Muito se tem discutido acerca do ensino de gramática nas escolas. Ao realizar essas discussões, os linguistas apresentam, geralmente, uma distinção entre três tipos de gramática: prescritiva/normativa, descritiva e internalizada. Salientam que há uma relação de hierarquia entre forma de ensino, concepção de gramática e concepção de linguagem adotadas, por isso, ao basear sua prática num tipo de gramática, o professor revela, mesmo que não se dê conta disso, a sua crença sobre o que é e para que serve a linguagem.
Sobre as concepções de gramática, analise os itens a seguir.
I. A gramática normativa (ou prescritiva) se prende a conceitos e regras e defende a norma culta, ou seja, o português correto, sendo seu objetivo o falar e escrever bem. Tudo o que foge a esta norma culta representa um erro.
II. A gramática descritiva apresenta um conjunto de regras que são seguidas e preocupa-se, centralmente, em tornar conhecidas as regras de fato utilizadas pelos falantes, ou seja, sua preocupação é descrever e/ou explicar as línguas tais como elas são faladas, sem preocupação em apontar erros, reconhecendo que existe uma variação da língua, a qual deve ser respeitada e analisada.
III. A gramática internalizada relaciona-se ao conhecimento implícito da língua que o falante possui. Nessa concepção, saber gramática depende da ativação e do amadurecimento progressivo de hipóteses sobre o que é a linguagem e quais seus princípios e regras. Nela, o que pode ocorrer é uma inadequação da variedade linguística em um dado momento de interação comunicativa, mas não o erro linguístico.
A partir da análise feita, pode-se dizer que a prática pautada no ensino descritivo revela que o professor entende a linguagem como
A)
expressão da norma padrão, sendo a língua vista como invariável, sendo considerado erro tudo que não segue o preconizado pela norma padrão.
B)
instrumento de dominação, sendo a língua constituinte responsável por distinguir aqueles que podem exercer poderio sobre os que não dominam as regras da norma padrão.
C)
expressão do pensamento, considerando a língua uma instituição individual, monológica, sendo apenas a exteriorização do pensamento, traduzido por meio das palavras.
D)
processo de interação, considerando a língua como forma de interação do indivíduo falante num contexto comunicativo em que está inserido.
E)
instrumento de comunicação, sendo a língua vista fora de seu contexto de utilização, como um sistema de códigos que deve ser aprendido por seus falantes para que possam se comunicar.
De acordo com a análise feita, pode-se dizer que a prática pautada no ensino descritivo revela que o professor entende a linguagem como um processo de interação, considerando a língua como forma de interação do indivíduo falante num contexto comunicativo em que está inserido. Portanto, a alternativa correta é a letra D.
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