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SP 2.1 – FICOU BOM, MAS QUEIMOU 1. IDENTIFICAR OS POSSÍVEIS AGENTES AGRESSORES (QUÍMICOS, FÍSICOS, BIOLÓGICOS E PSICOSSOCIAIS) AO ORGANISMO E COMO AS LESÕES POR ELES CAUSADAS DESENCADEIAM O PROCESSO DE ADAPTAÇÃO, REPARAÇÃO OU MORTE CELULAR. AGENTES FÍSICOS Os agentes físicos causadores de lesão podem ser divididos em seis categorias: força mecânica ou trauma {abrasão (ferida provocada pelo arrancamento – por raspagem ou fricção), laceração (ruptura ou separação de tecidos pela aplicação de força excessiva de estiramento (pele) ou pela ação de um impacto externo (músculos, tendões ou vísceras), contusão (ferida provocada pela transmissão de impacto contundente através da pele e tecidos subjacentes, levando a ruptura de pequenos vasos com extravasamento de sangue para os tecidos), incisão (lesão mais extensa do que profunda produzida por um impacto de um instrumento de borda afiada que provoca rompimento das ligações de vasos sanguíneos) , perfuração (lesão mais profunda do que extensa produzida por um impacto de um instrumento pontiagudo, longo e estreito) e fratura (lesão caracterizada pela ruptura de tecido duro (ósseo ou cartilaginoso)}, variações de pressão atmosférica, variações de temperatura, correntes elétricas, radiações (ultrassom, por ex.) e ondas sonoras (ruídos). AGENTES QUÍMICOS Inúmeros agentes químicos são responsáveis por danos celulares, como os fármacos, as drogas de abuso e os poluenetes ambientais. São considerados agentes químicos as substâncias, compostos que possam penetrar no organismo pela via respiratória, nas formas de poeiras, fumos, névoas, neblinas, gases ou vapores, ou que, pela natureza da atividade de exposição, possam ter contato ou ser absorvidos pelo organismo através da pele ou por ingestão. Os principais tipos de agentes químicos que atuam sobre o organismo humano, causando problemas de saúde, são: gases, vapores e névoas: aerodispersóides (poeiras e fumos metálicos). Enorme número de substâncias químicas que podem lesar as células é amplamente conhecido; mesmo substâncias inócuas, como glicose, o sal ou mesmo água, se absorvidas ou administradas em excesso podem perturbar o ambiente osmótico, resultando em lesão ou morte celular. Os agentes comumente conhecidos como venenos causam severos danos em nível celular por alterarem a permeabilidade da membrana, a homeostasia osmótica ou a integridade de uma enzima ou cofator. A exposição a esses venenos pode culminar em morte de todo o organismo. Outros agentes potencialmente tóxicos são encontrados diariamente no nosso ambiente; eles incluem poluentes do ar, inseticidas, CO, asbesto e os “estímulos” sociais, como o álcool. Mesmo as drogas terapêuticas podem causar lesão à célula ou ao tecido em paciente suscetível ou se usadas de modo excessivo ou inapropriado (Capítulo 7). Até mesmo o oxigênio em altas pressões parciais é tóxico. AGENTES BIOLÓGICOS Os agentes biológicos são micro-organismos (bactérias, fungos, protozoários, helmintos e ectoparasitos) que invadem um organismo hospedeiro produzindo danos teciduais e gerando diversas condições patológicas. De maneira geral, estes agentes podem provocar lesões teciduais através de três diferentes mecanismos : efeito direto, ação de toxinas e indução de resposta inflamatória). AGENTES PSICOSSOCIAIS De maneira bem sucinta, pode-se definir Agentes Psicossociais como eventos relacionados a vida cotidiana dos trabalhadores. Estes eventos possuem a potencialidade de provocar danos à saúde do trabalhador, à medida que afetam de forma direta a psique, ou seja, a mente humana. Dentre os Agentes Psicossociais mais comuns, têm-se: · Agentes ligados a qualidade de vida – Baixa qualidade e quantidade da alimentação, relações pessoais, falta de lazer, falta de acompanhamento médico e odontológico. · Agentes ligados ao trabalho – Baixos salários, condições de trabalho inadequadas, cobranças exacerbadas, longas jornadas, falta de reconhecimento profissional, falta de perspectiva de crescimento, etc. · Agentes ligados ao transporte (ida e volta ao trabalho) – Falta de conforto, tempo gasto nas viagens, engarrafamentos, vias em péssimas condições de conservação, etc. Os riscos psicossociais, fazem parte do conjunto de demandas existentes no quesito segurança do trabalho, que precisam ser enfrentados pelos gestores das organizações. Os agentes psicossociais possuem um impacto gigantesco na saúde do trabalhador, que acaba repercutindo na produtividade das organizações e com isto, na economia do país. Ninguém poderá esperar que um trabalhador que diariamente seja submetido às condições de agravo à saúde provocado por agentes psicossociais, consiga produzir de forma plena suas atividades. O trabalho é das principais atividades do ser humano, sendo que muitas vezes tornasse uma referencial de quem somos, contudo, o trabalhador não está protegido em seus direitos fundamentais. Considerar os agentes psicossociais como situações normais da vida cotidiana, não é uma atitude correta a ser tomada. A falta de qualidade de vida, afeta de forma significante a integridade física e emocional dos trabalhadores, e isto, por si só, acarreta prejuízos as empresas, provocados pelo afastamento do trabalho (licenças de INSS) e baixa produtividade. ADAPTAÇÃO As adaptações são alterações reversíveis em número, tamanho, fenótipo, atividade metabólica ou das funções celulares em resposta às alterações no seu ambiente. As adaptações fisiológicas normalmente representam respostas celulares à estimulação normal pelos hormônios ou mediadores químicos endógenos (p. ex., o aumento da mama e do útero, induzido por hormônio, durante a gravidez). As adaptações patológicas são respostas ao estresse que permitem às células modularem sua estrutura e função escapando, assim, da lesão. Tais adaptações podem ter várias formas distintas. HIPERTROFIA A hipertrofia é um aumento do tamanho das células que resulta em aumento do tamanho do órgão. Em contraste, a hiperplasia (discutida adiante) é caracterizada por aumento do número de células devido à proliferação de células diferenciadas e substituição por células-tronco do tecido. Dito de outro modo, na hipertrofia pura não existem células novas, apenas células maiores, contendo quantidade aumentada de proteínas estruturais e de organelas. A hiperplasia é uma resposta adaptativa em células capazes de replicação, enquanto a hipertrofia ocorre quando as células possuem capacidade limitada de se dividir. A hipertrofia e a hiperplasia podem também ocorrer juntas e, obviamente, ambas resultam em órgão aumentado (hipertrófico). A hipertrofia pode ser fisiológica ou patológica e é causada pelo aumento da demanda funcional ou por fatores de crescimento ou estimulação hormonal específica. • Durante a gravidez, o aumento fisiológico maciço do útero ocorre como consequência da hipertrofia e hiperplasia do músculo liso estimulado pelo estrogênio (Fig. 1-3). Ao contrário, as células musculares estriadas da musculatura esquelética e do coração podem sofrer apenas hipertrofia em resposta ao aumento da demanda porque, no adulto, elas possuem capacidade limitada de divisão. Portanto, os levantadores de peso podem desenvolver um físico aumentado apenas por hipertrofia de células musculares esqueléticas individuais. • Um exemplo de hipertrofia celular patológica é o aumento cardíaco que ocorre com hipertensão ou doença de valva aórtica (Fig. 1-2). HIPERPLASIA A hiperplasia ocorre se o tecido contém populações celulares capazes de se dividir; ocorre simultaneamente com a hipertrofia e sempre em resposta ao mesmo estímulo. A hiperplasia pode ser fisiológica ou patológica. Em ambas as situações, a proliferação celular é estimuladapor fatores de crescimento que são produzidos por vários tipos celulares. • Os dois tipos de hiperplasia fisiológica são: (1) hiperplasia hormonal, exemplificada pela proliferação do epitélio glandular da mama feminina na puberdade e durante a gravidez e (2) hiperplasia compensatória, na qual cresce tecido residual após a remoção ou perda da porção de um órgão. Por exemplo, quando o fígado é parcialmente removido, a atividade mitótica das células restantes inicia-se 12 horas depois, restaurando o fígado ao seu peso normal. • A maioria das formas de hiperplasia patológica é causada por estimulação excessiva hormonal ou por fatores do crescimento. Por exemplo, após um período menstrual normal, há aumento da proliferação do epitélio uterino, que normalmente é estritamente regulada pela estimulação dos hormônios hipofisários, pelo estrogênio ovariano e pela inibição através da progesterona. Entretanto, se o equilíbrio entre estrogênio e progesterona é alterado, ocorre a hiperplasia do endométrio, causa comum de sangramento menstrual anormal. A hiperplasia é também uma resposta importante das células do tecido conjuntivo na cicatrização de feridas na qual os fibroblastos e os vasos sanguíneos que proliferam auxiliam o reparo (Capítulo 2). Nesse processo, os fatores de crescimento são produzidos pelos leucócitos em resposta à lesão e pelas células na matriz extracelular. A estimulação pelos fatores de crescimento está envolvida também na hiperplasia associada a certas infecções virais; por exemplo, as papilomaviroses causam verrugas na pele e lesões mucosas compostas de massas de epitélio hiperplásico. Aqui os fatores de crescimento podem ser codificados por genes virais ou por genes das células infectadas. É importante notar que, em todas essas situações, o processo hiperplásico permanece controlado; se os sinais que a iniciam cessam, a hiperplasia desaparece. É essa sensibilidade aos mecanismos de controle de regulação normal que diferencia as hiperplasias patológicas benignas das do câncer, no qual os mecanismos de controle do crescimento tornam-se desregulados ou ineficazes (Capítulo 5). Contudo, em muitos casos, a hiperplasia patológica constitui um solo fértil no qual o câncer pode surgir posteriormente. Por exemplo, pacientes com hiperplasia do endométrio têm risco aumentado de desenvolver câncer endometrial (Capítulo 18). ATROFIA A diminuição do tamanho da célula, pela perda de substância celular, é conhecida como atrofia. Quando um número suficiente de células está envolvido, todo o tecido ou órgão diminui em tamanho, tornando-se atrófico (Fig. 1-4). Deve ser enfatizado que, embora as células atróficas tenham sua função diminuída, elas não estão mortas. As causas da atrofia incluem a diminuição da carga de trabalho (p. ex., a imobilização de um membro para permitir o reparo de uma fratura), a perda da inervação, a diminuição do suprimento sanguíneo, a nutrição inadequada, a perda da estimulação endócrina e o envelhecimento (atrofia senil). METAPLASIA Metaplasia é uma alteração reversível na qual um tipo celular adulto (epitelial ou mesenquimal) é substituído por outro tipo celular adulto. Nesse tipo de adaptação celular, uma célula sensível a determinado estresse é substituída por outro tipo celular mais capaz de suportar o ambiente hostil. Acredita-se que a metaplasia surja por uma reprogramação de células- tronco que se diferenciam ao longo de outra via, em vez de uma alteração fenotípica (transdiferenciação) de células já diferenciadas. A metaplasia epitelial é exemplificada pela mudança escamosa que ocorre no epitélio respiratório em fumantes habituais de cigarros (Fig. 1-5). As células epiteliais normais, colunares e ciliadas da traqueia e dos brônquios são focal ou difusamente substituídas por células epiteliais escamosas estratificadas. O epitélio pavimentoso estratificado, mais resistente, torna-se mais capaz de sobreviver às substâncias químicas do cigarro do que o epitélio especializado, mais frágil, que não poderia tolerar. REPARO A habilidade em reparar a lesão causada por lesões tóxicas e inflamação é crítica para a sobrevivência de um organismo. A resposta inflamatória a micróbios e tecidos lesados não serve apenas para eliminar esses perigos, mas também inicia o processo de reparo. O reparo, muitas vezes chamado de cura, se refere à restauração da arquitetura e função do tecido após a lesão. Ocorre por dois tipos de reações: regeneração do tecido lesado e formação de cicatriz pela deposição de tecido conjuntivo (Fig. 2-24). • Regeneração. Alguns tecidos são capazes de substituir células lesadas e retornar ao estado normal; esse processo é chamado de regeneração. A regeneração ocorre por proliferação de células residuais (não lesadas) que retêm a capacidade de divisão e por substituição de células-tronco teciduais. Constitui a resposta típica a lesão em epitélios que se dividem rapidamente, como na pele e nos intestinos e em alguns órgãos, principalmente no fígado. • Formação de cicatriz. Se os tecidos lesados são incapazes de regeneração ou se as estruturas de suporte do tecido são gravemente lesadas, o reparo ocorre por deposição de tecido conjuntivo (fibrose), um processo que resulta em formação de cicatriz. Embora a cicatriz fibrosa não possa realizar a função das células perdidas do parênquima, ela fornece estabilidade estrutural suficiente para tornar o tecido lesado hábil nas suas funções. O termo fibrose é mais frequentemente usado para descrever a extensa deposição de colágeno que ocorre nos pulmões, fígado, rins e outros órgãos, resultante da inflamação crônica, ou no miocárdio após extensa necrose isquêmica (infarto). Se a fibrose se desenvolve em um espaço do tecido ocupado por exsudato inflamatório, ela é chamada de organização (como na pneumonia, no pulmão). REGENERAÇÃO A regeneração se caracteriza pela restituição dos componentes teciduais idênticos àqueles removidos. Esse tipo de reparo só é possível em tecidos em que ainda possuem células com a capacidade de se proliferar ou tenham ainda células tronco. Assim, com base nessa habilidade de multiplicação celular, os tecidos são classificados em: - Tecidos lábeis ou de divisão contínua: as células possuem a capacidade de se proliferar por toda a vida, substituindo as que estão velhas ou destruídas. Temos como exemplo os epitélios, células da medula óssea vermelha e tecidos hematopoiéticos. - Tecidos quiescentes ou estáveis: apensar de possuírem um baixo nível de replicação, quando submetidos a estímulos para divisão celular são capazes de regenerar o tecido de origem. O melhor exemplo é o tecido hepático. - Tecidos permanentes ou não divisores: são formados por células que não podem ser submetidas à divisão mitótica devido o seu grau de especificidade. Exemplos são os neurônios e as células musculares. Apensar de o corpo humano possuir tecidos capazes de recuperar células perdidas, permitindo a capacidade de regeneração do órgão lesionado, o que ocorre em muitos processos é o crescimento compensatório que envolve a hipertrofia celular e a hiperplasia. Nesses processos acontece a recuperação da capacidade funcional, mas sem necessariamente reconstruir a anatomia original. Os órgãos que possuem essa capacidade de crescimento compensatório são os rins, o pâncreas, as glândulas adrenais, a tireoide, os pulmões de pacientes jovens e o fígado. No caso hepático, a regeneração acontece por meio da replicação de células maduras sem o envolvimento de célula tronco. Os hepatócitos são células quiescentes que, quando estimuladas por determinadas substâncias, possuem a capacidade de multiplicação celular. Nesse exemplo, as principais substâncias são as citocinas e os fatores de crescimento polipeptídeos.Dessa forma, em uma hepatectomia parcial é possível à restauração hepática, porém não ocorre um novo crescimento do lobo ressecado na operação. Em vez disso, acontece o crescimento por aumento dos lobos que permaneceram, caracterizando-se como crescimento compensatório. CICATRIZAÇÃO A cicatrização é uma resposta fibroproliferativa que restaura as estruturas originais, porém envolve a deposição de colágeno e a formação da cicatriz. Os fatores que favorecem o processo de cicatrização são a extensão do dano celular, o tipo de tecido afetado e a intensidade da lesão da matriz extracelular. O processo de restauração por cicatrização pode ser dividido por etapas: 1 - Ocorre uma resposta inflamatória à lesão inicial com a intenção de eliminar o agente nocivo, remover o tecido lesionado e estimular a deposição de componentes da matriz extracelular; 2 - Proliferação de fibroblastos e células endoteliais vasculares, formando o tecido de granulação. (O tecido de granulação tem a aparência rósea, lisa e granular e se caracteriza pela formação de pequenos novos vasos sanguíneos e multiplicação de fibroblastos.); 3 - Com o aumento no número de fibroblastos, ocorre a síntese de matriz extracelular e deposição de colágeno, formando a cicatriz; 4 - Então se inicia o processo de remodelação que é o equilíbrio entra síntese e degradação da matriz extracelular; Com base nessas etapas, podemos perceber três principais mecanismos do processo de cicatrização: - Angiogênese: as células endoteliais são estimuladas a formarem novos vasos sanguíneos principalmente pelo VEGF (fator de crescimento endotelial vascular – sigla em inglês) e pela angiopoetina; - Fibroplasia: a migração e a proliferação de fibroblastos no local da lesão ocorrem devido à ação dos fatores de crescimento múltiplos, incluindo TGF-β, PDGF, EGF, FGF e as citocinas IL-1 e TNF; - Remodelação: é o processo que organiza a cicatriz devido a grande proliferação celular e à desorganização na produção de matriz extracelular. A metaloproteínase é a substância responsável por esse processo e atua na degradação do colágeno; Podemos utilizar a cicatrização de uma ferida cutânea como exemplo de um processo de cicatrização e descrever os fatos gerais da reparação que se observa na maioria dos tecidos. As feridas cutâneas são classificadas em dois tipos de cicatrização: primeira intenção e segunda intenção. Cicatrização por primeira intenção É um ferimento com margens opostas em que o espaço incisional é estreito. Melhor exemplo é a cicatrização de uma incisão cirúrgica limpa e não infectada. Esse processo segue as seguintes etapas cronológicas: 1 - Em 24 horas: neutrófilos aparecem nas margens da ferida, movendo-se em direção ao coágulo de fibrina e células sanguíneas; 2 - Em 24 a 48 horas: células epiteliais movem-se para fechar a ferida; 3 - No 3º dia: começa a formação do tecido de granulação com o surgimento de macrófagos no local; 4 - No 5º dia: ponto máximo da neovascularização, o colágeno fica mais abundante, a epiderme recupera a espessura normal e ocorre a diferenciação das células epidérmicas; 5 - Na segunda semana: ocorre aumento do colágeno, proliferação de fibroblastos e regressão dos vasos; 6 - No final do primeiro mês: a cicatriz se encontra coberta por pele intacta, porém não ocorre a regeneração dos anexos dérmicos. Cicatrização por segunda intenção Ocorre quando existe uma grande perda de células e tecidos, deixando as margens separadas. Esse processo de reparação é mais complicado, pois a regeneração das células parenquimatosas não pode restaurar totalmente a arquitetura original. Além disso, a reação inflamatória é mais intensa devido fato que o coágulo formado é maior em comparação a feridas com margens opostas. Porém, o que mais se diferencia no processo de cicatrização de feridas com margens separadas é o fenômeno de contração da ferida. Esse acontecimento é possível devido à ação de uma rede de fibroblastos contendo actina na margem da ferida. MORTE CELULAR Inicialmente a lesão se manifesta por meio de alterações funcionais e morfológicas reversíveis. Conforme ocorre a progressão do dano, esse processo pode culminar em alterações irreversíveis e, portanto, morte celular. Existem, ainda, dois tipos de morte celular, a apoptose e a necrose, sendo esta sempre um processo patológico. NECROSE Necrose é o tipo de morte celular que está associado à perda da integridade da membrana e extravasamento dos conteúdos celulares, culminando na dissolução das células, resultante da ação degradativa de enzimas nas células lesadas letalmente. Os conteúdos celulares que escapam sempre iniciam uma reação local do hospedeiro, conhecida como inflamação, no intuito de eliminar as células mortas e iniciar o processo de reparo subsequente (Capítulo 2). As enzimas responsáveis pela digestão da célula são derivadas dos lisossomos das próprias células que estão morrendo ou dos lisossomos dos leucócitos que são recrutados como parte da reação inflamatória às células mortas. A necrose se caracteriza pelo tamanho celular aumentado (edema), alterações nucleares (picnose, cariorréxis, cariólise), membrana plasmática danificada e extravasamento de conteúdo celular para fora da célula, além do aumento da eosinofilia. Já a aparência morfológica da necrose resulta da desnaturação das proteínas intracelulares e/ou da digestão enzimática. A partir disso, esse processo de morte celular pode ser classificado em diversos tipos de necrose: Necrose de Coagulação: é característica da morte por hipóxia em todos os tecidos, à exceção do cérebro. Com isso a acidose intracelular desnatura proteínas e enzimas, bloqueando a proteólise celular. O tecido, ainda, apresenta a textura firme e a manutenção da sua arquitetura, com preservação do contorno celular por pelo menos alguns dias. Necrose de liquefação: é característica de infecções bacterianas ou fúngicas, pois estas estimulam o acúmulo de células inflamatórias, sendo as células mortas completamente digeridas por enzimas. O resultado final é a transformação do tecido em massa viscosa. Necrose caseosa: Esse termo é derivado da aparência semelhante a queijo branco da área necrótica. É uma forma distinta de necrose de coagulação, encontrada comumente em focos de tuberculose, os quais são caracterizados por reação granulomatosa. Necrose gordurosa: se refere a áreas de destruição de gordura que ocorre como resultado da liberação de lípases pancreáticas ativadas no parênquima pancreático. APOPTOSE A apoptose é uma via de morte celular, induzida por um programa de suicídio estritamente regulado no qual as células destinadas a morrer ativam enzimas que degradam seu próprio DNA e as proteínas nucleares e citoplasmáticas. Os fragmentos das células apoptóticas então se separam, gerando a aparência responsável pelo nome (apoptose, “cair fora”). A membrana plasmática da célula apoptótica permanece intacta, mas é alterada de tal maneira que a célula e seus fragmentos tornam-se alvos atraentes para os fagócitos. Rapidamente, as células mortas e seus fragmentos são removidos antes que seus conteúdos extravasem e, por isso, a morte celular por essa via não induz uma reação inflamatória no hospedeiro. A apoptose difere da necrose, que é caracterizada pela perda da integridade da membrana, digestão enzimática das células, extravasamento dos conteúdos celulares e, frequentemente, uma reação no hospedeiro (Fig. 1-6 e Tabela 1-1). Entretanto, a apoptose e a necrose algumas vezes coexistem, e a apoptose induzida por alguns estímulos patológicos progride para a necrose. Apoptose é a via de morte celular que é induzida por um programa intracelular altamente regulado, no qual as células destinadas a morrer ativam enzimasque degradam seu DNA nuclear e as proteínas citoplasmáticas. Os sinais que induzem a apoptose incluem a ausência de fatores de crescimento ou hormônios, a ação específica dos receptores de morte e os agentes nocivos. Esse fenômeno, portanto, pode estar presente em situações fisiológicas e em condições patológicas. Em situações fisiológicas esse fenômeno pode estar relacionado à destruição programada de células durante a embriogênese, à involução dependente de hormônios (colapso endometrial no ciclo menstrual), à eliminação celular em células em proliferação, à eliminação de linfócitos auto reativos, etc. Já em condições patológicas, esse processo pode ser desencadeado por estímulos nocivos, doenças viróticas e tumores. Dentre as principais características morfológicas que definem as células em apoptose, observa-se o encolhimento celular, condensação da cromatina, formação de bolhas citoplasmáticas, corpos apoptóticos e fagocitose das células, geralmente mediada por macrófagos. Além disso, a célula é rapidamente eliminada, antes que seu conteúdo possa extravasar e causar reação inflamatória, tornando sua detecção histológica mais difícil. 2. DEFINIR LESÃO CELULAR REVERSÍVEL E IRREVERSÍVEL E CARACTERIZAR SEUS TIPOS. Lesões e doenças são provocadas por agressões muito diversas e resultam quase sempre da interação do agente agressor com os mecanismos de defesa do organismo. A lesão celular ocorre quando as células são estressadas tão excessivamente que não são mais capazes de se adaptar, podendo ser reversível até um certo ponto, mas se o estímulo persistir ou for intenso o suficiente desde o início, a célula sofre lesão irreversível. • Lesão celular reversível. Nos estágios iniciais ou nas formas leves de lesão, as alterações morfológicas e funcionais são reversíveis se o estímulo nocivo for removido. Nesse estágio, embora existam anomalias estruturais e funcionais significativas, a lesão ainda não progrediu para um dano severo à membrana e dissolução nuclear. • Morte celular. Com a persistência do dano, a lesão torna-se irreversível e, com o tempo, a célula não pode se recuperar e morre. Existem dois tipos de morte celular — necrose e apoptose — que diferem em suas morfologias, mecanismos e papéis na fisiologia e na doença (Fig. 1-6 e Tabela 1-1). Quando o dano às membranas é acentuado, as enzimas extravasam dos lisossomos, entram no citoplasma e digerem a célula, resultando em necrose. Os conteúdos celulares também extravasam através da membrana plasmática lesada e iniciam uma reação (inflamatória) no hospedeiro. A necrose é a principal via de morte celular em muitas lesões comumente encontradas, como as que resultam de isquemia, de exposição a toxinas, várias infecções e trauma. Quando a célula é privada de fatores de crescimento ou quando o DNA celular ou as proteínas são danificadas sem reparo, a célula se suicida por outro tipo de morte, chamado apoptose, que é caracterizada pela dissolução nuclear sem a perda da integridade da membrana. Enquanto a necrose constitui sempre um processo patológico, a apoptose auxilia muitas funções normais e não está necessariamente associada à lesão celular patológica. Além disso, a apoptose, em certos papéis fisiológicos, não desencadeia uma resposta inflamatória. As características morfológicas, os mecanismos e o significado dessas duas vias de morte celular são discutidos em mais detalhes nas próximas seções. A lesão celular reversível ocorre quando a célula agredida pelo estímulo nocivo sofre alterações funcionais e morfológicas, porém mantém-se viva, recuperando-se quando o estímulo nocivo é retirado ou cessa. As duas principais características morfológicas da lesão celular reversível são a tumefação celular e a degeneração gordurosa. A tumefação celular é resultado da falência das bombas de íons dependentes de energia na membrana plasmática, levando a uma incapacidade de manter a homeostasia iônica e líquida. A degeneração gordurosa ocorre na lesão hipóxica e em várias formas de lesão metabólica ou tóxica e manifesta- se pelo surgimento de vacúolos lipídicos, grandes ou pequenos, no citoplasma. A tumefação celular é a primeira manifestação de quase todas as formas de lesão celular (Fig. 1-8, B). É uma alteração morfológica reversível, de difícil observação na microscopia óptica, podendo ser mais visível ao nível do órgão inteiro. Quando afeta muitas células em um órgão, causa alguma palidez (resultante da compressão dos capilares), aumento do turgor e aumento do peso do órgão. O exame microscópico pode revelar pequenos vacúolos claros dentro do citoplasma que representam segmentos distendidos e separados do retículo endoplasmático. Esse padrão de lesão não letal às vezes é chamado de alteração hidrópica ou degeneração vacuolar. A degeneração gordurosa é manifestada pela presença de vacúolos lipídicos no citoplasma. Ela é encontrada principalmente em células que participam do metabolismo da gordura (p. ex., hepatócitos e células miocárdicas) e também é reversível. As células lesadas podem exibir também coloração eosinofílica que se torna muito mais pronunciada com a progressão para a necrose. As alterações intracelulares associadas a lesão reversível (Fig. 1-6) incluem: (1) alterações na membrana plasmática, como bolhas, apagamento ou distorção das microvilosidades e perda das adesões intercelulares; (2) alterações mitocondriais, como tumefação e presença de densidades amorfas ricas em fosfolipídios; (3) dilatação do RE com destacamento dos ribossomos e dissociação dos polissomos; (4) alterações nucleares, com condensação da cromatina. O citoplasma pode conter massas fosfolipídicas, conhecidas como figuras de mielina, derivadas das membranas celulares lesadas. A lesão celular é irreversível quando a célula se torna incapaz de recuperar-se depois de cessada a agressão, caminhando para a morte celular. Os desarranjos celulares da lesão reversível podem ser reparados e, se o estímulo nocivo cessa, a célula retorna à sua normalidade. Entretanto, a lesão persistente ou excessiva faz com que as células passem do nebuloso “ponto de não retorno” para lesão irreversível e morte celular. Os eventos que determinam quando a lesão reversível torna-se irreversível e progride para a morte celular permanecem pouco compreendidos. A relevância clínica dessa questão é óbvia; se as alterações bioquímicas e moleculares que antecipam a morte celular puderem ser identificadas com precisão, é possível traçar estratégias para prevenir a transição de lesão celular reversível para irreversível. Embora não existam correlações morfológicas ou bioquímicas definitivas da irreversibilidade, dois fenômenos caracterizam consistentemente a irreversibilidade: a incapacidade de reverter a disfunção mitocondrial (perda da fosforilação oxidativa e geração de ATP) mesmo depois da resolução da lesão original e os profundos distúrbios na função da membrana. Como mencionado anteriormente, a lesão nas membranas lisossômicas leva à dissolução enzimática da célula lesada, que é a característica da necrose. Os diferentes estímulos nocivos já mencionados induzem a morte por necrose ou por apoptose (Fig. 1-6 e Tabela 1-1). A seguir descrevemos a morfologia da lesão celular reversível e da necrose. 3. CITAR AS LINHAS DE DEFESA DO ORGANISMO AOS AGENTES AGRESSORES (QUÍMICOS, FÍSICOS, BIOLÓGICOS E PSICOSSOCIAIS). PRIMEIRA LINHA DE DEFESA: PELE E TÚNICAS MUCOSAS FATORES FÍSICOS Epiderme da pele: Forma uma barreira física à entrada de microrganismos. Túnicas mucosas Inibem a entrada de muitos microrganismos, mas não são tão efetivas quanto a pele intacta. Muco: Retém microrganismos nos sistemas respiratório e digestório. Pelos: Filtram microrganismos epoeira no nariz. Cílios Juntamente com o muco, interceptam e removem microrganismos e poeira das vias respiratórias superiores. Aparelho Lacrimal: As lágrimas diluem e “lavam” substâncias irritantes e microrganismos. Saliva: Lava microrganismos das superfícies dos dentes e túnicas mucosas da boca. Urina: Expulsa microrganismos da uretra. Defecação e Vômitos: Expulsam microrganismos do corpo. FATORES QUÍMICOS Sebo: Forma uma película ácida protetora sobre a superfície da pele que inibe o crescimento de muitos microrganismos. Lisozima: Intensifica os efeitos das interferonas; inibe o crescimento de alguns microrganismos; acelera a reação do corpo que auxilia no reparo. Suco gástrico: Destrói as bactérias e a maior parte das toxinas no estômago. Secreções vaginais: A leve acidez desestimula o crescimento bacteriano; expulsa microrganismos da vagina. SEGUNDA LINHA DE DEFESA: DEFESAS INTERNAS SUBSTÂNCIAS ANTIMICROBIANAS Interferonas (IFN): Protegem as células hospedeiras não infectadas da infecção viral. Sistema Complemento: Provoca a citólise dos microrganismos; promove a fagocitose; contribui para a inflamação. Proteínas de ligação ao ferro: Inibem o crescimento de determinadas bactérias, reduzindo a quantidade de ferro disponível. Proteínas antimicrobianas (PAM): Têm atividade antimicrobiana de largo espectro e atraem células dendríticas e mastócitos. Células NK: Matam células-alvo infectadas pela liberação de grânulos contendo perforina e granzimas; os fagócitos então matam os microrganismos liberados. Fagócitos: “Ingerem” partículas estranhas. Infamação: Confina e destrói micróbios; inicia o reparo tecidual. Febre: Intensifica os efeitos das interferonas; inibe o crescimento de alguns microrganismos; acelera a reação do corpo que auxilia no reparo. 4. CONCEITUAR AS DIFERENTES LINHAS DE DEFESA CONTRA OS AGENTES AGRESSORES (BARREIRAS, RESPOSTA INATA E ADAPTATIVA). IMUNIDADE INATA A imunidade inata (inespecífica) inclui as barreiras físicas e químicas externas fornecidas pela pele e pelas túnicas mucosas. Inclui também várias defesas internas, como as substâncias antimicrobianas, as células NK, os fagócitos, a inflamação e a febre. PRIMEIRA LINHA DE DEFESA | PELE E TÚNICAS MUCOSAS A pele e as túnicas mucosas do corpo são a primeira linha de defesa contra patógenos. Essas estruturas fornecem tanto barreiras físicas quanto químicas que dissuadem patógenos e substâncias estranhas de penetrar no corpo e causar doenças. Com suas muitas camadas de células queratinizadas bem unidas, a camada epitelial externa da pele – a epiderme – fornece uma extraordinária barreira física à entrada de microrganismos (ver Figura 5.1). Além disso, a disseminação periódica de células epidérmicas ajuda a remover os microrganismos da superfície da pele. As bactérias raramente penetram na superfície intacta da epiderme saudável. Contudo, se esta superfície for rompida por cortes, queimaduras ou perfurações, agentes patogênicos podem penetrar na epiderme e invadir tecidos adjacentes ou circular no sangue até outras partes do corpo. A camada epitelial das túnicas mucosas, que reveste as cavidades do corpo, secreta um líquido chamado de muco que lubrifica e umedece a superfície da cavidade. Como o muco é um pouco viscoso, retém muitos microrganismos e substâncias estranhas. A túnica mucosa do nariz tem pelos revestidos de muco que aprisionam e filtram microrganismos, poeira e poluentes do ar inalado. A túnica mucosa das vias respiratórias superiores contém cílios, projeções microscópicas piliformes na superfície das células epiteliais. A ação de ondulação dos cílios impulsiona a poeira inalada e os microrganismos que ficam presos no muco em direção à garganta. A tosse e os espirros aceleram a expulsão do muco e de seus patógenos aprisionados do corpo. A deglutição do muco envia os agentes patogênicos para o estômago, onde o suco gástrico os destrói. Outros líquidos produzidos por vários órgãos também ajudam a proteger as superfícies epiteliais da pele e túnicas mucosas. O aparelho lacrimal dos olhos (ver Figura 17.6) produz e drena as lágrimas em resposta a substâncias irritantes. O piscar espalha as lágrimas sobre a superfície do bulbo do olho e a ação contínua de lavagem das lágrimas ajuda a diluir microrganismos e a impedir que eles se fixem à superfície do olho. As lágrimas também contêm lisozima, uma enzima capaz de quebrar as paredes celulares das bactérias. Além das lágrimas, a lisozima é encontrada na saliva, no suor, nas secreções nasais e nos líquidos teciduais. A saliva, produzida pelas glândulas salivares, “lava” os microrganismos das superfícies dos dentes e da túnica mucosa da boca, de modo semelhante a como as lágrimas lavam os olhos. O fluxo de saliva reduz a colonização da boca por microrganismos. A limpeza da uretra pelo fluxo de urina retarda a colonização microbiana do sistema urinário. As secreções vaginais igualmente movem os microrganismos para fora do corpo nas mulheres. A defecação e o vômito também expulsam microrganismos. Por exemplo, em resposta a algumas toxinas microbianas, a musculatura lisa da parte baixa do sistema digestório se contrai vigorosamente; a diarreia resultante expele rapidamente muitos dos microrganismos. Determinados produtos químicos também contribuem para o elevado grau de resistência da pele e das túnicas mucosas à invasão microbiana. As glândulas sebáceas da pele secretam uma substância oleosa chamada sebo, que forma uma película de proteção sobre a superfície da pele. Os ácidos graxos insaturados do sebo inibem o crescimento de determinadas bactérias e fungos patogênicos. A acidez da pele (pH de 3 a 5) é causada em parte pela secreção de ácidos graxos e ácido láctico. A transpiração ajuda a eliminar os microrganismos da superfície da pele. O suco gástrico, produzido pelas glândulas gástricas, é uma mistura de ácido clorídrico, enzimas e muco. A forte acidez do suco gástrico (pH 1,2 a 3,0) destrói muitas bactérias e a maior parte das toxinas bacterianas. As secreções vaginais também são discretamente ácidas, o que inibe o crescimento bacteriano. SEGUNDA LINHA DE DEFESA | DEFESAS INTERNAS Quando os patógenos penetram as barreiras físicas e químicas da pele e túnicas mucosas, se deparam com uma segunda linha de defesa: as substâncias antimicrobianas internas, os fagócitos, as células NK, a inflamação e a febre. Substâncias antimicrobianas Existem quatro tipos principais de substâncias antimicrobianas que inibem o crescimento microbiano: interferonas, complemento, proteínas de ligação ao ferro e proteínas antimicrobianas. 1. Os linfócitos, macrófagos e fibroblastos infectados com vírus produzem proteínas chamadas interferonas (IFN). Uma vez liberadas por células infectadas por vírus, as IFN se difundem para as células vizinhas não infectadas, onde induzem à síntese de proteínas antivirais que interferem na replicação viral. Embora a IFN não impeça que os vírus se fixem e penetrem nas células hospedeiras, eles interrompem sua replicação. Os vírus só causam doença se conseguirem se replicar dentro das células do corpo. A IFN é uma importante defesa contra a infecção por muitos vírus diferentes. Os três tipos de interferonas são IFN alfa, IFN beta e IFN gama. 2. Um grupo de proteínas normalmente inativas no plasma sanguíneo e nas membranas plasmáticas compõe o sistema complemento. Quando ativadas, essas proteínas “complementam” ou melhoram determinadas reações imunológicas (ver seção 22.6). O sistema complemento provoca citólise de microrganismos, promove a fagocitose e contribui para a inflamação. 3. As proteínas de ligação ao ferro inibem o crescimento de determinadas bactérias,reduzindo a quantidade de ferro disponível. Exemplos incluem a transferrina (encontrada no sangue e nos líquidos teciduais), a lactoferrina (encontrada no leite, na saliva e no muco), a ferritina (encontrada no fígado, no baço e na medula óssea) e a hemoglobina (encontrada nos eritrócitos). 4. As proteínas antimicrobianas (PAM) são peptídios curtos que têm um largo espectro de atividade antimicrobiana. Exemplos de PAM são a dermicidina (produzida pelas glândulas sudoríferas), as defensinas e catelicidinas (produzidas por neutrófilos, macrófagos e epitélios) e a trombocidina (produzida pelasplaquetas). Além de matar uma vasta gama de microrganismos, as PAM podem atrair células dendríticas e mastócitos, que participam das respostas imunes. Curiosamente, os microrganismos expostos à PAM não parecem desenvolver resistência, como muitas vezes acontece com os antibióticos. Células NK e fagócitos Quando microrganismos penetram na pele e nas túnicas mucosas ou passam pelas substâncias antimicrobianas do sangue, a próxima defesa inespecífica consiste nas células NK e fagócitos. Aproximadamente 5 a 10% dos linfócitos do sangue são células NK (natural killer). Elas também são encontradas no baço, nos linfonodos e na medula óssea. As células NK não apresentam moléculas de membrana que identificam os linfócitos B e T, mas têm a capacidade de matar uma vasta variedade de células infectadas do corpo e algumas células tumorais. As células NK atacam as células do corpo que apresentam proteínas de membrana plasmática anormais ou incomuns. A ligação das células NK a uma célula alvo, como uma célula humana infectada, provoca a liberação de grânulos que contêm substâncias tóxicas das células NK. Alguns grânulos contêm uma proteína chamada perforina, que se insere na membrana plasmática da célula alvo e cria canais na membrana. Como resultado, o líquido extracelular flui para a célula alvo e a célula explode, em um processo chamado de citólise. Outros grânulos de células NK liberam granzimas, que são enzimas que digerem as proteínas que induzem as célula alvo à apoptose, ou autodestruição. Este tipo de ataque mata as células infectadas, mas não os microrganismos intracelulares; os microrganismos liberados, os quais podem ou não estar intactos, podem ser destruídos pelos fagócitos. Os fagócitos são células especializadas que realizam a fagocitose, a ingestão de microrganismos ou outras partículas como os restos celulares (ver Figura 3.13). Os dois tipos principais de fagócitos são os neutrófilos e os macrófagos. Quando ocorre uma infecção, os neutrófilos e monócitos migram para a área infectada. Durante essa migração, os monócitos aumentam de tamanho e se desenvolvem em macrófagos ativamente fagocíticos chamados macrófagos errantes. Outros macrófagos, chamados de macrófagos fixos, montam guarda em tecidos específicos. Entre os macrófagos fixos estão os histiócitos (macrófagos do tecido conjuntivo), as células reticuloendoteliais estreladas no fígado, macrófagos alveolares nos pulmões, células microgliais no sistema nervoso e macrófagos teciduais no baço, nos linfonodos e na medula óssea. Além de ser um mecanismo da defesa inata, a fagocitose desempenha um papel vital na imunidade adaptativa, como discutido mais adiante neste capítulo. A fagocitose ocorre em cinco fases: quimiotaxia, aderência, ingestão, digestão e morte (Figura 22.9): 1. Quimiotaxia. A fagocitose começa com a quimiotaxia, um movimento estimulado quimicamente dos fagócitos para um local de dano. Os produtos químicos que atraem os fagócitos poderiam vir de microrganismos invasores, leucócitos, células teciduais danificadas ou proteínas do complemento ativadas. 2. Aderência. A fixação do fagócito ao microrganismo ou outro material estranho é denominada aderência. A ligação de proteínas do complemento ao agente patogênico invasor aumenta a aderência. 3. Ingestão. A membrana plasmática do fagócito estende projeções, chamadas pseudópodos, que engolfam o microrganismo em um processo chamado de fagocitose. Quando os pseudópodos se encontram, eles se fundem, envolvendo o microrganismo em uma bolsa chamada de fagossomo. 4. Digestão. O fagossomo entra no citoplasma e se funde aos lisossomos para formar uma estrutura única e maior chamada fagolisossomo. O lisossomo auxilia a lisozima, que quebra as paredes celulares microbianas, e outras enzimas digestivas que degradam carboidratos, proteínas, lipídios e ácidos nucleicos. O fagócito também forma oxidantes letais, como ânion superóxido (O2–), ânion hipoclorito (OCl–) e peróxido de hidrogênio (H2O2), em um processo chamado de explosão oxidativa. 5. Morte. O ataque químico fornecido pela lisozima, pelas enzimas digestivas e pelos oxidantes dentro de um fagolisossomo mata rapidamente muitos tipos de microrganismos. Qualquer material que não pode ser degradado permanece em estruturas chamadas corpos residuais. IMUNIDADE ADAPTATIVA A capacidade do corpo de se defender contra agentes invasores específicos, como bactérias, toxinas, vírus e tecidos estranhos, é chamada de imunidade adaptativa (específica). As substâncias que são reconhecidas como estranhas e provocam respostas imunes são chamadas antígenos (Ag). Duas propriedades distinguem a imunidade adaptativa da imunidade inata: (1) especificidade para determinadas moléculas estranhas (antígenos), que também envolve a distinção entre moléculas suas e não suas, e (2) memória para a maior parte dos antígenos encontrados previamente, de modo que um segundo contato pede uma resposta ainda mais rápida e vigorosa. O ramo da ciência que lida com as respostas do corpo quando desafiado por antígenos é chamado imunologia. O sistema imune inclui as células e tecidos que realizam respostas imunes. Maturação dos linfócitos T e linfócitos B A imunidade adaptativa envolve linfócitos chamados linfócitos B e linfócitos T. Ambos se desenvolvem nos órgãos linfáticos primários (medula óssea e timo) a partir das célulastronco pluripotentes que se originam na medula óssea (ver Figura 19.3). Os linfócitos B completam o seu desenvolvimento na medula óssea, um processo que continua ao longo da vida. Os linfócitos T se desenvolvem a partir das células pré-T que migram da medula óssea para o timo, onde amadurecem (Figura 22.11). A maior parte dos linfócitos T surge antes da puberdade, mas continua a amadurecer e deixa o timo ao longo da vida. Os linfócitos B e linfócitos T são nomeados de acordo com o local em que amadurecem. Nas aves, os linfócitos B se maturam em um órgão chamado de bolsa cloacal. Embora este órgão não esteja presente em seres humanos, o termo linfócito B ainda é utilizado, mas a letra B significa bolsaequivalente, que é a medula óssea, uma vez que este é o local nos seres humanos em que os linfócitos B se maturam. Os linfócitos T são assim chamados porque amadurecem no timo. Antes de os linfócitos T deixarem o timo ou de os linfócitos B saírem da medula óssea, eles desenvolvem imunocompetência, a capacidade de realizar respostas imunes adaptativas. Isto significa que os linfócitos B e os linfócitos T começam a produzir várias proteínas distintas que são inseridas em suas membranas plasmáticas. Algumas destas proteínas funcionam como receptores de antígeno – moléculas capazes de reconhecer antígenos específicos (Figura 22.11). Existem dois tipos principais de linfócitos T maduros que saem do timo: os linfócitos T auxiliares e os linfócitos T citotóxicos (Figura 22.11). Os linfócitos T auxiliares são também conhecidos como linfócitos T CD4 positivos, o que significa que, além dos receptores de antígeno, suas membranas plasmáticas incluem uma proteína chamada CD4. Os linfócitos T citotóxicos são também chamados de linfócitos T CD8 positivos, poissuas membranas plasmáticas não contêm apenas os receptores de antígeno, mas também uma proteína conhecida como CD8. Como veremos mais adiante neste capítulo, estes dois tipos de linfócitos T têm funções muito diferentes. TIPOS DE IMUNIDADE ADAPTATIVA Existem dois tipos de imunidade adaptativa: a imunidade celular e a imunidade humoral. Ambos os tipos são desencadeados por antígenos. Na imunidade celular, os linfócitos T citotóxicos atacam diretamente os antígenos invasores. Na imunidade humoral, os linfócitos B se transformam em plasmócitos, que sintetizam e secretam proteínas específicas chamadas anticorpos (Ac) ou imunoglobulinas (Ig). Um dado anticorpo pode se ligar a um antígeno específico e inativa-lo. Os linfócitos T auxiliares ajudam nas respostas imunes, tanto celular quanto humoral. A imunidade celular é particularmente efetiva contra (1) agentes patogênicos intracelulares, que incluem quaisquer tipos de vírus, bactérias ou fungos que estejam no interior das células; (2) algumas células cancerígenas e (3) tecidos transplantados. Assim, a imunidade celular sempre envolve células que atacam células. A imunidade humoral atua principalmente contra microrganismos patogênicos extracelulares, os quais incluem vírus, bactérias ou fungos que estejam nos líquidos corporais fora das células. Uma vez que a imunidade humoral envolve anticorpos que se ligam a antígenos em humores ou líquidos corporais (como sangue e linfa), ela recebe este nome. Na maior parte dos casos, quando um antígeno específico entra pela primeira vez no corpo, existe apenas um pequeno grupo de linfócitos com os receptores de antígenos corretos para responder a esse antígeno; este pequeno grupo de células inclui alguns linfócitos T auxiliares, linfócitos T citotóxicos e linfócitos B. Dependendo da sua localização, um dado antígeno pode provocar ambos os tipos de respostas imunes adaptativas. Isto se deve ao fato de que quando um antígeno específico invade o corpo, geralmente há muitas cópias desse antígeno espalhadas pelos tecidos e líquidos do corpo. Algumas cópias do antígeno podem ser encontradas no interior de células (o que provoca uma resposta imune celular dos linfócitos T citotóxicos), enquanto outras cópias do antígeno podem estar presentes no líquido extracelular (o que provoca uma resposta imune humoral dos linfócitos B). Assim, as respostas imunes celular e humoral frequentemente atuam em conjunto para eliminar do corpo a grande quantidade de cópias de um antígeno específico. SELEÇÃO CLONAL | O PRINCÍPIO Como você acabou de ver, quando um antígeno específico está presente no corpo, geralmente há muitas cópias desse antígeno localizadas nos tecidos e líquidos do corpo. As inúmeras cópias do antígeno inicialmente superam o pequeno grupo de linfócitos T auxiliares, linfócitos T citotóxicos e linfócitos B com os receptores de antígenos corretos para responder a esse antígeno. Por conseguinte, quando cada um destes linfócitos encontra uma cópia do antígeno e recebe sinais estimulatórios, ele subsequentemente sofre seleção clonal. A seleção clonal é o processo pelo qual um linfócito prolifera e se diferencia em resposta a um antígeno específico. O resultado da seleção clonal é a formação de uma população de células idênticas, chamada clone, que é capaz de reconhecer o mesmo antígeno específico que o linfócito original (Figura 22.11). Antes da primeira exposição a um determinado antígeno, apenas alguns linfócitos são capazes de reconhece-lo, mas uma vez que a seleção clonal ocorre, existem milhares de linfócitos que podem responder a esse antígeno. A seleção clonal dos linfócitos ocorre nos órgãos e tecidos linfáticos secundários. O aumento de tamanho das tonsilas ou dos linfonodos em seu pescoço que você apresentou da última vez que esteve doente provavelmente foi causado pela seleção clonal dos linfócitos que participam de uma resposta imune. Um linfócito que sofre seleção clonal dá origem a dois tipos principais de células no clone: as células efetoras e as células de memória. Os milhares de células efetoras de um clone de linfócito realizam respostas imunes que por fim resultam na destruição ou inativação do antígeno. As células efetoras incluem os linfócitos T auxiliares ativos, que fazem parte de um clone de linfócito T auxiliar; os linfócitos T citotóxicos ativos, que fazem parte de um clone de linfócitos T citotóxicos; e os plasmócitos, que são parte de um clone de linfócitos B. A maior parte das células efetoras por fim morre, depois de a resposta imune ter sido concluída. As células de memória não participam ativamente da resposta imune inicial ao antígeno. No entanto, se o mesmo antígeno entrar no corpo novamente no futuro, os milhares de células de memória de um clone de linfócitos estão disponíveis para iniciar uma reação muito mais rápida do que a que ocorreu durante a primeira invasão. As células de memória respondem ao antígeno proliferando e diferenciando-se em mais células efetoras e mais células de memória. Consequentemente, a segunda resposta ao antígeno normalmente é tão rápida e vigorosa que o antígeno é destruído antes que quaisquer sinais ou sintomas de doença possam surgir. As células de memória incluem os linfócitos T auxiliares de memória, que são parte de um clone de linfócito T auxiliar; os linfócitos T citotóxicos de memória, que são parte de um clone de linfócitos T citotóxicos; e os linfócitos B de memória, que são parte de um clone de linfócitos B. A maior parte das células de memória não morre ao término de uma resposta imune. Em vez disso, têm expectativa de vida longa (muitas vezes com duração de décadas). As funções das células efetoras e células de memória são descritas em mais detalhes mais adiante neste capítulo. ANTÍGENOS E RECEPTORES DE ANTÍGENOS Os antígenos têm duas características importantes: imunogenicidade e reatividade. A imunogenicidade é a capacidade de provocar uma resposta imune, estimulando a produção de anticorpos específicos, a proliferação de linfócitos T específicos, ou ambos. O termo antígeno deriva de sua função como um gerador de anticorpo. A reatividade é a capacidade do antígeno de reagir especificamente aos anticorpos ou células que o provocaram. Estritamente falando, os imunologistas definem os antígenos como substâncias que têm reatividade; as substâncias que têm tanto imunogenicidade quanto reatividade são consideradas antígenos completos. Vulgarmente, no entanto, o termo antígeno implica tanto a imunogenicidade quanto a reatividade, e nós utilizamos a palavra deste modo. Microrganismos inteiros ou partes de microrganismos podem atuar como antígenos. Componentes químicos de estruturas bacterianas, como flagelos, cápsulas e paredes celulares, são antigênicos, como o são as toxinas bacterianas. Exemplos não microbianos de antígenos incluem os componentes químicos do pólen, clara de ovo, células sanguíneas incompatíveis e tecidos e órgãos transplantados. A enorme variedade de antígenos no ambiente proporciona inúmeras oportunidades para provocar respostas imunológicas. Normalmente, apenas partes pequenas específicas de uma grande molécula de antígeno atuam como gatilhos para as respostas imunes. Estas pequenas partes são chamadas de epítopos, ou determinantes antigênicos (Figura 22.12). A maior parte dos antígenos tem muitos epítopos, cada um dos quais induz à produção de um anticorpo específico ou ativa um linfócito T específico. Os antígenos que ultrapassaram as defesas inatas geralmente seguem uma de três vias até o tecido linfático: (1) a maior parte dos antígenos que entra na corrente sanguínea (p. ex., por meio de um vaso sanguíneo lesionado) é aprisionada enquanto flui através do baço. (2) Os antígenos que penetram na pele entram nos vasoslinfáticos e se alojam nos linfonodos. (3) Os antígenos que penetram nas túnicas mucosas são aprisionados pelo tecido linfoide associado à mucosa (MALT). NATUREZA QUÍMICA DE ANTÍGENOS Os antígenos são moléculas grandes e complexas. Na maior parte das vezes, são proteínas. No entanto, ácidos nucleicos, lipoproteínas, glicoproteínas e determinados polissacarídios grandes também podem atuar como antígenos. Os antígenos completos geralmente têm grandes pesos moleculares, de 10.000 dáltons ou mais; porém, moléculas grandes que têm subunidades simples e repetitivas – como por exemplo a celulose e a maior parte dos plásticos – geralmente não são antigênicas. É por isso que materiais de plástico podem ser usados em valvas cardíacas protéticas ou próteses articulares. Uma substância que tem menor reatividade, mas sem imunogenicidade, é denominada um hapteno. Um hapteno pode estimular uma resposta imune apenas se estiver acoplado a uma molécula transportadora maior. Um exemplo é a pequena toxina lipídica da hera venenosa, que desencadeia uma resposta imune após combinação com uma proteína do corpo. Do mesmo modo, alguns medicamentos, como a penicilina, podem se combinar a proteínas do corpo para formar complexos imunogênicos. Estas respostas imunológicas estimuladas pelo hapteno são responsáveis por algumas reações alérgicas a medicamentos e outras substâncias do ambiente (ver Distúrbios | Desequilíbrios homeostáticos no final do capítulo). Como regra geral, os antígenos são substâncias estranhas; eles geralmente não fazem parte dos tecidos do corpo. No entanto, às vezes, o sistema imunológico não é capaz de distinguir o “self” (próprio) do “não self” (não próprio). O resultado é uma doença autoimune (ver Distúrbios | Desequilíbrios homeostáticos no final do capítulo), em que moléculas ou células do indivíduo são atacadas como se fossem estranhas. DIVERSIDADE DOS RECEPTORES DE ANTÍGENO Uma característica surpreendente do sistema imunológico humano é a sua capacidade de reconhecer e se ligar a pelo menos um bilhão (109) de epítopos diferentes. Antes de um antígeno específico entrar no corpo, linfócitos T e linfócitos B que podem reconhecer e responder ao intruso estão prontos e à espera. As células do sistema imunológico podem até mesmo reconhecer moléculas produzidas artificialmente que não existem na natureza. A base para a capacidade de reconhecer tantos epítopos é uma diversidade igualmente grande de receptores de antígeno. Dado que as células humanas contêm apenas aproximadamente 35 mil genes, como 1 bilhão ou mais de receptores de antígeno diferentes podem enfim ser produzidos? A resposta a este enigma acabou se revelando simples por conceito. A diversidade de receptores de antígeno nos linfócitos B e nos linfócitos T é decorrente do embaralhar e rearranjar de algumas centenas de versões de vários segmentos de pequenos genes. Este processo é chamado de recombinação genética. Os segmentos de genes são unidos em diferentes combinações conforme os linfócitos estão se desenvolvendo a partir das célulastronco da medula óssea e do timo. A situação é semelhante a quando se embaralha um baralho de 52 cartas e, em seguida, distribui três cartas. Se você fizer isso repetidamente, pode produzir muito mais do que 52 conjuntos diferentes de três cartas. Por causa da recombinação genética, cada linfócito B ou linfócito T tem um conjunto único de segmentos de gene que codifica para um receptor de antígeno único. Após a transcrição e a tradução, as moléculas receptoras são inseridas na membrana plasmática. ANTÍGENOS DO COMPLEXO PRINCIPAL DE HISTOCOMPATIBILIDADE Localizados na membrana plasmática das células do corpo estão os “autoantígenos”, os antígenos do complexo principal de histocompatibilidade (MHC). Estas glicoproteínas transmembrana são também chamadas de antígenos leucocitários humanos (HLA), porque foram primeiramente identificadas em leucócitos. A menos que você tenha um irmão gêmeo idêntico, seus antígenos do MHC são únicos. Milhares de moléculas de MHC marcam a superfície de cada uma das células do seu corpo, exceto os eritrócitos. Embora os antígenos do MHC sejam o motivo de os tecidos serem rejeitados quando são transplantados de uma pessoa para outra, sua função normal é ajudar os linfócitos T a reconhecer que um antígeno é estranho, não próprio. Este reconhecimento é um primeiro passo importante em qualquer resposta imune adaptativa. Os dois tipos de antígenos do complexo principal de histocompatibilidade são os de classe I e classe II. As moléculas do MHC de classe I (MHCI) são construídas nas membranas plasmáticas de todas as células do corpo, exceto os eritrócitos. As moléculas do MHC de classe II (MHCII) aparecem na superfície das células apresentadoras de antígeno (descritas na seção seguinte). VIAS DO PROCESSAMENTO DE ANTÍGENOS Para que uma resposta imune ocorra, os linfócitos B e os linfócitos T devem reconhecer que um antígeno estranho está presente. Os linfócitos B podem reconhecer e se ligar a antígenos na linfa, líquido intersticial ou plasma sanguíneo. Os linfócitos T reconhecem apenas fragmentos de proteínas antigênicas que são processados e apresentados de uma determinada maneira. No processamento do antígeno, as proteínas antigênicas são divididas em fragmentos peptídicos que, em seguida, se associam a moléculas do MHC. Em seguida, o complexo antígeno MHC é inserido na membrana plasmática de uma célula do corpo. A inserção do complexo na membrana plasmática é chamada de apresentação do antígeno. Quando um fragmento de peptídio vem de uma autoproteína, os linfócitos T ignoram o complexo antígenoMHC. No entanto, se o fragmento de peptídio vem de uma proteína estranha, os linfócitos T reconhecem o complexo antígeno MHC como um intruso, e ocorre uma resposta imune. O processamento e apresentação de antígenos ocorrem de duas maneiras, dependendo de o antígeno estar localizado no exterior ou no interior das células. PROCESSAMENTO DE ANTÍGENOS EXÓGENOS Antígenos estranhos existentes nos líquidos corporais fora das células são denominados antígenos exógenos. Eles incluem invasores como bactérias e toxinas bacterianas, helmintos, pólen e poeira inalados e vírus que ainda não infectaram uma célula do corpo. Uma classe especial de células chamadas células apresentadoras de antígeno (CAA) processam e apresentam os antígenos exógenos. As CAA incluem as células dendríticas, os macrófagos e os linfócitos B. Elas estão estrategicamente posicionadas em lugares onde os antígenos são suscetíveis de penetrar as defesas inatas e entrar no corpo, como a epiderme e a derme da pele (os macrófagos intraepidérmicos são um tipo de célula dendrítica); as túnicas mucosas que revestem os sistemas respiratório, digestório, urinário e genital; e os linfonodos. Após o processamento e apresentação de um antígeno, as CAA migram dos tecidos para os linfonodos por meio dos vasos linfáticos. As etapas do processamento e apresentação de um antígeno exógeno por uma célula apresentadora de antígeno ocorrem do seguinte modo (Figura 22.13): 1. Ingestão do antígeno. As células apresentadoras de antígenos ingerem os antígenos exógenos por fagocitose ou endocitose. A ingestão pode ocorrer em qualquer lugar do corpo em que invasores, como os microrganismos, tenham penetrado as defesas inatas. 2. Digestão do antígeno em fragmentos peptídicos. Dentro do endossoma ou fagossomo, enzimas que digerem proteínas dividem grandes antígenos em fragmentos peptídicos curtos. 3. Síntese de moléculas de MHCII. Ao mesmo tempo, a CAA sintetiza moléculas de MHCII no retículo endoplasmático (RE). 4. Envolvimento das moléculas de MHCII. Uma vez sintetizadas, as moléculas de MHCII são envolvidas em vesículas. 5. Fusãode vesículas. As vesículas contendo fragmentos peptídicos de antígenos e moléculas MHCII são misturadas e fundidas. 6. Ligação de fragmentos peptídicos a moléculas de MHCII. Depois da fusão dos dois tipos de vesículas, fragmentos peptídicos de antígeno se ligam a moléculas de MHCII. 7. Inserção dos complexos antígeno MHCII na membrana plasmática. A vesícula combinada que contém complexos antígenoMHCII sofre exocitose. Como resultado, os complexos antígenoMHCII são inseridos na membrana plasmática Depois de processar um antígeno, a célula apresentadora de antígeno migra para o tecido linfático para apresentar o antígeno aos linfócitos T. Dentro do tecido linfático, uma pequena quantidade de linfócitos T que tenha receptores com forma compatível reconhece e se liga ao complexo fragmento de antígeno MHCII, desencadeando uma resposta imune adaptativa. A apresentação do antígeno exógeno em conjunto com as moléculas de MHCII pelas células apresentadoras de antígenos informa os linfócitos T que invasores estão presentes no corpo e que uma ação combativa deve ser iniciada. PROCESSAMENTO DE ANTÍGENOS ENDÓGENOS Antígenos estranhos no interior das células do corpo são denominados antígenos endógenos. Estes antígenos podem ser proteínas virais produzidas depois que um vírus infecta a célula e assume seu aparato metabólico, toxinas produzidas por bactérias intracelulares, ou proteínas anormais sintetizadas por uma célula cancerígena. As etapas do processamento e apresentação de um antígeno endógeno por uma célula do corpo infectada ocorrem do seguinte modo (Figura 22.14): 1. Digestão de um antígeno em fragmentos peptídicos. Dentro da célula infectada, enzimas que digerem proteínas clivam o antígeno endógeno em fragmentos peptídicos curtos. 2. Síntese de moléculas MHCI. Ao mesmo tempo, a célula infectada sintetiza moléculas do MHCI no retículo endoplasmático (RE). 3. Ligação dos fragmentos peptídicos às moléculas do MHCI. Os fragmentos peptídicos de antígeno entram no RE e, em seguida, se ligam às moléculas do MHCI. 4. Envolvimento das moléculas de antígenoMHCI. A partir do RE, as moléculas de antígenoMHCI São envolvidas em vesículas. 5. Inserção de complexos antígeno MHCI na membrana plasmática. As vesículas que contêm complexos de antígeno MHCI sofrem exocitose. Como resultado, os complexos de antígeno MHCI são inseridos na membrana plasmática. A maior parte das células do corpo é capaz de processar e apresentar antígenos endógenos. A exibição de um antígeno endógeno ligado a uma molécula de MHCI sinaliza que uma célula foi infectada e precisa de ajuda. CITOCINAS As citocinas são pequenos hormônios proteicos que estimulam ou inibem muitas funções celulares normais, como o crescimento e a diferenciação celular. Os linfócitos e as células apresentadoras de antígeno secretam citocinas, assim como os fibroblastos, as células endoteliais, os monócitos, os hepatócitos e as células renais. Algumas citocinas estimulam a proliferação de células progenitoras do sangue na medula óssea. Outras regulam as atividades das células envolvidas nas defesas inatas ou respostas imunes adaptativas. 5. DESCREVER DETALHADAMENTE OS MECANISMOS DE INFLAMAÇÃO, RELACIONANDO-OS AOS SINAIS E SINTOMAS CARACTERÍSTICOS. INFLAMAÇÃO A inflamação é uma resposta de defesa não específica do organismo à lesão tecidual. Entre as condições que podem provocar inflamação estão patógenos, abrasões, irritações químicas, distorções ou distúrbios celulares, e temperaturas extremas. Os quatro sinais e sintomas característicos da inflamação são vermelhidão, dor, calor e edema. A inflamação também pode causar uma perda funcional no local da lesão (p. ex., a incapacidade de detectar sensações), dependendo da localização e extensão da lesão. A inflamação é uma tentativa de eliminar microrganismos, toxinas ou material estranho do local da lesão, evitar sua propagação para outros tecidos, e preparar o local para o reparo tecidual em uma tentativa de restaurar a homeostasia do tecido. Como a inflamação é um dos mecanismos de defesa inespecíficos do corpo, a resposta de um tecido a um corte é semelhante à resposta aos danos causados por queimaduras, radiação ou invasão bacteriana ou viral. Em cada caso, a resposta inflamatória tem três fases básicas: (1) vasodilatação e aumento da permeabilidade dos vasos sanguíneos, (2) migração dos fagócitos do sangue para o líquido intersticial e, por fim, (3) reparo tecidual. VASODILATAÇÃO E AUMENTO DA PERMEABILIDADE DOS VASOS SANGUÍNEOS. Duas alterações imediatas ocorrem nos vasos sanguíneos em uma região de lesão tecidual: dilatação das arteríolas e aumento da permeabilidade dos capilares (Figura 22.10). O aumento da permeabilidade significa que as substâncias normalmente retidas no sangue são autorizadas a sair dos vasos sanguíneos. A vasodilatação possibilita maior fluxo sanguíneo na área danificada, e o aumento da permeabilidade possibilita que as proteínas de defesa, como os anticorpos e fatores de coagulação, entrem na área da lesão provenientes do sangue. O aumento do fluxo sanguíneo também ajuda a eliminar toxinas microbianas e células mortas. Entre as substâncias que contribuem para a vasodilatação, aumento da permeabilidade e outros aspectos da resposta inflamatória estão: Histamina. Em resposta a uma lesão, os mastócitos no tecido conjuntivo e os basófilos e plaquetas no sangue liberam histamina. Os neutrófilos e macrófagos atraídos ao local da lesão também estimulam a liberação de histamina, que causa vasodilatação e aumento da permeabilidade dos vasos sanguíneos. Cininas. Polipeptídios formados no sangue a partir de precursores inativos chamados cininogênios (cininas) induzem vasodilatação e aumento da permeabilidade e servem como agentes quimiotáticos para os fagócitos. Um exemplo de cinina é a bradicinina. Prostaglandinas. As prostaglandinas (PG), especialmente aquelas da série E, são liberadas por células danificadas e intensificam os efeitos da histamina e das cininas. As PG também podem estimular a migração de fagócitos através das paredes dos capilares. Leucotrienos. Produzidos por basófilos e mastócitos, os leucotrienos (LT) causam aumento da permeabilidade; também atuam na adesão dos fagócitos aos patógenos e como agentes quimiotáticos que atraem os fagócitos. Complemento. Diferentes componentes do sistema complemento estimulam a liberação de histamina, atraem neutrófilos por quimiotaxia e promovem a fagocitose; alguns componentes também podem destruir bactérias. A dilatação das arteríolas e o aumento da permeabilidade dos capilares produzem três dos sinais e sintomas da inflamação: calor, vermelhidão (eritema) e tumefação (edema). O calor e a vermelhidão resultam da grande quantidade de sangue que se acumula na área danificada. À medida que a temperatura local sobe discretamente, as reações metabólicas decorrem mais rapidamente e liberam calor adicional. O edema resulta do aumento da permeabilidade dos vasos sanguíneos, que possibilita que mais líquido se mova do plasma sanguíneo para os espaços teciduais. A dor é o principal sintoma da inflamação. É decorrente da lesão dos neurônios e de produtos químicos tóxicos liberados por microrganismos. As cininas afetam algumas terminações nervosas, causando grande parte da dor associada à inflamação. As prostaglandinas intensificam e prolongam a dor associada à inflamação. A dor também pode ser decorrente do aumento da pressão pelo edema. O aumento da permeabilidade dos capilares possibilita o vazamento de fatores de coagulação do sangue para os tecidos. A cascata de coagulação é colocada em movimento, e o fibrinogênio é por fim convertido em uma malha espessa insolúvel de fios de fibrina que localiza e aprisionamicrorganismos invasores e bloqueia sua propagação. MIGRAÇÃO DOS FAGÓCITOS. Dentro de 1 h do início do processo inflamatório, os fagócitos aparecem em cena. Como grandes quantidades de sangue se acumulam, os neutrófilos começam a aderir à superfície interna do endotélio dos vasos sanguíneos (Figura 22.10). Em seguida, os neutrófilos começam a se espremer através da parede do vaso sanguíneo para alcançar a área danificada. Este processo, chamado de migração, depende da quimiotaxia. Os neutrófilos tentam destruir os microrganismos invasores por fagocitose. Um fluxo constante de neutrófilos é assegurado pela produção e liberação de células adicionais pela medula óssea. Esse aumento de leucócitos no sangue é chamado de leucocitose. Embora os neutrófilos predominem nas fases iniciais da infecção, eles morrem rapidamente. Conforme a resposta inflamatória continua, os monócitos seguem os neutrófilos em direção à área infectada. Uma vez no tecido, os monócitos se transformam em macrófagos errantes, que contribuem para a atividade fagocitária dos macrófagos fixos já presentes. Fiéis ao seu nome, os macrófagos são fagócitos muito mais potentes do que os neutrófilos. Eles são grandes o suficiente para engolfar o tecido danificado, os neutrófilos rompidos e os microrganismos invasores. Por fim, os macrófagos também morrem. Dentro de alguns dias, forma-se um bolsão de células fagocíticas mortas e tecidos danificados; esta coleção de células mortas e líquido é chamada de pus. A formação de pus ocorre na maior parte das respostas inflamatórias e geralmente continua até que a infecção desapareça. Às vezes, o pus alcança a superfície do corpo ou drena para dentro de uma cavidade interna e é dispersado; em outras ocasiões, o pus permanece mesmo depois de a infecção ter terminado. Neste caso, o pus é destruído gradualmente ao longo de um período de dias e é absorvido. FEBRE A febre consiste em uma temperatura anormalmente elevada do corpo que ocorre porque o termostato hipotalâmico é reconfigurado. Geralmente ocorre durante uma infecção e inflamação. Muitas toxinas bacterianas elevam a temperatura corporal, às vezes ao desencadear a liberação de citocinas que causam febre, como a interleucina1 dos macrófagos. A temperatura corporal elevada intensifica os efeitos das interferonas, inibe o crescimento de alguns microrganismos e acelera a reação do corpo que auxilia no reparo. 6. COMPREENDER O PROCESSO INFLAMATÓRIO COMO UMA DEFESA NATURAL E UM ESTÍMULO AOS FENÔMENOS DE REPARAÇÃO TECIDUAL. Já abordado no objetivo anterior. 7. ABORDAR TRATAMENTO DE QUEIMADURA 1º E 2º GRAUS. Queimaduras são lesões na pele provocadas geralmente pelo calor, mas também podem ser causadas pelo frio, determinados produtos químicos, radiações, eletricidade e até fricções. Podem atingir apenas a camada mais superficial da pele ou a mais profunda, comprometendo também músculos e ossos. As queimaduras podem ser leves ou profundas, pequenas ou extensas. A gravidade do quadro depende exatamente desses dois fatores: extensão e profundidade. Graus QUEIMADURAS DE PRIMEIRO GRAU Também chamada de queimadura superficial, são aquelas que envolvem apenas a epiderme, a camada mais superficial da pele. Os sintomas da queimadura de primeiro grau são intensa dor e vermelhidão local, mas com palidez na pele quando se toca. A lesão da queimadura de 1º grau é seca e não produz bolhas. Geralmente melhoram após 3 a 6 dias, podendo descamar, e não deixam sequelas. DRAUZIO VARELLA: Atingem a cama mais superficial da pele. A lesão apresenta rubor (aspecto avermelhado), calor e é dolorosa. Faça compressas frias nas primeiras horas após sua ocorrência. Não coloque pasta de dente ou manteiga em nenhuma hipótese. Use vaselina líquida para manter a queimadura hidratada. Tome analgésico, se necessário, e use filtro solar na região nos dias seguintes. QUEIMADURAS DE SEGUNDO GRAU As queimaduras de segundo grau são atualmente divididas em 2º grau superficial e 2º grau profundo. A queimadura de 2º grau superficial é aquela que envolve a epiderme e a porção mais superficial da derme. Os sintomas são os mesmos da queimadura de 1º grau incluindo ainda o aparecimento de bolhas e uma aparência úmida da lesão. A cura é mais demorada podendo levar até 3 semanas; não costuma deixar cicatriz mas o local da lesão pode ser mais claro. DRAUZIO VARELLA: Geram bolhas e muita dor. As bolhas devem ser drenadas, mas não retiradas, pois servem como curativos biológicos. Mas atenção: esse procedimento deve ser realizado por um médico. Após o rompimento das bolhas, o local, então, é limpo com água corrente e clorexitina. O curativo é feito geralmente com sulfadiazina de prata ou nitrato de cério. Após a cicatrização, use filtro solar para evitar manchas. As queimaduras de 2º grau profundas são aquelas que acometem toda a derme, sendo semelhantes às queimaduras de 3º grau. Como há risco de destruição das terminações nervosas da pele, este tipo de queimadura, que é bem mais grave, pode até ser menos doloroso que as queimaduras mais superficiais. As glândulas sudoríparas e os folículos capilares também podem ser destruídos, fazendo com a pele fique seca e perca seus pelos. A cicatrização demora mais que 3 semanas e costuma deixas cicatrizes. DRAUZIO VARELLA: Contra a intuição, elas são menos dolorosas. As bolhas são brancas e secas. O tratamento é semelhante ao das queimaduras de 3º grau. QUEIMADURAS DE TERCEIRO GRAU São as queimaduras profundas que acometem toda a derme e atinge tecidos subcutâneos, com destruição total de nervos, folículos pilosos, glândulas sudoríparas e capilares sanguíneos, podendo inclusive atingir músculos e estruturas ósseas. São lesões esbranquiçadas/acinzentadas, secas, indolores e deformantes que não curam sem apoio cirúrgico, necessitando de enxertos. DRAUZIO VARELLA: Apesar de acometerem todas as camadas da pele, são indolores porque destroem inclusive os nervos da região. Podem atingir os músculos e causar deformidades graves. Na maioria das vezes, há necessidade de internação hospitalar, pois em geral causam manifestações sistêmicas, como desequilíbrio dos níveis de sódio, potássio e/ou cálcio e desidratação; muitas vezes é preciso retirar os tecidos necrosados e realizar limpeza e enxertos. Se acometerem regiões como rosto, mãos, genitália, pés e vias aéreas superiores ou forem causadas por fontes elétricas – mesmo que aparentemente não haja nenhum sintoma -, procure imediatamente um serviço de emergência hospitalar. Queimaduras superficiais As primeiras providências após uma queimadura são esfriá-la e limpá-la. Comece com água corrente fria na lesão por até 15 minutos. Atenção: a água deve ser fria, não gelada. Nunca coloque gelo nas lesões, pois o mesmo também pode queimar a pele e agravar o quadro. Inicialmente não é preciso nenhum produto de limpeza específico, basta água e sabão simples. Não aplique nenhuma substância sobre a lesão, principalmente manteiga, óleos, pasta de dente, café, etc. Essas receitas caseiras para tratar queimaduras não funcionam, podem agravar a lesão e ainda aumentam o risco de infecção da ferida. Se a p/ele não estiver intacta, não aplique nenhuma substância que não tenha sido indicada por um médico. A imensa maioria das receitas caseiras contra queimadura fazem mais mal do que bem. Se a queimadura for simples, pequena e superficial, pode não ser necessário atendimento médico e, após o devido resfriamento e limpeza da ferida, pode-se aplicar um hidratante a base de Aloe Vera (babosa ou aloés) ou vaselina. Na maioria dos casos, as queimaduras de 1º grau saram espontaneamente após 3 a 6 dias. Queimaduras mais profundas Se a pele estiver danificada, envolva a lesão com
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