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Aula 3 - Controle Const Leg local (Educa)

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Rodrigo Lobo Canalli
Controle de 
constitucionalidade 
da legislação local
AULA 3
Controle difuso: o recurso extraordinário
Sumário
1. Introdução ...........................................................................................3
2. Recurso extraordinário – considerações gerais ....................................3
3. Recurso extraordinário contra decisão que julga válida lei ou ato de 
governo local contestado em face da Constituição Federal (artigo 102, III, 
“c”, da CF) ...............................................................................................10
4. Recurso extraordinário contra decisão em controle abstrato estadual .11
5. Recurso extraordinário contra decisão que julga válida lei local 
contestada em face de lei federal (artigo 102, III, “d”, da CF) ..................14
6. Considerações finais ............................................................................15
7. Para aprofundar ..................................................................................16
Glossário .................................................................................................17
Controle difuso: o recurso extraordinário
Controle de constitucionalidade da legislação local
AULA 3
3
1. Introdução
Bem-vindos, caros alunos, à terceira rodada dos nossos estudos sobre as 
especificidades da jurisdição constitucional relativas à tutela da produção normativa 
feita pelos Estados, pelos Municípios e pelo Distrito Federal.
Na aula anterior, delineamos o quadro geral da estrutura normativa em que 
se efetiva, no contexto da federação, a tutela constitucional das normas locais 
(estaduais, distritais e municipais), em face tanto das constituições estaduais quanto 
da Constituição Federal.
Feito isso, é hora de nos dedicarmos ao estudo de algumas das hipóteses em 
que a discussão sobre a constitucionalidade de uma norma local chega ao Supremo 
Tribunal Federal (STF). Faremos isso a partir de agora, começando pelo chamado 
controle de constitucionalidade difuso ou incidental.
O objetivo desta aula é, portanto, explicar as particularidades do recurso 
extraordinário quando nele estiver sendo discutida a constitucionalidade de uma 
norma local.
O controle difuso, ou incidental, tem lugar em processos subjetivos. Estamos 
nos referindo àqueles litígios cuja primeira finalidade é alcançar uma decisão correta 
acerca dos direitos e interesses que contrapõem as partes envolvidas – autor e réu –, 
e não obter uma declaração sobre a constitucionalidade ou inconstitucionalidade de 
leis. A questão constitucional, quando eventualmente surge na discussão, é secundária, 
mas deve ser resolvida para que se alcance uma decisão em conformidade com o direito.
2. Recurso extraordinário – considerações gerais
Quando, no âmbito de um processo subjetivo, surge um questionamento acerca 
da constitucionalidade de lei local, a parte insatisfeita com a decisão sobre essa 
questão pode provocar a manifestação do STF a respeito dela, mediante a interposição 
de recurso extraordinário. Vejam bem: o foco de nossas lentes agora será o recurso 
extraordinário interposto com base nas previsões do artigo 102, III, “c” ou “d”, da 
Constituição Federal, cuja redação é a seguinte:
Controle difuso: o recurso extraordinário
Controle de constitucionalidade da legislação local
AULA 3
4
Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da 
Constituição, cabendo-lhe:
(...)
III - julgar, mediante recurso extraordinário, as causas decididas em única ou última 
instância, quando a decisão recorrida:
(...)
c) julgar válida lei ou ato de governo local contestado em face desta Constituição.
d) julgar válida lei local contestada em face de lei federal.
Como o próprio nome sugere, o recurso extraordinário não é um recurso 
comum. É, sim, um mecanismo excepcional, destinado a assegurar que o STF tenha 
a última palavra sobre a adequação da legislação à Constituição Federal. Dado esse 
caráter peculiar, é necessário que a petição de recurso extraordinário satisfaça uma 
série de requisitos formais para que esteja em condições de ter o mérito examinado 
pelo Supremo.
Alguns desses requisitos estão expressos na Constituição da República e na 
legislação processual. É o caso da necessidade de demonstrar a repercussão geral da 
questão constitucional discutida, instituto previsto no artigo 102, § 3º, da CF.
Delinear as especificidades e o funcionamento 
da repercussão geral nos levaria a um desvio 
desnecessário do escopo e dos objetivos deste curso. 
Todavia, há um aspecto da repercussão geral 
diretamente relacionado ao tema do nosso curso 
que não pode ser negligenciado: como conciliar o 
conceito de repercussão geral, tal qual previsto nos 
artigos 102, § 3º, da CF e 1.035, § 1º, do CPC, com 
a discussão sobre a constitucionalidade de legislação 
local? Em outras palavras, um recurso extraordinário 
que questione a interpretação dada a lei ou ato de 
governo local pode apresentar repercussão geral? Na 
sua visão, como se opera essa equação?
Art. 102. Compete ao Supremo 
Tribunal Federal, precipuamente, a 
guarda da Constituição, cabendo-lhe:
(...)
§ 3º No recurso extraordinário 
o recorrente deverá demonstrar 
a repercussão geral das questões 
constitucionais discutidas no caso, 
nos termos da lei, a fim de que o 
Tribunal examine a admissão do 
recurso, somente podendo recusá-lo 
pela manifestação de dois terços de 
seus membros.
Art. 1.035. O Supremo Tribunal 
Federal, em decisão irrecorrível, não 
conhecerá do recurso extraordinário 
quando a questão constitucional nele 
versada não tiver repercussão geral, 
nos termos deste artigo.
§ 1º Para efeito de repercussão 
geral, será considerada a existência ou 
não de questões relevantes do ponto 
de vista econômico, político, social ou 
jurídico que ultrapassem os interesses 
subjetivos do processo.
Controle difuso: o recurso extraordinário
Controle de constitucionalidade da legislação local
AULA 3
5
No exame da admissibilidade do recurso extraordinário, o STF afere também 
a satisfação de requisitos que, embora não explicitados na legislação processual, 
configuram inferências inevitáveis da própria natureza e finalidade dessa espécie de 
recurso. Para otimizar o trabalho de análise da admissibilidade dos recursos, esses 
requisitos foram sistematizados na forma de enunciados que integram a Súmula do STF.
A compreensão das súmulas que enunciam as condições de admissibilidade de 
recursos extraordinários é imprescindível para se proceder à análise adequada e ao 
encaminhamento correto das decisões nas quais se discute a constitucionalidade de 
legislação local. Por sua relevância e pela frequência com que são utilizadas, vamos 
destacar três delas, as Súmulas 279, 280 e 282.
Súmula 279
“Para simples reexame de prova não cabe recurso extraordinário.”
Tendo em vista, de um lado, as estritas hipóteses 
de cabimento do recurso extraordinário, dispostas no 
artigo 102, III, da Constituição Federal, e, de outro, o 
princípio do juiz natural (artigo 5º, LIII e LXI, da CF), 
fica fora da alçada do STF, na análise desse recurso, 
o reexame das provas produzidas para reconstruir o 
quadro fático do processo. Assim, ao avaliar, em recurso 
extraordinário, a ocorrência de afronta à Constituição 
na decisão recorrida, o Supremo parte dos fatos tal 
como delineados nas instâncias ordinárias, limitando-
se a revisar a correta aplicação do direito sobre eles.
Cabe, aqui, uma observação. Quando a pretensão, 
no recurso extraordinário, for uma qualificação 
jurídica diversa daquela dada pelo tribunal de origem, 
à luz dos preceitos da Constituição que o recorrente 
alega terem sido inobservados, sem que se pretenda 
Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal 
Federal, precipuamente, a guarda da 
Constituição, cabendo-lhe:
(...)
III - julgar, mediante recurso 
extraordinário, as causas decididas em 
única ou última instância, quando a 
decisão recorrida.
Art. 5 Todos são iguais perante a lei, 
sem distinção de qualquer natureza,garantindo-se aos brasileiros e aos 
estrangeiros residentes no País a 
inviolabilidade do direito à vida, à 
liberdade, à igualdade, à segurança e à 
propriedade, nos termos seguintes:
(...)
LIII - ninguém será processado 
nem sentenciado senão pela autoridade 
competente;
(...)
LXI - ninguém será preso senão 
em flagrante delito ou por ordem 
escrita e fundamentada de autoridade 
judiciária competente, salvo nos casos 
de transgressão militar ou crime 
propriamente militar, definidos em lei;
http://www.stf.jus.br/arquivo/cms/jurisprudenciaSumula/anexo/Enunciados_Sumulas_STF_1_a_736_Completo.pdf
Controle difuso: o recurso extraordinário
Controle de constitucionalidade da legislação local
AULA 3
6
alterar o quadro fático, o recurso pode até esbarrar em outro óbice, mas não é caso de 
aplicação da Súmula 279. Arrisco afirmar que a Súmula 279 é o verbete de súmula mais 
incorretamente aplicado no STF para impedir o seguimento de recursos extraordinários 
e agravos em recurso extraordinário.
Para ilustrar situações de aplicação devida 
e indevida da Súmula 279, imaginemos o seguinte 
caso hipotético (nossa intenção é apenas expor 
condições de recorribilidade, sem juízo algum 
acerca da correção das teses jurídicas contrapostas): 
uma atriz famosa demanda um paparazzo em 
juízo, dele requerendo indenização, por violação 
da sua intimidade, em virtude da publicação, em 
jornal de grande circulação, de fotografias por ele 
secretamente capturadas nas quais ela aparece em 
momento íntimo. A questão tem inegável matiz 
constitucional, uma vez que, como sabemos, o 
artigo 5º, X, da Constituição da República protege 
a intimidade e a vida privada, assegurando o direito 
de indenização em caso de violação desses direitos.
Digamos que a ação tenha sido julgada inicialmente improcedente e o Tribunal 
de Justiça, em apelação, tenha confirmado a sentença, entendendo que, pelo fato de 
as fotos terem sido capturadas em uma praia pública, não houve violação da intimidade. 
Notem que podemos decompor essa decisão em duas partes: o quadro fático e a 
qualificação jurídica desse quadro.
Inconformada, a autora da ação interpõe recurso extraordinário para o STF, 
afirmando que a decisão recorrida viola o artigo 5º, X, da Constituição da República 
(direito à intimidade).
Quadro fático 
As fotografias foram 
capturadas em espaço 
público.
Qualificação jurídica
A captura não autorizada 
da imagem em local 
público não viola o 
direito à intimidade.
Art. 5º
(...)
X - são invioláveis a intimidade, 
a vida privada, a honra e a imagem 
das pessoas, assegurado o direito a 
indenização pelo dano material ou 
moral decorrente de sua violação;
Controle difuso: o recurso extraordinário
Controle de constitucionalidade da legislação local
AULA 3
7
Se o recurso se baseia na alegação de que as fotos não foram capturadas em 
uma praia pública, e sim dentro de uma propriedade privada, é caso típico de aplicação 
da Súmula 279 para negar-lhe seguimento. Afinal, a premissa de que as fotografias 
foram capturadas em espaço público, assentada pelo Tribunal de origem, não pode ser 
alterada em exame de recurso extraordinário.
Por outro lado, se a alegação do recurso é no sentido de que a proteção 
constitucional à intimidade (artigo 5º, X, da CF) assegura o direito de não ter fotografias 
suas publicadas sem autorização, mesmo se capturadas em ambiente público, não 
há pretensão de reexame de prova. Trata-se de questão estritamente jurídica: saber 
a extensão do direito assegurado pelo preceito constitucional e apontado pela 
recorrente. Nesse caso, invocar a Súmula 279 para negar seguimento ao recurso 
extraordinário seria tecnicamente incorreto.
O quadro a seguir pode auxiliar vocês na devida compreensão e aplicação da 
Súmula 279.
Pretensão do RE
Discutir a existência, a 
validade ou os efeitos 
de norma aplicável ao 
caso
Discutir a adequação de 
uma dada norma à 
situação concreta 
(escolha da norma 
regente do caso)
Discutir a correta 
aplicação do direito 
processual (mesmo o 
direito probatório)
Discutir se os fatos 
alegados foram 
comprovados ou 
devidamente 
interpretados (apuração 
da realidade histórica)
Natureza
Questão de direito Não
Não
Não
Sim
Questão de direito
Questão de direito
Questão de fato
Óbice da Súmula 279?
Controle difuso: o recurso extraordinário
Controle de constitucionalidade da legislação local
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Súmula 280
“Por ofensa a direito local não cabe recurso extraordinário.”
O verbete da Súmula 280 veda, em recurso extraordinário, a invocação de 
direito local como parâmetro de aferição do acerto ou desacerto da decisão recorrida. 
Como já vimos, somente o direito federal, e notadamente o direito constitucional 
federal, pode ser invocado em recurso extraordinário como parâmetro de controle da 
decisão recorrida. Não cabe, pois, interpor recurso extraordinário sob a alegação de 
que a decisão recorrida teria violado lei municipal, lei estadual ou mesmo Constituição 
estadual, por se tratar de pretensão que extrapola o âmbito de tutela normativa 
confiado ao STF.
Isso é diferente de questionar, como objeto do recurso extraordinário, a 
constitucionalidade do direito local em face da Constituição da República.
Em 5 de março de 2015, o Plenário do Supremo, ao apreciar o mérito do 
RE 586.224/SP, deu-lhe provimento para declarar a inconstitucionalidade de lei 
municipal que proibia a utilização da queimada da palha de cana-de-açúcar como 
técnica de manejo dessa lavoura. Nesse caso, o direito local era o objeto do recurso 
extraordinário. O parâmetro de controle – o que se alegou ter sido violado na decisão 
recorrida –, contudo, foi a Constituição da República. Assim, o exame do mérito do 
recurso extraordinário pelo Tribunal não contrariou o enunciado contido na Súmula 280.
Vale ressaltar: leis que proibiam a queimada da palha de cana-de-açúcar, como 
a que foi declarada inconstitucional pelo STF no julgamento do RE 586.224, haviam 
sido editadas por outros municípios. Elas foram igualmente desafiadas judicialmente, 
mas, nos primeiros casos em que a questão chegou ao STF, mediante recursos 
extraordinários, a aplicação inadequada da Súmula 280 à hipótese impediu que ela 
fosse desde logo apreciada.
http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=2616565
Controle difuso: o recurso extraordinário
Controle de constitucionalidade da legislação local
AULA 3
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Súmula 282
“É inadmissível o recurso extraordinário, quando não ventilada, na decisão 
recorrida, a questão federal suscitada.”
A Súmula 282 prevê que questão constitucional veiculada no recurso 
extraordinário e tratada como parâmetro de controle deve ter sido abordada na 
decisão recorrida. Em outras palavras, não se pode, em recurso extraordinário, inovar 
com a apresentação de questão constitucional que nem sequer fora, até então, objeto 
do processo.
Numa variação do exemplo do paparazzo ao qual recorremos para discutir a 
Súmula 279, vamos supor que ele e a atriz fotografada tivessem celebrado um contrato 
para permitir a publicação das imagens em uma revista. Digamos que a discussão 
processual, nesse contexto, gire em torno apenas de uma divergência na interpretação 
do contrato, cuja redação teria ficado ambígua: a atriz, entendendo, de forma diversa 
da outra parte, que autorizara a publicação da sua imagem exclusivamente na edição 
impressa, pleiteia indenização pelas fotografias publicadas também no site da revista.
Nota-se que a discussão processual, nessa 
nova hipótese, limita-se à ocorrência ou não de 
descumprimento do contrato, e nenhuma questão 
constitucional foi suscitada. Vamos supor, então, 
que a decisão tenha sido desfavorável à pretensão 
da atriz. Inconformada, ela interpõe recurso 
extraordinário e, para fundamentá-lo, alega que a 
decisão recorrida violou o artigo 5º, X, da CF, que 
protege o direito à intimidade – questão até então, 
repita-se, ausente no processo.
Ocorre que, se a decisão recorrida nada afirmou sobre o direito à intimidade, 
não faz sentidodiscutir se ela violou ou não esse direito constitucional. O que se 
vê, nesse cenário, é um caso clássico de ausência de prequestionamento da questão 
constitucional suscitada, circunstância em que a aplicação da Súmula 282 se impõe 
para inviabilizar a admissibilidade do recurso extraordinário.
Art. 5º
(...)
X - são invioláveis a intimidade, 
a vida privada, a honra e a imagem 
das pessoas, assegurado o direito a 
indenização pelo dano material ou 
moral decorrente de sua violação;
Controle difuso: o recurso extraordinário
Controle de constitucionalidade da legislação local
AULA 3
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3. Recurso extraordinário contra decisão que julga válida lei ou ato de 
governo local contestado em face da Constituição Federal (artigo 102, III, 
“c”, da CF)
 Segundo o artigo 102, III, “c”, da Constituição da República, compete ao STF 
julgar o recurso extraordinário interposto contra decisão que “julgar válida lei ou ato 
de governo local contestado em face desta Constituição”.
 Direito local – “lei ou ato de governo local”, nos termos do artigo 102, III, “c”, da 
CF – é todo direito que, produzido por ente federativo diverso da União, tem vigência 
espacial circunscrita ao território de um Estado, um Município ou o Distrito Federal. 
Paula Sarno Braga (2015, p. 282) define o direito local como aquele constituído pelos 
“enunciados normativos válidos para o território de apenas um Estado-membro (ou 
Município, como no Brasil), (...) aprovados pela legislatura local eleita pelos cidadãos 
dessa unidade parcial federada”.
 As espécies normativas locais – estaduais, municipais ou distritais – que podem 
ser objeto da tutela concreta de constitucionalidade pela via do recurso extraordinário 
são as mesmas sujeitas a essa modalidade de controle no âmbito do direito federal. 
Assim, qualquer espécie normativa dotada de generalidade e abstração, e cuja validade 
tenha sido reconhecida em decisão judicial, está sujeita à jurisdição constitucional 
desempenhada pelo STF em face da Constituição Federal. Ao se referir a “lei ou 
ato de governo local”, o artigo 102, III, “c”, da CF abrange as constituições estaduais 
propriamente ditas, as emendas a essas constituições, as leis orgânicas municipais, as 
leis complementares estaduais ou municipais, as leis ordinárias estaduais e municipais, 
as leis delegadas estaduais e municipais, as medidas provisórias, os decretos e as 
resoluções.
PAULA SARNO BRAGA
Professora Adjunta de Direito Processual Civil (graduação e 
pós-graduação) da Faculdade de Direito da Universidade Federal 
da Bahia – UFBA e da Faculdade Baiana de Direito. Professora e 
Coordenadora do Curso de Especialização em Direito Processual 
Civil (da Faculdade Baiana de Direito). Mestre e Doutora pela 
UFBA. Advogada e Consultora Jurídica.
Controle difuso: o recurso extraordinário
Controle de constitucionalidade da legislação local
AULA 3
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 Cabe esclarecer que alínea “c” do inciso III do artigo 102 da CF se limita a 
autorizar o recurso extraordinário contra decisão que afirme a validade do direito 
local em face da Constituição Federal e, portanto, não ampara a interposição de 
recurso extraordinário contra decisão que o julgue inválido. Todavia, uma decisão 
neste sentido pode, eventualmente, ensejar o cabimento do recurso extraordinário 
com base na alínea “a” do inciso III do artigo 102 da CF, caso seu conteúdo traduza 
uma violação direta à Constituição Federal.
Como já afirmamos, quando se trata de controle difuso, o direito local pode 
ser objeto do controle de constitucionalidade, nas instâncias ordinárias, tanto em 
relação à Constituição estadual quanto em face da Constituição Federal. Para fins 
de admissibilidade de recurso extraordinário, a ser apreciado pelo STF, no entanto, 
somente a Constituição Federal pode ser invocada como parâmetro de controle, e a 
questão constitucional deve ter sido apreciada na decisão recorrida.
4. Recurso extraordinário contra decisão em controle abstrato estadual
Algumas particularidades cercam o cabimento do recurso extraordinário 
interposto de decisão de Tribunal de Justiça proferida no julgamento de representação 
de inconstitucionalidade em que se efetua, em caráter abstrato, o controle da 
constitucionalidade de lei local em face da Constituição estadual.
Cabe, então, o questionamento: se o parâmetro de controle, no procedimento 
de fiscalização abstrata da legislação local realizado pelo Tribunal de Justiça, é a 
Constituição estadual, admite-se recurso extraordinário para o STF?
Na aula anterior, abordamos a competência dos tribunais de justiça para apreciar, 
em caráter abstrato, a constitucionalidade das leis estaduais e municipais em face 
da Constituição estadual. Ressaltamos então que parte substancial do conteúdo das 
constituições estaduais reproduz, obrigatoriamente, normas da Constituição Federal.
Nesse contexto, uma lei municipal incompatível com Constituição estadual que, 
por sua vez, repete norma da Constituição Federal estaria violando a Constituição 
estadual ou a federal? A competência para apreciar a constitucionalidade dessa lei 
seria do Tribunal de Justiça ou do STF?
Controle difuso: o recurso extraordinário
Controle de constitucionalidade da legislação local
AULA 3
12
Ainda que as normas constitucionais estadual e federal tenham o mesmo 
conteúdo, o parâmetro para o julgamento pelo Tribunal de Justiça – em controle 
concentrado – é a Constituição estadual, ao passo que, no julgamento pelo STF, em 
recurso extraordinário, o parâmetro é a Constituição Federal. O recurso extraordinário 
contra decisão em controle abstrato estatual não tem como objetivo revisar a 
interpretação do Tribunal de Justiça sobre a Constituição estadual, e sim questionar 
a compatibilidade daquela decisão com a Constituição Federal. Ainda que ambos os 
textos sejam iguais, juridicamente são normas distintas. 
Embora a jurisprudência tenha oscilado no passado, esse entendimento foi 
pacificado no julgamento da Rcl 383/SP:
Reclamação com fundamento na preservação da competência do Supremo 
Tribunal Federal. Ação direta de inconstitucionalidade proposta perante Tribunal 
de Justiça na qual se impugna Lei municipal sob a alegação de ofensa a dispositivos 
constitucionais estaduais que reproduzem dispositivos constitucionais federais 
de observância obrigatória pelos Estados. Eficácia jurídica desses dispositivos 
constitucionais estaduais. Jurisdição constitucional dos Estados-membros. 
– Admissão da propositura da ação direta de inconstitucionalidade perante 
o Tribunal de Justiça local, com possibilidade de recurso extraordinário se 
a interpretação da norma constitucional estadual, que reproduz a norma 
constitucional federal de observância obrigatória pelos Estados, contrariar o 
sentido e o alcance desta. Reclamação conhecida, mas julgada improcedente. 
(Rcl 383/SP, Relator o Ministro Moreira Alves, Tribunal Pleno, DJ de 21.5.1993.)
Na hipótese de recurso extraordinário contra acórdão de Tribunal de Justiça 
prolatado em controle abstrato de constitucionalidade de norma local em face da 
Constituição estadual, há precedentes do STF no sentido de seu cabimento quando 
o parâmetro de controle norteador da decisão recorrida corresponde a norma de 
repetição obrigatória da Constituição Federal. Foi nesse sentido a decisão da Primeira 
Turma do STF no julgamento do AI 694.299 (Relator o Ministro Dias Toffoli, julgamento 
em 13.8.2013):
Agravo regimental no agravo de instrumento. Representação de 
inconstitucionalidade de lei municipal em face de Constituição estadual. 
Ausência de normas de reprodução obrigatória. Incidência da Súmula nº 280/
STF. Precedentes. 1. Para que seja admissível recurso extraordinário de ação 
direta de inconstitucionalidade processada no âmbito do Tribunal local, 
é imprescindível que o parâmetro de controle normativo local corresponda 
à norma de repetição obrigatória da Constituição Federal. 2. Inadmissível, 
em recurso extraordinário, a análise da legislação local. Incidênciada Súmula 
nº 280 do Supremo Tribunal Federal. 3. Agravo regimental a que se nega 
provimento.
http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=1532402
http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=2580659
Controle difuso: o recurso extraordinário
Controle de constitucionalidade da legislação local
AULA 3
13
Há, entretanto, precedentes do STF no sentido de que o cabimento do recurso 
extraordinário contra decisões proferidas em ação direta de inconstitucionalidade 
estadual presume apenas o prequestionamento da questão constitucional federal 
suscitada no recurso extraordinário, e não necessariamente equivalência formal deste 
quanto ao parâmetro de controle observado pelo Tribunal de Justiça no tocante à 
Constituição estadual. É o que se depreende do acórdão proferido, também pela Primeira 
Turma, no julgamento do RE 702.617 (Relator o Ministro Luiz Fux, DJe de 21.8.2012):
AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO. ADMINISTRATIVO. 
AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE ESTADUAL. SERVIÇO PÚBLICO. 
POLÍCIA MILITAR. ATRIBUIÇÃO PARA LAVRAR TERMO CIRCUNSTANCIADO. 
LEI 9.099/95. ATIVIDADE DE POLÍCIA JUDICIÁRIA. ACÓRDÃO RECORRIDO 
EM HARMONIA COM O ENTENDIMENTO DO SUPREMO. AUSÊNCIA 
DE PREQUESTIONAMENTO. AGRAVO REGIMENTAL DESPROVIDO. 1. O 
Tribunal de origem não se pronunciou sobre o artigo 125, § 2º, da Constituição 
Federal, e os embargos de declaração interpostos não mencionaram a referida 
norma, evidenciando a ausência do necessário prequestionamento da matéria 
constitucional, a inviabilizar o conhecimento do extraordinário. 2. A Súmula 282/
STF: “É inadmissível o recurso extraordinário, quando não ventilada, na decisão 
recorrida, a questão federal suscitada”. 3. O controle de constitucionalidade da 
Lei nº 3.514/10 foi realizado pelo Colegiado a quo tendo como parâmetro as 
normas dos artigos 115 e 116 da Constituição do Estado do Amazonas, que, por 
sua vez, repetem as regras estabelecidas no artigo 144 da Constituição Federal, 
razão por que não há se falar em ilegalidade, mas, sim, em inconstitucionalidade. 
4. Agravo Regimental a que se nega provimento.
Finalmente, em 1º de fevereiro de 2017, ao apreciar o RE 650.898/RS, sob o 
regime da repercussão geral, o Plenário do STF, novamente às voltas com a questão, 
aprovou a seguinte tese:
Tribunais de Justiça podem exercer controle abstrato de constitucionalidade 
de leis municipais utilizando como parâmetro normas da Constituição Federal, 
desde que se trate de normas de reprodução obrigatória pelos Estados. 
Posteriormente, esse entendimento foi confirmado no julgamento da ADI 5646/SE, 
julgada em 07.02.2019 (Relator Ministro Luiz Fux, Tribunal Pleno, DJe 08.5.2019). Da sua 
ementa, destacamos o seguinte trecho, que é elucidativo:
“(...) 1. É constitucional o exercício pelos Tribunais de Justiça do controle 
abstrato de constitucionalidade de leis municipais em face da Constituição 
da República, quando se tratar de normas de reprodução obrigatória pelos 
Estados-membros. 2. As normas constitucionais de reprodução obrigatória, 
por possuírem validade nacional, integram a ordem jurídica dos Estados-
http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=4276997
http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=4115555
http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=TP&docID=749756890
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membros ainda quando omissas em suas Constituições estaduais, inexistindo 
qualquer discricionariedade em sua incorporação pelo ordenamento 
local. 3. A pluralidade política e a forma de estado federalista conduzem à 
pluralização dos intérpretes da Constituição, desconstituindo qualquer 
vertente monopolista desta atribuição. 4. A pluralidade dos intérpretes da 
Constituição no Poder Judiciário deve respeitar as normas constitucionais de 
competência, pelo que descabe aos Tribunais de Justiça o exercício irrestrito 
do exame de constitucionalidade de lei ou de ato normativo municipal em 
face da Constituição da República.”
A peculiaridade desse julgamento foi estender o exercício do controle de 
constitucionalidade, pelos Tribunais de Justiça, tendo como parâmetro norma de 
reprodução obrigatória da Constituição Federal pelos Estados, mesmo quando a 
Constituição estadual, formalmente, não reproduz essa norma no seu texto. Entendeu-
se que, se a norma é considerada de reprodução obrigatória pelos Estados federados, 
ela integra necessariamente a sua estrutura normativa, independentemente de ter 
sido incorporada textualmente à Constituição do Estado.
5. Recurso extraordinário contra decisão que julga válida lei local 
contestada em face de lei federal (artigo 102, III, “d”, da CF)
 A hipótese do artigo 102, III, “d”, da Constituição da República, segundo o qual 
compete ao STF julgar o recurso extraordinário interposto de decisão que “julgar 
válida lei local contestada em face de lei federal”, tem contornos distintos do que 
vimos até agora.
Numa primeira leitura, esse dispositivo parece atribuir ao Supremo competência 
para exercer um suposto controle de legalidade da legislação local, com legislação 
federal como parâmetro. Como ficaria, diante disso, o que afirmamos mais cedo neste 
curso sobre a inexistência de hierarquia normativa entre leis municipais, estaduais e 
federais?
O fato é que essa hipótese de cabimento de recurso extraordinário tutela não a 
lei federal, mas o sistema constitucional de distribuição de competências, cuja guarda 
compete ao STF. A lei local não será inválida por contrariar o conteúdo da lei federal, 
e sim por invadir a competência legislativa de outro ente federado, a União. O que 
está em jogo, nessa hipótese, é a observância pelos entes integrantes da federação 
dos limites da sua competência legislativa, tal como definidos na Constituição Federal. 
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É por isso que o STF exige que
o enquadramento do recurso extraordinário na hipótese de cabimento inscrita 
no art. 102, III, ‘d’ exige a demonstração, pelo recorrente, de que a Corte de 
origem, ao julgar válida lei local contestada em face de lei federal, ofendeu o 
sistema de repartição de competências legislativas estatuído na Constituição 
(AI 774.514 AgR, Relator o Ministro Joaquim Barbosa, Segunda Turma, DJe 
de 1º.10.2010).
O ponto também é explicado pelo ministro Gilmar Mendes (2001, p. 248):
Registre-se que a única hipótese de cabimento do recurso extraordinário 
em que a violação à Constituição não é explícita ocorre quando a decisão 
recorrida julga válida lei local contestada em face de lei federal. Entretanto, 
como é a Constituição Federal que disciplina a competência legislativa 
dos entes federativos, o cabimento do extraordinário se justifica pela não 
observância das regras constitucionais.
Vale ressaltar, ainda, que a interposição de recursos extraordinários com base 
nessa previsão do artigo 102, III, “d”, da CF é bem menos frequente do que as demais 
hipóteses de cabimento.
6. Considerações finais
 Nossa terceira aula fica por aqui. Espero ter esclarecido os principais aspectos 
pertinentes ao exame de recursos extraordinários nos quais tenha sido suscitado 
questionamento sobre a constitucionalidade de leis e atos normativos estaduais, 
municipais e distritais.
Na próxima aula, passando ao controle concentrado de constitucionalidade, 
estudaremos a ação direta de inconstitucionalidade ajuizada no STF para impugnar a 
constitucionalidade de legislação estadual. Até mais!
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7. Para aprofundar 
Indico as seguintes obras a quem quiser se aprofundar sobre os temas tratados 
nesta aula:
BRAGA, Paula Sarno. Norma de processo e norma de procedimento. Salvador: JusPodivm, 
2015.
BRASIL. Supremo Tribunal Federal.A Constituição e o Supremo. 6. ed. Brasília: STF, 
2018.
MENDES, Gilmar Ferreira; BRANCO, Paulo Gustavo Gonet. Curso de direito 
constitucional. São Paulo: Saraiva, 2013.
MENDES, Gilmar. O controle de constitucionalidade do direito estadual e municipal 
na Constituição Federal de 1988. In: TEIXEIRA, Sálvio de Figueiredo (Coord.). Estudos 
em homenagem ao ministro Adhemar Ferreira Maciel. São Paulo: Saraiva, 2001.
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Glossário
Incidental – em direito processual, ocorrência de caráter secundário que, embora não 
configure o objetivo do processo, precisa ser solucionada para que este seja alcançado.
Recurso extraordinário – no direito brasileiro, é a modalidade de recurso que leva ao 
exame do Supremo Tribunal Federal qualquer caso do qual não caiba mais recurso 
para outro órgão do Poder Judiciário, desde que contenha questão constitucional 
relevante a ser resolvida.