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Lean UX Júlio César de Jesus Lean UX – Página 2 de 62 2021 Lean UX – Página 3 de 62 Lean UX Júlio César de Jesus © Copyright do Instituto de Gestão e Tecnologia da Informação. Todos os direitos reservados. Lean UX – Página 4 de 62 Sumário Capítulo 1. Lean: conceito e definição .......................................................................... 6 Origem e definição do termo Lean ............................................................. 6 Produzir de forma rápida, objetiva e sem desperdícios .................................. 6 Relevância do Lean no mercado ............................................................... 8 Os desafios existem, que bom! ................................................................ 11 Filosofia Lean no mercado de TI .............................................................. 12 Adaptar é preciso ................................................................................. 14 Produção enxuta é produção inteligente .................................................... 15 Capítulo 2. O que é Lean UX ...................................................................................... 16 Origem da Lean UX .............................................................................. 17 Empreendedores estão em todo lugar ....................................................... 18 O Empreendedorismo é gerencial ............................................................ 18 Aprendizagem validada .......................................................................... 19 Construir-medir-aprender ....................................................................... 19 Contabilidade para a inovação ................................................................ 20 Um autor e sua relevância no mercado ..................................................... 20 Relevância da Lean UX no mercado ....................................................... 210 Vantagens da Lean UX para o seu trabalho ............................................. 232 Capítulo 3. Visão Geral do Agile ................................................................................. 26 Metodologias ....................................................................................... 27 Capítulo 4. Entregáveis do Lean UX .......................................................................... 30 O que são entregáveis? ......................................................................... 30 Boas práticas de entregáveis .................................................................. 30 Blueprints de serviço ............................................................................. 31 Modelos de ecossistemas ...................................................................... 35 Lean UX – Página 5 de 62 Mapas de ideias ................................................................................... 36 Storyboards ......................................................................................... 37 Fluxo do usuário (User Flow) .................................................................. 38 Wireframes .......................................................................................... 39 Teste A/B ............................................................................................ 40 Prototipação ........................................................................................ 41 Capítulo 5. Aplicação de UX a projetos ...................................................................... 42 Mapeamento do desafio ......................................................................... 43 Ajustes e aperfeiçoamento ..................................................................... 45 Decisão sobre como prosseguir ............................................................... 47 Prototipação ........................................................................................ 49 Testar a solução ................................................................................... 51 Capítulo 6. Aplicação da Lean UX à realidade ........................................................... 54 Como a Lean UX deixa o processo mais enxuto ......................................... 54 Dicas para aplicação do dia a dia ............................................................. 57 Capítulo 7. Tópicos extras .......................................................................................... 58 Lean UX Canvas .................................................................................. 58 Dicionário de termos relacionados ............................................................ 59 Anexo – Lean UX Canvas em Português ................................................................... 61 Referências…………………………………………………………….…………………...62 Lean UX – Página 6 de 62 Capítulo 1. Lean: conceito e definição Para entender a metodologia Lean UX, é importante percorrer uma jornada de conhecimento, para compreendermos a origem desta técnica que é utilizada por várias empresas em todo o mundo. Veremos neste capítulo como esta forma de gestão de processos começou, e por que ela é tão importante para os dias atuais. Origem e definição do termo Lean Com o intuito de otimizar a produção e reduzir desperdícios, a Toyota desenvolveu um modelo de processos, em que a premissa era reduzir aquilo que afetava sua cadeia de produção, observando e ajustando diversos hábitos e formas de se produzir, assim a empresa obteve bastante sucesso, sendo até hoje referência em inovação automotiva no mundo inteiro. O que a Toyota fez naquela época serve de inspiração e modelo para que possamos melhorar a nossa forma de produzir. Ter a ferramenta Lean como pilar de desenvolvimento significa melhorar e aperfeiçoar as formas de se desenvolver algo, seja um serviço ou produto, e tempo cada vez mais, tempo significa dinheiro e o Lean UX é a ferramenta ideal para um mundo cada vez mais moderno e urgente de novidades. Figura 1 - Lean, elimine desperdícios. Produzir de forma rápida, objetiva e sem desperdícios Lean UX – Página 7 de 62 O termo Lean ficou muito popular nos anos 90, quando três autores escreveram um livro chamado “A máquina que mudou o mundo”, onde esta metodologia foi abordada de forma mais profunda e com um viés bastante didático. Uma obra de grande importância na época e válida até os dias de hoje, pela sua importância de tratar de maneira abrangente e organizada, uma ferramenta que serviu de base de produção para uma grande marca, e como ela se mantém atual e aplicável para os dias de hoje e muito popular em empresas de pequeno porte. Aqui, os três autores que aparecem como personagens fundamentais para toda esta literatura e um resumo da importância de cada um para o mercado. Figura 2 - James Womack: Autor do livro A mentalidade enxuta nas empresas. James Womack: foi diretor de pesquisa do Programa Internacional de Veículos Automotores do MIT e fundador do Lean Institute. Atualmente dissemina a cultura Lean. Figura 3 - Daniel T. Jones, autor do livro A mentalidade enxuta nas empresas. Lean UX – Página 8 de 62 Daniel T. Jones: foi diretor do Programa Futuro dos Automóveis no MIT. Atualmente é conselheiro em diversas empresas que buscam o Lean como pilar de processos ágeis. Figura 4 - Daniel Roos, professor do MIT. Daniel Roos: foi o diretor fundador da Divisão de Sistemas de Engenharia do MIT. Ajudou a formar parcerias industriais e globais em larga escala. Atualmente é professor no MIT. Estas pessoas foram essenciais para o entendimento da cultura Lean, praticada em diversos países e cada mais madura e flexível nas organizações. Relevância do Lean no mercado Praticar o Lean UX é entendera filosofia Lean e aproveitar todas as características dela para que nossos planejamentos, imersões e execuções possam ser pautados por uma metodologia que preza pela agilidade e pela forma enxuta de se produzir algo. Muitas empresas, de todos os tamanhos e segmentos, mas principalmente as empresas do ramo de tecnologia, utilizam o Lean como uma de suas ferramentas de gestão de processos, atentando-se para o fato de que validações recorrentes são a engrenagem ideal para que as produções possam ser assertivas e mais inteligentes. Lean UX – Página 9 de 62 Importante ressaltar que estes três autores não criaram a metodologia Lean, que não era chamada assim pela Toyota, eles a chamavam de “Toyota Production System” (TPS). Estes autores escreveram o livro, tomando a prática da produção enxuta como base e demonstraram como é possível trabalhar e produzir riquezas se a sua empresa estiver atenta a fatores importantes durante o processo. As metas e objetivos serão alcançadas de maneira mais inteligente, ágil e com custo menor, ou seja, seu orçamento será mais bem aproveitado se você prestar atenção em pontos que podem ser melhorados e corrigidos, gerando mais riquezas e conhecimentos. Assim como a cultura Lean foi utilizada naquela época e foi tão importante para a Toyota, você verá no decorrer da nossa jornada como o Lean UX é tão relevante em ambientes de desenvolvimento, justamente por ser uma ferramenta flexível, de baixo custo, aberta e focada em resultados a partir de experiências. Com o passar do tempo, as organizações foram percebendo que investir em pessoas, transformando-as em agentes de mudanças é na verdade uma decisão de gestão que está alinhada com o presente e o futuro. Ora, se somos parte da cadeia que produz e que consome, nada mais natural que sermos os agentes para descobrir, desenhar, projetar e inovar em campos infinitos de possibilidades. Figura 5 - Premissa ideal: identifique e elimine desperdícios. Lean UX – Página 10 de 62 Um profissional que deseja utilizar o Lean como ferramenta, precisa ter em mente que alguns comportamentos precisam ser observados, e talvez alterados. Entendemos que mudanças em empresas podem ser um fator delicado, um tabu. Mas o Lean é justamente a percepção contínua de que é preciso mudar, perceber, enxergar oportunidades durante o trabalho, não antes ou depois, durante. Portanto, uma pessoa que for trabalhar com Lean perceberá que vai muito além de ferramentas, softwares ou aplicativos de tarefas. Significa uma troca de experiências, entender cada pessoa envolvida (inclusive o cliente) e extrair o máximo de cada situação, cada ponto importa, cada micro experiência é valiosa. Durante um processo de desenvolvimento muitas oportunidades surgem, inclusive através de problemas, e é com eles que utilizamos nossas experiências, culturas e ideias para produzirmos soluções assertivas. Ao invés de anotar e guardar tudo que foi percebido, transformar em material útil para, ao iniciar a prática, termos uma base de conhecimento em que se possa evoluir e adaptar, sempre em busca de melhorias e redução de custos. Lembre-se, estamos tratando de Lean UX, ou seja, o pensamento enxuto deve ser o nosso guia. Lean UX – Página 11 de 62 Figura 6 - Diversos tipos de empresas podem utilizar a metodologia Lean para melhorar o processo de produção. Os desafios existem, que bom! Sim! Que bom que existem desafios, seja para implementar em uma empresa que nunca utilizou o Lean, seja para implementar em um time de desenvolvimentos acostumado a trabalhar de forma isolada. Que bom que temos desafios! As barreiras e obstáculos para iniciarmos algo diferente existem em qualquer situação, e não será diferente com a Lean UX. Estamos acostumados, durante muito tempo, a produzir de forma isolada: Pessoa 1 faz uma tarefa, que passa para a pessoa 2 que passa para a pessoa 3 e a pessoa 4 aprova. Perceba que, se envolvermos estas quatro pessoas durante o processo de desenvolvimento, teremos quatro mentes focadas em criar uma solução, ora, qual modelo você acha que irá gerar mais experiências? Juntos, podemos criar e experimentar, gerando mais valor, gerando mais oportunidades de negócio. Figura 7 - Envolver para criar soluções de forma mais assertiva. Lean UX – Página 12 de 62 Filosofia Lean no mercado de TI Devido a um mercado cada vez mais complexo em suas relações e as necessidades de consumos cada vez mais dinâmicas, as empresas de tecnologia, principalmente as de produção de software, precisam estar preparadas às constantes mudanças de cenários, comportamentos e necessidades. Os negócios estão diretamente ligados à velocidade e a flexibilidade de uma empresa em ter a capacidade de atender um mercado que a cada dia exige novas formas de interagir, consumir e viver. Somos produtores de soluções e ao mesmo tempo somos as pessoas que consomem estas soluções em produtos e serviços. Figura 8 - Criar com Lean significa gerar experiências positivas. Lean UX – Página 13 de 62 Novas formas de produzir um software estão surgindo cada vez mais, sendo na verdade, a percepção de que é mais inteligente criar um produto de maneira enxuta, percebendo de verdade os pontos que podem ser melhorados ao invés de ter esta percepção em uma ponta muito longa da linha. Muitas empresas percebem falhas quando o produto está no mercado, e sabemos as consequências disso. Um produto nunca está finalizado, ele precisa ser flexível e adaptável. Empresas de TI estão se adequando e trabalhando para que o conceito Lean seja utilizado de verdade. Aquele modelo quadrado, linear, em que pessoas desenvolvem como se estivessem em esteiras, pode funcionar, mas com certeza não está em sintonia com o mundo. Produzir de forma colaborativa, integrada e atenta às reais necessidades do cliente é a forma mais segura, prática e inteligente de criar uma solução que realmente faça sentido no mercado. Figura 9 – Livro: A mentalidade Enxuta nas empresas. Lean UX – Página 14 de 62 Adaptar é preciso Produzir um software de maneira previsível pode ser eficiente, início, meio e fim. Você decide fazer de uma maneira e entrega a versão final para o cliente. Funciona. Porém, imagine desenvolver um software para gestão financeira, que levou 12 meses para ser concebido. Muitas coisas podem acontecer em um mercado financeiro durante 12 meses. Ainda mais se falando do Brasil. Taxas, impostos etc. Então, o software está flexível para as alterações de mercado? Mudanças de comportamento estão diretamente ligadas ao serviço e produto oferecidos. Se estas questões não foram percebidas durante um processo de desenvolvimento, certamente haverá problemas neste software. No mínimo, retrabalho. Perceba que vivemos em tempos líquidos, ou seja, a cada minuto surge um aplicativo que promete resolver X questão de mercado. Ou, a cada minuto surge outro aplicativo que promete sanar X problema de mercado. É preciso ser ágil, é preciso estar preparado para um mercado altamente competitivo onde o conceito de inovação surgia dentro de empresas estabelecidas. Vivemos um tempo em que cada pessoa é provedora de soluções, cada pessoa é capaz de mudar um mercado. Lean UX – Página 15 de 62 Figura 10 - Sua empresa é adaptável ou ela segue padrões engessados? Produção enxuta é produção inteligente Em um mundo em que a sede pela inovação é o principal fator que motiva as empresas a criarem novos produtos em serviços (ou evoluir os existentes), este estudo serve como guia, onde percebemos que trabalhar de forma conjunta, com ciclos de validações recorrentes e atenção aos pontos de melhoria, são práticas que nos levam cada vez mais próximos do ideal, ou nos preparam para ele. Lean UX – Página 16 de 62Capítulo 2. O que é Lean UX Lean UX, em uma tradução livre, significa “Experiência do usuário magra”. Significa dizer que é possível criar experiências positivas para as pessoas utilizando meios e ferramentas que viabilizam processos mais ágeis e sem grandes investimentos financeiros. Enquanto você lê este texto, várias pessoas no mundo inteiro estão inventando e consumindo novos produtos e serviços. E o que isso quer dizer? Quer dizer que cada momento é muito importante para a inovação, cada momento é valioso. É por isso que a LeanUX tem um viés mais prático: mais geração de experiências e menos entregáveis. Vamos focar no que podemos gerar de valor para as pessoas, ao invés de criar documentações extensas e nada práticas no dia a dia. Imagine que dentro de uma startup o time precisa criar uma solução para resolver um problema específico de mercado, criar algum produto que facilite a vida das pessoas. Com um time enxuto, nada mais natural do que trabalhar e pensar de forma enxuta. Trabalhar com o que tem, com as tecnologias disponíveis e o mais importante, reunir as pessoas e cada uma, com sua experiência, prover conhecimento e know- how necessários para que se possa colocar a solução em prática. Trabalhar com Lean UX é trabalhar de forma prática e ágil. Não significa dizer que não é para ter nenhum entregável. Afinal, todo projeto precisa de material para que se tenha ideia do que está sendo construído, mas significa dizer que o foco é nas experiências concebidas, tanto no lado do desenvolvimento quanto no lado do cliente. Figura 11 - Lean UX é focar nas experiências para gerar entregas assertivas. Lean UX – Página 17 de 62 Origem da Lean UX Lean UX vem da cultura da Lean Startup, metodologia criada por Eric Ries, onde ele aborda a filosofia Lean como ferramenta de gestão em que empresas possam criar e gerar mais valor para o mercado, através da cocriação e percepção em eliminar desperdícios. Eric Ries, é um empreendor do Vale do Silício, criador do movimento Lean Startup e muito conhecido por ser o principal nome quando o assunto é desenvolver de forma mais eficiente. Para Ries, desperdício é: “Toda atividade que não contribui para se aprender a respeito dos clientes.” Assim, esta revolucionária maneira de se fazer gestão, e modelagem de negócios, contruibui para empresas de diversos portes, a transformar equipes em verdadeiros times de inovação. A Lean Startup trabalha com cinco princípios: 1. Empreendedores estão em todo lugar. 2. O empreendedorismo é gerencial. 3. Aprendizagem validada. Lean UX – Página 18 de 62 4. Construir-medir-aprender. 5. Contabilidade para a inovação. Empreendedores estão em todo lugar Para Eric Ries, toda pessoa é uma empreendedora em potencial. A mentalidade em que é preciso obedecer a um modelo estabelecido está cada vez mais fadada à extinção, cada pessoa é uma produtora de inovação, e todos têm a capacidade de criar algo novo e que resolva problemas de mercado. Entenda que empreender significa trabalhar de forma a encarar desafios que são impossíveis de se listar, por isso a importância de ter a Lean UX como ferramenta de gestão. Esteja preparado para imprevistos e tomadas de decisões rápidas. O sucesso de um empreendedor está diretamente ligado a sua capacidade de se adaptar aos meios, e a cultura enxuta pode ajudar e muito a alcancar os objetivos de negócios. O Empreendedorismo é gerencial O fato de termos o poder de empreender não significa que não tenhamos que gerenciar. É preciso estar atento para todos os pontos possíveis da administração do seu negócio, para que ele faça sentido para o mercado. Muitas são as ferramentas e técnicas disponíveis, portanto, a administração é muito importante. Gerenciar significa, entre outras coisas, estar atento aos pontos que podem atrapalhar o desenvolvimento do produto. Mesmo sendo uma empresa pequena, ou um time enxuto, não importa, gerenciar é importante, mesmo que seja para processos que pareçam simples. Quanto antes a percepção de problemas acontecer, mais rápido e menos onerosa será a resolução. Lean UX – Página 19 de 62 Aprendizagem validada Aprender a desenvolver o seu negócio de maneira sustentável e flexível ao mercado, é de suma importância. Testar e validar os pontos percorridos durante o desenvolvimento, traz mais experiência e segurança nas tomadas de decisões. Imagine que, durante a construção de um novo aplicativo, houve uma etapa de teste de mercado. É possível e até aconselhado que se observe e documente de forma objetiva, tudo que servir de aprendizado durante este processo. Muito se pode aprender durante o desenvolvimento de um software, por exemplo. Pode-se perceber que em tal momento de desenvolvimento, foi utilizado uma biblioteca de padrões que deixa a interface mais lenta, ou mesmo um código html que está escrito de forma a reduzir o tempo de renderização. Seja quais forem os pontos, é bom identificar os que precisam de melhorias, para que estes se transformem em oportunidades. Construir-medir-aprender Sendo a alma de uma startup a transformação de ideia em produto, é importante que se tenha o fator de mensuração. Medir a reação do cliente, pessoas envolvidas, do mercado, enfim. Todo o feedback é muito precioso para os ciclos existentes em uma empresa. Em um cenário de desenvolvimento é muito importante colocar o cliente no mesmo plano de quem desenvolve. É verdade que muitas empresas ignoram este método, construindo soluções de dentro para fora. É uma maneira de produzir, não existe certo e errado, existem exemplos e resultados. Imagine-se construindo um novo produto em que consiste em agilizar o pagamento de passagem de ônibus, em certa cidade do Brasil. Construir, utilizando ideias próprias e observações pode funcionar. Lean UX – Página 20 de 62 Quando se vai a campo, observa, conversa, entende e partilha das experiências ao utilizar um ônibus. Se tem mais material, mais informações para se trabalhar em uma solução mais adequada. Ir a campo significa partilhar experiências, pode-se construir produtos ideias a partir dessa prática. Construir algo, somente com hipóteses, pode ser um pouco perigoso, no sentido de custos, levando-se em consideração a realidade financeira de uma empresa. Aprender com os erros é ótimo para a construção de um produto, mas é preciso entender que o ideal é errar o quanto antes, para que o processo não esteja em risco. Desenvolver sem envolvimento adequando significa desenvolver apenas com teoria. Portanto, construir, medir e aprender é aproveitar a jornada, não se apegar somente no início e fim, mas valorizar o meio, os passos, os erros e acertos, para que assim, naturalmente os produtos e serviços façam sentido para as pessoas, gerando experiências positivas. Contabilidade para a inovação Medir e acompanhar os marcos dentro de sua empresa pode não ser tão interessante quanto os passos anteriores, mas é fundamental para decidir prioridades, alocação de recursos e ajustes, sendo que a realidade de uma startup é única, e requer muita criatividade para mantê-la girando. Mesmo que uma startup tenha pouco recurso financeiro, é importante se ater aos detalhes econômicos. Produzir com os pés no chão, utilizar a criatividade com os recursos existentes. Muitas empresas obtiveram sucesso em suas empreitadas, porque além de serem inovadoras, respeitaram a própria realidade, se ajustando todo o tempo para que o recurso financeiro não se tornasse sua própria inimiga. Um autor e sua relevância no mercado Lean UX – Página 21 de 62 Quando se fala em Lean UX, muitos nomes são percebidos no mercado, e um exemplo de pessoa que exerce forte relevância na esfera de negócios em todo o mundo é Jeff Gothelf. Jeff é designer e praticamente da cultura Agile, já liderouequipes de design em empresas como Web Trends e AOL. Ele é conhecido por ter escrito o livro “Lean UX, desenhando grandes produtos com times ágeis.” Um livro que é referência no assunto. A relevância de Jeff no mercado se dá justamente pelo fato de ser uma pessoa preocupada em ajudar empresas a desenvolver seus produtos de maneira mais assertiva, colaborando com times para criar soluções em que se leve em consideração as características de um mercado moderno. Jeff, com sua vasta experiência em design, exerce forte relevância no mercado, pois traz em sua bagagem, além das empresas citadas, organizações como iXL e Fidelity. Assim, compartilha sua experiência vivida nestes lugares e aplica estes conhecimentos em diversas empresas, provando que é possível aplicar o Lean UX de forma coerente com as realidades de cada uma. Sua relevância, entre outros nomes, é notória, pois é um designer que tem como filosofia que experiência é muito além de uma interface, é entender e enxergar possibilidades existente e criar soluções viáveis e que façam sentido para todos os lados. Relevância da Lean UX no mercado O comportamento das pessoas molda o mercado. É fato que vivemos em um modelo de consumo cada vez mais agressivo, a procura e expectativa por novidades é crescente e é preciso atender demandas de mercado que se alteram cada vez com mais frequência. Nossa capacidade produtiva precisa estar alinhada com a velocidade em que o mercado acontece, é uma questão de sobrevivência. Lean UX – Página 22 de 62 Pense que, em muitas esferas, tudo muda o tempo topo. Se analisarmos por exemplo um produto específico, podemos compreender o quanto ele sofrerá mutações (se a empresa for capaz) para responder as alterações do mercado. Imagine um aplicativo para celular em que é tocado uma música, de forma automática, a partir do ambiente que a pessoa estiver. É uma ideia, mas podemos ilustrar vários pontos importantes dentro do contexto de um desenvolvimento. Produzir este app vai muito além de protótipo, interfaces e códigos. Conceber este app para o mercado é criar um modelo de negócio que seja aderente às realidades distintas de cada indivíduo. Perceba que só pelo fato de cada pessoa ter a sua individualidade já abre caminho para diversas interpretações. Portanto, podemos entender que é preciso compreender, estudar e observar vários aspectos de comportamento humano para que se possa desenhar um app que cumpra esta tarefa: tocar uma música de acordo com o ambiente. Apesar de ser uma ideia solta, serve para ilustrar que para este projeto, vários aspectos e variáveis deverão ser pontuados, como: a. Para quem? b. Como? c. Por quê? d. O que ele resolve? e. Leis autorais. f. Como saber qual música é a ideal? g. Privacidade. h. Parceria com players. Assim, com estes 8 pontos citados, é possível ver que cada característica dessas se transforma em um leque de fatores que precisam ser observados, interpretados e considerados, antes, durante e depois de um desenvolvimento. Seja qual for a ideia, o tempo geralmente não estará a favor, será preciso cuidar de vários pontos cruciais para que seu produto tenha o mínimo de risco Lean UX – Página 23 de 62 possível. Por isso a importância do MVP, o produto mínimo viável. Construir algo que faça sentido é o primeiro passo para que as pessoas utilizem seu produto. Figura 12 - As pessoas desejam boas experiências. Vantagens da Lean UX para o seu trabalho Podemos perceber muitas vantagens da Lean UX em nosso ambiente de trabalho, aqui estão alguns exemplos de como as vantagens são percebidas ao se aplicar esta metodologia: 1. Baixo custo de implementação. Não são necessários grandes investimentos financeiros para poder se aplicar a ferramenta no dia a dia da nossa empresa. 2. Aprendizados durante os processos. Quando criamos e identificamos pontos de melhoria, estamos gerando mais valor para a nossa forma de trabalhar, assim, gerando mais valor para o produto entregue. Lean UX – Página 24 de 62 3. Concentrar-se no problema a ser resolvido. Entender que focar no problema a ser resolvido será muito mais útitl do que ficar procurando soluções que não façam sentido. Ao determinar que o time concentre seus esforços para resolver um problema, seu produto ganhará objetividade e agilidade no processo. 4. Compartilhar ideias. Quando as pessoas são envolvidas durante o processo de desenvolvimento, cada uma com sua experiência (e não importa o grau), pode colaborar para que o produto seja concebido de forma a fazer mais sentido. Se faz sentido para quem desenvolve, pode fazer sentido para quem vai usar. 5. Produto mínimo variável. Uma das grandes vantagens da filosofia Lean UX é poder criar um produto mínimo. Uma versão que servirá de norte, para sentir se o caminho está correto, se as ideias estão convergindo e se as propostas de valor estão aderentes ao mercado. 6. Colocar o cliente como parceiro. Ao invés de produzir e entregar, que tal envolver o cliente como peça no processo? Ninguém melhor que o cliente para saber sobre o seu negócio. Não significa que o cliente irá ditar regras, significa inserir uma pessoa que detém muito conhecimento valioso que pode ser compartilhado no grupo. Figura 13 - Promova suas ideias, sempre! Lean UX – Página 25 de 62 Lean UX – Página 26 de 62 Capítulo 3. Visão geral do Agile A Cultura Ágil foi criada em 2001 para estabelecer maneiras de se desenvolver softwares tendo como premissa a satisfação do cliente, baseado em entregas contínuas e diminuindo os atrasos entre as necessidades dos clientes e a realidade da empresa que desenvolve. São quatro valores: Indivíduos e interações mais que processos e ferramentas. O indivíduo é a peça fundamental para a existência de um produto e serviço, sem ele é impossível sequer pensar em uma solução. Logo, ter a pessoa como a peça mais importante é providencial. Ao invés de ficar preocupado se vai utilizar a ferramenta X ou Y, concentre-se em entregar valor às pessoas. Software funcional mais que documentação abrangente. A documentação é importante na produção de um software, porém, este manifesto sugere que um sistema funcionando é mais importante do que montanhas de documentos. Do que adianta uma documentação minuciosa se o software não atende e não resolve um problema? Pode parecer clichê, mas muitas empresas ainda utilizam suas energias para criar extensos documentos, ao invés de observar as inúmeras oportunidades que o seu próprio software está gerando. Colaboração do cliente mais que negociação de contratos. Os contratos são importantes, claro. Mas, esta visão do Agile, defende uma relação transparente e de parceria com seu cliente. Desenvolver um produto, de maneira isolada, sem que o cliente se sinta parte do processo, pode ser muito perigoso para a “saúde” do seu projeto. Quanto mais o cliente for envolvido e fizer parte do processo, mais soluções serão desenvolvidas e mais sentido o produto terá para as partes. Lean UX – Página 27 de 62 Responder a mudanças mais que seguir um plano. Esta visão defende que é preciso estar preparado para as mudanças que o mercado exige. Ao trabalhar com tecnologia é fundamental ter em mente que infinitos fatores podem fazer toda a diferença durante a criação de um produto ou serviço. Imagine um time desenvolvendo um software, de maneira isolada, sem sintonia com o mercado. Vários módulos são construídos, várias soluções são projetadas, mas elas fazem sentido para o atual mercado? Desde o seu início? É o que as pessoas querem? Resolvem os problemas identificados? Organização é muito importante, mas projetar com equilíbrio é fundamental. Metodologias São várias as metodologias que podem ser utilizadas em processos ágeis. Aqui temos dois exemplos quesão amplamente utilizadas em diversas empresas em todo o mundo: 1. Kanban: De origem japonesa, esta metodologia reduz a burocracia da gestão, organizando as tarefas de maneira simples para controlar os fluxos de produção. São muitos os softwares e aplicativos que oferecem esta metodologia de uma forma visual e bastante amigável em sua usabilidade. A principal vantagem do Kanban é que com ele é possível assimilar e controlar o progresso de tarefas, deixando o processo mais visual e fluído. A forma de se utilizar o Kanban é bastante simples, seu conceito se dá em um quadro com colunas e linhas, onde se coloca as sequências de atividades que serão desenvolvidas e validadas. Lean UX – Página 28 de 62 Figura 14 - Principios do Kanban. Fonte: PC Mag, 2017. Disponível em: https://www.pcmag.com/. 2. Scrum: Criado nos anos 80, esta ferramenta preza pela agilidade incremental dos processos. Sugere encontros contínuos para que o time possa analisar e validar os pontos do projeto. No Scrum os projetos são divididos em ciclos, pode ser decidido entre as equipes, mas geralmente são mensais e são chamados de sprints. O sprint significa que o time que faz parte de um conjunto de tarefas, se reúne e faz a revisão do que está sendo feito até aquele momento, para que todo o conjunto possa estar alinhado. O que será implementado no projeto é listado e chamado de Product Backlog, que siginifa a lista de todas as funcionalidades que o produto irá ter. A cada dia de Sprint, a equipe troca conhecimento e faz o alinhamento de como está o processo e quais impedimentos precisam ser ajustados. Figura 15 - Framework de Scrum. https://www.pcmag.com/ Lean UX – Página 29 de 62 Fonte: Scrum.org, 2017. Disponível em: https://www.scrum.org/resources/what-is-scrum. https://www.scrum.org/resources/what-is-scrum Lean UX – Página 30 de 62 Capítulo 4. Entregáveis do Lean UX Nesse capítulo, será discutido o que compõe a entrega do Lean UX, ou seja, o que o cliente efetivamente recebe como resultado de um projeto no qual a metodologia foi aplicada. Mesmo a Lean UX sugerindo não se ater tanto às entregas, é fundamental ter material para que o projeto possa ter sentido. Durante cada etapa, podemos produzir material que servem tanto de escopo, rascunho ou protótipo, desde que o tempo e o custo não sejam empregados com muita veemência, senão iremos contra o princípio do desenvolvimento enxuto. O que são entregáveis? Segundo o PMI, os entregáveis, ou deliverables, são os resultados intermediários ou finais de um projeto. Ou seja, são todos os elementos, tangíveis ou intangíveis, que compõem a entrega final para o cliente. Tradicionalmente, os entregáveis constituem documentação de processos, treinamentos, homologações, protótipos etc. A utilização do método de Lean UX pode gerar uma diversidade de entregáveis, a depender do tipo de projeto que está em desenvolvimento, as expectativas e necessidades do cliente atendido, dos objetivos de design acordados e dos membros do time alocado no desenvolvimento do produto/serviço. Apesar da amplitude de possibilidades que o método oferece, o cerne de sua entrega é a experiência. Diferente dos demais métodos, focados em documentação e tangibilização do funcionamento das interfaces, o Lean prioriza a experiência do usuário e sempre embasa as decisões mais abstratas na razão de ser do produto em desenvolvimento. Boas práticas de entregáveis Lean UX – Página 31 de 62 O UX design utiliza diversas ferramentas para o desenvolvimento de um projeto e seus entregáveis. Estas podem ser divididas por momento do projeto. O primeiro grupo de ferramentas são as de definição da estratégia, que auxiliam no direcionamento dos produtos. Alguns exemplos, dentre as principais, são: os blueprints de serviço, o mapa da jornada do consumidor, user stories, modelos de ecossistemas e mapa de ideias. Em seguida, são utilizadas as ferramentas que compõem a etapa criativa de um projeto de UX, a exemplo de brainstorming, moodboards, fluxo do usuário, análise de tarefas e taxonomias. O passo seguinte é o planejamento do produto, para o qual são utilizados, por exemplo, a auditoria de conteúdo, análise heurística, sitemaps, roadmaps de funcionalidades e cenários de uso. A quarta etapa é a de pesquisa e validação, utilizadas para melhorar a compreensão da maneira que o consumidor pensa, que pode fazer uso de grupos de foco, pesquisas quantitativas, testes de usabilidade e eyetracking, dentre outras. A última etapa é o desenho das interfaces – momento de tangibilização do projeto – para a qual são utilizados sketches, wireframes e protótipos, por exemplo. A aplicação do método de Lean UX se diferencia do tradicional quando não impõe obrigatoriedade sobre a utilização de cada uma das ferramentas e técnicas, bem como sobre o sequenciamento da aplicação das mesmas. Ao conduzir um projeto ou processo no framework de Lean UX, o foco deve ser apenas nas atividades que geram valor ao cliente, eliminando as fases não agregadoras de valor e priorizando a experiência do cliente. Para efeitos dessa disciplina, serão exploradas em maior profundidade as ferramentas que, tipicamente, mais auxiliam na compreensão do cliente e na interação com os mesmos. Blueprints de serviço Lean UX – Página 32 de 62 Os blueprints de serviço são uma das técnicas mais antigas e formais de design de serviços, e consistem no desenho de diagramas que mapeiam e demonstram os pontos de contato e momentos de verdade entre o cliente e seu fornecedor (marca, empresa, departamento etc.). A intenção da ferramenta é permitir a visualização do caminho percorrido pelo cliente dentre múltiplos canais e identificar oportunidades de melhoria, também chamadas de pontos de falha. O mapeamento do processo de serviço é realizado no formato de diagrama, e fornece uma direção sobre o gerenciamento do design do serviço na perspectiva do cliente. A figura abaixo traz um exemplo de blueprint de serviço: Figura 16 - Diagrama para encontrar um engraxate na esquina. Fonte: KALBACH, 2017. Para se desenhar um blueprint de serviço para ofertar algo aderente ao cliente, as seguintes etapas são recomendadas por Kalbach (2017): 1. Especifique o valor: determine qual valor você está criando da perspectiva do cliente. Essa definição deve ser feita baseada na experiência completa, e não apenas nas interações individuais; Lean UX – Página 33 de 62 2. Identifique a cadeia de valor: A cadeia de valor é o conjunto e relações entre ações e processos necessários para que uma organização entregue valor. No método lean, o foco é nas atividades que adicionam valor e na eliminação das etapas que não adicionam valor; 3. Otimize o fluxo: Aumente a eficiência da produção, otimizando os processos do serviço de apoio; 4. Crie demanda do cliente: alinhe a sua oferta com a necessidade do cliente, para que a demanda seja gerada. A importância de se desenhar o blueprint de serviço é sumarizada por Shostack (1984, apud KALBACH, 2017): A raiz da maioria dos problemas do serviço é, de fato, a falta de um design sistemático e controle. O uso de um diagrama pode ajudar um desenvolvedor do serviço não só a identificar os problemas antecipadamente, mas também a ver o potencial para novas oportunidades do mercado [...] Um diagrama encoraja a criatividade, uma solução de problemas preventiva e uma implementação controlada. Ele pode reduzir o potencial de falhas e melhorar a capacidade do gerenciamento em pensar efetivamente sobre novos serviços. O princípio do diagrama ajuda a cortar o tempo e a ineficiência do desenvolvimento aleatório de serviços e dá uma visão de mais alto nível das prerrogativas do gerenciamento do serviço. Mapas da jornada do cliente. O consumer journey map (CJM) é,assim como o blueprint de serviços, um diagrama, porém, seu propósito é explorar todos os passos tomados pelo cliente na medida em que eles se engajam com o serviço proposto – não se restringindo aos pontos de contato. A ferramenta permite enxergar as motivações e necessidades do Lean UX – Página 34 de 62 cliente nas várias etapas da jornada de consumo, dando subsídio para a criação de soluções de design em cada uma dessas etapas. Figura 17 - Jornada do Provedor de Banda Larga de Sarah. Fonte: KALBACH, 2017. Os CJMs são geralmente usados para compreender melhor a fidelidade do cliente e como melhorar as experiências dos clientes existentes. Eles ajudam a responder perguntas como: Como uma organização pode engajar melhor os clientes? Como ela pode fornecer valor que faça com que os clientes continuem voltando? Como ela pode tornar os serviços mais relevantes? Temkin (2010, apud KALBACH, 2017) aponta a importância da ferramenta: As empresas precisam usar ferramentas e processos que reforçam uma compreensão das necessidades reais do cliente. Uma das principais ferramentas nesta área é algo chamado de mapa da jornada do cliente. Usados devidamente, esses mapas podem mudar a perspectiva de uma empresa de “de dentro para fora”, para “de fora para dentro”. Lean UX – Página 35 de 62 Modelos de ecossistemas Os modelos de ecossistemas fornecem uma boa visão holística da experiência de um indivíduo, auxiliando na concepção de sistemas. O centro do diagrama é o indivíduo (cliente) e, ao seu redor, suas relações com o produto ou serviço a ser desenvolvido e com o mundo. O objetivo é identificar as ferramentas, aplicativos e pessoas que ele utiliza para solucionar determinado problema. Figura 18 - Mapa do ecossistema para um serviço de compartilhamento de carros. Fonte: KALBACH, 2017. Lean UX – Página 36 de 62 Mapas de ideias Os mapas de ideias do consumidor foram desenvolvidos por Kim Erwin e conta com os princípios dos mapas cartográficos para mostrar as relações entre os tipos de informação. O resultado da ferramenta é uma visão geral fácil de entender, que expõe a diversidade dos aspectos de uma experiência sem uma descrição super simplificada. Os mapas de ideias apresentam informações no contexto, permitindo ao leitor orientar-se no território e consumir as informações nos níveis micro e macro, como quiser. Figura 19 - Mapa do alinhamento de um sistema de conteúdo a seus usuários. Fonte: KALBACH, 2017. Kim Erwin (2011, apud KALBACH, 2017) descreve os mapas de ideias do consumidor conforme segue: Os Mapas das Ideias do Consumidor promovem um contato emocional com a pesquisa, exibem uma importante complexidade nas vidas dos consumidores e apoiam a persistência da voz do consumidor durante (e geralmente além) de um processo de design. Os mapas das ideias do consumidor são projetados para pegarem a complexidade das vidas dos consumidores – as ambições, atividades e Lean UX – Página 37 de 62 ansiedades concisas, confusas e interconectadas que encadeiam seus dias – e as nivelarem para que possamos examiná-las mais sistematicamente. Storyboards Os storyboards são originários de produções cinematográficas, e organizam uma série de painéis ilustrados para representar o fluxo entre as cenas. Aplicado ao design de UX, ilustra cada etapa da experiência em um painel, com uma breve descrição do que deve acontecer. A figura abaixo ilustra um storyboard simples: Figura 20 - Storyboard para solução de um problema técnico, através de uma rede de especialistas e amigos. Fonte: KALBACH, 2017. Esse esboço ajuda a colocar as personas em ação, permitindo testar ideias e depurá-las conceitualmente. Os storyboards servem como a primeira iteração de uma ideia e permitem que as equipes pensem sobre o serviço em termos de como a experiência se desdobra com o passar do tempo. Lean UX – Página 38 de 62 Fluxo do usuário (User Flow) É uma representação visual da sequência de atividades que o usuário cumpre para concluir tarefas no website. Ela capta a perspectiva do usuário sobre a organização do site ou serviço, facilitando a identificação dos passos que podem ser acrescentados ou removidos. Esta ferramenta se assemelha a um blueprint de serviços, porém, ela se concentra mais fortemente no mapeamento de questões de usabilidade propriamente ditas. Figura 21 - User flow elaborado pela Mackenzie child. Fonte: Speckyboy, 2017. Disponível em: https://speckyboy.com/collection-inspiring-sitemaps-user-flow-maps/. Os fluxos a serem cumpridos pelo usuário são tão importantes quanto as telas desenhadas. Uma sequência de ações conduz o usuário ao longo do aplicativo ou site na medida em que ele resolve as tarefas. Portanto, para que o produto final seja https://speckyboy.com/collection-inspiring-sitemaps-user-flow-maps/ Lean UX – Página 39 de 62 bem sucedido, é necessário projetar, implementar, testar e retestar os fluxos propostos. A captação da perspectiva do usuário é essencial para a identificação dos passos que precisam ser melhorados ou redesenhados. Wireframes Os wireframes são guias visuais para representar a estrutura de uma página, revelando a hierarquia entre seus elementos. Esses elementos devem ser organizados de maneira a otimizar o fluxo do usuário e possibilitar que o objetivo determinado seja atingido. Figura 22 - Exemplo de wireframe. Fonte: Experience UX UK, 2017. Disponpivel em: http://www.experienceux.co.uk/faqs/what-is-wireframing/ http://www.experienceux.co.uk/faqs/what-is-wireframing/ Lean UX – Página 40 de 62 Essas representações são utilizadas também como guia pra discussões de ideias com outros membros do time envolvidos no projeto, bem como com o cliente, pois tangibiliza o processo de criação, gerando base para melhorias. Utilizar wireframes como modelos de concepção de produto, é ideal para poder entender e decidir questões de interfaces, por exemplo. Com um wireframe é possível desenhar soluções e perceber pontos de inovação em cada ponto, bem como estabelecer como será o desenvolvimento após esta etapa. O wireframe é muito útil para as etapas de validação, sendo uma opção ágil e de baixo custo para se ter um material que servirá de guia no desenrolar da produção. Teste A/B O teste A/B consiste na criação de duas versões de uma mesma página para que sejam testadas frente aos usuários. O objetivo é avaliar qual das opções apresenta melhores resultados no público-alvo específico. A ferramenta é auxiliar ao user flow, possibilitando testes de fluxos diferentes para averiguar sua efetividade. Figura 23 - Conceito do teste A/B. Fonte: WWO, 2017. Disponível em: https://vwo.com/ab-testing/ Cabe ressaltar que, apesar do conceito simples, o teste A/B tem implementação complexa. Isso ocorre uma vez que demanda recursos tecnológicos https://vwo.com/ab-testing/ Lean UX – Página 41 de 62 mais sofisticados para mensuração dos resultados e codificação completa das duas versões do site para que os testes sejam efetivos. Prototipação Um dos pressupostos mais fortes no mindset Lean é o de experimentação. O outro é o de aprendizado. A metodologia, portanto, reconcebe os esforços para experimentos que testam a estratégia, oferecendo um modo de testar hipóteses de maneira rigorosa, imediata e completa. Ao contrário de um planejamento estratégico, que leva meses para ser concluído, os experimentos podem começar de imediato. Quando se tem um problema a ser solucionado, ele deve ser transformado em oportunidade para a empresa, cliente ou projeto. A partir de então, são criadas hipóteses de valor e crescimento para testar essa oportunidade. Os testes iniciais darão origem ao Mínimo Produto Viável, que é o protótipo da solução. Para desenvolver esse protótipo, as ferramentasde UX Design devem ser selecionadas e utilizadas com base no critério de agregação de valor e oportunidade de aprendizado. Cada tipo de problema fará necessária a aplicação de ferramentas distintas em momentos distintos, a depender do tipo de negócio, perfil do cliente e perfil do usuário. Cabe ao time, portanto, a maturidade e competência para selecionar e aplicar o arcabouço de ferramentas disponível, focando sempre em oferecer a melhor experiência para o usuário – a maior e mais importante entrega da metodologia. O capítulo a seguir trata com mais detalhes o processo geral de desenvolvimento de um projeto, utilizando-se do método Lean UX. Lean UX – Página 42 de 62 Capítulo 5. Aplicação de UX a projetos O presente capítulo descreve o processo de utilização do método de Lean UX para projetos em geral utilizando os conceitos de Design Sprint. O método de Design Sprint foi desenvolvido pelo Google e tem o objetivo de testar e aplicar novas ideias com velocidade. A proposta está em linha com os conceitos de Lean UX e fornece uma sequência interessante de atividades que permitem tangibilizar melhor o mindset. Em pouco tempo, com a metodologia certa e uma equipe comprometida, é possível mudar os rumos do seu produto ou negócio. Se está achando simples demais, você tem razão: com Sprint, tirar suas ideias do papel é realmente simples, fácil e só leva cinco dias. (KNAPP, 2017) O fluxo do método supracitado segue: Figura 241 - Fluxo de design sprint. Fonte: KNAPP, 2017. Lean UX – Página 43 de 62 A intenção é de, através do método de Design Sprint, fomentar a cultura lean, focada no aprendizado, relacionamento com o cliente e na busca constante por um modelo de negócios que funcione. As ferramentas utilizadas no exercício de Design Sprint se assemelham ou conversam com o arcabouço Lean UX e podem ser utilizadas com esta intenção. As atividades a serem desenvolvidas para testar e aplicar novas ideias são, portanto, (i) o mapeamento do desafio; (ii) o ajuste e aperfeiçoamento das hipóteses; (iii) a decisão sobre como prosseguir; (iv) a prototipação e (v) os testes da solução. Os itens que seguem organizados da mesma maneira proposta pelo Design Sprint. Mapeamento do desafio É natural que, diante de um desafio proposto, e movidos pela motivação inicial, os times imediatamente foquem em desenvolvimentos de potenciais soluções. Porém, existe o risco de, na tentativa de se chegar a soluções o mais brevemente possível, o time não enxergue o problema como um todo, ou ainda, estabeleça prioridades de maneira equivocada, desperdiçando tempo e energia nas partes menos importantes. Isso pode gerar retrabalho e frustração por parte do time alocado Para evitar esse tipo de desperdício e otimizar os esforços, o primeiro passo para a realização de um projeto na metodologia proposta é o mapeamento do desafio. O exercício começa com a seguinte proposta: comece pelo fim – um olhar sobre o futuro. Começando pelo fim, o time determina seu objetivo de longo prazo, bem como quais questões difíceis precisam ser respondidas ao final do sprint. Deve-se, também, determinar os resultados do projeto no médio prazo, ou seja, que processos serão melhorados ou que aspecto do negócio seria fortalecido a partir daquela solução. Esta etapa funciona como um alinhamento das expectativas do time em relação ao futuro, ainda que ele, à princípio, pareça óbvio. No cumprimento desta etapa, é fundamental o diálogo entre o time e, em alguns casos, o estabelecimento do objetivo pode não ser simples, e requerer discussões mais profundas. Essas discussões devem ser conduzidas de forma a Lean UX – Página 44 de 62 refletir os princípios e as aspirações da equipe, ainda que estes sejam, aparentemente, abrangentes demais. Com o objetivo definido, chega o momento de identificar potenciais problemas e transformá-los em hipóteses ou perguntas. Razão disso é que, ao transformar problemas em potenciais perguntas, seu monitoramento fica mais simples, assim como a obtenção de respostar com esboços, protótipos e testes. Isso também é importante para transformar a incerteza em curiosidade. Pergunta: Para alcançar os consumidores, o que precisa acontecer? Resposta: Eles precisam confiar em nossa expertise. Pergunta: Como podemos reformular isso em uma pergunta? Resposta: Os consumidores vão confiar em nossa expertise? A partir deste ponto, é possível desenhar um diagrama, que será utilizado para afunilar um desafio abrangente e chegar a um alvo específico para o Sprint. O pressuposto a ser seguido é a necessidade de o diagrama ser simples. Como ferramenta específica, o time deve selecionar uma das possibilidades oferecidas pelo UX Design, como um storyboard, análise de ecossistema etc., a depender do nível de detalhamento possível e da maturidade do time. As regras básicas para o desenho do diagrama seguem1: 1. Liste os atores; 2. Escreva o fim; 3. Palavras e setas no meio; 4. Não complique; 1 Mais detalhes no livro: Sprint: o método usado no Google para testar e aplicar novas ideias em apenas cinco dias, de Jake Knapp. Lean UX – Página 45 de 62 5. Peça ajuda. Seguindo as regras acima, um importante marco foi atingido: haverá um esboço do objetivo de longo prazo, das perguntas do Sprint e do mapa (diagrama). O passo seguinte é a consulta à especialistas. Recomenda-se a condução de entrevistas individuais com os membros da equipe do Sprint, outras pessoas dentro da organização e/ou profissionais externos que tenham conhecimentos específicos. O objetivo é obter refinamento de questões como (i) estratégia; (ii) voz do cliente; (iii) como as coisas funcionam; (iv) tentativas anteriores. A consulta aos especialistas leva a um refinamento do Sprint, com redesenho dos diagramas e acréscimo, melhoria ou eliminação de perguntas. Findada a etapa de consulta, o desafio passa a ser a definição do alvo do Sprint: Qual é o público mais importante e qual é o momento crucial da experiência desse público? Essa definição determina as soluções e planos esboçados nas etapas seguintes. Ajustes e aperfeiçoamento O refinamento do material é feito em uma etapa chamada Demonstrações Relâmpago, na qual os membros da equipe alocada apresentam rapidamente (em três minutos, de forma aproximada) as soluções que lhe parecem mais adequadas para as questões levantadas. Essas soluções podem ser oriundas da própria área, da própria empresa ou até mesmo de outros segmentos e produtos. O ideal é coletar o máximo de material possível, adquirindo matéria prima para a etapa de decisão. Os passos básicos para esta etapa seguem: 1. Faça uma lista de produtos e serviços a serem analisados em busca de soluções inspiradoras; 2. Faça demonstrações de três minutos dos pontos interessantes; 3. Registre boas ideias à medida que as apresentações são feitas. Lean UX – Página 46 de 62 Ao final do exercício, o ideal é que haja entre dez e vinte ideias, garantindo que as melhores inspirações de cada integrante foram capturadas. A discussão dos itens permitirá o agrupamento ou divisão do problema em partes, na medida em que isso se fizer necessário. A etapa seguinte é de esboço, de forma individual, de possíveis soluções para os problemas elencados. Cada membro da equipe do Sprint, portanto, desenha, em papel, uma solução que julga possível, e essas serão discutidas em seguida. A importância dessa etapa é transformar ideias abstratas em soluções concretas. Depois que se tornam palpáveis, as ideias podem ser avaliadas de modo crítico e justo pelo restante do time. O formato do desenvolvimento dos esboços é livre e pode se valer das ferramentas de que cada um dos membros da equipe dispõe, de um fluxo simples até um wireframe especificado e justificado. O importante é que todos tenham a oportunidade deencontrar inspiração e pensar sobre o tema. As regras para o esboço das soluções seguem: 1. Deve ser autoexplicativo: é necessário que o trabalho dispense explicações. 2. Deve ser anônimo: isso torna a crítica aos materiais mais fácil, assim como a seleção das melhores ideias; 3. Tudo bem se ficar feio: o mais importante é que ele seja detalhado, bem pensado e completo. É importante ser o mais organizado possível. 4. Palavras são importantes: um bom texto é especialmente necessário para software e marketing; 5. Use um título marcante: os títulos auxiliam na identificação das diferentes soluções no momento de avaliá-las e selecioná-las. Lean UX – Página 47 de 62 Decisão sobre como prosseguir A terceira etapa corresponde à seleção da solução, a partir da análise de qual delas tem a maior probabilidade de alcançar o objetivo determinado de longo prazo. A partir deste ponto, é construído um storyboard para o protótipo. O objetivo do processo de seleção da solução é extrair o máximo de expertise da equipe, adaptá-la aos seus pontos fracos e fortes e facilitar ao máximo a tomada de uma decisão. Para tornar o processo mais eficiente, a metodologia propõe alguns passos, que seguem: 1. Museu de arte: os esboços são pendurados nas paredes de maneira que todos os membros da equipe tenham oportunidade de vê-los. Procura-se uma ordem lógica para a alocação dos esboços (se houver). Essa ordem pode seguir o diagrama desenhado no início do sprint, por exemplo. 2. Mapa de calor: antes de começar a analisar os esboços um a um, os membros da equipe sinalizam as partes que os agradaram de cada esboço, tomando nota para posterior discussão. As soluções com mais sinalizações se destacam para a etapa seguinte. O ideal é que esta etapa seja realizada de maneira silenciosa para evitar que alguns membros da equipe sejam influenciados por outros no processo de avaliação. 3. Críticas relâmpago: os esboços são discutidos um a um, bem como os pontos que mais se destacaram em cada um deles. Após a discussão breve, o criador do esboço esclarece os pontos de dúvida e a equipe toma nota da discussão. 4. Pesquisa de intenção de voto: cada membro da equipe seleciona, de forma silenciosa, um dos esboços para avançar e justifica essa escolha. Após o tempo individual, os votos são declarados, bem como duas justificativas. 5. Tome decisões honestas: é necessário que, para todo sprint, haja pelo menos um membro com a responsabilidade de definidor. Esses definidores devem se abastecer de toda informação necessária para sua tomada de decisão na etapa seguinte. Lean UX – Página 48 de 62 6. Supervoto: consiste na decisão final. Os definidores votam (supervoto) em seus esboços prediletos, baseados nos critérios por eles definidos individualmente. Os esboços que receberam ao menos um supervoto são mantidos na análise, e os demais entram na categoria “talvez mais tarde”. Caso haja mais de um esboço vencedor, duas condutas podem ser escolhidas: a primeira delas é transformar ambos em protótipos, a partir dos quais será realizada uma batalha entre eles. Alternativamente, pode-se partir para a abordagem “tudo em um” e selecionar os melhores aspectos de cada esboço para formar uma terceira e única opção para a prototipação. Com os esboços selecionados, é possível visualizar o teste dos protótipos, mas antes de começar a sua construção, é importante elaborar storyboards para cada um dos esboços. O objetivo da elaboração dos storyboars é identificar problemas e elementos confusos antes do protótipo ser montado. Para a montagem do storyboard, é necessário estabelecer sua cena de abertura, ou seja, seu ponto de partida. Como os clientes descobrem que sua companhia existe? Onde estão e o que estão fazendo momentos antes de usar o produto? Após a definição da cena de abertura, orientações simples facilitam o preenchimento da ferramenta. Estas seguem: 1. Trabalhar com o que está disponível e não inventar novas ideias; 2. Não escrever juntos: não é o momento de aperfeiçoar os textos, que devem ser simples e conter frases importantes; 3. Incluir apenas os detalhes necessários: não ser excessivamente específico. Não é necessário que cada quadro seja perfeito ou que cada nuance seja definida; 4. O definidor define: deixe que os definidores tomem as decisões ao longo da elaboração do storyboard; Lean UX – Página 49 de 62 5. Em caso de dúvida, correr riscos é importante; 6. Limite a história a quinze minutos ou menos, lembrando que o protótipo deve ser testado em, no máximo, quinze minutos. Com a finalização do storyboard, as bases para a construção do protótipo, ou mínimo produto viável (na linguagem de lean), estão concluídas. Prototipação Esta etapa consiste em transformar o storyboard desenvolvido na etapa anterior em um protótipo realista. Isso é feito partindo do pressuposto que as primeiras etapas do exercício subsidiaram a equipe de todas as informações necessárias para formatar uma fachada do produto final, passível de teste, pelo cliente. A ideia de construir um protótipo (ou esboço de MPV) simples é não atrasar o processo de aprendizagem, conceito fundamental do Lean. Dessa forma, não há grande desperdício de esforços caso o protótipo não seja viável. Quanto mais se investe em algo, mais difícil é voltar atrás, e receber feedbacks negativos se torna um problema. Para construir um protótipo nesses moldes, a mudança de mindset dos modelos tradicionais para o de Lean é essencial, passando de “perfeito” para “apenas o suficiente”; ou de “qualidade de longo prazo” para “simulação temporária”. Essa mentalidade do protótipo tem quatro princípios, que seguem: 1. Você pode fazer um protótipo de qualquer coisa; 2. Protótipos são descartáveis; 3. Construa o bastante para aprender, e só: você não precisa ter um protótipo completamente funcional – apenas é necessária uma fachada com uma aparência real à qual os clientes consigam reagir; 4. O protótipo deve parecer real: com isso, as reações dos clientes serão genuínas. Lean UX – Página 50 de 62 É importante que a qualidade do protótipo produzido não seja baixa demais a ponto do cliente não acreditar que aquilo pode constituir um produto verdadeiro; nem alta demais a ponto de comprometer os prazos de entrega. Deve-se procurar um balanço e entregar o protótipo ideal para aquele tipo de produto ou serviço. Para a construção do protótipo, não há um passo a passo específico determinado, mas, sim, quatro exercícios básicos a serem seguidos: 1. Escolher as ferramentas corretas: raramente um protótipo é desenvolvido utilizando as ferramentas tradicionais das disciplinas de design ou arquitetura da informação – elas são perfeitas e lentas em excesso. As ferramentas, para tanto, podem ser mais simples, como o Keynote, PowerPoint, ou ferramentas de texto. 2. Divida para conquistar: é importante dividir a equipe entre executores, costureiro, escritor, coletor de recursos e entrevistador, bem como dividir o storyboard. 3. Costurar tudo: o costureiro da equipe deve garantir que datas, horários, nomes e outros conteúdos falsos estejam consistentes em todo o protótipo. 4. Testar: é o momento de comparar o protótipo ao storyboard e revisar as perguntas do Sprint para verificar como o protótipo responde a elas. Executores Criam os componentes individuais (telas, páginas, peças etc.) do protótipo. Costureiro Responsável por reunir os componentes dos executores e combiná-los em um modelo coeso. Escritor Escreve os textos que comporão o protótipo apresentado. Coletor de recursos Vasculha a web, bibliotecas de imagem, produtos da própria empresa e todos os lugares para encontrar fotos, Lean UX – Página 51 de 62 ícones ou amostras de conteúdo necessários para a composição do protótipo. Entrevistador Utiliza o protótipofinal para conduzir a entrevista com o cliente ao final. O ideal é que ele não trabalhe no protótipo. Testar a solução A última etapa do design Sprint é a entrevista com os clientes para observar suas reações ao protótipo apresentado. Após esta etapa, são conhecidos os próximos passos do projeto. Para esta etapa do Sprint, o ideal é que o entrevistador (definido na etapa anterior) converse com cinco membros do público-alvo2 do produto proposto separadamente, observe suas interações com o protótipo e faça perguntas para compreender o que estão pensando. Após a realização de cinco entrevistas, é possível identificar padrões. O restante da equipe envolvida no Sprint pode assistir às entrevistas, se houver estrutura para tanto. É recomendado que a entrevista siga cinco passos simples, conforme segue: 1 Um cumprimento amigável de boas-vindas para dar início às entrevistas. 2 Uma série de perguntas de contextualização sobre o cliente. 3 Apresentação do(s) protótipo(s). 4 Tarefas detalhadas para que o cliente reaja ao protótipo. 2 O número ideal de entrevistas foi estabelecido por Jakob Nielsen, que revelou que 85% dos problemas são detectados nas cinco primeiras entrevistas realizadas junto ao público-alvo (KNAPP, 2017). Lean UX – Página 52 de 62 5 Um rápido debriefing para registrar os pensamentos e as impressões gerais do cliente. Durante (se houver estrutura para tal) ou após as entrevistas, a equipe vai reunindo pistas para solucionar o caso proposto na primeira etapa. Recomenda-se que isso seja feito em um quadro que contenha as avaliações dos clientes sobre cada um dos aspectos do protótipo elaborado, tal como demonstrado na tabela abaixo: Cliente 01 Cliente 02 Cliente 03 (...) Atributo 01 Atributo 02 Atributo 03 (...) Na medida em que as entrevistas avançam, a equipe toma nota das observações de cada um dos entrevistados sobre os atributos do protótipo, sinalizando essas observações como positivas ou negativas. Em seguida, é necessário buscar padrões de avaliação entre os entrevistados e registrá-los. Com os padrões das reações dos entrevistados estabelecidos, é necessário retornar às primeiras atividades do Sprint, retomando as perguntas elaboradas pela equipe. É provável que nem todas as perguntas sejam respondidas, mas é certo que haverá progressos. Após olhar para trás, fica mais fácil olhar para frente e definir os próximos passos. A intenção do exercício completo é saber se o caminho correto está sendo perseguido. Findada a sua última etapa, a equipe é capaz de identificar a necessidade de pivotagem do produto, em que atributos ou estratégias ele deve ser alterado. Os sprints são uma ferramenta que possibilitam a criação de uma cultura dentro de uma empresa. A de formular perguntas, construir protótipos e fazer testes – princípios básicos do método Lean. Após um primeiro Sprint, é provável que já se observe uma mudança no modo como as equipes trabalham: a transformação de discussões em hipóteses; a busca por respostas para problemas no futuro Lean UX – Página 53 de 62 imediatamente; o fomento à confiança na experiência uns dos outros e na habilidade coletiva de fazer progresso rumo a objetivos ambiciosos. Lean UX – Página 54 de 62 Capítulo 6. Aplicação da Lean UX à realidade Ao se ter contato com um novo framework de trabalho, nem sempre é simples transcrever esse aprendizado à realidade. O presente capítulo tem o objetivo de facilitar a aplicação dos conceitos aportados ao longo da disciplina, à realidade dos profissionais. Sabemos que não existe mágica e nem uma receita pronta para que uma nova metodologia possa ser incorporada em uma empresa, mas, ao ler esta parte do estudo, você, já mais do que deu seu passo inicial. Projetos são feitos de desafios, e não seria diferente neste caso. O importante é que se tenha a Lean UX como aliada, como ferramenta de melhoria de processos e corte de gastos. Ao utilizar esta metodologia, tenham em mente que o que se está fazendo é identificar oportunidade, reduzir custos e melhorar processos, qualquer empresa se beneficiará com estas questões. Trazer o Lean UX para a sua realidade pode não ser uma tarefa fácil, mas o mercado não é fácil. O que é preciso estar ciente é que alguma coisa deve ser feita para que sua empresa seja mais produtiva, existem inúmeras formas de se alcançar isso e a Lean UX é uma delas. Como a Lean UX deixa o processo mais enxuto O escopo completo do desenvolvimento de uma solução tem início, tradicionalmente, no design thinking, que pode representar um longo processo de análise das necessidades dos clientes, pesquisas para geração de insights sobre uma potencial solução, definição dos conceitos e hipóteses a serem testadas e experimentação. Só então, esse conceito faz interface com a Lean UX. Lean UX – Página 55 de 62 Figura 25 - Processo de elaboração e solução a partir do design thinking. A Lean UX defende uma gestão de processos mais enxuta, como o próprio nome sugere. Seu foco é na eliminação de ciclos que possam parecer longos em determinados contextos de desenvolvimento. Em muitos dos casos, as organizações não têm recursos suficientes para aplicar metodologias mais profundas, porém o capital intelectual é altamente disponível. Nesse contexto, a Lean UX tem bastante aderência: pessoas, juntas, podem pensar em soluções assertivas para o mercado através de suas próprias experiências, observações e ciclos de validação. Lean UX – Página 56 de 62 Figura 26 - Processo de elaboração e solução utilizando Lean UX. A Agile UX sugere ciclos ainda mais curtos de validação para que a evolução do projeto se torne mais transparente e viável para todas as pessoas envolvidas. Em um ambiente de software, por exemplo, esses ciclos curtos significam desenvolver e validar de forma paralela para que não se acumule tempo de desenvolvimento com risco de, ao final do processo, haver retrabalho e desperdício de esforço. Figura 27 - Processo de elaboração e solução utilizando Agile UX. Lean UX – Página 57 de 62 Dicas para aplicação do dia a dia ▪ Identifique problemas: durante o seu processo de trabalho, identifique pontos importantes que podem representar problemas no fluxo. ▪ Liste causas: liste, de forma objetiva, estes problemas e suas potenciais causas. ▪ Identifique as oportunidades: cada um dos problemas identificados se transforma em uma oportunidade de melhoria. Para cada uma das oportunidades, crie uma lista de tarefas. Cada melhoria, por menor que seja, trará benefícios. ▪ Recorte as tarefas e faça avaliações objetivas: melhorias significam aumento de rentabilidade. ▪ É importante analisar e mensurar os resultados: utilize ferramentas para organizar os resultados. A atenção aos resultados ajuda a ter melhores ideias para solucionar problemas. Exemplos de pontos mensuráveis: a) Aumento de visitas; b) Aumento de feedbacks positivos; c) Performance; d) Tempo de execução de uma tarefa. Tudo isso significa uma experiência melhor para as pessoas! Lean UX – Página 58 de 62 Capítulo 7. Tópicos extras Lean UX Canvas Jeff Gothelf e Josh Seiden, autores do livro Lean UX: desining great products with agile teams, desenvolveram o Lean UX Canvas com o objetivo de codificar o processo por eles introduzido e ajudar equipes a formatar seu trabalho como um problema de negócios a ser solucionado (em vez de “uma solução a ser implementada”) e, então, dissecar o problema em premissas fundamentais. O passo seguinte é tecer hipóteses a partir dessas premissas. Finalmente, são desenhados experimentos para testar as hipóteses mais arriscadas. O canvas é preenchido em oito passos, conforme segue3: 1. Problema ou negócio: Que negócio você identificou que precisade ajuda? 2. Resultados do negócio (mudanças de comportamento dos clientes): Que mudanças no comportamento do cliente vão indicar que você solucionou um problema real de uma maneira que adicione valor para eles? 3. Clientes e usuários: Em que perfis de clientes e usuários você deve focar primeiro? 4. Benefícios ao usuário: Que objetivos seus usuários estão tentando alcançar? O que os está motivando a procurar sua solução? (ex.: conseguir uma promoção ou fazer meu trabalho melhor.) 5. Ideias de solução: Liste produto, funcionalidade ou ideias de melhoria que ajudem seu público-alvo a atingir os objetivos que procura. 3 Para acessar o Leann UX Canvas em português, acesse: http://www.fliplab.com.br/leanuxcanvas http://www.fliplab.com.br/leanuxcanvas Lean UX – Página 59 de 62 6. Hipóteses: Combine as premissas dos campos 2, 3 e 4 para o template de hipótese que segue. “Nós acreditamos que este(a) [resultado de negócio] será atingido se [o/a usuário/a] obtém [o benefício] com [esta funcionalidade]”. Cada hipótese deve focar em uma funcionalidade. 7. O que devemos aprender primeiro? Para cada uma das hipóteses, identifique a premissa mais arriscada. Caso ela esteja errada, essa premissa pode causar a falha da ideia 8. Qual o mínimo trabalho necessário para aprender o próximo item mais importante? Faça um brainstorm dos tipos de experimentos para testar se a premissa mais arriscada é verdadeira ou falsa. O canvas em português está disponível nos anexos. Dicionário de termos relacionados Lean Startup: o mesmo que startup enxuta – envolve um trabalho de identificação e eliminação de desperdícios nos processos, que pode ser aplicado a qualquer tipo de empresa. A metodologia pode auxiliar organizações na formatação e lançamento de produtos a mercado, e gira em torno da interação da empresa com o cliente. Para mais informações, acesse: http://hbrbr.uol.com.br/por-que-o- movimento-lean-startup-muda-tudo/ Minimum Viable Product (MVP) ou Mínimo Produto Viável (MPV): o MVP ajuda os empreendedores a começar o processo de aprendizagem o mais rápido possível. No entanto, não é necessariamente o menor produto imaginável; trata-se, apenas, da maneira mais rápida de percorrer o ciclo construir-medir-aprender de feedback com o menor esforço possível. O MVP prova a visão inicial da Startup, revelando se aquela ideia configura realmente um produto interessante ou uma expectativa utópica pouco aderente às demandas do mercado. http://hbrbr.uol.com.br/por-que-o-movimento-lean-startup-muda-tudo/ http://hbrbr.uol.com.br/por-que-o-movimento-lean-startup-muda-tudo/ Lean UX – Página 60 de 62 Pivot: saber mensurar se seu negócio está atingindo o potencial desejado e, caso contrário, aprender como fazer com que seu modelo de negócio seja mais eficiente. Existem dez tipos de pivot: 1. Zoom-in Pivot: Transformar o que antes era uma parte do seu produto ou serviço em todo o produto ou serviço; 2. Zoom-out Pivot: É o movimento contrário do primeiro item, ou seja, transformar todo o seu produto em uma funcionalidade ou parte de algo novo que irá suprir a necessidade do mercado; 3. Customer Segment Pivot: Trata-se de adaptar o seu produto ao público-alvo correto; 4. Customer Need Pivot: Adaptar seu produto às reais necessidades dos clientes; 5. Platform Pivot: Mudar o seu serviço de plataforma — o que antes foi pensado como um site, por exemplo, pode funcionar melhor como um aplicativo para dispositivos móveis. 6. Business Architecture Pivot: É fazer com que o que era pensado como um negócio B2B, ou seja, para empresas, seja agora voltado para o consumidor final e vice-versa. 7. Value Capture Pivot: Modificar o seu sistema de captação de renda ou de monetização do seu negócio. 8. Engine of Growth Pivot: Buscar alternativas para a divulgação do seu produto — às vezes, um produto que foi visto como algo viral, que irá gerar divulgação espontânea através dos consumidores, precisa de outro método de marketing, como propagandas. 9. Channel Pivot: É a mudança de logística de entrega do seu produto. 10. Technology Pivot: Buscar uma nova tecnologia que irá tornar o seu negócio mais competitivo. Lean UX – Página 61 de 62 Anexo – Lean UX Canvas em português Lean UX – Página 62 de 62 Referências AGILE MANIFESTO.ORG. Manifesto para o desenvolvimento ágil de software. [S.l.], [20-?]. Disponível em: https://agilemanifesto.org/iso/ptbr/manifesto.html. Acesso em: 08 jan. 2021. ANDREW, Paul. A Collection of Inspiring Sitemaps and User Flow Maps. [S.l.], 01 jun. 2021. Disponível em: https://speckyboy.com/collection-inspiring-sitemaps-user-flow- maps/. Acesso em: 08 jan. 2021 DESENVOLVIMENTO ÁGIL. SCRUM. [S.l.], [201-?]. Disponível em: http://www.desenvolvimentoagil.com.br/scrum/. Acesso em: 08 jan. 2021. EXPERIENCE UX UK. What is wireframing? London, [20-?]. Disponível em: http://www.experienceux.co.uk/faqs/what-is-wireframing/. Acesso em: 08 jan. 2021. GOTHELF, Jeff; SEIDEN, Josh. Lean UX: Designing Great Products with Agile Teams. 2. ed. Sebastopol: O′Reilly Media, 2016. KALBACH, Jim. Mapeamento de Experiências: Um Guia Para Criar Valor por Meio de Jornadas, Blueprints e Diagramas. Rio de Janeiro: Alta Books, 2017. KNAPP, Jake; ZERATSKY, John; KOWITZ, Braden. Sprint: O Método Usado No Google Para Testar e Aplicar Novas Ideias Em Apenas Cinco Dias. Rio de Janeiro: Intrínseca, 2007. RIES, Eric. A Startup Enxuta: The Lean Startup. Lisboa: LeYa, 2012. STICKDORN, Marc. Isto É Design Thinking de Serviços. Fundamentos, Ferramentas, Casos. Porto Alegre: Bookman, 2014. SUTHERLAND, Jeff. Scrum - A Arte de Fazer o Dobro do Trabalho na Metade do Tempo. Lisboa: LeYa, 2016. https://agilemanifesto.org/iso/ptbr/manifesto.html https://speckyboy.com/collection-inspiring-sitemaps-user-flow-maps/ https://speckyboy.com/collection-inspiring-sitemaps-user-flow-maps/ http://www.desenvolvimentoagil.com.br/scrum/ http://www.experienceux.co.uk/faqs/what-is-wireframing/ Capítulo 1. Lean: conceito e definição Origem e definição do termo Lean Produzir de forma rápida, objetiva e sem desperdícios Relevância do Lean no mercado Os desafios existem, que bom! Filosofia Lean no mercado de TI Adaptar é preciso Produção enxuta é produção inteligente Capítulo 2. O que é Lean UX Origem da Lean UX Empreendedores estão em todo lugar O Empreendedorismo é gerencial Aprendizagem validada Construir-medir-aprender Contabilidade para a inovação Um autor e sua relevância no mercado Relevância da Lean UX no mercado Vantagens da Lean UX para o seu trabalho Capítulo 3. Visão geral do Agile Metodologias Capítulo 4. Entregáveis do Lean UX O que são entregáveis? Boas práticas de entregáveis Blueprints de serviço Modelos de ecossistemas Mapas de ideias Storyboards Fluxo do usuário (User Flow) Wireframes Teste A/B Prototipação Capítulo 5. Aplicação de UX a projetos Mapeamento do desafio Ajustes e aperfeiçoamento Decisão sobre como prosseguir Prototipação Testar a solução Capítulo 6. Aplicação da Lean UX à realidade Como a Lean UX deixa o processo mais enxuto Dicas para aplicação do dia a dia Capítulo 7. Tópicos extras Lean UX Canvas Dicionário de termos relacionados Anexo – Lean UX Canvas em português Referências
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