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SP 2 0 O BOLO QUEIMOU!!

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SP 2.1 – FICOU BOM, MAS 
QUEIMOU 
 
1. IDENTIFICAR OS POSSÍVEIS AGENTES 
AGRESSORES (QUÍMICOS, FÍSICOS, 
BIOLÓGICOS E PSICOSSOCIAIS) AO 
ORGANISMO E COMO AS LESÕES POR 
ELES CAUSADAS DESENCADEIAM O 
PROCESSO DE ADAPTAÇÃO, REPARAÇÃO 
OU MORTE CELULAR. 
 
AGENTES FÍSICOS 
Os agentes físicos causadores de lesão podem ser 
divididos em seis categorias: força mecânica ou 
trauma {abrasão (ferida provocada pelo arrancamento 
– por raspagem ou fricção), laceração (ruptura ou 
separação de tecidos pela aplicação de força excessiva 
de estiramento (pele) ou pela ação de um impacto 
externo (músculos, tendões ou vísceras), contusão 
(ferida provocada pela transmissão de impacto 
contundente através da pele e tecidos subjacentes, 
levando a ruptura de pequenos vasos com 
extravasamento de sangue para os tecidos), incisão 
(lesão mais extensa do que profunda produzida por um 
impacto de um instrumento de borda afiada que provoca 
rompimento das ligações de vasos sanguíneos) , 
perfuração (lesão mais profunda do que extensa 
produzida por um impacto de um instrumento 
pontiagudo, longo e estreito) e fratura (lesão 
caracterizada pela ruptura de tecido duro (ósseo ou 
cartilaginoso)}, variações de pressão atmosférica, 
variações de temperatura, correntes elétricas, 
radiações (ultrassom, por ex.) e ondas sonoras 
(ruídos). 
 
AGENTES QUÍMICOS 
Inúmeros agentes químicos são responsáveis por danos 
celulares, como os fármacos, as drogas de abuso e os 
poluenetes ambientais. 
São considerados agentes químicos as substâncias, 
compostos que possam penetrar no organismo pela via 
respiratória, nas formas de poeiras, fumos, névoas, 
neblinas, gases ou vapores, ou que, pela natureza da 
atividade de exposição, possam ter contato ou ser 
absorvidos pelo organismo através da pele ou por 
ingestão. 
 Os principais tipos de agentes químicos que atuam 
sobre o organismo humano, causando problemas de 
saúde, são: gases, vapores e névoas: aerodispersóides 
(poeiras e fumos metálicos). 
Enorme número de substâncias químicas que podem 
lesar as células é amplamente conhecido; mesmo 
substâncias inócuas, como glicose, o sal ou mesmo 
água, se absorvidas ou administradas em excesso podem 
perturbar o ambiente osmótico, resultando em lesão ou 
morte celular. Os agentes comumente conhecidos como 
venenos causam severos danos em nível celular por 
alterarem a permeabilidade da membrana, a 
homeostasia osmótica ou a integridade de uma enzima 
ou cofator. A exposição a esses venenos pode culminar 
em morte de todo o organismo. Outros agentes 
potencialmente tóxicos são encontrados diariamente no 
nosso ambiente; eles incluem poluentes do ar, 
inseticidas, CO, asbesto e os “estímulos” sociais, como 
o álcool. Mesmo as drogas terapêuticas podem causar 
lesão à célula ou ao tecido em paciente suscetível ou se 
usadas de modo excessivo ou inapropriado (Capítulo 7). 
Até mesmo o oxigênio em altas pressões parciais é 
tóxico. 
 
AGENTES BIOLÓGICOS 
Os agentes biológicos são micro-organismos (bactérias, 
fungos, protozoários, helmintos e ectoparasitos) que 
invadem um organismo hospedeiro produzindo danos 
teciduais e gerando diversas condições patológicas. De 
maneira geral, estes agentes podem provocar lesões 
teciduais através de três diferentes mecanismos : efeito 
direto, ação de toxinas e indução de resposta 
inflamatória). 
AGENTES PSICOSSOCIAIS 
De maneira bem sucinta, pode-se definir Agentes 
Psicossociais como eventos relacionados a vida 
cotidiana dos trabalhadores. Estes eventos possuem a 
potencialidade de provocar danos à saúde do 
trabalhador, à medida que afetam de forma direta 
a psique, ou seja, a mente humana. 
Dentre os Agentes Psicossociais mais comuns, têm-se: 
· Agentes ligados a qualidade de vida – Baixa 
qualidade e quantidade da alimentação, relações 
pessoais, falta de lazer, falta de acompanhamento 
médico e odontológico. 
· Agentes ligados ao trabalho – Baixos salários, 
condições de trabalho inadequadas, cobranças 
exacerbadas, longas jornadas, falta de reconhecimento 
profissional, falta de perspectiva de crescimento, etc. 
· Agentes ligados ao transporte (ida e volta ao 
trabalho) – Falta de conforto, tempo gasto nas viagens, 
engarrafamentos, vias em péssimas condições de 
conservação, etc. 
Os riscos psicossociais, fazem parte do conjunto de 
demandas existentes no quesito segurança do trabalho, 
que precisam ser enfrentados pelos gestores das 
organizações. Os agentes psicossociais possuem um 
impacto gigantesco na saúde do trabalhador, que acaba 
repercutindo na produtividade das organizações e com 
isto, na economia do país. 
Ninguém poderá esperar que um trabalhador que 
diariamente seja submetido às condições de agravo à 
saúde provocado por agentes psicossociais, consiga 
produzir de forma plena suas atividades. 
O trabalho é das principais atividades do ser humano, 
sendo que muitas vezes tornasse uma referencial de 
quem somos, contudo, o trabalhador não está protegido 
em seus direitos fundamentais. Considerar os agentes 
psicossociais como situações normais da vida cotidiana, 
não é uma atitude correta a ser tomada. A falta de 
qualidade de vida, afeta de forma significante a 
integridade física e emocional dos trabalhadores, e isto, 
por si só, acarreta prejuízos as empresas, provocados 
pelo afastamento do trabalho (licenças de INSS) e baixa 
produtividade. 
 
 ADAPTAÇÃO 
As adaptações são alterações reversíveis em número, 
tamanho, fenótipo, atividade metabólica ou das funções 
celulares em resposta às alterações no seu ambiente. As 
adaptações fisiológicas normalmente representam 
respostas celulares à estimulação normal pelos 
hormônios ou mediadores químicos endógenos (p. ex., 
o aumento da mama e do útero, induzido por hormônio, 
durante a gravidez). As adaptações patológicas são 
respostas ao estresse que permitem às células 
modularem sua estrutura e função escapando, assim, da 
lesão. Tais adaptações podem ter várias formas 
distintas. 
 
HIPERTROFIA 
A hipertrofia é um aumento do tamanho das células que 
resulta em aumento do tamanho do órgão. Em contraste, 
a hiperplasia (discutida adiante) é caracterizada por 
aumento do número de células devido à proliferação de 
células diferenciadas e substituição por células-tronco 
do tecido. Dito de outro modo, na hipertrofia pura não 
existem células novas, apenas células maiores, contendo 
quantidade aumentada de proteínas estruturais e de 
organelas. A hiperplasia é uma resposta adaptativa em 
células capazes de replicação, enquanto a hipertrofia 
ocorre quando as células possuem capacidade limitada 
de se dividir. A hipertrofia e a hiperplasia podem 
também ocorrer juntas e, obviamente, ambas resultam 
em órgão aumentado (hipertrófico). 
A hipertrofia pode ser fisiológica ou patológica e é 
causada pelo aumento da demanda funcional ou por 
fatores de crescimento ou estimulação hormonal 
específica. 
• Durante a gravidez, o aumento fisiológico maciço do 
útero ocorre como consequência da hipertrofia e 
hiperplasia do músculo liso estimulado pelo estrogênio 
(Fig. 1-3). Ao contrário, as células musculares estriadas 
da musculatura esquelética e do coração podem sofrer 
apenas hipertrofia em resposta ao aumento da demanda 
porque, no adulto, elas possuem capacidade limitada de 
divisão. Portanto, os levantadores de peso podem 
desenvolver um físico aumentado apenas por hipertrofia 
de células musculares esqueléticas individuais. 
• Um exemplo de hipertrofia celular patológica é o 
aumento cardíaco que ocorre com hipertensão ou 
doença de valva aórtica (Fig. 1-2). 
 
HIPERPLASIA 
A hiperplasia ocorre se o tecido contém populações 
celulares capazes de se dividir; ocorre simultaneamente 
com a hipertrofia e sempre em resposta ao mesmo 
estímulo. A hiperplasia pode ser fisiológica ou 
patológica. Em ambas as situações, a proliferação 
celular é estimuladapor fatores de crescimento que são 
produzidos por vários tipos celulares. 
• Os dois tipos de hiperplasia fisiológica são: (1) 
hiperplasia hormonal, exemplificada pela proliferação 
do epitélio glandular da mama feminina na puberdade e 
durante a gravidez e (2) hiperplasia compensatória, na 
qual cresce tecido residual após a remoção ou perda da 
porção de um órgão. Por exemplo, quando o fígado é 
parcialmente removido, a atividade mitótica das células 
restantes inicia-se 12 horas depois, restaurando o fígado 
ao seu peso normal. 
• A maioria das formas de hiperplasia patológica é 
causada por estimulação excessiva hormonal ou por 
fatores do crescimento. Por exemplo, após um período 
menstrual normal, há aumento da proliferação do 
epitélio uterino, que normalmente é estritamente 
regulada pela estimulação dos hormônios hipofisários, 
pelo estrogênio ovariano e pela inibição através da 
progesterona. Entretanto, se o equilíbrio entre 
estrogênio e progesterona é alterado, ocorre a 
hiperplasia do endométrio, causa comum de 
sangramento menstrual anormal. A hiperplasia é 
também uma resposta importante das células do tecido 
conjuntivo na cicatrização de feridas na qual os 
fibroblastos e os vasos sanguíneos que proliferam 
auxiliam o reparo (Capítulo 2). Nesse processo, os 
fatores de crescimento são produzidos pelos leucócitos 
em resposta à lesão e pelas células na matriz 
extracelular. A estimulação pelos fatores de 
crescimento está envolvida também na hiperplasia 
associada a certas infecções virais; por exemplo, as 
papilomaviroses causam verrugas na pele e lesões 
mucosas compostas de massas de epitélio hiperplásico. 
Aqui os fatores de crescimento podem ser codificados 
por genes virais ou por genes das células infectadas. 
É importante notar que, em todas essas situações, o 
processo hiperplásico permanece controlado; se os 
sinais que a iniciam cessam, a hiperplasia desaparece. É 
essa sensibilidade aos mecanismos de controle de 
regulação normal que diferencia as hiperplasias 
patológicas benignas das do câncer, no qual os 
mecanismos de controle do crescimento tornam-se 
desregulados ou ineficazes (Capítulo 5). Contudo, em 
muitos casos, a hiperplasia patológica constitui um solo 
fértil no qual o câncer pode surgir posteriormente. Por 
exemplo, pacientes com hiperplasia do endométrio têm 
risco aumentado de desenvolver câncer endometrial 
(Capítulo 18). 
 
ATROFIA 
A diminuição do tamanho da célula, pela perda de 
substância celular, é conhecida como atrofia. Quando 
um número suficiente de células está envolvido, todo o 
tecido ou órgão diminui em tamanho, tornando-se 
atrófico (Fig. 1-4). Deve ser enfatizado que, embora as 
células atróficas tenham sua função diminuída, elas não 
estão mortas. As causas da atrofia incluem a diminuição 
da carga de trabalho (p. ex., a imobilização de um 
membro para permitir o reparo de uma fratura), a perda 
da inervação, a diminuição do suprimento sanguíneo, a 
nutrição inadequada, a perda da estimulação endócrina 
e o envelhecimento (atrofia senil). 
 
METAPLASIA 
Metaplasia é uma alteração reversível na qual um 
tipo celular adulto (epitelial ou mesenquimal) é 
substituído por outro tipo celular adulto. Nesse tipo de 
adaptação celular, uma célula sensível a determinado 
estresse é substituída por outro tipo celular mais capaz 
de suportar o ambiente hostil. Acredita-se que a 
metaplasia surja por uma reprogramação de células-
tronco que se diferenciam ao longo de outra via, em vez 
de uma alteração fenotípica (transdiferenciação) de 
células já diferenciadas. A metaplasia epitelial é 
exemplificada pela mudança escamosa que ocorre no 
epitélio respiratório em fumantes habituais de cigarros 
(Fig. 1-5). As células epiteliais normais, colunares e 
ciliadas da traqueia e dos brônquios são focal ou 
difusamente substituídas por células epiteliais 
escamosas estratificadas. O epitélio pavimentoso 
estratificado, mais resistente, torna-se mais capaz de 
sobreviver às substâncias químicas do cigarro do que o 
epitélio especializado, mais frágil, que não poderia 
tolerar. 
 
 REPARO 
A habilidade em reparar a lesão causada por lesões 
tóxicas e inflamação é crítica para a sobrevivência de 
um organismo. A resposta inflamatória a micróbios e 
tecidos lesados não serve apenas para eliminar esses 
perigos, mas também inicia o processo de reparo. O 
reparo, muitas vezes chamado de cura, se refere à 
restauração da arquitetura e função do tecido após a 
lesão. Ocorre por dois tipos de reações: regeneração do 
tecido lesado e formação de cicatriz pela deposição de 
tecido conjuntivo (Fig. 2-24). 
 
• Regeneração. Alguns tecidos são capazes de 
substituir células lesadas e retornar ao estado normal; 
esse processo é chamado de regeneração. A regeneração 
ocorre por proliferação de células residuais (não 
lesadas) que retêm a capacidade de divisão e por 
substituição de células-tronco teciduais. Constitui a 
resposta típica a lesão em epitélios que se dividem 
rapidamente, como na pele e nos intestinos e em alguns 
órgãos, principalmente no fígado. 
• Formação de cicatriz. Se os tecidos lesados são 
incapazes de regeneração ou se as estruturas de suporte 
do tecido são gravemente lesadas, o reparo ocorre por 
deposição de tecido conjuntivo (fibrose), um processo 
que resulta em formação de cicatriz. Embora a cicatriz 
fibrosa não possa realizar a função das células perdidas 
do parênquima, ela fornece estabilidade estrutural 
suficiente para tornar o tecido lesado hábil nas suas 
funções. O termo fibrose é mais frequentemente usado 
para descrever a extensa deposição de colágeno que 
ocorre nos pulmões, fígado, rins e outros órgãos, 
resultante da inflamação crônica, ou no miocárdio após 
extensa necrose isquêmica (infarto). Se a fibrose se 
desenvolve em um espaço do tecido ocupado por 
exsudato inflamatório, ela é chamada de organização 
(como na pneumonia, no pulmão). 
 
REGENERAÇÃO 
A regeneração se caracteriza pela restituição dos 
componentes teciduais idênticos àqueles removidos. 
Esse tipo de reparo só é possível em tecidos em que 
ainda possuem células com a capacidade de se proliferar 
ou tenham ainda células tronco. 
Assim, com base nessa habilidade de multiplicação 
celular, os tecidos são classificados em: 
- Tecidos lábeis ou de divisão contínua: as células 
possuem a capacidade de se proliferar por toda a vida, 
substituindo as que estão velhas ou destruídas. Temos 
como exemplo os epitélios, células da medula óssea 
vermelha e tecidos hematopoiéticos. 
- Tecidos quiescentes ou estáveis: apensar de possuírem 
um baixo nível de replicação, quando submetidos a 
estímulos para divisão celular são capazes de regenerar 
o tecido de origem. O melhor exemplo é o tecido 
hepático. 
- Tecidos permanentes ou não divisores: são formados 
por células que não podem ser submetidas à divisão 
mitótica devido o seu grau de especificidade. Exemplos 
são os neurônios e as células musculares. 
Apensar de o corpo humano possuir tecidos capazes de 
recuperar células perdidas, permitindo a capacidade de 
regeneração do órgão lesionado, o que ocorre em muitos 
processos é o crescimento compensatório que envolve a 
hipertrofia celular e a hiperplasia. Nesses processos 
acontece a recuperação da capacidade funcional, mas 
sem necessariamente reconstruir a anatomia original. 
Os órgãos que possuem essa capacidade de crescimento 
compensatório são os rins, o pâncreas, as glândulas 
adrenais, a tireoide, os pulmões de pacientes jovens e o 
fígado. No caso hepático, a regeneração acontece por 
meio da replicação de células maduras sem o 
envolvimento de célula tronco. Os hepatócitos são 
células quiescentes que, quando estimuladas por 
determinadas substâncias, possuem a capacidade de 
multiplicação celular. Nesse exemplo, as principais 
substâncias são as citocinas e os fatores de crescimento 
polipeptídeos.Dessa forma, em uma hepatectomia parcial é possível à 
restauração hepática, porém não ocorre um novo 
crescimento do lobo ressecado na operação. Em vez 
disso, acontece o crescimento por aumento dos lobos 
que permaneceram, caracterizando-se como 
crescimento compensatório. 
CICATRIZAÇÃO 
A cicatrização é uma resposta fibroproliferativa que 
restaura as estruturas originais, porém envolve a 
deposição de colágeno e a formação da cicatriz. Os 
fatores que favorecem o processo de cicatrização são a 
extensão do dano celular, o tipo de tecido afetado e a 
intensidade da lesão da matriz extracelular. 
O processo de restauração por cicatrização pode ser 
dividido por etapas: 
1 - Ocorre uma resposta inflamatória à lesão inicial com 
a intenção de eliminar o agente nocivo, remover o tecido 
lesionado e estimular a deposição de componentes da 
matriz extracelular; 
2 - Proliferação de fibroblastos e células endoteliais 
vasculares, formando o tecido de granulação. (O tecido 
de granulação tem a aparência rósea, lisa e granular e se 
caracteriza pela formação de pequenos novos vasos 
sanguíneos e multiplicação de fibroblastos.); 
3 - Com o aumento no número de fibroblastos, ocorre a 
síntese de matriz extracelular e deposição de colágeno, 
formando a cicatriz; 
4 - Então se inicia o processo de remodelação que é o 
equilíbrio entra síntese e degradação da matriz 
extracelular; 
Com base nessas etapas, podemos perceber três 
principais mecanismos do processo de cicatrização: 
- Angiogênese: as células endoteliais são estimuladas a 
formarem novos vasos sanguíneos principalmente pelo 
VEGF (fator de crescimento endotelial vascular – sigla 
em inglês) e pela angiopoetina; 
- Fibroplasia: a migração e a proliferação de 
fibroblastos no local da lesão ocorrem devido à ação dos 
fatores de crescimento múltiplos, incluindo TGF-β, 
PDGF, EGF, FGF e as citocinas IL-1 e TNF; 
- Remodelação: é o processo que organiza a cicatriz 
devido a grande proliferação celular e à desorganização 
na produção de matriz extracelular. A metaloproteínase 
é a substância responsável por esse processo e atua na 
degradação do colágeno; 
Podemos utilizar a cicatrização de uma ferida cutânea 
como exemplo de um processo de cicatrização e 
descrever os fatos gerais da reparação que se observa na 
maioria dos tecidos. As feridas cutâneas são 
classificadas em dois tipos de cicatrização: primeira 
intenção e segunda intenção. 
Cicatrização por primeira intenção 
É um ferimento com margens opostas em que o espaço 
incisional é estreito. Melhor exemplo é a cicatrização de 
uma incisão cirúrgica limpa e não infectada. Esse 
processo segue as seguintes etapas cronológicas: 
1 - Em 24 horas: neutrófilos aparecem nas margens da 
ferida, movendo-se em direção ao coágulo de fibrina e 
células sanguíneas; 
2 - Em 24 a 48 horas: células epiteliais movem-se para 
fechar a ferida; 
3 - No 3º dia: começa a formação do tecido de 
granulação com o surgimento de macrófagos no local; 
4 - No 5º dia: ponto máximo da neovascularização, o 
colágeno fica mais abundante, a epiderme recupera a 
espessura normal e ocorre a diferenciação das células 
epidérmicas; 
5 - Na segunda semana: ocorre aumento do colágeno, 
proliferação de fibroblastos e regressão dos vasos; 
6 - No final do primeiro mês: a cicatriz se encontra 
coberta por pele intacta, porém não ocorre a 
regeneração dos anexos dérmicos. 
Cicatrização por segunda intenção 
Ocorre quando existe uma grande perda de células e 
tecidos, deixando as margens separadas. Esse 
processo de reparação é mais complicado, pois a 
regeneração das células parenquimatosas não pode 
restaurar totalmente a arquitetura original. 
Além disso, a reação inflamatória é mais intensa devido 
fato que o coágulo formado é maior em comparação a 
feridas com margens opostas. Porém, o que mais se 
diferencia no processo de cicatrização de feridas com 
margens separadas é o fenômeno de contração da ferida. 
Esse acontecimento é possível devido à ação de uma 
rede de fibroblastos contendo actina na margem da 
ferida. 
 MORTE CELULAR 
Inicialmente a lesão se manifesta por meio de alterações 
funcionais e morfológicas reversíveis. Conforme ocorre 
a progressão do dano, esse processo pode culminar em 
alterações irreversíveis e, portanto, morte celular. 
Existem, ainda, dois tipos de morte celular, a apoptose 
e a necrose, sendo esta sempre um processo patológico. 
 
NECROSE 
Necrose é o tipo de morte celular que está associado à 
perda da integridade da membrana e extravasamento 
dos conteúdos celulares, culminando na dissolução das 
células, resultante da ação degradativa de enzimas nas 
células lesadas letalmente. Os conteúdos celulares que 
escapam sempre iniciam uma reação local do 
hospedeiro, conhecida como inflamação, no intuito de 
eliminar as células mortas e iniciar o processo de reparo 
subsequente (Capítulo 2). As enzimas responsáveis pela 
digestão da célula são derivadas dos lisossomos das 
próprias células que estão morrendo ou dos lisossomos 
dos leucócitos que são recrutados como parte da reação 
inflamatória às células mortas. 
A necrose se caracteriza pelo tamanho celular 
aumentado (edema), alterações nucleares (picnose, 
cariorréxis, cariólise), membrana plasmática danificada 
e extravasamento de conteúdo celular para fora da 
célula, além do aumento da eosinofilia. 
Já a aparência morfológica da necrose resulta da 
desnaturação das proteínas intracelulares e/ou da 
digestão enzimática. A partir disso, esse processo de 
morte celular pode ser classificado em diversos tipos de 
necrose: 
Necrose de Coagulação: é característica da morte por 
hipóxia em todos os tecidos, à exceção do cérebro. Com 
isso a acidose intracelular desnatura proteínas e 
enzimas, bloqueando a proteólise celular. O tecido, 
ainda, apresenta a textura firme e a manutenção da sua 
arquitetura, com preservação do contorno celular por 
pelo menos alguns dias. 
Necrose de liquefação: é característica de infecções 
bacterianas ou fúngicas, pois estas estimulam o acúmulo 
de células inflamatórias, sendo as células mortas 
completamente digeridas por enzimas. O resultado final 
é a transformação do tecido em massa viscosa. 
Necrose caseosa: Esse termo é derivado da aparência 
semelhante a queijo branco da área necrótica. É uma 
forma distinta de necrose de coagulação, encontrada 
comumente em focos de tuberculose, os quais são 
caracterizados por reação granulomatosa. 
Necrose gordurosa: se refere a áreas de destruição de 
gordura que ocorre como resultado da liberação de 
lípases pancreáticas ativadas no parênquima 
pancreático. 
 
APOPTOSE 
A apoptose é uma via de morte celular, induzida por um 
programa de suicídio estritamente regulado no qual as 
células destinadas a morrer ativam enzimas que 
degradam seu próprio DNA e as proteínas nucleares e 
citoplasmáticas. Os fragmentos das células apoptóticas 
então se separam, gerando a aparência responsável pelo 
nome (apoptose, “cair fora”). A membrana plasmática 
da célula apoptótica permanece intacta, mas é alterada 
de tal maneira que a célula e seus fragmentos tornam-se 
alvos atraentes para os fagócitos. Rapidamente, as 
células mortas e seus fragmentos são removidos antes 
que seus conteúdos extravasem e, por isso, a morte 
celular por essa via não induz uma reação inflamatória 
no hospedeiro. A apoptose difere da necrose, que é 
caracterizada pela perda da integridade da membrana, 
digestão enzimática das células, extravasamento dos 
conteúdos celulares e, frequentemente, uma reação no 
hospedeiro (Fig. 1-6 e Tabela 1-1). Entretanto, a 
apoptose e a necrose algumas vezes coexistem, e a 
apoptose induzida por alguns estímulos patológicos 
progride para a necrose. 
Apoptose é a via de morte celular que é 
induzida por um programa intracelular altamente 
regulado, no qual as células destinadas a morrer ativam 
enzimasque degradam seu DNA nuclear e as proteínas 
citoplasmáticas. Os sinais que induzem a apoptose 
incluem a ausência de fatores de crescimento ou 
hormônios, a ação específica dos receptores de morte e 
os agentes nocivos. Esse fenômeno, portanto, pode estar 
presente em situações fisiológicas e em condições 
patológicas. 
Em situações fisiológicas esse fenômeno pode 
estar relacionado à destruição programada de células 
durante a embriogênese, à involução dependente de 
hormônios (colapso endometrial no ciclo menstrual), à 
eliminação celular em células em proliferação, à 
eliminação de linfócitos auto reativos, etc. Já em 
condições patológicas, esse processo pode ser 
desencadeado por estímulos nocivos, doenças viróticas 
e tumores. 
Dentre as principais características 
morfológicas que definem as células em apoptose, 
observa-se o encolhimento celular, condensação da 
cromatina, formação de bolhas citoplasmáticas, corpos 
apoptóticos e fagocitose das células, geralmente 
mediada por macrófagos. 
Além disso, a célula é rapidamente eliminada, antes que 
seu conteúdo possa extravasar e causar reação 
inflamatória, tornando sua detecção histológica mais 
difícil. 
 
2. DEFINIR LESÃO CELULAR REVERSÍVEL E 
IRREVERSÍVEL E CARACTERIZAR SEUS 
TIPOS. 
Lesões e doenças são provocadas por agressões 
muito diversas e resultam quase sempre da interação do 
agente agressor com os mecanismos de defesa do 
organismo. A lesão celular ocorre quando as células são 
estressadas tão excessivamente que não são mais 
capazes de se adaptar, podendo ser reversível até um 
certo ponto, mas se o estímulo persistir ou for intenso o 
suficiente desde o início, a célula sofre lesão 
irreversível. 
• Lesão celular reversível. Nos estágios iniciais ou nas 
formas leves de lesão, as alterações morfológicas e 
funcionais são reversíveis se o estímulo nocivo for 
removido. Nesse estágio, embora existam anomalias 
estruturais e funcionais significativas, a lesão ainda não 
progrediu para um dano severo à membrana e 
dissolução nuclear. 
 • Morte celular. Com a persistência do dano, a lesão 
torna-se irreversível e, com o tempo, a célula não pode 
se recuperar e morre. Existem dois tipos de morte 
celular — necrose e apoptose — que diferem em suas 
morfologias, mecanismos e papéis na fisiologia e na 
doença (Fig. 1-6 e Tabela 1-1). Quando o dano às 
membranas é acentuado, as enzimas extravasam dos 
lisossomos, entram no citoplasma e digerem a célula, 
resultando em necrose. Os conteúdos celulares também 
extravasam através da membrana plasmática lesada e 
iniciam uma reação (inflamatória) no hospedeiro. A 
necrose é a principal via de morte celular em muitas 
lesões comumente encontradas, como as que resultam 
de isquemia, de exposição a toxinas, várias infecções e 
trauma. Quando a célula é privada de fatores de 
crescimento ou quando o DNA celular ou as proteínas 
são danificadas sem reparo, a célula se suicida por outro 
tipo de morte, chamado apoptose, que é caracterizada 
pela dissolução nuclear sem a perda da integridade da 
membrana. Enquanto a necrose constitui sempre um 
processo patológico, a apoptose auxilia muitas funções 
normais e não está necessariamente associada à lesão 
celular patológica. Além disso, a apoptose, em certos 
papéis fisiológicos, não desencadeia uma resposta 
inflamatória. As características morfológicas, os 
mecanismos e o significado dessas duas vias de morte 
celular são discutidos em mais detalhes nas próximas 
seções. 
A lesão celular reversível ocorre quando a célula 
agredida pelo estímulo nocivo sofre alterações 
funcionais e morfológicas, porém mantém-se viva, 
recuperando-se quando o estímulo nocivo é retirado ou 
cessa. 
As duas principais características morfológicas da 
lesão celular reversível são a tumefação celular e a 
degeneração gordurosa. A tumefação celular é resultado 
da falência das bombas de íons dependentes de energia 
na membrana plasmática, levando a uma incapacidade 
de manter a homeostasia iônica e líquida. A 
degeneração gordurosa ocorre na lesão hipóxica e em 
várias formas de lesão metabólica ou tóxica e manifesta-
se pelo surgimento de vacúolos lipídicos, grandes ou 
pequenos, no citoplasma. 
 
A tumefação celular é a primeira manifestação de 
quase todas as formas de lesão celular (Fig. 1-8, B). 
É uma alteração morfológica reversível, de difícil 
observação na microscopia óptica, podendo ser 
mais visível ao nível do órgão inteiro. Quando afeta 
muitas células em um órgão, causa alguma palidez 
(resultante da compressão dos capilares), aumento 
do turgor e aumento do peso do órgão. O exame 
microscópico pode revelar pequenos vacúolos 
claros dentro do citoplasma que representam 
segmentos distendidos e separados do retículo 
endoplasmático. Esse padrão de lesão não letal às 
vezes é chamado de alteração hidrópica ou 
degeneração vacuolar. A degeneração gordurosa 
é manifestada pela presença de vacúolos lipídicos 
no citoplasma. Ela é encontrada principalmente em 
células que participam do metabolismo da gordura 
(p. ex., hepatócitos e células miocárdicas) e também 
é reversível. As células lesadas podem exibir 
também coloração eosinofílica que se torna muito 
mais pronunciada com a progressão para a necrose. 
As alterações intracelulares associadas a lesão 
reversível (Fig. 1-6) incluem: (1) alterações na 
membrana plasmática, como bolhas, apagamento 
ou distorção das microvilosidades e perda das 
adesões intercelulares; (2) alterações mitocondriais, 
como tumefação e presença de densidades amorfas 
ricas em fosfolipídios; (3) dilatação do RE com 
destacamento dos ribossomos e dissociação dos 
polissomos; (4) alterações nucleares, com 
condensação da cromatina. O citoplasma pode 
conter massas fosfolipídicas, conhecidas como 
figuras de mielina, derivadas das membranas 
celulares lesadas. 
 
A lesão celular é irreversível quando a célula se 
torna incapaz de recuperar-se depois de cessada a 
agressão, caminhando para a morte celular. 
Os desarranjos celulares da lesão reversível podem 
ser reparados e, se o estímulo nocivo cessa, a célula 
retorna à sua normalidade. Entretanto, a lesão 
persistente ou excessiva faz com que as células 
passem do nebuloso “ponto de não retorno” para 
lesão irreversível e morte celular. Os eventos que 
determinam quando a lesão reversível torna-se 
irreversível e progride para a morte celular 
permanecem pouco compreendidos. A relevância 
clínica dessa questão é óbvia; se as alterações 
bioquímicas e moleculares que antecipam a morte 
celular puderem ser identificadas com precisão, é 
possível traçar estratégias para prevenir a transição 
de lesão celular reversível para irreversível. Embora 
não existam correlações morfológicas ou 
bioquímicas definitivas da irreversibilidade, dois 
fenômenos caracterizam consistentemente a 
irreversibilidade: a incapacidade de reverter a 
disfunção mitocondrial (perda da fosforilação 
oxidativa e geração de ATP) mesmo depois da 
resolução da lesão original e os profundos 
distúrbios na função da membrana. Como 
mencionado anteriormente, a lesão nas membranas 
lisossômicas leva à dissolução enzimática da célula 
lesada, que é a característica da necrose. Os 
diferentes estímulos nocivos já mencionados 
induzem a morte por necrose ou por apoptose 
(Fig. 1-6 e Tabela 1-1). A seguir descrevemos a 
morfologia da lesão celular reversível e da necrose. 
 
3. CITAR AS LINHAS DE DEFESA DO 
ORGANISMO AOS AGENTES AGRESSORES 
(QUÍMICOS, FÍSICOS, BIOLÓGICOS E 
PSICOSSOCIAIS). 
PRIMEIRA LINHA DE DEFESA: PELE E 
TÚNICAS MUCOSAS 
 
FATORES FÍSICOS 
 Epiderme da pele: Forma uma barreira física à 
entrada de microrganismos. 
 Túnicas mucosas Inibem a entrada de muitos 
microrganismos, mas não são tão efetivas quanto a 
pele intacta. 
 Muco: Retém microrganismos nos sistemas 
respiratório e digestório. 
 Pelos: Filtram microrganismos epoeira no nariz. 
 Cílios Juntamente com o muco, interceptam e 
removem microrganismos e poeira das vias 
respiratórias superiores. 
 Aparelho Lacrimal: As lágrimas diluem e “lavam” 
substâncias irritantes e microrganismos. 
 Saliva: Lava microrganismos das superfícies dos 
dentes e túnicas mucosas da boca. 
 Urina: Expulsa microrganismos da uretra. 
 Defecação e Vômitos: Expulsam microrganismos 
do corpo. 
 
FATORES QUÍMICOS 
 Sebo: Forma uma película ácida protetora sobre a 
superfície da pele que inibe o crescimento de muitos 
microrganismos. 
 Lisozima: Intensifica os efeitos das interferonas; 
inibe o crescimento de alguns microrganismos; 
acelera a reação do corpo que auxilia no reparo. 
 Suco gástrico: Destrói as bactérias e a maior parte 
das toxinas no estômago. 
 Secreções vaginais: A leve acidez desestimula o 
crescimento bacteriano; expulsa microrganismos da 
vagina. 
 
SEGUNDA LINHA DE DEFESA: DEFESAS 
INTERNAS 
 
SUBSTÂNCIAS ANTIMICROBIANAS 
 Interferonas (IFN): Protegem as células 
hospedeiras não infectadas da infecção viral. 
 Sistema Complemento: Provoca a citólise dos 
microrganismos; promove a fagocitose; contribui 
para a inflamação. 
 Proteínas de ligação ao ferro: Inibem o 
crescimento de determinadas bactérias, reduzindo a 
quantidade de ferro disponível. 
 Proteínas antimicrobianas (PAM): Têm atividade 
antimicrobiana de largo espectro e atraem células 
dendríticas e mastócitos. 
 Células NK: Matam células-alvo infectadas pela 
liberação de grânulos contendo perforina e 
granzimas; os fagócitos então matam os 
microrganismos liberados. 
 Fagócitos: “Ingerem” partículas estranhas. 
 Infamação: Confina e destrói micróbios; inicia o 
reparo tecidual. 
 Febre: Intensifica os efeitos das interferonas; inibe 
o crescimento de alguns microrganismos; acelera a 
reação do corpo que auxilia no reparo. 
4. CONCEITUAR AS DIFERENTES LINHAS DE 
DEFESA CONTRA OS AGENTES 
AGRESSORES (BARREIRAS, RESPOSTA 
INATA E ADAPTATIVA). 
 
 IMUNIDADE INATA 
 
A imunidade inata (inespecífica) inclui as barreiras 
físicas e químicas externas fornecidas pela pele e pelas 
túnicas mucosas. Inclui também várias defesas internas, 
como as substâncias antimicrobianas, as células NK, os 
fagócitos, a inflamação e a febre. 
PRIMEIRA LINHA DE DEFESA | PELE E 
TÚNICAS MUCOSAS 
A pele e as túnicas mucosas do corpo são a primeira 
linha de defesa contra patógenos. Essas estruturas 
fornecem tanto barreiras físicas quanto químicas que 
dissuadem patógenos e substâncias estranhas de 
penetrar no corpo e causar doenças. 
Com suas muitas camadas de células 
queratinizadas bem unidas, a camada epitelial externa 
da pele – a epiderme – fornece uma extraordinária 
barreira física à entrada de microrganismos (ver Figura 
5.1). Além disso, a disseminação periódica de células 
epidérmicas ajuda a remover os microrganismos da 
superfície da pele. As bactérias raramente penetram na 
superfície intacta da epiderme saudável. Contudo, se 
esta superfície for rompida por cortes, queimaduras ou 
perfurações, agentes patogênicos podem penetrar na 
epiderme e invadir tecidos adjacentes ou circular no 
sangue até outras partes do corpo. 
A camada epitelial das túnicas mucosas, que 
reveste as cavidades do corpo, secreta um líquido 
chamado de muco que lubrifica e umedece a superfície 
da cavidade. Como o muco é um pouco viscoso, retém 
muitos microrganismos e substâncias estranhas. A 
túnica mucosa do nariz tem pelos revestidos de muco 
que aprisionam e filtram microrganismos, poeira e 
poluentes do ar inalado. A túnica mucosa das vias 
respiratórias superiores contém cílios, projeções 
microscópicas piliformes na superfície das células 
epiteliais. A ação de ondulação dos cílios impulsiona a 
poeira inalada e os microrganismos que ficam presos no 
muco em direção à garganta. A tosse e os espirros 
aceleram a expulsão do muco e de seus patógenos 
aprisionados do corpo. A deglutição do muco envia os 
agentes patogênicos para o estômago, onde o suco 
gástrico os destrói. 
Outros líquidos produzidos por vários órgãos 
também ajudam a proteger as superfícies epiteliais da 
pele e túnicas mucosas. O aparelho lacrimal dos olhos 
(ver Figura 17.6) produz e drena as lágrimas em 
resposta a substâncias irritantes. O piscar espalha as 
lágrimas sobre a superfície do bulbo do olho e a ação 
contínua de lavagem das lágrimas ajuda a diluir 
microrganismos e a impedir que eles se fixem à 
superfície do olho. As lágrimas também contêm 
lisozima, uma enzima capaz de quebrar as paredes 
celulares das bactérias. Além das lágrimas, a lisozima é 
encontrada na saliva, no suor, nas secreções nasais e nos 
líquidos teciduais. A saliva, produzida pelas glândulas 
salivares, “lava” os microrganismos das superfícies dos 
dentes e da túnica mucosa da boca, de modo semelhante 
a como as lágrimas lavam os olhos. O fluxo de saliva 
reduz a colonização da boca por microrganismos. 
A limpeza da uretra pelo fluxo de urina retarda 
a colonização microbiana do sistema urinário. As 
secreções vaginais igualmente movem os 
microrganismos para fora do corpo nas mulheres. A 
defecação e o vômito também expulsam 
microrganismos. Por exemplo, em resposta a algumas 
toxinas microbianas, a musculatura lisa da parte baixa 
do sistema digestório se contrai vigorosamente; a 
diarreia resultante expele rapidamente muitos dos 
microrganismos. 
Determinados produtos químicos também 
contribuem para o elevado grau de resistência da pele e 
das túnicas mucosas à invasão microbiana. As glândulas 
sebáceas da pele secretam uma substância oleosa 
chamada sebo, que forma uma película de proteção 
sobre a superfície da pele. Os ácidos graxos insaturados 
do sebo inibem o crescimento de determinadas bactérias 
e fungos patogênicos. A acidez da pele (pH de 3 a 5) é 
causada em parte pela secreção de ácidos graxos e ácido 
láctico. A transpiração ajuda a eliminar os 
microrganismos da superfície da pele. O suco gástrico, 
produzido pelas glândulas gástricas, é uma mistura de 
ácido clorídrico, enzimas e muco. A forte acidez do 
suco gástrico (pH 1,2 a 3,0) destrói muitas bactérias e a 
maior parte das toxinas bacterianas. As secreções 
vaginais também são discretamente ácidas, o que inibe 
o crescimento bacteriano. 
 
SEGUNDA LINHA DE DEFESA | DEFESAS 
INTERNAS 
Quando os patógenos penetram as barreiras físicas e 
químicas da pele e túnicas mucosas, se deparam com 
uma segunda linha de defesa: as substâncias 
antimicrobianas internas, os fagócitos, as células NK, a 
inflamação e a febre. 
Substâncias antimicrobianas 
Existem quatro tipos principais de substâncias 
antimicrobianas que inibem o crescimento 
microbiano: interferonas, 
complemento, proteínas de ligação ao ferro e proteínas 
antimicrobianas. 
1. Os linfócitos, macrófagos e fibroblastos infectados 
com vírus produzem proteínas chamadas 
interferonas (IFN). Uma vez liberadas por células 
infectadas por vírus, as IFN se difundem para as 
células vizinhas não infectadas, onde induzem à 
síntese de proteínas antivirais que interferem na 
replicação viral. Embora a IFN não impeça que os 
vírus se fixem e penetrem nas células hospedeiras, 
eles interrompem sua replicação. Os vírus só 
causam doença se conseguirem se replicar dentro 
das células do corpo. A IFN é uma importante 
defesa contra a infecção por muitos vírus diferentes. 
Os três tipos de interferonas são IFN alfa, IFN beta 
e IFN gama. 
2. Um grupo de proteínas normalmente inativas no 
plasma sanguíneo e nas membranas plasmáticas 
compõe o sistema complemento. Quando ativadas, 
essas proteínas “complementam” ou melhoram 
determinadas reações imunológicas (ver seção 
22.6). O sistema complemento provoca citólise de 
microrganismos, promove a fagocitose e contribui 
para a inflamação. 
3. As proteínas de ligação ao ferro inibem o 
crescimento de determinadas bactérias,reduzindo a 
quantidade de ferro disponível. Exemplos incluem 
a transferrina (encontrada no sangue e nos líquidos 
teciduais), a lactoferrina (encontrada no leite, na 
saliva e no muco), a ferritina (encontrada no fígado, 
no baço e na medula óssea) e a hemoglobina 
(encontrada nos eritrócitos). 
4. As proteínas antimicrobianas (PAM) são 
peptídios curtos que têm um largo espectro de 
atividade antimicrobiana. Exemplos de PAM são a 
dermicidina (produzida pelas glândulas 
sudoríferas), as defensinas e catelicidinas 
(produzidas por neutrófilos, macrófagos e epitélios) 
e a trombocidina (produzida pelasplaquetas). Além 
de matar uma vasta gama de microrganismos, as 
PAM podem atrair células dendríticas e mastócitos, 
que participam das respostas imunes. 
Curiosamente, os microrganismos expostos à PAM 
não parecem desenvolver resistência, como muitas 
vezes acontece com os antibióticos. 
 
Células NK e fagócitos 
Quando microrganismos penetram na pele e nas túnicas 
mucosas ou passam pelas substâncias antimicrobianas 
do sangue, a próxima defesa inespecífica consiste nas 
células NK e fagócitos. Aproximadamente 5 a 10% dos 
linfócitos do sangue são células NK (natural killer). 
Elas também são encontradas no baço, nos linfonodos e 
na medula óssea. As células NK não apresentam 
moléculas de membrana que identificam os linfócitos B 
e T, mas têm a capacidade de matar uma vasta variedade 
de células infectadas do corpo e algumas células 
tumorais. As células NK atacam as células do corpo que 
apresentam proteínas de membrana plasmática 
anormais ou incomuns. 
A ligação das células NK a uma célula alvo, 
como uma célula humana infectada, provoca a liberação 
de grânulos que contêm substâncias tóxicas das células 
NK. Alguns grânulos contêm uma proteína chamada 
perforina, que se insere na membrana plasmática da 
célula alvo e cria canais na membrana. Como resultado, 
o líquido extracelular flui para a célula alvo e a célula 
explode, em um processo chamado de citólise. Outros 
grânulos de células NK liberam granzimas, que são 
enzimas que digerem as proteínas que induzem as célula 
alvo à apoptose, ou autodestruição. Este tipo de ataque 
mata as células infectadas, mas não os microrganismos 
intracelulares; os microrganismos liberados, os quais 
podem ou não estar intactos, podem ser destruídos pelos 
fagócitos. 
Os fagócitos são células especializadas que realizam a 
fagocitose, a ingestão de microrganismos ou outras 
partículas como os restos celulares (ver Figura 3.13). Os 
dois tipos principais de fagócitos são os neutrófilos e os 
macrófagos. Quando ocorre uma infecção, os 
neutrófilos e monócitos migram para a área infectada. 
Durante essa migração, os monócitos aumentam de 
tamanho e se desenvolvem em macrófagos ativamente 
fagocíticos chamados macrófagos errantes. Outros 
macrófagos, chamados de macrófagos fixos, montam 
guarda em tecidos específicos. Entre os macrófagos 
fixos estão os histiócitos (macrófagos do tecido 
conjuntivo), as células reticuloendoteliais estreladas no 
fígado, macrófagos alveolares nos pulmões, células 
microgliais no sistema nervoso e macrófagos teciduais 
no baço, nos linfonodos e na medula óssea. Além de ser 
um mecanismo da defesa inata, a fagocitose 
desempenha um papel vital na imunidade adaptativa, 
como discutido mais adiante neste capítulo. 
A fagocitose ocorre em cinco fases: quimiotaxia, 
aderência, ingestão, digestão e morte (Figura 22.9): 
1. Quimiotaxia. A fagocitose começa com a 
quimiotaxia, um movimento estimulado 
quimicamente dos fagócitos para um local de 
dano. Os produtos químicos que atraem os 
fagócitos poderiam vir de microrganismos 
invasores, leucócitos, células teciduais 
danificadas ou proteínas do complemento 
ativadas. 
2. Aderência. A fixação do fagócito ao 
microrganismo ou outro material estranho é 
denominada aderência. A ligação de proteínas do 
complemento ao agente patogênico invasor 
aumenta a aderência. 
3. Ingestão. A membrana plasmática do fagócito 
estende projeções, chamadas pseudópodos, que 
engolfam o microrganismo em um processo 
chamado de fagocitose. Quando os pseudópodos 
se encontram, eles se fundem, envolvendo o 
microrganismo em uma bolsa chamada de 
fagossomo. 
4. Digestão. O fagossomo entra no citoplasma e se 
funde aos lisossomos para formar uma estrutura 
única e maior chamada fagolisossomo. O 
lisossomo auxilia a lisozima, que quebra as 
paredes celulares microbianas, e outras enzimas 
digestivas que degradam carboidratos, proteínas, 
lipídios e ácidos nucleicos. O fagócito também 
forma oxidantes letais, como ânion superóxido 
(O2–), ânion hipoclorito (OCl–) e peróxido de 
hidrogênio (H2O2), em um processo chamado de 
explosão oxidativa. 
5. Morte. O ataque químico fornecido pela lisozima, 
pelas enzimas digestivas e pelos oxidantes dentro 
de um fagolisossomo mata rapidamente muitos 
tipos de microrganismos. Qualquer material que 
não pode ser degradado permanece em estruturas 
chamadas corpos residuais. 
 
 IMUNIDADE ADAPTATIVA 
A capacidade do corpo de se defender contra agentes 
invasores específicos, como bactérias, toxinas, vírus e 
tecidos estranhos, é chamada de imunidade adaptativa 
(específica). As substâncias que são reconhecidas como 
estranhas e provocam respostas imunes são chamadas 
antígenos (Ag). Duas propriedades distinguem a 
imunidade adaptativa da imunidade inata: (1) 
especificidade para determinadas moléculas estranhas 
(antígenos), que também envolve a distinção entre 
moléculas suas e não suas, e (2) memória para a maior 
parte dos antígenos encontrados previamente, de modo 
que um segundo contato pede uma resposta ainda mais 
rápida e vigorosa. O ramo da ciência que lida com as 
respostas do corpo quando desafiado por antígenos é 
chamado imunologia. O sistema imune inclui as 
células e tecidos que realizam respostas imunes. 
 
Maturação dos linfócitos T e linfócitos B 
A imunidade adaptativa envolve linfócitos chamados 
linfócitos B e linfócitos T. Ambos se desenvolvem nos 
órgãos linfáticos primários (medula óssea e timo) a 
partir das célulastronco pluripotentes que se originam 
na medula óssea (ver Figura 19.3). Os linfócitos B 
completam o seu desenvolvimento na medula óssea, um 
processo que continua ao longo da vida. Os linfócitos T 
se desenvolvem a partir das células pré-T que migram 
da medula óssea para o timo, onde amadurecem (Figura 
22.11). A maior parte dos linfócitos T surge antes da 
puberdade, mas continua a amadurecer e deixa o timo 
ao longo da vida. Os linfócitos B e linfócitos T são 
nomeados de acordo com o local em que amadurecem. 
Nas aves, os linfócitos B se maturam em um órgão 
chamado de bolsa cloacal. Embora este órgão não esteja 
presente em seres humanos, o termo linfócito B ainda é 
utilizado, mas a letra B significa bolsaequivalente, que 
é a medula óssea, uma vez que este é o local nos seres 
humanos em que os linfócitos B se maturam. Os 
linfócitos T são assim chamados porque amadurecem 
no timo. 
Antes de os linfócitos T deixarem o timo ou de 
os linfócitos B saírem da medula óssea, eles 
desenvolvem imunocompetência, a capacidade de 
realizar respostas imunes adaptativas. Isto significa que 
os linfócitos B e os linfócitos T começam a produzir 
várias proteínas distintas que são inseridas em suas 
membranas plasmáticas. Algumas destas proteínas 
funcionam como receptores de antígeno – moléculas 
capazes de reconhecer antígenos específicos (Figura 
22.11). 
Existem dois tipos principais de linfócitos T 
maduros que saem do timo: os linfócitos T auxiliares e 
os linfócitos T citotóxicos (Figura 22.11). Os linfócitos 
T auxiliares são também conhecidos como linfócitos T 
CD4 positivos, o que significa que, além dos receptores 
de antígeno, suas membranas plasmáticas incluem uma 
proteína chamada CD4. Os linfócitos T citotóxicos são 
também chamados de linfócitos T CD8 positivos, poissuas membranas plasmáticas não contêm apenas os 
receptores de antígeno, mas também uma proteína 
conhecida como CD8. Como veremos mais adiante 
neste capítulo, estes dois tipos de linfócitos T têm 
funções muito diferentes. 
 
 
 
TIPOS DE IMUNIDADE ADAPTATIVA 
Existem dois tipos de imunidade adaptativa: a 
imunidade celular e a imunidade humoral. Ambos os 
tipos são desencadeados por antígenos. Na imunidade 
celular, os linfócitos T citotóxicos atacam diretamente 
os antígenos invasores. Na imunidade humoral, os 
linfócitos B se transformam em plasmócitos, que 
sintetizam e secretam proteínas específicas chamadas 
anticorpos (Ac) ou imunoglobulinas (Ig). Um dado 
anticorpo pode se ligar a um antígeno específico e 
inativa-lo. Os linfócitos T auxiliares ajudam nas 
respostas imunes, tanto celular quanto humoral. 
A imunidade celular é particularmente efetiva 
contra (1) agentes patogênicos intracelulares, que 
incluem quaisquer tipos de vírus, bactérias ou fungos 
que estejam no interior das células; (2) algumas células 
cancerígenas e (3) tecidos transplantados. Assim, a 
imunidade celular sempre envolve células que atacam 
células. A imunidade humoral atua principalmente 
contra microrganismos patogênicos extracelulares, os 
quais incluem vírus, bactérias ou fungos que estejam 
nos líquidos corporais fora das células. Uma vez que a 
imunidade humoral envolve anticorpos que se ligam a 
antígenos em humores ou líquidos corporais (como 
sangue e linfa), ela recebe este nome. 
Na maior parte dos casos, quando um antígeno 
específico entra pela primeira vez no corpo, existe 
apenas um pequeno grupo de linfócitos com os 
receptores de antígenos corretos para responder a esse 
antígeno; este pequeno grupo de células inclui alguns 
linfócitos T auxiliares, linfócitos T citotóxicos e 
linfócitos B. Dependendo da sua localização, um dado 
antígeno pode provocar ambos os tipos de respostas 
imunes adaptativas. Isto se deve ao fato de que quando 
um antígeno específico invade o corpo, geralmente há 
muitas cópias desse antígeno espalhadas pelos tecidos e 
líquidos do corpo. Algumas cópias do antígeno podem 
ser encontradas no interior de células (o que provoca 
uma resposta imune celular dos linfócitos T 
citotóxicos), enquanto outras cópias do antígeno podem 
estar presentes no líquido extracelular (o que provoca 
uma resposta imune humoral dos linfócitos B). Assim, 
as respostas imunes celular e humoral frequentemente 
atuam em conjunto para eliminar do corpo a grande 
quantidade de cópias de um antígeno específico. 
 
SELEÇÃO CLONAL | O PRINCÍPIO 
Como você acabou de ver, quando um antígeno 
específico está presente no corpo, geralmente há muitas 
cópias desse antígeno localizadas nos tecidos e líquidos 
do corpo. As inúmeras cópias do antígeno inicialmente 
superam o pequeno grupo de linfócitos T auxiliares, 
linfócitos T citotóxicos e linfócitos B com os receptores 
de antígenos corretos para responder a esse antígeno. 
Por conseguinte, quando cada um destes linfócitos 
encontra uma cópia do antígeno e recebe sinais 
estimulatórios, ele subsequentemente sofre seleção 
clonal. A seleção clonal é o processo pelo qual um 
linfócito prolifera e se diferencia em resposta a um 
antígeno específico. O resultado da seleção clonal é a 
formação de uma população de células idênticas, 
chamada clone, que é capaz de reconhecer o mesmo 
antígeno específico que o linfócito original (Figura 
22.11). Antes da primeira exposição a um determinado 
antígeno, apenas alguns linfócitos são capazes de 
reconhece-lo, mas uma vez que a seleção clonal ocorre, 
existem milhares de linfócitos que podem responder a 
esse antígeno. A seleção clonal dos linfócitos ocorre nos 
órgãos e tecidos linfáticos secundários. O aumento de 
tamanho das tonsilas ou dos linfonodos em seu pescoço 
que você apresentou da última vez que esteve doente 
provavelmente foi causado pela seleção clonal dos 
linfócitos que participam de uma resposta imune. 
Um linfócito que sofre seleção clonal dá origem 
a dois tipos principais de células no clone: as células 
efetoras e as células de memória. Os milhares de células 
efetoras de um clone de linfócito realizam respostas 
imunes que por fim resultam na destruição ou inativação 
do antígeno. As células efetoras incluem os linfócitos T 
auxiliares ativos, que fazem parte de um clone de 
linfócito T auxiliar; os linfócitos T citotóxicos ativos, 
que fazem parte de um clone de linfócitos T citotóxicos; 
e os plasmócitos, que são parte de um clone de linfócitos 
B. A maior parte das células efetoras por fim morre, 
depois de a resposta imune ter sido concluída. 
As células de memória não participam 
ativamente da resposta imune inicial ao antígeno. No 
entanto, se o mesmo antígeno entrar no corpo 
novamente no futuro, os milhares de células de memória 
de um clone de linfócitos estão disponíveis para iniciar 
uma reação muito mais rápida do que a que ocorreu 
durante a primeira invasão. As células de memória 
respondem ao antígeno proliferando e diferenciando-se 
em mais células efetoras e mais células de memória. 
Consequentemente, a segunda resposta ao antígeno 
normalmente é tão rápida e vigorosa que o antígeno é 
destruído antes que quaisquer sinais ou sintomas de 
doença possam surgir. As células de memória incluem 
os linfócitos T auxiliares de memória, que são parte de 
um clone de linfócito T auxiliar; os linfócitos T 
citotóxicos de memória, que são parte de um clone de 
linfócitos T citotóxicos; e os linfócitos B de memória, 
que são parte de um clone de linfócitos B. A maior parte 
das células de memória não morre ao término de uma 
resposta imune. Em vez disso, têm expectativa de vida 
longa (muitas vezes com duração de décadas). As 
funções das células efetoras e células de memória são 
descritas em mais detalhes mais adiante neste capítulo. 
 
ANTÍGENOS E RECEPTORES DE 
ANTÍGENOS 
Os antígenos têm duas características importantes: 
imunogenicidade e reatividade. A imunogenicidade é a 
capacidade de provocar uma resposta imune, 
estimulando a produção de anticorpos específicos, a 
proliferação de linfócitos T específicos, ou ambos. O 
termo antígeno deriva de sua função como um gerador 
de anticorpo. A reatividade é a capacidade do antígeno 
de reagir especificamente aos anticorpos ou células que 
o provocaram. Estritamente falando, os imunologistas 
definem os antígenos como substâncias que têm 
reatividade; as substâncias que têm tanto 
imunogenicidade quanto reatividade são consideradas 
antígenos completos. Vulgarmente, no entanto, o termo 
antígeno implica tanto a imunogenicidade quanto a 
reatividade, e nós utilizamos a palavra deste modo. 
Microrganismos inteiros ou partes de 
microrganismos podem atuar como antígenos. 
Componentes químicos de estruturas bacterianas, como 
flagelos, cápsulas e paredes celulares, são antigênicos, 
como o são as toxinas bacterianas. Exemplos não 
microbianos de antígenos incluem os componentes 
químicos do pólen, clara de ovo, células sanguíneas 
incompatíveis e tecidos e órgãos transplantados. A 
enorme variedade de antígenos no ambiente 
proporciona inúmeras oportunidades para provocar 
respostas imunológicas. Normalmente, apenas partes 
pequenas específicas de uma grande molécula de 
antígeno atuam como gatilhos para as respostas imunes. 
Estas pequenas partes são chamadas de epítopos, ou 
determinantes antigênicos (Figura 22.12). A maior parte 
dos antígenos tem muitos epítopos, cada um dos quais 
induz à produção de um anticorpo específico ou ativa 
um linfócito T específico. 
Os antígenos que ultrapassaram as defesas 
inatas geralmente seguem uma de três vias até o tecido 
linfático: (1) a maior parte dos antígenos que entra na 
corrente sanguínea (p. ex., por meio de um vaso 
sanguíneo lesionado) é aprisionada enquanto flui 
através do baço. (2) Os antígenos que penetram na pele 
entram nos vasoslinfáticos e se alojam nos linfonodos. 
(3) Os antígenos que penetram nas túnicas mucosas são 
aprisionados pelo tecido linfoide associado à mucosa 
(MALT). 
 
NATUREZA QUÍMICA DE ANTÍGENOS 
Os antígenos são moléculas grandes e complexas. Na 
maior parte das vezes, são proteínas. No entanto, ácidos 
nucleicos, lipoproteínas, glicoproteínas e determinados 
polissacarídios grandes também podem atuar como 
antígenos. Os antígenos completos geralmente têm 
grandes pesos moleculares, de 10.000 dáltons ou mais; 
porém, moléculas grandes que têm subunidades simples 
e repetitivas – como por exemplo a celulose e a maior 
parte dos plásticos – geralmente não são antigênicas. É 
por isso que materiais de plástico podem ser usados em 
valvas cardíacas protéticas ou próteses articulares. 
Uma substância que tem menor reatividade, 
mas sem imunogenicidade, é denominada um hapteno. 
Um hapteno pode estimular uma resposta imune apenas 
se estiver acoplado a uma molécula transportadora 
maior. Um exemplo é a pequena toxina lipídica da hera 
venenosa, que desencadeia uma resposta imune após 
combinação com uma proteína do corpo. Do 
mesmo modo, alguns medicamentos, como a penicilina, 
podem se combinar a proteínas do corpo para formar 
complexos imunogênicos. Estas respostas imunológicas 
estimuladas pelo hapteno são responsáveis por algumas 
reações alérgicas a medicamentos e outras substâncias 
do ambiente (ver Distúrbios | Desequilíbrios 
homeostáticos no final do capítulo). 
Como regra geral, os antígenos são substâncias 
estranhas; eles geralmente não fazem parte dos tecidos 
do corpo. No entanto, às vezes, o sistema imunológico 
não é capaz de distinguir o “self” (próprio) do “não self” 
(não próprio). O resultado é uma doença autoimune (ver 
Distúrbios | Desequilíbrios homeostáticos no final do 
capítulo), em que moléculas ou células do indivíduo são 
atacadas como se fossem estranhas. 
 
DIVERSIDADE DOS RECEPTORES DE 
ANTÍGENO 
Uma característica surpreendente do sistema 
imunológico humano é a sua capacidade de reconhecer 
e se ligar a pelo menos um bilhão (109) de epítopos 
diferentes. Antes de um antígeno específico entrar no 
corpo, linfócitos T e linfócitos B que podem reconhecer 
e responder ao intruso estão prontos e à espera. As 
células do sistema imunológico podem até mesmo 
reconhecer moléculas produzidas artificialmente que 
não existem na natureza. A base para a capacidade de 
reconhecer tantos epítopos é uma diversidade 
igualmente grande de receptores de antígeno. Dado que 
as células humanas contêm apenas aproximadamente 35 
mil genes, como 1 bilhão ou mais de receptores de 
antígeno diferentes podem enfim ser produzidos? 
A resposta a este enigma acabou se revelando 
simples por conceito. A diversidade de receptores de 
antígeno nos linfócitos B e nos linfócitos T é decorrente 
do embaralhar e rearranjar de algumas centenas de 
versões de vários segmentos de pequenos genes. Este 
processo é chamado de recombinação genética. Os 
segmentos de genes são unidos em diferentes 
combinações conforme os linfócitos estão se 
desenvolvendo a partir das célulastronco da medula 
óssea e do timo. A situação é semelhante a quando se 
embaralha um baralho de 52 cartas e, em seguida, 
distribui três cartas. Se você fizer isso repetidamente, 
pode produzir muito mais do que 52 conjuntos 
diferentes de três cartas. Por causa da recombinação 
genética, cada linfócito B ou linfócito T tem um 
conjunto único de segmentos de gene que codifica para 
um receptor de antígeno único. Após a transcrição e a 
tradução, as moléculas receptoras são inseridas na 
membrana plasmática. 
ANTÍGENOS DO COMPLEXO PRINCIPAL 
DE HISTOCOMPATIBILIDADE 
Localizados na membrana plasmática das células do 
corpo estão os “autoantígenos”, os antígenos do 
complexo principal 
de histocompatibilidade (MHC). Estas glicoproteínas 
transmembrana são também chamadas de antígenos 
leucocitários 
humanos (HLA), porque foram primeiramente 
identificadas em leucócitos. A menos que você tenha 
um irmão gêmeo 
idêntico, seus antígenos do MHC são únicos. Milhares 
de moléculas de MHC marcam a superfície de cada uma 
das células 
do seu corpo, exceto os eritrócitos. Embora os antígenos 
do MHC sejam o motivo de os tecidos serem rejeitados 
quando 
são transplantados de uma pessoa para outra, sua função 
normal é ajudar os linfócitos T a reconhecer que um 
antígeno é 
estranho, não próprio. Este reconhecimento é um 
primeiro passo importante em qualquer resposta imune 
adaptativa. 
Os dois tipos de antígenos do complexo 
principal de histocompatibilidade são os de classe I e 
classe II. As moléculas do MHC de classe I (MHCI) são 
construídas nas membranas plasmáticas de todas as 
células do corpo, exceto os eritrócitos. As moléculas do 
MHC de classe II (MHCII) aparecem na superfície das 
células apresentadoras de antígeno (descritas na seção 
seguinte). 
 
VIAS DO PROCESSAMENTO DE ANTÍGENOS 
Para que uma resposta imune ocorra, os linfócitos B e 
os linfócitos T devem reconhecer que um antígeno 
estranho está presente. Os linfócitos B podem 
reconhecer e se ligar a antígenos na linfa, líquido 
intersticial ou plasma sanguíneo. Os linfócitos T 
reconhecem apenas fragmentos de proteínas antigênicas 
que são processados e apresentados de uma determinada 
maneira. No processamento do antígeno, as proteínas 
antigênicas são divididas em fragmentos peptídicos que, 
em seguida, se associam a moléculas do MHC. Em 
seguida, o complexo antígeno MHC é inserido na 
membrana plasmática de uma célula do corpo. A 
inserção do complexo na membrana plasmática é 
chamada de apresentação do antígeno. Quando um 
fragmento de peptídio vem de uma autoproteína, os 
linfócitos T ignoram o complexo antígenoMHC. No 
entanto, se o fragmento de peptídio vem de uma 
proteína estranha, os linfócitos T reconhecem o 
complexo antígeno MHC como um intruso, e ocorre 
uma resposta imune. O processamento e apresentação 
de antígenos ocorrem de duas maneiras, dependendo de 
o antígeno estar localizado no exterior ou no interior das 
células. 
 
PROCESSAMENTO DE ANTÍGENOS 
EXÓGENOS 
Antígenos estranhos existentes nos líquidos corporais 
fora das células são denominados antígenos exógenos. 
Eles incluem invasores como bactérias e toxinas 
bacterianas, helmintos, pólen e poeira inalados e vírus 
que ainda não infectaram uma célula do corpo. Uma 
classe especial de células chamadas células 
apresentadoras de antígeno (CAA) processam e 
apresentam os antígenos exógenos. As CAA incluem as 
células dendríticas, os macrófagos e os linfócitos B. 
Elas estão estrategicamente posicionadas em lugares 
onde os antígenos são suscetíveis de penetrar as defesas 
inatas e entrar no corpo, como a epiderme e a derme da 
pele (os macrófagos intraepidérmicos são um tipo de 
célula dendrítica); as túnicas mucosas que revestem os 
sistemas respiratório, digestório, urinário e genital; e os 
linfonodos. Após o processamento e apresentação de 
um antígeno, as CAA migram dos tecidos para os 
linfonodos por meio dos vasos linfáticos. 
As etapas do processamento e apresentação de 
um antígeno exógeno por uma célula apresentadora de 
antígeno ocorrem do seguinte modo (Figura 22.13): 
1. Ingestão do antígeno. As células apresentadoras de 
antígenos ingerem os antígenos exógenos por 
fagocitose ou endocitose. A ingestão pode ocorrer 
em qualquer lugar do corpo em que invasores, como 
os microrganismos, tenham penetrado as defesas 
inatas. 
2. Digestão do antígeno em fragmentos peptídicos. 
Dentro do endossoma ou fagossomo, enzimas que 
digerem proteínas dividem grandes antígenos em 
fragmentos peptídicos curtos. 
3. Síntese de moléculas de MHCII. Ao mesmo 
tempo, a CAA sintetiza moléculas de MHCII no 
retículo endoplasmático (RE). 
4. Envolvimento das moléculas de MHCII. Uma vez 
sintetizadas, as moléculas de MHCII são envolvidas 
em vesículas. 
5. Fusãode vesículas. As vesículas contendo 
fragmentos peptídicos de antígenos e moléculas 
MHCII são misturadas e fundidas. 
6. Ligação de fragmentos peptídicos a moléculas de 
MHCII. Depois da fusão dos dois tipos de 
vesículas, fragmentos peptídicos de antígeno se 
ligam a moléculas de MHCII. 
7. Inserção dos complexos antígeno MHCII na 
membrana plasmática. A vesícula combinada que 
contém complexos antígenoMHCII sofre exocitose. 
Como resultado, os complexos antígenoMHCII são 
inseridos na membrana plasmática 
Depois de processar um antígeno, a célula 
apresentadora de antígeno migra para o tecido linfático 
para apresentar o antígeno aos linfócitos T. Dentro do 
tecido linfático, uma pequena quantidade de linfócitos 
T que tenha receptores com forma compatível 
reconhece e se liga ao complexo fragmento de antígeno 
MHCII, desencadeando uma resposta imune adaptativa. 
A apresentação do antígeno exógeno em conjunto com 
as moléculas de MHCII pelas células apresentadoras de 
antígenos informa os linfócitos T que invasores estão 
presentes no corpo e que uma ação combativa deve ser 
iniciada. 
 
PROCESSAMENTO DE ANTÍGENOS 
ENDÓGENOS 
Antígenos estranhos no interior das células do corpo são 
denominados antígenos endógenos. Estes antígenos 
podem ser proteínas virais produzidas depois que um 
vírus infecta a célula e assume seu aparato metabólico, 
toxinas produzidas por bactérias intracelulares, ou 
proteínas anormais sintetizadas por uma célula 
cancerígena. 
As etapas do processamento e apresentação de 
um antígeno endógeno por uma célula do corpo 
infectada ocorrem do seguinte modo (Figura 22.14): 
1. Digestão de um antígeno em fragmentos 
peptídicos. Dentro da célula infectada, enzimas que 
digerem proteínas clivam o antígeno endógeno em 
fragmentos peptídicos curtos. 
2. Síntese de moléculas MHCI. Ao mesmo tempo, a 
célula infectada sintetiza moléculas do MHCI no 
retículo endoplasmático (RE). 
3. Ligação dos fragmentos peptídicos às moléculas 
do MHCI. Os fragmentos peptídicos de antígeno 
entram no RE e, em seguida, se ligam às moléculas 
do MHCI. 
4. Envolvimento das moléculas de antígenoMHCI. 
A partir do RE, as moléculas de antígenoMHCI São 
envolvidas em vesículas. 
5. Inserção de complexos antígeno MHCI na 
membrana plasmática. As vesículas que contêm 
complexos de antígeno MHCI sofrem exocitose. 
Como resultado, os complexos de antígeno MHCI 
são inseridos na membrana plasmática. 
A maior parte das células do corpo é capaz de 
processar e apresentar antígenos endógenos. A exibição 
de um antígeno 
endógeno ligado a uma molécula de MHCI 
sinaliza que uma célula foi infectada e precisa de ajuda. 
 
CITOCINAS 
As citocinas são pequenos hormônios proteicos que 
estimulam ou inibem muitas funções celulares normais, 
como o crescimento e a diferenciação celular. Os 
linfócitos e as células apresentadoras de antígeno 
secretam citocinas, assim como os fibroblastos, as 
células endoteliais, os monócitos, os hepatócitos e as 
células renais. Algumas citocinas estimulam a 
proliferação de células progenitoras do sangue na 
medula óssea. Outras regulam as atividades das células 
envolvidas nas defesas inatas ou respostas imunes 
adaptativas. 
 
5. DESCREVER DETALHADAMENTE OS 
MECANISMOS DE INFLAMAÇÃO, 
RELACIONANDO-OS AOS SINAIS E 
SINTOMAS CARACTERÍSTICOS. 
 
INFLAMAÇÃO 
A inflamação é uma resposta de defesa não específica 
do organismo à lesão tecidual. Entre as condições que 
podem provocar inflamação estão patógenos, abrasões, 
irritações químicas, distorções ou distúrbios celulares, e 
temperaturas extremas. Os quatro sinais e sintomas 
característicos da inflamação são vermelhidão, dor, 
calor e edema. A inflamação também pode causar uma 
perda funcional no local da lesão (p. ex., a incapacidade 
de detectar sensações), dependendo da localização e 
extensão da lesão. A inflamação é uma tentativa de 
eliminar microrganismos, toxinas ou material estranho 
do local da lesão, evitar sua propagação para outros 
tecidos, e preparar o local para o reparo tecidual em uma 
tentativa de restaurar a homeostasia do tecido. 
Como a inflamação é um dos mecanismos de 
defesa inespecíficos do corpo, a resposta de um tecido a 
um corte é semelhante à resposta aos danos causados 
por queimaduras, radiação ou invasão bacteriana ou 
viral. Em cada caso, a resposta inflamatória tem três 
fases básicas: (1) vasodilatação e aumento da 
permeabilidade dos vasos sanguíneos, (2) migração dos 
fagócitos do sangue para o líquido intersticial e, por fim, 
(3) reparo tecidual. 
 
VASODILATAÇÃO E AUMENTO DA 
PERMEABILIDADE DOS VASOS SANGUÍNEOS. 
Duas alterações imediatas ocorrem nos vasos 
sanguíneos em uma região de lesão tecidual: dilatação 
das arteríolas e aumento da permeabilidade dos 
capilares (Figura 22.10). O aumento da permeabilidade 
significa que as substâncias normalmente retidas no 
sangue são autorizadas a sair dos vasos sanguíneos. A 
vasodilatação possibilita maior fluxo sanguíneo na área 
danificada, e o aumento da permeabilidade possibilita 
que as proteínas de defesa, como os anticorpos e fatores 
de coagulação, entrem na área da lesão provenientes do 
sangue. O aumento do fluxo sanguíneo também ajuda a 
eliminar toxinas microbianas e células mortas. 
Entre as substâncias que contribuem para a 
vasodilatação, aumento da permeabilidade e outros 
aspectos da resposta inflamatória estão: 
 Histamina. Em resposta a uma lesão, os mastócitos 
no tecido conjuntivo e os basófilos e plaquetas no 
sangue liberam histamina. Os neutrófilos e 
macrófagos atraídos ao local da lesão também 
estimulam a liberação de histamina, que causa 
vasodilatação e aumento da permeabilidade dos 
vasos sanguíneos. 
 Cininas. Polipeptídios formados no sangue a partir 
de precursores inativos chamados cininogênios 
(cininas) induzem vasodilatação e aumento da 
permeabilidade e servem como agentes 
quimiotáticos para os fagócitos. Um exemplo de 
cinina é a bradicinina. 
 Prostaglandinas. As prostaglandinas (PG), 
especialmente aquelas da série E, são liberadas por 
células danificadas e intensificam os efeitos da 
histamina e das cininas. As PG também podem 
estimular a migração de fagócitos através das 
paredes dos capilares. 
 Leucotrienos. Produzidos por basófilos e 
mastócitos, os leucotrienos (LT) causam aumento 
da permeabilidade; também atuam na adesão dos 
fagócitos aos patógenos e como agentes 
quimiotáticos que atraem os fagócitos. 
 Complemento. Diferentes componentes do sistema 
complemento estimulam a liberação de histamina, 
atraem neutrófilos por quimiotaxia e promovem a 
fagocitose; alguns componentes também podem 
destruir bactérias. 
A dilatação das arteríolas e o aumento da 
permeabilidade dos capilares produzem três dos sinais e 
sintomas da inflamação: calor, vermelhidão (eritema) e 
tumefação (edema). O calor e a vermelhidão resultam 
da grande quantidade de sangue que se acumula na área 
danificada. À medida que a temperatura local sobe 
discretamente, as reações metabólicas decorrem mais 
rapidamente e liberam calor adicional. O edema resulta 
do aumento da permeabilidade dos vasos sanguíneos, 
que possibilita que mais líquido se mova do plasma 
sanguíneo para os espaços teciduais. 
A dor é o principal sintoma da inflamação. É 
decorrente da lesão dos neurônios e de produtos 
químicos tóxicos liberados por microrganismos. As 
cininas afetam algumas terminações nervosas, causando 
grande parte da dor associada à inflamação. As 
prostaglandinas intensificam e prolongam a dor 
associada à inflamação. A dor também pode ser 
decorrente do aumento da pressão pelo edema. 
O aumento da permeabilidade dos capilares 
possibilita o vazamento de fatores de coagulação do 
sangue para os tecidos. A cascata de coagulação é 
colocada em movimento, e o fibrinogênio é por fim 
convertido em uma malha espessa insolúvel de fios de 
fibrina que localiza e aprisionamicrorganismos 
invasores e bloqueia sua propagação. 
 
MIGRAÇÃO DOS FAGÓCITOS. Dentro de 1 h do 
início do processo inflamatório, os fagócitos aparecem 
em cena. Como grandes quantidades de sangue se 
acumulam, os neutrófilos começam a aderir à superfície 
interna do endotélio dos vasos sanguíneos (Figura 
22.10). Em seguida, os neutrófilos começam a se 
espremer através da parede do vaso sanguíneo para 
alcançar a área danificada. Este processo, chamado de 
migração, depende da quimiotaxia. Os neutrófilos 
tentam destruir os microrganismos invasores por 
fagocitose. Um fluxo constante de neutrófilos é 
assegurado pela produção e liberação de células 
adicionais pela medula óssea. Esse aumento de 
leucócitos no sangue é chamado de leucocitose. 
Embora os neutrófilos predominem nas fases 
iniciais da infecção, eles morrem rapidamente. 
Conforme a resposta inflamatória continua, os 
monócitos seguem os neutrófilos em direção à área 
infectada. Uma vez no tecido, os monócitos se 
transformam em macrófagos errantes, que contribuem 
para a atividade fagocitária dos macrófagos fixos já 
presentes. Fiéis ao seu nome, os macrófagos são 
fagócitos muito mais potentes do que os neutrófilos. 
Eles são grandes o suficiente para engolfar o tecido 
danificado, os neutrófilos rompidos e os 
microrganismos invasores. 
Por fim, os macrófagos também morrem. 
Dentro de alguns dias, forma-se um bolsão de células 
fagocíticas mortas e tecidos danificados; esta coleção de 
células mortas e líquido é chamada de pus. A formação 
de pus ocorre na maior parte das respostas inflamatórias 
e geralmente continua até que a infecção desapareça. Às 
vezes, o pus alcança a superfície do corpo ou drena para 
dentro de uma cavidade interna e é dispersado; em 
outras ocasiões, o pus permanece mesmo depois de a 
infecção ter terminado. Neste caso, o pus é destruído 
gradualmente ao longo de um período de dias e é 
absorvido. 
 FEBRE 
A febre consiste em uma temperatura 
anormalmente elevada do corpo que ocorre porque o 
termostato hipotalâmico é reconfigurado. Geralmente 
ocorre durante uma infecção e inflamação. Muitas 
toxinas bacterianas elevam a temperatura corporal, às 
vezes ao desencadear a liberação de citocinas que 
causam febre, como a interleucina1 dos macrófagos. A 
 temperatura corporal elevada intensifica os efeitos das 
interferonas, inibe o crescimento de alguns 
microrganismos e acelera a reação do corpo que auxilia 
no reparo. 
6. COMPREENDER O PROCESSO 
INFLAMATÓRIO COMO UMA DEFESA 
NATURAL E UM ESTÍMULO AOS 
FENÔMENOS DE REPARAÇÃO TECIDUAL. 
Já abordado no objetivo anterior. 
7. ABORDAR TRATAMENTO DE 
QUEIMADURA 1º E 2º GRAUS. 
 
Queimaduras são lesões na pele provocadas geralmente 
pelo calor, mas também podem ser causadas pelo frio, 
determinados produtos químicos, radiações, 
eletricidade e até fricções. Podem atingir apenas a 
camada mais superficial da pele ou a mais profunda, 
comprometendo também músculos e ossos. 
As queimaduras podem ser leves ou profundas, 
pequenas ou extensas. A gravidade do quadro depende 
exatamente desses dois fatores: extensão e 
profundidade. 
Graus 
 
QUEIMADURAS DE PRIMEIRO GRAU 
Também chamada de queimadura superficial, são 
aquelas que envolvem apenas a epiderme, a camada 
mais superficial da pele. Os sintomas da queimadura de 
primeiro grau são intensa dor e vermelhidão local, mas 
com palidez na pele quando se toca. 
A lesão da queimadura de 1º grau é seca e não produz 
bolhas. Geralmente melhoram após 3 a 6 dias, podendo 
descamar, e não deixam sequelas. 
DRAUZIO VARELLA: Atingem a cama mais 
superficial da pele. A lesão apresenta rubor (aspecto 
avermelhado), calor e é dolorosa. 
Faça compressas frias nas primeiras horas após sua 
ocorrência. Não coloque pasta de dente ou manteiga em 
nenhuma hipótese. Use vaselina líquida para manter a 
queimadura hidratada. Tome analgésico, se necessário, 
e use filtro solar na região nos dias seguintes. 
 
QUEIMADURAS DE SEGUNDO GRAU 
As queimaduras de segundo grau são atualmente 
divididas em 2º grau superficial e 2º grau profundo. 
A queimadura de 2º grau superficial é aquela que 
envolve a epiderme e a porção mais superficial da 
derme. 
Os sintomas são os mesmos da queimadura de 1º grau 
incluindo ainda o aparecimento de bolhas e uma 
aparência úmida da lesão. A cura é mais demorada 
podendo levar até 3 semanas; não costuma deixar 
cicatriz mas o local da lesão pode ser mais claro. 
DRAUZIO VARELLA: Geram bolhas e muita dor. As 
bolhas devem ser drenadas, mas não retiradas, pois 
servem como curativos biológicos. Mas atenção: esse 
procedimento deve ser realizado por um médico. 
Após o rompimento das bolhas, o local, então, é limpo 
com água corrente e clorexitina. O curativo é feito 
geralmente com sulfadiazina de prata ou nitrato de 
cério. Após a cicatrização, use filtro solar para evitar 
manchas. 
As queimaduras de 2º grau profundas são aquelas que 
acometem toda a derme, sendo semelhantes às 
queimaduras de 3º grau. Como há risco de destruição 
das terminações nervosas da pele, este tipo de 
queimadura, que é bem mais grave, pode até ser menos 
doloroso que as queimaduras mais superficiais. As 
glândulas sudoríparas e os folículos capilares também 
podem ser destruídos, fazendo com a pele fique seca e 
perca seus pelos. 
A cicatrização demora mais que 3 semanas e costuma 
deixas cicatrizes. 
DRAUZIO VARELLA: Contra a intuição, elas são 
menos dolorosas. As bolhas são brancas e secas. O 
tratamento é semelhante ao das queimaduras de 3º grau. 
 
 
 
 
QUEIMADURAS DE TERCEIRO GRAU 
São as queimaduras profundas que acometem toda a 
derme e atinge tecidos subcutâneos, com destruição 
total de nervos, folículos pilosos, glândulas sudoríparas 
e capilares sanguíneos, podendo inclusive atingir 
músculos e estruturas ósseas. São lesões 
esbranquiçadas/acinzentadas, secas, indolores e 
deformantes que não curam sem apoio cirúrgico, 
necessitando de enxertos. 
DRAUZIO VARELLA: Apesar de acometerem todas as 
camadas da pele, são indolores porque destroem 
inclusive os nervos da região. Podem atingir os 
músculos e causar deformidades graves. 
Na maioria das vezes, há necessidade de internação 
hospitalar, pois em geral causam manifestações 
sistêmicas, como desequilíbrio dos níveis de sódio, 
potássio e/ou cálcio e desidratação; muitas vezes é 
preciso retirar os tecidos necrosados e realizar limpeza 
e enxertos. 
Se acometerem regiões como rosto, mãos, genitália, pés 
e vias aéreas superiores ou forem causadas por fontes 
elétricas – mesmo que aparentemente não haja nenhum 
sintoma -, procure imediatamente um serviço de 
emergência hospitalar. 
 
Queimaduras superficiais 
As primeiras providências após uma queimadura são 
esfriá-la e limpá-la. Comece com água corrente fria 
na lesão por até 15 minutos. Atenção: a água deve ser 
fria, não gelada. Nunca coloque gelo nas lesões, pois 
o mesmo também pode queimar a pele e agravar o 
quadro. 
Inicialmente não é preciso nenhum produto 
de limpeza específico, basta água e sabão 
simples. Não aplique nenhuma substância sobre a 
lesão, principalmente manteiga, óleos, pasta de 
dente, café, etc. Essas receitas caseiras para tratar 
queimaduras não funcionam, podem agravar a lesão 
e ainda aumentam o risco de infecção da ferida. 
Se a p/ele não estiver intacta, não aplique nenhuma 
substância que não tenha sido indicada por um 
médico. A imensa maioria das receitas caseiras 
contra queimadura fazem mais mal do que bem. 
Se a queimadura for simples, pequena e 
superficial, pode não ser necessário atendimento 
médico e, após o devido resfriamento e limpeza da 
ferida, pode-se aplicar um hidratante a base de Aloe 
Vera (babosa ou aloés) ou vaselina. 
Na maioria dos casos, as queimaduras de 1º grau 
saram espontaneamente após 3 a 6 dias. 
 
Queimaduras mais profundas 
Se a pele estiver danificada, envolva a lesão com

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