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Durante a República Café com Leite houve o predomínio do governismo, logo, o fato de se opor ao governo significava a morte política, ou seja, “[…]...

Durante a República Café com Leite houve o predomínio do governismo, logo, o fato de se opor ao governo significava a morte política, ou seja, “[…] a incapacidade de ser eleito e, se o fosse, a incapacidade de governar. As fraudes eleitorais, os atos de violência, a perseguição política, a tudo isso o governo estadual fazia vistas grossas se fossem feitos com o intuito de beneficiar um correligionário” (PERISSINOTTO, 1996, p. 192). Por essas razões, verifica-se um acentuado cerceamento da autonomia municipal, pois durante esse período se percebe um constante e ascendente processo de: […] concentração das condições de governabilidade (recursos financeiros, indicação de funcionários policiais e judiciais, controle da Força Pública, controle do processo eleitoral etc.) nas mãos do poder estadual. Em função disso, instalou-se um “compromisso”: de um lado, os governos estaduais davam recursos e carta-branca ao coronel no comando do município e, em troca, o coronel devia canalizar todos os votos que ele controlava para os candidatos governistas. (PERISSINOTTO, 1996, p. 192). Foi baseada na relação do Coronelismo e na Política dos Governadores que se originou a política Café com Leite. De acordo com Araújo e Rodrigues (2009, p. 138), “Tal política se complementará, no famoso binômio do Café com Leite, que será uma alternância na governabilidade do país entre Minas Gerais e São Paulo”. Perissinotto (1996, p. 195) evidencia que “Foi exatamente o esquema montado pela política dos governadores, cujo resultado foi a política do café-com-leite […]”. Ainda, Perissinotto (1996, p. 196) indica que: A política do café-com-leite constituiu-se, então, num mecanismo de seletividade não conjuntural, mas permanente, seletividade esta que constituía-se no resultado lógico do regime político formado pela conjugação da política dos governadores com o coronelismo. Eram esses mecanismos que definiam quem participava dos centros de decisão política e, portanto, quais temas, interesses e conflitos deveriam ser permanentemente excluídos do campo da “política possível”, isto é, da “política segura” (grifo meu). Ferreira e Pinto (2017, p. 427) sinalizam que: […] a hegemonia política da oligarquia paulista, em aliança com a mineira, sustentava-se na preeminência da economia exportadora cafeeira. Como desdobramento dessa leitura, o arranjo político oligárquico entre São Paulo e Minas, conhecido como política do café com leite, ditaria de forma nítida a orientação do governo federal. Sobre a República Café com Leite que está compreendida na República Velha, Vares (2011, p. 136) aponta que esse período se sustentou em torno da: […] lógica da dominação que sintetizou truculência, eleições fraudulentas e exclusão política da população. Baseada na força, a “política dos governadores” oportunizou às elites agroexportadoras, principalmente as ligadas ao café, conduzir os rumos do país durante o referido período. Embora alguns movimentos sociais tenham eclodido como resposta a essa lógica da dominação, nenhum deles se mostrou forte o suficiente para colocar em risco a engrenagem política vigente a partir de Campos Sales. Prova disso é que a Revolução de 1930 resultou da união entre militares, representados pelo grupo dos tenentes, e as oligarquias que se encontravam fora do eixo da “política do café-com-leite” (grifo meu). Durante a República Café com Leite, verificou-se que o estado de São Paulo e Minas Gerais, representados pelos cafeicultores e pelos fazendeiros, resp


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FORMAÇÃO POLÍTICA BRASILEIRA 2
22 pág.

Formação Sócio Econômica e Política da Sociedade Brasileira Universidade do Sul de Santa CatarinaUniversidade do Sul de Santa Catarina

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Durante a República Café com Leite, houve o predomínio do governismo, o que significava que se opor ao governo resultava em morte política, ou seja, na incapacidade de ser eleito e governar. O governo estadual fechava os olhos para fraudes eleitorais, atos de violência e perseguição política, desde que fossem feitos para beneficiar um correligionário. Isso resultou em um cerceamento da autonomia municipal e na concentração das condições de governabilidade nas mãos do poder estadual. Nesse período, estabeleceu-se um "compromisso" entre os governos estaduais e os coronéis, em que os governos forneciam recursos e carta-branca aos coronéis em troca do controle dos votos que eles controlavam para os candidatos governistas. Essa relação entre o coronelismo e a política dos governadores deu origem à política Café com Leite, que era uma alternância na governabilidade do país entre Minas Gerais e São Paulo. A política do café com leite era um mecanismo de seletividade permanente, resultado do regime político formado pela política dos governadores e pelo coronelismo. Esses mecanismos definiam quem participava dos centros de decisão política e quais temas, interesses e conflitos eram excluídos da "política possível" ou "política segura". A hegemonia política da oligarquia paulista, em aliança com a mineira, sustentava-se na economia exportadora cafeeira e ditava a orientação do governo federal. Durante a República Café com Leite, prevaleceu a lógica da dominação, que envolvia truculência, eleições fraudulentas e exclusão política da população. Embora tenham surgido alguns movimentos sociais como resposta a essa lógica, nenhum deles foi capaz de ameaçar o sistema político vigente. A Revolução de 1930 resultou da união entre militares e oligarquias que estavam fora do eixo da política do café com leite.

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