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LIVRO O Poder da Empatia A arte de se colocar no lugar do outro para transformar o mundo Roman Krznaric Zahar, 2015 COMPRE O LIVRO OU O AUDIOBOOK Leia offline Download Amazon Kindle Upgrade Devido a restrições de direitos autorais, o arquivo de áudio não está disponível no momento. 158 Avaliação Editorial 9 Qualidades Inovativo Cativante Inspirador Recomendação https://www.getabstract.com/pt/authors/27771 https://www.getabstract.com/pt/publisher/zahar/1624 https://www.getabstract.com/BuyBook.do?dataId=29482&s=web&outputType=jsp https://www.getabstract.com/pt/subscribe/products/upgrade javascript:; Com um texto fluido e leve, Roman Krznaric passeia por personagens e momentos históricos que ajudam a narrar a trajetória da empatia em nossa sociedade e situar onde nos encontramos hoje. A partir desse retrato, ele mostra como é possível expandir o olhar sobre o outro. Há exemplos concretos de pessoas que vivem ou viveram a empatia cotidianamente, sejam elas anônimas ou do quilate de um Che Guevara, Nelson Mandela e Mahatma Gandhi. Algumas estratégias podem parecer difíceis de aplicar, como a empatia em relação ao inimigo, por exemplo, mas não deixa de ser interessante pensar sob esse viés improvável. Krznaric ensina como a empatia pode beneficiar a todos e tornar o mundo mais humanizado. A getAbstract indica este livro a profissionais de RH, líderes de equipe e executivos que se preocupam com questões sociais e com o relacionamento interpessoal dentro e fora das organizações. Ideias Fundamentais A empatia tem um enorme potencial revolucionário, tanto para sua vida pessoal quanto para a sociedade como um todo. Existe, atualmente, um déficit de empatia generalizado em todo o Ocidente. É preciso passar da fase da introspecção para alcançar a “outrospecção”. Apesar de vivermos em um mundo extremamente individualista, quase todo ser humano tem a capacidade de sentir empatia. Ela pode ser aprendida e aprimorada. Pessoas altamente empáticas compartilham, em geral, alguns hábitos importantes: Hábito 1: Elas conseguem pôr em ação o cérebro empático, estimulando seu potencial latente. Hábito 2: São capazes de dar um salto imaginativo, colocando-se no lugar de outras pessoas, sejam próximas ou distantes. Hábito 3: Optam por viver experiências que giram em torno da empatia, através de imersões, viagens e situações de cooperação. Hábito 4: Usam e abusam da conversação, mostrando-se curiosas pelo outro e abertas à escuta verdadeira. Hábito 5: Viajam sem precisar sair de casa, por meio da arte e das redes sociais. Hábito 6: Conseguem fomentar uma revolução, expandindo a abrangência da empatia. Resumo A empatia tem o poder de revolucionar as relações humanas Nunca se falou tanto em empatia. Considerando-a como “a arte de se colocar no lugar do outro por meio da imaginação, compreendendo seus sentimentos e perspectivas e usando essa compreensão para guiar as próprias ações”, ela potencializa amplamente a mudança social. Somos egoístas e individualistas, como fizeram crer, por exemplo, Freud e Hobbes. Mas não somos apenas isso. É o que neurocientistas, biólogos e psicólogos vêm tentando provar nos últimos anos. Somos também Homo empathicus: nosso cérebro está equipado com “circuitos da empatia, prontos para serem ativados. “A empatia pode gerar uma revolução. Não uma daquelas revoluções antiquadas, baseadas em novas leis, instituições ou governos, mas algo muito mais radical: uma revolução das relações humanas.” “Talvez não haja nenhuma maneira mais poderosa de escapar aos limites de nossos egos, e de ganhar novas perspectivas sobre como viver, do que olhando a vida através dos olhos de outros.” Em uma sociedade como a nossa, que passa por um momento de déficit de empatia, excesso de narcisismo e individualismo, faz-se mais do que necessário sair de nosso próprio ego para nos conectar verdadeiramente com outros seres humanos. Diante desse cenário, é preciso entender como somos capazes de aumentar nosso potencial empático, que independe da idade. Pessoas altamente empáticas costumam apresentar seis hábitos: 1. Acionam seu cérebro empático 2. Dão o salto imaginativo 3. Buscam aventuras experienciais 4. Praticam a arte da conversação 5. Viajam em sua poltrona 6. Inspiram uma revolução Hábito 1 – Acionar o cérebro empático A capacidade de empatizar faz parte de nossa herança genética e pode aumentar ao longo da vida. Fato é que todo ser humano possui um potencial empático latente, à espera de um estímulo. Nesse sentido, a descoberta dos neurônios-espelho foi de suma importância. “Trata-se de neurônios que são ativados tanto quando estamos experimentando algo (como dor) como quando vemos outra pessoa passando pela mesma experiência.” Além disso, é muito provável que os neurônios-espelho façam parte de um “circuito da empatia”, algo muito mais complexo, envolvendo diversas regiões do cérebro. “Violência política e étnica, intolerância religiosa, pobreza e fome, abusos dos direitos humanos, aquecimento global – há uma necessidade urgente de utilizar o poder da empatia para enfrentar essas crises e transpor as divisões sociais.” As pesquisas revelam que educar para a empatia ajuda no bem-estar das crianças e promove inteligência emocional; pode, inclusive, ajudar a solucionar conflitos nos mais diferentes contextos, como na família, na escola e nas empresas. Porém, como a maioria de nós não aprendeu sobre empatia na infância, podemos buscar outras formas de expandi-la. É preciso adotar o hábito de acionar o cérebro empático: dar aos nossos circuitos empáticos a chance de vir à tona. Registrar mentalmente as vezes em que entramos em contato com pensamentos ou ações empáticas – nossas e dos outros – já é um bom começo. Hábito 2 – Dar o salto imaginativo Por que a empatia não é uma prática constante do ser humano, apesar de todos os benefícios já comprovados? Existem quatro barreiras sociais e políticas que atrapalham esse processo: Preconceito Autoridade Distância Negação Todos nós nutrimos uma gama de preconceitos e pressupostos sobre o outro. Ao fazer isso, desumanizamos e anulamos a individualidade, gerando indiferença. Além de sermos preconceituosos, temos a tendência de obedecer à autoridade. A ideia de “cumprir ordens” já foi desculpa para os crimes mais bárbaros da história. Pessoas altamente empáticas são justamente aquelas que não hesitam em desafiar a autoridade quando se faz necessário. “” (...) o século XXI precisa ser diferente. Em vez de introspecção, deveríamos criar a Era da Outrospecção, na qual encontramos um melhor equilíbrio entre olhar para dentro e olhar para fora. A distância espacial é mais uma barreira ao florescimento da empatia. É mais difícil nos importarmos com quem está longe e com estranhos. A distância social e a distância temporal também atrapalham. Pensar naqueles diferentes de nós, ou naqueles que viverão daqui a cem anos é um exercício para poucos. Estreitar todas essas distâncias consiste num grande desafio empático. Por fim, a “cultura da negação” implica que “fazemos vista grossa” para a realidade, apesar de ela estar escancarada à nossa frente. Por vergonha, culpa, instinto de proteção, achamos melhor não ver. O primeiro passo é encarar essas quatro barreiras com coragem, para então conseguir superá- las. É preciso humanizar o outro. Para isso, pode-se, por exemplo, imaginar como é a vida de todos aqueles com quem cruzamos em nosso dia a dia, ou a vida daqueles de quem nossas ações rotineiras dependem. Outra abordagem é jogar “jogos de personagem”, imaginando diferentes pessoas sob uma ótica mais humana, pondo abaixo os estereótipos, para abrir novas possibilidades de relação. “Em vez de se perguntar ‘para onde posso ir da próxima vez?’, pergunte ‘no lugar de quem posso me pôr da próxima vez?’.” “Ainda que os primeiros anos de vida sejam um período intenso e voltado para o estabelecimento dos circuitos em nossos cérebros, certamente ainda é possível estendernossa empatia quando ficamos mais velhos.” “Especialistas em educação reconhecem cada vez mais que o ensino de habilidades empáticas não é só um extra cujo acréscimo é ‘interessante’, merecendo ser parte fundamental do currículo ao lado da leitura, escrita e aritmética.” Descobrir o que temos em comum mesmo que seja com um estranho é mais uma forma de nos conectarmos com as emoções do outro. A dor e o sofrimento, por exemplo, são capazes de nos fazer transpor as divisões sociais e desenvolver relações empáticas. Se a Regra de Ouro diz: “Trate os outros como gostaria de ser tratado”, ela não dá conta de situações em que a cultura e a visão de mundo do outro divergem muito das nossas. Seria preciso ir mais além, adotando a Regra de Platina: “Trate os outros como eles gostariam que você os tratasse.” Hábito 3 – Buscar aventuras experienciais Quem tem disposição para mergulhar em experiências empáticas acaba conseguindo se pôr no lugar do outro com mais facilidade. Claro, é algo mais difícil do que simplesmente ter uma conversa ou assistir a um filme, mas seu potencial é incrível A “imersão”, por exemplo, pode ser vista como a empatia sob disfarce. Há inúmeros exemplos ao longo da história, passando por São Francisco de Assis e George Orwell, para mencionar apenas dois empatistas famosos. Trata-se de tentativas de transpor barreiras de classe, de raça, entre outras, desmascarando iniquidades sociais e funcionando como denúncia. A grande diferença é que esse tipo de denúncia se baseia na experiência e não em suposições ou teorias. “A empatia é parte essencial da solução de conflitos na família, no pátio da escola, na sala de conselho e na ‘sala de guerra’ de uma empresa.” “A empatia murcha e morre quando deixamos de reconhecer a humanidade de outras pessoas – sua individualidade e singularidade – e as tratamos como seres dotados de menos valor que nós mesmos.” A “exploração” do mundo sob a forma de viagens também pode ampliar a visão empática. Porém, não basta viajar: é preciso ter em mente um projeto claro, que contribua para ampliar a visão de mundo do viajante. Por fim, a empatia experiencial também se desenvolve por meio da “cooperação”. Trabalhar em conjunto, com objetivos comuns e compartilhando experiências ajuda na fusão empática. Em suma, deixe de lado os manuais e parta para as aventuras experienciais. Hábito 4 – Praticar a arte da conversação Estamos em meio a uma crise da conversação: falta qualidade às nossas conversas e proliferam-se as conversas superficiais, em decorrência das novas tecnologias. Mas é justamente a conversa que nos ajuda a penetrar na escuridão do outro; conversa e empatia caminham lado a lado. Pessoas empáticas costumam apresentar seis características em suas conversas: curiosidade por estranhos, escuta radical, retirada da própria máscara, preocupação com o outro, espírito criativo e pura coragem. A curiosidade por estranhos deveria ser encarada como virtude suprema, pois nos possibilita descobrir quem são esses estranhos e como enxergam o mundo. Para que as conversas sejam verdadeiramente ricas, deve-se “A conversa e a empatia estão intimamente entrelaçadas: fazer o esforço de compreender a perspectiva de outra pessoa pode ajudar a reanimar um diálogo que de outro modo seria banal, ao passo que a própria conversa tem o poder de forjar a conexão empática.” “Precisamos conceber as organizações não como máquinas, mas como redes de relações humanas (...) Bill Drayton” (...), fundador da Ashoka, afirma que a empatia é um pré-requisito absoluto para um bom trabalho em equipe e liderança organizacional. ultrapassar as trivialidades e ir a fundo nos temas importantes. Ouvir o outro com atenção, não interromper seu pensamento, evitar preencher os silêncios e estabelecer um diálogo de mão dupla, em vez de uma entrevista, são dicas boas. Além da curiosidade por estranhos, pessoas extremamente empáticas sabem ouvir: apresentam “escuta radical”. Contudo, apenas escutar não basta. Para que a empatia se desenvolva, é necessário que caiam nossas máscaras. A empatia se faz na troca: ao se abrir com o outro, para que ele se sinta à vontade para se abrir também. Portanto, a conversação precisa ser uma via de mão dupla. Existe um novo movimento no mundo dos negócios, que vem começando a valorizar mais e mais a inteligência emocional, a abertura e a sensibilidade. Afinal, as organizações são redes de relações humanas. Outro ponto fundamental das conversas empáticas é a preocupação com o outro. Abordagens autocentradas, utilitárias e instrumentais estão mais para o “marketing da empatia”, uma ideia a serviço das vendas. Agora, quando as conversas são pautadas pela preocupação verdadeira com o outro, a empatia floresce de forma genuína. Além de se preocuparem com o outro, pessoas extremamente empáticas inserem criatividade em suas conversas. Ultrapassam a superficialidade, adotando diálogos significativos e profundos. Por fim, a coragem faz com que tenhamos conversas difíceis, mas necessárias. Assim, a empatia pode surgir em contextos complexos, transformando vidas e colaborando para mudanças sociais. “Quando uma massa significativa de pessoas se une para dar o salto imaginativo para a vida de outros, a empatia tem o poder de alterar os contornos da história.” “A ideia da empatia coletiva é especialmente relevante hoje porque contrabalança o foco extremamente individualista da cultura moderna da autoajuda” (...). Hábito 5 – Viajar em sua poltrona A arte consegue nos transportar para vidas muito diferentes da que levamos. Palavras e imagens têm grande potencial de gerar empatia, apesar de oferecerem experiências “de segunda mão”. Assim, pode-se dizer que a arte ativa nosso ego empático, com chances de acarretar mudanças reais no dia a dia. Essa “empatia de poltrona” também abrange o mundo digital. Inúmeros filmes e livros ultrapassam as fronteiras das telas e das páginas impressas, podendo trazer à tona o Homo empathicus que habita em nós. São oportunidades de entrar em contato com realidades que talvez jamais conhecêssemos por meio de experiências diretas. Assim, a literatura e o cinema, por exemplo, podem servir de veículos para que se dê a transformação empática, por meio da adoção de perspectiva. A fotografia também tem um imenso potencial político e educativo. Sobre as redes digitais, é verdade que elas nos conectam instantaneamente a todos os cantos do mundo, proporcionando interações de mão dupla, mas é preciso usá-las com sabedoria, pois o efeito pode ser justamente o contrário: esse tipo de mídia traz ao mesmo tempo oportunidades para a empatia e ameaças a ela. Se por um lado há um estímulo à superficialidade, ao narcisismo e ao cyberbullying – entre outros pontos negativos sob o aspecto da empatia – vemos surgir, por outro, iniciativas que ajudam a criar empatia de massa e propiciar mudanças políticas relevantes, como foi o caso da Primavera Árabe e do movimento Occupy. Porém, nada disso dispensa o encontro face a face, real, o ativismo autêntico. Hábito 6 – Inspirar uma revolução A empatia precisa sair do âmbito da vida privada e ganhar também a vida pública. É possível criar ondas de empatia coletiva, capazes de transformar a história. Pobreza, violência, desigualdade e degradação ambiental são “Tornamo-nos mais interessados em compreender outras pessoas, em vez de meramente nos apiedarmos delas.” alguns dos problemas atuais que podem ganhar muito com a criação de uma cultura da empatia. Na história moderna do Ocidente, destacam-se três ondas de empatia. A primeira ocorreu no século XVIII, quando despontaram na Europa as organizações humanitárias para combater as inúmeras atrocidades e violências cotidianas. A segunda onda ocorreu na esteira da Segunda Guerra Mundial, quando o direito das minorias étnicas e religiosas tornou-se uma questão. Além disso, a partir dos anos 1950, com o advento da televisão, as imagens da pobreza, da guerra e da miséria começaram a invadiros lares, sensibilizando o mundo todo. A terceira onda de empatia começou nos anos 1990 e ainda está em curso. Entre outros desdobramentos, ela abrange a ideia de que as crianças devem aprender sobre empatia desde cedo, de que a empatia pode ajudar na solução de conflitos e também no enfrentamento das questões climáticas. A grande revolução acontecerá nas relações pessoais, e a empatia é um importante instrumento para isso. Ainda há um longo caminho pela frente: despertar empatia pelas gerações futuras parece um dos maiores desafios. O conceito de empatia nunca foi tão popular: cabe a nós, agora, encontrar formas de expandi-lo ainda mais. Sobre o autor Roman Krznaric é historiador, com PhD em sociologia política, e fundador da The School of Life. Conselheiro de diversas entidades, como a Oxfam e as Nações Unidas, teve seu nome listado pelo The Observer como um dos mais influentes pensadores da Grã-Bretanha dedicado ao tema dos estilos de vida. Com livros publicados em mais de vinte idiomas, Krznaric dá palestras e workshops em todo o mundo.
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