Freud (1996/1930) em seu texto – O Mal Estar na Civilização -, nos convida a refletir sobre a cultura vigente de produzir mal estar nos seres human...
Freud (1996/1930) em seu texto – O Mal Estar na Civilização -, nos convida a refletir sobre a cultura vigente de produzir mal estar nos seres humanos. Desde os tempos mais primórdios ocorre um antagonismo entre exigências de pulsões humanas e as da civilização. Concluímos que para o homem viver é necessário que haja um pagamento, este é, portanto, o sacrifício dos prazeres, a renúncia da pulsão. Freud nos convida a pensar na responsabilidade da sociedade em não deixar as pessoas adoecerem e sofrerem, por isso a renúncia de prazer é necessária. Em função dessa responsabilidade, a satisfação de gozo é sempre parcial e nossas possibilidades de felicidade tornam-se restritas. Nesse mesmo texto (1996/1930), Freud nos mostra ainda como o ser humano é frágil a três grandes fontes de adoecimento, sendo elas as implacáveis forças da natureza, a ameaça da decadência e enfraquecimento do nosso corpo e não obstante, o sofrimento advindo das relações humanas, sendo as relações humanas a mais penosa para o sujeito. Apesar do sofrimento e angústias que as relações humanas podem nos proporcionar, o pai da psicanálise nos faz o alerta que mesmo assim não podemos renunciar à busca pela felicidade. Faz parte de nós, faz parte da vida ressignificar momentos de angústias e direcionar nossos desejos a novos objetos e anseios. Não é à toa que a mesma fonte que nos gera mal estar seja aquela em que mais encontramos gozo e satisfação, e, portanto, sua privação é algo da qual sentimos tanta necessidade no momento de isolamento social. Necessitamos nos relacionar. Mas estamos sempre criando, reinventando e não por menos, cobrando. Direcionamos as exigências quando não provindas do meio, para nós mesmos. Até quando?
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