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Sobre o diálogo estabelecido entre os textos e a relação do escritor latino-americano e a tradição literária são feitas algumas considerações, marq...

Sobre o diálogo estabelecido entre os textos e a relação do escritor latino-americano e a tradição literária são feitas algumas considerações, marque a alternativa falsa: O escritor deve ser antes de tudo um leitor, ou seja, deve conhecer a tradição, para melhor combatê-la. Sua atitude deve ser de agressão ao modelo, como postula Silviano Santiago em “O entre-lugar do discurso latino-americano”. Neste ensaio, Santiago compara o trabalho do escritor latino-americano com aquele desempenhado pelo tradutor/traidor, que abdica da fidelidade ao original em prol de uma tradução criativa. De acordo com essa perspectiva, a tradução não é vista como mera cópia. Pelo contrário, é compreendida como a unidade capaz de acrescentar novas leituras ao original, garantindo, dessa forma, a sua sobrevivência. Portanto, o papel do escritor latino-americano é comparado ao do tradutor, porém não ao de um tradutor qualquer, mas daquele que assume a condição de traidor, isto é, aquele que trai, que desvia o original e que, por conseguinte, o enriquece. Segundo Ricardo Piglia, uma vez que os textos estão em constante diálogo, o ato de escrever se relaciona, portanto, ao da apropriação. Contudo, as apropriações feitas por um determinado autor são totalmente inocentes, pois ao lidar com a memória, o escritor é assaltado pelo esquecimento, então fragmentos de outras escrituras podem voltar como recordações pessoais. O escritor argentino Jorge Luís Borges argumenta que o escritor não deve se limitar a uns poucos temas nacionalistas, mas deve estar ciente de que o seu “patrimônio é o universo”, podendo lançar mão do que melhor lhe aprouver. Ao pensar, sobretudo, na interação promovida pelos escritores latino-americanos entre a cultura nativa e a europeia, Borges acrescenta que eles podem tirar consequências afortunadas dessa condição, pois agir dentro de uma cultura, e, ao mesmo tempo, não se sentir ligado a ela por uma devoção especial, torna mais fácil à inovação. Logo, certo distanciamento permite uma maior ‘irreverência’ no trato com a tradição. Portanto, não podemos dizer que a tradição seja algo inerte e imutável. Pelo contrário, ela é também mudança, sinônimo de um quadro dinâmico longamente entretecido e desde sempre aberto à incorporação de elementos novos, que alimentam o antigo e estabelecem a necessária ponte entre o velho e o novo. De acordo com a crítica contemporânea, as produções humanas, embora aparentemente desconexas, encontram-se em constante inter-relação. Na verdade, constrói-se uma grande rede, com o trabalho de indivíduos e grupos, onde os fios são formados pelos bens culturais. Se se considerar toda e qualquer produção humana como um texto a ser lido, reconstruído por nós, a sociedade pode ser vista como uma grande rede intertextual, em constante movimento. O espaço da cultura é, pois, intertextual.

💡 1 Resposta

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A alternativa falsa é: "O escritor deve ter uma atitude de agressão ao modelo, como postula Silviano Santiago em “O entre-lugar do discurso latino-americano”". Na verdade, Silviano Santiago postula que o escritor deve conhecer a tradição para melhor combatê-la, mas não necessariamente ter uma atitude de agressão ao modelo.

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