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RESENHA (UMA INVESTIGAÇÃO SOBRE A NATUREZA E AS CAUSAS DA RIQUEZA DAS NAÇÕES)

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UMA INVESTIGAÇÃO SOBRE A NATUREZA E AS CAUSAS DA RIQUEZA DAS NAÇÕES
Luiz Claudio Silva Pimentel [footnoteRef:1] [1: Aluno de Graduação em Bacharel de Administração do Campus VII da Universidade Estadual da Paraíba. E-mail: luiz.pimentel@aluno.uepb.edu.br] 
O livro “A Riqueza das Nações” de Adam Smith foi o primeiro grande marco para a fundamentação teórica na defesa de uma economia de mercado. Em um momento em que se estava ganhando forma a primeira revolução industrial na Inglaterra, Smith elaborou uma série de novos conceitos e relações que mudariam completamente a forma como a Economia Política seria posteriormente analisada. Dentre suas principais contribuições, a relação entre a especialização do trabalho e a produtividade, o foco no consumidor e não na acumulação de metais, e a eficiência gerada pelo egoísmo de cada produtor e consumidor (mão invisível), continuam presentes até os dias de hoje.
Em seus conceitos sobre a Divisão do trabalho, Adam Smith relaciona em um primeiro momento investigar as pequenas manufaturas afirmando que é possível chegar a um nível máximo na divisão do trabalho devido a três aspectos essenciais. Tais aspectos asseguram uma sociedade bastante norteada, dado as relações que serão estabelecidas por seu intermédio. O aspecto primeiro seria a aptidão do trabalhador ao desempenhar uma função, atentando-se a experiência ou condicionamento no exercício da função. O segundo se retém ao tempo em sua forma de ser ministrado, ou seja, o tempo que é gastado e o tempo poupado, bem como o espaço que é utilizado e os feitos acarretados na produção. Por último a invenção massiva de máquinas que descomplexifica e condensa o trabalho, possibilitando a uma única pessoa realizar o trabalho que ser ia realizado por outras várias. Dessa maneira, nota- se a geração de riquezas em uma escala produtiva, em que cada trabalhador possui uma quantidade considerável de produtos a serem comercializados, para além de sua necessidade. Assim, havendo a comercialização do excedente, surge a possibilidade de obter, o que configura- se como escasso, sem perdas e com abundância para as várias camadas sociais. 
Continuando seu raciocínio, Adam Smith coloca em voga o princípio mor que sustenta a aparição da divisão do trabalho, sendo que nesse não é criação humana coerente, mas sim, uma “consequência necessária, embora muito lenta e gradual, de uma certa tendência ou propensão existente na natureza humana que não tem em vista essa utilidade extensa, ou seja: a propensão a intercambiar, permutar ou trocar uma coisa pela outra”. Dessa forma, verifica- se que o ser humano carece de ajuda constantemente e almejando isso, utiliza métodos de convencimento na tentativa de demonstrar o quão é proficiente para ambos. Com isso, gera- se a divisão do trabalho, quando a reciprocidade na prestação de serviços é alcançada. Ao levar essa indagação para a diferenciação dos sujeitos que compõe as diversas esferas de trabalho, conseguimos evidenciar, que tais não são provenientes “da natureza, mas antes do hábito, do costume, da educação ou formação. Ao virem ao mundo, e durante os seis ou oito primeiros anos de existência, talvez fossem muito semelhantes entre si, e nem seus pais nem seus companheiros de folguedo eram capazes de perceber nenhuma diferença notável”. O que fica explicito é a busca pelo aperfeiçoar uma técnica, uma especificidade, um talento, dado a forma como foram configuradas as relações compra / venda com o excedente.
	Abordada à divisão do trabalho e o mercado que se instaura, há uma preocupação do autor em estabelecer uma relação dualística entre ambos. Ao empregar a troca como fator primordial na divisão do trabalho, é visível que “a extensão dessa divisão deve sempre ser limitada pela extensão desse poder, ou, em outros termos, pela extensão do mercado”. Verifica-se uma limitação do mercado sobre a divisão do trabalho, pois, “quando o mercado é muito reduzido, ninguém pode sentir-se estimulado a dedicar-se inteiramente a uma ocupação, porque não poderá permutar toda a parcela excedente de sua produção que ultrapassa seu consumo pessoal pela parcela de produção do trabalho alheio, da qual tem necessidade”. Essa concepção permite erigir um parâmetro de verificação sobre as diferenças na divisão do trabalho em detrimento do mercado, dado que, em um vilarejo há indivíduos que realizam mais de uma ação, o que se difere ao contexto de cidades, onde há uma repartição concisa do trabalho, bem como a criação de novos postos. Com isso, percebe-se que “a extensão de seu mercado deverá durante muito tempo ser proporcional à riqueza e à reduzida densidade demográfica daquela região, e consequentemente seu aprimoramento sempre deverá vir depois do aprimoramento da região”. 
Firmado as delimitações entre os conceitos, Adam Smith focaliza em explicar a variabilidade e empecilhos que decorrem ao longo da formação de uma sociedade comercial voltada para a divisão do trabalho e a troca. A priori é colocado que devido à valoração de produtos entre os consumidores, em que, “o açougueiro tem consigo mais carne do que a porção de que precisa para seu consumo, e o cervejeiro e o padeiro estariam dispostos a comprar uma parte do produto. Entretanto, não têm nada a oferecer em troca, a não ser os produtos diferentes de seu trabalho ou de suas transações comerciais” só erguendo assim dificuldades que inibem a realização da troca entre eles. Para mitigar tais causalidades há uma tendência social que visava obter além dos produtos necessários para consumo adquirir, “certa quantidade de alguma (s) outra (s) mercadoria (s) — mercadoria ou mercadorias tais que, em seu entender, poucas pessoas recusariam receber em troca do produto de seus próprios trabalhos”. 
Segundo Adam Smith são inúmeras as mercadorias utilizadas ao longo dos processos históricos, como gado, concha, fumo, couro, peles, entre outros. Entretanto, aborda que em sua maioria os países acabavam por adotar os metais, como as mercadorias de troca preferível, devido sua fácil conservação divisão sem perda de valor. Foram utilizados vários metais como ferro (espartanos), cobre (romanos), ouro e prata, havendo casos que materiais baratos eram adulterados para assemelhar-se aos verdadeiros. Dessa maneira emerge a necessidade da criação da moeda e do dinheiro cunhado. 
É válido, no entanto, ressaltar que a significação que o valor recebe é duplo, à utilidade de dado objeto, ou seja, o “valor de uso” e outro como poder de compra é condizente ao valor que o objeto possui em relação aos demais, se estabelecendo como “valor de troca”. Dessa forma, “as coisas que têm o mais alto valor de uso frequentemente têm pouco ou nenhum valor de troca; vice-versa, os bens que têm o mais alto valor de troca muitas vezes têm pouco ou nenhum valor de uso”. Para elucidação, é utilizado a água e o diamante como exemplo, pois enquanto a primeira é extremamente útil e essencial, haverá uma dificuldade em realizar uma troca por alguma outra coisa. Diferentemente, o diamante possui pouco utilidade de uso, entretanto por seu intermédio, muitas são os casos em que há possibilidade de trocar grande quantidade de outros bens. Assim, quando analisado os princípios que regulam o valor de troca das mercadorias, são dois: “Primeiro, qual é o critério ou medida real desse valor de troca, ou seja, em que consiste o preço real de todas as mercadorias. Em segundo lugar, quais são as diferentes partes ou componentes que constituem esse preço real”. 
O que se percebe é que, são várias as circunstâncias que fazem um ou vários produtos subirem ou descerem em relação ao natural ou normal, ou seja, quais são as causas que às vezes impedem o preço de mercado, isto é, o preço efetivo das mercadorias, de coincidir exatamente com o que se pode chamar de preço natural.
A consolidação das ideias de Smith teve um enorme impacto na sociedade do século XVIII, pois fora uma forma de explicar e definir toda a estrutura que começou a existir após o final da Idade Média. O povo feudal jamais pensou em uma divisãodo trabalho para o aumento da riqueza, os juros eram considerados pecado de usura, a economia era impulsionada pela tradição ou pela imposição governamental, aspectos totalmente contrários às posições de Smith em seu tratado. Após sua grande obra, economistas futuros como David Ricardo aprofundaram o liberalismo econômico através da teoria do valor-trabalho e da vantagem comparativa, enquanto Karl Marx fez oposição direta com base no socialismo científico e comunismo. 
Além desses autores, vale destacar Keynes, que fez sua contribuição econômica para a macroeconomia e caminhou na direção oposta à visão de liberdade de Smith, acreditando em um Estado presente e desenvolvimentista, e Schumpeter, que além de ter feito críticas ao sistema de Smith, contribui para a utilização da tecnologia no sistema de mercado. A sociedade que Adam Smith descreveu e que se desenvolvera de forma tão rápida e produtiva graças à liberdade e a propriedade privada aos poucos se desmoronou durante o século XX, atribuindo maiores poderes aos governos intervencionistas.
Atualmente, este debate está aceso novamente, especialmente no Brasil, onde questões sobre privatizações, o papel do Estado na economia e até que ponto a administração pública (governo) poderia cobrar impostos são temas que persistem na mídia e nos governos, mesmo que de forma irresponsável e irracional. Portanto, nunca é demais ressaltar a importância de Adam Smith para a defesa da liberdade e do livre comércio através de um novo sistema econômico movido pelo livre mercado. Sua principal obra foi fundamental para acelerar a quebra de velhos paradigmas para que, assim, compreendamos o real caminho para aumentar as Riquezas das Nações.
Referências
SMITH, Adam 1723-1790; A riqueza das nações: uma investigação sobre a natureza e as causas da riqueza das nações/ Adam Smith; tradução Getúlio Schanoski Jr. – São Paulo: Madras, 2018.

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