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Eu estava estonteada, e assim recebi o livro na mão. Acho que eu não disse nada. Peguei o livro. Não, não saí pulando como sempre. Saí andando bem ...

Eu estava estonteada, e assim recebi o livro na mão. Acho que eu não disse nada. Peguei o livro. Não, não saí pulando como sempre. Saí andando bem devagar. Sei que segurava o livro grosso com as duas mãos, comprimindo-o contra o peito. Quanto tempo levei até chegar em casa, também pouco importa. Meu peito estava quente, meu coração pensativo. Chegando em casa, não comecei a ler. Fingia que não o tinha, só para depois ter o susto de o ter. Horas depois abri-o, li algumas linhas maravilhosas, fechei-o de novo, fui passear pela casa, adiei ainda mais indo comer pão com manteiga, fingi que não sabia onde guardara o livro, achava-o, abria-o por alguns instantes. Criava as mais falsas dificuldades para aquela coisa clandestina que era a felicidade. A felicidade sempre iria ser clandestina para mim. Parece que eu já pressentia.

 

(LISPECTOR, Clarice. Felicidade Clandestina. In: Felicidade Clandestina. Rio de janeiro: Rocco, 1998. p. 11-12)

 

Compreendido entre outros contos e crônicas de cunho autobiográfico, o texto destacado chama atenção para o conceito de “felicidade”. Nele, a escritora parece se questionar “afinal, o que é felicidade?”. A menina presente na crônica parece conhecer bem o dito popular “felicidade é bom, mas dura pouco”, uma vez que ela se utiliza de todas as formas para prolongar seu sentimento de felicidade.

 

Considerando a consciência e o conhecimento das intenções, motivações, desejos e emoções que tramam os sentidos possíveis da felicidade, é CORRETO afirmar que

a procura pelo sentido da vida em situações corriqueiras revela o tormento que submete o homem na busca pela felicidade.

a servidão voluntária provocada pelo autoconhecimento torna a felicidade uma experiência silenciosa e costumaz.

a clandestinidade do sentimento descrito no conto encontra razão na satisfação dos pequenos prazeres cotidianos.

o exercício de conhecer a si mesmo frustra a experiência da felicidade como relação íntima de realização pessoal.

a clandestinidade dos prazeres cotidianos implica a felicidade como experiência de autocontrole e superioridade moral.

💡 1 Resposta

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A alternativa correta é: "a clandestinidade do sentimento descrito no conto encontra razão na satisfação dos pequenos prazeres cotidianos."

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