Os Embargos de Declaração estão previstos no Código de Processo Civil em seu dispositivo 496, inciso IV, do Título X, que recebe a denominação “Dos Recursos”. No entanto, há no âmbito doutrinal brasileiro uma acirrada controvérsia quanto à natureza jurídica deste instituto.
Uma corrente defende que os embargos apresentam natureza recursal, porque entendem que constituem impugnação do julgado com o escopo de que um novo pronunciamento jurisdicional ocorra sobre a lide ou questão processual, embora tenha de limitar-se a esclarecimento – do contraditório ou da obscuridade – ou suprimento da omissão.
De outra banda, posicionamento contrário sustenta que, malgrado os embargos declaratórios estejam alocados no segmento “Dos Recursos”, não têm natureza recursal, precipuamente, porque na sua finalidade não se pleiteia a reforma substancial do julgado insatisfatório, mas o seu mero reexame; são dirigidos ao próprio juízo - juiz de primeiro grau ou relator do Tribunal – que prolatou a decisão inquinada, portanto, não apresenta o efeito devolutivo, o qual consiste em transferir para órgão diverso o conhecimento da matéria impugnada; ademais, aduzem que não estão sujeitos ao preparo. Destarte, inferem que os embargos de declaração possuem natureza de incidente processual.
É evidente que os sobreditos posicionamentos apresentam argumentos muito expressivos, a ponto de suscitar a dúvida sobre a natureza jurídica dos Embargos de Declaração. E foi justamente a hesitação sobre este tema que ensejou a confecção do presente artigo, no qual o objetivo será explanar sobre a essência do que é um recurso, a concepção dos embargos de declaração, a análise minuciosa de cada corrente sobre a natureza jurídica dos embargos e, por fim, serão propostas considerações que instiguem o leitor a adotar um posicionamento sobre o assunto em tela.
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Direito Processual Civil I
•FCHPE
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