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Tutoria Imunologia - Lesão Celular SP 2.1

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1 
 
1 
 Lucas Ferraz 
 Medicina – 2ºP 
SP 2.1 
OBJETIVOS: 
1. Identificar os possíveis agentes agressores (químicos, físicos, 
biológicos e psicossociais) ao organismo e como as lesões por 
eles causadas desencadeiam o processo de adaptação, 
reparação ou morte celular. 
2. Definir lesão celular reversível e irreversível e caracterizar 
seus tipos. 
3. Citar as linhas de defesa do organismo aos agentes 
agressores (químicos, físicos, biológicos e psicossociais). 
4. Conceituar as diferentes linhas de defesa contra os agentes 
agressores (barreiras, resposta inata e adaptativa). 
5. Descrever detalhadamente os mecanismos da inflamação, 
relacionando-os aos sinais e sintomas característicos. 
6. Compreender o processo inflamatório como uma defesa 
natural e um estímulo aos fenômenos de reparação tecidual. 
7. Abordar tratamento de queimadura 1º e 2º graus. 
 
1. IDENTIFICAR OS POSSÍVEIS AGENTES AGRESSORES 
(QUÍMICOS, F ÍS ICOS, BIOLÓGICOS E PSICOSSOCIAIS) AO 
ORGANISMO E COMO AS LESÕES POR ELES CAUSADAS 
DESENCADEIAM O PROCESSO DE ADAPTAÇÃO, 
REPARAÇÃO OU MORTE CELULAR. 
Embora nós vivamos em um ambiente sujeito a amplas 
variações, com extremos de temperatura, umidade do ar, 
pressão de O2, qualidade do ar, etc., o ambiente interno em 
que as células estão, se altera muito pouco. Isto porque 
temos mecanismos de proteção e regulação que, por 
exemplo, aquecem o ar frio que inalamos, umedecem o ar 
seco, mantém o fluxo sanguíneo constante, mantém a 
quantidade de água, eletrólitos, carboidratos, proteínas, 
lipídeos dentro de limites ideais dentro das células, etc. 
Pequenas variações, como por exemplo pequenas oscilações 
da oferta de glicose ou oxigênio são toleradas sem prejuízo 
para as células, que mantém sua morfologia e 
funcionamento íntegros (homeostase). 
Em algumas situações, como uma demanda por maior 
trabalho das fibras musculares, pode ocorrer adaptação 
celular, neste caso hipertrofia. Estas adaptações podem 
ocorrer em situações normais como a gravidez (hiperplasia 
dos ácinos mamários), menopausa (atrofia do endométrio) 
ou situações anormais, como ocorre na hipertensão arterial, 
por causa do aumento da resistência vascular periférica e 
que produz hipertrofia cardíaca. Caso este estímulo nocivo 
seja mais intenso ou mais prolongado, a capacidade 
adaptativa da célula é excedida e ocorre lesão celular. 
LESÃO CELULAR: CAUSAS EXÓGENAS 
As causas exógenas são representadas por agentes físicos 
como força mecânica, radiação, variação de temperatura e 
alteração da pressão atmosférica; agentes químicos, como 
os agrotóxicos, poluentes ambientais, medicamentos e 
drogas ilícitas; agentes biológicos, como vírus, bactérias, 
protozoários, etc; e pelos distúrbios da nutrição, que 
envolvem tanto a deficiência como o excesso de nutrientes. 
LESÃO CELULAR: CAUSAS ENDÓGENAS 
Já as causas endógenas estão relacionadas com a herança 
genética, o sistema imunológico e os fatores emocionais, 
estes influenciados também pelo ambiente social. 
As agressões atuam por mecanismos muito diversos, sendo 
os mais conhecidos e importantes: redução na 
disponibilidade de O2 às células; radicais livres; 
anormalidades em ácidos nucleicos e proteínas; resposta 
imunitária; e distúrbios metabólicos. 
2. DEFINIR LESÃO CELULAR REVERSÍVEL E IRREVERSÍVEL 
E CARACTERIZAR SEUS TIPOS. 
Lesão celular pode ser reversível ou irreversível. A lesão 
celular reversível ocorre quando a célula agredida pelo 
estímulo nocivo sofre alterações funcionais e morfológicas, 
porém mantém-se viva, recuperando-se quando o estímulo 
nocivo é retirado ou cessa. A lesão celular é irreversível 
quando a célula se torna incapaz de recuperar-se depois de 
cessada a agressão, caminhando para a morte celular. 
A lesão celular ocorre quando as células são estressadas tão 
excessivamente que não são mais capazes de se adaptar, 
podendo ser reversível até um certo ponto, mas se o 
estímulo persistir ou for intenso o suficiente desde o início, 
a célula sofre lesão irreversível. As causas de lesões e 
doenças são divididas inicialmente em dois grandes grupos: 
exógenas e endógenas, porém nem todas as causas são 
conhecidas e, nesses casos, recebem a denominação de 
causa criptogenética, idiopática ou essencial. 
A célula normal está limitada, em suas funções, a uma faixa 
de variação bastante estreita devido a sua estrutura, por 
restrições pelas células vizinhas e pela disponibilidade de 
substratos metabólicos. No entanto, ela é capaz de suprir as 
demandas fisiológicas, mantendo um estado de equilíbrio 
chamado homeostase. 
Quando ocorrem alterações fisiológicas no organismo, ou 
até mesmo alguns estímulos patológicos, as células são 
capazes de passar por adaptações estruturais e funcionais 
 
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 Lucas Ferraz 
 Medicina – 2ºP 
reversíveis, durante as quais um novo estado de equilíbrio é 
alcançado, permitindo sua sobrevivência e manutenção da 
atividade funcional. Quando o estímulo é eliminado, a célula 
pode retornar ao seu estado original sem ter sofrido 
qualquer consequência danosa. 
No entanto, se os limites das respostas adaptativas forem 
excedidos ou se as células forem expostas a agentes ou 
estímulos nocivos, privadas de nutrientes essenciais, ou 
ficarem comprometidas por mutações que afetem 
constituintes celulares essenciais, ocorre uma sequência de 
eventos denominada lesão celular. 
A lesão celular pode ser reversível até certo ponto, mas se o 
estímulo persistir ou for intenso o suficiente desde o início, 
a célula sofre lesão irreversível, levando-a a morte celular, 
que é o resultado final da lesão celular progressiva, sendo 
um dos principais eventos na evolução de uma doença em 
qualquer tecido ou órgão. Porém, ela constitui também um 
processo normal e essencial na embriogênese, no 
desenvolvimento dos órgãos e na manutenção da 
homeostase. 
Nos estágios iniciais ou nas formas leves de lesão, as 
alterações morfológicas e funcionais são reversíveis, se o 
estímulo nocivo for removido. 
Os principais marcos da lesão reversível são a redução da 
fosforilação oxidativa, com consequente depleção do 
armazenamento de ATP e tumefação celular causada por 
alterações da concentração de íons e influxo de água. Além 
disso, várias organelas intracelulares, tais como as 
mitocôndrias e o citoesqueleto, podem apresentar 
alterações. 
Com a persistência do dano, a lesão torna-se irreversível e, 
com o tempo, a célula não pode se recuperar e morre. 
Existem dois tipos de morte celular, a necrose e a apoptose, 
que diferem em sua morfologia, mecanismos e funções na 
homeostase e na doença. 
Quando a lesão das membranas é grave, as enzimas 
lisossômicas entram no citoplasma e digerem a célula, dando 
origem a um conjunto de alterações morfológicas descritas 
como necrose. 
A necrose é considerada uma forma desregulada de morte 
celular resultante de danos às membranas celulares e perda 
da homeostase dos íons. Conteúdos celulares também são 
perdidos, através da membrana plasmática lesada, para o 
espaço extracelular, onde causam inflamação. 
Já a apoptose é uma forma de morte celular caracterizada 
pela dissolução nuclear, fragmentação da célula sem perda 
completa da integridade da membrana, e rápida remoção 
dos restos celulares. 
Como o conteúdo celular não é perdido, ao contrário da 
necrose, não existe reação inflamatória. Em termos de 
mecanismo, a apoptose é conhecida por ser um processo 
altamente regulado, dirigido por uma série de vias genéticas. 
É, por isso, às vezes, também chamada de “morte celular 
programada”. 
SE LIGA! Enquanto a necrose é sempre um processo 
patológico, a apoptose auxilia muitos processos fisiológicos 
e não é, necessariamente, associada a lesão celular. 
3. CITAR AS LINHAS DE DEFESA DO ORGANISMO AOS 
AGENTES AGRESSORES (QUÍMICOS, F ÍS ICOS, BIOLÓGICOS 
E PSICOSSOCIAIS) . 
O corpo humano tem três linhas de defesa preliminaresa 
lutar contra invasores estrangeiros, incluindo vírus, bactérias 
e fungos. As linhas do sistema imunitário três de defesa 
incluem barreiras físicas e químicas, respostas inatas não 
específicas, e respostas adaptáveis específicas. 
BARREIRA FÍSICA 
O sistema imunitário inato fornece a primeira linha de 
defesa, que é dividida amplamente em duas categorias - 
físicas/barreiras químicas e na resistência não específica. 
As barreiras físicas, incluindo a pele e a mucosa do digestivo 
e das vias respiratórias, ajudam a eliminar os micróbios 
patogénicos e impedir o tecido e/ou as infecções do sangue. 
Além disso, os componentes que são segregados pela pele 
ou mucosa, tal como o suor, saliva, rasgos, mucosos, ajudam 
a fornecer uma barreira básica contra os micróbios 
patogénicos de invasão. 
A pele é barreira física/mecânica impermeável que protege 
muitos micróbios patogénicos de incorporar o corpo. 
Similarmente, a mucosa ou as mucosas que alinham os 
sistemas internos imediatos ajudam a prender os micróbios 
patogénicos produzindo mucoso. Os cabelos dentro da 
cavidade nasal, assim como da cera (cera), igualmente 
prendem os micróbios patogénicos e poluentes ambientais. 
Alguns líquidos ácidos, tais como o suco gástrica, urina, e 
secreções vaginal, destroem os micróbios patogénicos 
criando baixas condições do pH. Também, o lysozyme 
encontrado em lágrimas, o suor, e a saliva atuam como um 
 
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 Lucas Ferraz 
 Medicina – 2ºP 
agente antimicrobial vital para destruir os micróbios 
patogénicos. 
RESPOSTA INATA NÃO ESPECÍFICA 
Os micróbios patogénicos que cruzam com sucesso as 
barreiras físicas são encontradas em seguida pela segunda 
linha de defesa. Esta resposta imune inata envolve na maior 
parte pilhas imunes e proteínas para reconhecer e eliminar 
não específica todo o micróbio patogénico que incorporar o 
corpo. 
A fagocitose é um fenômeno crucial do sistema imunitário 
inato que utiliza um tipo especial de pilhas imunes chamadas 
fagócito. Há dois tipos de macrófagos e de neutrófilo dos 
fagócitos a saber. Estas pilhas são encontradas nos tecidos e 
no sangue. 
No início, os fagócitos reconhecem e ligam os micróbios 
patogénicos e usam então a membrana de plasma para 
cercar e tragar os micróbios patogénicos dentro da pilha. Em 
consequência, um compartimento interno separado 
(phagosome) é gerado, que funda subsequentemente com 
um outro tipo de compartimento celular chamado o 
lisossoma. Os lisossomas internos atuais das enzimas 
digestivas destroem finalmente os micróbios patogénicos 
quebrando os em fragmentos. 
A digestão dos micróbios patogénicos dentro de um 
phagosome produz materiais repugnantes e fragmentos 
antigénicos; de que, os materiais repugnantes são 
removidos pelo exocytosis. Contudo, os fragmentos 
antigénicos são indicados na superfície dos fagócitos, que 
subsequentemente são reconhecidos e destruídos por pilhas 
de T citotóxicos. 
Além, as proteínas de complemento são ativadas, que 
recrutam por sua vez uns glóbulos mais brancos (neutrófilo, 
eosinophils e basófilo) no local da infecção, conduzindo a 
uma resposta inflamatório (inchamento, vermelhidão, dor). 
RESPOSTA ADAPTÁVEL ESPECÍFICA 
A terceira linha defesa visa eliminar os micróbios 
patogénicos específicos que têm sido encontrados pelo 
sistema imunitário previamente (resposta imune adaptável 
ou adquirida). Em vez da limitação ao local da infecção, a 
resposta imune adaptável ocorre durante todo o corpo. O 
sistema imunitário adaptável envolve principalmente dois 
tipos dos glóbulos brancos (linfócitos) - linfócitos de B (pilhas 
de B) e linfócitos de T (pilhas de T). As pilhas de B são 
envolvidas em respostas imunes anticorpo-negociadas 
(imunidade humoral), visto que as pilhas de T são envolvidas 
em respostas imunes comunicadas pelas células. 
Na imunidade anticorpo-negociada, as pilhas de B são 
ativadas quando encontram um `' antígeno conhecido. As 
pilhas de B ativadas então tragam e digerem o antígeno, que 
é seguido por uma representação de MHC (complexo 
principal do histocompatibility) - fragmentos antigénicos 
encadernados na superfície da pilha de B. 
A combinação de antígeno-MHC mais adicional ativa as 
pilhas de T do ajudante, que segregam por sua vez cytokines 
(interleukins) para provocar o crescimento e a maturação de 
pilhas de B de apresentação em pilhas de B de produção 
(pilhas de plasma). Neste momento, algumas pilhas de B são 
transformadas em pilhas de memória para manter o pronto 
de sistema imunitário para o ataque seguinte. 
Os anticorpos produzidos pelas pilhas de plasma são 
segregados na circulação sanguínea onde executam suas 
funções em maneiras diferentes. Por exemplo, formando o 
complexo do antígeno-anticorpo, os anticorpos podem 
impedir antígenos das pilhas de anfitrião obrigatórias, 
conduzindo à prevenção da infecção. Os anticorpos 
igualmente ligam e marcam os micróbios patogénicos para a 
destruição com a fagocitose. 
O complexo do antígeno-anticorpo pode iniciar uma série de 
eventos da sinalização para ativar proteínas de 
complemento, que mate por sua vez os micróbios 
patogénicos rompendo sua membrana de pilha. As proteínas 
de complemento igualmente provocam uma resposta 
inflamatório, conduzindo à acumulação dos glóbulos 
brancos no local da infecção. 
Na imunidade comunicada pelas células, as pilhas de T são 
ativadas quando encontram a antígeno-apresentação de 
pilhas, tais como pilhas de B ou pilhas dendrítico. As pilhas 
de T ativadas segregam então os cytokines que promovem o 
disparador a produção e a maturação de pilhas de T. 
As pilhas de T que se amadurecem em citotóxico ou as pilhas 
de T do assassino destroem principalmente pilhas micróbio-
contaminadas, pilhas danificadas, e células cancerosas 
rompendo a membrana de pilha. Considerando que, as 
pilhas de T que maduro em pilhas de T do ajudante facilite 
pilhas de B para executar anticorpo-negociaram respostas 
imunes. 
Algumas pilhas de T que se amadurecem em pilhas de T 
reguladoras ajudam a cessar a resposta imune e a manter a 
homeostase de sistema imunitário quando a ameaça é 
eliminada. Também, algumas pilhas de T que maduro em 
 
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 Medicina – 2ºP 
pilhas de T da memória recorde o micróbio patogénico e 
inicie uma resposta imediata quando o corpo encontrar o 
mesmo micróbio patogénico pela segunda vez. 
4. CONCEITUAR AS DIFERENTES LINHAS DE DEFESA 
CONTRA OS AGENTES AGRESSORES (BARREIRAS, 
RESPOSTA INATA E ADAPTATIVA). 
A defesa contra microrganismos é mediada por respostas 
sequenciais e coordenadas que são denominadas imunidade 
inata e adaptativa (Fig. 1.1 e Tabela 1.2). A imunidade inata 
(também chamada de imunidade natural ou imunidade 
nativa) é essencial para a defesa contra microrganismos nas 
primeiras horas ou dias após a infecção, antes que as 
respostas imunes adaptativas tenham se desenvolvido. A 
imunidade inata é mediada por mecanismos que já existem 
antes da ocorrência de uma infeção (por isso inata) e que 
facilitam rápidas respostas contra microrganismos 
invasores. 
 
IMUNIDADE INATA: 
O termo imunidade inata se refere aos mecanismos de 
defesa sempre presentes, prontos para combater 
microrganismos e outros agentes agressores. O sistema 
imune inato consiste em muitos tipos de células e moléculas 
solúveis presentes nos tecidos e no sangue que previnem 
constantemente a invasão e o estabelecimento de infecções. 
Quando um microrganismo estabelece o foco infeccioso, as 
respostas imunes inatas fornecem a defesa inicial, antes das 
respostas imunes adaptativas. 
FUNÇÕES E REAÇÕES DAS RESPOSTAS IMUNES 
INATAS 
A imunidade inata exerce várias funções essenciais que nos 
protegem contra microrganismos e lesão tecidual. Os 
principais componentes do sistema imune inato são as 
superfícies epiteliais, que bloqueiam a entrada dos 
microrganismos; as células-sentinelateciduais, incluindo 
macrófagos, células dendríticas e mastócitos, os quais 
detectam microrganismos que conseguem romper os 
epitélios e iniciam as respostas do hospedeiro; as células 
brancas do sangue (leucócitos), incluindo neutrófilos, 
macrófagos derivados de monócitos, células natural killer e 
outras células, que entram nos tecidos vindas do sangue e 
eliminam os microrganismos que invadiram os epitélios, 
além de se livrarem das células danificadas do hospedeiro; e 
diversos tipos de proteínas plasmáticas, as quais combatem 
os microrganismos que entraram na circulação. Numerosos 
outros tipos celulares, entre os quais as células epiteliais e 
outras células teciduais, também contam com mecanismos 
intrínsecos para se autodefender contra os microrganismos. 
As funções das respostas imunes inatas têm algumas 
características gerais importantes. 
• O sistema imune inato mantém defesas físicas e químicas 
nas barreiras epiteliais, como a pele e o revestimento dos 
tratos gastrintestinal e respiratório, os quais bloqueiam a 
entrada microbiana. Os microrganismos conseguem 
colonizar os tecidos somente quando são capazes de 
atravessar os epitélios. Se essas barreiras forem danificadas 
ou os microrganismos conseguirem penetrá-las, as respostas 
imunes inata e adaptativa são ativadas para fornecer as 
próximas linhas de defesa. 
• As respostas imunes inatas são as reações iniciais aos 
microrganismos que servem para prevenir, controlar ou 
eliminar a infecção do hospedeiro por muitos patógenos. A 
importância da imunidade inata na defesa do hospedeiro é 
ilustrada por observações clínicas e estudos experimentais 
demonstrando que as deficiências, inibição ou eliminação de 
qualquer dos vários mecanismos de imunidade inata 
aumentam a suscetibilidade a infecções, mesmo quando o 
sistema imune adaptativo está intacto e funcional. Muitos 
microrganismos patogênicos desenvolveram estratégias 
para resistir à imunidade inata, e essas estratégias são 
decisivas para a virulência dos microrganismos. As respostas 
imunes inatas a esses microrganismos podem manter a 
infecção sob controle até as respostas imunes adaptativas 
serem ativadas. As respostas imunes adaptativas 
tipicamente são mais potentes e especializadas, 
conseguindo assim eliminar os microrganismos que resistem 
aos mecanismos de defesa da imunidade inata. 
• A imunidade inata elimina células danificadas e inicia o 
processo de reparo tecidual. Essas funções envolvem o 
reconhecimento e a resposta a moléculas do hospedeiro 
produzidas, liberadas ou acumuladas em células 
estressadas, danificadas e mortas do hospedeiro. A lesão 
que deflagra essas respostas inatas pode ocorrer como 
resultado de infecção, ou é possível que se trate de um dano 
tecidual e celular estéril na ausência de infecção. 
 
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• As respostas imunes inatas estimulam respostas imunes 
adaptativas e podem influenciar a natureza dessas 
respostas, para torná-las otimamente efetivas contra 
diferentes tipos de microrganismos. Portanto, a imunidade 
inata não só desempenha funções defensivas logo após a 
infecção como também fornece os sinais de perigo que 
alertam o sistema imune adaptativo para responder. Além 
disso, diferentes componentes do sistema imune inato 
muitas vezes reagem de modos distintos a microrganismos 
diferentes (p. ex.:bactérias extracelulares versus vírus 
intracelulares) e, assim, influenciam o tipo de resposta 
imune adaptativa que se desenvolve. Retomaremos esse 
conceito ao final do capítulo. 
• Os dois tipos principais de reações protetoras do sistema 
imune inato são a inflamação e a defesa antiviral. A 
inflamação é o processo pelo qual leucócitos circulantes e 
proteínas plasmáticas são levados aos sítios de infecção nos 
tecidos e são ativados para destruir e eliminar os agentes 
agressores. A inflamação também é a principal reação a 
células danificadas ou mortas, bem como aos acúmulos de 
substâncias anormais nas células e tecidos. Os mecanismos 
de defesa antivirais previnem a replicação viral e promovem 
o killing (destruição) de células infectadas, eliminando assim 
os reservatórios de infecção viral na ausência de uma reação 
inflamatória (ainda que a inflamação também possa 
contribuir para a defesa contra vírus). 
IMUNIDADE ADAPTATIVA 
A resposta imune adaptativa é mediada por células 
chamadas linfócitos e seus produtos. Os linfócitos 
expressam receptores altamente diversos que são capazes 
de reconhecer um vasto número de antígenos. Há duas 
populações principais de linfócitos, denominadas linfócitos 
B e linfócitos T, os quais medeiam diferentes tipos de 
respostas imunes adaptativas. Iremos primeiro resumir as 
importantes propriedades do sistema imune adaptativo e 
então retornaremos aos diferentes tipos de respostas 
imunes adaptativas. Características Fundamentais das 
Respostas Imunes Adaptativas As propriedades 
fundamentais do sistema imune adaptativo refletem as 
propriedades dos linfócitos que medeiam essas respostas. 
ESPECIFICIDADE E DIVERSIDADE 
Respostas imunes são específicas para antígenos distintos e, 
frequentemente, para diferentes porções de um único 
complexo proteico, polissacarídico ou de outra 
macromolécula (Fig. 1.2). As porções de antígenos 
complexos especificamente reconhecidas por linfócitos 
individuais são denominadas determinantes ou epítopos. 
Essa especificidade fina existe porque os linfócitos 
individuais expressam receptores de membrana que podem 
distinguir diferenças sutis na estrutura de epítopos distintos. 
Clones de linfócitos com diferentes especificidades estão 
presentes em indivíduos não imunizados e são capazes de 
reconhecer e responder aos antígenos estranhos (Fig. 1.3). 
Esse conceito fundamental é denominado seleção clonal e 
foi claramente enunciado por Macfarlane Burnet, em 1957, 
como uma hipótese para explicar de que modo o sistema 
imune poderia responder a um grande número e variedade 
de antígenos. De acordo com essa hipótese, a qual é hoje 
uma característica comprovada da imunidade adaptativa, 
clones de linfócitos antígeno-específicos se desenvolvem 
antes e independentemente da exposição ao antígeno. Um 
antígeno introduzido se liga (seleciona) às células do clone 
antígeno-específico preexistente e as ativa. Como resultado, 
as células específicas para o antígeno proliferam para gerar 
milhares de descendentes com a mesma especificidade, um 
processo chamado expansão clonal. O número total de 
especificidades antigênicas dos linfócitos em um indivíduo, 
chamado repertório dos linfócitos, é extremamente grande. 
Estima-se que o sistema imune de um indivíduo possa 
discriminar 10 7 a 10 9 determinantes antigênicos distintos. 
Essa capacidade do repertório de linfócitos para reconhecer 
um grande número de antígenos (a chamada diversidade) é 
resultado da variabilidade nas estruturas dos sítios de 
ligação ao antígeno dos receptores antigênicos dos 
linfócitos. Em outras palavras, existem muitos clones 
distintos de linfócitos e cada clone possui um único receptor 
antigênico e, consequentemente, uma única especificidade 
antigênica, contribuindo para um repertório total 
extremamente diverso. A expressão de diferentes 
receptores antigênicos em distintos clones de células T e B é 
a razão pela qual esses receptores são ditos clonalmente 
distribuídos. Os mecanismos moleculares que geram tal 
diversidade de receptores antigênicos são discutidos no 
Capítulo 8. A diversidade é essencial se o sistema imune 
existe para defender os indivíduos contra os diversos 
potenciais patógenos presentes no ambiente. 
MEMÓRIA 
A exposição do sistema imune a um antígeno estranho 
aumenta sua capacidade de responder novamente àquele 
antígeno. As respostas a uma segunda exposição ou 
exposições subsequentes ao mesmo antígeno, chamadas 
respostas imunes secundárias, são normalmentemais 
rápidas, de maior magnitude e, com frequência, 
quantitativamente diferentes da primeira resposta imune 
(ou primária) àquele antígeno (Fig. 1.2). A memória 
imunológica ocorre porque cada exposição a um antígeno 
 
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gera células de memória de vida longa específicas para o 
antígeno. Há duas razões pelas quais a resposta secundária 
é tipicamente mais forte do que a resposta imune primária 
— as células de memória se acumulam e tornam-se mais 
numerosas do que os linfócitos naive específicos para o 
antígeno existentes no momento da exposição inicial ao 
antígeno; e células de memória reagem mais rápida e 
vigorosamente ao desafio antigênico do que os linfócitos 
naive. A memória permite que o sistema imune produza 
respostas aumentadas a exposições persistentes ou 
recorrentes ao mesmo antígeno e, assim, combata infecções 
por microrganismos prevalentes no meio ambiente e 
encontrados repetidamente. 
NÃO REATIVIDADE AO PRÓPRIO 
(AUTOTOLERÂNCIA). 
Uma das propriedades mais marcantes do sistema imune de 
cada indivíduo normal é sua capacidade de reconhecer, 
responder e eliminar muitos antígenos estranhos (não 
próprios) enquanto não reage prejudicialmente aos 
antígenos do próprio indivíduo. A não responsividade 
imunológica é também chamada de tolerância. A tolerância 
aos antígenos próprios, ou auto tolerância, é mantida por 
diversos mecanismos. Estes incluem a eliminação de 
linfócitos que expressam receptores específicos para alguns 
autoantígenos, inativando os linfócitos autorreativos ou 
suprimindo essas células pela ação de outras células 
(reguladoras). Anormalidades na indução ou manutenção da 
auto tolerância levam a respostas imunes contra os 
autoantígenos (antígenos autólogos), as quais podem 
resultar em distúrbios denominados doenças autoimunes. 
IMUNIDADE INATA X IMUNIDADE ADAPTATIVA 
Para entender como as imunidades inata e adaptativa 
complementam uma a outra para conferir proteção contra 
patógenos, é instrutivo destacar suas diferenças relevantes. 
• As respostas imunes inatas a um microrganismo são 
imediatas e dispensam exposição prévia ao microrganismo. 
Em outras palavras, as moléculas e células efetoras imunes 
inatas são totalmente funcionais até mesmo antes da 
infecção ou são rapidamente ativadas pelos microrganismos 
para prevenir, controlar ou eliminar as infecções. Em 
contraste, as respostas imunes adaptativas efetivas a um 
microrganismo recém-introduzido se desenvolvem no 
decorrer de vários dias, à medida que os clones de linfócitos 
antígeno-específicos se expandem e se diferenciam em 
células efetoras funcionais. 
• Para a maioria das respostas inatas aos microrganismos, 
não há alteração considerável na qualidade ou magnitude da 
resposta após repetidas exposições — ou seja, há pouca ou 
nenhuma memória. Em contraste, a exposição repetida a um 
microrganismo intensifica a rapidez, a magnitude e a 
efetividade das respostas imunes adaptativas. Podem haver 
algumas exceções à regra de que não há memória na 
imunidade inata. Por exemplo, a magnitude das respostas de 
células natural killer a certas infecções virais são aumentadas 
com a exposição subsequente ao mesmo vírus. Ainda não 
está claro o grau de especificidade dessas respostas 
intensificadas, quais e quantos vírus conseguem deflagrá-las, 
ou se essas respostas contribuem para uma proteção 
aumentada contra infecções repetidas. 
• A resposta imune inata é ativada pelo reconhecimento de 
um conjunto relativamente limitado de estruturas 
moleculares que são produtos de microrganismos ou são 
expressas por células lesadas ou mortas do hospedeiro. 
Estima-se que o sistema imune inato reconheça apenas 
cerca de 1.000 produtos de microrganismos e células 
danificadas. Em contraste, o sistema imune adaptativo 
consegue reconhecer milhões de antígenos microbianos 
diferentes, além de também poder reconhecer antígenos 
ambientais não microbianos e autoantígenos normalmente 
presentes nos tecidos sadios. 
• Os receptores usados pelos sistemas imunes inato e 
adaptativo são fundamentalmente diferentes em termos de 
estrutura e extensão da variação, o que explica as diferentes 
especificidades desses dois tipos de defesa do hospedeiro. 
Os receptores da imunidade inata são detalhados adiante, 
neste mesmo capítulo, e os receptores da imunidade 
adaptativa são descritos em capítulos subsequentes. 
5. DESCREVER DETALHADAMENTE OS MECANISMOS DA 
INFLAMAÇÃO, RELACIONANDO-OS AOS SINAIS E 
S INTOMAS CARACTERÍSTICOS. 
A maioria dos agentes infecciosos ativa o sistema imune 
inato e induz uma resposta inflamatória A pele e a mucosa 
epitelial que revestem as vias aéreas e o intestino são as 
primeiras defesas contra os patógenos invasores, formando 
uma barreira química e física contra a infecção. Os 
microrganismos que rompem essas defesas encontram 
células e moléculas que imediatamente desenvolvem uma 
resposta imune inata. Os macrófagos que residem nos 
tecidos, por exemplo, podem reconhecer as bactérias por 
meio de receptores que se ligam aos constituintes comuns 
de muitas superfícies bacterianas. O comprometimento 
desses receptores ativa o macrófago a engolfar a bactéria e 
degradá-la internamente, e a secretar proteínas chamadas 
 
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de citocinas e quimiocinas, que transmitem importantes 
sinais para outras células imunes. Respostas similares 
ocorrem contra vírus, fungos e parasitos. Citocina é o nome 
geral dado a qualquer proteína que é secretada por células e 
que afeta o comportamento das células vizinhas portadoras 
de receptores adequados. As quimiocinas são proteínas 
secretadas que atuam como quimioatraentes (daí o nome 
"quimiocina"), atraindo as células portadoras de receptores 
de quimiocinas, como neutrófilos e monócitos, da corrente 
sanguínea para o tecido infectado (Fig. 1.9). As citocinas e as 
quimiocinas liberadas pelos macrófagos ativados iniciam o 
processo conhecido como inflamação. A inflamação é 
benéfica para combater a infecção, recrutando células e 
proteínas do sangue para os tecidos infectados que auxiliam 
diretamente na destruição dos patógenos. Além disso, a 
inflamação aumenta o fluxo de linfa carregando 
microrganismos e APCs dos tecidos infectados aos tecidos 
linfoides vizinhos, onde ativam os linfócitos e iniciam a 
resposta imune adaptativa. Uma vez que a imunidade 
adaptativa foi ativada, a inflamação também recruta os 
componentes efetores do sistema imune adaptativo - as 
moléculas de anticorpo e as células T efetoras - para o local 
de infecção. 
A infecção ativa uma resposta inflamatória. Os macrófagos 
que encontram bactérias ou outros patógenos nos tecidos 
são ativados para liberar citocinas que aumentam a 
permeabilidade dos vasos sanguíneos, permitindo que 
líquidos e proteínas passem para os tecidos. Essas células 
também produzem quimiocinas que direcionam a migração 
dos neutrófilos para o local de infecção. A adesão das células 
endoteliais dos vasos sanguíneos também é alterada, de 
modo que as células aderem à parede e são capazes de 
passar por ela. 
 
Primeiro os neutrófilos e depois os monócitos estão 
representados na figura passando do sangue para os tecidos. 
O acúmulo de líquidos e de células no local de infecção causa 
vermelhidão, inchaço, aquecimento e dor, coletivamente 
denominados inflamação. Os neutrófilos e os macrófagos 
são as principais células inflamatórias. Mais tarde, durante a 
resposta imune, os linfócitos também podem contribuir para 
a inflamação. 
A inflamação local e a fagocitose das bactérias invasoras 
também podem ser desencadeadas como resultado da 
ativação de um grupo de proteínas plasmáticas conhecidas 
coletivamente como complemento. A ativação do sistema 
do complemento pela superfície bacteriana leva a uma 
cascata de reações proteolíticas que recobre os 
microrganismos,mas não as células do próprio corpo, com 
fragmentos do complemento. Os micróbios revestidos pelo 
complemento são reconhecidos e ligam os receptores do 
complemento específicos nos macrófagos, levando à 
fagocitose e à sua destruição. A inflamação é descrita 
clinicamente por quatro palavras do latim: calor, dolor, 
rubor e tumor, que significam calor, dor, rubor e inchaço. 
Cada uma dessas características reflete os efeitos das 
citocinas ou de outros mediadores inflamatórios nos vasos 
sanguíneos locais. O calor, o rubor e o inchaço são resultados 
da dilatação e do aumento da permeabilidade dos vasos 
sanguíneos durante a inflamação, levando a um aumento do 
fluxo sanguíneo local e ao extravasamento de líquido e 
proteínas do sangue para os tecidos. As citocinas e os 
fragmentos do complemento têm efeitos importantes no 
endotélio que reveste os vasos sanguíneos. As próprias 
células endoteliais também produzem citocinas em resposta 
à infecção. As citocinas pró¬ -inflamatórias produzem 
mudanças nas propriedades de adesão das células 
endoteliais, fazendo a adesão dos leucócitos circulantes nas 
células endoteliais e sua migração entre elas para o local da 
infecção, para onde são atraídos por quimiocinas. A 
migração das células para dentro dos tecidos e suas ações 
locais causam a dor. Os principais tipos de células presentes 
na fase inicial de uma resposta inflamatória são os 
macrófagos e os neutrófilos, sendo que estes últimos são 
recrutados para o tecido inflamado e infectado em grande 
número. Os macrófagos e os neutrófilos são também 
conhecidos como células inflamatórias. Como os 
macrófagos, os neutrófilos têm receptores de superfície 
para constituintes bacterianos comuns e para o 
complemento, e são as principais células que capturam e 
destroem os microrganismos invasores. O influxo de 
neutrófilos é logo seguido por aumento da entrada de 
monócitos, que rapidamente se diferenciam em macrófagos, 
reforçando e mantendo a resposta imune inata. Mais tarde, 
se a inflamação continuar, os eosinófilos também migram 
para o tecido inflamado e contribuem para a destruição do 
microrganismo invasor 
 
 
 
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6. COMPREENDER O PROCESSO INFLAMATÓRIO COMO 
UMA DEFESA NATURAL E UM ESTÍMULO AOS 
FENÔMENOS DE REPARAÇÃO TECIDUAL. 
O REPARO TECIDUAL 
O reparo dos tecidos depende da reação inflamatória, sendo 
caraterizado por regeneração das estruturas celulares e 
extracelulares, ou por cicatrização, sendo substituídos os 
tecidos lesados por tecido conjuntivo fibroso. 
Os Fenômenos Reparativos, como já relatado, estão 
relacionados com o declínio do processo inflamatório agudo 
ou crônico, na medida em que o agente flogógeno, exógeno 
ou endógeno, vai sendo eliminado. Há reabsorção do 
exsudato, que depende da apoptose e da fagocitose das 
células inflamatórias, e do retorno de alguns fagócitos para 
as circulações linfática e sanguínea. Simultaneamente inicia-
se o processo de reparo tecidual por regeneração ou 
cicatrização, que envolve a neoformação conjuntivo-
vascular, com a participação de quimiocinas, citocinas e 
fatores de crescimento liberados pelas células inflamatórias, 
parenquimais e estromais. A proliferação celular é 
controlada pela ação de inúmeros fatores de crescimento e 
pela matriz extracelular. Os fatores de crescimento são 
produzidos por diferentes tipos de células como: macrófagos 
ativados, células epiteliais e parenquimais, fibroblastos, 
fibras musculares lisas, mastócitos, células endoteliais, 
linfócitos, etc, presentes na área lesada, ou que para lá são 
atraídas. A matriz extracelular é produzida pelas células e 
constituída por uma rede complexa de proteínas colagênicas 
e não colagênicas (inúmeras glicoproteínas), ácido 
hialurônico (hialuronana) e inúmeras proteoglicanas 
(glicosaminoglicanas unidas a uma proteína central), e um 
sistema elástico. A matriz extracelular (MEC) exerce 
inúmeras funções, além do controle da proliferação celular, 
como a de suporte mecânico funcional, dinâmico, onde 
muitos fatores de crescimento e outras citocinas se ligam 
com proteínas da matriz, sendo apresentados em altas 
concentrações; modulando a forma e a função celulares; 
permitindo a migração celular e, inclusive, controlando a 
expressão de genes por suas conexões indiretas, via 
citoesqueleto, com o núcleo (matriz nuclear) das células. 
 O Reparo por Regeneração: As áreas lesadas sofrem 
reconstituição integral, recuperando-se a estrutura, a 
organização e a função tissulares anteriores à inflamação. 
Ocorre nos tecidos com células lábeis (instáveis), e células 
estáveis, onde há proliferação e diferenciação das células de 
reserva ou de células em G0 (ciclo celular). Os tecidos lábeis 
ou instáveis, estão em contínua proliferação, sendo 
substituídos pela proliferação e maturação de suas células-
tronco e pela proliferação de suas células maduras. Incluem 
o tecido hematopoético e os tecidos epiteliais das mucosas 
e da pele, e os seus anexos, desde que a membrana basal 
esteja intacta. Os tecidos estáveis permanecem quiescentes 
na fase G0 do ciclo celular, ou seja, em condições normais 
têm mínima proliferação. Porém, havendo lesão tais células 
proliferam. Compreendem, os tecidos estáveis, as células 
dos parênquimas da maioria dos órgãos sólidos, como o 
fígado, o pâncreas, os rins, as adrenais, a tireoide, e também 
as células endoteliais, fibroblastos e as células musculares 
lisas. Com exceção do fígado, que regenera com facilidade, 
estando a trama da MEC intacta, as células parenquimais dos 
demais órgãos regeneram de modo mais limitado. 
 O Reparo por Cicatrização: Nas áreas com extensa lesão do 
arcabouço conjuntivo-vascular, ultrapassando-se a 
capacidade regenerativa tecidual, ou nas lesões de tecidos 
com células permanentes, o reparo é por fibrose. Há perda 
das características estruturais e funcionais teciduais prévias. 
As células permanentes são as altamente diferenciadas de 
modo que não proliferam após o nascimento. 
Compreendem as células nervosas, e as fibras musculares 
estriadas cardíacas e as esqueléticas. Na musculatura 
estriada esquelética as células satélites, no endomísio, têm 
alguma capacidade regenerativa. Assim, no infarto do 
miocárdio o reparo é uma cicatriz fibrosa. Na colecistite 
crônica o reparo é por cicatrização, podendo-se também 
observar o por regeneração do epitélio. Na cirrose hepática 
observam-se reparos por regeneração (nódulos de 
regeneração) e por cicatrização (fibrose portal delimitando 
os nódulos de regeneração). 
AS CICATRIZAÇÕES POR PRIMEIRA INTENÇÃO X 
SEGUNDA INTENÇÃO X TERC EIRA INTENÇÃO 
A CICATRIZAÇÃO POR PRIMEIRA INTENÇÃO: 
 Em ferimentos assépticos, com um mínimo de perda e 
destruição teciduais, permitindo união primária (em 
primeira intenção) das superfícies de corte, com pouca 
reação tecidual. O tecido de granulação, em pouca 
quantidade, não é visível e a formação de cicatriz é mínima, 
linear, fina. 
A CICATRIZAÇÃO POR SEGUNDA INTENÇÃO: 
 A cicatrização por união dos bordos por segunda intenção 
ocorre em ferimentos infectados, ou em que os bordos são 
irregulares, não podendo ser aproximados, por perda de 
tecido. A presença de células mortas, degeneradas, impede 
a cicatrização por primeira intenção, sendo, então, formado 
o tecido de granulação em maior quantidade. Este é 
 
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constituído por delicados vasos sanguíneos capilares 
neoformados, em meio a tecido conjuntivo frouxo e muitos 
leucócitos, os quais preenchem a área aberta do ferimento. 
O tecido de granulação vai sendo substituído por tecido 
conjuntivo fibroso cicatricial, e a superfície do ferimento em 
cicatrização vai sendo recoberta por células epiteliais, que 
proliferam (regeneração epitelial). 
A CICATRIZAÇÃO POR TERCEIRA INTENÇÃO: 
 A cicatrização por união dos bordos porterceira intenção 
envolve os ferimentos tratados cirurgicamente, em geral 
profundos e submetidos à sutura secundária, após 
cicatrização aberta, por não terem sido submetidos à sutura 
prévia, inicial, ou esta ter se desfeito, ou por suspeita de 
infecção, tendo que ser acompanhados abertos ou com 
drenos, até poderem ser suturados, tratados com enxertos, 
etc. O espaço da ferida é preenchido por tecido de 
granulação, que surge a partir dos bordos em aposição 
auxiliada pelas suturas, quando feitas. A cura dá-se por 
cicatriz ampla e profunda. 
 
OS EVENTOS NA CICATRIZAÇÃO 
• Hemostasias primária (tampão plaquetário) e secundária 
→ Coágulo sanguíneo [matriz extracelular (MEC) provisória] 
→ preenche a área lesada; 
• Inflamação aguda → Mediadores químicos locais → 
recrutamento de leucócitos (neutrófilos, eosinófilos, 
monócitos / macrófagos, linfócitos T, linfócitos B / 
plasmócitos), mastócitos, fibroblastos, células endoteliais, 
etc; 
• Macrófagos e demais leucócitos → citocinas → fibroplasia 
(proliferação de tecido conjuntivo) + angiogênese 
(neovascularização capilar) → tecido de granulação; 
• Tecido de granulação → organização (fibrose progressiva) 
→ remodelação; 
• Remodelação → síntese, degradação e rearranjo da nova 
MEC + regressão dos vasos neoformados + redução do 
número de células locais → tecido conjuntivo denso = 
cicatriz. 
O Tecido de Granulação é constituído por: 
Vasos capilares sanguíneos neoformados + células 
inflamatórias mistas + fibroblastos/miofibroblastos. 
AS FASES DA CICATRIZAÇÃO DAS FERIDAS (PELE): 
a. | As Fases de Hemostasia e Inflamatória. Um a três dias 
após a lesão, o ferimento mostra-se cheio de coágulo 
sanguíneo, devido à hemostasia, e com células inflamatórias 
(neutrófilos, mastócitos, eosinófilos, 
monócitos/macrófagos, linfócitos) atraídas ao sítio do 
ferimento. A trama de fibrina e demais proteínas do plasma, 
no coágulo sanguíneo formado, atuam como matriz 
extracelular provisória, que promove atração e migração 
para leucócitos, células endoteliais e fibroblastos. 
b. | A Fase de Nova Formação Tecidual (Proliferativa). Após 
três a dez dias da lesão, os macrófagos são abundantes no 
sítio do ferimento e novos vasos sanguíneos se formam. 
Fibroblastos migram, proliferam e depositam componentes 
da matriz extracelular e diferenciam-se, mais tarde, em 
miofibroblastos, importantes na contração, retração, do 
local ferido. O novo tecido que agora preenche o ferimento 
é conhecido como tecido de granulação. Nos bordos do 
ferimento, os queratinócitos da epiderme lesada e dos 
folículos pilosos migram ao longo da derme exposta e por 
sobre a matriz extracelular provisória em ritmo aumentado 
de proliferação, caracterizando um processo de regeneração 
epitelial. Na superfície lesada comumente há uma crosta de 
coágulo seco, sob a qual ocorre a regeneração epitelial. 
c. | A Fase de Remodelação/Maturação Tissular. Uma a duas 
semanas após a lesão, a reepitelização do ferimento é 
completada, a densidade celular do tecido de granulação 
gradualmente decresce e a matriz extracelular é remodelada 
por meio da síntese e degradação dos componentes da MEC, 
controlada pela ação das metaloproteases e glicosidases. 
Nesta remodelação da MEC vai havendo um aumento das 
fibras colágenas, com substituição do colágeno tipo III pelo 
tipo I, que passa a predominar, e redução da síntese de 
glicosaminoglicanas, especialmente do ácido hialurônico. O 
colágeno tipo I predominante, passa a apresentar maior 
número de ligações cruzadas, tornando as fibras colágenas 
tipo I mais grossas e compactas, o que favorece a 
 
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compressão dos vasos capilares e a redução de seu número. 
Simultaneamente há a ação de citocinas, quimiocinas e 
produtos da degradação da MEC, os quais ligam-se a 
receptores nos fibroblastos, induzindo-os, geneticamente, à 
síntese de proteínas e poliglicanas, e a expressarem actina, 
transformando-os em miofibroblastos, importantes na 
retração da cicatriz, como já foi referido. Os peptídeos, 
produtos da degradação da MEC, pela ação das 
metaloproteases, têm também ação antiproliferativa, 
dificultando a migração celular, promovendo a apoptose de 
fagócitos, a proliferação de fibroblastos e a redução da 
neovascularização. A remodelação da matriz extracelular 
pode durar meses, 1 ano ou mais, dependendo da lesão, sua 
extensão e profundidade. A remodelação resulta na 
formação de uma cicatriz com reduzida resistência à tração 
(cerca de 80% do normal) e sem apêndices cutâneos. 
 Em situações patológicas a cicatrização das feridas cutâneas 
pode evoluir como cicatriz hipertrófica ou como queloide, 
devido a um excesso de tecido conjuntivo produzido, com 
fibroblastos e componentes da MEC, especialmente fibras 
de colágeno tipo I, que predominam no queloide, com 
aspecto pseudotumoral, em comparação com a cicatriz 
hipertrófica, com fibroblastos e colágeno. 
 
O REPARO DO TECIDO ÓSSEO 
 Quando as extremidades fraturadas ficam muito próximas, 
justapostas, como numa fissura, os osteoclastos, presentes 
nas extremidades, proliferam e, por fagocitose, removem o 
tecido danificado das superfícies fraturadas, sendo formado 
novo tecido ósseo cortical, que une as extremidades, 
caracterizando um reparo osteonal, primário. Porém, 
quando o espaço entre as extremidades fraturadas é maior, 
o reparo é dito secundário, pois se interpõe um coágulo 
sanguíneo no espaço intercortical ósseo, que atua como uma 
matriz extracelular primordial, contendo plaquetas, 
leucócitos e hemácias, o qual é fonte de muitos mediadores 
químicos inflamatórios, ativando-se o endotélio periosteal e 
o dos vasos do sistema de Havers (osso lamelar), e 
promovendo reação inflamatória e neovascularização 
capilar (fase inflamatória na primeira semana de reparo). 
Simultaneamente, fatores de crescimento mesenquimais 
estimulam a hiperplasia e a diferenciação de células tronco 
precursoras no canal medular, no periósteo e vindas do 
sangue, originando-se os vasos sanguíneos, condroblastos e 
osteoblastos, todos envolvidos no reparo ósseo. Assim, 
fatores de crescimento no canal medular ósseo e no coágulo 
sanguíneo promovem a diferenciação de células 
mesenquimais locais em fibroblastos e condroblastos, 
surgindo um calo fibrocartilaginoso ou calo mole (fase de 
calo mole da segunda à terceira semanas de reparo), que 
sofre ossificação endocondral, pela substituição da 
cartilagem por tecido ósseo. Na ossificação endocondral os 
condrócitos sofrem apoptose, os vasos sanguíneos capilares 
invadem a cartilagem, a matriz cartilaginosa é degradada 
pelas metaloproteinases e os osteoblastos sintetizam matriz 
óssea, com colágeno tipo I e osteocalcina e osteopontina, 
proteínas importantes para a mineralização da matriz 
extracelular. Também, a partir do periósteo, vasos 
neoformados, fibroblastos e osteoblastos promovem 
ossificação intramembranosa, formando-se osso esponjoso, 
ou trabecular, o qual se funde com o osso endocondral 
formado, surgindo um calo duro (fase de calo duro, da 
quarta à décima sexta semanas de reparo). O calo duro sofre 
remodelação, sendo substituído o osso esponjoso, 
trabecular, por osso lamelar, reconstituindo-se o sistema de 
Havers (fase de remodelamento, da décima sétima semana 
de reparo em diante). Quando os ossos fraturados ficam 
bem imobilizados a cura se dá por ossificação endocondral 
do calo mole e formação de osso novo diretamente a partir 
do osso cortical justaposto, com mínima ou nenhuma 
formação óssea membranosa a partir do periósteo. Caso o 
local fraturado apresente mobilidade, ocorre estímulo para 
a formação óssea membranosa a partir do periósteo, 
surgindo um calo externo ou calo periósteo. Sendo o 
movimento do local de fratura mais amplo, é formado um 
calo mole a partir do endósteo e do coágulo sanguíneo 
interposto na zona de fratura,com pouca ossificação da 
cartilagem formada e inibição ou retardo na ossificação 
membranosa periosteal. Neste último caso não havendo a 
consolidação das extremidades do osso fraturado, o 
resultado será uma pseudoartrose. 
O REPARO DO TECIDO CARTILAGINOSO 
 O estímulo mecânico fisiológico do tecido cartilaginoso das 
articulações promove constante renovação de sua matriz 
extracelular pela ativação dos condrócitos, através dos 
proteoglicanos da matriz, que interagem com receptores nos 
condrócitos, ativando-os, sendo liberadas 
metaloproteinases, que digerem a matriz, além de também 
ser estimulada a nova síntese de proteínas e demais 
componentes da matriz pelos condrócitos, havendo um 
equilíbrio entre a síntese e a degradação da matriz 
cartilaginosa. As pequenas fraturas da cartilagem são 
reparadas pela proliferação de condroblastos a partir do 
pericôndrio, ocorrendo reparo por regeneração. Se a lesão 
for maior, associando-se com sangramento, há a formação 
 
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de coágulo e reparo por cicatrização. Nas osteoartrose, 
doença degenerativa da cartilagem articular, há um 
desequilíbrio entre a degradação e a síntese dos 
componentes da matriz extracelular da cartilagem por 
excesso de estímulo na liberação de metaloproteinases, 
associada com redução da inibição destas enzimas e, ou 
redução da síntese dos componentes da matriz pelos 
condroblastos, reduzindo-se os componentes amorfos, 
promovendo-se desgaste da cartilagem articular, com 
adelgaçamento, formação de fissuras, fraturas lineares, e 
ulcerações da mesma. Este processo está associado com 
inflamação da membrana sinovial pelo estímulo dos 
sinoviócitos pelos poliglicanos e proteoglicanos anormais 
liberados no líquido sinovial, que promovem liberação de 
citocinas e a síntese de prostaglandinas pelos sinoviócitos, 
aumentando-se a produção de metaloproteinases pelos 
mesmos, o que favorece mais lesão da cartilagem articular, 
e o estabelecimento de inflamação na membrana sinovial. O 
adelgaçamento, as fissuras e as perdas substanciais da 
cartilagem acabam expondo o osso articular, que reage 
formando-se espículas ósseas, os osteófitos, que irritam o 
periósteo e os tendões, favorecendo dor. 
O REPARO DO TECIDO NERVOSO 
 SISTEMA NERVOSO PERIFÉRICO - O reparo de um nervo 
degenerado após traumatismo por esmagamento, ligadura 
com relaxamento ou corte, depende das células de Schwann, 
que proliferam e, mantendo-se na mesma posição do trajeto 
do nervo, formam um túnel que guia os axônios em 
regeneração até a união com o coto distal. Augustus Waller, 
em 1850, descreveu a degeneração das fibras nervosas nas 
extremidades distal e proximal até o nó de Ranvier mais 
próximo, a qual ficou conhecida como degeneração 
walleriana. Assim, após o corte de uma fibra nervosa dá-se o 
fechamento das extremidades do axônio, com degeneração 
de alguns micrômetros dos cotos, nos primeiros 30 minutos. 
O axolema, membrana do axônio, torna-se tumefeito e com 
bolhas, entre 8 e 24 horas, além de se estabelecer a 
fragmentação da bainha de mielina em algumas horas, 
sendo os restos removidos por endocitose pelas células de 
Schwann e por macrófagos. As células de Schwann 
proliferadas dispõem-se de modo a orientarem o 
crescimento dos axônios (cerca de 1 mm/dia), processo que 
se completa em 6 a 18 meses. Vários fatores neurotróficos 
como o NGF (nerve growth factor), BDNF (Brain derived 
neurotrophic fator), e TGF-β atuam na regeneração axonal. 
Neurorregulinas estimulam as células de Schwann e ativam 
a síntese de mielina. O alinhamento das células de Schwann 
é essencial para a correta regeneração funcional de um 
nervo. Caso o ferimento do nervo promova espaço entre as 
extremidades cortadas, e este sendo preenchido por um 
coágulo de sangue, ocorrerá neoformação de tecido 
conjuntivo, que impedirá a proliferação corretamente 
direcionada das células de Schwann, de modo que os 
segmentos de axônios proximais do nervo não poderão se 
encontrar com os distais, levando à uma proliferação 
desordenada dos axônios, de modo a surgir uma tumoração 
conhecida como neuroma traumático ou de amputação. 
SISTEMA NERVOSO CENTRAL - Nas isquemias do sistema 
nervoso central os neurônios e células gliais necróticas são 
endocitados por macrófagos, vindos do sangue, e pela 
micróglia, os quais ficam com o citoplasma espumoso pela 
grande quantidade de lipídeos provenientes dos restos de 
neurônios e células gliais na região com necrose de 
liquefação. Na medida em que a fagocitose prossegue ocorre 
na periferia da área com necrose, proliferação reativa de 
astrócitos, conhecida como gliose ou astrocitose, que 
envolvendo os vasos sanguíneos estabelece uma barreira 
hematoencefálica. Após alguns meses a área lesada fica 
cística, a qual, dependendo do tamanho, pode sofrer 
colapso. 
7. ABORDAR TRATAMENTO DE QUEIMADURA 1 º E 2º 
GRAUS. 
QUEIMADURA DE 1º GRAU 
Atinge a epiderme (camada superficial da pele). 
Apresentação com vermelhidão sem bolhas e discreto 
inchaço local. A dor está presente; 
Primeiro grau (espessura superficial) – eritema solar: 
• Afeta somente a epiderme, sem formar bolhas. 
• Apresenta vermelhidão, dor, edema e descama em 4 a 6 
dias. 
TRATAMENTO 
Tratamentos para uma queimadura de primeiro grau: As 
queimaduras de primeiro grau são geralmente tratadas com 
cuidados em casa. O tempo de cura pode ser mais rápido 
quanto mais cedo você tratar a queimadura. 
Tratamentos para uma queimadura de primeiro grau 
incluem: 
• Coloque a ferida em água fria por cinco minutos ou mais 
• Tomar paracetamol ou ibuprofeno para alívio da dor 
• Aplicação de lidocaína (um anestésico) com gel ou 
creme áloe vera para acalmar a pele 
• Usar uma pomada antibiótica e gaze solta para proteger 
a área afetada 
 
 
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 Lucas Ferraz 
 Medicina – 2ºP 
Certifique-se de que você não usa gelo, pois isso pode piorar 
a lesão. Nunca aplique bolas de algodão em uma 
queimadura porque as pequenas fibras podem ficar com o 
ferimento e aumentar o risco de infecção. Além disso, evite 
remédios caseiros, como a manteiga e os ovos pois estes não 
se provaram eficaz. 
QUEIMADURA DE 2º GRAU 
Atinge a epiderme e parte da derme (2ª camada da pele). Há 
presença de bolhas e a dor é acentuada; 
Afeta a epiderme e parte da derme, forma bolhas ou 
flictenas. 
• Superficial: a base da bolha é rósea, úmida e dolorosa. 
• Profunda: a base da bolha é branca, seca, indolor e menos 
dolorosa (profunda). 
• A restauração das lesões ocorre entre 7 e 21 dias. 
TRATAMENTO 
 
Devido à natureza delicada destas feridas, manter a área 
limpa e com curativo adequado é necessário para prevenir a 
infecção. 
Isso também ajuda a queimadura curar mais rápido. 
Algumas queimaduras de segundo grau demoram mais do 
que três semanas para cicatrizar, mas a maioria cura dentro 
de duas a três semanas sem cicatriz, mas muitas vezes com 
alterações pigmentares na pele. 
Quanto piores as bolhas são, mais tempo a queimadura vai 
demorar para cicatrizar. Em alguns casos graves, o enxerto 
de pele é necessário para reparar o dano. O enxerto de pele 
recortar uma pele saudável de uma outra área do corpo e 
move-a para o local da pele queimada. 
Tal como acontece com queimaduras de primeiro grau, evite 
bolas de algodão e remédios caseiros questionáveis. 
Tratamentos para uma queimadura de segundo grau: As 
queimaduras de segundo grau que for leve geralmente 
incluem: 
• Deixar a pele em água fria por 15 minutos ou mais. 
• Tomar medicação para a dor (paracetamol ou 
ibuprofeno) 
• Aplicar creme antibiótico 
No entanto, procure tratamento médico de emergência se a 
queimadura afeta uma área alargada, como qualquer uma 
das seguintes: faces, mãos, nádegas, virilha, pés. 
 
 
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