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1 Beatriz Machado de Almeida Radiologia – Aula 3 CASO CLÍNICO A.M.P., escolar, do sexo feminino, 15 anos, deu entrada no serviço de pronto atendimento de hospital de grande complexidade com relato de ferimento perfurante no tórax. A acompanhante (avó) informou que a menor encontrava-se brincando na praia, quando mergulhou, e ao retornar, a superfície apresentava uma arraia aderida ao tórax. Ao perceber o animal aderido ao tórax, retirou-o com um graveto de madeira que possuía a mão. Paciente foi levada ao posto de saúde local, onde foi realizada sutura do ferimento, e na sequência foi referenciado ao hospital terciário. Ao receber a paciente, temos o ABCDE: • A → Vias aéreas pérvias. • B → Exame físico do aparelho respiratório. ❖ Taquipneica (FR: 42ipm); ❖ MV diminuído em hemitórax direito; ❖ SO2 95% em ar ambiente. • C → Circulação: ❖ Taquicárdica (110 bpm); ❖ Palidez cutâneo mucosa (1+/4+); ❖ Pulso cheio, extremidades bem perfundidas. • D → Exame neurológico: ❖ Glasgow 15; ❖ Humor irritadiço. • E → Exposição: ❖ Regular estado geral; ❖ Fácies de dor; ❖ Ferimento corto-contuso suturado entre a linha mamilar e o esterno à direita, medindo cerca de 4 cm no seu maior comprimento. Neste caso: Em A, não precisa estabilizar a cervical, uma vez que não é um politrauma. Em B, ela estava taquipneica, mas saturando bem, mesmo assim coloca suplemento de oxigênio (máscara de Venturi ou até um cateter de O2). Em C, tem que pegar um acesso calibroso em antebraço e não precisa correr 1L de SF, pois ela não está em choque. O SF é apenas para manter a veia. EXAME FÍSICO DO TÓRAX • Azul escuro (centro) → linha médio-esternal. • Vermelho → linhas esternais direita e esquerda. • Verde → paraesternais direita e esquerda. • Amarelo → linhas médio-claviculares direita e esquerda. • Azul claro → linhas mamilares direita e esquerda. Lateralmente temos a linha axilar anterior, posterior e média (em azul – entre as duas). Essas definições são importantes para identificar o local em que a paciente teve o ferimento (entre a linha mamilar e a linha esternal direita). Continuação do caso: Condutas tomadas até o momento: ABCDE, SF para manter veia, suporte de Tomografia de tórax, Hemotórax e Drenos 2 Beatriz Machado de Almeida Radiologia – Aula 3 oxigênio e acesso calibroso. Nesse momento, após avaliar o exame físico da paciente, uma vez que ela apresenta trauma do lado direito e MV diminuído, tem que partir para avaliação secundária, com o RX de tórax (medida auxiliar). RX: imagem que deixa dúvida: um pouco de derrame pleural do lado direito, que no caso dela seria hemotórax do lado direito, não há linha de pneumotórax, mas a impressão que dá é que o RX não está totalmente condizente com o exame físico dela. O diagnóstico de pneumotórax hipertensivo é clínico (deve ser seguido de punção torácica), o hemotórax não. Tanto o pneumotórax simples quanto o hemotórax têm sinais clínicos que nos levam a suspeita dessas situações, mas não é um diagnóstico clínico. Esse diagnóstico pode se tornar clínico se você estiver sem recursos para identificá-lo, podendo até drenar o tórax desse paciente numa SUSPEITA diagnóstica. Mas na regra, quando suspeita de um pneumotórax com o paciente estável, deve-se pedir um exame de imagem, sendo o raio X o primeiro a ser solicitado. TOMOGRAFIA Tomografia: Janela de pulmão. Ar do lado direito, diminuição do pulmão direito, pneumotórax (amarelo), hemotórax (laranja), enfisema subcutâneo (provável; em azul. Não dá pra saber exatamente se é um enfisema ou se é a mama do paciente). A paciente tem líquido – sangue (na tomografia, é possível inferir qual é o tipo de líquido). Diagnóstico: Hemopneumotórax. DETALHES TÉCNICOS DA TC • Método de imagem com raio X; • Aquisição de imagem axial; • Reconstrução por computador; • Medição da atenuação por absorção e dispersão de um feixe de RX à medida que esta passa por finos cortes do paciente; • Essa medição é repetida sistematicamente, muitas vezes em diferentes direções, enquanto o tubo de RX é pulsado à medida que gira 3600 em torno do paciente; • O aparelho tem emissores e detectores de RX em lados opostos; TIPOS • TC convencional (emissor e detector único): o paciente deslizava na máquina. Lento e feito em cada inspiração do paciente. Mais artefato. • TC helicoidal/espiral: roda e aumenta a velocidade do exame. Número de cortes maior, permitindo uma reconstrução 3D da imagem. • TC helicoidal com múltiplos detectores: aumentam a velocidade e o número de cortes. • Outros. A TC capta a imagem axial que vai transformar a diferença de atenuação ao raio X em tons de cinza, gerando a imagem. A imagem bidimensional reproduz uma tridimensional. JANELAS DA TC • Água: tem valor de 0 H na escala Hounsfeld, que vai de – 1.024 HU para o ar até +3.000 a 4.000 HU para osso muito denso. • Ar: - 1000HU. • Tecido pulmonar: - 400 a -600HU. • Osso: 300 a 1000HU; • Gordura: –120 a -80 HU; • Músculo: de 50 a 55 HU. 3 Beatriz Machado de Almeida Radiologia – Aula 3 DENSIDADES: a água é branca e o ar é preto. É possível escolher em qual janela a imagem será vista. Se quer observar tecido pulmonar, usa janela de pulmão. Se quer ver mediastino, coloca na janela de mediastino. Se quer ver osso, usa a janela de osso para ver lesão lítica, tumoral. Os mesmos dados digitais produzidos podem ser manipulados para otimizar o contraste entre as estruturas. CONTRASTES • Objetivo: ❖ Realçar a diferença de densidade entre as lesões e o parênquima adjacente; ❖ Demonstrar anatomia e perviedade vascular. • Administração pode ser: ❖ Endovenosa; ❖ Via oral; ❖ Via retal. • É importante determinar o intervalo de tempo entre a administração do contraste e a aquisição da imagem, pois as aquisições podem ser obtidas durante múltiplas fases de realce do órgão. Exemplo: administra um contraste venoso, a fase venosa vem um pouco antes da parte arterial. Pode ser arterial, venoso, parenquimatoso, tardio (aumenta a quantidade de radiação desse paciente). CRITÉRIOS PARA AVALIAÇÃO • As imagens são observadas em ordem anatômica sequencial, examinando-se cada corte em relação aos cortes imediatamente acima ou abaixo. • Necessário conceito tridimensional da anatomia e patologia (tridimensional sendo bidimensional). • É possível a reconstrução da imagem em vários planos, dentre eles: axial, coronal, sagital, oblíquo e tridimensional (faz a aquisição e depois monta essa imagem). • O exame deve ser interpretado levando-se em consideração: ❖ Janela de avaliação (possível alterar); ❖ Tipo de varredura; ❖ Espessura (variam de 0,5mm a 10mm → é importante, pois depende do protocolo); ❖ Espaçamento do corte; ❖ Existência de artefatos. A varredura, a espessura e o espaçamento do corte devem ser definidos no momento da aquisição da imagem. A janela e a reconstrução da imagem podem ser mudadas. • Coronal: corte na direção anteroposterior. • Axial: relação superior e inferior. • Sagital: corte na direção laterolateral. CONDUTA DO CASO E DA IMAGEM TOMOGRÁFICA Imagem axial: D → direita. E → esquerda. Na imagem, possa ser que haja um pouco de contusão pulmonar (círculo azul). No entanto, possa ser que não haja, pois essa perfuração pode ter lesado algum arco, algum vaso intercostal, e por isso tem sangue, e não necessariamente decorrente de uma contusão pulmonar. 4 Beatriz Machado de Almeida Radiologia – Aula 3 Com esse doente, deve-se drenar no 5º ou 6º espaço intercostal, mais ou menos na linha axilar média (um pouco anterior à linha axilar média). Quando se tem um pneumotórax hipertensivo, drena-se no 2º espaço intercostal, na linha mamilar. A atualização do ATLS10 trouxe uma discussão sobre a topografia da punção (não é o caso do paciente do caso) de um pneumotórax hipertensivo), com a possibilidade de puncionar no mesmo local da drenagem (5º espaço intercostal, linha axilar anterior ou média - entre a anterior e a média). Essa discussão é por conta da obesidade, onde indivíduos muito obesos teriam menos tecido celular subcutâneo nessa topografia axilar do que na topografia mamilar. RESUMO • Drenagem de tórax: é feita no 5º ou 6º espaço intercostal, na linha anterior à linha axilar média. • Punção torácica de alívio: por conta de pneumotórax hipertensivo, considera-se que é feita no 2º espaço intercostal (EI), na linha mamilar (com o porém do ATLS 10 que traz que pode ser feita no mesmo local da drenagem em pacientes obesos). Na drenagem de tórax, é necessário assepsia, antissepsia e anestesia (não dá para drenar um tórax sem anestesiar o paciente). A paciente do caso se encontra com fácies de dor (não se pode subestimar dor no trauma), então já deveria ter sido feita alguma analgesia antes dela ter ido para o raio X. Quando é feito o ABCDE, já dá para medicar a paciente (não é sedar nem anestesiar). O ideal é não dar nada IM (intramuscular) e evitar anti- inflamatórios, pois o anti-inflamatório agride mucosa gástrica, tem outros efeitos colaterais que já são muito presentes no paciente traumatizado. Então, pode fazer dipirona, tramal, morfina, ou seja, vai fazer uma medicação endovenosa para dor. Antes de drenar, deve-se fazer toda a assepsia, antissepsia, para depois fazer a anestesia (local – lidocaína), onde normalmente faz-se uma anestesia nos dois EI acima, dois EI abaixo, tentando injetar o anestésico na região da borda inferior da costela, pois é por onde passam os feixes nervosos. Como a paciente do caso encontra-se estável, pode mandar até para o centro cirúrgico para drenagem, fazer uma sedação com anestesista, ou seja, drenar em melhores condições. Após drenar essa paciente, deve-se fazer a reavaliação: ausculta, oximetria, pressão, a frequência cardíaca. Normalmente, quando passa o dreno, já vê se ele está produtivo ou não, se já vem ar, sangue, se está oscilando, borbulhando. Depois que reavalia, é necessário fazer o raio X de controle. Toda vez que é feito um procedimento onde é colocado qualquer dispositivo no paciente, é necessário checar e documentar se esse dispositivo está bem posicionado; no caso do dreno, deve-se checar sua localização, ver se ele não angulou, ver se por algum motivo ele fez um falso trajeto e foi parar no TCSC (tecido celular subcutâneo) ou no abdome. PNEUMOTÓRAX SIMPLES • Presença de ar no espaço pleural por perfuração ou laceração pulmonar; • Dispneia e dor torácica: pode se apresentar ou não com esses sintomas; • Hipertimpanismo à percussão; • Diminuição ou ausência do murmúrio vesicular. PNEUMOTÓRAX HIPERTENSIVO O paciente pode ainda ter: • Sinais de choque: taquicardia, hipotensão; • Estase jugular. No caso do pneumotórax hipertensivo, o diagnóstico é clínico, e esse paciente precisa ser submetido a uma punção aliviadora do tórax e depois a uma drenagem torácica definitiva. No caso de evidências de um pneumotórax simples, esse paciente vai fazer um raio X, ou se necessário, uma tomografia. TRATAMENTO • Pneumotórax: ❖ Drenagem pleural sob selo d´água (5º ou 6º espaços intercostais na linha axilar média). • Pneumotórax hipertensivo: ❖ Punção pleural (2º espaço intercostal na linha hemiclavicular); ❖ Seguida da drenagem. 5 Beatriz Machado de Almeida Radiologia – Aula 3 HEMOTÓRAX • Dispneia e dor torácica; • Macicez a percussão torácica – sinal clássico; • Diminuição do MV; • Pode haver choque hipovolêmico (como é choque hipovolêmico, não tem estase de jugular); ❖ Hipotensão; ❖ Taquicardia. No hemotórax, vai haver macicez à percussão, enquanto que no pneumotórax vai haver timpanismo à percussão (na paciente do caso, provavelmente ela apresenta os dois). No caso do hemotórax também drena. No entanto, no caso do hemotórax maciço (quando drena imediatamente 1500ml, ou quando drena >200ml a cada hora, nas primeiras 2 – 4 horas), deve-se fazer a toracotomia. No caso de hemotórax maciço, deve- se pedir sangue e mandar o paciente para o centro cirúrgico. Quando o paciente sangra muito (não é o caso da paciente do caso), a primeira coisa a ser feita é cristaloide (1000 a 2000ml), mas ele também vai precisar de sangue (não é preciso esperar Hb nem nada). O que se deve pedir é: • Se vai autorizar que esse paciente use sangue O – (negativo); • Se vai tipar e fazer prova cruzada. A escolha vai depender do tempo que o paciente tem de vida, do tempo que se acha que ele resiste esperando o sangue. Na literatura mostra que se pode fazer autotransfusão; existem dispositivos onde coleta-se o sangue do hemotórax e injeta no próprio paciente. Exemplo: ao drenar o paciente, saiu 1000ml. Então deve-se pedir sangue, ajeitar o paciente (não pode deixar o paciente na sala de emergência e só voltar 3h depois para fazer o cálculo). A avaliação é colada ali, porque esse paciente que drenou 1000ml pode drenar mais 500ml em 10 min, depois mais 1000 em 30 min, representando um hemotórax maciço. A noção que se tem é 200ml por hora por 2 – 4 horas, mas a avaliação deve ser feita direto, continuamente no paciente, podendo indicar antes das três horas uma toracotomia (não precisa esperar as 3 horas). Exemplo: paciente não sangra 200ml por hora, mas tomou sangue hoje, amanhã e depois de amanhã toma também, ou seja, ele está sangrando. Então, é preciso que seja feito alguma coisa para parar este sangramento. TRATAMENTO • Drenagem pleural no 5º ou 6º espaço intercostal na linha axilar média sob selo d´água; • Toracotomia. ❖ Saída imediata de mais de 1500ml de sangue na drenagem pleural. ❖ Sangramento maior que 200ml/h nas primeiras 3 horas após drenagem. PRESCRIÇÃO E EVOLUÇÃO 1. Repouso no leito com cabeceira livre: como a paciente do caso está acordada, ela pode mexer para um lado e para o outro. 2. Dieta: no caso da paciente, deve ser zero, pois não se sabe se ela vai precisar operar e nem como vai evoluir. Então, comer não é importante para ela no momento. 3. Aporte glicêmico, hidratação. Não precisa repor volemia, pois ela não apresenta nenhum sinal de choque. • SG = soro glicosado a 5%: 1.500 ml, BI (bomba de infusão), 62ml/h. • GH = glicose hipertônica a 50%: 40 ml/500 ml (coloca-se porque o soro glicosado a 5% não dá nem o aporte mínimo de glicose); • NaCl a 20%: 10ml/500ml. 6 Beatriz Machado de Almeida Radiologia – Aula 3 Não é muito preferível utilizar cloreto de potássio em pacientes traumatizados (apesar da paciente não ser um politrauma), porque esses pacientes podem fazer hiperpotassemia. A solução glicosada (SG) é hipotônica, e quando é colocado o eletrólito (no caso, NaCl), essa solução fica isotônica. No entanto, agora não se quer fazer expansão volêmica (quando se pensa em expansão volêmica, faz-se soro fisiológico ou ringer lactato – cristaloides – no caso de trauma, a prof prefere soro fisiológico porque o ringer lactato também tem potássio). Então, mesmo essa solução tornando-se isotônica, a intenção não é fazer a expansão volêmica. A reposição de sódio feita é a reposição basal da paciente, é como se a pessoa que não está se alimentando precisa de mais ou menos de 30ml de NaCl a 20% em 24h para manter a reposição basal. O potássio geralmente também repõe, mas não está sendo colocado. OBS: a monitorização do dreno, apesar de na prescrição ficar mais abaixo, deve ser feita a todo momento. 4. Antibiótico: trauma perfuro-cortante. Cefazolina (Kefazol) 1g --- 01 ampola EV de 6/6h. Então, nesse caso não seria profilático, mas sim um tratamento mesmo.Uma coisa importante que se deve fazer no trauma perfuro-cortante é checar a vacinação, vendo se está tudo certo com a vacinação contra tétano. 5. Analgesia: Dipirona 1g EV de 6/6h. Tramal de horário (10 mg --- 01 ampola EV de 8/8h) - dreno de tórax dói bastante (cada inspiração é uma dor). 6. Antiemético: Plasil 10mg --- 01 ampola EV de 8/8 horas antes do tramal. (Pode ser Dramin, Plasil, Ondalsetrona). Em pacientes estáveis, não é bom fazer Diazepam logo de início, pois às vezes ela é uma paciente que tem um limiar muito baixo, vai ficar sonolenta, e então não se sabe se é hipercapnia, se é hipoxemia, se é choque hipovolêmico ou se é apenas o efeito do Diazepam, Por enquanto, não se deve prescrever. 7. IBP: Omeprazol 40 mg (dose de paciente crítico). O omeprazol é protetor de mucosa gástrica. A prescrição está sendo feita como se tivesse tratando um politraumatizado, pois de qualquer maneira é uma paciente que está com trauma grave. Não se deve fazer heparina, pois a paciente tem um hemotórax, e não sabe se ela está sangrando ou se ela vai precisar ser operada. 8. Monitorização cardíaca: de 4/4 horas ou de 2/2 horas. 9. HGT de 4/4 horas: glicose hipertônica a 50% se HGT <70mg/dl. Insulina regular conforme a instituição. Na prática, colocamos HGT com horário em pacientes diabéticos ou pacientes estáveis. Exemplo: paciente em nutrição parenteral pode dar instabilidade de glicemia. Essa paciente dificilmente vai fazer hipoglicemia, se fizer, vai ser hiperglicemia. Se quiserem colocar, faz 1 glicemia e vê, mas não é feito na prática. 10. Quantificar e anotar débito de dreno de 2/2 horas. O tempo vai variar de acordo com o tempo de enchimento do dreno e conforme necessário. Se enche imediatamente, tem que esvaziar e colocar, assim como tem casos nos quais não está drenando nada. 11. Raio x. Toda vez em que for pedido raio x de tórax, pede em PA e perfil, a fim de evitar sobreposição de imagens. Muito provavelmente o raio x seria feito antes mesmo dessa prescrição, até para saber se o dreno está bem posicionado ou se precisa ser drenado novamente. 12. Balanço hídrico rigoroso: anotar todo o volume que entra e sai do paciente, mas sem uma sonda vesical de demora. A paciente está bem, acordada e colaborativa, e se quisesse fazer xixi, pediria ajuda a alguém para apará-la. Não seria ideal submeter a paciente a mais uma possibilidade de complicação/infecção. Não é obrigatório passar uma sonda vesical de demora para ter o balanço hídrico de uma paciente. Se você tem uma enfermagem boa, você tem balanço hídrico com o paciente acordado e balanço hídrico com paciente sedado e entubado, é só pesar as fraldas. Em resumo, o débito urinário pode ser avaliado sem a sonda vesical. 13. Demais exames: 7 Beatriz Machado de Almeida Radiologia – Aula 3 • Hemograma; • Sódio, potássio, ureia e creatinina: SEMPRE PEDE, apesar de não esperar que o paciente tenha disfunção renal ou algum distúrbio eletrolítico; • Glicemia: é bom, até para saber se o paciente tem diabetes e/ou se há a necessidade de uma HGT de horário; • TP, TTPA; • CPK: pedido ao pensar em trauma cardíaco, mesmo que a lesão ocorra do lado oposto. 14. ECG; 15. Tipagem sanguínea e reserva (fazer prova cruzada com bolsa em paciente); 16. Gasometria: parâmetros interessantes. Não pede PCR e PHS, pois são marcadores inflamatórios, pedidos ao pensar em inflamação. O raio x do lado esquerdo é do mesmo paciente da tomografia do lado direito. Não vemos linha de pneumotórax – isso é considerado pneumotórax oculto. De 10 a 50% dos pacientes que fazem raio x de tórax, podem não ter pneumotórax na imagem e ter na tomografia. Isso não significa que a tomografia deveria ou substituiria o raio x de tórax (dá muitas informações, é rápido, acessível). Em algumas situações onde há suspeita, como por exemplo, ao ver no raio x de tórax um alargamento no mediastino, tem indicação de fazer a tomografia porque, por exemplo, na dissecção de aorta, a tomografia tem uma acurácia muito maior do que o raio x. Na contusão pulmonar, a tomografia também tem uma acurácia maior. Nos casos de pneumotórax oculto, há uma discussão de que deveria drenar todo pneumotórax visto na tomografia, e provavelmente não. Então isso precisa ser ponderado. Essa imagem marcada não é imagem de pneumotórax, é a sombra da omoplata. Realmente fica mais branco na região onde tem as escápulas e mais preto onde não tem, porque o raio x tem essa questão de sobreposição de imagem. Então uma estrutura em cima da outra vai perdendo a penetrância. Quando se suspeita que é uma linha de pneumotórax, mas não tem certeza, vemos a trama pulmonar atrás dessa estrutura que imagina ser um pneumotórax. E essa trama pulmonar fala contra pneumotórax. No lugar que tem trama, não tem pneumotórax, não está colabado. Pneumotórax (em cima) e contusão (em baixo). A tomografia é pedida quando se suspeita de trauma torácico e o raio x não dá as informações consideradas suficientes. Raio X: a linha de pneumotórax se torna visível à direita, que se confirma na tomografia. Tomografia: desvio do mediastino para o lado contralateral (no raio x não é visto tão bem). Área da contusão (em baixo). De um modo geral, contusões são melhores vistas na tomografia do que no raio x. 8 Beatriz Machado de Almeida Radiologia – Aula 3
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