédio, componente do próprio nervo facial, é responsável, por exemplo, pela inervação das glándulas submandibular, sublingual e lacrimal, além de inervar a sensibilidade gustativa dos 2/3 anteriores da língua. VIII. Nervo Vestíbulo-coclear: é um nervo formado por dois componentes distintos (o N. coclear e o N. vestibular); embora ambos sejam puramente sensitivos, assim como o nervo olfatório e o óptico. Sua porção coclear traz impulsos gerados na cóclea (relacionados com a audição) e sua porção vestibular traz impulsos gerados nos canais semi-circulares (relacionados com o equilíbrio). IX. Nervo Glossofaríngeo: Função mista. Responsável por inervar a glándula parótida, além de fornecer sensibilidade gustativa para o 1/3 posterior da língua. É responsável, também, pela motricidade dos músculos da deglutição. X. Nervo Vago: considerado o maior nervo craniano, ele se origina no bulbo e se estende até o abdome, sendo o principal representante do sistema nervoso autânomo parassimpático. Com isso, está relacionado com a inervação parassimpática de quase todos os órgãos torácicos e abdominais. Traz ainda fibras aferentes somáticas do pavilhão e do canal auditivo externo. Laura Costa Santos – 3° semestre - Medicina XI. Nervo Acessório: inerva os Mm. esternocleidomastóideo e trapézio, sendo importante também devido as suas conexões com núcleos dos nervos oculomotor e vestíbulo- coclear, por meio do fascículo longitudinal medial, o que garante um equilíbrio do movimento dos olhos com relação ä cabeça. Na verdade, a parte do nervo acessório que inerva esses músculos é apenas o seu componente espinhal (5 primeiros segmentos medulares). O componente bulbar do acessório pega apenas uma “carona” para se unir com o vago, formando, em seguida, o nervo laríngeo recorrente. XII. Nervo Hipoglosso: inerva a musculatura da língua. NERVO OLFATÓRIO (I PAR) Nervo exclusivamente sensitivo. As impressões olfatórias são recolhidas pelos receptores da mucosa nasal e conduzidas aos centros corticais da olfação, situados nos hipocampos (núcleo amigdalino e uncus), após atravessarem os dois lobos frontais. Tem origem no bulbo olfatório do encefalo. Tem origem craniana na lamina crivosa do osso etmoide. É importante saber da origem craniana pois quando há lesao nessa area do cranio, afeta o olfato. EXAME DA OLFAÇÃO (SMELL IDENTIFICATION TESTE – UPSIT) Empregam-se substâncias com odores conhecidos: café, canela, cravo, tabaco, álcool etc. De olhos fechados, o paciente deve reconhecer o aroma que o examinador colocar diante de cada narina, sendo que a primeira a ser examinada deve ser a com anormalidade olfatória. Deve-se perguntar ao paciente se o mesmo: Sentiu algum cheiro? (Positivado indica continuidade da via) Qual o cheiro? (se correto indica função cortical intacta) Afastadas as condições que impeçam o reconhecimento do odor (resfriado comum, atrofia de mucosa), as alterações deficitárias (hiposmia e anosmia) ganham maior significado clínico, pois dependem de distúrbios neurológicos, como sífilis nervosa, fratura do andar anterior da base do crânio e neoplasia da goteira olfatória. Anosmia: abolição do olfato Hiposmia: redução do olfato De outra parte, existem alterações da olfação por lesões corticais que compreendem os seguintes tipos: • Parosmia: perversão do olfato • Alucinações olfatórias • Cacosmia: uma sensação olfatória desagradável na ausência de qualquer substância capaz de originar odor. Essas manifestações, às vezes referidas durante a anamnese, têm de ser levadas em consideração, pois podem representar verdadeiras crises epilépticas, por lesão do úncus hipocampal. São chamadas crises epilépticas uncinadas. Laura Costa Santos – 3° semestre - Medicina É necessário relatar ainda se o distúrbio olfativo é bilateral ou unilateral. NERVO OPTICO (II PAR) Não é um nervo verdadeiro. É constituído por um grosso feixe de fibras nervosas que se originam na retina, emergem próximo ao polo posterior de cada bulbo ocular, penetrando no crânio pelo canal óptico. Cada nervo óptico une-se com o do lado oposto, formando o quiasma óptico, onde há cruzamento parcial de suas fibras, as quais continuam no trato óptico até o corpo geniculado lateral e em seguida para o córtex visual (occipital). Tem origem encefálica no quiasma optivo e origem craniana no canal optico. O nervo óptico é um nervo exclusivamente sensitivo, cujas fibras conduzem impulsos visuais, classificando-se, pois, como aferentes somáticas especiais. Principais queixas: • Amaurose: perda visual • Ambliopia: perda ou diminuição da visão na ausencia de lesão estrutural • Hemianopsia: metade do campo visual (homônima/heterônima)• Escotomas: pontos no campo visual (positivo/negativo) • Quadrantopsia: perda de um quadrante O que perguntar: • Monoocular/biocular? • Todo campo visual ou algum ponto? • Subita ou gradual? • Persistente ou flutuante? • Dor ocular? • Alterações nas palpebras/globo ocular/pupilas? As imagens são recolhidas na retina por meio dos cones e bastonetes, e conduzidas ao centro da visão no lobo occipital, pelos axônios que constituem o nervo, o quiasma e o trato óptico, o corpo geniculado lateral e as radiações ópticas. O nervo óptico é examinado da seguinte maneira: EXAME DE ACUIDADE VISUAL Pede-se ao paciente que diga o que vê na sala de exame (na parede, na mesa) ou leia alguma coisa. Examina-se cada olho em separado. As queixas podem ser uni ou bilaterais e costumam ser causadas por neurite retrobulbar, neoplasias e hipertensão intracraniana. Para realização é utilizado o: TESTE DE SNELLEN (20 PÉS – 6M): Paciente pode usar óculos. O paciente tem que acertar mais que 50% da linha; Laura Costa Santos – 3° semestre - Medicina CARTÃO DE ROSENBAUM (36CM); Usado para avaliar a visão de perto. TESTE DE PINHOLE Se melhorar ao tapar o problema é de rarefação (astigmatismo), ao piorar é uma neuropatia óptica. CAMPO VISUAL (CAMPIMETRIA DE CONFRONTAÇÃO) O campo visual pode ser grosseiramente avaliado pelo método de confrontação. Examinador e paciente ficam frente a frente, à distância de 60 cm a 1 m, com olhos opostos ocluídos, isto é, olho direito de um e esquerdo de outro. Cada um olha para o nariz do outro e o examinador estende o seu braço para o lado, a meia distância entre ambos, de modo que os dedos fiquem na periferia do campo visual. Movendo o indicador (ou pedindo ao paciente que diga se um ou dois dedos são mostrados), a mão é lentamente aproximada e o paciente deve perceber o movimento simultaneamente com o examinador. Cada olho é testado isoladamente, nos quatro quadrantes. Após o teste individual, ambos os olhos são testados simultaneamente para negligência visual, como pode ocorrer nas lesões hemisféricas direitas. A maioria das alterações dos campos visuais tem valor localizador e devem ser relatados: localização específica da perda, sua forma, agudeza das bordas (isto é, com que rapidez as imagens se alteram de normal para anormal através do campo) e se a sua concordância com o campo visual do outro olho tende a implicar áreas específicas do sistema visual. A localização é possível e necessária porque detalhas da organização anatômica em qualquer nível predispõem a tipos particulares de perda. O distúrbio básico do campo visual é escotomia, que consiste em uma falha dentro do campo visual, ou seja, cegueira para uma parte deste campo. Quando a escotomia atinge metade do campo visual, passa a ser denominado hemianopsia. A hemianopsia pode ser heterônima (quando são acometidos lados diferentes dos campos visuais, ou seja, desaparece a visão nos campos nasais ou nos campos temporais) ou homônima (acometimento do mesmo lado do campo visual de cada olho, ou seja, desaparece a visão do campo temporal de um olho e do campo nasal do olho do lado oposto). A amaurose é o termo que se dá a perda súbita da visão devido a um distúrbio central. FUNDOSCOPIA Com o oftalmoscópio, o fundo de olho toma-se perfeitamente visível. O neurologista não pode prescindir desse exame, que constitui verdadeira biopsia incruenta. Podem ser reconhecidos o tecido nervoso (retina e papila óptica) e os vasos (artérias, veias e capilares), que evidenciam fielmente o que se passa com as estruturas análogas na cavidade craniana. Entre as alterações que podem ser encontradas, destacam-se: a palidez da papila, a qual significa Laura Costa Santos – 3° semestre - Medicina atrofia do nervo óptico; a estase bilateral da papila, que traduz hipertensão intracraniana, e as modificações das arteríolas, que aparecem na hipertensão arterial. • Direta x Indireta • Sala escura • Solicitar ao paciente para fixar o olhar em um ponto distante • Disco optico normal: amarela/ovalada/posição nasal • Macula: palida/posição temporal • Paremetros: coloração/escavação/contornos O posicionamento deve ser contralateral (olho direito do paciente com esquerdo do examinador e virse versa), usar dedos para apoiar o oftalmoscópio no rosto do paciente e apoiar a outra mão em sua cabeça. REFLEXO FOTOMOTOR A via aferente do reflexo fotomotor é realizada pelo 2° nervo craniano a eferente é pelo 3° nervo craniano. O exame é realizado com o intuito de testar contração da pupila. Para isso, utiliza-se uma fonte luminosa, posicionada lateralmente em relação ao olho do paciente. São testados dois tipos de reflexos: • Direto: contração pupilar (miose) no olho iluminado; • Consensual: contração da pupila no olho contralateral; NERVOS OCULOMOTORES (II I/IV/VI PARES) NERVO III (OCULOMOTOR) Função motora e autonômica. Inerva os músculos extrínsecos do globo ocular (elevador da pálpebra superior, reto superior, reto inferior, reto medial e oblíquo inferior). Tem origem encefálica sulco medial no pedunculo cerebral. Origem craniana na fissura orbital superior. NERVO IV (TROCLEAR) Função motora, inverva musculo obliquo superior do olho. Tem origem encefálica no véu medular superior. Origem craniana na fissura orbital superior. NERVO VI (ABDUCENTE) Função motora. Inerva musculo reto lateral, sendo um nervo longo. Origem encefalica no sulco bulbo pontino. Origem craniana na fissura orbital superior. Laura Costa Santos – 3° semestre - Medicina Além disso, o nervo oculomotor possui fibras responsáveis pela inervação pré-ganglionar dos músculos intrínsecos do bulboocular: o músculo ciliar, que regula a convergência do cristalino, e o músculo esfíncter da pupila. Estes músculos são lisos, e as fibras que os inervam classificam-se como eferentes viscerais gerais. Os nervos motores oculares são examinados conjuntamente na avaliação da motricidade ocular. As queixas frequentes são: Diplopia: visão dupla; Desvio do olho: estrabismo (convergente ou divergente). MOTILIDADE EXTRÍNSECA A posição do globo ocular é dada pelo pocionamento harmônico dos vários músculos. Caso haja predomínio de um deles (por paresia ou paralisia de seu antagonista), ocorre o que se chama estrabismo (desvio do olho de seu eixo normal), que pode ser horirontal (convergente ou divergente) ou vertical (superior ou inferior), e isso vai depender se o desvio é em uma ou em outra direção. Na presença de estrabismo, pelo menos na fase inicial, o paciente reclama de visão dupla ou diplopia. O exame é feito em cada olho separadamente e, depois, simultaneamente, da seguinte maneira: estando o paciente com a cabeça imóvel, o examinador solicita a ele que desloque os olhos nos sentidos horizontal e vertical. No exame simultâneo, acrescenta-se a prova da convergência ocular, que é feita aproximando gradativamente um objeto dos olhos do paciente. As causas mais frequentes de lesões dos nervos oculomotores são traumatismos, diabetes melito, aneurisma intracraniano, hipertensão intracraniana e neoplasias da região selar. Laura Costa Santos – 3° semestre - Medicina MOTILIDADE INTRÍNSECA Dinamicamente, a pupila é examinada por meio de um feixe luminoso (lanterna de bolso) e pela convergência ocular. Em ambiente de pouca luminosidade, o paciente deve olhar para um ponto mais distante. O examinador incide o feixe de luz em uma pupila e observa a resposta nos dois lados. Chama-se reflexo fotomotor direto a contração da pupila na qual se fez o estímulo, e de reflexo fotomotor consensual a contração da pupila oposta. Em seguida, aproxima-se dos olhos um objeto, e as pupilas se contrairão normalmente- é o reflexo da acomodação. TESTE DE SACCADES O teste de sacada avalia a capacidade do paciente de mover com precisão os olhos de um ponto focal designado para outro em um único movimento rápido. A capacidade de realizar com precisão o teste de sacada avalia o sistema vestibular central do paciente. Pode ser feito também com um dedo posicionado no nariz do paciente e o outro no seu campo visual. TESTE DE CONVERGÊNCIA NERVO TRIGEMIO (V PAR) Tem origem encefálica entre a ponte e o pedúnculo cerebelar médio. Tem origem craniana na fissura orbital superior (V1), forame redondo (V2) e forame oval (V3). • Ramo oftálmico (V1) • Ramo maxilar (V2) • Ramo mandibular (V3) O trigêmeo é nervo misto, constituído de várias raizes: Laura Costa Santos – 3° semestre - Medicina • Raiz motora, representada pelo nervo mastigador, que inerva os músculos destinados à mastigação (temporal, masseter e pterigóideos). Avalia-se a lesão unilateral da raiz motora pela observação dos seguintes elementos: o Atrofia das regiões temporais e masseterinas o A abertura da boca promove desvio da mandíbula para o lado da lesão o Ao trincar os dentes, nota-se debilidade do lado paralisado o Há dificuldade do movimento de lateralização da mandíbula • Raízes sensoriais que compreendem os nervos oftálmico, maxilar e mandibular. EXAME MOTOR: Solicitar ao paciente que feche a boca, palpar o masseter/temporal; Abrir a boca contra resistência; Movimentos de lateralização da mandíbula (pterigoideos); Impressão dentaria dos molares (abaixador da língua) EXAME SENSITIVO (TESTAR EM AMBOS OS LADOS): Testar calor, frio, tato, dor. (Usar palito, diapasão, etc.) Reflexo corneopalpebral. (Usar algodão e encostar na pálpebra) NERVO FACIAL (VII PAR) O nervo facial é considerado um nervo misto, apresentando um componente motor (somático e visceral) e outro sensorial gustatório e sensitivo para parte do pavilhão auricular. Ele emerge do sulco bulbo-pontino através de uma raiz motora, o nervo facial propriamente dito, e uma raiz sensitiva e visceral, o nervo intermédio. Tem origem craniana no forame estilomastoideo. Função Mista: Motora: musculatura mimica da face; Sensitiva e autonômica: O nervo intermédio é responsável, principalmente, pela sensibilidade gustatória dos 2/3 anteriores da língua e pela inervação parassimpática da glândula lacrimal e das glândulas sublingual e submandibular. COMO EXAMINAR: No exame de rotina, solicitamos que o paciente realize movimentos como franzir a testa, fechar os olhos com força contra a resistência, mostrar os dentes como num sorriso forçado e abrir a boca para que se avalie e simetria dos sulcos nasogenianos. Assobiar e encher as bochechas de ar são outras técnicas para testar fraqueza sutil. Observar a face do paciente (simetria x assimetria), fissuras palpebrais e pregas nasolabiais, ver se há desvio da comissura labial; Laura Costa Santos – 3° semestre - Medicina Quando há paralisia total de um lado da face, é uma paralisia periférica. Quando há preservação do olho mas a boca é afetada, é central. Nos casos de paralisia facial periférica, a face pode ter um aspecto “aplainado” (em rugas) e quando o paciente sorri, o músculo facial contralateral saudável puxa para cima a metade oposta da boca. Os pacientes frequentemente não conseguem manter água na boca e a saliva pode pingar constantemente do lado paralisado. Nas paralisais periféricas do nervo facial, os pacientes também são incapazes de fechar o olho ipsilateral ou de enrugar a testa no lado afetado. Contudo, embora a pálpebra não possa fechar, os globos oculares viram para cima quando o indivíduo tenta fechá-las, removendo as pupilas de observação. Isto é conhecido como fenômeno de Bell. Deve-se tomar conta que a incapacidade de fechar os olhos sugere paralisia do VII par, enquanto a queda palpebral (ptose) sugere paralisia do III par (ou mesmo de fibras simpáticas responsáveis pela inervação da parte tarsal do levantador da pálpebra). Quando o exame revela presença da paralisia facial periférica, isto é, que afeta toda a hemiface, há necessidade de pesquisar a sensibilidade gustativa dos dois terços anteriores da língua para verificar se o nervo intermédio também foi atingido. O comprometimento associado do intermédio é muito sugestivo de que a lesão situe-se fora do tronco cerebral. A sensibilidade gustativa é pesquisada empregando-se soluções de sabor doce, salgado, amargo e ácido, com o auxílio de um algodão montado numa espátula. A língua é exteriorizada e enxuta com gaze, e a substância colocada em vários pontos. O paciente não deve falar para não difundir a solução pela boca, e pode nomear os sabores apontando para seus nomes escritos em um papel colocado ä sua frente. Em adição, outro pequeno ramo motor do nervo facial inerva o músculo estapédio. Isso ajuda a modular a vibração da membrana timpânica e atenua os sons quando o indivíduo é exposto a sons de intensidade muito elevada (reflexo do estapédio). Quando esta parte do nervo facial é afetada, o paciente passa a sofrer com hiperacusia, um aumento da percepção do som, quando ouve Laura Costa Santos – 3° semestre - Medicina primariamente com o ouvido ipsilateral. Quando o paciente tenta falar ao telefone, por exemplo, o mantém longe de seu ouvido para diminuir a intensidade do som do fone. NERVO VESTIBULO-COCLEAR (VIII PAR) O VIII par é constituído por dois grupos de fibras perfeitamente individualizadas que formam, respectivamente, os nervos vestibular e coclear. É um nervo exclusivamente sensitivo, de origem encefálica no sulco do bulbo pontinho e origem craniana no meato acústico interno/osso temporal. Lesões do nervo vestíbulo-coclear causam diminuição da audição, por comprometimento da parte coclear do nervo, juntamente com vertigem (tontura), alterações de equilíbrio e enjôo, por envolvimento da parte vestibular. Ocorre também um movimento oscilatório dos olhos denominado nistagmo. EXAME AUDITIVO: Anamnese: perda auditiva, deficiência, uni ou bilateral, perda súbita, gradual, progressiva, como se percebeu, etc. Esfregar o polegar e o dedo indicador em conjunto a 2 polegadas de distância de cada orelha; Teste de voz sussurrada; Confirmado o distúrbio auditivo, com duas aplicações diferentes do diapasão padrão, é possível diferenciar entre a surdez neurológica causada por dano coclear ou nervosa e aquela causada por surdez de condução, que depende de lesões ou obstrução (cerume ou corpo estranho) da orelha externo ou médio. TESTE DE RINNE (DIAPASÃO 512): Com o teste de Rinne, um diapasão vibrante é colocado sobre o processo mastóide do paciente. Logo que o paciente se torna incapaz de apreciar o som, o instrumento é deslocado para perto da abertura do canal auditivo externo para avaliar a condução aérea. Se o indivíduo tiver audição normal, a condução aérea é melhor do que a condução óssea. Se o paciente tiver surdez nervosa, as conduções aérea e óssea estão diminuídas, mas a condução aérea ainda é melhor do que a óssea. Em contraste, este achado está invertido em pacientes com patologia da orelha média, ou seja, surdez de condução, de modo que a condução óssea quase não se altera. Isso ocorre porque existe uma transmissão por via óssea até o nervo que, se estiver lesado (surdez nervosa), a transmissão via óssea é interrompida, e a condução aérea é melhor; mas se o problema não estiver no nervo, mas em alguma estrutura da orelha média (surdez de condução), a vibração é propagada pelo osso até o nervo, de modo que a condução óssea seja melhor que a aérea. o Positivo: CA>CO (normal/neurossensorial) o Negativo: CO>CA (condução) TESTEDE WEBER (DIAPASÃO 512): É realizada colocando o diapasão no vértice do crânio ou na fronte, perguntar se está ouvindo bem em ambos os lados ou apenas 1. Lateralização para ouvido bom: perda neurossensorial Lateralização para ouvido ruim: perda de condução Sem lateralização: normal/hipoacusia bilateral Laura Costa Santos – 3° semestre - Medicina EXAME SISTEMA VESTIBULAR: Equilíbrio estático (roomberg); Equilíbrio dinâmico (marcha): 10 passos para a frente e para trás; Pesquisa de nistagmo (movimentos na horizontal, vertical, rotatório) – óculos de Frenzel. Reflexo vestíbulo ocular (RVO): MANOBRA DE DIX-HALLPIKE Posicionar paciente sentado na maca, segurar a cabeça por trás, virar a cabeça de um lado e deitar o paciente. Em decúbito, observar a movimentação dos olhos. Em seguida, sentar novamente o paciente, posicionando sua cabeça centralmente. Repetir o mesmo do outro lado, ver se apresenta nistagmo. TESTE DO ESTIMULO CALÓRICO Teste para avaliar disfunção no sistema vestibular ou morte cerebral. Realizar otoscopia, posicionar o paciente em decúbito dorsal a 30°, irrigar o conduto auditivo com 50ml de agua fria por 60s com uma seringa, observar desvio tônico dos olhos para o lado estimulado (quente: do lado oposto) Laura Costa Santos – 3° semestre - Medicina TESTE DO IMPULSO DA CABEÇA Para investigar paciente com caso de vertigem, tontura. Segurar a cabeça do paciente sentado à sua frente, com duas mãos na região bitemporal, examinador solicita que ele fixe um alvo e realiza movimento de grande aceleração e pequena amplitude. Observar se os olhos se mantem fixo no alvo. A existência de sácade para refixação significa diminuição do reflexo vestíbulo ocular. NERVO GLOSSOFARINGEO (IX PAR) Possui origem encefálica no sulco posterior do bulbo e origem craniana no forame jugular. É de função mista: Sensitiva: 1/3 posterior da língua Parassimpática: glândula parótida Motora: elevação e dilatação da faringe (conjunto com nervo vago) Queixas na Anamnese: Agusia: abolição do gosto Hipogeusia: diminuição Parageusia: perversão Disfagia: dificuldade de engolir COMO EXAMINAR 4 sabores 1/3 posterior da língua: exteriorizar a língua, colocar sabor, secar com gaze entre um e outro, o paciente deve apontar o gosto experimentado Sensibilidade: tocar 1/3 posterior da língua com abaixador NERVO VAGO (X PAR) - ASSOCIAÇÃO COM O IX NC O nervo vago é misto e essencialmente visceral. Tem origem encefálica no sulco lateral posterior do bulbo e origem craniana no forame jugular. Função mista: Motora: palato mole, faringe e laringe (eferencias nos reflexos de vômitos e tosse) Fibras autonômicas parassimpáticas Sensitiva: epiglote, laringe, faringe, conduto auditivo externo, área cutânea retroauricular COMO EXAMINAR: Um paciente com paresia do nervo glossofaríngeo apresenta uma queda do palato do lado afetado e, quando se pede ao paciente que produza um som, a úvula é desviada para o lado não-afetado. O exame é realizado solicitando-se ao paciente que abra a boca e diga “ah”. Observa- se que há simetria na elevação do palato, se a úvula continua na linha mediana e se a rafe mediana da faringe se eleva. Em lesões unilaterais, o palato do lado afetado não sobe e a úvula desvia-se para o lado oposto ao da lesão devido ä contração normal do palato. A rafe da faringe é desviada para o lado são, lembrando o movimento de uma cortina puxada para um lado (sinal da cortina). Reflexo do vomito: encostar na região da faringe rapidamente, não ficar na frente do paciente; NERVO ACESSÓRIO (XI PAR) O nervo acessório é formado por uma raiz craniana e uma espinhal, sendo um nervo essencialmente motor. Origem encefálica no sulco lateral posterior do bulbo e medula. Origem craniana no forame jugular. Função motora: Trapézio/esternocleidomastoideo Faringe/laringe COMO EXAMINAR: Esternocleidomastoideo: solicitar ao paciente para girar a cabeça contra uma resistência fornecida ela mão do examinador colocada sobre a mandíbula Laura Costa Santos – 3° semestre - Medicina Trapézio: solicitar que eleve os ombros contra a resistência da mão do examinador. Paciente sem blusa, com os braços esticados para baixo (ver se um está mais baixo que o outro) NERVO HIPOGLOSSO (XII PAR) O nervo hipoglosso é responsável pela inervação dos músculos intrínsecos da língua. Origem encefálica no sulco lateral anterior do bulbo. Origem craniana no canal hipoglosso. Como examinar: Inspeção no interior da cavidade da língua. Observar desvios, atrofia ou fasciculações; Inspeção dinâmica: solicitar ao paciente para exteriorizar a língua e realizar movimentos de lateralidade e verticalidade; Palpação: trofismo e tonicidade. Colocar o dedo externamente a bochecha e pedir ao paciente para empurrar com a língua. REFERENCIAS Semiologia Médica - Celmo Celeno Porto - 7ª Edição. 2013. Editora Guanabara Koogan. Exame Neurológico - Parte 1 (Nervos cranianos): https://www.youtube.com/watch?v=8Pdlx5gjCh4&t =22s Exame Neurológico - Parte 2 (Nervos Cranianos): https://www.youtube.com/watch?v=wZvxplJZfvQ&t =5s
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