Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Autor: Prof. Antônio Palmeira de Araújo Neto Colaboradores: Prof. Fabio Ricardo Brandão dos Santos Profa. Christiane Mazur Doi Gerenciamento de Sistemas de Informação Professor conteudista: Antônio Palmeira de Araújo Neto Mestre em Engenharia de Produção pela Universidade Paulista (UNIP-2013). Especialista em Gestão da Tecnologia da Informação pelo Centro Universitário Uninassau em Pernambuco (2010) e engenheiro de telecomunicações pela Universidade de Pernambuco (2008). Professor e coordenador geral do Curso Superior em Tecnologia em Gestão da TI na UNIP, lecionando também em outros cursos na modalidade presencial e à distância. Professor e coordenador do Curso Técnico em Telecomunicações da Fundação Instituto de Educação de Barueri. Tem experiência de mais de dez anos em gestão e governança de TI e na prestação de serviços de TI a empresas do segmento financeiro e concessionárias de serviços de telecomunicações. © Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem permissão escrita da Universidade Paulista. Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) A663g Araújo Neto, Antônio Palmeira de. Gerenciamento de Sistemas de Informação / Antônio Palmeira de Araújo Neto. – São Paulo: Editora Sol, 2021. 168 p., il. Nota: este volume está publicado nos Cadernos de Estudos e Pesquisas da UNIP, Série Didática, ISSN 1517-9230. 1. TI. 2. Gerenciamento. 3. Governança. I. Título. CDU 658.011.56 U512.10 – 21 Prof. Dr. João Carlos Di Genio Reitor Prof. Fábio Romeu de Carvalho Vice-Reitor de Planejamento, Administração e Finanças Profa. Melânia Dalla Torre Vice-Reitora de Unidades Universitárias Profa. Dra. Marília Ancona-Lopez Vice-Reitora de Pós-Graduação e Pesquisa Profa. Dra. Marília Ancona-Lopez Vice-Reitora de Graduação Unip Interativa – EaD Profa. Elisabete Brihy Prof. Marcello Vannini Prof. Dr. Luiz Felipe Scabar Prof. Ivan Daliberto Frugoli Material Didático – EaD Comissão editorial: Dra. Angélica L. Carlini (UNIP) Dr. Ivan Dias da Motta (CESUMAR) Dra. Kátia Mosorov Alonso (UFMT) Apoio: Profa. Cláudia Regina Baptista – EaD Profa. Deise Alcantara Carreiro – Comissão de Qualificação e Avaliação de Cursos Projeto gráfico: Prof. Alexandre Ponzetto Revisão: Bruna Baldez Elaine Pires Sumário Gerenciamento de Sistemas de Informação A PRESENTAÇÃO .........................................................................................................................................................8 INTRODUÇÃO ...........................................................................................................................................................8 Unidade I 1 TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO ................................................................................................................ 11 1.1 Conceito e histórico da TI ................................................................................................................. 11 1.1.1 A origem da TI ...........................................................................................................................................11 1.1.2 Evolução da TI nas organizações ...................................................................................................... 13 1.1.3 Dados, informação e conhecimento ............................................................................................... 16 1.1.4 Conceito de tecnologia da informação ......................................................................................... 18 1.1.5 O computador .......................................................................................................................................... 19 1.2 Infraestrutura da TI .............................................................................................................................. 22 1.2.1 Hardware .................................................................................................................................................... 22 1.2.2 Software ..................................................................................................................................................... 23 1.2.3 Banco de dados ....................................................................................................................................... 25 1.2.4 Tomada de decisão baseada em dados .......................................................................................... 27 1.2.5 Redes de computadores ....................................................................................................................... 28 2 SISTEMAS DE INFORMAÇÃO ....................................................................................................................... 30 2.1 Conceitos de sistemas de informação ......................................................................................... 30 2.1.1 Definição de sistemas de informação ............................................................................................ 30 2.1.2 Dimensões dos sistemas de informação ....................................................................................... 31 2.1.3 Os sistemas de informação e as estratégias de TI ..................................................................... 33 2.1.4 Os sistemas de informação e o alinhamento estratégico da TI ........................................... 36 2.1.5 Gestão estratégica da TI e dos sistemas de informação ......................................................... 37 2.2 Tipos de sistemas de informação ................................................................................................... 39 2.2.1 Classificação dos sistemas de informação ................................................................................... 39 2.2.2 Sistemas de informação gerencial (SIG) ........................................................................................ 41 2.2.3 Sistemas de processamento de transações (SPT) ....................................................................... 43 2.2.4 Sistemas ERP............................................................................................................................................. 44 Unidade II 3 SISTEMAS E TECNOLOGIAS COMO SERVIÇOS ...................................................................................... 52 3.1 Serviços de TI .......................................................................................................................................... 52 3.1.1 Conceitos em serviços de TI ................................................................................................................ 52 3.1.2 Os serviços de TI: a computação em nuvem ............................................................................... 53 3.1.3 Data center ................................................................................................................................................ 56 3.1.4 Custos de implementação e operação de um data center .................................................... 58 3.1.5 Data center em container ................................................................................................................... 59 3.1.6 Gestão do data center .......................................................................................................................... 61 3.2 Virtualização, computação em nuvem e arquitetura orientada ao serviço ................. 61 3.2.1 Virtualização ............................................................................................................................................. 61 3.2.2 Infraestrutura como serviço (IaaS) .................................................................................................. 62 3.2.3Plataforma como serviço (PaaS) ....................................................................................................... 65 3.2.4 Software como serviço (SaaS) ........................................................................................................... 66 3.2.5 Arquitetura orientada a serviço ........................................................................................................ 69 4 GERENCIAMENTO DE SERVIÇOS DE TI .................................................................................................... 70 4.1 Conceito e histórico do gerenciamento de serviços de TI ................................................... 70 4.1.1 Evolução da administração da TI ...................................................................................................... 70 4.1.2 Conceitos de gerenciamento de serviços de TI ........................................................................... 72 4.1.3 Modelos e frameworks de gerenciamento de serviços de TI ................................................ 73 4.1.4 MOF .............................................................................................................................................................. 74 4.1.5 Família de normas ISO/IEC 20000 .................................................................................................... 75 4.2 Modelo ITIL® ........................................................................................................................................... 76 4.2.1 Histórico do ITIL ....................................................................................................................................... 76 4.2.2 Características, objetivos e benefícios do ITIL® .......................................................................... 77 4.2.3 Conceitos e termos utilizados no ITIL® .......................................................................................... 78 4.2.4 ITIL® v.3 ....................................................................................................................................................... 78 4.2.5 ITIL® 4 .......................................................................................................................................................... 79 Unidade III 5 CONCEITOS-CHAVE NO GERENCIAMENTO DE SERVIÇOS DE TI ................................................... 85 5.1 Dimensões do gerenciamento de serviços de TI ...................................................................... 85 5.1.1 Organizações e pessoas ........................................................................................................................ 85 5.1.2 Informação e tecnologia...................................................................................................................... 86 5.1.3 Parceiros e fornecedores ...................................................................................................................... 87 5.1.4 Fluxo de valor e processos................................................................................................................... 88 5.2 Sistema de valor de serviços ............................................................................................................ 88 5.2.1 Introdução ao sistema de valor de serviços ................................................................................. 88 5.2.2 Princípios orientadores ......................................................................................................................... 90 5.2.3 Governança e práticas .......................................................................................................................... 91 5.2.4 Melhoria contínua .................................................................................................................................. 92 5.2.5 Cadeia de valor do serviço .................................................................................................................. 94 6 PRÁTICAS DO ITIL ............................................................................................................................................ 96 6.1 Práticas gerais de gerenciamento ................................................................................................. 97 6.1.1 Gerenciamento da arquitetura .......................................................................................................... 97 6.1.2 Melhoria contínua .................................................................................................................................. 98 6.1.3 Gerenciamento da segurança da informação ...........................................................................100 6.1.4 Gerenciamento do conhecimento .................................................................................................101 6.1.5 Gerenciamento da mudança organizacional ............................................................................102 6.1.6 Outras práticas gerais de gerenciamento ...................................................................................103 6.2 Práticas de gerenciamento de serviços e práticas de gerenciamento técnico .........104 6.2.1 Gerenciamento de disponibilidade ................................................................................................104 6.2.2 Análise de negócios .............................................................................................................................105 6.2.3 Service desk .............................................................................................................................................106 6.2.4 Gerenciamento de implantação .....................................................................................................107 Unidade IV 7 GOVERNANÇA CORPORATIVA ..................................................................................................................114 7.1 Introdução, histórico e estruturas da governança corporativa .......................................114 7.1.1 Conceitos de governança corporativa ......................................................................................... 114 7.1.2 Histórico da governança corporativa ........................................................................................... 115 7.1.3 Estruturas e mecanismos da governança corporativa .......................................................... 119 7.1.4 Conselho de administração e direção executiva ......................................................................121 7.1.5 Marcos recentes da governança corporativa no mundo ..................................................... 123 7.2 Panorama da governança corporativa no Brasil e no mundo .........................................125 7.2.1 Lei Sarbanes-Oxley .............................................................................................................................. 125 7.2.2 A SOX e os sistemas de informação ............................................................................................. 127 7.2.3 Modelos de governança corporativa utilizados no mundo ................................................ 130 7.2.4 Governança corporativa no Brasil .................................................................................................131 7.2.5 IBGC ........................................................................................................................................................... 133 8 GOVERNANÇA DE TI .....................................................................................................................................135 8.1 Conceitos básicos em governança de TI ...................................................................................135 8.1.1 Introdução à governança de TI ......................................................................................................135 8.1.2 Ciclo da governança de TI ................................................................................................................ 138 8.1.3 Papéis, funções e responsabilidades relacionados à governança de TI .......................... 139 8.1.4 A governança de TI e o processo de tomada de decisão ......................................................141 8.1.5 Implementação do processo decisório e dos mecanismos de governança de TI ............145 8.2 Modelos de governança de TI .......................................................................................................146 8.2.1 Modelo e melhores práticas de governança de TI desenvolvidos pelo CISR do MIT ............................................................................................................................................. 146 8.2.2 Modelo baseado no ciclo de governança de TI ....................................................................... 148 8.2.3 Modelo baseado na norma ISO 38500:2018 .............................................................................151 8.2.4 Modelo COBIT ........................................................................................................................................ 153 8.2.5 COBIT 2019 ............................................................................................................................................. 155 8 APRESENTAÇÃO Esta disciplina inicia um itinerário muito importante relacionado aos conhecimentos da gestão aplicada ao ambiente tecnológico. Quando passou a ser implementada no ambiente organizacional, a tecnologia da informação (TI) contribuiu para a reformulação de muitos processos até a extinção e criação de novos. Isso resultou num aumentou considerável na velocidade e eficiência da execução de tarefas rotineiras e operacionais. No início, a TI era compreendida como mais um dos ativos das empresas, como diversos outros (ativo financeiro, ativo humano, ativo de negócios etc.). Não obstante, com o desenvolvimento tecnológico experimentado na sociedade moderna desde a década de 1990, principalmente com o crescimento da internet, a TI passou a ser considerada um dos recursos mais estratégicos disponíveis para as empresas. Observou-se, então, uma grande dependência da TI por parte de todos os negócios, principalmente quando do surgimento de tecnologias emergentes (big data, computação em nuvem, machine learning, internet das coisas, realidade aumentada, realidade virtual, entre outras). Todo esse contexto demandou uma maior necessidade de atenção à administração desses recursos, criando cada vez mais valor para o negócio. Quando falamos na administração dos recursos de TI, referimo-nos a todos eles: hardware, software, banco de dados e redes de computadores. Além dos recursos de TI, que compõem o que chamamos de infraestrutura de TI, há a necessidade de gerenciar os recursos humanos envolvidos nos processos tecnológicos. Dessa forma, dentro de um conceito mais moderno de administração de TI, os seus recursos infraestruturais associados aos recursos humanos e processos formam o sistema de entregas de serviços de TI. Assim, lançam-se os fundamentos da ideia de administrar a TI (ou os sistemas de informação) como um serviço capaz de aumentar as vantagens competitivas das empresas. O principal objetivo desta disciplina é, portanto, apresentar a gestão dos sistemas de informação, que contemplam a ideia que temos de administração da TI nas empresas modernas. INTRODUÇÃO O mundo não é mais o mesmo depois da chegada da TI na vida das pessoas. Seja no campo profissional, seja no campo pessoal, o nosso cotidiano foi completamente transformado por meio das ferramentas tecnológicas digitais. Verificamos cada vez mais a presença da TI principalmente nas empresas, exigindo cada vez mais uma preparação de profissionais para administrar de forma adequada o ambiente tecnológico. Assim, espera-se que, ao ler este livro-texto, você compreenda os frameworks e modelos utilizados na administração de infraestrutura, sistemas e serviços de TI. Serão abordadas questões voltadas para a governança corporativa e a governança de TI, relacionando-as ao alinhamento estratégico entre TI e negócios. 9 Este livro-texto foi dividido em quatro unidades. Na primeira unidade, serão apresentados conceitos e aspectos históricos da TI, com uma abordagem sobre a infraestrutura e ênfase nos sistemas de informações, suas tipologias e como eles são utilizados nas organizações. A segunda unidade terá como foco a concepção da TI e os seus sistemas como um serviço. Assim, apresentaremos os conceitos mais modernos de serviços de TI, computação em nuvem nos mais diversos formatos (infraestrutura, software e plataformas) e finalizaremos a unidade expondo os principais modelos e frameworks de gerenciamento de serviços de TI. Na terceira unidade, avançaremos ainda mais no gerenciamento de serviços de TI, abordando conceitos-chave, dimensões, princípios orientadores e as práticas mais comuns – tudo isso baseado no modelo ITIL® em sua versão mais atual, chamada de ITIL® 4. Na quarta unidade, serão aprofundadas as questões de governança corporativa e governança de TI, com identificação dos aspectos históricos, suas fundamentações e modelos, além dos frameworks utilizados nas empresas. Esperamos que você tenha uma boa leitura e se sinta instigado a conhecer mais sobre o gerenciamento de sistemas de informação. 10 11 GERENCIAMENTO DE SISTEMAS DE INFORMAÇÃO Unidade I 1 TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO Este primeiro tópico tem como objetivo nivelar os conhecimentos relacionados à área de TI. A ideia principal é que você compreenda conceitos básicos de TI, termos e jargões técnicos da área. Apresentaremos a evolução histórica da TI, explicando como se deu a sua chegada nas empresas e como ela tem feito a diferença no ambiente organizacional. Complementaremos o conteúdo mencionando os componentes da infraestrutura de TI (hardware, software, banco de dados e redes de computadores). Mas por que precisamos conhecer bem tudo isso? O cerne da resposta reside na ideia de conhecermos um pouco daquilo que pretendemos gerenciar. Dessa forma, unindo conhecimentos em gestão e em tecnologia, chegaremos à receita do sucesso no gerenciamento de sistemas de informação, compreendido de forma mais ampla como o gerenciamento da própria TI. 1.1 Conceito e histórico da TI 1.1.1 A origem da TI Para remontar à origem e evolução da TI, precisamos compreender antes os termos computação e informática, que nos remetem praticamente ao mesmo significado nos dias de hoje. A informática pode ser compreendida como o conjunto de atividades relacionadas ao tratamento (processamento, criação e armazenamento) das informações de forma automática por meio de sistemas computadorizados. Em muitas organizações, é comum chamar de área de informática aquela responsável por sistemas de informação e todas as suas infraestruturas instaladas. Partindo de um conceito mais moderno, essa área é também conhecida como área de TI e, nos seus primórdios, com os primeiros computadores, era chamada de centro de processamento de dados (CPD). Já o termo computação está interligado à ideia de calcular, contar, estimar etc. Sobre isso, Turing (2019, p. 6) menciona que: Historicamente, computar era resolver problemas, principalmente quando esses problemas envolviam cálculos científicos complexos. A computação costuma ser considerada um aspecto da matemática, já que a computação antiga era, em geral, aritmética. Às vezes a aritmética se resume à contagem, mas contar é apenas um aspecto da computação. Esse é o problema. Tudo bem saber que em meu campo há 12 animais de pasto, mas preciso de mais informações, 12 Unidade I especificamente se há carneiros no campo além de ovelhas, quantos cordeiros há e quando nasceram e assim por diante; essas informações não vêm prontamente com a contagem. Dessa forma, sem ter ao alcance das mãos os computadoresmodernos para os dias de hoje, o homem passou a criar ferramentas computacionais para conseguir realizar os seus cálculos, as suas quantificações e medições. É possível citar quatro exemplos bem interessantes: • Ábaco: criado por volta de 2500 a.C. e considerado o primeiro dispositivo de cálculo. • Mecanismo de Anticítera: criado por volta de 100 a.C. para prever os movimentos da Lua, das estrelas, do Sol e dos planetas. • Astrolábio: criado por volta do século X d.C. para descobrir o ângulo de elevação das estrelas e dar suporte à navegação marítima. • Pascalina: criado por volta de 1642 para efetuar cálculos de somar e subtrair. Chegando ao século XIX e passando pela criação de diversos dispositivos rústicos computacionais, o engenheiro e matemático Charles Babbage trouxe grandes contribuições, criando a primeira máquina diferencial em 1832. Esse dispositivo era capaz de fazer cálculos com funções de até 3º grau e precedeu outra inovação do próprio Babbage, que foi a máquina analítica. Embora nunca tenha sido totalmente implementado, o projeto da máquina analítica (com desenhos e descrições) foi conservado e se apresenta para nós como o prenúncio dos computadores modernos, devido ao fato de operar com uma programação. Na história da computação, surgiram outros grandes nomes que foram decisivos para a chegada das tecnologias computacionais que temos hoje. Entre eles, podemos citar: • Ada Augusta Lovelace (1815-1852): considerada a primeira programadora do mundo, responsável por interpretar as ideias de Charles Babbage para a máquina analítica. • Herman Hollerith (1860-1929): engenheiro minerador responsável pela criação da máquina tabuladora, que usava cartões perfurados para automatizar processos de classificação. • George Boole (1815-1864): matemático criador de uma linguagem simbólica clara e rígida, conhecida hoje como álgebra de Boole. • Alan Mathison Turing (1912-1954): matemático e cientista da computação que entregou grandes contribuições para a ciência da computação, com conceitos voltados para os algoritmos, influenciando nas ideias que pavimentaram a criação dos computadores modernos. Esse momento histórico que se inicia com os dispositivos mais rústicos de calcular e todos os fatos que preparam a chegada da computação eletrônica integram a geração zero dos computadores. 13 GERENCIAMENTO DE SISTEMAS DE INFORMAÇÃO Saiba mais Para conhecer um pouco mais da história da computação, principalmente os fatos da geração zero, leia os quatro primeiros capítulos do livro a seguir, cujo autor é sobrinho do grande matemático Alan Mathison Turing: TURING, D. A história da computação: do ábaco à inteligência artificial. São Paulo: M. Books, 2019. Após a geração zero dos computadores, impulsionada pelo desenvolvimento das tecnologias elétricas e eletrônicas e tendo como propulsoras as grandes guerras mundiais do século XX, iniciou-se a primeira geração dos computadores modernos com o Electronic Numerical Integrator and Calculator (ENIAC). O ENIAC foi criado por volta de 1946 nos Estados Unidos e é considerado o primeiro computador eletrônico com características construtivas fenomenais. Ele tinha 93 metros quadrados e utilizava 18 mil válvulas, pesando pelo menos 30 toneladas. Se todas as válvulas estivessem em uso, a temperatura local interna poderia chegar a 50 °C, demandando muita refrigeração e um consumo de energia elétrica da ordem de 200 quilowatts. Após o ENIAC, vieram outros inventos na área da computação utilizando tecnologias eletrônicas modernas, como os transistores, os circuitos integrados e a microeletrônica, fazendo com que os computadores diminuíssem de tamanho e consumissem menos energia elétrica. Assim, surgiram os computadores pessoais e diversas outras soluções computacionais mais próximas da realidade que vivenciamos hoje. 1.1.2 Evolução da TI nas organizações Com a evolução dos computadores e das demais ferramentas tecnológicas, o caminho para a chegada da TI nas organizações foi sendo pavimentado. Isso se deu por volta da década de 1960, quando os mainframes começaram a ser instalados nas empresas. Observação Os mainframes são computadores de grande porte responsáveis por processar massas gigantescas de dados, utilizando diversos processadores que trabalham de forma simultânea. Empresas como IBM, Control Data, GE, Honeywell, NCR, RCA e Burroughs (hoje conhecida como Unisys) dominaram inicialmente o mercado de mainframes vendendo milhares de unidades para organizações em diversas partes do mundo. Nessa época, foram criados os primeiros CPDs nas grandes empresas. 14 Unidade I Lembrete Quando as tecnologias da informação chegaram às empresas, a área de TI era conhecida como CPD. O CPD era uma grande infraestrutura segura instalada nas grandes empresas e responsável pelo processamento de dados nos mainframes. Dentro do CPD, trabalhavam os operadores de computador e os programadores responsáveis pelo desenvolvimento de sistemas. Os sistemas computadorizados eram voltados para o suporte de atividades manuais dentro do ambiente organizacional, e o seu desenvolvimento não obedecia a metodologias estruturadas, sendo notadamente artesanais os seus processos. A computação oferecida pela TI nesse primeiro momento ainda era bastante centralizada: todo processamento era feito no computador central. Os usuários tinham acesso aos sistemas por meio de estações de trabalho, conhecidos como terminais burros, que serviam apenas para a digitação de dados por meio de um teclado e apresentação do resultado do processamento em um monitor. Outras características interessantes desse período são: mão de obra escassa; valorização das tecnologias em detrimento dos processos; poucas tecnologias disponíveis e custos altíssimos com recursos computacionais. Na década de 1970, com o surgimento dos primeiros sistemas de informação, a área de TI, até então chamada de CPD, passou a ser chamada de área de sistemas. Nesse período, surgiram os primeiros computadores pessoais, e mais soluções em software foram desenvolvidas. A então área de sistemas já começava a ser considerada importante dentro da estrutura organizacional das empresas, e o uso dos sistemas de informação começava a se firmar. Nesse período ainda predominava o processamento centralizado, e surgiram os primeiros programas de banco de dados com características modernas. Foi também nessa década que começaram a surgir profissionais mais especializados na área de TI, inclusive aqueles que tinham algum conhecimento em gestão. Vale destacar que a gestão dos recursos tecnológicos era bem sofrível, devido à inexistência de modelos e práticas de gestão específicos de TI. Na década de 1980, os computadores pessoais passaram a ser comercializados em larga escala, e as redes de computadores começaram a surgir e se interligar. Foi nessa época que a internet começou a ganhar um corpo mais bem definido, e diversos recursos de TI foram desenvolvidos, como os sistemas operacionais. A essa altura da evolução, a antiga área de sistemas começou a ser chamada de área de TI em muitas empresas. Assim foi se firmando a compreensão dos vários recursos de infraestrutura, tais como: hardware, software, banco de dados e redes de computadores. Ainda nessa década, aumentou de forma considerável a profissionalização da área de TI, com o surgimento de cursos de graduação com viés tecnológico, provocando a utilização de boas práticas na gestão da TI, no desenvolvimento de software e na operação de muitos recursos tecnológicos que já existiam. 15 GERENCIAMENTO DE SISTEMAS DE INFORMAÇÃO Dois outros fatores de destaque desse período são a integração e a terceirização – a integração proporcionada pelos sistemas de informação de Enterprise Resource Planning (ERP), que já começavam a surgir, e a terceirização da TI nos negócios quando as questões tecnológicas não integravam o core business. Na década 1990, a área de TI teve maior presença no centro de discussão estratégica, entregandovalor para os negócios por meio das suas ferramentas e da sua infraestrutura. Entrou em cena a expressão alinhamento estratégico da TI, mostrando a importância do desdobramento das estratégias corporativas com as estratégias de TI. Ainda na década de 1990, surgiram inúmeras tecnologias de hardware, de software, de banco de dados e de redes de computadores. A computação centralizada deu espaço para as arquiteturas cliente-servidor, em que os mainframes são substituídos por servidores e os terminais burros são substituídos por computadores (desktops). O software começou a ser visto como um serviço, e as suas metodologias de desenvolvimento ganharam grande profissionalização. Também surgiram nesse período os frameworks (modelos) de gestão de TI famosos, como o Information Technology Infrastructure Library (ITIL®) e o Control Objectives for Information and Related Technologies (COBIT®). Observação O ITIL® e o COBIT® são frameworks muito utilizados por profissionais de governança e gestão de TI. Caminhando para o nosso século atual, observamos um crescimento avassalador da internet, em que muitos modelos de negócio foram reformulados, outros foram criados e alguns praticamente desapareceram. A área de TI, então, assume um protagonismo nunca visto, permeando praticamente todo o ambiente organizacional por meio de soluções web e mobile. Observação A expressão soluções mobile é utilizada para se referir ao conjunto de tecnologias utilizadas e relacionadas em sistemas de comunicação móvel, como o smartphone e seus aplicativos. Ainda sobre as contribuições da área de TI nos negócios atuais, Costa et al. (2012, p. 6). afirmam que: A TI contribui decisivamente para uma empresa aperfeiçoar seus serviços e operações, aumentar os seus lucros, melhorar sua participação no mercado e aprimorar os seus processos internos, pois proporciona maior clareza nos processos e ajuda os gestores na tomada de decisão. 16 Unidade I Assim, de forma resumida, podemos apontar como papéis da área de TI nos dias de hoje: • A melhoria considerável nos processos de trabalho, com consequente aumento da eficiência. • O favorecimento de uma grande integração das áreas do ambiente organizacional por meio dos sistemas de informação. • O aumento decisivo na competitividade dos negócios por meio de oportunidades tecnológicas bem aproveitadas. • A alteração da natureza competitiva de muitas empresas, extinguindo alguns modelos de negócios obsoletos, reformulando outros modelos de negócios aproveitáveis e criando novos modelos de negócios inovadores. • O surgimento de uma nova gestão da informação e do conhecimento, tendo por base a criação de valor. 1.1.3 Dados, informação e conhecimento Mencionamos até agora termos como tecnologia da informação, sistemas de informação, processamentos de dados, banco de dados e informática. Cada um deles tem a sua definição específica, e, para facilitar esse entendimento, é importante conhecer o conceito de dados, informação e conhecimento. Davenport e Prusak (1998) definem dados como um conjunto de fatos com pouca relevância e propósito, relativos a eventos. Já os autores Laudon e Laudon (2013) conceituam dados como uma sequência de fatos ainda não analisados, representativos de eventos que ocorrem nas organizações ou no ambiente físico, antes de terem sido organizados e arranjados de uma forma que as pessoas possam entendê-los e utilizá-los. Para melhor exemplificar, tomemos como dados os valores 18º e 16 Km/h. Observe que esses valores por si nada revelam. Quando mencionamos 18º, podemos nos referir a uma temperatura em determinada região ou a uma medida de um ângulo qualquer. O segundo dado (16 Km/h) permite a representação da velocidade de um carro, de uma bicicleta e até do próprio vento. Nesses dois exemplos, não podemos afirmar com exatidão o que os dados representam nem extraímos algo de valor deles. Não obstante, quando relacionamos esses dados e começamos a lhes dar um sentido como um conjunto, obtemos assim a informação. Considerando o nosso exemplo, poderíamos dizer que 18º é uma medida de temperatura, e 16 Km/h é a velocidade do vento, ambos extraídos de uma estação meteorológica da cidade de Salvador. 17 GERENCIAMENTO DE SISTEMAS DE INFORMAÇÃO Observação A informação é um conjunto de dados relacionados e organizados que entregam valor e representam algo estruturado. A partir de um conjunto de dados, geramos a informação. Quando compreendemos o valor das informações e a maneira de utilizá-las no suporte de atividades, chegamos ao conhecimento. Permanecendo no mesmo exemplo (18º de temperatura e 16 km/h de velocidade do vento), observamos um conjunto de dados que nos permitem encontrar a informação do tempo na cidade de Salvador. O que podemos fazer para extrair valor dessa informação, ou seja, qual é o conhecimento que obtemos? O conhecimento obtido consiste em saber que está frio na cidade de Salvador e que precisamos tomar algumas ações, como utilizar um agasalho ou um aquecedor nas nossas casas. A figura a seguir apresenta a relação hierárquica entre dados, informação e conhecimento. Conhecimento Informação Dados Figura 1 – Hierarquia de dados, informação e conhecimento Adaptada de: Costa et al. (2012, p. 2). Com os olhos voltados para os sistemas computacionais, podemos afirmar que os dados e as informações processadas são representados no formato binário, isto é, por meio de números binários. Os números binários, que integram o sistema de numeração de base 2, são 0 (zero) e 1 (um), e os computadores entendem tudo em função dos números, que também são conhecidos como bits. Em informática, normalmente, afirmamos que o bit é a menor unidade de informação, e um conjunto de oito bits forma um byte. Para que não haja quaisquer confusões com bits e bytes, o bit é representado pela letra b minúscula. Outrossim, o byte é sempre representado pela letra B maiúscula. Um bom exemplo dessas quantidades de dados em bits e bytes pode ser visto ao adquirirmos de uma operadora de telefonia um pacote de dados que podem ser transferidos para o nosso telefone celular. Observe que as quantidades são expressas em gigabytes (GB). 18 Unidade I 1.1.4 Conceito de tecnologia da informação Antes de definir tecnologia da informação, vamos entender o que é tecnologia. Tecnologia é um conjunto de ferramentas, processos, métodos e inovações que ampliam as capacidades das pessoas. Já tecnologia da informação é o conjunto de recursos computacionais que, associados aos processos, aos métodos e às inovações, suportam o processamento dos dados, das informações e do conhecimento, agregando valor aos negócios e à vida das pessoas. Observação Alguns autores utilizam o termo tecnologias da informação em vez de tecnologia da informação. O termo tecnologias nos remete à ideia de ferramentas e restringe a TI a um ferramental, diminuindo um pouco o papel da TI, que oferece muito mais do que ferramentas, inclusive estratégias. O conjunto de recursos de TI integra o que chamamos de infraestrutura de TI e é formado por hardware, software, banco de dados e redes de computadores. Cada um desses quatro itens tem as suas particularidades e sustenta as aplicações de negócios utilizados nas organizações. O hardware é o primeiro desses recursos e engloba todos os componentes físicos capazes de realizar as atividades de entrada, saída e processamento de dados. Nesse item, estão inclusos toda a parte física dos computadores pessoais, notebooks, mainframes e dispositivos móveis. Como próximo item da infraestrutura de TI, temos o software, que abrange todos os componentes lógicos, chamados de programas de computador. Esses programas gerenciam as atividades computacionais (software de sistemas) e auxiliam o usuário em suas atividades básicas nos processos de negócios (software aplicativo). Já os bancos de dados são utilizados como uma coleção de dados organizacionais, contendo informações dos negócios na forma de arquivos relacionados.São componentes fundamentais e valiosos para o funcionamento dos sistemas de informação. O último componente da infraestrutura de TI são as redes de computadores. Consistem no conjunto de componentes físicos e lógicos que proporcionam a conectividade de dados, voz e imagem entre as pessoas, por meio de uma transmissão eletrônica de sinais. Observação Alguns autores, principalmente da área de educação, chamam a TI pelo acrônimo TIC, que significa tecnologia da informação e da comunicação, o qual representa certa redundância. Isso porque um dos recursos da TI são as redes de computadores, que concedem a comunicação de dados. 19 GERENCIAMENTO DE SISTEMAS DE INFORMAÇÃO 1.1.5 O computador Podemos afirmar que nada é mais concreto para nós em TI do que o computador. Quando pensamos em ferramentas de TI, a primeira que vem à nossa cabeça é o bom e velho computador nos seus mais variados tipos: desktops (computadores de mesa), notebooks, smartphones, tablets, supercomputadores, mainframes, entre outros. Essa ideia de computador que mentalizamos não se parece nem um pouco com a ideia de computador – como uma calculadora – em seu passado mais longevo. No entanto, os computadores modernos em seu cerne atuam como dispositivos, que, por meio de cálculos, processam dados, transformando-os em informação. Por isso, Marçula e Benini Filho (2013) afirmam que o computador é uma máquina que recebe e trabalha os dados de maneira a obter um resultado. Lembrete O verbo computar nos remete à ideia de calcular, contar, estimar. Assim, quando mencionamos o termo computador, podemos de forma simplificada nos referir a ele como um dispositivo de cálculo. Abordando conceitos mais modernos de informática, podemos dizer que um computador é um sistema composto pelo hardware (parte física) e pelo software (parte lógica), que auxilia os usuários em diversas atividades do seu cotidiano e, muitas vezes, até substituindo a ação humana na execução das tarefas. Claro que, inevitavelmente, isso esbarra na execução de atividades caracterizadas por um comportamento inteligente inerente à pessoa humana, como a capacidade de criar e tomar decisões de forma assertiva. Outro detalhe importante está em como o computador compreende e trata os dados processados. Tudo isso ocorre a partir do uso de uma base de numeração diferente da que utilizamos. Nós somos acostumados e, de certo modo, até doutrinados ao uso da base de numeração decimal. Os computadores trabalham com a base de numeração binária. Lembrete Na base binária, encontramos apenas dois números: zero e um. Esses números, em informática, são chamados de bits. Conhecer os computadores é fundamental para bem utilizar e gerenciar os sistemas de informação, agregando assim mais valor nas tarefas em que é necessário o uso dos computadores. Sobre isso, Gordon e Gordon (2006, p. 60) afirmam que: 20 Unidade I Os administradores normalmente não necessitam entender exatamente como um computador trabalha para fazerem seu trabalho, não mais do que motoristas precisam saber sobre o funcionamento de automóveis para poderem dirigi-los. Mas, da mesma forma que motoristas tornam-se melhores em dirigir e comprar carros na proporção em que entendem de mecânica de automóveis, assim também um usuário, comprador e diretor, à medida que utilizam computadores em sua organização e conhecem mais sobre a maneira como os computadores trabalham. O conhecimento sobre computadores passa pela compreensão da sua evolução, que foi fortemente influenciada pelo aprimoramento da engenharia eletrônica. Por isso, é comum dividir a evolução dos computadores em quatro gerações, sem contar a geração zero. Lembrete A geração zero dos computadores abarca todos os dispositivos de calcular ou as máquinas programáveis utilizadas antes do surgimento da computação eletrônica. O quadro a seguir apresenta a evolução da geração dos computadores, informando a tecnologia eletrônica empregada na construção, a velocidade de operação, o período e o computador de destaque no início da geração. Quadro 1 – Evolução da geração dos computadores Geração Tecnologia eletrônica Velocidade de operação Período Computadores de destaque Primeira Válvula 40.000 operações por segundo 1945 até 1955 ENIAC Segunda Transistor 200.000 operações por segundo 1955 até 1965 TX0 e PDP-I Terceira Circuito integrado 1.000.000 operações por segundo 1965 até 1980 Família System 360 da IBM Quarta Circuito integrado 1.000.000.000 operações por segundo A partir de 1980 IBM-PC e Macintosh A partir da quarta geração dos computadores, muitas inovações surgiram, fazendo com que tivéssemos computadores dos mais variados tipos. As diferenças entre esses tipos encontram-se no tamanho, no consumo de energia, na capacidade de processamento, no desempenho, entre outros requisitos. Os principais tipos de computadores, pela ordem em que surgiram, são: mainframes; desktops; notebooks; tablets; smartphones; supercomputadores; servidores. Desses tipos apresentados, os mainframes foram os primeiros computadores, como vimos anteriormente. 21 GERENCIAMENTO DE SISTEMAS DE INFORMAÇÃO Lembrete Os mainframes eram computadores de grande porte com grande poder de processamento, operando em uma arquitetura de TI com computação centralizada. O segundo tipo de computador é o desktop (traduzido ao pé da letra como computador de mesa), também chamado de microcomputador. Ele surgiu no final da década de 1970 e, ao longo da década de 1980, se popularizou, tendo grande avanço em escala comercial. Na década de 1990, os desktops começaram a ter o seu uso disseminado na sociedade, inclusive no meio doméstico, sofrendo um declínio nas suas vendas quando da chegada dos computadores portáteis (notebooks, tablets e smartphones). Especificamente os notebooks chegaram ao mercado de TI na década de 1980, e a sua popularização se iniciou a partir de 1990, com comercialização em massa nesse século. Observação O uso de desktops ainda se justifica muito pelo seu custo-benefício em relação a outros tipos de computadores, como o notebook e o smartphone. Impulsionados pela contínua evolução da engenharia eletrônica, os notebooks foram ficando cada vez menores e provocaram o surgimento dos netbooks, que consistiam em notebooks ainda menores e com capacidade computacional reduzida. Os netbooks surgiram por volta de 2007 e, como não tiveram ampla penetração no mercado, os seus modelos foram descontinuados, principalmente depois dos smartphones e dos notebooks de alto desempenho. Os tablets surgiram no final da década de 1990 e conquistaram grande parte dos usuários devido à sua mobilidade e utilização da tela touch screen. Os lançamentos dos modelos da Apple (iPad) e da Samsung (Galaxy Tab) também impulsionaram muito as vendas. Não obstante, a utilização dos tablets foi sufocada com a chegada dos smartphones. Os smartphones reinventaram o uso de computadores e de telefones celulares. Atendendo ao desejo de mobilidade dos usuários, o uso dos smartphones cresceu de forma assustadora, impulsionado pelo crescimento do acesso à internet tanto no ambiente organizacional quanto no ambiente doméstico. O próximo tipo de computador, que guarda algumas semelhanças com os mainframes, são os supercomputadores. Eles têm como principal caraterística o altíssimo desempenho e potência, mas, diferentemente dos mainframes, são utilizados em aplicações específicas que exigem capacidades computacionais extensas e rápidas. Entre as aplicações dos supercomputadores, encontram-se pesquisas militares, previsão de desastres naturais, pesquisas nas áreas de saúde, entre outras. 22 Unidade I Os primeiros supercomputadores foram desenvolvidos pela empresa Cray Research, a qual permaneceu durante muito tempo como a principal fabricante desse tipo de tecnologia. Entretanto, com o passar do tempo, ela foi perdendo mercado para outras empresas, como a IBM e a Dell. Saiba mais Acessando o site indicado a seguir,você conhecerá a lista dos mais potentes supercomputadores do mundo: TOP500 LISTS. Top 500: the list. [s.d.]. Disponível em: https://bit.ly/3fTL43m. Acesso em: 27 maio 2020. O último tipo de computador é o servidor, que praticamente começou a ocupar o lugar dos mainframes há pouco mais de três décadas. O servidor é um tipo de computador com funções de controle, armazenamento e compartilhamento de recursos tecnológicos dentro de uma rede de computadores. Ele se comporta como um elemento central no funcionamento das aplicações dentro de uma arquitetura de TI. É muito comum a implementação de servidores na maioria das empresas, a fim de obter uma melhor gestão dos recursos de TI. Por meio deles, é possível estabelecer uma política de acesso a dados, controle de acesso a partir de senha, controle de impressões dentro de uma rede etc. Saiba mais Para conhecer um pouco mais sobre os tipos de computadores, leia o livro a seguir: MARÇULA, M.; BENINI FILHO, P. A. Informática: conceitos e aplicações. São Paulo: Érica, 2013. 1.2 Infraestrutura da TI 1.2.1 Hardware O hardware é um dos elementos da infraestrutura de TI, além de ser considerado a parte física do computador, incluindo todos os componentes que suportam a entrada, o processamento e a saída de dados. Os elementos que compõem o hardware são: o processador; as memórias; os barramentos; e os dispositivos de entrada e saída. O processador também é conhecido como unidade central de processamento, ou seu acrônimo em inglês, CPU (Control Processing Unit). É considerado o coração do computador devido à sua responsabilidade de manipulação (processamento) dos dados conduzida pelas instruções executadas. 23 GERENCIAMENTO DE SISTEMAS DE INFORMAÇÃO O processador é formado por três componentes: • Unidade de controle (UC): comanda todas as tarefas que o processador executa, controlando o fluxo de dados. • Unidade lógica e aritmética (ULA): executa as instruções envolvendo operações lógicas e aritméticas. • Registradores: armazenam dados em pequenas quantidades a fim de aumentar a rapidez no trabalho do processador. Observação As instruções representam um conjunto de comandos executados pelo computador, mais especificamente na ULA e sob o controle da UC. O segundo elemento que compõe o hardware do computador é a memória. Ela tem a função de armazenar os dados e pode ser classificada em primária e secundária. As memórias primárias são acessadas diretamente pela CPU e armazenam programas e dados. As memórias secundárias são normalmente utilizadas para armazenamento permanente de dados em grande quantidade. O terceiro elemento é o barramento, que representa os caminhos elétricos internos ao computador que interligam os outros componentes do hardware. O quarto componente é o conjunto de dispositivos de entrada e saída, responsáveis pela interface entre o sistema computacional e o mundo exterior. Se o dispositivo for de entrada (por exemplo, um teclado), o fluxo de dados vai do usuário para o sistema computacional. Se o dispositivo for de saída (por exemplo, um monitor de vídeo), o fluxo de dados vai do sistema computacional para o usuário. Até alguns poucos anos atrás, o conhecimento técnico dos elementos de hardware do computador era algo praticamente exclusivo de profissionais da área de TI. Hoje, cada vez mais pessoas de forma geral têm aprendido ao menos superficialmente questões técnicas envolvendo especificações do computador. Por exemplo, ao comprar um smartphone, muitos de nós já ficamos atentos à quantidade de memória do dispositivo, à quantidade de pixels relacionada à câmera do dispositivo e até ao processador algumas vezes. 1.2.2 Software O software é considerado a parte lógica dos computadores. Ele consiste em um conjunto de instruções que comandam a operação do computador e entregam para os usuários as aplicações que atendem às necessidades de negócio ou pessoais. Esse conjunto de instruções é também conhecido como programa (outra forma de chamar o software). 24 Unidade I De forma geral, podemos classificar os softwares em: software de sistema e software de aplicação. Os softwares de sistema comandam o hardware, gerenciando e coordenando as suas funcionalidades, fazendo a interface entre as aplicações (software de aplicação) e todo o aparato de hardware. O melhor exemplo de software de sistema são os sistemas operacionais utilizados nos computadores (Windows e Linux) e nos smartphones (Android e iOS). O sistema operacional é um conjunto de programas que controlam o hardware do computador, dos recursos de entrada e saída, de armazenagem dos programas e de dados, agindo como interface com os softwares aplicativos. Considerando o uso de microcomputadores e de notebooks, os principais sistemas operacionais são o Windows e o Linux. Considerando o uso de smartphones, os principais sistemas operacionais são o Android e o iOS. Observação O Android, utilizado em smartphones que não são fabricados pela Apple, é propriedade da Google e é utilizado em dispositivos móveis de forma geral, de grandes fabricantes como Samsung, Motorola, LG, Sony, entre outros. O iOS foi desenvolvido pela Apple para funcionar no iPhone. Há controvérsias sobre qual dos dois foi criado primeiro. No entanto, o que se observa é que os dois foram lançados entre 2007 e 2008. Os softwares de aplicação auxiliam na execução das tarefas de negócios, ou seja, são voltados para expectativas específicas dos usuários atendendo a finalidades gerais e específicas. Um bom exemplo de software de aplicação seria um aplicativo utilizado para editar fotos de um imóvel que precisa ser comercializado ou um aplicativo para gerar o contrato de locação. Os softwares de aplicação podem ser divididos em: software vertical e software horizontal. Os softwares verticais executam tarefas comuns a um determinado ramo de negócio; já os softwares horizontais são dedicados a todos os ramos de negócio, por automatizar processos comuns a todas as indústrias. Por exemplo, um processador de texto (como o Microsoft Word) é considerado um software horizontal devido ao fato de toda e qualquer empresa utilizá-lo. Agora, um aplicativo utilizado para descobrir os locais em que um imóvel é exposto à luz parece ser um software vertical utilizado mais no mercado imobiliário. Os softwares de aplicação também podem se dividir em: softwares proprietários e softwares de prateleira. O software proprietário é desenvolvido para atender a uma necessidade específica da organização. Pode ser desenvolvido internamente (pelos profissionais de TI) ou por empresas terceirizadas. Quando esse desenvolvimento ocorre internamente na organização, tem-se um maior controle sobre os processos de desenvolvimento e, consequentemente, sobre os resultados. 25 GERENCIAMENTO DE SISTEMAS DE INFORMAÇÃO As principais vantagens do software proprietário são: obter exatamente o que se quer e ter uma maior facilidade na eventual modificação de algumas características. Já as principais desvantagens do software proprietário são: consumo de tempo (que costuma ser alto) e risco potencial de desempenho limitado. Os softwares de prateleira são adquiridos diretamente da prateleira da loja, por meio de empresas especializadas que desenvolvem soluções padrão e pré-formatadas com as melhores práticas e costumes das organizações para apoio aos processos de negócios. As principais vantagens do software de prateleira são: custo inicial de desenvolvimento mais baixo e alta qualidade. Já as principais desvantagens são: pagamento por características não requisitadas e ausência de algumas características importantes, exigindo futuras modificações ou personalizações. 1.2.3 Banco de dados Com a evolução tecnológica, as organizações têm percebido a grande importância dos seus dados, porque é a partir deles que geramos as informações e, em consequência disso, alcançamos o conhecimento. Assim, cada vez mais os dados são considerados o ouro de muitos negócios. Sobre isso,Stair, Reynolds e Silva (2011, p. 170) mencionam que: Uma organização não pode concluir com sucesso a maior parte das atividades do negócio sem dados e sem a capacidade gerenciá-los. Ela não poderia pagar os funcionários, enviar contas, solicitar pedidos ao estoque ou produzir informações para auxiliar os gerentes na tomada de decisão. Os dados são constituídos de fatos brutos, como o número de funcionários e números de vendas. Para que os dados possam ser convertidos em informações úteis, devem ser organizados de forma que tenham um significado. É comum, dentro da infraestrutura de TI, o agrupamento desses dados em um conjunto chamado de banco de dados (BD). O BD é uma coleção organizada de fatos e informações, consistindo em dois ou mais arquivos de dados relacionados, auxiliando as empresas a gerir informações para reduzir custos, aumentar lucros, acompanhar atividades anteriores do negócio e criar novas oportunidades de negócios. Antes da chegada da TI nas empresas, a ideia de BD não estava ainda estabelecida. Assim, os dados eram armazenados em fichas de papel, escritos manualmente. Só por volta da década de 1960 surgiram os primeiros BDs, em que o armazenamento ocorria por meio de fitas magnéticas e cartões perfurados, gradativamente substituídos na década de 1980 pelos discos rígidos, também conhecidos como HD. Daí em diante, os BDs se aprimoraram mais, surgindo os modelos de BD relacional, acompanhados dos sistemas de gerenciamento de banco de dados (SGBD). 26 Unidade I As principais vantagens dos BDs são: utilização estratégica aperfeiçoada dos dados corporativos; redução na redundância de dados; melhoria na integridade dos dados; modificação e atualização mais fáceis; independência dos programas; melhor acesso aos dados e às informações; padronização no acesso de dados; estrutura para desenvolvimento de programas; melhor proteção dos dados e compartilhamento do recurso de dados. Para melhor entendimento do BD, é necessária a compreensão de alguns termos. Os dois primeiros conceitos que veremos agora são: campo e registro. Vamos recorrer a um quadro (matriz), justamente por ele ser o melhor exemplo de uma parte de um BD. Quadro 2 – Exemplo de uma tabela de um BD CPF do cliente Nome do cliente Bairro Cidade 123.452.325-65 João José da Silva Chácara Santo Antônio São Paulo 253.569.555-96 Maria do Socorro Lima Alphaville Santa de Parnaíba 547.888.556-66 Jonas Luiz Macedo Centro Bauru 653.452.986-32 Flávia Pereira Barbosa Centro Santos 657.987.999-11 Marcos Feitosa Corrêa Tatuapé São Paulo Observe que o quadro anterior pode ser compreendido como uma matriz de linhas e colunas. As linhas são chamadas de registros e trazem informações sobre a entidade armazenada nesse pequeno BD. Essa matriz tem, portanto, cinco registros. A entidade armazenada nesse BD é o cliente que compra um produto de uma loja. As colunas são chamadas de campos e representam um atributo específico do registro da entidade. Essa matriz tem, portanto, quatro campos. Outro conceito importante nesse tipo de BD é o de chave primária, também conhecida como campo-chave ou simplesmente chave. Esse é um campo que identifica exclusivamente um registro. No quadro anterior, a chave primária é o campo CPF do cliente. Os BDs normalmente são controlados por um software específico que cria, armazena, organiza e acessa os dados e os disponibiliza para as aplicações que os utilizam. O nome desse software é SGBD. Eles são responsáveis pelo gerenciamento do acesso simultâneo aos dados e por providenciar a execução de comandos de leitura e gravação no BD por meio da linguagem padrão. A figura a seguir apresenta essa ideia de SGBD. 27 GERENCIAMENTO DE SISTEMAS DE INFORMAÇÃO Aplicação 1 Aplicação 1 SGBD Aplicação 1 Banco de dados Figura 2 – Sistema de gerenciamento de banco de dados (SGBD) Adaptada de: Stair, Reynolds e Silva (2011, p. 185). 1.2.4 Tomada de decisão baseada em dados Os dados e as informações dentro do ambiente organizacional e notadamente armazenados em seus BDs têm grande potencial estratégico. Se pensarmos em uma loja de departamentos, os dados sobre os produtos vendidos em um mês, em uma semana, em um dia, bem como as informações sobre os clientes envolvidos nessas transações, podem se revelar como algo de grande valor. A partir dessa visão estratégica habilitada pela TI, por meio dos BDs, as empresas podem e devem utilizar mecanismos objetivando a sua extração e análise com a criação de um data warehouse (DW). O DW é um subconjunto de um BD que permite trabalhar apenas com dados estratégicos. Os DWs podem ser segmentados em grupos ainda menores, chamados de data mart (DM), que é um subconjunto do DW. Mas ainda teríamos outra pergunta: por que criar um DW se já temos um BD na organização? O BD da organização é dedicado aos processos transacionais em uma empresa. Por exemplo, em uma empresa de negócios imobiliários, o BD é acessado para transações comuns, como registrar uma locação, uma venda, uma ocorrência em um imóvel, um pagamento de taxa, entre outras. O DW é dedicado à geração de relatórios para a tomada de decisão e análise gerencial. Utilizando o mesmo exemplo (empresa de negócios imobiliários), o DW serve para a extração de um relatório de vendas, de um relatório de produtividade de corretor, entre outros. Ao realizar essas duas ações (transações e geração de relatórios/tomada de decisão) em um mesmo BD, a tendência é gerar uma enorme lentidão nos sistemas, misturando o papel das transações utilizando sistemas e o papel de tomada de decisão corporativa. 28 Unidade I Com os dados armazenados no DW e DM, esses ficam disponíveis para análises dentro do contexto da estratégia de negócios. Os mecanismos utilizados nessas análises são conhecidos como ferramentas de inteligência de negócios, também chamados pelo seu acrônimo em inglês BI, que significa business intelligence. Os BIs analisam e acessam vastas quantidades de dados para ajudar os usuários a tomar as melhores decisões empresariais. Um dos principais tipos de BI é o data mining, traduzido como mineração de dados, que fornece um serviço de busca de dados estratégicos orientado para a descoberta. Por meio do data mining, é possível descobrir padrões e relacionamentos ocultos em grandes BDs e inferir regras a partir deles para prever comportamentos futuros. O data mining funciona por meio de uma seleção de ferramentas que se utilizam de algoritmos de aprendizagem, redes neurais e estatísticas e exploram grande número de dados a fim de extrair deles conhecimento e hipóteses. O objetivo é gerar validade para os dados existentes e transformá-los em conhecimento e informação. 1.2.5 Redes de computadores Entre as décadas de 1980 e de 1990, com o crescimento do acesso a redes de computadores e o uso maciço das telecomunicações, o uso das TIs já não seria mais o mesmo. A ideia de ter um computador e nele softwares instalados não era mais suficiente. Havia a necessidade de compartilhar recursos e interligar esses computadores. Tudo isso foi causando grandes mudanças, impulsionadas ainda mais pela internet, criando uma nova comunidade global, aproximando pessoas e dando uma nova dinâmica no fluxo de informações. Notícias que antes demoravam tanto a chegar agora são consumidas em tempo real. Escolas, bancos, setor público, hospitais, indústrias, entre outros, são exemplos de mudanças habilitadas pelas redes de computadores em seus processos. Essa mudança utilizando redes de computadores só foi possível devido às telecomunicações. As telecomunicações podem ser consideradas como a transmissão efetuada entre duas entidades distantes por meio de sinais de comunicações, permitindo que as organizações realizem seus processos e tarefas por meio de redes de comunicação de dados. Mas o que são as redes de computadores que as telecomunicações sustentam? As redes de computadores são um conjunto de componentes capazes de favorecer a troca de informações e o compartilhamentode recursos, interligados por um sistema de comunicação. O objetivo principal das redes é propiciar o tráfego de informações entre um computador situado na origem e outro no destino, por meio de ferramentas de hardware e software e utilizando um conjunto de regras. Os elementos das redes são: protocolos, meios físicos, dispositivos e mensagens. 29 GERENCIAMENTO DE SISTEMAS DE INFORMAÇÃO O protocolo representa o conjunto de regras que regem o processo de comunicação. Atua de forma a não termos uma desorganização na transmissão de dados e é estabelecido na forma de modelos que favorecem a conectividade. Um dos protocolos mais conhecidos na atualidade é o Internet Protocol (IP), que proporcionou o surgimento da internet que utilizamos nos dias de hoje. O meio físico é utilizado para interligar dispositivos. Esse meio pode se apresentar como cabos de pares metálicos ou cabos de fibra ótica, e também como meios sem fio, quando não temos a utilização de cabo para a transmissão de sinais. Já os dispositivos são fundamentais no processo de comunicação ou para o acesso do usuário final. São exemplos: os roteadores de redes sem fio, os computadores, os smartphones, entre outros. Por fim, as mensagens representam aquilo que se deseja transmitir entre a origem e o destino. A formação, codificação e formatação da mensagem obedecem a regras que, como vimos, são chamadas de protocolos. Graças a todos esses componentes das redes de computadores, construiu-se a grande rede mundial de computadores, conhecida como internet, que só tem crescido ao longo desses muitos anos. Tal crescimento explosivo é o maior e mais importante fato tecnológico dos dias atuais e tem modificado a forma com utilizamos a TI. Grande parte dessa expansão da internet tem se dado a partir do uso dos smartphones. Em 2020, o Brasil somava aproximadamente 234 milhões de smartphones ativos nas mais diversas modalidades e tecnologias, que, somados a notebooks, tablets e desktops, chegavam a 424 milhões dispositivos tecnológicos digitais (FGV, 2020). Hoje, o mundo está praticamente todo interligado. As ferramentas de redes são cada vez mais utilizadas, e as plataformas mobile (telefonia móvel celular) têm feito toda a diferença. Por exemplo, em 2020, na pandemia do novo coronavírus, os governos estaduais no Brasil utilizaram as informações das operadoras de telefonia móvel celular para calcular taxas de isolamento social e identificar concentrações de pessoas. Ainda em 2020, no momento da pandemia do novo coronavírus, o teletrabalho, também conhecido pelo termo em inglês home office, foi a solução, habilitada pela internet e pelas telecomunicações, para que os negócios nos países não parassem de vez. Também o ensino, nesse mesmo ano, foi praticamente convertido em 100% à distância em muitas das suas fases (fundamental, médio e superior). Todo isso foi possível devido ao acesso à internet, que para ocorrer é necessário que o usuário tenha um link de dados instalado em sua casa ou no seu smartphone. Esse link de dados é disponibilizado por uma operadora (concessionária) de telecomunicações e oferecido nos mais variados preços e velocidades, sendo de grande importância que o usuário se atenha à velocidade – também conhecida como largura de banda –, pois ela aponta quantos bits podem ser transmitidos por segundo. 30 Unidade I 2 SISTEMAS DE INFORMAÇÃO Agora que já conhecemos os conceitos básicos de TI, bem como o seu processo histórico de chegada nas organizações e na vida das pessoas, vamos aprofundar um dos conteúdos mais importantes no ambiente tecnológico: os sistemas de informação (SIs). Neste tópico, abordaremos os conceitos de SI, a sua utilização no contexto estratégico, as classificações e a sua aplicação nas organizações. Vamos explorar alguns SIs específicos, tais como o sistema ERP, o sistema de informação gerencial e os sistemas de processamento de transações. Neste primeiro momento, vamos compreender o SI como um software utilizado no processamento de informações e dados; mas, em momento posterior e com uma visão mais holística, vamos nos referir ao SI como a própria TI. 2.1 Conceitos de sistemas de informação 2.1.1 Definição de sistemas de informação Compreendendo os SIs como recursos tecnológicos, podemos afirmar na ótica moderna que eles são um tipo de software utilizado pelas organizações na automatização dos seus processos. O principal objetivo dos SIs é ser uma ferramenta capaz de processar informações e dados que são inseridos em uma entrada e disponibilizados em uma saída para o usuário. Lembrete Os SIs praticamente chegaram nas empresas na década de 1970 e começaram a causar mudanças nos processos organizacionais, além de automatizar uma série de tarefas. Na década de 1980, começaram a se firmar como verdadeiros promotores da integração de negócios e, nos dias atuais, com o ambiente web, vêm se revelando um grande aliado nas estratégias de negócio. Considerando um conceito mais acadêmico de SI, Laudon e Laudon (2013, p. 12) afirmam que: Um Sistema de Informação (SI) pode ser definido tecnicamente como um conjunto de componentes inter-relacionados que coletam (ou recuperam), processam, armazenam e distribuem informações destinadas a apoiar à tomada de decisões, a coordenação e o controle de uma organização. Além de dar apoio à tomada decisões, à coordenação e ao controle, esses sistemas também auxiliam os gerentes e trabalhadores a analisar problemas, visualizar assuntos complexos e criar novos produtos. 31 GERENCIAMENTO DE SISTEMAS DE INFORMAÇÃO A figura a seguir apresenta o SI como um sistema composto por entrada, saída, processamento e realimentação de dados. Entrada Processamento Realimentação Saída Figura 3 Fonte: Marçula e Benini Filho (2013, p. 201). Na figura anterior, percebemos as seguintes tarefas envolvidas na operação de um SI: • Entrada: captação dos dados. • Processamento: transformação dos dados coletados na entrada. • Saída: apresentação das informações processadas. • Realimentação: ajustes nas saídas encontradas no sistema. Observação É importante acrescentar que o termo “sistema de informação” também pode ser utilizado como sinônimo de “tecnologia da informação”, de forma que, ao nos referirmos a TI e/ou SI, estamos muitas vezes falando da mesma coisa. Essa ideia nasce do próprio conceito de SI, que nos remete a um conjunto de componentes (hardware, software, BD e redes de computadores), sem os quais os sistemas praticamente não funcionam. 2.1.2 Dimensões dos sistemas de informação Os SIs podem ser compreendidos a partir de três grandes dimensões ou perspectivas, que são: pessoas, organizações e tecnologia. Essas perspectivas favorecem uma visão mais ampla dos SIs, concebendo-os muito mais do que uma ferramenta de tecnologia, mas considerando as pessoas e os processos. A figura a seguir apresenta bem tais dimensões. Pessoas Organizações TecnologiaSistema de informação Figura 4 – Dimensões de um SI Fonte: Laudon e Laudon (2013, p. 14). 32 Unidade I A primeira dimensão dos SIs são as organizações. Essa perspectiva nos faz ver o SI como um sustento para os processos de negócio, favorecendo o aumento da eficiência operacional, e como causa primeira que justifica a sua utilização. Assim, esses processos de negócio são aprimorados por meio dos SIs, que automatizam tarefas e aumentam as vantagens competitivas. A partir da dimensão organizações, percebemos que um SI deve ser desenvolvido sempre considerando as particularidades das empresas e das suas áreas. Por exemplo, um sistema desenvolvido para a área de vendas não deve ser igual aos sistemas utilizados na área de produção/manufatura. Isso porque cada área do ambiente organizacional tem as suas particularidades. A próxima dimensão é a que envolve as pessoas, porque são elas que de fato desenvolvem e utilizam os sistemas. Essa dimensão é às vezes mencionada como dimensão humana. Sobre isso, Stair e Reynolds (2015, p. 17) afirmam que:As pessoas são o elemento mais importante na maioria dos sistemas de informação baseados em computador. Elas fazem a diferença entre o sucesso e o fracasso da maioria das organizações. O pessoal dos sistemas de informação inclui todos os profissionais que gerenciam, executam, programam e fazem manutenção do sistema, incluindo o diretor de informática (CIO) que gerencia o departamento de SI. Outras pessoas são os usuários que trabalham com sistemas de informação para obter resultados. Esses indivíduos incluem os executivos financeiros, representantes de marketing, operadores de manufatura e muitos outros. Certos usuários de computador também constituem a própria equipe de SI. Observação Os SIs precisam ser desenvolvidos considerando também as particularidades das pessoas que vão utilizá-los. Deve haver um olhar para o perfil do usuário e para a sua orientação de valor. A próxima dimensão dos SIs é a tecnologia, que é aquela que determinou a forma como utilizamos os sistemas nos dias de hoje. A dimensão tecnologia nos faz observar um SI habilitado pelos componentes da infraestrutura de TI, que é formada por hardware, software, BD e redes de computadores. Essas dimensões dos SIs nos ajudam também a compreender o emprego de ferramentas tecnológicas na resolução de problemas. Isso é possível quando segmentamos os problemas nas dimensões, conforme exemplos apresentados no quadro a seguir. 33 GERENCIAMENTO DE SISTEMAS DE INFORMAÇÃO Quadro 3 – Dimensões dos sistemas de informação e problemas encontrados Dimensões do SI Descrição dos problemas Organizacional - Processos organizacionais ultrapassados - Atitudes e cultura pouco colaborativas - Conflitos políticos - Ambiente organizacional ou turbulento - Complexidade de tarefas - Recursos inadequados Tecnológica - Hardware antigo ou insuficiente - Software ultrapassado - Capacidade inadequada dos bancos de dados - Capacidade insuficiente das telecomunicações - Incompatibilidade dos velhos sistemas com as novas tecnologias - Mudança tecnológica acelerada Humana - Falta de treinamento dos funcionários - Dificuldade de avaliar o desempenho - Falta de participação dos funcionários - Administração indecisa e deficiente Fonte: Laudon e Laudon (2013, p. 20). 2.1.3 Os sistemas de informação e as estratégias de TI Desde o tópico anterior, enfatizamos a importância da TI e dos SIs para os negócios. Já compreendemos que, lançando um olhar para as organizações, é impossível imaginar operações de negócios sem SIs. Essa grande dependência tem sido percebida em todas as áreas (manufatura, serviços, comércio) e nas mais variadas empresas. Esse papel que a TI exerce por meio dos sistemas é fundamental nos negócios, além ser considerado extremamente estratégico. Muitas das vantagens competitivas são suportadas por um SI, atestando a efetividade das ferramentas tecnológicas. Em vista da melhor compreensão desse cenário, Laurindo (2008, p. 74) toma como exemplo a eficiência e a eficácia da TI por meio de SIs: Pode-se entender eficiência no uso da TI como implantar o sistema ao menor custo, desenvolver o sistema de acordo com o levantamento efetuado, usando os recursos da melhor forma possível, no menor tempo e com o melhor desempenho da aplicação no computador. Assim, uma empresa estaria conseguindo aumento de eficiência ao adotar uma nova metodologia de desenvolvimento de sistemas, conseguindo que houvesse menos erros de programação, e, portanto, melhor qualidade e precisão de resultados... Eficácia no uso da TI consiste em implantar ou desenvolver os 34 Unidade I sistemas que melhor se adaptem às necessidades dos usuários, da área de negócio e da empresa, e que sejam consistentes com a estratégia global da corporação e que melhor contribuam para aperfeiçoar as atividades e as funções desempenhadas pelos usuários e, ainda, que tragam ganhos em competitividade e produtividade para a empresa. Laurindo (2008) afirma que, se pelo menos uma de cinco questões básicas sobre o uso de SIs da TI e a corporação for respondida positivamente, é um claro sinal de que há o uso estratégico das ferramentas tecnológicas para as empresas. As questões são as seguintes: • Barreiras à entrada de novos concorrentes podem ser estabelecidas a partir do uso de SIs? • A troca de fornecedores ou o poder de barganha podem ser influenciados pelo uso de SIs? • A base de competição (custo, diferenciação ou enfoque) pode ser alterada a partir do uso de SIs? • O poder de barganha nas relações com os clientes pode ser alterado com o auxílio dos SIs? • Novos produtos podem ser criados a partir dos SIs? Assim, o número de respostas positivas ditará o tamanho do impacto dos SIs sobre a estratégia organizacional, fazendo com que algumas empresas dependam mais de SIs do que outras. Cabe ainda uma observação importante sobre as perguntas feitas: todas têm relação direta com alguma força competitiva do modelo das cinco forças estabelecido por Michael Porter. Observação Em 1980, Michael Porter, doutor em Economia Empresarial pela Universidade de Harvard, conhecido atualmente como a principal autoridade mundial em estratégia competitiva e competitividade internacional, publicou o trabalho Estratégia competitiva, que transmite, de forma mais atenta, o lado prescritivo do pensamento estratégico. Michael Porter identificou a necessidade de analisar cinco forças competitivas, desenvolvendo, assim, um modelo para a análise estrutural da indústria. Porter observou que o grau de concorrência e rentabilidade depende da manutenção dessas cinco forças e que são elas que determinam o grau de competitividade na indústria. Essas forças competitivas são mostradas na figura a seguir. 35 GERENCIAMENTO DE SISTEMAS DE INFORMAÇÃO Poder de barganha dos fornecedores Ameaça de novos entrantes Ameaça de produtos substitutos Poder de barganha dos clientes Rivalidade entre concorrentes Figura 5 – Forças de Porter Fonte: Laudon e Laudon (2013, p. 72). Laurindo (2008) ainda aponta um grid estratégico que possibilita o entendimento de como os SIs estão relacionados à estratégia e à operação do negócio, fazendo uma análise do impacto no presente e no futuro, conforme pode ser visto na figura a seguir. Fábrica Suporte Estratégico Transição Alto AltoBaixo Baixo Impacto futuro Impacto presente Figura 6 – Impacto estratégico dos sistemas de informação Adaptada de: Laurindo (2008, p. 35). Analisando o grid, encontramos quatro quadrantes que apresentam o posicionamento da TI, de acordo com o impacto dos SIs utilizados hoje e nas aplicações planejadas para o futuro. Os quatro quadrantes são: suporte; fábrica; transição e estratégico. O quadrante suporte indica uma TI, cujos SIs têm pouca influência atualmente e provavelmente os sistemas planejados para o futuro não agregam tanta vantagem competitiva. É comum que nessas organizações a TI seja terceirizada, por não ser o coração do negócio. O quadrante fábrica apresenta organizações que têm o seu dia a dia dependente dos SIs; porém, numa visão de futuro, os SIs planejados não têm tanta importância conferida. É interessante observar que as empresas que posicionam a área de TI nesse quadrante literalmente param quando as aplicações de TI deixam de funcionar. 36 Unidade I No quadrante transição, a área de TI tem grande destaque na estratégia, mas o impacto presente (operacional) dos SIs é relativamente baixo. Empresas nesse quadrante tendem a colocar a área de TI numa posição maior na hierarquia. O quadrante estratégico remete a empresas em que o uso de SIs é decisivo tanto na estratégia e nas táticas quanto na realidade do dia a dia das operações do negócio. Empresas nesse quadrante não têm perenidade em seus negócios sem o uso de SIs. 2.1.4 Os sistemas de informação e o alinhamento estratégico da TI Para que o uso dos SIs agregue cada vez mais valor para o negócio, é necessário que haja um alinhamento contínuo entre aqueles que mantêm e desenvolvem
Compartilhar