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No final de 2005, o Ministério da Saúde convocou um grupo de trabalho com a finalidade de elaborar um plano nacional de prevenção do suicídio. O gr...

No final de 2005, o Ministério da Saúde convocou um grupo de trabalho com a finalidade de elaborar um plano nacional de prevenção do suicídio. O grupo contou com representantes do governo, de entidades da sociedade civil e das universidades. Em 14 de agosto de 2006, a Portaria nº 1.87629 instituiu as Diretrizes Nacionais para Prevenção do Suicídio, recomendando várias estratégias de prevenção, entre elas: difusão e sensibilização da população a respeito de o suicídio ser um problema de saúde pública; estudos de seus determinantes e condicionantes; organização da rede de atenção e intervenções nos casos de tentativas de suicídio; coleta e análise de dados visando à disseminação de informações e à qualificação da gestão; educação permanente dos profissionais da saúde em prevenção do suicídio, especialmente dos que atuam na atenção básica. Além das Diretrizes, dois manuais foram publicados e disponibilizados na internet pelo Ministério da Saúde, com o apoio financeiro da Organização Pan-americana de Saúde. Um foi elaborado para a capacitação de profissionais de saúde mental em prevenção do suicídio; outro reuniu um levantamento bibliográfico sobre suicídio e familiares enlutados. Atualmente, podemos afirmar que se fortaleceu no país a percepção de que o suicídio, dentro de sua complexidade, também figura um problema de saúde pública. Há maior consciência da população em relação à necessidade de estratégias mais efetivas para a prevenção da violência, incluindo-se nesse esforço a prevenção do suicídio. Todavia, desde a publicação das Diretrizes, não houve avanços em direção a um plano nacional de prevenção do suicídio, o que permitiria, entre outras coisas, dotação orçamentária voltada para ações estratégicas. Houve, pontualmente, raras parcerias do Ministério da Saúde com centros universitários, apoiadas financeiramente pela Organização Pan-americana de Saúde, tendo por objetivo a realização de pesquisas e projetos assistenciais locais. É necessário transformar diretrizes políticas em ações mais efetivas, embasadas cientificamente, que poderão orientar novas políticas de prevenção e estratégias assistenciais. Isso se constitui em um desejado círculo virtuoso entre política, assistência e pesquisa, que não é algo simples de ser alcançado. MODALIDADES DE PREVENÇÃO DO SUICÍDIO De maneira simplificada, poderíamos afirmar que não se previne o suicídio, mas sim as condições de sofrimento humano passíveis de melhora. Isso pode ser feito de diversas maneiras. Além do modelo tradicional de se pensar em ações preventivas em níveis primário, secundário e terciário, desenvolveu-se a ideia de ações específicas a serem direcionadas a determinados grupos da população (Tab. 13.2), tomando-se por base suas condições de saúde e seu grau de risco para o suicídio. Tabela 13.2 Níveis de prevenção, populações-alvo e exemplos de estratégias que podem ser adotadas na prevenção do suicídio Níveis de prevenção Universal Seletiva Indicada População-alvo Público em geral Grupo com risco moderado Grupo com alto risco Exemplos de ações Restrição de acesso a meios letais Divulgação responsável por parte da mídia Detecção e tratamento de transtornos mentais e de outras condições de saúde associadas ao suicídio Acompanhamento de pessoas que tentaram o suicídio Prevenção universal. Iniciativas de prevenção universal atingem toda a população. Compreendem a restrição de acesso a meios letais (armas, pesticidas, medicamentos) e soluções arquitetônicas que visem a coibir atos suicidas. O Shopping Pátio Brasil, em Brasília, obteve na Justiça, em abril de 2013, após a ocorrência do décimo quarto suicídio por precipitação de altura, autorização para alterações arquitetônicas na sacada do edifício. O vão central já havia sido fechado por um vidro instalado nos dois últimos andares do edifício. No Rio de Janeiro, o mesmo problema levou a Universidade Estadual do Rio de Janeiro a promover, em 2011, o seminário Arquitetura segura: uma reflexão para o futuro, sobre a importância de edificações que não funcionem como um meio para o suicídio. Um problema presente nas grandes cidades relacionado a tentativas de suicídio é o chumbinho, vendido ilegalmente como raticida. Nesse produto, encontram-se diferentes combinações de pesticidas organofosforados e carbamatos. Os quadros mais graves de intoxicação podem ser letais. A divulgação pela mídia visa a combater o estigma da doença mental e a promover a ideia de que o suicídio é um problema de saúde pública, na medida em que, na maioria das vezes, encontra-se associado a transtornos mentais passíveis de tratamento. Em vez de manter o tabu de não se noticiarem suicídios, os meios de comunicação devem fazê-lo com sensibilidade e ponderação. Objetivando incrementar a divulgação responsável de casos de suicídio pela imprensa, a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) produziu um livreto para profissionais da área da comunicação com sugestões a respeito de como publicar notícias sobre suicídio.

Essa pergunta também está no material:

Crise suicida - Botega
348 pág.

Psicologia Universidade Federal FluminenseUniversidade Federal Fluminense

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