No campo do ilícito, da sanção e da responsabilidade, há relevantes traços distintivos entre o Direito Civil e o Penal. De acordo com o Código Civil, entende-se por ilícito civil o ato de alguém que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, viola direito e causa dano a outrem, ainda que exclusivamente moral (art. 186). Também é considerado ilícito civil o exercício abusivo de um direito por seu titular, quando exceder manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes (art. 187). As sanções previstas para esses ilícitos podem variar desde a obrigação de reparar o dano, imposição de multa, rescisão contratual, nulidade do ato ou negócio jurídico, até, em casos excepcionais, a prisão coercitiva para devedores de alimentos. Por outro lado, o ilícito penal difere do civil em diversos aspectos. Primeiramente, do ponto de vista ontológico, somente será considerado ilícito penal aquele capaz de lesar ou colocar em risco, de forma mais intensa, bens jurídicos considerados fundamentais para a paz e convívio social. Além disso, o ilícito penal possui uma construção mais taxativa e fechada, sendo que só pode ser considerado crime quando houver uma conduta lesiva a bens jurídicos, descrita como tal em lei anterior. As sanções penais são mais severas e podem incluir a privação ou restrição da liberdade, perda de bens, multa, prestação social alternativa e suspensão ou interdição de direitos (art. 5º, inc. XLVI, da CF). Dessa forma, enquanto no Direito Civil as consequências do ilícito são voltadas para a reparação do dano e a responsabilidade civil, no Direito Penal as sanções visam punir o infrator e proteger a sociedade.
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