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Autor: Prof. Eduardo Francisco Balceiro Colaboradores: Profa. Patrícia Scarabelli Prof. Mário Henrique de Castro Caldeira Maquete Re vi sã o: T al ita - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 9/ 01 /1 9 Professor conteudista: Eduardo Francisco Balceiro Eduardo Francisco Balceiro é especialista em Design de Interiores pela Metrocamp Campinas e graduado em Arquitetura e Urbanismo pela UNIP. Desde 1999, atua como profissional autônomo em projetos residenciais e comerciais e, a partir de 2007, como professor no curso de Arquitetura e Urbanismo, além de Design de Interiores, na Unip de Campinas, e no curso de Arquitetura e Urbanismo da Faculdade Maxplanck. © Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem permissão escrita da Universidade Paulista. Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) B174m Balceiro, Eduardo Francisco. Maquete / Eduardo Francisco Balceiro. - São Paulo: Editora Sol, 2019. 68 p., il. Nota: este volume está publicado nos Cadernos de Estudos e Pesquisas da UNIP, Série Didática, ano XXV, n. 2-034/19, ISSN 1517-9230. 1. Tipologia. 2. Escala de representação. 3. Materiais. I. Título. CDU 728 U501.31 – 19 Re vi sã o: T al ita - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 9/ 01 /1 9 Prof. Dr. João Carlos Di Genio Reitor Prof. Fábio Romeu de Carvalho Vice-Reitor de Planejamento, Administração e Finanças Profa. Melânia Dalla Torre Vice-Reitora de Unidades Universitárias Prof. Dr. Yugo Okida Vice-Reitor de Pós-Graduação e Pesquisa Profa. Dra. Marília Ancona-Lopez Vice-Reitora de Graduação Unip Interativa – EaD Profa. Elisabete Brihy Prof. Marcelo Souza Prof. Dr. Luiz Felipe Scabar Prof. Ivan Daliberto Frugoli Material Didático – EaD Comissão editorial: Dra. Angélica L. Carlini (UNIP) Dra. Divane Alves da Silva (UNIP) Dr. Ivan Dias da Motta (CESUMAR) Dra. Kátia Mosorov Alonso (UFMT) Dra. Valéria de Carvalho (UNIP) Apoio: Profa. Cláudia Regina Baptista – EaD Profa. Betisa Malaman – Comissão de Qualificação e Avaliação de Cursos Projeto gráfico: Prof. Alexandre Ponzetto Revisão: Talita Lo Ré Marcilia Brito Re vi sã o: T al ita - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 9/ 01 /1 9 Sumário Maquete APRESENTAÇÃO ......................................................................................................................................................7 INTRODUÇÃO ...........................................................................................................................................................7 Unidade I 1 MAQUETES ......................................................................................................................................................... 11 1.1 Breve histórico ....................................................................................................................................... 11 1.2 Finalidade das maquetes ................................................................................................................... 12 1.3 Ambiente de confecção de maquetes ......................................................................................... 12 2 GRUPO E TIPOLOGIA DE MAQUETES ....................................................................................................... 13 2.1 Grupos de maquetes ........................................................................................................................... 13 2.1.1 Maquete volumétrica ............................................................................................................................ 13 2.1.2 Maquete técnica ou estrutural ......................................................................................................... 13 2.1.3 Maquete figurativa ou artística ........................................................................................................ 13 2.2 Tipologia de maquetes ....................................................................................................................... 14 2.2.1 Maquete de edificação ......................................................................................................................... 14 2.2.2 Maquete urbanística.............................................................................................................................. 15 2.2.3 Maquete topográfica............................................................................................................................. 15 3 ESCALAS DE REPRESENTAÇÃO .................................................................................................................. 17 3.1 Maquete de edificações ..................................................................................................................... 18 3.2 Maquete urbanística ........................................................................................................................... 19 3.3 Maquete topográfica .......................................................................................................................... 19 3.4 Maquete de detalhes .......................................................................................................................... 19 4 MATERIAIS PARA CONFECÇÃO DE MAQUETES.................................................................................... 21 4.1 Cartolina e papel-cartão ................................................................................................................... 21 4.2 Duplex e triplex ..................................................................................................................................... 21 4.3 Paraná e paraná cinza (ou horlee) ................................................................................................. 21 4.4 Cartão micro-ondulado ..................................................................................................................... 21 4.5 Pluma ou foam ...................................................................................................................................... 22 4.6 EVA e EPS ................................................................................................................................................. 22 4.7 Madeira balsa ......................................................................................................................................... 22 4.8 Fios e perfis ............................................................................................................................................. 23 4.9 Chapas transparentes ......................................................................................................................... 23 4.10 Massa corrida ...................................................................................................................................... 23 4.11 Esponjas.................................................................................................................................................. 24 4.12 Tintas ....................................................................................................................................................... 24 4.13 Colas ........................................................................................................................................................ 25 Re vi sã o: T al ita - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 9/ 01 /1 9 Unidade II5 INSTRUMENTOS PARA CONFECÇÃO DE MAQUETES ......................................................................... 29 6 TÉCNICAS DE CONFECÇÃO DE MAQUETES ........................................................................................... 30 6.1 Etapas de desenvolvimento e técnicas básicas ........................................................................ 30 6.2 Construção de sólidos básicos ........................................................................................................ 37 6.3 União das peças de composição .................................................................................................... 39 6.3.1 Dobraduras ................................................................................................................................................ 39 6.3.2 Encaixes ...................................................................................................................................................... 39 7 BASES E PROTEÇÃO DE MAQUETES ......................................................................................................... 39 7.1 Bases para maquetes .......................................................................................................................... 40 7.2 Proteção de maquetes ........................................................................................................................ 41 8 MAQUETES ELETRÔNICAS ............................................................................................................................ 44 8.1 Modelagem de maquetes eletrônicas em ambientes virtuais ........................................... 44 8.2 Softwares mais utilizados por profissionais da área de Design de Interiores e Arquitetura ...................................................................................... 44 8.2.1 Sketchup ..................................................................................................................................................... 45 8.2.2 V-Ray ........................................................................................................................................................... 45 8.2.3 AutoCAD ..................................................................................................................................................... 46 8.2.4 Kerkythea ................................................................................................................................................... 46 8.2.5 3ds Max ....................................................................................................................................................... 47 8.2.6 Archicad ...................................................................................................................................................... 48 8.2.7 Revit ............................................................................................................................................................. 48 8.2.8 Lumion 3D ................................................................................................................................................. 49 8.2.9 SimlabSoft ................................................................................................................................................. 49 8.2.10 Blender ...................................................................................................................................................... 50 8.3 Impressão 3D .......................................................................................................................................... 52 7 Re vi sã o: T al ita - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 9/ 01 /1 9 APRESENTAÇÃO Maquete é a representação, numa escala reduzida, de um projeto, produto ou objeto das áreas de Arquitetura, Engenharia ou Design. É muito utilizada para representar e expressar a ideia do projeto. Sendo as maquetes fundamentalmente representações realistas, uma de suas principais características é a similaridade, que permite sua aproximação do objeto real. As maquetes podem também ser representações virtuais, como nos desenhos assistidos por computador (AutoCAD), recebendo, então, a denominação específica de maquete eletrônica. As maquetes podem ser feitas com uma grande diversidade de materiais, incluindo plástico, metal, madeira e papéis dos mais variados. Desenvolver e confeccionar maquetes é, sobretudo, um processo em que ideias se tornam tangíveis e tridimensionais. Projetos das mais diversas áreas de atuação saem de um plano bidimensional para ganhar vida, em menor escala, nas mãos de profissionais especializados. Neste livro-texto você aprenderá sobre o histórico das maquetes e sobre a importância da representação em forma tridimensional, desde os tempos antes de Cristo até os dias de hoje. Outro objetivo igualmente importante deste livro-texto é apresentar ao aluno os tipos e a forma de utilização das maquetes, além dos materiais mais utilizados na sua confecção. Encerrando a disciplina, apresentaremos o que há de mais inovador no mercado hoje, ou seja, a tecnologia utilizada para confeccionar maquetes virtuais e em 3D. INTRODUÇÃO A palavra maquete, assim como a variante maqueta, tem sua origem em uma palavra francesa, maquette. Esse termo foi usado pela primeira vez por escultores de peças que utilizavam tal técnica como um estudo preliminar de seus projetos. Hoje o termo ganhou outro significado. Na arquitetura, a maquete constitui parte de um processo projetual, estando envolvida, inclusive, na venda desse projeto: incorporadores, por exemplo, usam a maquete como uma ferramenta para a venda de empreendimentos imobiliários. No Design, a maquete também faz parte do processo de pensar o projeto, seja ele de interiores ou de produto. Também é muito usada, assim como na arquitetura, para expressar e vender o projeto para o cliente. Segundo o dicionário Michaelis (2010), maquete significa: • esboço em pequena escala, em três dimensões, de estátua ou qualquer obra de escultura, modelado em barro, cera ou outro material; 8 Re vi sã o: T al ita - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 9/ 01 /1 9 • esboço de uma pintura decorativa, de um edifício, de um cenário etc.; • protótipo de pequenas dimensões, modelo reduzido. Assim, pode-se definir maquete como uma representação de projeto, conceito ou objeto em escala reduzida. A maquete permite ao projetista ter um domínio visual e espacial do seu projeto; ao cliente, permite o entendimento de forma tridimensional (3D) da espacialidade. A maquete não é nenhuma novidade da história recente da humanidade. Se pensarmos na Pré-história, o homem, com seus desenhos e pinturas em cavernas, tentava criar e passar uma ideia de tridimensionalidade. Há registro de várias culturas e povos que usavam a técnica de representação em miniaturas. Por exemplo, no antigo Egito, os faraós, na esperança de utilizar seus utensílios na vida pós-morte, eram enterrados com réplicas de objetos, e os vikings faziam miniaturas de seus navios antes de construí-los. Na Grécia, durante escavações arqueológicas, encontraram-se objetos semelhantes a miniaturas de importantes construções gregas. Teriam os arquitetos gregos se utilizado de representações em escala reduzida para projetar? Na cidade de Creta foram encontrados objetos que datam entre 2000 a.C. e 600 a.C. Também em Creta foi localizada uma peça que, supõe-se, seria a representação, em menor escala, do palácio de Arkhanes. Figura 1 Acredita-se que esse objeto, conhecido como modelo de Arkhanes, foi construido entre 1700 a.C. a 1300 a.C. 9 Re vi sã o: T al ita - D ia gr am aç ão : J effe rs on - 0 9/ 01 /1 9 Na Itália da Idade Média, os arquitetos utilizavam maquetes para a construção de grandes prédios, como catedrais. Essa técnica era usada para testar a construção em escala reduzida antes da construção real. No período renascentista, as maquetes começam a ficar mais populares e conhecidas, sendo utilizadas para estudos estruturais. Em meados do século XVIII, a maquete surge no ensino, nas escolas técnicas. Filippo Brunelleschi foi um grande arquiteto que se destacou no período renascentista, ganhando o concurso para o projeto da cúpula da catedral de Florença, Santa Maria del Fiore. Para esse projeto, Brunelleschi apresentou sua proposta por meio de modelos de madeira e tijolos. Figura 2 Saiba mais Para aprofundar seus conhecimentos sobre a construção da cúpula da catedral de Florença, acesse a matéria indicada a seguir. MORA, P. Como Brunelleschi construiu a cúpula da Catedral de Florença? Archdaily. 12 set. 2014. Disponível em: <https://www.archdaily. com.br/br/627169/como-brunelleschi-construiu-a-cupula-da-catedral- de-florenca>. Acesso em: 8 jan. 2019. 10 Re vi sã o: T al ita - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 9/ 01 /1 9 Na arquitetura moderna, a partir do século XIX, a maquete passa a ter grande importância na concepção dos projetos, quando os arquitetos a utilizam para explorar novas formas e estruturas. A partir do século XX, o uso da maquete ganha mais espaço no desenvolvimento do projeto. Começam a surgir as maquetes comerciais, para a venda do projeto. Nos anos 1990, com o avanço dos programas de software, as maquetes físicas ficaram um pouco de lado. No entanto, essa mesma tecnologia foi primordial para a retomada das maquetes físicas usadas nos dias de hoje: pensemos na impressão 3D e nas máquinas de corte a laser. Figura 3 11 Re vi sã o: T al ita - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 9/ 01 /1 9 MAQUETE Unidade I 1 MAQUETES 1.1 Breve histórico Hoje vivemos um mundo digital. O avanço da tecnologia trouxe para o mercado inúmeros softwares para o desenvolvimento de maquetes virtuais (também chamadas de maquetes eletrônicas). Na arquitetura, esse tipo de maquete permite ao projetista e ao cliente uma maior interação com o projeto. É possível, por exemplo, andar dentro de um ambiente e criar simulações de como seria esse ambiente em diferentes horários do dia. Mas mesmo com toda essa tecnologia digital, a maquete física atrai o espectador pelo seu lado lúdico. A maquete é a representação física em escala reduzida, servindo de ferramenta para o pensamento de projetos arquitetônicos e objetos em geral. Na arquitetura, no design ou como recurso pedagógico, a maquete é uma ferramenta de trabalho muito utilizada. Na arquitetura e no design, a maquete é de grande importância para materializar as ideias de um projeto, sendo um recurso de representação tridimensional de um espaço, um objeto e suas formas decorativas, funcionando, dessa forma, como uma extensão do desenho. A maioria das pessoas sente dificuldade de transformar mentalmente um desenho bidimensional (2D) em tridimensional (3D). A maquete permite essa tradução do 2D para o 3D de uma forma clara. Aliás, como recurso pedagógico, ela permite um melhor entendimento, por parte do aluno, de conceitos abstratos. Saiba mais Sobre a interação de maquete virtual e objeto real, leia o artigo indicado a seguir. FERNANDES, B.; SÁNCHEZ, J. Realidade aumentada aplicada ao design. Holos, Natal, v. 1, p. 28-47, 2008. Disponível em: <http://www2.ifrn.edu.br/ ojs/index.php/HOLOS/article/download/161/136>. Acesso em: 9 jan. 2019. 12 Re vi sã o: T al ita - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 9/ 01 /1 9 Unidade I 1.2 Finalidade das maquetes A maquete é uma ferramenta de trabalho que pode ser usada desde o processo do desenvolvimento do projeto até a representação do projeto final. O projetista, seja arquiteto ou designer, utiliza esses recursos com a finalidade de ajudar no seu desenvolvimento e também para que o cliente tenha uma boa compreensão do projeto. Por exemplo, a maquete para venda comercial é aquela que vemos nos estandes de venda de empreendimentos imobiliários, mas essa maquete de estande de venda, na sua fase inicial de concepção e desenvolvimento de projeto, foi primeiramente concebida como uma maquete volumétrica de estudo. Assim, podemos entender que a maquete se destina tanto para o profissional que está desenvolvendo o projeto, quanto para o cliente e seu entendimento tridimensional do projeto, além do incorporador (no caso de venda de um empreendimento). Figura 4 1.3 Ambiente de confecção de maquetes A confecção de uma maquete exige muitas horas de trabalho. Ter um ambiente bem iluminado e mesa (ou bancadas) são alguns pré-requisitos. Antes de começar a sua maquete, simule o tamanho que ela vai ter quando concluída. Analise também se o local que você escolheu para trabalhar é adequado para acomodá-la. Dependendo do porte da maquete, seu espaço de trabalho deverá permitir que você circule ao redor da mesa. Se possível, escolha um ambiente que não precise dividir com outras pessoas. 13 Re vi sã o: T al ita - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 9/ 01 /1 9 MAQUETE 2 GRUPO E TIPOLOGIA DE MAQUETES 2.1 Grupos de maquetes 2.1.1 Maquete volumétrica Maquetes volumétricas, quando usadas na etapa inicial de um projeto, também podem ser chamadas de maquete de estudo. Quando o arquiteto, o projetista ou o designer está na etapa de pensamento e desenvolvimento do seu projeto, ele utiliza a maquete para ajudar no seu processo criativo e de concepção do projeto. As maquetes volumétricas não têm um acabamento detalhado. Entende-se por maquete volumétrica um recurso no processo projetual. Num estágio mais avançado do projeto, a maquete volumétrica pode mostrar detalhes pontuais do projeto, como no caso do exemplo a seguir (as aberturas). Figura 5 2.1.2 Maquete técnica ou estrutural Essa maquete tem a finalidade de mostrar a estrutura de uma edificação, como coberturas, vigas, pilares etc. 2.1.3 Maquete figurativa ou artística Essas maquetes podem representar objetos, produtos, projetos de interiores, projetos mobiliários etc. A seguir, você pode observar uma maquete de mobiliário desenvolvida por alunos na disciplina Produto do Objeto, no primeiro semestre de 2018, do curso presencial no campi Unip Campinas. 14 Re vi sã o: T al ita - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 9/ 01 /1 9 Unidade I Figura 6 2.2 Tipologia de maquetes 2.2.1 Maquete de edificação São todas as maquetes que representam as construções (residenciais, comerciais, prédios, grandes complexos, como indústrias, condomínios, aeroportos etc.), podendo ainda ser de elementos exteriores ou de interiores. Numa maquete de edificação, o nível de detalhamento varia de acordo com a escala de representação. Figura 7 15 Re vi sã o: T al ita - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 9/ 01 /1 9 MAQUETE Figura 8 2.2.2 Maquete urbanística As maquetes urbanísticas representam a cidade como um todo ou parte dessa cidade (como parques, jardins, áreas rurais, condomínios etc.). Na venda de loteamentos, a maquete permite que o comprador tenha uma ideia mais precisa da localização do seu lote dentro de um condomínio, por exemplo. Figura 9 2.2.3 Maquete topográfica Podemos dividir as maquetes topográficas em: maquete de terreno, maquete de paisagem e maquete de jardim. Vejamos a seguir cada uma delas. 16 Re visã o: T al ita - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 9/ 01 /1 9 Unidade I Maquete topográfica é a maquete utilizada para representar um terreno mostrando suas características de desnível, vegetação, vias de acesso, árvores e arbustos, rios e lagos etc. Dizem Knoll e Hechinger (2003, p. 14): “A tarefa da maquete topográfica é a representação de um determinado terreno, a ilustração de uma paisagem natural ou criada – na maquete de paisagem —, ou de cortes dessa mesma paisagem – na maquete de jardim”. A maquete topográfica também é utilizada para estudos e representação de projetos de parques, jardins, playgrounds, áreas verdes, cemitérios e espaços públicos. Um projeto de praça e de vias públicas está acompanhado de um entorno de edificações arquitetônicas, assim, as maquetes de vias públicas e praças também se encontram na tipologia de maquetes topográficas. É na base de uma maquete topográfica que teremos a representação de superfícies aquáticas como lagos, rios e mares. A maquete topográfica é o primeiro passo no processo de um projeto arquitetônico ou urbanístico. Trata-se de uma ferramenta do processo projetual para compreender os desníveis do terreno. Segundo Knoll e Hechinger (2003, p. 14): “As maquetes de terreno são produzidas, em primeiro lugar, como maquetes de trabalho modificáveis que, por sua vez, formam a base para o desenvolvimento de uma ideia”. Já a maquete de paisagem é a representação que apresenta a visualização da paisagem. Figura 10 Diferentemente da maquete topográfica, que é a representação de um lote específico, a maquete de paisagem compreende a representação da paisagem numa esfera maior. Aqui a escala utilizada vai depender do tamanho da área do projeto. A variação de escala é considerável, podendo ir de 1:500 a 1:10.000. 17 Re vi sã o: T al ita - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 9/ 01 /1 9 MAQUETE Nessa maquete são representadas vias de trânsito, vegetação em geral, superfícies úmidas e edificações (essas, sem muito definição de detalhes). Lembrete Antes de iniciar uma maquete, não se esqueça de pensar o local (ambiente) onde você vai executá-la. 3 ESCALAS DE REPRESENTAÇÃO Dois fatores são determinantes para a definição da escala mais adequada para confeccionar a sua maquete: o nível de detalhamento que deverá ser mostrado no seu projeto e o tamanho do lote. No entanto, outros fatores também devem ser levados em consideração. Por exemplo, quando a maquete é para exposição, por exemplo em showroom de vendas, o espaço onde a maquete ficará exposta também será um fator determinante para a escolha da escala. A escala também é influenciada pelos elementos que serão inseridos na maquete (vegetação, mobiliários urbanos, veículos, texturas etc.). O executor da maquete deve dominar a leitura de uma planta arquitetônica, de uma planta de layout e até da estrutura da edificação. Também deve ter um domínio de espaço tridimensional (3D), isso porque toda a leitura de projeto que ele está fazendo em 2D (planta) será transformada em 3D. A leitura do projeto é feita por etapas. Num primeiro momento, o profissional responsável deve fazer sua leitura. No entanto, quando o trabalho for executado por mais de uma pessoa, essa leitura deve ser feita pela equipe. Figura 11 A leitura do projeto não é limitada somente ao desenho de planta. Os desenhos dos cortes são essenciais para o entendimento de altura do pé direito e da estrutura, enquanto os desenhos de elevação (fachadas) são fundamentais para o entendimento da materialidade. 18 Re vi sã o: T al ita - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 9/ 01 /1 9 Unidade I Nessa fase também começam a ser tomadas decisões para a execução da maquete. Várias informações são importantes, até o espaço onde ela será confeccionada deve ser levado em consideração. Observação Lembre-se de que a maquete tem que ir embora. Por isso é necessário calcular a logística necessária no momento de transportá-la, por exemplo, a viabilidade de sua passagem por portas ou janelas. A leitura minuciosa do projeto é de extrema importância para a escolha dos materiais mais adequados. Vale lembrar que, nesse momento, a escala já deve ter sido definida e que é interessante utilizar metodologias simples que permitam sanar as dificuldades de execução. Uma maquete está relacionada a 4 estágios: concepção, materialização, interpretação e reinterpretação. A concepção é a fase inicial, o entendimento e o amadurecimento do projeto. Já na materialização começamos a desenvolver a representação do projeto, das escolhas dos materiais e da metodologia para o desenvolvimento do trabalho. Então, tem início a nossa interpretação do projeto em 3D, momento em que já estamos vendo a sua materialização; é o projeto tomando forma tridimensional. Por fim, a reinterpretação relaciona-se sobretudo ao espectador, o cliente que está recebendo o produto final. 3.1 Maquete de edificações As escalas mais usadas são 1:50, 1:100 e 1:200 para representar projeto arquitetônico. Nessas escalas, o nível de detalhamento, como texturas, não é tão visível. Figura 12 19 Re vi sã o: T al ita - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 9/ 01 /1 9 MAQUETE 3.2 Maquete urbanística As escalas utilizadas começam em 1:1.000, chegando até 1:10.000 ou 1:20.000. A escolha da escala vai depender do tamanho do projeto e de sua finalidade. Figura 13 3.3 Maquete topográfica Nas maquetes topográficas a variação da escala é maior, pode ir de 1:100 a 1:5.000. 3.4 Maquete de detalhes Como vimos, a maquete de detalhes é utilizada para representar projetos de interiores e protótipos de produtos. Em projetos de interiores, as escalas mais usadas são 1:50 ou 1:25; para protótipos e objetos são utilizadas escalas 1:10, mas também pode ser usada a escala 1:1 (tamanho real). No projeto de interiores, a escolha da escala vai depender do tamanho do projeto. Por exemplo, se o seu projeto é de um apartamento, você deve escolher entre mostrar por ambientes ou a planta como um todo. Se a escolha for por ambientes, você pode trabalhar com uma escala maior, como 1:20 ou 1:10, mas se optar pela apresentação da planta como um todo, a escala aumentará, diminuindo o tamanho da sua maquete. 20 Re vi sã o: T al ita - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 9/ 01 /1 9 Unidade I Figura 14 Lembrete Dominar a leitura de escala é essencial para detalhar os materiais empregados na maquete. Figura 15 Observação Lembre-se: quanto maior o número da escala, menor é a representação do projeto. 21 Re vi sã o: T al ita - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 9/ 01 /1 9 MAQUETE 4 MATERIAIS PARA CONFECÇÃO DE MAQUETES 4.1 Cartolina e papel-cartão O papel tipo cartolina é um papel rígido que é encontrado nas gramaturas 180 e 240, em folhas que medem 50 cm x 66 cm nas cores branca, tons de azul, vermelho e verde. A cartolina é um papel fosco e sem textura. 4.2 Duplex e triplex Duplex é um papel mais encorpado e rígido, usado em embalagens e também na confecção de maquetes. Sua gramatura varia de 180g a 400 g em folhas que começam no formato A4 (210 mm x 297 mm) até formato A0 (841 mm x 1189 mm). Sua principal característica é o verso sem tratamento de acabamento, podendo ser na cor branca ou parda. Triplex é um papel Duplex com tratamento de acabamento nos dois lados. É recomendado para trabalhos que necessitam acabamento em ambos os lados. A gramatura, como no papel Duplex, varia de 180 g até 400 g e também é encontrado no formato A4 até A0. 4.3Paraná e paraná cinza (ou horlee) É um papelão rígido e de gramatura elevada. Disponível em placas de 800 mm x 1000 mm e nas espessuras de 1, 2, 3 e 4 mm. Figura 16 4.4 Cartão micro-ondulado Muito utilizado para representar o telhado de uma construção. É encontrado em diversas cores em placas que medem, aproximadamente, 60 cm x 40 cm. 22 Re vi sã o: T al ita - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 9/ 01 /1 9 Unidade I Figura 17 4.5 Pluma ou foam Também conhecido como spumapaper e foamboard. É um tipo de isopor coberto de ambos os lados com papel. De fácil aplicação em maquetes, permite receber revestimentos. Oferecidos na cor branca e preta, costumam ser encontrados em placas de 2 mm a 8 mm, medindo 1.200 mm x 820 mm. 4.6 EVA e EPS Placa emborracha muito utilizada para fazer maquete topográfica. Trata-se de um material de fácil utilização: por ser maleável, possibilita qualquer desenho de corte. É encontrada em cores variadas (inclusive placas estampadas) e sua espessura varia de 1,8 cm a 4,5 cm. Saiba mais O filme Esboços de Frank Gehry apresenta a trajetória do famoso arquiteto Frank Gehry mostrando o processo projetual através do recurso das maquetes físicas feitas de papel. ESBOÇOS de Frank Gehry. Dir. Sydney Pollack. Alemanha: American Masters, 2006. 83 min. 4.7 Madeira balsa É encontrada na forma de réguas de 1 mm até 10 mm de espessura. A régua mede 80 mm x 915 mm. Trata-se de um madeira muito leve e resistente, ideal para maquetes arquitetônicas e de design. 23 Re vi sã o: T al ita - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 9/ 01 /1 9 MAQUETE 4.8 Fios e perfis Os fios e perfis são utilizados nas maquetes para confeccionar elementos como colunas, pilares e guarda-corpo. A escolha do material mais adequado, em relação a espessuras e diâmetros, sempre estará ligada à escala da maquete e ao nível de detalhamento que o projeto necessita transmitir. Os materiais mais utilizados como perfis são palitos (de dente, de sorvete e de churrasco) e varetas de PVC (uma boa opção por ser um material maleável e já vir na cor branca) Observação As varetas de PVC, por serem maleáveis, possibilita criar formas curvas e arcos. Os fios de nylon podem ser encontrados em vários diâmetros, sendo os de 2 mm, 3 mm, 4 mm e 5 mm os mais usados. Já a linha de costura (tipo 10) se mostra uma opção interessante ao nylon, por ser mais maleável que ele. 4.9 Chapas transparentes Os materiais transparentes servem para representar, no projeto, elementos como vidro e água. Os materiais mais usados para esse tipo de representação são o acetato transparente e as chapas de raios X. As chapas de acetato transparente são incolores, permitindo, assim, uma representação bastante fiel de vidro. Podem ser encontradas em folha, no formato A4, ou em rolos. Exemplo de aplicação Mergulhe uma chapa de raios X em uma vasilha com água sanitária e água natural. Deixe repousando por 20 minutos. Em seguida, limpe a chapa de raios x com um pano ou bucha. Pronto, agora você tem um material para representar transparência ou água. 4.10 Massa corrida É um ótimo material para cobrir imperfeições. Durante sua utilização, deve-se atentar tanto à quantidade usada quanto ao tamanho da área a ser corrigida. O processo é um pouco demorado, pois o acabamento, com lixa, só pode ser feito quando a massa estiver completamente seca. Cabe destacar que a massa corrida também pode ser utilizada em maquetes para representar texturas em geral, recebendo, nesse caso, um acabamento de tinta por cima. 24 Re vi sã o: T al ita - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 9/ 01 /1 9 Unidade I 4.11 Esponjas As mais usadas em maquetes são a bucha vegetal, a esponja de aço e a esponja de lavar louça. Figura 18 As esponjas podem ser usadas com sua cor original ou ser tingidas em tom verde para representar vegetação. Podemos fazer a copa de uma árvore com esse tipo de material, por exemplo, obtendo-se um ótimo resultado para as maquetes, sejam elas técnicas ou figurativas. Figura 19 4.12 Tintas A escolha da tinta deve ser feita de acordo com o tipo de material que vai receber a pintura. As tintas mais usadas em maquetes são spray, anilina e guache. 25 Re vi sã o: T al ita - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 9/ 01 /1 9 MAQUETE Figura 20 4.13 Colas Para grudar isopor, o mais recomendado é usar uma cola específica para isopor. Isso porque outros tipos de cola podem, por exemplo, derreter o isopor, como a cola adesiva instantânea. É importante dizer que a cola quente apresenta boa aderência em diversos materiais, no entanto, não deve ser usada quando se trata de isopor. Observação No caso da cola quente, deixe a pistola ligada somente durante o tempo de uso. O excesso de calor pode danificar sua maquete. A cola tipo durepoxi é um tipo de massa adesiva muito resistente, ideal para uso doméstico e artesanato. Pode ser utilizada com metal, madeira, vidro, plásticos etc. Resumo Tratou-se da maquete eletrônica (maquete digital) e da maquete física, abordando-se como cada uma é utilizada na arquitetura e no design, tanto para a elaboração do processo projetual como com a finalidade de representação do projeto ao cliente e para venda de um projeto por incorporadores. Vimos ainda sobre a confecção de maquetes e os materiais mais utilizados para sua confecção. Deve-se ressaltar que organizar o processo de execução da maquete é muito importante para o ambiente de trabalho, que deve ser pensado em 26 Re vi sã o: T al ita - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 9/ 01 /1 9 Unidade I relação à escala do projeto. É preciso lembrar que um ambiente pequeno prejudicará o processo de trabalho da equipe. Para ter sucesso na organização do processo de execução, é primordial que o executor da maquete domine assuntos como desenho técnico de projeto, leitura do desenho de planta, cortes e elevações do projeto arquitetônico. Também foram vistos os grupos e as tipologias em que as maquetes são classificadas. Quanto aos grupos, temos maquete volumétrica, maquete técnica, maquete figurativa (ou artística); quanto às tipologias, temos as maquetes de edificações, as urbanísticas, as topográficas e as maquetes de detalhes. A escolha da escala para confeccionar a maquete é definida de acordo com o nível de detalhamento necessário e a finalidade do projeto (se é somente para estudo de projeto, para entendimento do projeto pelo cliente ou como produto final para venda do projeto). Com relação aos materiais para confecção de maquetes, foram apresentados os mais usados e mais fáceis de serem encontrados em papelarias ou casas do ramo. Os papéis mais usados são a cartolina, o papel tipo duplex/triplex, o papel paraná, o micro-ondulado, a placa de papel pluma, as placas de EVA, a madeira tipo balsa, fios e perfis, as chapas transparentes (como o acetato), massa corrida para dar acabamento, diversos tipos de esponjas para representar vegetação, tintas e colas. A importância da maquete na civilização data de períodos anteriores a Cristo e, ainda hoje, século XXI, continua sendo fundamental para o entendimento do projeto, seja ele na sua fase inicial ou como elemento de venda. Exercícios Questão 1. Num escritório de design de interiores, você foi escolhido para elaborar a maquete física da sala de estar de uma residência que será usada no desenvolvimento do projeto, em escala 1:25. Ao ser questionado pelo cliente sobre a finalidade do produto que você está desenvolvendo, sua resposta deverá ser que: A) A maquete tem porfinalidade reproduzir em escala real todas as características do ambiente, tanto na forma quanto na função, pois nela podem ser colocados equipamentos reais. B) A maquete está sendo feita para permitir ao cliente entrar no espaço e verificar se a ergonomia está correta, mesmo que o ambiente não possa exercer as funcionalidades de um ambiente real. 27 Re vi sã o: T al ita - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 9/ 01 /1 9 MAQUETE C) A maquete faz parte do desenvolvimento do projeto e permite ao cliente simular a sua entrada nele, usando equipamentos como os óculos de realidade virtual, também conhecidos como óculos 3D. D) A maquete é feita como uma maneira de criar e avaliar soluções para o projeto da residência e, especificamente, da sala de estar, em uma escala menor, com um custo baixo, mas com uma boa similaridade em relação ao real. E) A maquete é feita para mostrar apenas a solução final ao cliente, antes de se levar o projeto a outras etapas de trabalho, permitindo convencê-lo de que aquela proposta é a melhor. Resposta correta: alternativa D. Análise das alternativas A) Alternativa incorreta. Justificativa: essa descrição corresponde à construção real ou a um protótipo. Não é essa a finalidade da maquete descrita no enunciado. B) Alternativa incorreta. Justificativa: essa descrição corresponde a um mock-up. C) Alternativa incorreta. Justificativa: no enunciado está descrito que a maquete é física, e não virtual. D) Alternativa correta. Justificativa: além de essa ser a descrição correta, há o acréscimo de um dado importante: o custo baixo. Essa é uma das principais vantagens da maquete, que é testar as possíveis soluções para o projeto sem ter que construí-las no mundo real, o que tornaria inviável a sua realização. E) Alternativa incorreta. Justificativa: no enunciado está descrito que essa maquete deverá ser utilizada para desenvolvimento do projeto. Portanto, ela não pode ser usada apenas para mostrar a solução final do trabalho para o cliente, mas, sim, durante o processo de criação e desenvolvimento. Fonte: CONSALEZ, L.; BERTAZZONI, L. Maquetes, a representação do espaço no projeto arquitetônico: medidas e representação gráfica. São Paulo: Gustavo Gili, 2014. 28 Re vi sã o: T al ita - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 9/ 01 /1 9 Unidade I Questão 2. Se compararmos uma maquete arquitetônica com uma maquete de design de interiores, perceberemos rapidamente que elas têm algumas características que as diferenciam entre si. Essas diferenças aparecem mesmo quando os materiais utilizados nelas são semelhantes, e ambas pertencem a um mesmo projeto. Quais diferenças são essas? I – As escalas, sendo que na maquete arquitetônica elas são, em geral, maiores. II – O nível de detalhamento na maquete de design de interiores. III – A obrigatoriedade de haver uma cobertura fixa na maquete de design de interiores. IV – A necessidade de haver uma topografia bem detalhada na maquete arquitetônica. São corretas as afirmativas: A) I, III e IV. B) I, II e IV. C) II, III e IV. D) I, II e III. E) I e II. Resolução desta questão na plataforma.
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