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MÓDULO DE HERMENÊUTICA ON LINE

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HERMENÊUTICA - INSTITUTO IKTUS Página 2 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
“Nenhuma profecia da Escritura é de particular interpretação. 
Porque a profecia nunca foi produzida por vontade dos 
homens, mas os homens da parte de Deus falaram movidos 
pelo Espírito Santo” (II Pe.1.20,21). 
 
 
 
 
 
HERMENÊUTICA - INSTITUTO IKTUS Página 3 
 
 
Introdução 
 
 Somos leitores, pregadores e ensinadores da Bíblia sagrada e, portanto 
precisamos conhecê-la e interpretá-la de forma correta. Quanto melhor 
interpretarmos a Bíblia mais poderemos ser exatos em espalhar a sua 
mensagem. Mark Twain escreveu: ”Não são as partes da Bíblia que eu não 
posso compreender que me incomodam, são as partes que eu entendo.” 
Sendo assim quanto mais estudarmos a palavra e a interpretarmos 
corretamente mais pessoas compreenderão sua mensagem e poderão se 
render a mensagem do evangelho. 
 Na Hermenêutica Bíblica estaremos estudando as técnicas de como 
Interpretar a Bíblia Sagrada, lógico que este curso não esgota o assunto mas 
irá com certeza abrir mentes e corações para se aprofundarem cada vez mais 
na Interpretação correta da Bíblia Sagrada. O primeiro Interprete da Bíblia foi 
Satanás, quando ele entrou no jardim do Édem conseguiu corromper a mente 
de Eva usando a Palavra: “É assim que Deus disse...” Ele perverteu o 
verdadeiro sentido da Palavra e assim ela foi enganada. O próprio Cristo na 
Tentação no deserto teve a visita deste interprete sinistro que foi 
desmascarado por um Interprete Poderoso que Conhece o que cada vírgula e 
ou til quer dizer. Portanto a Interpretação erronia dos textos sagrados podem 
perverter milhares de mentes induzindo-as ao erro e, portanto a condenação 
eterna. 
 Nossas orações são para que o Espírito Santo nosso Mestre dos 
Mestres possa nos ajudar a compreender e interpretar a Palavra de Deus e que 
possamos ser fiéis e humildes de reconhecer nossas limitações. Estamos 
juntos nesta jornada do conhecimento. O Instituto Iktus se orgulha de você pois 
quem busca aprender reconhece que crescer na graça e no conhecimento é 
algo contínuo na vida do cristão. 
Deus os abençoe! 
 
Prof. William Vicente Borges 
 
HERMENÊUTICA - INSTITUTO IKTUS Página 4 
 
 
1 – OBJETIVOS 
 
· 1.1. Nossa proposta com este estudo é levar os nossos alunos do Curso de 
em geral a melhor interpretação da Bíblia possível. 
 
· 1.2. Nosso alvo é alcançar tanto a intelectualidade como a espiritualidade do 
aluno, convidando-o à pesquisa, expondo a matéria de uma maneira simples e 
inteligível. 
 
 
2 – INTRODUÇÃO 
 
Os homens se diferem entre si economicamente, sexualmente, fisicamente, 
intelectualmente, historicamente, psicologicamente, espiritualmente, 
eticamente, politicamente, etc., e esse fato, naturalmente, faz com que eles 
distanciem mentalmente uns dos outros na capacidade intelectual, no gosto 
estético, na qualidade moral e etc. Todas estas diferenças provocam 
divergências de interpretação de textos, de fatos e acontecimentos gerais. 
Apesar destas divergências entre os homens, Deus tem um plano para os 
mesmos e este está revelado na Bíblia Sagrada. Este plano de Deus traça um 
mesmo caminho para reunir uma grande família em Cristo Jesus, com a 
unificação dos povos sem distinção de cor, raça, sexo, nacionalidades, 
condições social e econômica. (Gl 3.28; Cl 3.11). Diante deste quadro a 
aplicação da hermenêutica se torna imprescindível a unificação do 
conhecimento do Plano da Salvação para com todos os homens da terra. 
 
 
 
 
 
3 – DEFINIÇÕES 
 
Hermenêutica é a ciência e arte de interpretar textos. 
A hermenêutica é a ciência que estabelece os princípios, leis e métodos de 
interpretação. Em sua abrangência trata da teoria da interpretação de sinais, 
símbolos e leis de uma cultura. 
· Hermenêutica é considerada ciência porque ela tem normas, ou regras, e 
essas podem ser classificadas num sistema ordenado. 
· Hermenêutica é considerada arte porque a comunicação é flexível e, 
portanto, uma aplicação mecânica e rígida das regras, às vezes, distorcerá o 
verdadeiro sentido de uma comunicação. 
 
· Hermenêutica é um ato de caráter espiritual, quando se trata da 
interpretação da Bíblia, pois deve ser realizada na dependência do Espírito 
Santo. 
· Exige-se do bom intérprete que ele aprenda as regras da hermenêutica bem 
como a arte de aplicá-las e que tenha uma vida piedosa. 
 
Interpretar um texto implica em duas vertentes: 
 
HERMENÊUTICA - INSTITUTO IKTUS Página 5 
 
 É tornar o autor bíblico contemporâneo do leitor (nós), aproximando-nos à 
compreensão da mesma época do autor. 
 
 É comentá-lo de forma a alcançar a capacidade de compreensão das 
pessoas a quem se deseja comunicar a sua mensagem. 
 
Ao interpretar devemos partir de três perguntas básicas: 
 
 O que o texto diz ou qual seu significado? (exegese); 
 
 O ele diz para mim ou qual seu significado para mim? (devocional); 
 
 Como compartilhar com você o que o texto diz ou seu significado para nós? 
(homilética). 
 
 
4 – ORIGEM 
 
A palavra HERMENÊUTICA é derivada do termo grego HERMENEUTIKE e o 
primeiro homem a empregá-la como termo técnico foi o filósofo Platão. 
 
Uma das primeiras ciências que o pregador deve conhecer é certamente a 
hermenêutica. Porém, quantos pregadores há que nem de nome a conhecem! 
 
Que é, pois, a hermenêutica? "A arte de interpretar textos", responde o 
dicionário. Porém a hermenêutica (do grego hermenevein, interpretar), da qual 
nos ocuparemos, forma parte da Teologia exegética, ou seja, a que trata da 
reta inteligência e interpretação das Escrituras bíblicas. 
 
 
5 – HERMENÊUTICA BÍBLICA 
 
Esta é uma disciplina do curso de teologia da mais alta importância por ser o 
ponto de convergência de todo conhecimento bíblico, teológico e geral. Todo 
conhecimento será importante no momento da exegese. 
 
Através das regras da Hermenêutica, o estudante é capaz de organizar, 
compreender, comentar e aplicar o material bibliográfico à sua disposição. 
 
A hermenêutica é importante porque capacita a pessoa a se movimentar do 
texto para o contexto, para que o significado inspirado por Deus na Bíblia fale 
hoje com uma relevância tão nova e dinâmica quanto em seu ambiente original. 
Além disso, pregadores ou professores devem anunciar a Palavra de Deus em 
vez de suas opiniões religiosas repletas de subjetividade. 
 
Só uma hermenêutica bem definida pode manter alguém atrelado ao texto. 
 
 
 
 
HERMENÊUTICA - INSTITUTO IKTUS Página 6 
 
 
 
6 – DIVISÕES DA HERMENÊUTICA BÍBLICA 
 
A Hermenêutica Bíblica pode ser divida em geral e especial. 
 
 Hermenêutica Geral cuida das regras gerais de interpretação da Bíblia, se 
aplica à interpretação de qualquer obra escrita. Aqui olhamos para o contexto 
mais amplo dentro do qual uma passagem se encontra. Por exemplo: Imagine 
que você ouça alguém mencionar a palavra “certo”. O que a pessoa está 
dizendo? Certo porque não houve erro algum na tarefa que fez; certo porque 
estava convencida do que o outro disse; certo conforme o que havia sido 
acordado anteriormente. O contexto histórico e lógico nos ajudam a 
compreender o contexto fornecendo os alicerces para a interpretação do texto. 
 
 O Contexto histórico nos apresenta a autoria, data, a quem é dirigido e seu 
propósito. 
 
 O Contexto lógico é o mapeamento do livro e da passagem que está sendo 
lida. Lembro que um verso deve ser lido no contexto de seu parágrafo. 
 
· Hermenêutica Especial cuida das formas especiais de interpretação,como: 
símbolos, tipos, figuras de linguagem e profecias. Esta forma de 
interpretação se aplica a determinados tipos de produção literais tais como: 
Leis, histórias, profecias, poesias, etc. 
 
 
 
 
7 – A NECESSIDADE DA HERMENÊUTICA 
A necessidade se dá pela razão que mencionamos em nossa introdução, isto 
é, pela diversidade de diferença que existe de um homem para outro e 
podemos ainda acrescentar a razão primária da necessidade da hermenêutica 
que é o pecado. Dessa forma podemos dizer que a necessidade da 
hermenêutica se faz: 
 
· Por causa do pecado que obscureceu o entendimento do homem e exerce 
influência perniciosa em sua mente e torna necessário o esforço especial para 
evitar erros (2Pd 3.16 e Dt 7.10). 
 
· Por causa do bloqueio histórico. Há um abismo histórico que nos separa 
dos escritores bíblicos e das culturas primitivas. Precisamos transpor este 
bloqueio, se quisermos compreender o significado da revelação. A antipatia de 
Jonas pelos ninivitas, por exemplo, assume maior significado, quando 
compreendermos os motivos históricos, que fizeram Jonas desprezar os 
ninivitas. 
 
· Por causa do bloqueio cultural. O bloqueio Cultural. Cada um de nós vê a 
realidade, através de olhos condicionados pela cultura. O conjunto de valores 
culturais, científicos e ideológicos de uma cultura é o que chamamos de 
cosmovisão. 
 
HERMENÊUTICA - INSTITUTO IKTUS Página 7 
 
 
A cosmovisão da cultura bíblica é diferente em muitos pontos da cultura atual. 
Para entendermos algumas passagens da Bíblia precisamos compreender, a 
cosmovisão das culturas bíblicas. Como entender, por exemplo, I Coríntios 
14:34? Será que está recomendação se aplica nos mesmos termos aos dias de 
hoje? Como, era a visão primitiva do universo? Como eram os relacionamentos 
sociais? A forma de se vestir? De Comercializar? De se educar? 
 
· Por causa do bloqueio linguístico. A Bíblia foi escrita em hebraico, 
aramaico e grego — três línguas que possuem estruturas e expressões 
idiomáticas muito diferentes da nossa própria língua. Estamos habituados a 
escrever e pensar com frases em nossa língua na sequência sujeito, verbo, 
predicado. Esta forma de raciocínio e escrita não existe nas línguas primitivas. 
No grego, não existe a sequência sujeito, verbo, predicado. Existem ainda 
diferenças nas estruturas verbais, na forma de se organizar as frases, etc... A 
língua é um grande obstáculo para a interpretação bíblica. 
Precisamos considerar também que, as línguas evoluem. O português de hoje, 
possui expressões irreconhecíveis para o português do século XV. E vice 
versa. A língua é dinâmica e constitue-se como um obstáculo a ser vencido na 
interpretação das escrituras. 
 
· Por causa do bloqueio filosófico. Cada cultura tem uma forma específica 
de teorizar a realidade, o sagrado, o divino, etc... É importante nós 
compreendermos a filosofia de cada cultura para que possamos entender parte 
de seus comportamentos sociais e religiosos. A filosofia de uma cultura 
influencia profundamente seus comportamentos, sociais, políticos, econômicos 
e religiosos. 
 
8 – CARACTERÍSTICAS NECESSÁRIAS PARA ESTUDAR AS 
ESCRITURAS 
 
Assim como para apreciar devidamente a poesia se necessita possuir um 
sentido especial para o belo e poético, e para o estudo da filosofia é necessário 
um espírito filosófico, assim é da maior importância uma disposição especial 
para o estudo proveitoso da Sagrada Escritura. 
 
A Bíblia é um livro singular. Em suas páginas encontramos riquezas de 
conhecimentos de teologia, psicologia, história, geografia, sociologia, 
antropologia, biologia, etc. 
 
Não existe outro livro que, como a Bíblia, tenha sido escrito no decorrer de 
aproximadamente 1500 anos, por cerca de quarenta escritores, em três 
continentes diferentes, em meio ao calor do deserto e no frescor de um palácio, 
em tempo de guerra e em tempo de paz. Seus escritores variam de homens 
simples do povo a grandes sábios e doutores. 
 
Por tudo isso e muito mais, se fazem necessárias, além do conhecimento 
hermenêutico, qualidades vocacionais e espirituais ao intérprete da Palavra de 
Deus. 
 
 
HERMENÊUTICA - INSTITUTO IKTUS Página 8 
 
 
 
· Necessita de fé 
 
Está escrito: “Sem fé é impossível agradar a Deus, por que é necessário que 
aquele que Dele se aproxima, creia que Ele existe e que é galardoador dos que 
o buscam.” (Hb 11.6). Aquele que ainda não tem fé não está apto para 
interpretar a Palavra de um Deus em quem não crê, no entanto, deve lê-la e 
ouvi-la para adquirir fé, como também está escrito: “a fé vem pelo ouvir, e o 
ouvir pela Palavra de Deus.” (Rm 10.17). 
 
· Necessita comunhão com Deus 
 
Deus disse ao profeta: “Clama a mim e responder-te-ei e te mostrarei coisas 
grandes e ocultas que ainda não sabes.”(Jr 33.3). Quem pretende entender a 
Revelação Escrita de Deus deve viver em constante oração, louvor e 
meditação em sua Palavra. 
 
· Necessita de um espírito dócil. 
Isto significa ausência de obstinação e teimosia diante da revelação divina. É 
preciso receber a Palavra de Deus com mansidão (Tg 1.21). 
 
· Necessita de um espírito amante da verdade. 
 
Um coração desejoso de conhecer a verdade (Jo 3.19-21). 
 
· Necessita de um espírito paciente. 
 
Como o garimpeiro que cava e revolve a terra, buscando com diligência o metal 
precioso, da mesma maneira o estudioso das Escrituras deve pacientemente, 
buscar as revelações que Deus propôs e que em algumas partes é bastante 
profunda e de difícil interpretação. 
 
· Necessita gosto pela leitura e escrita 
 
Na lida exegética é preciso ler muito. Pessoas que não têm prazer na leitura 
enfrentarão sérias dificuldades para interpretar textos. 
Também não se admite num interpretador de textos a preguiça de escrever. 
Tudo o que se faz deve ser anotado, sob pena de ter que se fazer de novo. A 
memória falha, mas a escrita não. 
 
· Necessita senso de organização 
 
Terá sem dúvida maior sucesso na interpretação quem for organizado. O 
arquivamento de anotações, ou o backup de um arquivo, pode livrar o 
estudante de um duplo trabalho. Manter os livros de pesquisa organizados e 
em local próprio facilita sua consulta quando necessário. Arquive suas 
anotações por assunto. Isso vai ser muito útil quando precisar delas 
novamente. 
 
 
HERMENÊUTICA - INSTITUTO IKTUS Página 9 
 
 
Uma tarefa grande deverá sempre ser realizada em etapas para evitar o 
desânimo. As tarefas mais fáceis devem ser concretizadas primeiro, a menos 
que uma outra ordem seja inevitável. 
 
 
 
 
 
9. PRESSUPOSIÇÕES GERAIS DA HERMENÊUTICA 
 
9.1- O que é uma pressuposição? 
 
O filósofo Hilton Japiassu define o termo da seguinte forma: "Algo que se toma 
como previamente estabelecido, como base ou ponto de partida para um 
raciocínio ou argumento". Uma pressuposição não é demonstrada por meios de 
argumentos, é apenas aceita. 
 
9.2 – Toda Ciência tem pressuposições 
 
Quais as principais pressuposições da hermenêutica? 
 
· Pressuposição 
 
I: A BÍBLIA TEM AUTORIDADE ESPIRITUAL E NORMATIVA 
 
A Bíblia tem um inerente senso de autoridade que se vê no constante uso da 
expressão “diz o Senhor”, no Antigo Testamento, e na aura de uma autoridade 
apostólica divinamente conferida no Novo Testamento. 
Quanto mais nos afastamos do significado pretendido da Palavra, mais 
aumenta o descompasso com a autoridade. 
 
Fontes autoridade existentes: 
 
 A fonte das Instituições e Tradições Cristãs (Igreja). 
 A fonte da Razão (conhecimento teológico e filosófico). 
 A fonte das Experiências (pessoal, empírico) 
 A fonte Bíblica 
 
 Pressuposição II: A Bíblia é inspirada 
 
Cada escritor se expressa deformas distintas, com diferentes ênfases e 
diversas figuras de linguagem. Por exemplo, João usa a linguagem do “novo 
nascimento” para expressar o conceito da conversão, enquanto Paulo prefere a 
linguagem da adoção. Paulo dá destaque a fé que pode levar a conversão, 
enquanto Tiago destaca as obras que demonstram a fé. 
 
 
 
 
 
HERMENÊUTICA - INSTITUTO IKTUS Página 10 
 
 
Qual o método da inspiração? 
 
 Inspiração mecânica ou teoria do ditado verbal 
 
 Inspiração de conceitos ou ideias 
 
 Inspiração plena e verbal 
 
 Inspiração parcial 
 
 
 Pressuposição III: 
 
Há muitas questões tratadas na Bíblia, que são explicadas e provadas pela fé, 
e não por via racional. 
Exemplo: A existência de Deus, a dual natureza de Cristo, a Trindade, os 
milagres, o método da criação, previsões proféticas..., etc... 
 
· Pressuposição IV: 
 
 É necessário influência espiritual para uma correta compreensão das 
escrituras. Cremos há uma influência do Espírito Santo no ato da interpretação 
dos textos bíblicos. 
 
Todo leitor traz consigo um conjunto de “pré-conhecimentos”, isto é, crenças e 
ideias que compõem a herança de seus antecedentes e da comunidade que 
lhe serve de paradigma. Raramente lemos a Bíblia em busca da verdade: o 
que mais acontece é querermos harmonizá-la com nosso sistema de crenças e 
ver seu significado sob a perspectiva de nosso sistema teológico preconcebido. 
 
 
10 – FATORES NO CAMPO RELIGIOSO QUE INFLUENCIAM O 
PROCESSO DE INTERPRETAÇÃO BÍBLICA 
 
A pergunta fundamental feita na análise teológica é: Como essa passagem se 
enquadra no padrão total da revelação de Deus? Antes de respondermos a 
esta pergunta, devemos Ter uma compreensão do padrão da história da 
revelação. 
Há, neste momento uma necessidade de conhecimento dos conceitos de 
graça, lei, salvação e o ministério do Espírito Santo. 
 
"O ministro também deve compreender e explicar um texto teologicamente. 
Não somente deve estar inteirado do que esse texto está dizendo em primeiro 
plano, mas também da teologia que elucida o texto." 
 
Isto significa que o pregador deve conhecer as tradições, a filosofia, a maneira 
de pensar, a "Cosmovisão", as ideias acerca de Deus e da religião na época 
em que aquela mensagem foi escrita. 
 
 
HERMENÊUTICA - INSTITUTO IKTUS Página 11 
 
As divisões naturais incluem as grandes doutrinas a serem estudadas na 
análise teológica: A Doutrina da Criação; a Doutrina de Deus; a Doutrina do 
Homem e do Pecado; a Doutrina da Salvação. 
 
É preciso ter este conhecimento para não se deixar levar cegamente por livros, 
comentários e outros materiais que não estão isento do pensar teológico do 
autor. 
 
O quanto sabemos, o primeiro intérprete da Palavra de Deus foi o diabo, dando 
à palavra divina um sentido que ela não tinha, falseando astutamente a 
verdade. Mais tarde, o mesmo inimigo, falseia o sentido da Palavra escrita, 
truncando-a, isto é, citando a parte que lhe convinha e omitindo a outra. 
Vamos olhar rapidamente para alguns destes fatores que influenciam a 
interpretação bíblica de um texto. 
 
10.1 – As Diversas POSIÇÕES SOBRE a Bíblia 
 
A – O Modernismo Teológico 
 
 Os teólogos modernistas acreditam que a Bíblia contêm a palavra de 
Deus. 
 Algumas partes são inspiradas e outras não. 
 É um ponto de vista perigoso, pois é arriscado julgar determinadas partes 
como inspiradas e outras não. 
 
B – A Teologia Liberal 
 
 Os liberais não creêm na doutrina da inspiração sobrenatural. 
Transformam inspiração em um processo natural retirando dela o caráter 
sobrenatural. 
 Acreditam que os autores relataram ideias culturais primitivas sobre 
Deus. 
 
C – A Posição Néo-ortodoxa 
 
 Os néo-ortodoxos creêm que a Bíblia torna-se palavra de Deus 
 
 A Bíblia torna-se a palavra de Deus quando os indivíduos a leêm e as 
palavras adquirem para eles significado pessoal, existencial, ou quando há um 
encontro pessoal entre Deus e o Homem. 
 Portanto, Deus se revela na Bíblia nos encontros pessoais; não porém, de 
maneira preposicional, isto é, nas frases e citações bíblicas. 
 
D – A posição Ortodoxa 
 
 A bíblia é a palavra de Deus. 
 
 A posição ortodoxa é que Deus operou por meio das personalidades dos 
 
HERMENÊUTICA - INSTITUTO IKTUS Página 12 
 
 escritores bíblicos de tal modo que, sem suspender seus estilos pessoais 
de interpretação ou liberdade, o que eles produziram foi literalmente, "soprado 
por Deus“, ou palavra de Deus. 
 
 II Tm 3:16 afirma: "Toda escritura é divinamente inspirada por Deus...". A 
palavra grega para o termo "inspirada" é theopneustos. Estamos falando aqui 
de uma inspiração de caráter sobrenatural, em que Deus guia os autores 
bíblicos de tal modo que seus escritos trazem o selo da inspiração divina. 
 
 Outro fato a destacar é que "toda escritura é divinamente inspirada...", e 
não apenas partes, como alguns defendem. Se admitimos tal possibilidade 
então abrimos uma lacuna perigosa: Como julgar se uma determinada 
passagem bíblica é inspirada ou não? Ou como saber se estamos diante de 
uma passagem inspirada? 
 
· Portanto, a inspiração Bíblica, segundo o ponto de vista ortodoxo, abrange 
toda a revelação bíblica. 
 
 
 
10.2 – As Diversas TEOLOGIAS FORMULADAS a Partir da 
Bíblia 
 
A – Teologia Luterana 
 
 Duas verdades presentes em toda Bíblia: a lei e o evangelho. 
 A Lei é vista como manifestação do ódio ao pecado, trazendo juízo e a ira 
de Deus. 
 O Evangelho é visto como manifestação da graça, amor e salvação de 
Deus. 
 Segundo esse critério, passagens do V.T. como Gn.7:1 são consideradas 
“evangelho” enquanto Mt.22:37 “Lei”. 
 
 A posição luterana acentua a “continuidade” no sentido de que a Lei e a 
Graça (Evangelho) continuam presentes desde o início da história humana. 
 
 Assim, Lei e Graça não são duas épocas, mas partes integrantes do seu 
relacionamento com o homem. 
 
B – A Teologia Calvinista 
O termo Calvinismo é dado ao sistema teológico da Reforma protestante, 
exposto e defendido por João Calvino (1509-1564). Seu sistema de 
interpretação bíblica pode ser resumido em cinco pontos, conhecidos como "os 
5 pontos do Calvinismo" (TULIP em inglês): 
 
1. Depravação total: Todos os homens nascem totalmente depravados, 
incapazes de se salvar ou de escolher o bem em questões espirituais; 
 
2. Eleição incondicional: Deus escolheu dentre todos os seres humanos 
decaídos um grande número de pecadores por graça pura, sem levar em conta 
qualquer mérito, obra ou fé prevista neles; 
 
HERMENÊUTICA - INSTITUTO IKTUS Página 13 
 
 
3. Expiação limitada: Jesus Cristo morreu na cruz para pagar o preço do 
resgate somente dos eleitos; 
 
4. Graça Irresistível: A Graça de Deus é irresistível para os eleitos, isto é, o 
Espírito Santo acaba convencendo e infundindo a fé salvadora neles; 
 
5. Perseverança dos Santos: Todos os eleitos vão perseverar na fé até o 
fim e chegar ao céu. Nenhum perderá a salvação. 
 
 
C – A Teologia Arminista 
 
O Arminianismo é o sistema de Teologia formulado por Jacobus Arminius 
(1560-1609), teólogo da Igreja holandesa, que resolveu refutar o sistema de 
Calvino. Armínio apresentou seu sistema em 5 pontos: 
 
1. Capacidade humana, Livre-arbítrio: Todos os homens embora sejam 
pecadores, ainda são livres para aceitar ou recusar a salvação que Deus 
oferece; 
 
2. Eleição condicional: Deus elegeu os homens que ele previu que teriam fé 
em Cristo; 
 
3. Expiação ilimitada: Cristo morreu por todos os homens e não somente 
pelos eleitos; 
 
4. Graça resistível: Oshomens podem resistir à Graça de Deus para não 
serem salvos; 
 
5. Decair da Graça: Homens salvos podem perder a salvação caso não 
perseverem na fé até o fim. 
 
O sistema teológico de Armínio foi derrotado no Sínodo de Dort em 1619 na 
Holanda, por ser considerado anti-bíblico. Por incrível que possa parecer, hoje 
o Arminianismo é o sistema teológico adotado pela maior parte das igrejas 
evangélicas. As seitas e o Catolicismo Romano também rejeitam o Calvinismo. 
 
D – Teologia da Libertação 
 
Teologia da Libertação é uma corrente teológica cristã nascida na América 
Latina, depois do Concílio Vaticano II e da Conferência de Medellín (Colômbia, 
1968), que parte da premissa de que o Evangelho exige a opção preferencial 
pelos pobres[1] e de especificar que a teologia, para concretar essa opção, deve 
usar também as ciências humanas e sociais. 
É considerada como um movimento supradenominacional, apartidário e 
inclusivista de teologia política, que engloba várias correntes de 
pensamento que interpretam os ensinamentos de Jesus Cristo em termos de 
uma libertação de injustas condições econômicas, políticas ou sociais. Ela foi 
descrita, pelos seus proponentes como reinterpretação analítica e 
antropológica da fé cristã, em vista dos problemas sociais, mas, seus 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Conc%C3%ADlio_Vaticano_II
https://pt.wikipedia.org/wiki/Segunda_Confer%C3%AAncia_Geral_do_Episcopado_Latino-Americano
https://pt.wikipedia.org/wiki/Evangelho
https://pt.wikipedia.org/wiki/Teologia_da_Liberta%C3%A7%C3%A3o#cite_note-1
https://pt.wikipedia.org/wiki/Teologia_pol%C3%ADtica
 
HERMENÊUTICA - INSTITUTO IKTUS Página 14 
 
 
oponentes a descrevem 
como marxismo, relativismo e materialismo cristianizado. 
 
A maior parte dos teólogos da libertação é favorável ao ecumenismo e 
à inculturação da fé. 
 
Alguns teólogos: padre peruano Gustavo Gutiérrez e o brasileiro Leonardo 
Boff. 
 
 
 
E – Teologia da Prosperidade 
 
Teologia da prosperidade (também conhecida como Evangelho da 
prosperidade) é uma doutrina religiosa cristã que defende que a bênção 
financeira é o desejo de Deus para os cristãos e que a fé, o discurso positivo e 
as doações para os ministérios cristãos irão sempre aumentar a riqueza 
material do fiel. Baseada em interpretações não tradicionais da Bíblia, 
geralmente com ênfase no Livro de Malaquias, a doutrina interpreta a Bíblia 
como um contrato entre Deus e os humanos; se os humanos tiverem fé em 
Deus, Ele irá cumprir suas promessas de segurança e prosperidade. 
Reconhecer tais promessas como verdadeiras é percebido como um ato de fé, 
o que Deus irá honrar. 
 
Seus defensores ensinam que a doutrina é um aspecto do caminho à 
dominação cristã da sociedade, argumentando que a promessa divina de 
dominação sobre as Tribos de Israel se aplica aos cristãos de hoje. A doutrina 
enfatiza a importância do empoderamento pessoal, propondo que é da vontade 
de Deus ver seu povo feliz. A expiação (reconciliação com Deus) é interpretada 
de forma a incluir o alívio das doenças e da pobreza, que são vistas como 
maldições a serem quebradas pela fé. Acredita-se atingir isso através da 
visualização e da confissão positiva, o que é geralmente professado em termos 
contratuais e mecânicos. 
 
10.3 – As Diversas TEORIAS FORMADAS a Partir da Bíblia 
 
A – Método Dispensacionalista 
 
O dispensacionalismo é uma doutrina teológica e escatológica cristã que 
afirma que a segunda vinda de Jesus Cristo será um acontecimento no mundo 
físico, envolvendo o arrebatamento e um período de sete anos de tribulação, 
após o qual ocorrerá a batalha do Armagedon e o estabelecimento do reino 
de Deus na Terra. 
 
A teologia dispensacionalista acredita que há dois povos distintos de Deus: 
Israel e a Igreja. Os dispensacionalistas acreditam que a salvação foi sempre 
pela fé (Em Deus no Velho Testamento; especificamente em Deus o Filho no 
Novo Testamento). Os dispensacionalistas afirmam que a Igreja não substituiu 
Israel no programa de Deus e que as promessas do Velho Testamento a Israel 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Comunismo_crist%C3%A3o
https://pt.wikipedia.org/wiki/Relativismo
https://pt.wikipedia.org/wiki/Materialismo
https://pt.wikipedia.org/wiki/Ecumenismo
https://pt.wikipedia.org/wiki/Incultura%C3%A7%C3%A3o
https://pt.wikipedia.org/wiki/F%C3%A9
https://pt.wikipedia.org/wiki/Padre
https://pt.wikipedia.org/wiki/Gustavo_Guti%C3%A9rrez
https://pt.wikipedia.org/wiki/Teologia_crist%C3%A3
https://pt.wikipedia.org/wiki/Cristianismo
https://pt.wikipedia.org/wiki/Deus
https://pt.wikipedia.org/wiki/F%C3%A9
https://pt.wikipedia.org/wiki/B%C3%ADblia
https://pt.wikipedia.org/wiki/Livro_de_Malaquias
https://pt.wikipedia.org/wiki/Tribos_de_Israel
https://pt.wikipedia.org/wiki/Empowerment
https://pt.wikipedia.org/wiki/Expia%C3%A7%C3%A3o
https://pt.wikipedia.org/wiki/Teologia
https://pt.wikipedia.org/wiki/Escatologia
https://pt.wikipedia.org/wiki/Cristianismo
https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Segunda_vinda&action=edit&redlink=1
https://pt.wikipedia.org/wiki/Jesus_Cristo
https://pt.wikipedia.org/wiki/Arrebatamento
https://pt.wikipedia.org/wiki/Deus
 
HERMENÊUTICA - INSTITUTO IKTUS Página 15 
 
não foram transferidas para a Igreja. Eles creem que as promessas que Deus 
fez a Israel no Velho Testamento serão cumpridas no período de 1000 anos de 
que fala Apocalipse 20. Eles creem que da mesma forma que Deus concentra 
sua atenção na igreja nesta era, Ele novamente, no futuro, concentrará Sua 
atenção em Israel (Romanos 9-11). A maioria dos Dispensacionalistas são 
contra acordos de paz, pois segundo eles, só adiaria o inevitável que é a volta 
de Jesus. 
 
O que é uma Dispensação? 
 
Período em que o homem é provado com respeito à alguma revelação de Deus 
 
 Processo: 
 Deus dá ao homem um conjunto específico de responsabilidades ou padrão 
de obediência; 
 O homem não consegue viver à altura desse conjunto de responsabilidades; 
 Deus reage com misericórdia concedendo um novo conjunto de 
responsabilidades – uma nova dispensação. 
 
 As principais dispensações identificadas pelos dispensacionalistas: 
 
Os dispensacionalistas acreditam que há uma série de dispensações 
cronologicamente sucessivas, mas variam nas ordens desses eventos. 
 
 
Das sete dispensações, cinco já foram concluídas: inocência consciência, 
governo humano, patriarcal e lei, e estaríamos vivendo a dispensação da graça 
que dará lugar a milenial. Dois grandes eventos marcarão o fim desta 
dispensação: o arrebatamento da igreja e a volta visível de Jesus para 
inaugurar o milênio. 
 
B – Modelo Epigenético 
 
• Compara a revelação divina ao crescimento de uma planta: Uma árvore 
pequenininha é uma árvore perfeita, mas ainda pequena, imatura e frágil. 
• Assim, os conceitos de Deus, de Cristo, da salvação e da natureza do homem 
crescem à medida que a revelação de Deus progride. 
 
 
 
11 – MÉTODOS DA HERMENÊUTICA 
 
Método é a maneira ordenada de fazer alguma coisa. É um procedimento 
seguido passo a passo com o objetivo de alcançar um resultado. 
Durante séculos os eruditos religiosos procuraram todos os métodos possíveis 
para desvendar os tesouros da Bíblia e arquitetar meios de descobrir os seus 
segredos. 
 
 
 
 
 
HERMENÊUTICA - INSTITUTO IKTUS Página 16 
 
 
 
11.1 – Método Analítico 
 
É o método utilizado nos estudos pormenorizados com anotações de detalhes, 
por insignificantes que pareçam com a finalidade de descrevê-los e estudá-los 
em todas as suas formas. Os passos básicos deste método são: 
 
A. Observação – É o passo que nos leva a extrair do texto o que realmente 
descreve os fatos, levando também em conta a importância das declarações e 
o contexto; 
 
B. Interpretação – É o passo que nos leva a buscar a explicação e osignificado (tanto para o autor quanto para o leitor) para entender a mensagem 
central do texto lido. A interpretação deverá ser conduzida dentro do contexto 
textual e histórico com oração e dependência total do Espírito Santo, 
analisando o significado das palavras e frases chaves, avaliando os fatos, 
investigando os pontos difíceis ou incertos, resumindo a mensagem do autor a 
seus leitores originais e fazer a contextualização (trazer a mensagem a nossa 
época ou ao nosso contexto); 
 
C. Correlação – É o passo que nos leva a comparar narrativas ou mensagem 
de um fato escrito por vários autores, em épocas distintas em que cada um 
narra o fato, em ângulos não coincidentes como por exemplo a mesma 
narrativa descrita em Mc 10.46 e Lc 18.35, onde o primeiro descreve "saindo 
de Jericó" e o segundo "chegando em Jericó"; 
 
D. Aplicação – É o passo que nos leva a buscar mudanças de atitudes e de 
ações em função da verdade descoberta. É a resposta através da ação prática 
daquilo que se aprendeu. 
Um exemplo de aplicação é o de pedir perdão e reconciliar-se com alguém ou 
mesmo o de adoração à Deus. 
 
Exercício: 1 Timóteo 2 e 3 (dividir a sala em dois grupos e cada um trabalhará 
o método analítico de um capítulo). 
 
 
11.2 – Método Sintético (Procura o tema que amarra todo livro) 
 
É o método utilizado nos estudos que abordam cada livro como uma unidade 
inteira e procura o seu sentido como um todo, de forma global (é a busca de 
sintetizar o que leu em uma palavra). Neste caso determina-se as ênfases 
principais do livro ou seja, as palavras repetidas em todo o livro, mesmo em 
sinônimo e com isto a palavra-chave desenvolve o tema do livro estudado. 
 
Outra maneira de determinar a ênfase ou característica de um livro é observar 
o espaço dedicado a certo assunto. Como por exemplo, o capítulo 11 da 
Epístola aos Hebreus enfatiza a fé e em todos os demais capítulos ela enfatiza 
 
HERMENÊUTICA - INSTITUTO IKTUS Página 17 
 
a palavra SUPERIOR. (De acordo com a versão Almeida Revista e Atualizada 
– ARA). 
 
 
SUPERIOR: 
 
A. Aos anjos – 1.4; f) Ao sacrifício – 9.23; l) Ao sacerdócio – 5 a 7; 
B. A aliança – 7.22; g) Ao patrimônio – 10.34; 
C. A bênção – 7.7.; h) A ressurreição – 11.35; 
D. A esperança – 7.19; i) A pátria – 11.16; 
E. A promessa – 8.6; j) A Moisés – 3.1 a 4; 
 
11.3 – Método Temático (Busca no livro o tema desejado) 
 
É o método utilizado para estudar um livro com um assunto específico, ou seja, 
no estudo do livro terá um tema específico definido (a leitura de um livro a partir 
de um tema). Como exemplo temos a FÉ: 
 
A. Salvadora – Ef. 2.8; D. Grande – Mt 15.21 a 28; 
B. Comum – Tt 1.4; Jd 3; E. Vencedora – I Jo 5.4; 
C. Pequena – Mt 14.28 a 31; F. Crescente – II Ts 1.3. 
 
11.4 – Método Biográfico de Estudo da Bíblia (Estuda a vida de um 
personagem) 
 
Esta espécie de estudo bíblica é divertida, pois você tem a oportunidade de 
sondar o caráter das pessoas que o Espírito Santo colocou na Bíblia, e de 
aprender de suas vidas (Escolhe um personagem bíblico para estudar). 
Sobre alguns personagens bíblicos muito foi escrito. Quando você estuda 
pessoas como Jesus, Abraão e Moisés, pode precisar restringir o estudo a 
áreas como, "A vida de Jesus como nos é revelada no Evangelho de João", 
"Moisés durante o Êxodo", ou "Que diz o Novo Testamento sobre Abraão". Lute 
sempre para manter os seus estudos bíblicos em tamanho manejável. 
 
Estudo Biográfico Básico. 
 
PASSO UM – Escolha a pessoa que você quer estudar e estabeleça os limites 
do estudo (por exemplo, "Vida de Davi, antes de tornar-se rei"). Usando uma 
concordância ou um índice enciclopédico, localize as referências que têm 
relação com a pessoa do estudo. Leia as várias vezes e faça resumo de cada 
uma delas. 
 
1. Observações – Anote todo e qualquer pormenor que notar sobre essa 
pessoa. Quem era? O que fazia? Onde morava? Quando viveu? Por que fez o 
que fez? Como levou a efeito? Anote minúcias sobre ela e seu caráter. 
 
2. Dificuldades – Escreva o que você não entende acerca dessa pessoa e de 
acontecimentos de sua vida. 
 
 
HERMENÊUTICA - INSTITUTO IKTUS Página 18 
 
3. Aplicações possíveis – Anote várias destas durante o transcurso do seu 
estudo, e escreva um "A" na margem. Ao concluir o seu estudo, você voltará a 
estas aplicações possíveis e escolherá aquela que o Espírito Santo destacar. 
 
PASSO DOIS – Com divisão em parágrafos, escreva um breve esboço da vida 
da pessoa. Inclua os acontecimentos e características importantes, declarando 
os fatos, sem interpretação. Quando possível, mantenha o material em ordem 
cronológica. 
 
Estudo Biográfico Avançado. 
 
Os seguintes passos podem ser acrescentados quando você achar que o 
ajudarão em seus estudos biográficos. São facultativos e só devem ser 
incluídos progressivamente, à medida que você ganhe confiança e prática. 
Trace o fundo histórico da pessoa. Use um dicionário bíblico para ampliar este 
passo somente quando necessário. As seguintes 
perguntas haverão de estimular o seu pensamento. 
 
1. Quando viveu a pessoa? Quais eram as condições políticas, sociais, 
religiosas e econômicas da sua época? 
 
2. Onde a pessoa nasceu? Quem foram seus pais? Houve alguma coisa de 
incomum em torno do seu nascimento e da sua infância? 
 
3. Qual a sua vocação? Era mestre, agricultor, ou tinha alguma outra 
ocupação? Isto influenciou o seu ministério posterior? Como? 
 
4. Quem foi seu cônjuge? Tiveram filhos? Como eram eles? Ajudaram ou 
estorvaram a sua vida e o seu ministério? 
 
5. Faça um gráfico das viagens da pessoa. Aonde ela foi? Por que? Que fez? 
 
6. Como a pessoa morreu? Houve alguma coisa extraordinária em sua vida? 
 
11.5 – Método de Estudo Indutivo. 
 
A. O método indutivo se baseia na convicção de que o Espírito Santo ilumina 
a quem examina as escrituras com sinceridade, e que a maior parte da Bíblia 
não é tão complicada que quem saiba ler não possa entendê-la. Os Judeus da 
Bereia foram elogiados por examinarem cada dia as escrituras "se estas coisas 
eram assim". (At 17.10,11) 
 
B. É óbvio que obras literárias tem "partes" que se formam no "todo". Existe 
uma ordem crescente de partes, de unidades simples e complexas, até se 
formarem na obra completa. 
 
C. A unidade literária menor, que o Estudo Bíblico Indutivo (EBI) emprega, é a 
palavra. Organizam-se palavras em frases, frases em períodos, períodos em 
parágrafos, parágrafos em seções, seções em divisões, e por fim, a obra 
completa. 
 
HERMENÊUTICA - INSTITUTO IKTUS Página 19 
 
 
PALAVRA – Unidade menor; 
FRASES – Reunião de palavras que formam um sentido completo; 
PERÍODO – Reunião de frases ou orações que formam sentido completo; 
PARÁGRAFOS – Um discurso ou capítulo que forma sentido completo, e que 
usualmente se inicia com mudança de linha. 
SEÇÃO – Parte de um todo, divisão ou subdivisão de uma obra, tratado, 
estudo. 
 
 
12 – EXEGESE 
 
Exegese é o estudo cuidadoso e sistemático de um texto para comentários, 
visando o esclarecimento ou interpretação do mesmo. É o estudo objetivando 
subsidiar o passo da interpretação do método analítico da hermenêutica. Este 
estudo é desenvolvido sob as indagações de um contexto histórico e literário. 
 
Segundo o Dicionário Teológico: Exegese: do Grego: ek + egnomai = ek + 
egéomai à penso, interpreto, arranco para fora do texto. É a prática da 
hermenêutica sagrada que busca a real interpretação dos textos que formam o 
Antigo e o Novo Testamento. Vale-se, pois, do conhecimento das línguas 
originais (hebraico, aramaico e grego), da confrontação dos diversos textos 
bíblicos e das técnicas aplicadas na linguística e na filosofia. 
 
É a disciplina que aplica métodos e técnicas que ajudam na compreensãodo 
texto. 
Do ponto de vista etimológico hermenêutica e exegese são sinônimos, mas 
hoje os especialistas costumam fazer a seguinte diferença: Hermenêutica é a 
ciência das normas que permitem descobrir e explicar o verdadeiro sentido do 
texto, enquanto a exegese é a arte de aplicar essas normas. 
 
12.1 – Pré-requisitos para uma boa exegese 
 
A. Tenha uma vida afinada com o Espírito Santo, pois Ele é o melhor 
interprete da Bíblia – (Jo 16.13; 14.26; I Cor 2.9 e 10; I Jo 2.20 e 27); 
 
B. Vá você mesmo diretamente ao texto não permitindo que alguém pense 
por você, evitando assim a dependência de outra pessoa para que você 
desenvolva ao máximo o seu potencial próprio. 
 
C. Procure o significado de cada palavra dentro do seu contexto. Deve ser 
tomado conforme o sentido da frase nas Escrituras, porque as palavras variam 
muito em suas significações. Aqui você deve fazer uma analise léxico-sintática. 
 
12.2 – Aplicação da exegese. 
 
A aplicação da exegese é realizada a partir das indagações básicas sobre o 
contexto e o conteúdo do texto em exame. 
 
 
HERMENÊUTICA - INSTITUTO IKTUS Página 20 
 
A. Texto – O capítulo, parágrafo ou porção bíblica que encerra uma idéia 
completa, que se pretende estudar. Ex.: Mateus 5.1-12; ICoríntios 11.1-3; João 
14,6, etc. 
 
B. Contexto – A parte que antecede o texto e a parte que é precedida pelo 
texto. Ex.: Texto João 14.6, Contexto Gênesis 1.1 a João 14.5 e João 14.7 a 
Apocalipse 22.21. 
 
Obs.: As vezes tomando-se o contexto próximo do texto, é o suficiente para 
uma interpretação correta. Outras vezes será necessário lançar mão do 
capítulo inteiro, ou do livro inteiro, ou ainda da Bíblia toda. 
 
12.3 – Biblioteca Básica do Estudante da Bíblia 
 
1 - Bíblias em várias versões. 
2 - Dicionário Bíblico. 
3 - Dicionário do Vernáculo. 
4 - Atlas Bíblico. 
5 - Livro de História Geral das Nações. 
6 - Concordância Bíblica Exaustiva. 
7 - Manuais de Doutrinas. 
8 - Comentários Bíblicos. 
9 - Atlas Geográfico. 
10 - Enciclopédia Bíblica. 
 
Obs.: Os Comentários Bíblicos contêm explanações, informações externas, 
interpretações e aplicações de textos bíblicos. São de grande valia para o 
estudante da Bíblia uma vez que são produzidos por eruditos que geralmente 
conhecem as línguas originais em que a Bíblia foi escrita, além da bagagem de 
muitos anos de estudo bíblico-teológico e geral. 
 
TIPO DE RECURSO DESCRIÇÃO USE-O PARA SUPERAR... 
Atlas Coleção de mapas que 
mostram lugares 
mencionados no 
texto, e talvez descrição de 
sua história e significado. 
Contém mapas e outras 
informações para quem quer 
investigar o contexto 
geográfico bíblico. 
Barreiras 
geográficas 
Dicionários 
de palavras 
bíblicas 
Explicam origem, significado 
e uso de palavras e termos 
chaves no texto. 
Barreiras 
linguísticas 
Manuais bíblicos Apresentam informação útil 
sobre assuntos do texto. 
Um manual bíblico é um tipo 
de enciclopédia; menciona 
livro 
por livro de toda a Bíblia, 
provendo todos os tipos de 
material 
Barreiras culturais 
 
HERMENÊUTICA - INSTITUTO IKTUS Página 21 
 
de pano de fundo. 
Comentários 
bíblicos 
Apresentam o estudo de um 
erudito bíblico. 
Um comentário oferece a 
você opiniões de um erudito 
que 
passou sua vida inteira 
investigando o texto bíblico. 
As 
opiniões do comentário 
também podem ajudar você a 
avaliar 
seu próprio estudo pessoal. 
Entretanto, você não pode 
ficar 
dependente dos comentários, 
ao invés de se familiarizar 
com o texto bíblico. 
Barreiras 
linguísticas, 
culturais e 
literárias 
Textos 
interlineares 
Traduções com o texto grego 
ou hebraico posicionado 
entre 
as linhas para comparação. 
Barreiras 
linguísticas 
Concordâncias 
(Chave bíblica) 
Depois da Bíblia de estudo, 
esta é a ferramenta mais 
essencial 
ao estudo bíblico. Uma 
concordância é como um 
índice da 
Bíblia. Ela alista todas as 
palavras do texto 
alfabeticamente, 
com as referências de onde 
aparecem, e algumas 
palavras ao 
redor delas para prover um 
pouco do contexto. 
É útil para o 
estudo de palavras 
e para localizar 
uma passagem 
quando não se 
lembra da 
referência. 
Recursos 
adicionais 
Sugestões: História de Israel no Antigo Testamento, de 
Eugene H. Merrill 
(CPAD); Introdução ao Antigo Testamento, de William Lasor 
(Edições Vida 
Nova); 
Introdução ao Novo Testamento, de D. A. Carson (Edições 
Vida Nova) 
A Vida Diária nos Tempos de Jesus, de Henri Daniel-Rops 
(Edições Vida Nova). 
 
 
Consultando bons comentários bíblicos, o estudante compara a sua 
interpretação com a de vários estudiosos da Bíblia podendo tirar conclusões 
magníficas sobre o texto em tela, comparar e enriquecer sua exegese, além de 
auto avaliar-se. Não esqueça que todos os comentários e outros materiais não 
estão isento do pensar teológico do autor. 
 
 
 
 
 
 
HERMENÊUTICA - INSTITUTO IKTUS Página 22 
 
 
 
 
12.4 – Exercício exegético 
 
Vamos exercitar a hermenêutica! Siga as instruções passo a passo. 
 
A - Faça uma oração sincera a Deus 
 
Ore a Deus desejando de todo o coração compreender a sua Palavra para 
aplicá-la à sua vida e também compartilhar com outras pessoas. 
 
B - Escolha o texto a ser estudado 
 
O texto escolhido não deve ser grande nem complexo. A princípio, não se deve 
exceder a cinco versículos. Deve ser tomado um texto que tenha o máximo de 
sentido literal por ser de mais fácil interpretação. 
Sugestão: 
 
· 18Então Jesus perguntou: "Com que se parece o Reino de Deus? Com que o 
compararei? 
19É como um grão de mostarda que um homem semeou em sua horta. Ele 
cresceu e se tornou uma árvore, e as aves do céu fizeram ninhos em seus 
ramos". 
· 20Mais uma vez ele perguntou: "A que compararei o Reino de Deus? 
21É como o fermento que uma mulher misturou com uma grande quantidade 
de farinha, e toda a massa ficou fermentada". Lucas 13:18-21 
 
Obs.: No original temos um verbo a mais nos versos 19 e 21 – verbo tomou ou 
pegou. 
 
C - Leia o texto várias vezes e em várias Versões 
 
Ninguém é capaz de interpretar qualquer texto lendo-o uma só vez. Aconselha-
se que o estudante leia o texto pelo menos dez vezes antes de qualquer outra 
iniciativa. Cada vez que se lê a passagem bíblica, mais clara ela se torna para 
o leitor e coisas jamais encontradas na mesma passam a emergir de uma 
maneira impressionante. Se possível, leia o texto em várias versões. 
As línguas originais devem ser lidas e compreendidas, ou então o estudioso 
precisa ter acesso a textos fidedignos, que transmitam fielmente o sentido texto 
original. O estudioso também deveria consultar não apenas uma, mas muitas 
traduções, para então julgar os seus méritos comparativos, quanto a casos 
específicos. 
 
D - Leia o Contexto Imediato 
 
É preciso ler o contexto imediato, pelo menos, umas três vezes antes de 
começar a interpretação. Provavelmente, outras vezes serão necessárias à 
medida que o estudo for evoluindo. Não admita a dúvida, nem tenha preguiça 
de ler. Leia quantas vezes for necessário. 
https://www.bibliaonline.com.br/nvi/lc/13/20,21
 
HERMENÊUTICA - INSTITUTO IKTUS Página 23 
 
 
 
 
E - Examine as palavras desconhecidas no dicionário bíblico 
 
À medida que se lê o texto, várias palavras desconhecidas vão aparecendo. O 
estudante deverá ter à mão lápis e papel e um bom dicionário bíblico para que 
escreva o significado das palavras desconhecidas além de detalhes 
importantes. Essas informações serão de muita valia para pesquisas 
posteriores ou quando da preparação de uma Pregação ou Estudo Bíblico. 
Existem palavras que julgamos saber o seu significado mas, quando vamos ao 
dicionário, descobrimos, atônitos, que o sentido é completamente diferente doque pensávamos. 
 
Neste momento é importante estar atento aos verbos e suas variações de 
tempo (passado, presente, futuro ou gerúndio) escrita pelo autor. Muitas vezes 
a palavra que encontramos no texto é uma variação da forma radical da 
palavra. Por exemplo, em português poderíamos encontrar várias formas do 
verbo Entregar: 
 
· Entregou, entregado, entregue, entregaremos. 
 
F – Pesquise e anote sobre todo o material disponível, tendo em mente as 
regras de interpretação. 
 
Não consulte ainda outras exegeses para que a interpretação não seja 
induzida. 
 
G - Traduza o texto em palavras atuais dando ênfase às lições nele 
contidas 
 
A essa altura do labor exegético, e com o texto quase de cor, o estudante deve 
traduzi-lo em palavras sinônimas com a ajuda do dicionário bíblico e de outras 
versões da Bíblia. Essa tradução deve ser no sentido de simplificar o que está 
dito no texto. 
 
H - Ponha os resultados de sua análise léxico-sintática em palavra não 
técnicas, de fácil compreensão, que comuniquem com clareza o 
significado que o autor tinha em mente. 
 
Sempre existe o perigo de ao fazer a análise léxico-sintática se envolver de tal 
maneira com os detalhes técnicos, que perdemos de vista a finalidade da 
análise, a saber, comunicar o significado do autor com a maior clareza 
possível. Há, também, a tentação de impressionar os ouvintes com nossa 
erudição e profundas capacidades exegéticas. As pessoas precisam ser 
alimentadas, não impressionadas. O estudo técnico deve ser feito como parte 
de qualquer exegese, mas é preciso que seja parte da preparação para a 
exposição. A maioria dele não precisa aparecer no produto (exceto no caso de 
documentos teológicos acadêmicos ou técnicos). 
 
 
HERMENÊUTICA - INSTITUTO IKTUS Página 24 
 
 
 
 
13 – FIGURAS DE RETÓRICA 
 
Exporemos em seguida uma série de figuras com seus correspondentes 
exemplos, que precisam ser estudados detidamente e repetidas vezes. 
 
13.1 – Metáfora. 
 
Esta figura tem por base alguma semelhança entre dois objetos ou fatos, 
caracterizando-se um com o que é próprio do outro. É uma comparação não 
expressa. É a figura em que se afirma que alguma coisa é o que ela representa 
ou simboliza, ou como que se compara. O sujeito está entrelaçado com a coisa 
comparada. 
Metáfora é designação de um objeto ou qualidade mediante uma palavra 
que designa outro objeto ou qualidade que tem com o primeiro uma 
relação de semelhança (p.ex., ele tem uma vontade de ferro, para designar 
uma vontade forte, como o ferro). 
 
Exemplos bíblicos: 
 
· Ao dizer Jesus: "Eu Sou a Videira Verdadeira", Jesus se caracterizou com o 
que é próprio e essencial da videira (pé de uva); 
 
· Ao dizer aos discípulos: "Vós sois as varas", caracterizou-os com o que é 
próprio das varas. 
 
· Outros exemplos: "Eu Sou o Caminho", "Eu Sou o Pão Vivo", "Judá é 
Leãozinho", "Tu és minha Rocha", etc. 
 
Símile – “O reino dos céus é semelhante...”. Ao contrário da símile que é uma 
comparação expressa onde o sujeito está de fora. 
 
13.2 – Sinédoque. 
 
Faz-se uso desta figura quando se toma a parte pelo todo ou o todo pela parte, 
o plural pelo singular, o gênero pela espécie, ou vice-versa. É a substituição de 
uma ideia por outra que lhe é associada. 
Exemplos: 
 - A parte pelo todo (ou o todo pela parte) 
Vou sair da casa de meus pais e ter meu próprio teto. (casa) 
 - A classe pelo indivíduo (ou o indivíduo pela classe) 
Quanto mais o Homem constrói, mais o Homem destrói. (os seres humanos) 
- O singular pelo plural (ou o plural pelo singular) 
O aluno deverá manter o silêncio na biblioteca. (todos os alunos) 
 
HERMENÊUTICA - INSTITUTO IKTUS Página 25 
 
Exemplos bíblicos: 
 Toma a parte pelo todo: "Minha carne repousará segura", em vez de dizer: 
meu corpo. (Sl 16.9). 
· 
 
 
HERMENÊUTICA - INSTITUTO IKTUS Página 26 
 
 
 
Toma o todo pela parte: "...beberdes o cálice", em lugar de dizer: do cálice, ou 
seja, parte do que há no cálice. 
 
· Gn 6:12 “E viu Deus a terra, e eis que estava corrompida” – terra = homem 
do geral pelo particular. 
 
 
13.3 – Metonímia. 
 
É o emprego do nome de uma coisa pelo de outra com que tem certa 
relação. A metonímia se refere à substituição de palavras com sentidos 
próximos, ou seja, é utilizada uma palavra em vez de outra, sendo que ambas 
partilham uma relação de proximidade de sentido, de contiguidade. Emprega-
se esta figura quando se emprega a causa pelo efeito, ou o sinal ou símbolo 
pela realidade que indica o símbolo. 
 
Exemplos: 
 Jesus emprega a causa pelo efeito: "Eles têm Moisés e os profetas; 
ouçam-nos", em lugar de dizer que têm os escritos de Moisés e dos profetas 
(Lc 16.29). 
 Jesus emprega o símbolo pela realidade que o mesmo indica: "Se eu não 
te lavar, não tem parte comigo." Lavar é o símbolo da regeneração. 
 “Falem os dias e a multidão dos anos ensine...”. A idade por aqueles que 
a têm (Jó 32:7). 
 “Duas nações há no teu ventre”. Os progenitores pelas descendências 
(Gn 25:23). 
 
13.4 – Prosopopeia. 
 
Esta figura é usada quando se personificam as cousas inanimadas, atribuindo-
lhes os feitos e ações das pessoas. É personificação de coisas ou de seres 
irracionais. 
 
Exemplos: 
 
 "Onde está, ó morte, o teu aguilhão?" (I Cor 15.55) Paulo trata a morte 
como se fosse uma pessoa. 
 
 "Os montes e os outeiros romperão em cânticos diante de vós, e todas as 
árvores do campo baterão palmas." (Is 55.12) 
 
 "Encontraram-se a graça e a verdade, a justiça e a paz se beijaram. Da 
terra brota a verdade, dos céus a justiça baixa o seu olhar." (Sl 85.10,11) 
 
 “Todos os meus ossos dirão: Senhor quem é como tu” (Sl 35:10). 
Ossos/fala 
 
 
 
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13.5 – Antropomorfismo (alguns dizem que é sinônimo de 
prosopopeia) 
 
É a linguagem que atribui a Deus ações e faculdades humanas. 
 
Exemplo: 
· Gn 8:12 “O Senhor cheirou o suave cheiro, e disse ...”. Cheirar/sentido 
 
13.6 – Ironia. 
 
Faz-se uso desta figura quando se expressa o contrário do que se quer dizer, 
porém sempre de tal modo que se faz ressaltar o sentido verdadeiro. É a 
expressão de um pensamento em palavras que, literalmente entendidas, 
exprimiriam o pensamento oposto. 
 
Exemplos: 
 
 "Clamai em altas vozes... e despertará." Elias dá a entender que chamar 
por Baal é completamente inútil (1 Rs 18.27). 
 
 “Clamai aos deuses que escolhestes, eles que vos livrem no tempo de 
vosso aperto (Juízes 10:14). 
 
13.7 – Hipérbole. 
 
É a figura pela qual se representa uma coisa como muito maior ou menor do 
que em realidade é, para apresentá-la viva à imaginação. É um exagero. É a 
afirmação em que as palavras vão além da realidade literal das coisas. 
 
Exemplos: 
 
 "Vimos ali gigantes... e éramos aos nossos próprios olhos como 
gafanhotos... as cidades são grandes e fortificadas até aos céus" (Num. 13.33). 
 "Nem no mundo inteiro caberiam os livros que seria, escritos" (Jo. 21.25). 
 "Rios de águas correm dos meus olhos, porque não guardam a tua lei" (Sl 
119.136). 
 Dt 1:28 “As cidades são grandes e fortificadas até os céus”. 
 
13.8 – Alegoria. 
 
É um modo de expressão ou interpretação que consiste em representar 
pensamentos, ideias, qualidades sob forma figurada. Podemos dizer que é uma 
figura retórica que geralmente consta de várias metáforas unidas, 
representando cada uma delas realidades correspondentes. 
 
Exemplo: 
 "Eu Sou o Pão Vivo que desceu do céu, se alguém dele comer, viverá 
eternamente; e o pão que eu darei pela vida domundo, é a minha carne... 
Quem comer a minha carne e beber o meu sangue tem a vida eterna", etc. - 
 
HERMENÊUTICA - INSTITUTO IKTUS Página 28 
 
Esta alegoria tem sua interpretação nesta mesma passagem das Escrituras. 
(Jo 6.51-65) 
 
13.9 – Fábula. 
 
É uma narrativa, em prosa ou verso, com personagens animais que agem 
como seres humanos, e que ilustra um preceito moral. 
 
Exemplo: 
 "O cardo que está no Líbano, mandou dizer ao cedro que lá está: Dá tua filha 
por mulher a meu filho; mas os animais do campo, que estavam no Líbano, 
passaram e pisaram o cardo" (2 Rs 14.9). Com esta fábula Jeoás, rei de Israel, 
responde a proposta de guerra feita por Amazias, rei de Judá. 
 
 
13.10 – Enigma. 
 
O enigma também é um tipo de alegoria, porém sua solução é difícil e abstrusa 
(obscuro). Enigma é a definição de algo por suas qualidades ou 
particularidades, mas difícil de entender. 
 
Exemplo: 
 "Do comedor saiu comida e do forte saiu doçura" (Jz 14.14). 
 
13.11 – Tipo. 
 
É o estudo das figuras e símbolos da Bíblia, com os quais Deus procura 
mostrar, por meio de coisas terrestres as coisas espirituais. O tipo é uma 
classe de metáfora que não consiste meramente em palavras, mas em fatos, 
pessoas ou objetos que designam fatos semelhantes, pessoas ou objetos no 
porvir. Estas figuras são numerosas e chamam-se na Escritura sombra dos 
bens vindouros, e se encontram, portanto, no Antigo Testamento. 
 
Exemplos: 
 
 A serpente de metal levantada no deserto foi mencionada por Jesus como 
um tipo para representar sua morte na cruz (Jo 3.14). 
 Jonas no ventre do grande peixe, foi usado como tipo por Jesus para 
representar a sua morte e ressurreição. (Mt 12.40) 
 O primeiro Adão é um tipo para Cristo o último Adão. (I Cor 15.45) 
 Maná no desertoà Alimento espiritual 
 Libertação do Egito à Libertação do mundo 
 Marcha no deserto à Nossa peregrinação na terra 
 
 
 
 
 
 
 
 
HERMENÊUTICA - INSTITUTO IKTUS Página 29 
 
 
13.12 – Símbolo 
 
Representa alguma coisa ou algum fato por meio de outra coisa ou fato 
familiar, que se considera a propósito para servir de semelhança ou 
representação. 
 
Exemplos: 
 
 A majestade pelo leão, 
 a força pelo cavalo, 
 a astúcia pela serpente, 
 o corpo de Cristo pelo pão, 
 o sangue de Cristo pelo cálice. 
 
 Números Simbólicos 
 
A Bíblia tem uma numerologia própria. À medida que se desenrola a revelação 
escrita de Deus ao homem vários números vão aparecendo de uma maneira 
importante e, muitas vezes, com um significado conotativo. 
 
Vejamos alguns números que se destacam: 
 
 Número quatro 
Número global. Indica o cósmico natural. Fala daquilo que é completo. Não 
trata da plenitude, mas do alcance global. 
 
“ Depois disto vi quatro anjos em pé nos quatro cantos da terra, retendo os 
quanto ventos da terra, para que nenhum vento soprasse sobre a terra, nem 
sobre o mar, nem contra árvore alguma.” (Ap 7.1). 
 
 Número seis 
Fala do homem, de sua formação, de sua falibilidade. 
 
“ Criou, pois, Deus o homem à sua imagem; à imagem de Deus o criou; homem 
e mulher os criou. E viu Deus tudo quanto fizera, e eis que era muito bom. E foi 
a tarde e a manhã, o dia sexto.” (Gn1.27,31). 
“ Aqui há sabedoria. Aquele que tem entendimento, calcule o número da besta; 
porque é o número de um homem, e o seu número é seiscentos e sessenta e 
seis.” (Ap 13.18) 
 
 Número sete 
Indica perfeição, plenitude, união do céu e terra, o sagrado. É o número de 
Deus e também o número dos mistérios. 
 
“As palavras do Senhor são palavras puras, como prata refinada numa fornalha 
de barro, purificada sete vezes.” (Sl 12.6). 
“A sabedoria já edificou a sua casa, já lavrou as suas sete colunas.” (Pv 9.1). 
 
HERMENÊUTICA - INSTITUTO IKTUS Página 30 
 
“ Ao anjo da igreja em Sardes escreve: Isto diz aquele que tem os sete 
espíritos de Deus, e as estrelas: Conheço as tuas obras; tens nome de que 
vives, e estás morto.” (Ap 3.1). 
 
“ E vi quando o Cordeiro abriu um dos sete selos, e ouvi um dos quatro seres 
viventes dizer numa voz como de trovão: Vem!” (Ap 6.1). 
 
 Número doze 
Fala dos propósitos eletivos de Deus. 
 
“E, chamando a si os seus doze discípulos, deu-lhes autoridade sobre os 
espíritos imundos, para expulsarem, e para curarem toda sorte de doenças e 
enfermidades.” (Mt 10.1). 
 
“ E levou-me em espírito a um grande e alto monte, e mostrou-me a santa 
cidade de Jerusalém, que descia do céu da parte de Deus, tendo a glória de 
Deus; e o seu brilho era semelhante a uma pedra preciosíssima, como se fosse 
jaspe cristalino; e tinha um grande e alto muro com doze portas, e nas portas 
doze anjos, e nomes escritos sobre elas, que são os nomes das doze tribos 
dos filhos de Israel. Ao oriente havia três portas, ao norte três portas, ao sul 
três portas, e ao ocidente três portas. O muro da cidade tinha doze 
fundamentos, e neles estavam os nomes dos doze apóstolos do Cordeiro.” (Ap 
21.10-14). 
 
 Número quarenta 
 
Fala das intervenções de Deus na História da humanidade especialmente no 
que se refere à salvação do homem. Simboliza provação, santificação. 
 
 
“ Quando subi ao monte a receber as tábuas de pedra, as tábuas do pacto que 
o Senhor fizera convosco, fiquei no monte quarenta dias e quarenta noites; não 
comi pão, nem bebi água.” (Dt 9.9). 
 
“ E quando tiveres cumprido estes dias, deitar-te-ás sobre o teu lado direito, e 
levarás a iniqüidade da casa de Judá; quarenta dias te dei, cada dia por um 
ano.” (Ez 4.64). 
 
“E começou Jonas a entrar pela cidade, fazendo a jornada dum dia, e clamava, 
dizendo: Ainda quarenta dias, e Nínive será subvertida.” (Jn 3.4). 
 
“ Então foi conduzido Jesus pelo Espírito ao deserto, para ser tentado pelo 
Diabo. E, tendo jejuado quarenta dias e quarenta noites, depois teve fome. (Mt 
4.1-2). 
 
“ Fiz o primeiro tratado, ó Teófilo, acerca de tudo quanto Jesus começou a 
fazer e ensinar, até o dia em que foi levado para cima, depois de haver dado 
mandamento, pelo Espírito Santo, aos apóstolos que escolhera; aos quais 
também, depois de haver padecido, se apresentou vivo, com muitas provas 
 
HERMENÊUTICA - INSTITUTO IKTUS Página 31 
 
infalíveis, aparecendo-lhes por espaço de quarenta dias, e lhes falando das 
coisas concernentes ao reino de Deus. (At 1.1-3). 
 
· 
 
 Número setenta 
 
Fala da administração de Deus sobre o mundo. 
 
“ Disse então o Senhor a Moisés: Ajunta-me setenta homens dos anciãos de 
Israel, que sabes serem os anciãos do povo e seus oficiais; e os trarás perante 
a tenda da revelação, para que estejam ali contigo. Então descerei e ali falarei 
contigo, e tirarei do espírito que está sobre ti, e o porei sobre eles; e contigo 
levarão eles o peso do povo para que tu não o leves só.” (Nm 11.15-16). 
 
“ E toda esta terra virá a ser uma desolação e um espanto; e estas nações 
servirão ao rei de Babilônia setenta anos. Acontecerá, porém, que quando se 
cumprirem os setenta anos, castigarei o rei de Babilônia, e esta nação, diz o 
Senhor, castigando a sua iniqüidade, e a terra dos caldeus; farei dela uma 
desolação perpetua. (Jr 25.11-12). 
 
“ Setenta semanas estão decretadas sobre o teu povo, e sobre a tua santa 
cidade, para fazer cessar a transgressão, para dar fim aos pecados, e para 
expiar a iniqüidade, e trazer a justiça eterna, e selar a visão e a profecia, e para 
ungir o santíssimo.” (Dn 9.24). 
 
“ Depois disso designou o Senhor outros setenta, e os enviou adiante de si, de 
dois em dois, a todas as cidades e lugares aonde ele havia de ir. E dizia-lhes: 
Na verdade, a seara é grande, mas os trabalhadores são poucos; rogai, pois, 
ao Senhor daseara que mande trabalhadores para a sua seara.” (Lc 10.1-2). 
 
 
 
 
13.13 – Parábola. 
 
É uma narrativa alegórica que transmite uma mensagem indireta, por meio de 
comparação ou analogia, sempre com o objetivo de ilustrar uma ou várias 
verdades importantes. É uma narrativa de acontecimento real ou imaginário em 
que tanto as pessoas como as coisas e as ações correspondem a verdades de 
ordem espiritual e moral 
 
Exemplos: 
 
 O Semeador (Mt 13.3-8); 
 Ovelha perdida, 
 dracma perdida 
 filho pródigo (Lc. 15), etc. 
 
 
 
 
HERMENÊUTICA - INSTITUTO IKTUS Página 32 
 
13.14 – Símile. 
A figura de retórica denominada Símile procede da palavra latina "similis" que 
significa semelhante ou parecido a outro. É uma analogia. Comparação de 
cousas semelhantes. 
 
Exemplos: 
 
 "Pois quanto o céu se alteia acima da terra, assim (do mesmo modo) é 
grande a sua misericórdia para com os que o temem". (Sl 103.11); 
 "Como o pai se compadece de seus filhos, assim (do mesmo modo) o 
Senhor se compadece dos que o temem". (Sl 103.13) 
 
13.15 – Interrogação. 
A palavra interrogação procede de um vocábulo latino que significa pergunta. 
Mas nem todas as perguntas são figuras de retórica. Somente quando a 
pergunta encerra uma conclusão evidente é que é uma figura literária. 
"Interrogação é uma figura pela qual o orador se dirige ao seu interlocutor, ou 
adversário, ou ao público, em tom de pergunta, sabendo de antemão que 
ninguém vai responder." 
 
Exemplos: 
 
 "Não fará justiça o Juiz de toda a terra?" (Gn 18.25) 
 "Não são todos eles espíritos ministradores enviados para serviço, a favor 
dos que hão de herdar a salvação?" (Hb 1.14) 
 "Quem intentará acusação contra os eleitos de Deus?" (Rm 8.33) 
 "Com um beijo trais o Filho do homem?" (Lc 22.48) 
 
13.16 – Apóstrofe. 
 
Interrupção súbita do discurso que o orador ou o escritor faz, para dirigir-se a 
alguém ou a algo, real ou fictício (p.ex.: a seguir, leitor amigo, contarei a 
história tal como sucedeu). 
A palavra apóstrofe procede do latim apostrophe e esta do grego apo, que 
significa de, e strepho, que quer dizer volver-se. O vocábulo indica que o 
orador se volve de seus ouvintes imediatos para dirigir-se a uma pessoa ou 
cousa ausente ou imaginária. 
O emprego desta figura, na eloquência, produz grandes efeitos sobre as 
paixões que o orador procura transmitir aos ouvintes." 
 
Exemplos: A Palavra de Deus é interrompida pela palavra do profeta. 
 "Ah, Espada do Senhor, até quando deixarás de repousar?" (Jr 47.6) 
 
13.17 – Antítese. 
 
Este vocábulo procede da palavra latina antithesis e esta de palavras gregas 
que significam colocar uma coisa contra a outra. "Inclusão, na mesma frase, de 
duas palavras, ou dois pensamentos, que fazem contraste um com o outro." 
 
 
HERMENÊUTICA - INSTITUTO IKTUS Página 33 
 
Exemplos: 
 
 "Vê que proponho hoje a vida e o bem, a morte e o mal." (Dt 30.15) 
 "Entrai pela porta estreita (larga é a porta e espaçoso o caminho que 
conduz a perdição e são muitos os que entram por ela) porque 
 estreita é a porta e apertado o caminho que conduz para a vida, e são 
poucos os que acertam com ela." (Mt 7.13,14) 
 
13.18 – Provérbio. 
Este vocábulo procede das palavras latinas pro que significa antes 
e verbum que quer dizer palavra. Trata-se de um dito comum ou adágio. 
 
Exemplos: 
 
 "Médico cura-te a ti mesmo" (Lc 4.23); 
 "Nenhum profeta é bem recebido em sua própria terra." (Mt 6.4; Mt 13.57) 
 
13.19 – Paradoxo. 
 
Denomina-se paradoxo a uma proposição ou declaração oposta à opinião 
comum; a uma afirmação contrária a todas as aparências e à primeira vista 
absurda, impossível, ou em contraposição ao sentido comum, porém que, se 
estudada detidamente, ou meditando nela, torna-se correta e bem 
fundamentada. 
 
Exemplos: 
 
 "Deixa aos mortos o sepultar os seus próprios mortos". (Mt 8.22) 
 "Coais o mosquito e engolis o camelo". (Mt 23.24) 
 "Porque quando sou fraco, então é que sou forte". (2 Cor 12.10) 
 
13.20 – Clímax ou Gradação 
 
A palavra clímax ou gradação procede do latim clímax e esta do 
grego klimax que significa escala, no sentido figurado da palavra. A 
Enciclopédia Brasileira Mérito nos proporciona a seguinte definição da palavra 
gradação: "Concatenação dos elementos de um período de modo a fazer com 
que cada um comece com a última palavra do anterior; amplificação, 
apresentação de uma série de idéias em progressão ascendente ou 
descendente. Também se diz clímax." O essencial é que exista avanço 
ou progresso na oração, parágrafo, tema, livro ou discurso. 
 
Exemplo: 
 
 O capítulo oitavo de Romanos é um maravilhoso clímax ou gradação. 
Começa com os vocábulos "nenhuma condenação", e termina dizendo que 
"nenhuma criatura nos poderá separar". 
 
 
 
HERMENÊUTICA - INSTITUTO IKTUS Página 34 
 
13.21 – Acróstico 
 
 Composição poética em que o conjunto das letras iniciais, mediais ou 
finais compõem verticalmente uma palavra ou frase ou uma sequência 
alfabética. 
Há uma dificuldade na exemplificação dos acrósticos bíblicos uma vez que 
foram escritos originalmente em Hebraico e, portanto, a letra inicial das 
palavras não são as mesmas na língua portuguesa. Os textos foram escritos 
em forma de acrósticos originalmente. 
 
 
Exemplos bíblicos: 
 
 Salmos 119; 25; 34; 111; 112; 
 Os últimos 22 versículos de Provérbios; 
 A maior parte de lamentações de Jeremias. 
 
Exemplos práticos: 
 
Jesus, 
Eu sou teu servo. 
Sou teu discípulo. 
Uni-me a Ti. 
Somente a Ti! 
 
 
14 – REGRAS FUNDAMENTAIS DE INTERPRETAÇÃO 
 
Não devemos nos esquecer que a primeira pessoa a interpretar as Escrituras, 
de forma distorcida, foi o diabo. Ele deu à palavra divina um sentido que ela 
não tinha, falseando astutamente a verdade (Gn 3.1). 
 
Os seus imitadores, conscientes e inconscientes, têm perpetuado este 
procedimento enganando à humanidade com falsas interpretações das 
Escrituras Sagradas. 
 
14. 1 – Primeira Regra – A Bíblia é explicada pela própria 
Bíblia, ou seja, A BÍBLIA É SUA PRÓPRIA INTERPRETE. 
 
Esta é a regra fundamental da Hermenêutica Bíblica. Vemos em Jesus e nos 
Apóstolos a preocupação constante com essa norma de interpretação. Muito 
do que Jesus e os Apóstolos disseram é repetição do que está exarado “em 
Moisés, nos Profetas e nos Salmos.”(Lc 24.44). Jesus usava os textos do 
Antigo testamento, enquanto concebia o Novo. Ele dominava os que estava 
escrito e a ninguém deixava sem uma resposta satisfatória. 
O conselho que se dá aqui é que o estudante da Bíblia a leia toda, pelo menos 
uma vez por ano, para que conheça o seu Contexto Geral, sem o qual não se 
pode entender as partes. 
Além do contexto geral é importantíssimo atentar para o que chamaremos 
didaticamente de Contexto Mediato 
 
HERMENÊUTICA - INSTITUTO IKTUS Página 35 
 
A interpretação de um texto envolve a compreensão de cada palavra ou 
expressão nele contida. Existem palavras que encerram, em si mesmas, todo o 
seu significado. Outras têm o sentido elucidado na frase, oração ou parágrafo 
onde está contida. Outras, ainda, poderão depender do contexto imediato, 
mediato ou do contexto geral das Escrituras. 
 
Um exemplo simples de erro da não observância do contexto imediato está 
na interpretação da “nuvem de testemunhas” de Hebreus 12.1. Diz-se 
erradamente, no meio evangélico, que essa nuvem de testemunhas são as 
pessoas que vivem ao nosso redor, quando, na verdade, são os “heróis da Fé”, 
cujos nomes e feitos estão narrados no capítulo 11 do mesmo Livro. É preciso 
tomar muito cuidado porque mudança de capítulo não significamudança de 
assunto. Os versículos por sua vez não são parágrafos completos e, por isso, é 
preciso ler com atenção privilegiando a idéia e não a forma como o texto está 
dividido. 
 
14.2 – Segunda Regra – É preciso, o quanto seja possível, 
tomar as palavras em seu sentido usual e comum. 
 
Porém, tenha sempre presente a verdade de que o sentido usual e comum não 
equivale sempre ao sentido literal. 
Exemplo: Gn 6.12 = A palavra CARNE (no sentido usual e comum significa 
pessoa) 
A palavra CARNE (no sentido literal significa tecido muscular) 
 
14.3 – Terceira Regra – É de todo necessário tomar as palavras no 
sentido que indica o conjunto da frase. 
Exemplos: 
 
A. A palavra FÉ 
FÉ em Gl 1.23 = significa crença, ou seja, doutrina do Evangelho. 
FÉ em Rm 14.23 = significa convicção. 
 
B. A palavra GRAÇA 
GRAÇA em Ef 2.8 = significa misericórdia, bondade de Deus. 
GRAÇA em At. 14.3 = significa pregação do Evangelho. 
 
C. A palavra CARNE 
CARNE em Ef. 2.3 = significa desejos sensuais. 
CARNE em I Tm 3.16 = significa forma humana. 
CARNE em Gn 6.12 = significa pessoas. 
 
14.4 – Quarta Regra – É necessário tomar as palavras no 
sentido indicado no contexto, a saber, os versículos que estão antes e os 
que estão depois do texto que se está estudando. 
No contexto achamos expressões, versículos ou exemplos que nos esclarecem 
e definem o significado da palavra obscura no texto que estamos estudando. 
 
 
HERMENÊUTICA - INSTITUTO IKTUS Página 36 
 
14.5 – Quinta Regra – É preciso levar em consideração o 
objetivo ou desígnio do livro ou passagem em que ocorrem as palavras 
ou expressões obscuras. 
 
O objetivo ou desígnio de um livro ou passagem se adquire, sobretudo, lendo-o 
e estudando-o com atenção e repetidas vezes, tendo em conta em que ocasião 
e a quais pessoas originalmente foi escrito. Alguns livros da Bíblia já trazem 
estas informações. Ex.: Provérbios 1.1-4. 
 
14.6 – Sexta Regra – É necessário consultar as passagens 
paralelas, "explicando cousas espirituais pelas espirituais" (I Cor. 2.13) 
Passagens paralelas são as que fazem referência uma à outra, que tem entre 
si alguma relação, ou tratam de um modo ou outro de um mesmo assunto. 
Existe paralelos de palavras, paralelos de ideias e paralelos de ensinos gerais. 
 
A. Paralelos de palavras – Quando lemos um texto e encontramos nele uma 
palavra duvidosa, recorremos a outro texto que contenha palavra idêntica e 
assim, entendemos o seu significado. 
Ex.: "Trago no corpo as marcas de Jesus." (Gl 6.17). Fica mais fácil o seu 
entendimento quando lemos a passagem paralela: "Trazendo sempre no corpo 
o morrer de Jesus (I Cor. 4.10). 
 
B. Paralelos de Ideias – Para conseguir ideia completa e exata do que 
ensina determinado texto, talvez obscuro ou discutível, consultasse não 
somente as palavras paralelas, mas os ensinos, as narrativas e fatos contidos 
em textos ou passagens que se relacionem com o dito texto obscuro ou 
discutível. Tais textos ou passagens chamam-se paralelos de ideias. 
Ex.: "Sobre esta pedra edificarei a minha igreja". (Mt 16.16) Quem é esta 
pedra? Se pegarmos em I Pd 2.4, a idéia paralela: "E, chegando-vos para ele, 
(Jesus) pedra viva..." entenderemos que a pedra é Cristo. 
Outro exemplo: Em Gl 6.15, o que é de valor para Cristo é a nova criatura. Que 
significa esta expressão figurada? Consultando o paralelo de 2 Cor. 5.17, 
verificamos que a nova criatura é a pessoa que "esta em Cristo", para a qual 
"as cousas antigas passaram", e "se fizeram novas". 
 
C. Paralelos de ensinos gerais – Para a correta interpretação de 
determinadas passagens não são suficientes os paralelos de palavras e de 
idéias, é preciso recorrer ao teor geral, ou seja, aos ensinos gerais das 
Escrituras. 
Exemplos: - O ensino de que "o homem é justificado pela fé sem as obras da 
lei", só será bem compreendido, com a ajuda dos ensinos gerais na Bíblia toda. 
Segundo o teor ou ensino geral das Escrituras, Deus é um espírito onipotente, 
puríssimo, santíssimo, conhecedor de todas as cousas e em todas as partes 
presente. Porém há textos que, aparentemente, nos apresentam um Deus 
como o ser humano, limitando-o a tempo ou lugar, diminuindo em algum 
sentido sua pureza ou santidade, seu poder ou sabedoria; tais textos devem 
ser interpretados à luz dos ensinos gerais das Escrituras. 
 
 
HERMENÊUTICA - INSTITUTO IKTUS Página 37 
 
14.7 – Sétima Regra – Tenha sempre em mente o Assunto Central das 
Escrituras 
 
Jesus Cristo é o assunto central da Bíblia. Daí dizermos que a Bíblia é um Livro 
Cristocêntrico. Ele é o “Cordeiro...conhecido antes da fundação do mundo”(1Pe 
1.19-20), é o que se manifestou “na plenitude dos tempos”(Gl 4.4) para 
oferecer o sacrifício único pela redenção da humanidade e é, finalmente, o que 
“descerá do céu com alarido, e com voz de arcanjo, e com trombeta de 
Deus”(1Ts 4.16) para consumar a redenção no Reino de Deus para sempre. 
Estudar a Bíblia tendo como foco principal o Filho de Deus dá ao intérprete a 
segurança de quem tem um caminho único a seguir na lida interpretativa. 
 
14.8 – Oitava Regra – Tome consciência do contexto histórico-
geográfico 
 
Algumas perguntas interessantes de cunho histórico-geográfico podem ser 
feitas ao texto. Por exemplo: Em que época o texto foi escrito? Onde estavam o 
autor e os destinatários à época do escrito? Eram escravos ou livres? Eram 
abastados ou pobres? Eram cultos ou incultos? Estavam sendo perseguidos ou 
em paz? Eram nômades ou sedentários? Viviam em sua terra natal ou estavam 
longe da pátria? Viviam numa região árida ou em meio a mananciais de água? 
Eram habitantes de cavernas, de casas, ou de tendas? Que tipo de tecnologia 
usavam? Quais eram seus costumes, crenças, valores, e comportamentos? 
Como era a sua organização social, política e econômica? Que tipo de 
alimentação usavam? 
Haverá muito mais luz para se entender o texto se essas perguntas 
respondidas. Assim o intérprete deve ponderar sobre essas situações no 
momento do estudo. 
 
 
 
 
14.9 – Nona Regra – Procure reconhecer a forma literária do 
texto 
 
Precisamos saber se estamos diante de um escrito histórico, doutrinário, 
biográfico, poético ou profético, ou ainda se é um texto misto. Não é tarefa 
difícil identificar formas literárias quando se conhece o contexto geral das 
Escrituras. 
A análise literária identifica a forma ou método literário usada em determinada 
passagem com vistas às várias formas como: história, narrativa, cartas, 
exposição doutrinal, poesia e apocalipse. Cada uma tem seus métodos únicos 
de expressão e interpretação. 
São textos históricos aqueles que visam informar os fatos importantes a 
respeito de Israel, da Igreja ou ainda de outros povos relacionados 
principalmente com Israel. 
A poesia tem características singulares que são a conotação e/ou a 
metrificação e/ou a repetição de ideias, etc. 
 
HERMENÊUTICA - INSTITUTO IKTUS Página 38 
 
No grego, devemos considerar o termo poietés - fazedor, realizador. No sentido 
literário um poeta é alguém que exprime suas idéias mediante imagens verbais, 
metáforas e outros artifícios literários. Um poeta prima pela brevidade 
de expressão, em conjunção com expressões claras e eloquência. 
 
A profecia tem como principal característica a predição de fatos históricos 
relativos a Israel, como às outras nações e à igreja. 
 
O texto misto contempla duas ou mais formas literárias. Assim sendo, o texto: 
“Quando, pois, deres esmola, não faças tocar trombeta diante de ti, como 
fazem os hipócritas nas sinagogas e nas ruas, para ser glorificados pelos 
homens. Em verdade vos digo que já receberam a sua recompensa. Mas tu, 
quando deres esmola, não saiba a tua mão esquerda o que faz a direita”(Mt 
6.2-3). Esse texto é, ao mesmo tempo, doutrinário

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