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A Criança como Leitor em Formação - a subjetividade e seus possíveis devires

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A Criança como Leitor em Formação: a subjetividade e seus possíveis devires. 1
A Criança como Leitor em 
Formação: a subjetividade e 
seus possíveis devires. 
Literatura infantil e Juvenil - Aula 2 
💡 O leitor que é a ponta final do processo, ou seja, o que recebe o livro em 
mãos é afetado pelas políticas públicas, por como o mercado se constitui, 
pela concepção de leitura dos pais e o modo de como o livro circula na 
família e pelos valores que circulam na sociedade; 
PONTO DE PARTIDA: papel da leitura na elaboração da subjetividade 
→ da perspectiva de Antonio Candido, no ensaio "O direito à literatura", estaríamos 
no domínio da elaboração da alteridade e da relação consigo e com o outro.
A formação do sujeito é um papel da literatura; como a literatura atua na 
formação do sujeito? que elementos do texto literário mobilizam a dimensão 
subjetiva do leitor para que ele seja desestabilizado ou implicado no texto e pelo 
texto? 
PARA MICHELE PETIT: 
A dimensão subjetiva perde a sua função quando a literatura é tomada a partir de 
algumas perspectivas específicas: 
*A base dessas oposições é a perspectiva utilitária da literatura, já que esta 
pergunta sempre "para quê, qual o objetivo concreto de você estar lendo isso?"
 a) Leitura útil (perspectiva utilitária) X leitura de entretenimento; (isso que você 
está lendo é importante ou é só para se distrair?) 
→ Na leitura de entretenimento a dimensão subjetiva é essencial, já na literatura 
útil, essa dimensão é anulada e afetada pela perspectiva utilitária que esvazia essa 
dimensão subjetiva do texto, a experiência do leitor com o texto em favor do objetivo 
pragmático; 
A Criança como Leitor em Formação: a subjetividade e seus possíveis devires. 2
b) Leitura escolar X leitura de prazer; 
→ Desdobramento da primeira oposição; 
→ Se a leitura escolar for "descolada" da ideia de prazer, ela está necessariamente 
articulada ao utilitarismo; 
→ A literatura aparece na escola submetida a instrumentalização do ensino de 
gramática; 
c) Cultura erudita X usos habituais da leitura; 
→ A noção de cânone literária é altamente questionável; 
→ Há relações de poder muito claras na definição do que é "alta literatura"; 
→ O leitor com outros hábitos de leitura pode ser deslocado para o hábito da leitura 
literária. Mas, jamais a sua experiência e seu repertório de leitura deve ser 
rebaixado; 
d) Linguagem como elaboração polissêmica X linguagem como comunicação 
e informação; 
→ A linguagem como comunicação e informação é utilitária; ela existem em favor de 
uma verdade, de um significado específico; 
→ A linguagem literária não é assim, ela é polissêmica, ela permite diferentes 
interpretações, abrange diferentes significados, e essas interpretações e 
significados estão ligados à experiência do leitor com o texto; 
→ Olhar a leitura da perspectiva do texto comunicativo e informativo, faz com que a 
gente perca o domínio subjetivo; 
💡 O domínio subjetivo diz respeito essencialmente a um olhar para o texto 
literário que retira do texto a experiência meramente utilitária. Então, 
valoriza-se a leitura de prazer, a leitura de entretenimento, a leitura pela 
qual o aluno se enxerga no texto e experimenta as possibilidades de 
existência proporcionadas pelo texto; 
FORMAÇÃO DO LEITOR E REDUÇÃO AO PRAGMATISMO 
→ A primeira experiência do leitor com o texto não pode ser mediada pelo 
pragmatismo, porque ele vai buscar no texto elementos, aspectos, instrumentos que 
A Criança como Leitor em Formação: a subjetividade e seus possíveis devires. 3
não dizem respeito a sua experiência como humano, como sujeito; 
→ Para Todorov a literatura está em perigo porque o texto utilitarista foi para sala de 
aula para reduzir a experiência do leitor à uma ficha de leitura, reduziu a experiência 
do leitor à capacidade de responder perguntas técnicas sobre o texto literário, 
enquanto o primeiro movimento deve ser capaz de estabelecer com a linguagem 
polissêmica uma relação de sentido em que o texto diga algo sobre a experiência do 
leitor no mundo; 
É verdade que o sentido da obra não se resume ao juízo 
subjetivo do aluno, mas diz respeito a um trabalho de 
conhecimento. Portanto, para trilhar esse caminho, pode ser útil 
ao aluno aprender fatos da história literária ou alguns princípios 
resultantes da análise estrutural. Entretanto, em nenhum caso o 
estudo desses meios de acesso pode substituir o sentido da 
obra que é o seu fim. (TODOROV, 2009, p.11) 
→ O primeiro objetivo da literatura é a experiência do leitor com o texto, depois de 
estimulada esta experiência se pode trabalhar elementos de história literária ou 
análise do texto, isto é, essa elaboração é o meio para se atingir o fim: toda a 
experiência subjetiva do leitor; 
ASPECTOS RELACIONADOS À EXPERIÊNCIA SUBJETIVA: 
→ CRIAÇÃO DE UM ESPAÇO PRÓPRIO 
A leitura cria um espaço próprio, que pode ser: 
a) o espaço do ato de leitura: o quarto, a biblioteca, o banco do espelho d'água; 
o espaço físico da leitura projeta um espaço do imaginário que se cria - ao 
mesmo tempo que temos um leitor no quarto lendo, este leitor está no quarto e 
não está, porque a experiência da leitura cria um espaço imaginário: espaço da 
ficção, espaço do mundo que ele está lendo → o leitor habita dois espaço ao 
mesmo tempo. 
b) o espaço imaginário que se cria; 
O espaço imaginário replica a realidade; 
A Criança como Leitor em Formação: a subjetividade e seus possíveis devires. 4
DESTERRITORIALIZAÇÃO PROMOVIDA PELA LEITURA: abertura de novos 
horizontes para a apreensão de espaços desconhecidos → ato de transgressão 
(visto no tempo presente - abordagem política) 
→ IDENTIFICAÇÃO / SIMBOLIZAÇÃO 
Este espaço criado pela leitura não é uma ilusão. É um espaço 
psíquico que poder ser o próprio lugar da elaboração ou da 
reconquista de uma posição de sujeito. (PETIT, 2013. p.45)
→ Nessa relação com a ficção, o sujeito enquanto inserido nesse espaço, é 
construído um espaço psíquico que pode ser um lugar de elaboração de si mesmo; 
de elaboração e de conquista de uma posição de sujeito; 
→ Então, experenciando aquilo que o personagem experiencia na ficção, o leitor 
pode elaborar psiquicamente aquilo que é a formação do seu psiquismo → 
Identificação com o personagem; 
CONSCIÊNCIA UTILITÁRIA DE LEITURA: redução da experiência subjetiva 
(por quê?)
Porque o utilitarismo abole a experiência do espaço psíquico, a elaboração e a 
reconquista do sujeito, já que o leitor se coloca nesse tipo de texto com um 
"para quê" diante da leitura; 
— Retira o papel ativo do leitor: processo de simbolização; 
METÁFORA: CONDENSAÇÃO E DESLOCAMENTO 
— A metáfora pode obter esses dois efeitos na experiência do leitor; 
PROCESSO DE IDENTIFICAÇÃO/SIMBOLIZAÇÃO: aprender a ver o mundo 
→ A dimensão subjetiva da formação do leitor - há momentos em que o texto 
literário diz algo para o leitor, e esse "algo" é só dele, esse "algo" vai ajudá-lo ao ver 
o mundo dentro da experiência dele e daquilo que ele precisa naquele momento; 
→O processo de identificação e simbolização envolve nesse domínio de 
desenvolvimento de processos psíquicos aliados à ficção, algo que diz respeito a 
apreensão da nossa experiência com o mundo real a partir da ficção, da palavra 
literária; 
A Criança como Leitor em Formação: a subjetividade e seus possíveis devires. 5
→ PAPEL POLÍTICO DA LEITURA (um lugar de perdição?)
Trata-se de um direito elementar, de uma questão de dignidade. 
(PETIT, 2013, p.51)
— No contexto que estamos vivendo, a leitura literária tem sido rechaçada por uma 
perspectiva conservadora que a toma como doutrinária, quando é justamente o 
contrário. Hoje em dia a literatura é vista como perigo; 
— É preciso subverter essa ideia de pragmatismo associado à ficção, porque o que 
está posto na relação do sujeito com a ficção é a sua formação como sujeito, a 
possibilidade de lidar consigo e com o outro; 
QUESTÕES FUNDAMENTAIS: 
 → A quem não interessa a leitura? 
→ Qual o papel do professor nesse contexto?— Papel emancipatório e político; 
QUESTÃO SÍNTESE: como conciliar a leitura como prática subjetiva e a formação 
do leitor na escola?

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