Vitório, empresário, havia firmado um contrato de seguro de vida com a

seguradora Segurança, por meio da corretora Cristiane. A cobertura do seguro

abrangia o caso de morte do segurado provocada direta e exclusivamente por

acidente pessoal quando consequente dos seguintes crimes: a) Homicídio; b)

Tentativa de homicídio; c) Latrocínio; d) Aborto provocado por terceiro (sem consentimento da gestante); e e) Lesão corporal de natureza grave. Já depois do período de carência do contrato e com nenhuma mora no pagamento, o empresário foi encontrado morto, vítima de um único tiro de revólver na cabeça, mas ainda com seu celular e sua carteira no bolso, em uma área afastada da cidade, próxima à fronteira com outro país. Não se encontrou a arma do crime no local, dificultando a tese de suicídio. Contudo, tampouco o autor ou os autores de possível crime contra a pessoa de Vitório foram identificados ou vistos por qualquer testemunha até então que pudesse ser interrogada. Desse modo, não há possibilidade de oferecimento de denúncia, porque, mesmo provada a materialidade do crime, há ausência de indícios de autoria. A viúva Liana e o filho Caio, de 23 anos, ambos beneficiários do seguro de vida de Vitório, entraram em contato com a sua corretora de seguros, Cristiane. Todos os trâmites exigidos foram cumpridos, mas a corretora informou que apenas as despesas do funeral (R$2 mil) seriam pagas. Isso porque, dentre os riscos excluídos do contrato, que afastam o pagamento do seguro, estão “Ato de crime perpetrado por parentes até 4º (quarto) grau do segurado e/ou do beneficiário, conforme legislação vigente”. Cristiane afirmou que não seria possível pagar a indenização, já que o inquérito policial não havia sido concluído e não havia comprovação da autoria. Na qualidade de advogados do caso, seria cabível mover Ação de Cobrança para obter os valores referentes ao prêmio do seguro? Justifique, identificando no caso concreto as partes, o pedido e a causa de pedir, com justificação legal.