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O verbete da Súmula 280 veda, em recurso extraordinário, a invocação de direito local como parâmetro de aferição do acerto ou desacerto da decisão ...

O verbete da Súmula 280 veda, em recurso extraordinário, a invocação de direito local como parâmetro de aferição do acerto ou desacerto da decisão recorrida. Como já vimos, somente o direito federal, e notadamente o direito constitucional federal, pode ser invocado em recurso extraordinário como parâmetro de controle da decisão recorrida. Não cabe, pois, interpor recurso extraordinário sob a alegação de que a decisão recorrida teria violado lei municipal, lei estadual ou mesmo Constituição estadual, por se tratar de pretensão que extrapola o âmbito de tutela normativa confiado ao STF.

Isso é diferente de questionar, como objeto do recurso extraordinário, a constitucionalidade do direito local em face da Constituição da República.

Em 5 de março de 2015, o Plenário do Supremo, ao apreciar o mérito do RE 586.224/SP, deu-lhe provimento para declarar a inconstitucionalidade de lei municipal que proibia a utilização da queimada da palha de cana-de-açúcar como técnica de manejo dessa lavoura. Nesse caso, o direito local era o objeto do recurso extraordinário. O parâmetro de controle – o que se alegou ter sido violado na decisão recorrida –, contudo, foi a Constituição da República. Assim, o exame do mérito do recurso extraordinário pelo Tribunal não contrariou o enunciado contido na Súmula 280.

Vale ressaltar: leis que proibiam a queimada da palha de cana-de-açúcar, como a que foi declarada inconstitucional pelo STF no julgamento do RE 586.224, haviam sido editadas por outros municípios. Elas foram igualmente desafiadas judicialmente, mas, nos primeiros casos em que a questão chegou ao STF, mediante recursos extraordinários, a aplicação inadequada da Súmula 280 à hipótese impediu que ela fosse desde logo apreciada. stão até então, repita-se, ausente no processo.

Ocorre que, se a decisão recorrida nada afirmou sobre o direito à intimidade, não faz sentido discutir se ela violou ou não esse direito constitucional. O que se vê, nesse cenário, é um caso clássico de ausência de prequestionamento da questão constitucional suscitada, circunstância em que a aplicação da Súmula 282 se impõe para inviabilizar a admissibilidade do recurso extraordinário.

Art. 5º
(...)
X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação; Controle difuso: o recurso extraordinário
Controle de constitucionalidade da legislação local
AULA 3
10
3. Recurso extraordinário contra decisão que julga válida lei ou ato de governo local contestado em face da Constituição Federal (artigo 102, III, “c”, da CF)
Segundo o artigo 102, III, “c”, da Constituição da República, compete ao STF julgar o recurso extraordinário interposto contra decisão que “julgar válida lei ou ato de governo local contestado em face desta Constituição”.
Direito local – “lei ou ato de governo local”, nos termos do artigo 102, III, “c”, da CF – é todo direito que, produzido por ente federativo diverso da União, tem vigência espacial circunscrita ao território de um Estado, um Município ou o Distrito Federal. Paula Sarno Braga (2015, p. 282) define o direito local como aquele constituído pelos “enunciados normativos válidos para o território de apenas um Estado-membro (ou Município, como no Brasil), (...) aprovados pela legislatura local eleita pelos cidadãos dessa unidade parcial federada”.
As espécies normativas locais – estaduais, municipais ou distritais – que podem ser objeto da tutela concreta de constitucionalidade pela via do recurso extraordinário são as mesmas sujeitas a essa modalidade de controle no âmbito do direito federal. Assim, qualquer espécie normativ


Essa pergunta também está no material:

Aula 3 - Controle Const Leg local (Educa)
18 pág.

Direito Constitucional I Universidade Salgado de OliveiraUniversidade Salgado de Oliveira

💡 1 Resposta

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A Súmula 280 veda a invocação de direito local como parâmetro de aferição do acerto ou desacerto da decisão recorrida em recurso extraordinário. Somente o direito federal, especialmente o direito constitucional federal, pode ser utilizado como parâmetro de controle da decisão recorrida nesse tipo de recurso. Portanto, não é possível interpor recurso extraordinário alegando que a decisão recorrida violou lei municipal, lei estadual ou Constituição estadual, pois isso extrapola a competência do STF nesse sentido. No entanto, é possível questionar a constitucionalidade do direito local em relação à Constituição da República como objeto do recurso extraordinário.

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